1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que o capital intelectual das organizações nunca foi tão valorizado, já que as
competências individuais levam ao cumprimento das metas institucionais e consequente
realização do planejamento estratégico das empresas. Neste sentido, o setor público vem
buscando a implantação da Gestão de Pessoas por Competências nos órgãos do Governo,
visando o desenvolvimento de competências individuais e tornando sua força de trabalho um
diferencial competitivo.
instituição. Além disso, o Decreto em referência dispõe que o sistema de gestão por
competência é instrumento da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal.
Parece fundamental o estabelecimento deste instrumento, pois ele tem inúmeros
reflexos. Um deles poderia ser o fato de que na APF as ações de capacitação, treinamento e
desenvolvimento são formuladas anualmente por meio do Plano Anual de Capacitação – PAC.
Este planejamento de ações é feito com base em um levantamento das necessidades de
capacitação apontadas pelas diversas áreas de cada órgão. Com o sistema de gestão por
competência estabelecido, as ações contempladas no PAC serão identificadas previamente,
por meio de processo técnico de evidenciamento de competências necessárias ao alcance dos
objetivos da instituição.
Havendo uma sistemática para se conhecer previamente as lacunas existentes nos
órgãos da APF, a formulação do PAC ganha em eficiência, técnica e precisão. Proporcionar
treinamento e desenvolvimento de modo a suprir uma necessidade de aprendizado que
figurará posteriormente numa rotina mais eficaz e que retorne os resultados de que a
sociedade precisa, é objetivo da gestão por competência.
Também poderia ser um reflexo da gestão por competência a eficiência do orçamento.
Investir na ação que de fato agregará valor e gerará mudança no comportamento do servidor
beneficiado pela ação, em outras palavras: investir na ação certa. Com o sistema de gestão de
competência estabelecido, o órgão sabe quais ações precisará contratar para que sua força de
trabalho fique qualificada e alcance os objetivos institucionais pactuados no planejamento
estratégico do órgão.
Outros aspectos podem ser verificados, tais como alocar a pessoa certa no lugar certo,
conhecer as potencialidades das pessoas que trabalham no órgão, fortalecer o
desenvolvimento de potenciais líderes – enfim, será possível conhecer muitas variáveis por
meio do sistema de gestão por competência, o que pode trazer um enorme ganho para o órgão.
Assim, busca-se no setor público uma gestão gerencial que entregue resultados à
sociedade. A visão de que o setor privado não pode ser comparado ao setor público e muito
menos que suas estratégias possam ser replicadas no setor público já não traduz a realidade. O
setor público deve buscar a excelência e ter a missão de retornar à sociedade serviços de
qualidade.
A gestão de pessoas por competências propõe-se fundamentalmente a gerenciar o gap3
ou lacuna de competências, ou seja, a reduzir ao máximo a discrepância entre as competências
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Gap, segundo o Dicionário Michaelis online, significa parte ou espaço vazio, vácuo, branco, lacuna; diferença
grande de opinião ou de caráter; disparidade, hiato, interrupção, formar brecha.
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2 METODOLOGIA
suas peculiaridades. Assim, essa pesquisa buscará ser menos abrangente, por buscar
identificar se a gestão por competência está implantada em Autarquia da administração
pública federal e apresentará um nível de aprofundamento adequado, dentro do que se propõe
identificar.
O método utilizado será a pesquisa descritiva. Na pesquisa descritiva realiza-se o
estudo, a análise, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do
pesquisador. A finalidade é observar, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos,
sem, contudo, entrar no mérito dos conteúdos. Segundo Duarte, a pesquisa descritiva tem por
objetivo descrever as características de uma população, de um fenômeno ou de uma
experiência. Esse tipo de pesquisa estabelece relação entre as variáveis no objeto de estudo
analisado. Variáveis relacionadas à classificação, medida e/ou quantidade que podem se
alterar mediante o processo realizado. Uma de suas peculiaridades está na utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
A partir deste ponto, o trabalho discorrerá sobre a gestão de pessoas por competências.
A gestão de pessoas por competências busca identificar as competências essenciais e
necessárias ao negócio estabelecido na missão, visão e valores de cada organização,
identificar as competências disponíveis na organização que é o que cada colaborador conhece,
sabe fazer e quer fazer, e cruzar essas informações, de forma que o resultado desse
cruzamento permita à organização conhecer quais as deficiências a serem treinadas e
desenvolvidas.
No tocante à matéria no âmbito da Administração Pública Federal - APF, o Decreto nº
5.707 de 23 de fevereiro de 2006, institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de
Pessoal da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, dentre outras coisas
e incentiva a implementação da gestão de pessoas por competências na APF. Assim, desde
2006, a Administração Pública Federal se movimenta no sentido de inovar na gestão de
pessoas, tendo como órgão apoiador da implementação da gestão de pessoas por
competências o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Será observado que na AUTARQUIA a gestão de pessoas por competências encontra-
se em estudo, pesquisas e aplicações de metodologias que visam mapear as competências das
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carreiras do órgão. Contudo será revelado que a matéria ainda é incipiente, mas está em franca
implementação, sendo possível, inclusive, observar alguns ganhos ainda nesta fase inicial.
Num primeiro momento, convém esclarecer que neste trabalho adotou-se não o termo
‘Gestão por Competências’, mas “Gestão de Pessoas por Competências”. Essa diferença
conceitual parece se fazer importante para que não se entenda a gestão por competências um
fim em si mesma, já que a palavra “por”, quando utilizada na formação de adjuntos, indica
finalidade, propósito.
Conforme Freitas (2014, pág. 16), isso pode sinalizar que todo o esforço gerencial
deve ter o propósito único de desenvolver competências e obter, como consequência,
desempenhos organizacionais superiores o que, na prática, nem sempre é possível. Gerenciar
significa muito mais, significa conduzir pessoas (competências), mas também processos e
tecnologias. Dessa forma, optou-se por utilizar neste trabalho, a expressão “Gestão de Pessoas
por Competências”, pois sugere que a gestão de pessoas é realizada por meio da gestão das
suas competências.
A gestão de pessoas por competências, na citação de Mendes (2014, pág. 01) consiste
em observar, desenvolver e prover pessoas capacitadas para a realização de atividades. Ainda
segundo o autor, a gestão de pessoas por competências deve detectar as competências que são
importantes para a realização das atividades de uma função/cargo, isto é, as competências que
um funcionário deve possuir para exercer bem determinada função.
Sob outro aspecto, a gestão de pessoas por competências é entendida como um
princípio gerencial que visa a impulsionar os colaboradores ao alcance da competência
profissional, adicionando habilidades e aumentando as já existentes. Entende-se por
competências as habilidades, os conhecimentos e as características pessoais que marcam os
gerenciadores de grande desempenho, diferenciando-os daqueles de desempenho inferior em
determinado departamento, conforme aponta BELFORT, SANTOS, e TADEUCCI (2012, pág.
43).
Para Chiavenato (2006, p. 216), a gestão de pessoas por competências é considerada:
[...] um programa sistematizado e desenvolvido no sentido de definir perfis
profissionais que proporcionem maior produtividade e adequação ao negócio,
identificando os pontos de excelência e os pontos de carreira, suprindo as lacunas e
agregando conhecimento, tendo por base certos critérios objetivamente mensuráveis.
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A APF no Brasil, assim como em todo o mundo, enfrentou muitas mudanças ao longo
do tempo, evoluindo do modelo patrimonialista ao burocrático e deste para o gerencial. Claro
que estamos didaticamente separando os modelos, mas não há um modelo puro de
administração, de forma que o modelo gerencial convive com os demais.
Cumpre salientar que a reforma da administração pública, ou seja, a mudança do
modelo burocrático para o modelo gerencial se deu no governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso. Tal reforma foi sugerida desde 1995 e se apresenta como a segunda
reforma, já que a primeira foi a burocrática de 1936.
A atual reforma se embasa na proposta de administração pública gerencial, como uma
tentativa de solução à crise estatal dos anos 80 e à globalização da economia. O pacto
reformista democrático de 1994, combinado com a eleição do presidente Fernando Henrique
Cardoso e com a instituição do plano real deu novos ares à política nacional, permitindo ao
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Para termos uma visão panorâmica e verificar se a gestão de pessoas por competências
é uma realidade no setor público, a partir de uma pesquisa inicial na AUTARQUIA,
consideremos o que a Autarquia têm feito sobre esta temática.
3.3.1 Histórico:
3.3.2 Missão
A autarquia tem por missão atuar na supervisão dos fundos de pensão de forma ágil,
eficiente e transparente, com o objetivo de assegurar higidez e confiabilidade ao sistema de
previdência complementar fechada.
3.3.3 Visão
3.3.4 Valores
Inicialmente, registre-se que para desenvolver este trabalho acadêmico, foi solicitada a
autorização formal do Coordenador-Geral de Recursos Humanos da AUTARQUIA, o qual
autorizou a pesquisa documental e a publicação dos formulários desenvolvidos pelo Grupo de
Trabalho para o mapeamento das competências do órgão. A respectiva autorização consta do
Anexo A. Registre-se também que o que vem a seguir foi extraído do Grupo de Trabalho, em
registros encontrados nos arquivos do órgão.
Diante de grandes mudanças e transformações vividas pelas repartições públicas, estas
vêm observando a premente necessidade de implementar mudanças com base na gestão de
pessoas. O impacto dessa reestruturação materializa-se por intermédio de processos de
racionalização organizacional e técnicas que incorporam o ambiente empresarial, como as
novas tecnologias e os novos modelos de gestão.
É neste processo que se pode perceber a ênfase nas pessoas como recurso determinante
do sucesso na execução e realização de tarefas. No entanto, é a partir dessa premissa que é
possível visualizar a Gestão de Competências como instrumento de diferencial de mercado, a
fim de oferecer alternativas eficientes para o alcance dos resultados almejados pela
instituição.
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competências. Percebe-se que o tema tem sido debatido no órgão, o aprofundamento por meio
de ações de capacitação vem acontecendo de forma estruturada e principalmente pela
aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
No que diz respeito ao segundo objetivo proposto por este trabalho, pesquisar se a
Autarquia da administração pública federal implementou a gestão de pessoas por
competências, parece que a implementação não ocorreu completamente, mas está em franca
execução. Percebe-se a evolução desde o início da pesquisa até o seu término, que pode ser
demonstrada pela confecção dos formulários, Anexos B, C e D. Percebe-se também que, além
da confecção do Anexo D, há o preenchimento do respectivo formulário com algumas
competências elencadas. Percebe-se que as competências foram agrupadas em grandes áreas
temáticas, tais como informática, direito e legislação, gestão, procedimentos e rotinas e
técnico-administrativas.
Verificou-se em entrevista com o Grupo de Trabalho que o objetivo da tematização é
para que, ao confeccionar o Plano de Capacitação Anual da Autarquia, este planejamento
contemple grandes áreas temáticas, de modo a viabilizar as ações de capacitação necessárias
ao desenvolvimento da força de trabalho do órgão.
Quanto ao terceiro e último objetivo deste trabalho, identificar se a gestão de pessoas
por competências é uma realidade na AUTARQUIA, conclui-se, por todo o exposto, que a
gestão de pessoas por competências é sim uma realidade na AUTARQUIA, gerando inclusive
alguns impactos visíveis na forma de condução da política de capacitação e desenvolvimento
do órgão, como o planejamento estruturado por grandes áreas temáticas, direcionando as
ações de capacitação e desenvolvimento para aquelas competências inicialmente identificadas
como necessárias para atuação da AUTARQUIA, a partir das pesquisas documentais e
bibliográficas. Além de direcionar as ações de capacitação de forma mais técnica, objetiva e
segura, o orçamento usado para investir nessas ações, indubitavelmente, passa a ser melhor
destinado, sabendo que haverá um impacto na atuação do servidor capacitado de acordo com
o que é necessário ao órgão.
Assim, na AUTARQUIA a gestão de pessoas por competências está em fase inicial,
com a propositura do projeto que buscará mapear as competências da Autarquia por meio de
um Grupo de Trabalho direcionado para tal. Dessa forma, as competências profissionais da
AUTARQUIA ainda não foram mapeadas.
Considerando a missão da Autarquia, parece que ainda cabe a inclusão de
competências que passarão por conhecimento sobre os fundos de pensão, sua contabilidade,
como investem os valores dos participantes, como se dará o retorno na forma de complemento
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REFERÊNCIAS
GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisa Qualitativa, Tipos Fundamentais. São Paulo, Revista
de Administração de Empresas, 1995.
MENDES, Ricardo. Gestão por competências: o que é? Porque utilizar? Disponível em <
http://www.gestaoporcompetencias.com.br/artigo-recursos-humanos/gestao-por-
competencias-o-que-e/ >. Acesso em 19/09/2014.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Estado, Sociedade Civil e Legitimidade burocrática. Lua
Nova – Revista de Cultura e Política, nº. 36, 1995: 85 – 104.
SILVA, Christine Oliveira Peter da. A Reforma Administrativa e a Emenda nº 19/98: Uma
Análise Panorâmica. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_01/Reforma%20Administrativa.htm>.
Acesso em 19/09/2014.