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Acórdão-5ªC AP 0002334-13.2010.5.12.

0029

EMPRESA EM PROCESSO DE
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. OBSERVÂNCIA DA
FINALIDADE DO INSTITUTO JURÍDICO.
VENCIMENTO ANTECIPADO DAS PARCELAS
REMANESCENTES DO ACORDO POR ATRASO NO
PAGAMENTO. NÃO DEFERIMENTO.
Considerando o princípio da proteção,
não há falar em antecipação do
vencimento de todas as parcelas da
avença em razão do atraso no pagamento
de uma delas, mormente se acrescida da
cláusula penal, se a empresa ré
concordou em continuar honrando as
parcelas do acordo, a despeito de
estar em processo de recuperação
judicial, abrindo mão da suspensão da
execução trabalhista por até um ano
perante esta Especializada, como lhe
faculta o art. 54 da Lei nº 11.101/05.
Apesar de a antecipação requerida se
afigurar, em um primeiro momento, como
uma alternativa mais favorável ao
trabalhador, isso acabará por não se
concretizar de fato, porquanto, em
caso de vencimento antecipado do total
remanescente do acordo, a Justiça do

01236/2012
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Trabalho somente poderia levar a


execução até a fase de liquidação,
devendo o valor encontrado ser
inscrito no quadro-geral de credores,
o que levaria o trabalhador a esperar
até um ano para receber seus créditos
ou, ainda, a tê-los frustrados, em
caso de convolação da recuperação
judicial em falência, com incapacidade
de pagamento.

VISTOS, relatados e discutidos estes


autos de AGRAVO DE PETIÇÃO, provenientes da 2ª Vara do
Trabalho de Lages, SC, sendo agravante LUIZ CARLOS OLIVEIRA
e agravada MADEPAR INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS LTDA.

Insurge-se, o exequente, contra a


decisão da fl. 260, que indeferiu o seu pedido de execução
do total do valor acordado, com a inclusão da cláusula
penal, e determinou fosse aguardado o regular cumprimento
do acordo.

No agravo das fls. 265-267, aduz que o


pagamento em atraso da primeira parcela atraiu a aplicação
da cláusula penal sobre o valor total, bem como o
vencimento antecipado das demais parcelas.

A executada apresenta contraminuta,


requerendo a manutenção da decisão (fls. 270-275).

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É o relatório.
V O T O

Conheço do agravo, regularmente


interposto, bem assim da contraminuta.

M É R I T O

O autor postula a execução do valor


avençado, acrescido da cláusula penal de 30%, dos juros e
da correção monetária, sustentando que o atraso no
pagamento da primeira parcela atraiu a aplicação da
penalidade e, ainda, o vencimento antecipado das demais
parcelas, na forma do art. 891 da CLT. Como corolário, visa
à reforma da decisão a quo que indeferiu o seu pedido de
processamento da execução e determinou fosse aguardado o
regular cumprimento do acordo.

As partes celebraram composição,


homologada à fl. 254, aventando o pagamento ao autor da
importância líquida de R$ 15.000,00 a título de indenização
por danos morais, em dez parcelas de R$ 1.500,00, a serem
pagas no dia 15 de cada mês ou no primeiro dia útil
subsequente, sendo a primeira no dia 15-9-2011 (quinta-
feira), com a incidência de cláusula penal de 30%, em caso
de descumprimento.

No dia 19-9-2011 (segunda-feira) o


autor informou o descumprimento do acordo, requerendo a
aplicação da penalidade sobre o valor total, bem como a
antecipação das demais parcelas (fl. 255).

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Em 21-9-2011 (quarta-feira), a ré
apresenta a guia de depósito judicial da referida parcela,
acrescida da cláusula penal (R$ 1.500,00 + R$ 450,00 = R$
1.950,00), esclarecendo que o fez desta forma porque o
autor recusou-se a receber o valor em atraso, mesmo
majorado com a cláusula penal. Explicou, ainda, que o
atraso ocorreu por estar em recuperação judicial e,
portanto, em dificuldades financeiras, “implorando ao
juízo que assim considere como pagamento, mantendo o
parcelamento acordado” (fl. 256).

Após o autor renovar o seu pedido de


prosseguimento da execução, o Juízo a quo proferiu decisão,
nos seguintes termos (fl. 260):

Ante o pagamento da 1a parcela acrescido


da cláusula penal, nada a deferir.
Libere-se o depósito de fl. 259 ao
perito. Após, aguarde-se o cumprimento do
acordo.

Em que pese o teor do acordo, bem como


o disposto no art. 891 da CLT1, tenho, que no caso
específico dos autos, deve ser mantido o parcelamento
acordado à fl. 254, conforme determinou a decisão supra
mencionada.

Primeiramente, cumpre destacar que a


empresa ré, em Recuperação Judicial desde junho de 2009,

1 Art. 891 - Nas prestações sucessivas por tempo determinado, a


execução pelo não pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe
sucederem.

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continuou pagando as parcelas subsequentes, a saber: 2a


parcela, dia 17-10-2011, segunda-feira (fl. 261); 3a
parcela, dia 17-11-2011, fl. 276 (15-11-2011, feriado -
Proclamação da República); 4ª parcela, dia 19-12-2011,
segunda-feira (fl. 279); e 5ª parcela, dia 16-1-2012,
segunda-feira (fl. 280). Os autos subiram a este Regional
dia 27-1-2012 (fl. 281).

Quanto à situação financeira da


executada, as informações trazidas às fls. 49 e 272-273 dos
autos, bem como as obtidas em consulta ao processo n°
039.09.010608-1, no sítio no Tribunal de Justiça de Santa
Catarina2, demonstram que ela está em processo de
recuperação judicial desde 26-6-2009, portanto, em data
muito anterior à homologação do acordo (24-8-2011) e sendo
de total conhecimento do autor.

No período de junho/2009 a 2-12-2011,


quando foi realizada a Assembléia Geral dos Credores (em 2a
convocação), foram concedidas à empresa sucessivas
suspensões de prazo de 180 dias, na forma do art. 6° da Lei
nº 11.101/05. Já o plano de recuperação judicial, aprovado
pela Assembléia, foi homologado pelo Juízo da 3a vara Cível
de Lages, em 6-12-2011.

Nos termos do art. 47 da Lei n°


11.101/05, a “recuperação judicial tem por objetivo
viabilizar a superação da situação de crise econômico-

2 http://esaj.tjsc.jus.br/cpo/pg/search.do?
paginaConsulta=1&localPesquisa.cdLocal=39&cbPesquisa=NUMPROC&tipoNuPro
cesso=SAJ&numeroDigitoAnoUnificado=&foroNumeroUnificado=&dePesquisaNuU
nificado=&dePesquisa=039090106081

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financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da


fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação
da empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica”.

Por sua vez, a Lei nº 11.101/05, que


regula os processos de falência e de recuperação judicial,
dispõem nos seus artigos 6° e 54 da seguinte forma:

Art. 6o - A decretação da falência ou o


deferimento do processamento da
recuperação judicial suspende o curso da
prescrição e de todas as ações e
execuções em face do devedor, inclusive
aquelas dos credores particulares do
sócio solidário.
§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual
estiver se processando a ação que
demandar quantia ilíquida.

§ 2o É permitido pleitear, perante o


administrador judicial, habilitação,
exclusão ou modificação de créditos
derivados da relação de trabalho, mas as
ações de natureza trabalhista, inclusive
as impugnações a que se refere o art. 8o
desta Lei, serão processadas perante a
justiça especializada até a apuração do
respectivo crédito, que será inscrito no
quadro-geral de credores pelo valor
determinado em sentença.

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§ 3o O juiz competente para as ações


referidas nos §§ 1o e 2o deste artigo
poderá determinar a reserva da
importância que estimar devida na
recuperação judicial ou na falência, e,
uma vez reconhecido líquido o direito,
será o crédito incluído na classe
própria.

§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão


de que trata o caput deste artigo em
hipótese nenhuma excederá o prazo
improrrogável de 180 (cento e oitenta)
dias contado do deferimento do
processamento da recuperação,
restabelecendo-se, após o decurso do
prazo, o direito dos credores de iniciar
ou continuar suas ações e execuções,
independentemente de pronunciamento
judicial.

§ 5o Aplica-se o disposto no § 2o deste


artigo à recuperação judicial durante o
período de suspensão de que trata o § 4o
deste artigo, mas, após o fim da
suspensão, as execuções trabalhistas
poderão ser normalmente concluídas, ainda
que o crédito já esteja inscrito no
quadro-geral de credores.

.........................................

Art. 54. O plano de recuperação judicial


não poderá prever prazo superior a 1 (um)

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ano para pagamento dos créditos derivados


da legislação do trabalho ou decorrentes
de acidentes de trabalho vencidos até a
data do pedido de recuperação judicial.

Parágrafo único. O plano não poderá,


ainda, prever prazo superior a 30
(trinta) dias para o pagamento, até o
limite de 5 (cinco) salários-mínimos por
trabalhador, dos créditos de natureza
estritamente salarial vencidos nos 3
(três) meses anteriores ao pedido de
recuperação judicial. (grifei)

Tendo sido concedida a recuperação


judicial da empresa ré em 6-12-2011, portanto, a teor do
parágrafo 2° acima, tem-se que as ações de natureza
trabalhista serão processadas perante esta Justiça
Especializada somente até a apuração do respectivo crédito,
que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor
determinado em sentença.

Desta sorte, in casu, mesmo


considerando o prazo disposto no caput do artigo 54 acima,
todas as execuções de créditos trabalhistas ficarão
suspensas nesta Especializada até 6-12-2012, quando findará
o prazo máximo de um ano, devendo ser os valores
habilitados no quadro-geral de credores.

Destaco, que não se aplica a estes


autos o prazo de 30 dias previsto no parágrafo único do
artigo 54 da Lei n° 11.101/05, pois este benefício

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restringe-se apenas aos créditos de natureza estritamente


salarial e vencidos nos 3 meses anteriores ao pedido de
recuperação judicial, que ocorreu em junho/2009.

Assim, se determinada a execução do


acordo, como, insistentemente, requer o autor, serão
realizados nesta esfera trabalhista apenas os cálculos de
liquidação, sendo as importâncias inscritas no juízo
universal da recuperação judicial, o que representará
grande prejuízo ao trabalhador, credor dos valores.

Neste mesmo norte, não se pode perder


de vista a possibilidade de o plano de recuperação judicial
não surtir o efeito pretendido ou mesmo de novas
dificuldades financeiras impedirem de o plano ser cumprido
na sua integralidade, o que poderá acarretar a falência da
empresa devedora mesmo antes de encerrado o prazo de 1 ano
(v. art. 22, inc. II, ‘b’ e art. 733), trazendo danos ainda
maiores ao autor, talvez até irreparáveis.

Importante ressaltar, ainda, que a

3 Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do


juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: (...)
II – na recuperação judicial: (...) b) requerer a falência no caso de
descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação;
Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação
judicial: I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na
forma do art. 42 desta Lei; II – pela não apresentação, pelo devedor,
do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei; III – quando
houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4o do
art. 56 desta Lei; IV – por descumprimento de qualquer obrigação
assumida no plano de recuperação, na forma do § 1o do art. 61 desta
Lei. Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação
da falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação
judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta
Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94
desta Lei.

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empresa (devedora), que inicialmente poderia ser


beneficiada com a postergação do pagamento, em razão da
execução dos valores no juízo da recuperação judicial e,
porventura, até no juízo universal da falência, concordou
com a manutenção do parcelamento, requerendo que o Juiz a
quo assim mantivesse a composição.

Desta forma, e principalmente


considerando o princípio da proteção, basilar no Direito do
Trabalho, não há falar em antecipação do vencimento de
todas as parcelas da avença em razão do atraso no pagamento
de uma delas, mormente se acrescida da cláusula penal, se a
empresa ré concordou em continuar honrando as parcelas do
acordo, a despeito de estar em processo de recuperação
judicial, abrindo mão da suspensão da execução trabalhista
como lhe faculta o art. 54 da Lei nº 11.101/05.

Observe-se que apesar de a antecipação


requerida se afigurar, em um primeiro momento, como uma
alternativa mais favorável ao trabalhador, isso acabará por
não se concretizar de fato, porquanto, em caso de
vencimento antecipado do total remanescente do acordo, a
Justiça do Trabalho somente poderia levar a execução até a
fase de liquidação, devendo o valor encontrado ser inscrito
no quadro-geral de credores, o que levaria o trabalhador a
esperar até um ano para receber seus créditos ou, ainda, a
tê-los frustrados, em caso de convolação da recuperação
judicial em falência, com incapacidade de pagamento.

Por outro lado, verifico que a 1a


parcela foi paga com atraso de poucos dias, mormente se

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considerados apenas os dias úteis, o que entendo


justificado pela situação financeira que enfrenta a ré.

Desta sorte e diante do acima exposto,


compartilho da decisão do Juízo a quo que indeferiu o
pleito de execução do acordo.

Entretanto, considerando que


posteriormente à decisão da fl. 260, ora questionada, a ré
ainda quitou a 3a parcela (17-11-2011, fl. 276) e a 4ª
parcela (19-12-2011, segunda-feira, fl. 279) com atraso de
1 e 4 dias, respectivamente, entendo devidos os valores
relativos à cláusula penal incidente apenas sobre essas
parcelas, o que deverá ser quitado pela ré, em prazo
razoável, a ser fixado pelo Juízo de 1o grau, assim que os
autos retornarem a origem.

Assim, dou provimento parcial ao


agravo para, mantendo a decisão do Juízo a quo que
indeferiu o pleito de execução do acordo, determinar a
incidência de cláusula penal de 30% somente sobre as
parcelas pagas em atraso (3a e 4ª parcelas), com juros e
correção a partir do inadimplemento, o que deverá ser
quitado pela ré, em prazo razoável, a ser fixado pelo Juízo
de 1o grau, assim que os autos retornarem à origem.

Pelo que,

ACORDAM os membros da 5ª Câmara do


Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, por
unanimidade, CONHECER DO AGRAVO DE PETIÇÃO. No mérito, por

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igual votação, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para, mantendo a


decisão do Juízo a quo que indeferiu o pleito de execução
do acordo, determinar a incidência de cláusula penal de 30%
somente sobre as parcelas pagas em atraso (3a e 4ª
parcelas), com juros e correção a partir do inadimplemento,
o que deverá ser quitado pela ré, em prazo razoável, a ser
fixado pelo Juízo de 1o grau, assim que os autos retornarem
à origem. Custas de R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e
vinte e seis centavos) pela executada, conforme dispõe o
art. 789-A, IV, da CLT.

Intimem-se.

Participaram do julgamento realizado


na sessão do dia 24 de abril de 2012, sob a Presidência da
Desembargadora Lília Leonor Abreu, a Desembargadora Maria
de Lourdes Leiria e a Juíza Convocada Teresa Regina
Cotosky. Presente a Procuradora do Trabalho Silvia Maria
Zimmermann.

TERESA REGINA COTOSKY


Relatora

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