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Sumário
1. Modificações do Novo CPC com a Lei nº 13.256 de 2016 ........................................... 11
1.1. Introdução.............................................................................................................. 11
1.2. Mudanças ............................................................................................................... 12
1.2.1. Ordem Cronológica dos Julgamentos .................................................................... 13
1.2.2. Retorno do Juízo Provisório de Admissibilidade dos Recursos Excepcionais ............. 14
1.2.2.1. Exame de Admissibilidade nos Recursos Repetitivos .......................................... 19
1.2.3. Reclamação......................................................................................................... 21
1.2.4. Ação Rescisória.................................................................................................... 22
2. Introdução à Execução Processual. ........................................................................... 23
2.1. Introdução.............................................................................................................. 23
2.2. Cognição................................................................................................................. 24
2.2.1. Cognição vs. Execução ............................................................................................. 25
2.3. Execução por Sub-rogação e Execução Indireta ......................................................... 27
2.3.1. Limites a Execução .................................................................................................. 28
2.3.2. Sanção Executiva vs. Sanção do Direito Material ....................................................... 29
2.3.3. Título Executivo Judicial e Título Executivo Extrajudicial............................................. 31
2.4. Cognição, Mérito e Coisa Julgada na Execução .......................................................... 34
2.4.1. Requisitos de Admissibilidade da Prestação da Tutela Executiva ................................ 35
3. Classificações da Execução. ..................................................................................... 36
3.1. Execução Comum e Execução Especial ..................................................................... 36
3.1.1. Cumulação entre Demanda de Procedimento Comum e Procedimento Especial......... 38
3.2. Execuções em Título Executivo Judicial e Título Executivo Extrajudicial ...................... 40
3.3. Execução Sobre o Patrimônio e Sobre a Vontade ...................................................... 41
3.4. Execução Definitiva e Execução Provisória ............................................................... 43
4. Princípios da Execução............................................................................................. 45
4.1. Princípio da Efetividade ........................................................................................... 45
4.2. Princípio da Concentração dos Poderes de Execução do Juiz ...................................... 46
4.3. Princípio da Boa-fé Processual.................................................................................. 50
4.4. Princípio da Responsabilidade Patrimonial ................................................................ 51
4.5. Princípio da Primazia da Tutela Específica ................................................................. 52
4.6. Princípio do Contraditório........................................................................................ 53
4.7. Princípio da Menor Onerosidade .............................................................................. 53
4.8. Princípio da Adequação ........................................................................................... 54
5. Regras Estruturantes e Formação da Execução.......................................................... 55
3
5.1. A Necessidade do Título Executivo ........................................................................... 55
5.2. Disponibilidade da Execução .................................................................................... 56
5.3. A Responsabilidade Objetiva do Exequente............................................................... 57
5.4. Aplicação Subsidiária das Regras da Fase de Conhecimento ....................................... 58
5.5. Formação da Execução ............................................................................................ 59
5.6. Litispendência Executiva.......................................................................................... 61
6. Elementos da Demanda Executiva ........................................................................... 63
6.1. Introdução ............................................................................................................. 63
6.2. Partes da Demanda Executiva ................................................................................. 63
6.2.1. Tipos de Responsabilidade Processual ..................................................................... 65
6.2.1.1. Responsabilidade Ordinária..................................................................................... 65
A) Legitimidade Ordinária Independente...................................................................... 65
B) Legitimidade Ordinária Derivada ............................................................................. 66
C) Legitimidade Ordinária dos Advogados .................................................................... 68
6.2.1.2. Responsabilidade Extraordinária ............................................................................. 68
6.2.2. Legitimidade Passiva............................................................................................... 69
6.2.3. Litisconsórcio na Execução ...................................................................................... 70
6.2.4. Intervenção de Terceiros na Execução ..................................................................... 71
6.3. Pedido da Demanda Executiva................................................................................. 72
6.4. Causa de Pedir da Demanda Executiva..................................................................... 72
6.5. Liquidez, Certeza e Exigibilidade .............................................................................. 73
7. Títulos Executivos Judiciais – Artigo 515.................................................................... 74
7.1. Introdução.............................................................................................................. 74
7.2. Princípio da Taxatividade nos Títulos Executivos Judiciais .......................................... 74
7.3. Exigibilidade, Liquidez e Certeza............................................................................... 75
7.4. Rol do Artigo 515 do CPC ......................................................................................... 76
A) Inciso I .................................................................................................................... 76
B) Incisos II e III ........................................................................................................... 79
C) Inciso IV .................................................................................................................. 81
D) Inciso V ................................................................................................................... 82
E) Inciso VI.................................................................................................................. 82
F) Inciso VII ................................................................................................................. 83
G) Incisos VIII e IX ........................................................................................................ 83
8. Título Executivo Extrajudicial.................................................................................... 84
8.1. Introdução.............................................................................................................. 84
8.2. Princípio da Tipicidade nos Títulos Executivos Extrajudiciais....................................... 85
4
8.3. Objeto do Título Executivo Extrajudicial .................................................................... 85
8.4. Possibilidade de se ajuizar Demanda de Conhecimento no lugar da Execução de Título
Extrajudicial ....................................................................................................................... 86
8.5. Rol do Artigo 784 do CPC ......................................................................................... 89
A) inciso I .................................................................................................................... 89
B) Incisos II e III ........................................................................................................... 90
C) Inciso IV .................................................................................................................. 91
D) Inciso V ................................................................................................................... 93
E) Inciso VI.................................................................................................................. 94
F) Inciso VII ................................................................................................................. 94
G) Inciso VIII ................................................................................................................ 95
H) Inciso IX .................................................................................................................. 95
I) Inciso X ................................................................................................................... 95
J) Inciso XI .................................................................................................................. 96
K) Inciso XII ................................................................................................................. 96
8.6. Defesas Heterotópicas na Execução.......................................................................... 96
9. Incidentes Cognitivos na Execução........................................................................... 97
9.1. Introdução ............................................................................................................. 97
9.2. Incidente de Concentração...................................................................................... 98
9.2.1. Obrigações Alternativas e Obrigações com Faculdade Alternativa ............................. 98
9.2.2. Obrigações Genéricas ........................................................................................... 101
9.3. Incidente de Liquidação ........................................................................................ 103
9.3.1. Princípio da Fidelidade da Liquidação ao Título....................................................... 107
9.3.2. Decisão que Extingue a Execução .......................................................................... 108
9.3.3. Tipos de Liquidação .............................................................................................. 108
A) Liquidação por Meros Cálculos .............................................................................. 109
B) Liquidação por Arbitramento................................................................................. 109
C) Liquidação por Artigos .......................................................................................... 110
9.4. Incidente de Exigibilidade...................................................................................... 111
10. Competência Executiva.......................................................................................... 112
10.1. Introdução ........................................................................................................ 112
10.2. Competência para Execução de Título Executivo Judicial ...................................... 114
10.3. Competência para Execução de Título Executivo Extrajudicial .............................. 118
11. Responsabilidade Executiva ................................................................................... 120
11.1. Introdução............................................................................................................ 120
11.2. Responsabilidade do Direito Material ..................................................................... 120
5
11.3. Responsabilidade do Direito Processual Civil ........................................................... 121
11.3.1. Responsabilidade Executiva de Terceiros ................................................................ 121
11.4. Responsabilidade Primária e Responsabilidade Secundária ...................................... 125
11.4.1. Introdução............................................................................................................ 125
11.4.2. Responsabilidade Primária..................................................................................... 125
11.4.2.1. Patrimônio em poder de Terceiros .................................................................. 126
11.4.2.2. Bens do Sucessor a Título Singular................................................................... 127
11.4.2.3. Exemplos de Fraude a Execução...................................................................... 129
11.4.3. Responsabilidade Secundária................................................................................. 130
11.4.3.1. Responsabilidade do Cônjuge ......................................................................... 130
11.4.3.2. Responsabilidade dos Sócios........................................................................... 131
11.4.3.3. Responsabilidade do Fiador ............................................................................ 132
11.5. Incidente de desconsideração da Personalidade Jurídica ......................................... 132
12. Impenhorabilidade ............................................................................................... 135
12.1. Introdução ........................................................................................................... 135
12.2. Princípio da Menor Onerosidade ........................................................................... 137
12.3. Reconhecimento ex officio da Impenhorabilidade................................................... 138
12.4. Impenhorabilidade do Bem de Família na previsão da Lei nº 8.009/1990 ................. 139
12.5. Impenhorabilidade Relativa e Impenhorabilidade Absoluta ..................................... 140
12.6. Rol do Artigo 833 .................................................................................................. 141
A) Inciso I ................................................................................................................. 141
B) Inciso II ................................................................................................................ 142
C) Inciso III ............................................................................................................... 143
D) Inciso IV ............................................................................................................... 143
E) Inciso V ................................................................................................................ 144
F) Inciso VI ............................................................................................................... 145
G) Inciso VII .............................................................................................................. 145
H) Inciso VIII e IX ....................................................................................................... 145
I) Inciso X ................................................................................................................ 145
J) Inciso XI ............................................................................................................... 146
K) Inciso XII .............................................................................................................. 146
13. Fraudes do Devedor .............................................................................................. 146
13.1. Introdução ........................................................................................................ 146
13.2. Anulabilidade, Nulidade e Ineficácia ................................................................... 148
13.3. Modalidades de Fraude...................................................................................... 151
13.3.1. Fraude contra Credores ..................................................................................... 152
6
13.3.2. Fraude de Execução........................................................................................... 154
13.3.3. Alienação de Bem já Constrito............................................................................ 158
13.4. Tabela com Resumo da matéria.......................................................................... 160
14. Quadro Esquematizado da Matéria ........................................................................ 161
15. Procedimento da Execução de Título Executivo Judicial ........................................... 162
15.1. Introdução............................................................................................................ 162
15.2. Cumprimento de Sentença..................................................................................... 164
15.3. Execução por Quantia Certa de Título Executivo Judicial .......................................... 165
15.3.1. Intimação.............................................................................................................. 167
15.3.2. Pedido de Multa, Pedido de Honorários e Pedido de Penhora .................................. 169
15.3.3. Execução Provisória............................................................................................... 173
15.4. Pagamento da Dívida Antes da Intimação ............................................................... 174
15.5. Impugnação ao Cumprimento de Sentença............................................................. 177
15.5.1. Prazo para Impugnação ......................................................................................... 177
15.5.2. Hipóteses de cabimento de Impugnação................................................................. 180
15.5.2.1. Citação Inválida.............................................................................................. 180
15.5.2.2. Ilegitimidade das Partes ................................................................................. 181
15.5.2.3. Inexigibilidade................................................................................................ 181
15.5.2.4. Inexigibilidade de Título Executivo Judicial fundado em Lei ou Ato Normativo
considerado Inconstitucional ............................................................................................ 182
15.5.2.5. Penhora Incorreta .......................................................................................... 185
15.5.2.6. Excesso de Execução ...................................................................................... 186
15.5.2.7. Incompetência do Juiz .................................................................................... 186
15.5.3. Efeito Suspensivo .............................................................................................. 187
15.5.3.1. Contra-cautela do Exequente.......................................................................... 188
16. Procedimento de Execução de Título Executivo Extrajudicial.................................... 188
16.1. Introdução............................................................................................................ 188
16.2. Procedimento de Título Executivo Extrajudicial vs. Título Executivo Judicial .............. 189
16.3. Petição Inicial ........................................................................................................ 190
16.4. Intimação do Credor Hipotecário............................................................................ 192
16.5. Honorários Advocatícios na Execução de Título Executivo Extrajudicial..................... 193
16.7. Mandado de Citação.............................................................................................. 194
16.7.1. Arresto ................................................................................................................. 195
16.8. Parcelamento do Pagamento da Execução .............................................................. 196
16.9. Prazo para opor Embargos a Execução.................................................................... 198
16.10. Meios de defesa do Executado ............................................................................... 199
7
16.10.1. Embargos a Execução ..................................................................................... 199
16.10.1.1. Introdução................................................................................................. 199
16.10.1.2. Distribuição por dependência dos Embargos a Execução .............................. 201
16.10.1.3. Inversão de polos passivo e ativo nos Embargos a Execução ......................... 201
16.10.1.4. Prazo para opor Embargos a Execução......................................................... 202
16.10.1.5. Competência.............................................................................................. 204
16.10.1.6. Legitimidade Ativa e Passiva ....................................................................... 205
16.10.1.7. Efeitos dos Embargos a Execução ................................................................ 205
16.10.1.7.1. Efeito Suspensivo nos Embargos a Execução ................................................ 206
A) Efeito Ex Tunc........................................................................................................ 207
B) Efeito Ex Nunc....................................................................................................... 208
C) Interpretação Literal do artigo 919, §5º .................................................................. 208
16.10.1.7.2. A Contra-cautela e a Teoria dos Vasos Comunicantes ................................... 208
16.10.1.8. Matérias alegadas nos Embargos a Execução ............................................... 209
A) Inciso I .................................................................................................................. 209
B) Inciso II ................................................................................................................. 209
C) Inciso III ................................................................................................................ 210
D) Inciso IV ................................................................................................................ 211
E) Inciso V ................................................................................................................. 211
F) Inciso VI................................................................................................................ 211
16.10.1.9. Procedimento dos Embargos a Execução ..................................................... 212
16.10.1.9.1. Tempestividade.......................................................................................... 212
16.10.1.9.2. Indeferimento da Petição Inicial .................................................................. 212
16.10.1.9.3. Embargos a Execução Protelatórios ............................................................. 213
16.10.1.9.4. Instrução Probatória................................................................................... 213
16.10.1.9.5. Sentença.................................................................................................... 213
16.10.1.9.6. Apelação.................................................................................................... 213
16.10.1.9.7. Agravo de Instrumento............................................................................... 214
16.10.2. Outras Defesas do Executado.......................................................................... 214
16.10.2.1. Introdução................................................................................................. 214
16.10.2.2. Exceção de Pré-Executividade ..................................................................... 215
16.10.2.2.1. A controvérsia sobre ser a EPE uma Objeção ou uma Exceção....................... 215
16.10.2.2.2. Exceção de Pré-Executividade no Novo CPC ................................................. 216
16.10.2.2.3. Fundamento Legal ...................................................................................... 217
16.10.2.2.4. Dilação probatória na Exceção de Pré-Executividade .................................... 217
16.10.2.3. Ação Rescisória .......................................................................................... 219
8
16.10.2.4. Ação Anulatória ou Impugnativa Autônoma................................................. 219
16.10.2.5. Conexão .................................................................................................... 221
16.10.2.6. Efeito Suspensivo ....................................................................................... 222
16.10.2.7. Preclusão das Matérias............................................................................... 223
16.10.3. Impugnações de Segunda Fase........................................................................ 225
16.10.4. Embargos de Terceiros ................................................................................... 226
17. Atos Executivos Propriamente Ditos ...................................................................... 229
17.1. Introdução ........................................................................................................... 229
17.2. Penhora ............................................................................................................... 230
17.2.1. Definição de Penhora segundo Cândido Rangel Dinamarco ..................................... 230
17.2.2. Efeitos Materiais da Penhora................................................................................. 232
17.2.3. Dos Objetos sobre os quais recaem a Penhora ....................................................... 233
17.2.4. Da Expressão Econômica do Bem Penhorado ......................................................... 233
17.2.5. Da Penhora de Bens Suficientes............................................................................. 234
17.2.6. Regra da Menor Onerosidade................................................................................ 235
17.2.7. Substituição da Penhora ....................................................................................... 236
17.2.8. Segunda Penhora ................................................................................................. 236
17.2.9. Penhora sobre Bens Móveis .................................................................................. 237
17.2.10. Auto de Penhora............................................................................................ 238
17.2.11. Penhora Especial ............................................................................................ 238
17.2.11.1. Penhora de Bem Imóvel.............................................................................. 239
17.2.11.2. Penhora de Dinheiro e Aplicações Financeiras.............................................. 239
17.2.11.3. Penhora de Crédito .................................................................................... 241
17.2.11.4. Penhora de Títulos de Crédito ..................................................................... 241
17.2.11.5. Penhora de Quotas ou Ações de Sociedades Personificadas .......................... 242
17.2.11.6. Penhora de Empresa, Outros Estabelecimentos ou Semoventes.................... 242
17.2.11.7. Penhora de Percentual de Fatura de Empresa .............................................. 242
17.2.12. Depósito do Bem Apreendido ......................................................................... 243
17.2.13. Intimação da Penhora .................................................................................... 244
17.3. Avaliação ............................................................................................................. 245
17.3.1. Introdução ........................................................................................................... 245
17.3.2. Avaliação pelo Oficial de Justiça............................................................................. 246
17.3.3. Dispensa da Avaliação........................................................................................... 247
17.3.3.1. Concordância de Preço entre Exequente e Executado ...................................... 247
17.3.3.2. Mercadorias com Cotação em Bolsa................................................................ 249
17.3.3.3. Títulos da Dívida Pública, Títulos de Crédito Negociáveis em Bolsa .................... 249
9
17.3.3.4. Veículos Automotores .................................................................................... 249
17.3.4. Nova Avaliação..................................................................................................... 251
17.3.4.1. Erro ou Dolo do Avaliador............................................................................... 251
17.3.4.2. Majoração ou Diminuição do Valor do Bem ..................................................... 251
17.3.5. Redução da Penhora............................................................................................. 252
17.3.6. Ampliação da Penhora .......................................................................................... 253
17.4. Expropriação ........................................................................................................ 254
17.4.1. Adjudicação ......................................................................................................... 254
17.4.1.1. Quem pode Adjudicar .................................................................................... 255
17.4.1.2. Até quando pode ser feita a Adjudicação......................................................... 256
17.4.1.3. Poderes do Advogado na Adjudicação ............................................................. 257
17.4.1.4. Auto de Adjudicação ...................................................................................... 257
17.4.2. Alienação ............................................................................................................. 258
17.4.3. Apropriação de Frutos e Rendimentos ................................................................... 258
17.5. Remissão da Execução .......................................................................................... 259
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1. Modificações do Novo CPC com a Lei nº 13.256 de 2016
1.1. Introdução
O Código de Processo Civil de 2015 entrará em vigor em março, mas não se sabe em
qual dia exatamente, eis que, há uma controvérsia na doutrina sobre se ele entrará em vigor no
dia 16, 17 ou 18 de março.
Eu pensei em discutir essa questão com vocês, mas, não queria que perdessem tempo
discutindo isso, pois, é algo que só tem relevância em, apenas, um dia e o CNJ irá definir esse dia,
isso deve ser feito na semana que vem,portanto, não há necessidade de se debater por qual
razão se entende que ele poderá entrar em vigor no dia 16, 17 ou 18.
Todavia, saibam que há uma controvérsia na doutrina acerca disso, que será o CNJ
quem irá definir a data exata e, com isso, o Código entrará em vigor na data definida por ele.
Quando o novo Código Civil entrou em vigor, houve uma celeuma grande sobre a
mudanças que ele faria acontecer, mas, a diferença é que a lei material atinge uma situação
jurídica no momento em que essa situação aconteceu, isso significa que o novo Código Civil
começou a ser usado aos fatos acontecidos após a sua entrada em vigor, ou seja houve uma
transição de anos e anos entre o Código Civil de 1916 e o Código Civil de 2002. Portanto, se o fato
tivesse acontecido em 1995, a legislação aplicável era o Código Civil de 1916, ainda que a ação
tivesse sido ajuizada depois.
Isso é bom e ruim. É bom, porque, digamos assim, amortece a entrada em vigor do
novo Código, não é de uma noite para o dia que se esquece tudo e passa-se a usar o novo. No
entanto, é ruim, pois criam-se problemas por muitos anos sobre o direito aplicável.
11
o Código entra em vigor. Isto quer dizer que todos os processos passarão a ser regulador pelo
Código de Processo Civil de 2015 “da noite para o dia”.
A regra básica é que se aplica o Código antigo quando a situação jurídica processual já
tiver se consolidado na vigência do código antigo. Por exemplo, imaginem que uma decisão tenha
sido publicada antes da entrada em vigor do Novo Código, o prazo para agravar no CPC de 1973
é de 10 dias, ao passo que, no NCPC é de 15 dias. Se a decisão foi publicada antes da entrada em
vigor do NCPC, ainda que o prazo termine já na vigência do NCPC, ainda é o prazo antigo, pois a
situação jurídica processual aconteceu antes da entrada em vigor do NCPC.
1.2. Mudanças
Vocês já devem ter ouvido falar que o NCPC é acusado de ser um Código pró advogados,
não deixa de ser verdade que há dispositivos neste NCPC que são bons para as partes, não só
advogados. Por exemplo, existem regras novas sobre contagem de prazo que são mais benéficas
para os advogados, os prazos, como vocês sabem não se contam mais no fim de semana, mas,
apenas, dias úteis. Isso faz com que a quinta-feira, que era o pior dia para que algo fosse
publicado, porque, o prazo terminaria na terça-feira, deixou de ser o pior dia e passou a ser
melhor.
12
Mas houve uma resistência em relação a esse enfoque, talvez, exageradamente
favorável aos advogados, pelo menos, foi o que alguns juízes dos tribunais superiores
defenderam, ou seja, um lobby muito forte de algumas associações de magistrados, bem como
ministros de que determinados dispositivos do código atrapalhariam o bom andamento da
justiça, ou seja, atrapalharia os trabalhos do juízes e que, portanto, atrapalharia a prestação da
tutela jurisdicional.
Foi nesse espírito, de que certas disposições do NCPC iriam atrapalhar o trabalho dos
juízes e aumentar a carga de trabalho deles, iria contribuir para o assoberbamento dos tribunais
superiores, por isso, certos dispositivos do código foram modificados.
O artigo 12 do NCPC, com a redação antiga, dizia que: “os Juízes e os Tribunais deverão
obedecer a ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”.
A ideia por trás desse dispositivo era a de que, obrigatoriamente, deveria haver uma
lista, isto é, se a sentença foi para conclusão no dia 12, o Juiz não poderia proferir sentença de
um processo que foi para a conclusão depois desse dia, tendo em vista que,, isso seria
desobedecer a ordem cronológica de julgamentos.
A ideia era de que, às vezes, certos processos ficavam para trás, isso acontecia quando
os processos eram complicados, ou que o Juiz não tinha muita familiaridade com a matéria, como
também, às vezes, o Juiz poderia escolher algum processo para beneficiar alguém. Ou seja, havia
uma falta de clareza sobre os critérios com os fundamentos nos quais o Juiz teria escolhido julgar
um processo e não outro.
O dispositivo, que foi modificado, foi feito exatamente para evitar essas celeumas a
partir da existência de uma lista pública - inclusive, na internet - de ordem de conclusão para
sentença, isto é, seria uma lista que você pudesse olhar para saber em que número o processo
estava na lista, para a sentença ser proferida. Isso seria uma maneira de criar previsibilidade e,
digamos assim, criar um critério objetivo.
13
O problema é que os magistrados, de um modo geral, entenderam esse dispositivo
como uma interferência exagerada na liberdade que eles tem de julgar aquilo que lhes parece
maduro para julgamento.
Certo ou errado, isso foi alterado no NCPC, o artigo 12 atual diz o seguinte: “Os Juízes
e os Tribunais atenderão preferencialmente a ordem cronológica de conclusão para proferir
sentença ou acórdão”. Isto quer dizer que, a lista deixa de ser uma obrigação e passa a ser uma
recomendação.
O Renato acredita que o dispositivo não foi revogado, as listas de conclusão devem,
ainda, serem implementadas.
Oportuno dizer que, as lições do Didier acerca de tal matéria também devem ser
modificadas, já que, não irá mais caber reclamação por parte do terceiro que se sentir
prejudicado com o não cumprimento da ordem cronológica, haja vista que o dispositivo foi
modificado.
Nós estudamos semestre passado que o NCPC havia eliminado todo juízo provisório de
admissibilidade de recursos, ele fez isso em relação a Apelação e fez isso em relação aos Recursos
Excepcionais.
14
Lembrem que, na vigência do CPC de 1973, a Apelação era interposta perante o próprio
juízo que proferiu a sentença, com isso, ele processava o recurso, ou seja, ele intimava a outra
parte para contrarrazoar, mas o Juiz fazia, também, um juízo provisório de admissibilidade, ele
podia, inclusive, dizer que o recurso era inadmissível.
O NCPC eliminou tanto esse juízo provisório da Apelação quanto esse juízo provisório
dos Recursos Excepcionais, ou seja, na redação primitiva do NCPC, o Recurso Es pecial deveria ser
interposto perante os Tribunais locais, como é na vigência do CPC de 1973, mas, os tribunais
locais não deveriam mais fazer o juízo de admissibilidade, deveriam fazer a instrução, verificar se
havia casos de recursos repetitivos e, por fim, determinar a remessa dos autos logo para o STJ ou
STF.
Ocorre que, os Tribunais Superiores argumentaram que isso eliminaria um filtro, pois,
mais recursos chegariam a eles devido ao fato de não haver mais esse juízo provisório de
admissibilidade.
Dessa forma, foi restabelecido o sistema do CPC de 1973 com o juízo provisório de
admissibilidade nos tribunais locais e o juízo definitivo em Brasília.
15
A ideia do NCPC era a de que o juízo a quo processa, mas não decide e nem faz juízo
provisório de admissibilidade. Todavia, como houve o restabelecimento do que já havia pelo CPC
de 1973, os tribunais irão processar os recursos e farão seu juízo de admissibilidade de modo
provisório.
Ocorre que, os Ministros do STF acharam que se não houvesse esse filtro prévio –
exame de admissibilidade provisório – mais pessoas interporiam recursos para Brasília. Por isso,
a Lei nº 13.256/2016 restabeleceu o juízo provisório de admissibilidade nos Recursos
Excepcionais, somente neles e não na Apelação.
Ou seja, no que tange a Apelação, o juízo a quo faz só o processamento, mas no que
toca aos Recursos Excepcionais se restabeleceu o sistema do CPC de 1973, isso quer dizer que, a
3ª Vice Presidência do TJRJ continua fazendo juízo provisório de admissibilidade mais o
processamento dos processos e, com isso, restabelece-se o Agravo de Despacho Denegatório.
Mas, vejam, são dois problemas diferentes: um é o que acontece nos recursos
repetitivos que é esse Agravo Interno, tem recurso para Brasília, ou não, e, outra é quando o
recurso não é conhecido. Nesse caso, não há dúvidas de que possa haver Agravo de Despacho
Denegatório. Esse retorno faz com que esse recurso ressurja como um instrumento para forçar
o Juiz Natural – juízo ad quem – a decidir em caráter definitivo a admissibilidade do Recurso
Excepcional.
Essa novidade surge em vários artigos dados pela nova lei de 2016. Vocês verão isso no
artigo 1.030 o qual fala que: “recebida a petição pela secretaria do tribunal, o recorrido será
intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão
conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que negará seguimento (...)”
16
Ou seja, existem lá nos incisos desse artigo as hipóteses de negativa de seguimento.
O §1º fala que: “Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso
V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042”
Ou seja, dá decisão que não conhece, que exercer exame negativo de admissibilidade
do juízo a quo, cabe Agravo de Despacho Denegatório para o respectivo Tribunal Superior, como
era na vigência do CPC de 1973.
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CPC DE 2015 CPC DE 2015
CPC DE 1973
REDAÇÃO 1 REDAÇÃO 2
Apelação é endereçada ao Apelação é interposta Apelação é interposta
juízo a quo, ou seja, para o perante o juízo a quo, com perante o juízo a quo, com
Juiz que profere a sentença isso, ele: isso, ele:
e, com isso, ele:
(I) processa a apelação. (I) processa a apelação.
(I) processa a apelação.
(II) intima a outra parte para (II) intima a outra parte para
(II) intima a outra parte para contrarrazoar. contrarrazoar.
contrarrazoar.
(III) Não há juízo provisório (III) Não há juízo provisório
(III) faz admissibilidade de admissibilidade. de admissibilidade.
provisória do recurso. Diz se
o recurso é inadmissível, ou (IV) faz os autos subirem (IV) faz os autos subirem
não. Se inadmissível, pode para o Tribunal. para o Tribunal.
ser interposto Agravo, pois,
não faria sentido que eu não (V) O Tribunal que é o juízo (V) O Tribunal que é o juízo
pudesse levar ao Juiz Natural ad quem, portanto, é o Juiz ad quem, portanto, é o Juiz
da causa a questão da Natural para decidir essa Natural para decidir essa
admissibilidade do recurso causa, logo, ele faz o exame causa, faz o exame de
de admissibilidade. admissibilidade.
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1.2.2.1. Exame de Admissibilidade nos Recursos Repetitivos
Isto porque, se o Tribunal diz que no seu recurso há uma tese qualquer que não é a tese
debatida e tranca o seu recurso, você não tem o que fazer, você não tem como falar para o STJ
que o TJRJ sobrestou o meu recurso de forma imprópria, pois, a tese debatida não é a tese que
é objeto do recurso repetitivo “x”.
O NCPC havia criado uma hipótese de que dessa decisão acerca do sobrestamento do
recurso caberia recurso para o STJ. Ou seja, não seria um recurso para o próprio tribunal, mas,
para o STJ.
A lei de fevereiro de 2016 muda isso por meio do §2º do artigo 1.030, o qual fala que:
“Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do
art. 1.021”.
Esses inciso I e III são os que tratam da negativa de seguimento quando houver
repercussão geral, recursos repetitivos, juízo de retratação, sobrestamento. Isto quer dizer que,
toda decisão proferida em relação a Recursos Repetitivos, Repercussão Geral e etc, tudo isso,
não deve ir para o STJ por recurso, mas, sim, para o próprio Tribunal.
Isso voltou, com a pequena diferença que, antes, não havia previsão legal e, agora, tem
com o advento da lei de nº 13.256/2016.
Nós não temos um sistema de precedentes no direito brasileiro, então, não faz
diferença que você tenha uma estrutura de como permitir que os tribunais mudem os seus
próprios precedentes, a gente não precisa disso, pois, nós não temos precedentes.
19
A partir do momento que nós criamos precedentes, a gente precisa de instrumentos
para permitir que o sistema se oxigene. De fato, nós não precisamos disso hoje, ou seja, nós
estamos aderindo a um sistema que foi desenvolvido a pouco tempo, para um momento em que
não havia precedentes vinculantes, mas lembrem que, a câmara dos lordes na Inglaterra
demorou cem anos para revogar a regra de que os precedentes eram irrevogáveis, mesmo por
ela própria, ou seja, sempre que um sistema de precedentes vinculantes entra em vigor, existe o
momento da euforia com o precedente por trazer segurança jurídica até o momento que as
pessoas se dão conta que esse sistema está tão engessado que começa a fazer mal.
O Renato não sabe quanto tempo nós iremos demorar, pois, o que ocorre hoje não é
um problema de precedentes rígidos, nós temos um problema de precedentes irrelevantes, há
precedentes da mesma turma do STJ, do mesmo dia,por unanimidade, em sentido contrário. Isto
é, a mesma pessoa que votou em um sentido quando era Relator, acompanhou o outro que votou
em sentido contrário e os dois são unânimes.
Esse nosso sistema é feito para permitir a mudança de jurisprudência, ele é um remédio
para um momento de caos jurisprudencial, em algum momento, se isso se estabilizar, talvez, o
STJ e o STF passem a entender que em casos excepcionais, pode reclamar, pode fazer uma
petição, fazer um certiorari para que se possa interpor um recurso diretamente a esses Tribunais
Superiores daquela decisão.
Ou seja, esse retorno ao que ocorria no CPC de 1973 viola a possibilidade do recorrente
ter o seu recurso julgado, ainda que, apenas, a admissibilidade dele.
20
CPC DE 2015 CPC DE 2015
CPC DE 1973
REDAÇÃO 1 REDAÇÃO 2
Recurso Repetitivo é Recurso Repetitivo é Recurso Repetitivo é
sobrestado pela 3ª Vice sobrestado pela 3ª Vice sobrestado pela 3ª Vice
Presidência do STJ. Presidência do STJ Presidência do STJ.
Se a parte entende que a tese Se a parte entende que a tese Se a parte entende que a tese
do seu recurso não é a do seu recurso não é a do seu recurso não é a
mesma do Recurso mesma do Recurso mesma do Recurso
Repetitivo, interpõe-se Repetitivo, interpõe-se Repetitivo, interpõe-se
recurso para o juízo a quo, ou recurso diretamente para o recurso para o juízo a quo, ou
seja, para o Tribunal de STJ. seja, para o Tribunal e não o
Justiça e não para o Tribunal juízo ad quem que, neste
Superior - ad quem - que , O recurso cabível é o Agravo caso, é o STJ.
neste caso, é o STJ. em Recurso Especial.
O recurso cabível é o Agravo
O recurso cabível é o Agravo Interno.1
Regimental.
1.2.3. Reclamação
2 www.conjur.com.br/2016-fev-12/alexandre-camara-cpc-permite-superacao-decisoes-vinculantes
21
Ou seja, havia um sistema em que a Reclamação deixaria de ser, apenas, um
instrumento para garantir a autoridade de uma decisão proferida naquele processo e passaria a
ser, também, um instrumento para garantir a autoridade da própria jurisprudência.
Esse “quando não esgotadas as estâncias ordinárias” é que muda tudo e ela faz com
que você não possa ir logo para o STJ ou ir logo para o STF, mas que você tem que antes recorrer.
Nesse meu exemplo, dado acima, eu poderia interpor o agravo, mas, também, a
Reclamação, agora, cabendo o agravo não cabe Reclamação e fica tudo como estava.
O NCPC dizia que não apenas a autoridade no processo, mas também a autoridade da
jurisprudência justificaria o cabimento da Reclamação, ou seja, se o Juiz desrespeitasse um
precedente vinculante, ainda que esse precedente não tivesse sido proferido nesse processo,
você poderia reclamar, você poderia levar a Reclamação direto para o STJ, sem passar por todo
o trâmite dos recursos cabíveis.
22
Sobre a Ação Rescisória, no artigo 966 não havia o §5º, essa lei de fevereiro acrescenta
esse parágrafo e o §6º ao dispositivo.
Vamos aos parágrafos, o 5º fala que: “Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso
V2 do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido
em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a
questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento”.
Na verdade, o que ele fez foi adequar a realidade da Ação Rescisória que foi criada em
um sistema sem precedentes vinculantes, em um sistema em que havia no CPC de 1973 a literal
violação ao dispositivo de lei, como cabimento da ação rescisória, o NCPC falava em violação de
norma jurídica que é mais do que a lei.
No entanto, a redação dada pela Lei nº 13.256/2016 acrescenta uma situação que
também haverá violação de norma jurídica quando a decisão se basear em acórdão proferido em
julgamento repetitivo que não tenha sido respeitado.
Nós vimos nos outros semestres que o processo se estrutura, basicamente, em duas
atividades: ele começa com a demandar que a fase de conhecimento dele termina com uma
sentença, em que o Juiz ou se recusa a julgar o mérito, ou, julga o mérito a favor parcialmente
ou contra ao autor.
23
Acontece que, saber quem tem razão não é ainda suficiente para quem tem razão. Se
eu digo ao Juiz que fulano me deve R$20.000,00 (vinte mil reais) e não me paga, eu peço a ele
que a parte inadimplente seja condenada a me pagar, o magistrado concorda com isso e condena
fulano a me pagar essa quantia devida.
Dessa forma, se eu sou o autor, e há um papel dizendo que eu tenho direito aquele valor,
isso não quer dizer muita coisa. Por isso que, ao lado da atividade de conhecimento,
frequentemente, mas, não sempre, é preciso uma fase ou uma atividade de execução.
Não será necessária a atividade de Execução, nesses casos, mas, às vezes sim, e é por
isso que se faz a distinção entre duas atividades que são: a cognição e a execução, este é o tema
do semestre, a começar pela aula de hoje.
2.2. Cognição
Nós vimos a cognição na Teoria Geral do Processo, vimos a cognição como uma fase do
processo de conhecimento com a fase de cognição, vimos os recursos os quais podem ser
interpostos de decisões proferidas no processo e veremos, agora, o que acontece quando o réu
ou o condenado não cumpre aquilo que foi condenado a cumprir.
Se vocês olharem a ordem do NCPC, vocês verão que a execução vem antes de Recursos,
não era assim em 1973, no CPC de 1973 a parte de recursos vinha antes, por isso, no nosso
currículo a parte de Recursos vem antes da Execução, poderia vir depois, talvez, daqui a alguns
anos, com a mudança do NCPC ao trazer a Execução para antes dos Recursos, essa ordem se
inverta.
No entanto, o Recurso, ainda que seja uma fase, diferente dessa cognição em primeiro
grau, é uma demanda de natureza cognitiva, conforme já vimos. Isto porque, ele pode dizer
respeito a uma decisão proferida na execução, mas, ele não deixa de ser uma demanda de
24
natureza cognitiva, por isso, embora o processo seja sincrético, ou seja, embora em um único
processo se faça conhecimento e execução, isso não quer dizer que de qualquer decisão
interposta ao longo de todo esses atos, o recurso cabível não tenha natureza cognitiva, ele terá.
Pode-se dizer, portanto, que todo recurso não deixa de ser uma demanda recursal de natureza
cognitiva, mesmo que, a decisão seja proferida na execução.
Então, nós temos um processo que, desde 2005, é chamado de processo sincrético, não
existe mais um processo de conhecimento e um processo de execução, existe, apenas, um
processo só, com a fase de conhecimento e, se necessário, uma fase de execução.
Porém, antes de nós falarmos desses detalhes procedimentais, eu quero que vocês
entendam a distinção que é anterior a essa, a qual consiste na distinção entre cognição e
execução.
Cognição e execução são espécies da atividade jurisdicional, o Juiz pode decidir uma
questão, pode decidir uma pretensão processual, mas, ele pode, também, invadir o seu
patrimônio. Ou seja, a Lei permite que o Estado invada o seu patrimônio contra a sua vontade e
tire alguma coisa de lá, isso é execução.
A execução, no entanto, pode ser sobre o seu patrimônio, ou, sobre a sua vontade.
Portanto, não confundam cognição e execução como espécies de atividade jurisdicional do
momento procedimental em que há cognição, em que há execução, pois, às vezes, na Execução
pode haver cognição.
Se durante a fase de conhecimento o Juiz defere uma Tutela Antecipada e o réu não
cumpre essa tutela de modo espontâneo, essa tutela pode ser executado, ou seja, haverá
atividade de execução, ainda que, na fase de conhecimento.
Por isso que, a distinção principal, e eu insisto bastante nesse ponto: uma coisa é o
momento do processo em que determinada atividade jurisdicional é realizada, outra coisa é a
25
natureza dela. Então, é o momento quem determina a natureza, ou seja, a natureza dela embora
seja típica de um momento, não quer dizer que ela seja exclusiva des se determinado momento.
Trata-se de um clássico, pois, esse excerto transmite as duas ideias colocadas por mim
acima: uma coisa é formular a norma jurídica concreta; o ordenamento jurídico diz “aquele que
causa prejuízo à outro deve indeniza-lo”, essa é uma norma jurídica abstrata, o que diz a sentença
concretamente é: “neste caso concreto, o réu deve pagar ao autor um indenização no valor tal,
a título de danos morais”. Só que, não basta a formulação desta norma concreta, é preciso que
ela seja atuada praticamente e essa é a função da execução.
Pelo meu entendimento, a norma da o caso abstrato, ao passo que, a sentença, diz no
caso concreto o direito previsto nessa norma, mas, não basta que ele só diga que o autor tem
razão, essa norma deve ser executada para ter o direito tutelado e é exatamente está a função
da execução.
Tal ideia é sintética, mas, ela é bem completa: a primeira é a formulação da norma
jurídica concreta a qual deve disciplinar determinada situação, outra é a atuação prática. Então,
nós temos – diz o Barbosa Moreira – a formulação e a atuação prática.
Isso é importante, pois, imaginem que alguém me deva uma quantia. Eu não posso ir a
casa dessa pessoa abrir a porta, pegar um quadro na parede e levar embora 3, a lei não permite,
salvo, excepcionalmente, a autotutela.
A autotutela executiva é muito rara, tanto que, em alguns casos, o Direito, inclusive, cria
mecanismos para impedir a autotutela executiva, quando, na verdade, ela poderia ser
razoavelmente feita. Por exemplo: tem um Banco que dá um imóvel com alienação fiduciária em
garantia, a pessoa não me paga, o Banco não pode ficar com esse bem, ele terá que levá -lo ao
Leilão extrajudicial. Isso seria cômodo para o credor ficar com o bem, mas, o processo tem um
certo preconceito com a autotutela, mas, não no seu sentido negativo.
3 Tal conduta configura o crime de exercício arbitrário das próprias razões, previsto no Código Penal em seu artigo artigo 345.
26
Isto porque, é a vedação da autotutela que permite que nós convivamos em sociedade,
salvo nos casos do desforço possessório, legítima defesa da vida, enfim, em alguns casos o direito
permite a autotutela.
A ideia é que, ainda que, o devedor responda com o seu patrimônio, não com seu corpo
ou com sua liberdade pelo pagamento da dívida, existem limites, digamos assim, que a
misericórdia impõe e isso é um pouco do que está por traz do pacto comissório e de todas essas
prerrogativas do devedor.
Por fim, uma última definição que eu lerei para vocês. O que é, exatamente, a sanção
executiva? Trata-se da atuação prática da norma concreta, mas o que isso quer dizer? Leciona o
Libman que: “a sanção executiva é a imposição de medidas que, com ou sem o concurso da
vontade do obrigado, produziam o mesmo resultado que ele não quis produzir, a saber, a
satisfação do direito do credor”.
Então, ainda sem falar em processo, mas, a execução, na verdade, ela pode atuar sobre
duas coisas: ela pode atuar sobre o patrimônio do devedor, ou, pode atuar sobre a vontade dele,
por isso, fala-se em execução por sub-rogação que consiste na execução sobre o patrimônio, isto
é, a execução tradicional e a execução indireta que consiste na pressão psicológica.
Por exemplo, se você não cumprir, você tem que pagar uma multa diária de R$10.000,00
(dez mil) reais, mas , é claro que, no final das contas, a execução vai ser pecuniária, vai ser sobre
o patrimônio. Ocorre que, a imposição de uma multa é uma maneira de atuar sobre a sua vontade
e te constranger a cumprir.
O ponto agora é: você pode executar o patrimônio, ou seja, o Estado pode vir no
patrimônio do Executado retirar o bem de lá, essa é a a execução por sub-rogação, ou, ele pode
atuar sobre a vontade do executado para forçar, digamos assim, a cumprir o que ele deve
cumprir.
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A origem disso, no Direito brasileiro é eclético, visto que, a execução sobre o patrimônio
nós importamos da França, até porque, no nosso Direito, até pouco tempo, não havia execução
de obrigações de fazer, não fazer, dar coisa certa, ou seja, todo inadimplemento deveria se
converter em pecúnia.
Oportuno, assim, dizer que, a execução até pouco tempo era, apenas, a execução sobre
o patrimônio, você tinha que fazer algo, não fez, líquida as perdas e danos, ou, você tinha que
não fazer alguma coisa, tinha que entregar alguma coisa, não entregou, converte-se em perdas
e danos da obrigação descumprida. Essa ideia é que deu origem a execução por sub-rogação.
No entanto, de alguns anos para cá, o processo brasileiro começou a prever a execução
específica das obrigações – de fazer, não fazer, de entregar coisa certa – ou seja, existem vários
instrumentos sobre os quais nós falaremos ao longo desse semestre, para executar, fazer a
execução específica que não seja a pecuniária.
Nesse capítulo, apenas para frisar, nós estamos falando de atividade e não de processo.
Existem limites a execução sobre o patrimônio, assim como existem limites a execução
sobre a vontade. Eu não posso, por exemplo, penhorar um bem de família – estudaremos isso
com mais calma ao longo do semestre -, há limites ao que eu, Exequente, posso retirar do
patrimônio do Executado, tendo em vista que, há coisas que eu não posso tirar dele, como já dito
acima: o bem de família ou um anel de noivado.
28
satisfazer o seu crédito. Portanto, vocês verão que essa dicotomia entre dignidade do executado
de um lado e direito do credor a satisfação, é um problema que permeia toda a execução.
Se debate se nós podemos utilizar a prisão como instrumento de atuar sobre a vontade
do executado, nos Estados Unidos, por exemplo, pode, ao passo que, no Brasil, em princípio, não,
exceto na execução de alimentos.
No entanto, a dúvida geral é: haverá sempre uma tensão entre em se tutelar o direito
do credor que, claro, não adianta nada ganhar e não levar, só que, ao mesmo tempo, o
“levar”pressupõe o direito à dignidade do executado. Assim, deve haver um equilíbrio, visto que,
se exagerarmos de um lado, nós erramos, e, se exagerarmos do outro, erramos também.
Não confundam sanção executiva, que é essa sanção do qual eu dei no excerto do
Libman, com a sanção do direito material. Se nós tivermos um contrato e existe lá uma cláusula
penal que, caso uma das partes a descumpra, ela será aplicada, essa é uma sanção material.
É claro que, a sanção material pode ser exigida no processo, por meio de uma sanção
executiva, todavia, são duas coisas diferentes: a sanção executiva é um conceito processual, a
cláusula penal, por exemplo, é uma sanção material que pode, é verdade, ser executada
judicialmente, mas que, digamos assim, conceitualmente é algo diferente.
29
Na sanção processual você tem meios coercitivos para a parte conseguir o bem da vida
almejado, pode ser a execução sobre o patrimônio, ou, pode ser uma execução sobre a sua
vontade.
É bem verdade que, a sanção material pode se converter na sanção executiva, como por
exemplo, nos casos de indenização por danos morais, materiais e etc.
O ponto é, para lembrar: uma sentença justa é a decisão do juiz que aplica o direito
aplicável, corretamente, aos fatos como eles ocorreram. Portanto, você tem que saber qual o
direito aplicável, você tem que aplicar esse direito corretamente aos fatos como eles ocorreram,
se você erra uma dessas coisas, não adianta saber o direito aplicável e aplicá-lo aos fatos que não
houve.
Isso é importante, pois, até muito pouco tempo atrás, as pessoas confundiam o Direito
Civil com o Direito Processual. Dessa forma, a ideia é: uma coisa o direito material diz “você tem
direito a isso”, não basta que o direito material diga isso, eu preciso que você tenha uma decisão
judicial que diga que você tem direito aquilo que o direito material diz que você tem, mas,
também, não basta uma decisão do Juiz, você quer o bem da vida, por isso, você precisa da
execução.
A sanção executiva está no plano do direito material, depois que o Juiz diz que você tem
direito a essa quantia, não importa se tinha sanção material, ou não, ele passou a dizer que tem,
e, aí, você passa para a etapa seguinte, que é a execução, a qual pode ser uma sanção executiva
sobre o patrimônio ou a vontade do executado. Mas por quais motivos não importa? Porque o
Juiz já decidiu, mesmo que, ele esteja errado, ele decidiu dessa forma.
Pôde-se dizer, então, que a execução processual é o meio segundo o qual o Exequente
tem para satisfazer o crédito devido pelo executado. Além disso, é o magistrado quem diz que
o Exequente tem o direito à satisfação deste crédito por meio da sentença, ao passo que, a
sanção civil consiste em uma previsão legal de que, caso você não cumpra a lei, você sofrerá
uma sanção. É bem verdade que, a sanção cível pode se converter na execução processual, eis
que, o processo é o meio segundo o qual a parte terá de tutelar o bem da vida que, talvez,
tenha sido infringido por outrem, tendo em vista que, a autotutela é vedada pelo Direito
brasileiro e só pode em casos específicos como o desforço possessório e a legítima defesa. A
30
execução, portanto, será esse procedimento em que o Juiz, ditando a norma, ao caso concreto,
vai ter de tutelar, ou não, esse direito requerido pela parte.
Nós estávamos falando até agora de atividade cognitiva e de atividade executiva, mas,
se o credor tem um direito, esse direito pode ser indicado em um documento, ou seja, pode ser
que tenha um contrato segundo o qual diz que: se eu não cumprir a obrigação, eu tenho que
pagar uma multa. Entretanto, se o devedor paga espontaneamente, não há necessidade de uma
execução.
Pode ser que você não me pague a multa, eu tenha que ajuizar uma ação contra você,
você seja condenado a me pagar e, aí, você paga. Houve necessidade de processo, houve
necessidade de atividade cognitiva, mas, não houve necessidade de execução. Todavia, pode ser
que, também, ainda que condenado, ainda que a cognição judicial tenha sido contrária a você,
pode ser que você não pague. Com isso, haverá o início da execução.
O que eu quero dizer é que existem várias maneiras de se organizar a execução, ela não
necessariamente é judicial, ela pode ser feita pela administração, por um órgão delegado, pelo
próprio credor e etc. No Brasil, no entanto, a execução é sempre uma atividade judicial, ainda
que o título executivo seja extrajudicial.
Se a execução é sempre judicial como o título executivo pode ser extrajudicial? Porque
o título executivo pode ser um documento que não tem natureza jurisdicional, como é o caso
31
dos títulos de crédito, eles têm natureza de título executivo extrajudicial, ou seja, a lei da a certos
documentos, mais ou menos de modo abstrato, uma certa força que, normalmente, o
documento não teria.
Por exemplo, o contrato diz que se você não cumprir a cláusula estipulada nele, você
tem que me pagar certa quantia, isso é um documento, mas ele não é forte o suficiente para ser
um título executivo extrajudicial, é preciso um grau de certeza maior e é para isso que a lei tem
um rol o qual estipula quais documentos tem essa força maior. No NCPC o artigo 784 trata da
referida matéria.
Na verdade, você tem um título executivo, ou seja, você tem um documento a que a lei
atribui uma executividade e como eu executo? Eu tenho um processo autônomo de execução
que é quando não há um processo pendente, mas pode ser que exista uma sentença que te
condena a pagar uma dívida para mim, isso é cumprimento de sentença, porque já há um
processo para mim, é o mesmo processo, isto é, já houve a fase de cognição e, agora, se passará
a fase de cumprimento de sentença, na qual, no processo é a execução.
A execução é sempre judicial, mas o título sobre o qual essa execução se fundamenta
pode ser um título judicial – sentença arbitral ou judicial – ou, um título executivo extrajudicial –
títulos de crédito -.
Pôde-se dizer, então, que no que tange a Execução eu posso ter dois tipos processuais,
quais sejam: aquele que vem de um processo de cognição, de uma demanda já existente, em
que, a sentença se tornará um título executivo judicial, essa fase se chama cumprimento de
sentença e será nela que a sentença terá executividade. Por outro lado, há o processo de
execução autônomo, o qual não precisou passar pela fase de conhecimento, eis que, a própria
lei já dá executividade para este título. Insta ainda salientar que, a fase de conhecimento tem
32
como fim dar executividade para o título, porém, como esse já tem, não há necessidade de se
passar por essa fase processual.
Existe alguns complicadores, há processos em que existe o título executivo judicial, mas,
não há fase de conhecimento, como no caso da sentença arbitral, eis que, não há um processo
judicial prévio, existe um processo arbitral fora do judiciário, mas, o título executivo é formado
no judiciário.
Isso quer dizer que, o árbitro não tem competência para executar qualquer atividade
executiva, o laudo arbitral vai sair e você leva esse laudo para o Juiz e tenta executa-lo, a execução
é de competência exclusiva do poder judiciário.
Lembrem, portanto:
33
Isto porque,pode ser que o Exequente não seja o verdadeiro credor, ele não tinha
crédito, ele já tinha pago, mas, ele não conseguiu provar que pagou, foi condenado a pagar de
novo e aí ele é executado, ainda que, de acordo com direito material o Juiz tenha decidido mal,
foi uma sentença injusta, mas, mesmo que injusta, ainda assim a sentença é um título executivo
judicial. Ou seja, aquele que, na verdade, não era devedor, a luz do direito material, e executado.
Então é melhor falar Exequente e Executado.
Nós vimos na aula passada que, na execução, embora o predomínio dela seja a atividade
executiva, ela serve para a realização da atividade executiva, pode haver também cognição e,
normalmente, há cognição na execução.
Você pode impugnar, o Juiz precisa decidir, por exemplo, se o pagamento satisfaz a
dívida inteira, ou não, mesmo que, não haja impugnação.
Há a conversão de uma demanda pela outra? Na verdade, não há uma conversão, ainda
que o processo seja o mesmo e que ele seja sincrético, existe uma demanda de execução que é
diferente da demanda cognitiva, o mérito dela é diferente.
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Posso dizer, portanto, que no processo cognitivo eu quero o conhecimento do meu
direito, ao passo que, no processo executivo eu quero a execução do meu direito.
Ou seja, eu peço ao Juiz que condene o réu a me pagar R$100.000,00 reais , o mérito da
demanda cognitiva é a condenação do réu a me pagar essa quantia, eu quero um papel que diga
isso, ao passo que, o mérito da execução não é um papel que me diga nada, eu quero os
R$100.000,00 reais, eu quero a satisfação do meu crédito.
É preciso analisar a demanda a luz dos seus requisitos de admissibilidade, nós vimos no
semestre passado que existem as condições de admissibilidade do julgamento do mérito da
demanda de conhecimento e que existem também condições de admissibilidade de julgamento
ou da prestação da tutela executiva.
Por exemplo, legitimidade, eu posso não ter legitimidade para executar um título
executivo. É claro que, isso é mais comum na execução de título executivo extrajudicial: eu tento
executar um cheque do qual eu não sou o beneficiado, eu não tenho legitimidade executiva.
Mas, mesmo quando eu tenho o título executivo judicial, isso pode ocorrer. Imaginem
que eu ganhe uma sentença contra alguém e ceda o crédito, se eu cedi o crédito, eu não tenho
legitimidade para cobrá-lo.
É claro, no entanto, que a tutela executiva não se endereça, ela não se destina a terminar
com uma sentença que julgue o mérito, não é essa a função da tutela executiva, a função da
demanda executiva é a satisfação, não é um sentença que diga se eu tenho, ou não, o direito, é
a satisfação.
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Mas, a execução, no entanto, normalmente, acaba com uma sentença, só que, não é
uma sentença que vá julgar o mérito, a função da sentença na execução é para satisfazer uma
obrigação, por exemplo. Isso encontra-se no artigo 924 do NCPC.
Imaginem que, eu ajuíze uma execução contra alguém, consiga invadir o patrimônio
dessa pessoa, tiro de lá o dinheiro que ela me deve. Nesse caso, eu não tenho mais nenhum
interesse, pois, já tive a satisfação do meu crédito. Com isso, o Juiz vai extinguir a execução por
meio de uma sentença. O mesmo irá ocorrer se o magistrado entender que me falta legitimidade
ativa para a demanda executiva. O objetivo da sentença, no processo executivo não é julgar a
pretensão do autor.
Um detalhe importante e que não se deve confundir é: o que você está pedindo na
demanda de conhecimento não é a execução, na demanda cognitiva você pede ao Estado uma
tutela condenatória, a execução é uma outra fase. Mas , é claro que você pode ter execução –
como o processo é sincrético – na tutela antecipada, antes do fim da fase de conhecimento, isso
não deixa de ser uma execução.
3. Classificações da Execução.
O próximo passo é falar das maneiras de se classificar a execução, e aí, nós vamos
falando das classificações possíveis e relembrando um pouco dos conceitos nos quais falamos na
aula passada.
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A execução especial é aquela para o qual existe um procedimento especial, por exemplo,
a execução de alimentos, ou, execução fiscal. Na execução de alimentos , o procedimento dela é
tratado nos artigos 528 e 520 do Código e a execução fiscal é tratada na LEF, ou seja, é execução,
mas, por alguma razão especial, a essa execução é dedicado um procedimento especial , no
sentido de contrapô-los a um procedimento comum.
Então, a primeira coisa quando vocês estiverem diante de uma execução, a primeira
pergunta a ser feita é: “esta execução por alguma razão é especial? Ou eu sigo as regras comuns
para as execuções em geral?”.
Nos alimentos, por exemplo, a urgência, a gravidade que o Direito Material atribui a essa
matéria, permite que, nesse tipo específico de execução, medidas mais extremas sejam tomadas
contra o Executado.
Todos sabem da prisão civil, a prisão civil, na execução de alimentos é a única que hoje
se admite no processo civil brasileiro, pois, o processo civil brasileiro entende os alimentos como
algo de suma importância, de suma urgência, ou seja, a lei entende que, nesse caso específico,
e,apenas nesse caso, é razoável constranger mais o executado, para que ele satisfaça.
Lembrem que, na aula passada, nós falamos daquela dicotomia entre a satisfação do
credor, que é um direito dele e, por outro lado, a dignidade do executado. A execução é sempre
a busca de uma meio termo entre a satisfação do credor e a dignidade do executado, ou seja, até
onde a execução pode ir.
A Execução Fiscal é mais ou menos a mesma coisa, embora o argumento seja furado de
que a dívida tributária mereça um tratamento especial – Renato não acha que mereça -. Mas o
ponto é, alguns países optaram pela Execução administrativa da dívida pública tributária, ou não,
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outros países optaram por uma execução judicial da dívida pública. O Brasil optou por um modelo
judicial, portanto, uma execução de crédito tributário e não tributários são uma execução
judicial.
Um detalhe importante e essa é uma mudança que o Novo Código traz -isso não está
muito claro ainda- , no entanto, é o seguinte: havia, na vigência do CPC de 1973, uma limitação
a cumulação de demandas quando os procedimentos fossem incompatíveis. Ou seja, quando eles
eram incompatíveis havia uma dúvida se eles deveriam ser cumulados.
Por exemplo, a tutela possessória, na vigência do CPC de 1973, deveria ser pedida em
uma ação possessória, ela tinha, como tem hoje, um procedimento especial, um procedimento
diferente daquele que normalmente é aplicado.
O problema era: eu posso cumular uma demanda que segue o procedimento comum,
com uma demanda que deve ser ajuizada por um procedimento especial? Havia, na vigência no
CPC de 1973, a ideia de que as demandas não deveriam ser cumuladas se os procedimento
fossem incompatíveis.
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previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que
não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum”.
Por exemplo, o autor cobra alimentos de alguém e, ao mesmo tempo, essa pessoa tem
um cheque que não pagou e, portanto, eu quero executá-lo e quero cobrar os alimentos. É
melhor que existam dois processos? Porque que concretamente haveria a inviabilização dessa
reunião? A ideia é dar um pouco de celeridade, não há dúvidas de que isso torna o procedimento
mais complexo, isso é óbvio, mas, ao mesmo tempo, essa complexidade compensa o desperdício
da duplicidade.
Pensem o seguinte, o procedimento comum tem maneiras de lidar com isso: eu faço um
pedido possessório e o pedido de dano moral contra alguém, o Juiz pode julgar antecipadamente
um capítulo/pedido e deixar o outro em aberto. A ideia aqui é a ideia romana e inglesa até o
século XIX, segundo a qual para cada pretensão haveria um procedimento diferente, não se
deveria tumultuar as coisas. Então, você tem uma formal action, você tem uma fórmula do
Direito Romano, é um tipo de pretensão, e, caso queira outra a pretensão, a parte que ajuíze
outra Ação.
Tem uma vantagem nisso, de fato, você torna o procedimento mais eficiente, porque,
ele foca naquele tipo de questão, mas, ao mesmo tempo, ele gera uma certa morosidade.
Se você mistura as duas coisas, o ponto é: existe um risco que você seja preso pela dívida
que não é de alimentos, pois, está tudo mais ou menos no mesmo “saco”, mas, o magistrado
também deve ver que uma dívida é uma dívida – título executivo extrajudicial – e outra dívida, e
outra dívida – execução de alimentos -.
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Pode haver compensação? O executado pode se defender alegando compensação, que
é quando há dívida recíproca, por exemplo. Isso ocorre quando as obrigações são de mesma
natureza, dinheiro com dinheiro, sacas de café com sacas de café, aí sim você pode compensar.
Por outro lado, o que você não pode compensar é a obrigação de dar coisa certa com obrigação
de fazer.
A todo momento o processo brasileiro muda. Houve um tempo em que ele equiparou
os títulos judicias com os extrajudiciais, mas, em um determinado momento, ele optou por
mudar esse entendimento. Há, portanto, uma certa irregularidade, às vezes, ele acha que o
tratamento tem que ser igual, às vezes, um pouco diferente.
Mas o fato é, não existe nenhum dúvida de que a execução judicial tem mais segurança,
a probabilidade do exequente ter o direito que ele pretende executar é um pouco maior do que
na execução fundada em título executivo extrajudicial. É mais difícil, digamos assim, fraudar uma
sentença do que um cheque.
Vocês verão que essa boa vontade que a lei tem com o título executivo judicial, ela se
reflete nas precauções que a lei tem em relação ao executado, é mais fácil para o exequente
executar em um título executivo judicial do que o exequente no título executivo extrajudicial.
A ideia é de que aquela sentença, tem um cheiro de verdade maior do que, às vezes, um
documento produzido unilateralmente, um documento que não tenha a mesma chancela.
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Tenham isso em mente, pois, ao longo do semestre vocês verão consequências práticas dessa
diferença.
O rol desse artigo não é taxativo, embora, exista o princípio da tipicidade, ou seja, só é
título executivo extrajudicial se houver previsão legal, embora, não necessariamente neste
artigo, eis que, há leis que criam em outros lugares títulos executivos extrajudiciais.
Se eu tenho direito a uma obrigação de fazer, eu tenho o direito a que o Estado tente
fazer com que o Executado cumpra essa obrigação de fazer. Às vezes, o dinheiro não me satisfaz,
eu quero a obrigação de fazer, de não fazer. Imaginem uma ação que você tem contra um vizinho
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por ele escutar o som alto até tarde da noite, não adianta que eles paguem algo, você não quer
liquidar em perdas e danos, você quer uma execução específica, qual seja: a de não ligar o som
alto até tarde da noite.
É claro que, um dos instrumentos para constranger alguém a não fazer algo é ameaçar
essa pessoa com uma multa que, no final das contas, também será pecuniária. Todavia, a multa
em si não é uma execução sobre o patrimônio, é sobre a vontade, a execução da multa que será
sobre o patrimônio.
Uma coisa é dizer o seguinte: “ou você não ouve música alta até tarde, ou, você vai ter
que pagar uma multa de “x” reais”. Isso não é sobre o patrimônio, isso continua sendo uma
ameaça.
Agora, a pessoa não cumpre a obrigação de não fazer, a multa incide e, com isso, eu a
executo. É claro que, na hora dessa multa ser executada, eu estou executando o patrimônio.
Todavia, a execução não se funda na multa, não é a obrigação de fazer que é executada sobre o
patrimônio, é a execução do crédito que nasceu para mim, pelo descumprimento de uma medida
coercitiva que o Juiz impôs, para constranger o executado a cumprir a obrigação de não fazer.
A ideia é: você tem que fazer alguma coisa, ou não fazer algo e eu quero te constranger
a fazer ou não fazer essa coisa, eu posso, por exemplo, te prender, nos não admitimos isso no
Brasil, ao passo que, nos Estados Unidos isso pode. Aqui, só pode ocorrer a prisão civil no caso
de alimentos; a função da prisão do devedor de alimentos não é punir, é de constranger.
Pensem o seguinte, você tem que fazer uma obrigação de fazer, como é que eu executo
isso? Eu tenho duas opções, converter em perdas e danos e cobrar do executado uma quantia
por ele não ter cumprido a obrigação de fazer. Como é que eu cobro essa quantia, ela é sobre o
patrimônio ou sobre a vontade? Sobre o patrimônio.
Agora, eu posso querer a obrigação de fazer, e aí, eu digo que não quero dinheiro, eu
digo que o executado deve cumprir essa obrigação de fazer. Para isso, deve-se constranger essa
pessoa a cumprir essa obrigação, como isso é feito? Você pode falar que se a parte não cumprir
a obrigação, ela terá que pagar uma multa de R$1.000,00 reais por dia.
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Vejam, a ameaça da multa não é sobre o patrimônio, eu não estou falando para a pessoa
me pagar, eu estou pedindo para ela cumprir a obrigação. Terá havido execução? Terá, mas , da
vontade, não houve cumprimento espontâneo.
Uma coisa é você ser condenado a fazer e você ,espontaneamente, cumpre. Neste caso,
não vai haver execução. Se o Juiz impõe uma multa e você cumpre, teve execução sobre a
vontade.
Suponha, no entanto, que você não cumpra a obrigação, você tem um crédito de
R$40.000,00 reais de multa, se eu quiser executar esse crédito, o que eu estou executando não
é a obrigação de fazer, é a multa, a obrigação de fazer continua sendo descumprida, eu continuo
executando ela.
Para vocês terem a título de exemplo, a noção de que essa execução é sobre a vontade
está no artigo 536, §1º do NCPC, nele há uma listagem exemplificativa de quais são essas
possíveis execuções.
Pode-se concluir que, a execução sobre a vontade, com a aplicação de uma multa
coercitiva é a forma com a qual o Exequente tem para forçar o Executado a cumprir a ob rigação,
digamos que, principal.
3.4. Execução Definitiva e Execução Provisória
Digamos que, eu ganhe a demanda e o réu é condenado a me pagar tantos reais, essa
sentença é executável? Depende, tem efeito suspensivo? É preciso saber se há efeito suspensivo,
ou não quanto ao recurso, em regra, nós temos o efeito suspensivo, mas, nem sempre. No caso
da sentença confirmar a antecipação de tutela, a apelação não tem efeito suspensivo
A discussão aqui é, o título executivo ele é executável? Depende do momento, para ser
executável, ele precisa ser executável, senão não é título executivo. Mas, as vezes, esse título é
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executável, só que, ele poder vir a ser modificado depois. Imaginem que, essa apelação não tenha
efeito suspensivo, a execução será provisória ou definitiva? Provisória, porque é possível que no
julgamento da apelação, o título executivo seja modificado, ou, até mesmo, desfeito. Isto porque,
pode ser que a ação do exequente seja julgada improcedente.
Lembrando que, a apelação tem efeito suspensivo ex lege e não ope judicis – Artigo
1.012, caput.
Os recursos excepcionais não tem efeito suspensivo ex lege, eles têm efeito suspensivo
ope judicis, ou seja, você pode pedir o efeito suspensivo, se o efeito suspensivo não for dado, o
Acórdão é executável, mas a execução não será definitiva, ela é provisória, pois, ela pode ser
mudada.
Embora isso não tenha nada a ver com a decisão do STF falando sobre a presunção de
inocência, alguns processualistas querem aplicar esse acórdão no processo civil, o que para o
Renato não faz muito sentido, eis que, no processo civil não há in dúbio pro reo.
Acontece, como nos veremos daqui a algumas aulas, que essa execução provisória, ou
seja, a execução fundada em um título executivo que pode ser mudado depois, ela se resguarda
de mais cuidados do que a execução fundada em um título executivo judicial quando esse título
for definitivo, ou seja, quando transitar em julgado.
O princípio geral é, o título executivo que pode vir de um decisão interlocutória, de uma
sentença, não transitar em julgado, ainda que seja executável, ou quando for executável, essa
execução será provisória e não definitiva.
Mas e a Ação Rescisória? O título executivo é definitivo, embora na ação rescisória você
possa conseguir uma liminar para suspender os efeitos da sentença transitada em julgado. Na
execução provisória, em alguns casos, o credor é obrigado a prestar uma garanti a para ir até o
final da execução, quando a execução for definitiva isso não pode, mas, nestes casos, há um meio
termo que falaremos mais adiante.
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Tanto na execução provisória, tanto na execução definitiva, a sentença é executável, a
diferença é que, na execução provisória ela pode ser reformada naquele mesmo processo e na
executiva não, ela já transitou em julgado. Isso nos veremos com mais calma e essa ideia exposta
por mim agora está no artigo 520 do NCPC.
4. Princípios da Execução
O Renato é contra essa teoria exacerbada de Princípios, pois, isso retira a dogmática.
Porém, parece para ele que esse problema é maior no Direito Civil do que no Direito Processual
Civil.
Em relação ao processo esse não é um problema tão grave, eis que, o processo é hoje
mais dogmático do que outras disciplinas, mas, mesmo no processo, às vezes, existem certos
exagerados em relação ao uso de princípios.
O Renato segue a ordem dos princípios do Fred Diddier, mas, para ele, alguns parecem
um pouco forçado, enfim, não é errado falar de certos princípios, mas, na verdade, às vezes, não
seria necessário.
Por assim ser, a ideia do princípio da efetividade é de que a tutela executiva deve ser
integral e intempestiva. Integral, porque, se eu tenho direito a R$5.000,00 a receber do réu, o
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qual foi condenado a me pagar essa quantia, isso quer dizer que, na execução eu devo conseguir
esse valor. Então, não será R$4.000,00, não será R$10.000,00, mas, será, exatamente, aquilo a
que eu tenho direito.
A tutela executiva, portanto, deve ser integral, mas também tempestiva, não adianta eu
conseguir, ou, adianta menos eu conseguir aquilo a que eu tenho direito 10 anos depois do início
da execução. A justiça que tarda é falha, por isso, a tutela executiva precisa ser tempestiva, ou
seja, é preciso que ela seja conseguida em tempo razoável e é preciso, também, que ela seja
integral. Isso, no entanto, observado a proporcionalidade.
Conforme já dito em aulas anteriores, existe uma tenção no direito do credor a tutela
executiva e a dignidade do executado. O direito que o credor tem a satisfação integral do crédito,
não pode significar ultrapassar os limites da dignidade do executado, como, por exemplo, o
aprisionamento de uma pessoa para que a execução se perfaça – com exceção a execução de
alimentos -.
Isso quer dizer que, é possível falar de um verdadeiro poder geral de efetivação, ou seja,
o Juiz para dar a tutela executiva ao exequente, ele não precisa se ater aos meios de execução
típicos previsto em lei, a única maneira de executar não é mais a execução por sub-rogação, ou
seja, execução no patrimônio do executado, eis que, o Juiz também pode se valer de outros meios
típicos, os quais alguns estão previstos em lei, e outros atípicos, para que o exequente obtenha
a tutela executiva.
Por exemplo, o Exequente tem o direito de crédito a que o executado cumpra uma
obrigação de fazer. Digamos que, ele tenha que me entregar bananas em uma determinada data,
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mas o fornecedor não entrega. Nesse caso, eu posso pedir o equivalente em perdas e danos e,
com isso, atuar sobre o patrimônio do executado, eu posso pedir ao Juiz que imponha uma multa
ao executado, para que ele traga as bananas para mim, eu posso contratar uma outra pessoa
para me entregar as bananas às custas do executado4. Ou seja, há uma série de possibilidades
que não estão nem restritas a execução sobre o patrimônio e, mais do que isso, não estão
restritas as hipóteses típicas de execução previstas no Código.
Outro exemplo, o réu tem a obrigação de tirar o nome do autor do SPC/SERASA, ele
pode ficar lá, digamos assim, pressionando o réu, mas o autor também pode pedir ao Juiz que
ele envie um ofício diretamente e resolva isso.
Há um princípio que falaremos mais adiante que fala da menor onerosidade, aí é algo
que já se vira para o executado. Porém, a ideia é justamente essa, não há meios típicos de
execução e isso faz com que o Juiz possa, livremente, sem estar vinculado, nem sob a execução
sobre o executado, nem nas hipóteses típicas de execução sobre a vontade do executado, para
dar ao exequente a tutela executiva.
É por isso que, por exemplo, diz o artigo 536: “No cumprimento de sentença que
reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado
prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente”.
O §1º desse mesmo artigo dispõe que: “Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá
determinar, entre outras medidas 5, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de
pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso
necessário, requisitar o auxílio de força policial”.
Ou seja, o Juiz pode tudo, entre esse tudo, aquilo que o parágrafo primeiro dá de
exemplo, mas, ele deve fazer isso observando certos limites, limites estes impostos pela
4Nesse caso, podemos ter como exemplo uma obrigação de fazer em que uma determina empreiteira foi contratada para fazer uma ob ra em uma
determina residência, porém, chegou no dia avençado e a empreiteira não compareceu. Com isso, o Exequente tem o direito de co ntratar outra
empreiteira e exigir que a empreiteira inadimplente pague essa nova empresa contratada.
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proporcionalidade a qual decorre de uma intimidação do executado. Eu não posso, por exemplo,
determinar a tortura do executado, para que ele cumpra a sua obrigação, em tese, isso é
inconcebível, este até pode ser um meio de execução, porém, não é uma meio admissível.
Mas, há outras questões que não são exageradas com esta. Por exemplo, eu posso
penhorar o seu salário, ou, eu só posso penhorar uma parte do seu salário? Nesse exemplo, da
tortura obviamente é exagerado, mas, há exemplos, também, que não são tão simples como esse
da penhora de salário.
É claro que, se a pessoa ganha uma salário mínimo, é óbvio que a ideia da lei é proteger
esse salário dele, mas, se ele é sócio de uma empresa, a divisão de lucros é um salário para fins
legais? Ou seja, todo o rendimento do sócio da pessoa jurídica é protegido? Nós vamos discutir
a impenhorabilidade em uma exemplo mais adiante, mas o exemplo não é só tortura, pois, há
casos meio nebulosos.
Existe, por exemplo, a proteção do bem de família, o qual não pode ser penhorado, mas,
imaginem que a pessoa more em um Triplex no Guarujá, está no meu nome, porque, eu comprei.
Esse meu bem, que é caro, ele pode ser penhorado? Há pessoas que dizem que, na verdade, o
bem onde mora o executado não pode ser penhorado, porque, o bem de família tem proteção
total, por outro lado, outras pessoas dizem que, na verdade, existe uma proteção até certo ponto
– O Cândido Dinamarco afirma isso -, eu posso determinar com o Juiz a emenda judicial da
cobertura, penhorar metade do valor e, com o resto, o executado pode comprar um outro
apartamento.
Nem sempre a pessoa consegue pagar e não está agindo de má-fé. A dificuldade da
execução é a seguinte: ela não pode fazer com que as pessoas hajam de má-fé e consigam fugir
da execução, mas, ao mesmo tempo, ela não pode ser opressora, inclusive, para não esmagar a
atividade das pessoas que estão de boa-fé.
No direito brasileiro nós temos, tradicionalmente, a litigância de má-fé, ela é uma dano
que você causa a outra parte, trata-se da responsabilidade civil daquele que causa um dano
processual. Existe uma responsabilidade civil a portuguesa a qual é a subjetiva, você está de má-
fé no processo, digamos que, você tenha interposto um Agravo Regimental no Recurso Especial
pela terceira vez, você sabia que estava agindo dolosamente, pois, não havia mais o que se
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discutir acerca da matéria tratada no recurso, enfim, você agiu de má-fé, ou seja, incorreu na
responsabilidade subjetiva.
Então, de alguns anos para cá, nós trouxemos a responsabilidade civil processual
objetiva, a qual se perfaz na litigância de má-fé, só que, a litigância de má-fé é um dano que eu
causo a você, digamos que, você seja o autor e eu o réu e causo um prejuízo à você
processualmente falando.
Nós temos a má-fé processual alemã, só que, adotamos ao mesmo tempo um sistema
completamente diferente o qual é a dignidade da justiça, isto é, consiste na vedação aos atos
atentatórios contra a dignidade da justiça – isso ocorre muito no direito americano, se alguém
desacata ou obstrui a justiça pode ser preso por cinco dias, por exemplo -.
Fazendo um link com o que estamos tratando, quando você não cumpre uma obrigação
de fazer, você está, ao mesmo tempo, causando um prejuízo a outra parte, mas, diferentemente,
do que ocorre na obrigação de pagar, se você não cumpre a obrigação de fazer, você está
desrespeitando a autoridade do Juiz que te mandou fazer.
Por isso que, você pode sancionar o descumprimento na execução de dar coisa certa - o
Renato acha que na obrigação de pagar não, veremos mais adiante -, nesses casos, o
descumprimento também pode ser considerado uma violação da dignidade da justiça , e, aí, a
você pode ser imposta uma multa, o destinatário não é a outra parte, mas, o Estado.
Isso não é litigância de má-fé, eis que, isso só existe entre as partes, o ato atentatório
contra a dignidade da justiça é para o Estado. A ideia é que, na litigância de má-fé, isso aqui é
responsabilidade civil, trata-se da reparação de um prejuízo, ao passo que, o ato atentatório
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consiste em uma sanção administrativa a que o Estado impõe ao executado que não cumpre a
ordem de fazer ou de entregar coisa certa.
Nós misturamos as duas coisas, isto é, nós misturamos tanto a responsabilidade devido
à má-fé, quanto o ato atentatório a dignidade da justiça e isso causa uma grande confusão, pois,
algumas pessoas dizem que você pode utilizar a litigância de má-fé de ofício, mas, na verdade,
não pode, eis que, isso é responsabilidade civil, ao passo que, no ato atentatório o que está em
jogo é o interesse público.
Agora, imaginem que o Juiz peça que a testemunha se abstenha de utilizar palavras de
baixo escalão na audiência, porém, contrariando, o magistrado, a testemunha insiste em utilizar
tais palavras. Portanto, aqui, há um elemento subjetivo no ato atentatório da justiça o qual é a
parte saber que está debochando, é diferente da responsabilidade civil processual – parece ao
Renato – independe até, em regra objetiva, salvo em alguns casos excepcionais, como o caso de
litigar contra a verdade dos fatos.
Se eu, por exemplo, interponho um recurso infundado, há casos que não é muito claro,
porém, digamos que eu tenha oposto os terceiros embargos em uma mesma ação, você não
precisa provar que eu agi com dolo, um terceiro embargos de declaração, objetivamente falando,
não é algo que seja processualmente razoável.
Então, há litigância de má-fé e pode haver, também, ato atentatório contra a dignidade
da justiça, porém, no primeiro é a tutela do direito pessoal de uma das partes, da vítima a
reparação do dano que ela sofre, ao passo que, no segundo, a tutela central é a da dignidade da
justiça e o interesse público no transcurso do processo.
Esse princípio também vale na execução, ou seja, ele traz a ideia de que o executado e
o exequente não podem abusar das posições processuais na execução. Esse princípio da boa-fé
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processual que, em regra, é objetiva e deve permear, também, a execução, logo, não deve ser
apenas aplicado no processo na fase de conhecimento, ele traz, portanto, a ideia de que não se
pode litigar de má-fé.
Esse princípio existe por uma razão histórica, em alguns países, a execução não é uma
atividade jurisdicional, ela é feita por órgãos administrativos e, às vezes, por pessoas privadas,
por delegação privada, isso fez com que a execução, no Brasil, embora, sempre tivesse natureza
jurisdicional, ela não recebesse dos processualistas muita atenção, até certa época. Por isso, há
essa necessidade de reafirmar a natureza jurisdicional da Execução e reafirmar a aplicação, na
Execução desses princípios que temos na fase de conhecimento e entre eles, o princípio da boa -
fé processual.
É por isso que diz o artigo 789 que “O devedor responde com todos os seus bens
presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em
lei”.
O Luciano ganha a ação, a sentença transita em julgado, mas, agora, já estamos em 2016
– tudo está com o NCPC – e o Luciano começa a executar essa sentença. Ocorre que, eu não pago
os R$2.000,00 que eu devia ao Luciano. O que de mim responde pelo pagamento da execução
dessa sentença? É o meu patrimônio, a minha liberdade e o meu corpo, não podem ser atingidos
na execução, mas, não são apenas os bens que eu tinha no momento em que a dívida foi
contraída, por isso, são os bens presentes e futuros. Se eu compro um carro nesse meio tempo,
esse carro também entra na responsabilidade patrimonial executiva.
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Ou seja, a execução atua sobre o patrimônio do executado, o que é esse patrimônio? É
tudo aquilo que ele tem no momento da execução, não apenas aquilo que eu tinha no momento
que a dívida foi contraída.
Então, imaginem que, agora, eu tenha os bens “b” e “c”, mas , em 2009 eu tinha somente
o “a” e o “b”. O meu patrimônio atual inclui o “b” e o “c” e, em princípio, não inclui o “a”. A
primeira pergunta é: esse “b” e “c” são penhoráveis ou existe alguma impenhorabilidade? Pode
ser que, esse “b”seja o bem de família, portanto, é preciso saber o que do meu patrimônio atual,
não entra na execução, imaginem que o “b” seja o único apartamento, então, ele sai da execução
por ser impenhorável. Sobrou apenas o “c”, mas ele não era meu quando a dívida foi contraída.
Mas e o “a”? Ele já não está mais comigo, eu vendi ou doei para outra pessoa. Existem
casos de alienação em fraude, em que há vários tipos de fraudes, isto é, a fraude contra credores,
e etc. Ou seja, há casos em que mesmo os bens que já não estão mais no patrimônio do
executado, integram também a responsabilidade executiva. Então, neste caso, eu somo o “a”.
Esse nome pode dar a entender que a tutela específica é preferencial ao equivalente em
perdas e danos, mas, a verdade é que o credor em uma obrigação específica, ele tem o direito a
uma obrigação específica, mas, ele também pode optar pelas perdas e danos, ou seja, a escolha
é dele. Ainda que, no Direito Material ele não pudesse escolher, na execução, ele pode.
O que é uma obrigação alternativa? Trata-se da escolha do credor, isto é, ele pode
escolher uma coisa ou outra, se eu tenho uma obrigação alternativa que sejam sacas de café e
dinheiro, eu posso escolher entre as sacas de café ou dinheiro, por outro lado, se a obrigação for
as sacas de café,e, somente elas, eu não posso pedir dinheiro.
Processualmente falando, no entanto, o exequente pode escolher, ainda que não exista
obrigação alternativa a escolha é dele. Na execução, ele pode escolher entre a obrigação
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específica, ou, o equivalente em perdas e danos. Ou seja, nesse caso, existe uma facilidade do
exequente, eu posso querer um quadro que o devedor tinha que pintar, aqui, o devedor não me
deve dinheiro ou quadro, ele me deve o quadro. Portanto, eu tenho o direito de pedir ao
judiciário a condenação do réu a me pintar o quadro, isso quer dizer que, eu tenho o direito, na
execução a pedir ao Juiz que ele imponha ao executado os meios executivos, no sentido de fazê-
lo pintar o quadro, porém, eu também posso requerer livremente o equivalente em perdas e
danos e isso pode ser feito a qualquer momento.
Uma coisa é o direito material em que, às vezes, você pode cumprir e, às vezes, nesse
direito a obrigação se torna impossível, com isso, você já pede em perdas e danos. No Direito
Civil a conversão em perdas e danos pressupõe a impossibilidade da obrigação, processualmente
falando não, ou seja, você não precisa do processo de execução, isto quer dizer que, a obrigação
não precisa ter se tornado impossível para pedir o equivalente em perdas e danos, essa é uma
escolha que a lei te dá.
É claro que, o executado tem direito de se defender, ele pode se defender com uma
impugnação ao cumprimento de sentença, com embargos, exceção de pré-executividade, enfim,
existem diversas maneiras à disposição do executado para se defender e, por motivos óbvios,
isso é uma garantia do contraditório.
Havia muita discussão antigamente, porque, o executado, muitas vezes, oferecia bens a
penhora que não satisfaziam o crédito do exequente como, por exemplo, pneu, vaso sanitário e
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etc. Isto porque, na vigência do CPC de 1973 o argumento era que tudo deveria ser a menor
onerosidade e não a maior.
Esses meios são igualmente eficazes, neste caso, o executado pode perfeitamente dizer
que quer a substituição da penhora pelo dinheiro e pela fiança bancária, lembrando que, o
exequente não pode se opor, porque, não há nenhuma vantagem, a não ser que seja uma
vantagem ilícita de constranger o executado se houver essa substituição.
Antes de 2005, a discussão de menor onerosidade era: você quer dinheiro, mas eu tenho
ação, você quer dinheiro mas eu tenho pneu, por exemplo.
Isso diz lá o artigo 815 “ Quando por vários meios o exequente puder promover a
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. Parágrafo
único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros
meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já
determinados.”.
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Ou seja, há certos casos que a natureza do direito executado exige um procedimento
especial, portanto, se exige a adequação do procedimento executivos as especificidades do
direito material que é objeto da execução.
A primeira delas é de que não há execução sem título. Existe uma regra latina que diz
que nulla executio sine titulo, mas, pode vocês podem lembrá-la em português, na qual diz que
não há execução sem título. Isto quer dizer que, toda execução seja de título executivo judicial,
seja de título executivo extrajudicial, seja como cumprimento de sentença, seja como processo
autônomo de execução, precisa iniciar ou ter como base um título executivo.
Pode-se concluir que, o título executivo é um documento solene, que tem por objetivo
enunciar de modo formal a executividade de uma determinada prestação.
O Renato acredita que não vale a pena falar de ato ou fato jurídico, pois, isso confunde a
definição, portanto, é melhor falar em documento. A ele, parece também que é mais intuitiva essa
definição, pois, ela dá a ideia de que há um documento e você sabe que há um documento, o qual
pode ser uma sentença, um cheque, um laudo arbitral, não importa. Enfim, é cediço que tem um
documento a que a lei atribui executividade, pois, há nesse documento uma prestação que pode
ser executada.
Essa definição transmite a ideia de que é preciso que exista um documento, algo sobre o
qual a lei possa determinar a executividade e essa executividade precisa ser de uma prestação.
Então, a primeira regra estruturante é a de que não há execução sem um título judicial ou
extrajudicial, não importa, toda execução pressupõe uma título, mesmo no caso da execução
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provisória? Sim, a execução será provisória, mas, haverá um título executivo, que é a decisão de um
Juiz que determinou o cumprimento de uma obrigação de não fazer ou fazer, tanto faz.
Lembrem que, nós falamos do princípio da estabilização da demanda, ou seja, depois que
o réu é citado, o autor não pode, por exemplo, desistir da demanda sem a anuência dele; a verdade
é que, o réu, a rigor, tem o direito ao julgamento do mérito, isto é, ele tem o direito à que o Estado
diga que o autor não tem razão na demanda que ajuizou contra ele, isso na fase de conhecimento.
Tanto é assim que, no Código de 2015, há, inclusive, uma certa primazia do julgamento do
mérito, em que em certos casos, mesmo quando faltar uma condição de admissibilidade de
julgamento do mérito, o Juiz deve julgar o mérito em benefício do réu, isto se ele puder fazê-lo logo.
Imaginem que, o autor ajuíze uma demanda contra o réu, mas, digamos que, essa
pretensão esteja prescrita, só que, além de estar prescrita, o autor não recolhe as custas, o Juiz
íntima o autor para que recolha as custas e, mais uma vez, ele não a recolhe.
Em princípio, o processo será extinto sem julgamento do mérito, por falta de uma das
condições de admissibilidade do seu julgamento: a falta de custas. Porém, se um Juiz puder julgar o
mérito em benefício daquele que não deu causa ao defeito, ele deve fazer isso, esse é o princípio
da primazia do mérito que foi consagrado pelo CPC de 2015, em um dos seus artigos.
Isto porque, na fase de conhecimento, nós não sabemos, ainda, quem tem razão, o
processo não é apenas uma maneira, digamos assim, de validar a razão que o autor já tinha ao
propor a demanda, pois, o que o autor diz é uma coisa e pode ser que ele não tenha razão. Portanto,
enquanto não tiver uma sentença que decida acerca do mérito da demanda, eu não sei quem tem
razão.
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Por outro lado, na execução é diferente, pois, já existe uma presunção de que o Exequente
tenha razão: o título executivo. A ideia é a de que se eu tenho um determinado título a que a lei
atribui executividade, eu parto do pressuposto de que o Exequente está em uma posição mais
vantajosa do que o Executado, ele tem mais razão; eu dou, digamos assim, mais credibilidade ao
exequente do que ao executado.
No entanto, isso não quer dizer - obviamente -que o executado não possa se defender,
mas, a execução ela ocorre no interesse do exequente, o executado não tem direito a tutela
executiva, como tem na tutela cognitiva, na fase de conhecimento.
Se eu tenho um litígio contra alguém, eu não posso ceder a minha posição -na fase de
conhecimento - para outra pessoa sem a concordância do adversário, porém, isso na execução,
pode.
O exequente, digamos assim, recebe da lei com boa vontade a sua pretensão executiva,
mas, se por ventura, depois, se provar que ele não tinha direito, ele deve reparar o executado pelos
prejuízos que a execução o tiver causado e esta é a responsabilidade é objetiva6.
Por exemplo, uma assinatura de cheque que tenha sido falsificada, o exequente penhora
um bem do executado e leva ele a hasta pública, depois, faz-se uma perícia e há a comprovação de
que a assinatura, de fato, não era do executado. Tal execução, portanto, causou um prejuízo ao
executado, por assim ser, o exequente é responsável pelos prejuízos que o executado sofreu,
independentemente da emergência, do dolo ou da culpa.
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Ou seja, não há a necessidade de investigar se o exequente executou de má-fé, o exequente
sabia que o cheque era falsificado e, mesmo assim, executou. Dessa forma, não há necessidade de
fazer essa prova, eis que, o Exequente é responsável por indenizar os prejuízos do executado,
independentemente de qualquer demonstração de que o exequente tenha agido de má-fé.
É por isso, por exemplo, que diz o artigo 520, inciso I:“Corre por iniciativa e
responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que
o executado haja sofrido”.
A liquidação e a execução dessas perdas e danos devem ser feitas nos mesmos autos, não
é necessário o processo autônomo, falaremos disso mais adiante.
O Código de 2015, ele tem uma parte geral, ao contrário do Código de 1973 que não tinha
essa parte. Isso fazia com que, na vigência do CPC de 1973, vários dispositivos fossem aplicados a
execução de modo subsidiário, eis que, como não havia uma parte geral, as regras estavam todas
na fase de conhecimento.
Por exemplo: litisconsórcio, custas, honorários dos advogados, você aplicava essas regras,
na medida do possível, na execução.
O CPC de 2015 tem uma parte geral, isso significa que, esta regra da subsidiariedade se
tornou menos importante, pois, a maioria dos dispositvos, digamos assim, estruturantes estão na
parte geral.
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no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no
procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a
que a lei atribuir força executiva, parágrafo único: aplicam-se subsidiariamente a execução as
disposições do Livro I da Parte Especial”.
A ideia é: se a regra não estiver a execução, procura na parte geral, ou na parte relativa ao
processo de conhecimento, se não houver a regra específica no cumprimento de sentença, procura
na parte de execução. Na verdade, o que esse artigo faz é, digamos assim, remissões, ou seja, se
houver uma lacuna específica na execução, olha na parte geral, olha na parte de cumprimento de
sentença, olha na parte de conhecimento, olha na execução extrajudicial.
O STJ acabou entendo que a lógica, neste caso, é igual no cumprimento de sentença, por
isso, ainda que essa regra só existisse na execução de título extrajudicial, ela deveria também ser
aplicada no cumprimento de sentença de forma analógica. Isso tudo é consequência do que diz hoje
o artigo 771 do CPC, é preciso, às vezes, sem a mesma razão, aplicar a mesma regra que, digamos
assim, topologicamente em outro lugar.
O cumprimento de sentença tem por objeto um título executivo judicial, mas, o processo
autônomo ele pode ter um título executivo judicial ou um título executivo extrajudicial.
Por exemplo: processo autônomo, um título executivo extrajudicial, qual seria? Títulos de
crédito, no geral, mas e o judicial? A sentença arbitral, porque a sentença judicial ela se dá no
cumprimento de sentença, como uma fase de um processo sincrético, mas, a sentença penal
condenatória, a sentença arbitral, elas são títulos executivos judiciais, porém, elas não fazem com
que o processo tenha sido precedido por uma uma fase de conhecimento.
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Ou seja, eu tenho um título executivo judicial, mas, não há uma fase de cumprimento de
sentença, porque, não há o processo sincrético.
Em qualquer dessas hipóteses a execução deve começar por iniciativa do exequente, não
há execução per offiucium iudicis, essa é uma discussão que, talvez, vocês não vejam, mas que foi
muito animada na vigência do CPC de 1973, eis que, havia uma celeuma em que discutia-se se o Juiz
iniciava a execução de ofício, ou não.
O CPC de 2015 resolveu essa discussão é deixou claro que, qualquer espécie de execução
deve começar por iniciativa do exequente, a execução é uma demanda executiva e em razão do
princípio da demanda é o demandante que deve escolher se demanda ou não.
Imaginem que eu tenha um crédito muito grande contra alguém e eu não queira cobrar
tudo, mas, apenas uma parte. Ou seja,a sentença condenou a pessoa a me pagar “x” e eu posso não
querer, não faz sentido que o Estado de ofício cobre para mim.
Na verdade, isso aqui não faz muita diferença, porque, no final das contas você terá que
pedir a penhora, o Juiz não pode determinar de ofício à penhora, então, se você vai ter que pedir
isso, não é um ganho de celeridade tão grande, eis que, o grande de celeridade é você dar ao
exequente a possibilidade de escolher o bem penhorado, mas isso veremos mais adiante.
O exequente poder escolher o bem penhorado para dar celeridade, mas, em relação a não
poder mais fazer a execução de ofício não é um ganho assim tão grande devido a confusão que
causa.
Pois bem, eu estava dizendo que, na vigência do CPC de 2015, em qualquer das suas
modalidades, a execução deve sempre começar com um pedido ou com um requerimento do
exequente, nós também também falaremos acerca disso em aulas mais adiante. Mas, eu já adianto
que, por exemplo, no artigo 513, §1º que trata do cumprimento de sentença, diz lá a lei: “ O
cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber
e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.§ 1º O
cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-
á a requerimento do exequente.
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O artigo 523 reforça isso: “No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em
liquidação, (...) o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente”.Ou
seja, será sempre a requerimento do exequente.
Falando de demanda executiva, nos falaremos melhor na aula que vem, mas já adiantando
um pouco, é preciso que vocês saibam que a demanda executiva tem também um pedido, uma
causa de pedir e partes, como qualquer demanda.
Por exemplo o pedido que o executado pague R$10.000,00 reais com determinada
obrigação de fazer ou não fazer.
Isso faz com que, a fase de cumprimento de sentença, ela prorrogue a litispendência, dessa
forma, não há, a rigor, um novo processo, logo, não há um renascimento da litispendência, há uma
prorrogação da litispendência. Isso tem consequências, por exemplo, com a prescrição, lembrem
que, um dos efeitos da litispendência é a interrupção da prescrição.
Isso não ocorre, por exemplo, na execução enquanto processo autônomo, nela há um
processo novo, então, a demanda executiva da origem a uma nova relação jurídica processual,
consiste em um processo próprio, e, aí, existe citação na execução, ou seja, no processo autônomo
de execução, o executado é citado e com ela um dos efeitos da citação a litispendência.
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Ou seja, há no processo autônomo de execução uma nova relação processual, ao passo
que, no cumprimento de sentença há apenas a prorrogação de uma mesma relação jurídica
processual.
Nós importamos as coisa sem pensar, porque, na nossa tradição a competência para
executar é sempre do Juiz que profere a decisão que dá origem ao título executivo judicial, só que,
em outros países como a Alemanha não, a competência executiva é de outro órgão, se ela é de
outro órgão, faz sentido que se dê origem a uma nova relação jurídica processual, porque, não é o
Juiz que profere a decisão que será competente – na Alemanha – para executar a própria sentença.
Ao contrário do Brasil, porque, se o próprio Juiz é competente não faz sentido algum ter uma nova
relação jurídica processual, uma nova citação do executado, nós importamos algo que faz sentido
lá devido à organização judiciária própria da Alemanha, aqui, no Brasil nã o é assim, portanto, nós
não poderíamos ter importado sem pensar esse sistema, porque aqui o próprio juiz é competente
para a decisão, esse sistema novo desde 2005 é muito mais funcional.
Nesses dois casos há contumácia? Lembra que, a contumácia é um termo genérico, é a falta
de resposta, existem consequências para a contumácia, à revelia, por exemplo, é uma delas e ela
tem efeitos. Há contumácia se o executado não responder, mas não existe efeitos da revelia na
execução.
Se eu sou executado e eu não respondo, não muda nada, a diferença é que eu não vou
poder impugnar, eu vou ter precluída a minha possibilidade de me defender, mas isso não é revelia,
não são efeitos da revelia como a presunção relativa de veracidade dos fatos, porque, não há uma
demanda de conhecimento.
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Imaginem que, você seja intimada para pagar, mas não paga, eu vou pedir ao Juiz que
penhore as suas contas bancárias. Portanto, você pode fazer isso, mesmo que, o executado seja
contumaz, porque não há, na execução, os mesmos efeitos que há na fase de conhecimento.
Nós já falamos um pouco sobre demanda executiva nas aulas introdutórias. A demanda
como vocês sabem, ela tem três elementos: partes, causa de pedir e pedido, também a demanda
executiva tem três elementos: partes, causa de pedir e pedido.
A demanda executiva é uma demanda que pode ser uma demanda incidental, se já houver
um processo em curso, ou, pode ser uma demanda autônoma, se não houver um processo em curso.
Ou seja, se o exequente pretender executar uma sentença, a demanda executiva será uma
demanda incidental, porque é feita em um processo pendente, em um processo que já existe, se,
no entanto, o exequente pretende executar um título executivo extrajudicial, a demanda será uma
demanda autônoma, porque, ela dará nascimento a uma nova relação jurídica processual.
Todavia, nos dois casos, a execução deve começar por uma demanda, ou seja, é preciso
que o exequente requeira o início da execução , que ele peça o início da execução, nos veremos nas
próximas aulas o procedimento de execução quando se tratar de título executivo judicial e quando
se tratar de título executivo extrajudicial, nós veremos isso mais à frente, mas, é preciso saber que
toda execução começa com uma demanda.
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Tecnicamente não é muito correto chamar o exequente de credor e o executado de
devedor – o que, as vezes, se faz – porque, na verdade credor e devedor pertence a terminologia
do direito civil. O código de 2015 evita essa terminologia e o Código de 1973 usava bastante; usava
falando de processo as palavras credor e devedor, para se referir a exequente e executado,portanto,
se vocês lerem alguma coisa no contexto da execução “credor”ou “devedor”saibam que se está
falando do exequente – credor – e do executado – devedor -, ainda que, está terminologia não seja
a melhor, tendo em vista que não é uma terminologia processual.
Lembrem que, ao fazer essa distinção entre exequente e executado, e, credor e devedor,
nós falamos em aulas anteriores que toda execução pressupõe a existência de um título executivo,
que pode ser judicial, ou pode ser extrajudicial, é por isso que exequente é aquele que tem em seu
favor um título executivo e aquele que executa esse título executivo.
Não é bom usar a expressão credor e devedor, porque, às vezes, o credor pode não ser
exequente, eu posso cobrar de alguém uma parcela da dívida, esse alguém pode ser condenado a
me pagar a parcela dessa dívida , eu poderei continuar a ser credor da parcela não cobrada e
exequente da parcela cobrada a cujo cumprimento o devedor foi condenado.
Imaginem que, eu ajuízo uma ação, apenas, contra o funcionário de alguém que me causou
um prejuízo, o seu empregador é responsável civilmente por aquilo que o seu funcionário me causa
de prejuízo, mas, se eu não ajuizei a ação - também - contra o empregador, ainda que eu possa ser
credor dele, porque, ele é responsável do pagamento das perdas e danos à que o seu empregado é
condenado a me pagar, ele não será executado, pois, no título executivo judicial não constará o
empregador, apenas o empregado.
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Ou seja, na relação jurídica e material, no plano do direito material, o empregador pode
não ser devedor, mas ele não será executado, ele não poderá ser executado, porque ele não consta
no título executivo. Isto porque, por alguma razão qualquer, eu não quis ajuizar a ação – também –
contra o empregador, mas, apenas, contra o empregado.
Lembrando que, isso é válido para todas as ações de responsabilidade: vale para o agente
e o Estado e, futuramente, até entre animal e seu proprietário, a responsabilidade de um direito
material não torna o responsável automaticamente parte da execução, ele pode ser materialmente
responsável, mas não, processualmente responsável.
Isso ocorre – geralmente – em demandas que tenham interesse coletivo. Imaginem uma
ação de tutela de direitos difusos, em que o Ministério Público é o autor, no qual se consegue um
título executivo e os lesados tem também legitimidade para execução do título executivo. Vejam:
eles não constam no título executivo, o que há no título é o Ministério Público e o executado –
empresa -, mas, o lesado, o titular do direito difuso tem legitimidade autônoma e ordinária, essa
legitimidade é dele, ele não está defendendo em juízo um direito que não é dele, isto é, tem
legitimidade ele próprio a execução desse direito.
Pensem em uma ação ajuizada pelo Ministério Público, ele pede a tutela desse direito,
haverá consumidores lesados que não são parte da demanda, portanto, não são parte do título
executivo, mas, eles têm legitimidade ordinária para executar a sentença. Existe uma sentença
genérica que dá razão ao parquet, e, ela diz que todos os consumidores que compraram esse
produto no interregno de 2005 a 2010 tem razão.
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Ainda que, os consumidores não sejam parte do processo, eles têm como executar essa
sentença. Como você prova? A execução coletiva tem uns detalhes diferentes, mas, mesmo na
execução individual, há casos em que você tem incidentes cognitivos.
Ela é ordinária, porque, o consumidor tem legitimidade para executar, pois, ele foi lesado
por aquele produto, por exemplo, porém, ela é independente, porque, ele não faz parte do título
executivo judicial.
Existe, também, uma legitimidade ordinária que é derivada, são aqueles casos de alteração,
de sucessão da posição do título executivo. Imaginem que, eu consiga um título executivo contra o
devedor “R”e eu ceda esse crédito para alguém. O cessionário do crédito passa a ser parte legítima
para a execução – o mesmo ocorre na sucessão processual .
Enfim, as três espécies são essas: legitimidade ordinária normal, legitimidade ordinária
independente e a legitimidade ordinária derivada que é quando há, na verdade, um sucessor contra
outro sucessor.
Se houver alguma sucessão, aquele contra a qual o executado defende em juízo o interesse
próprio, se eu cedo o crédito para alguém, o cessionário executa esse crédito, ele está pedindo em
juízo a tutela do direito que é dele, não é mais meu, por isso, a legitimidade dele é ordinária e não
extraordinária. Todavia, você pode classificar também de derivada, pois, ele não consta no título
executivo original.
Sempre que há uma alteração no polo das partes, na execução, se fala em legitimidade
ordinária e aí a espécie da legitimidade ordinária seria a derivada. O mais importante não é decorar
as subdivisões, o mais importante é entender que a legitimidade em todos esses casos é ordinária,
porque, o exequente pede a execução de um direito do qual ele é titular e o executado defende em
juízo um direito do qual ele é o titular.
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Ocorre que, o Michel só ajuizou ação contra a Dilma, se ele ganha e tem um título
executivo, as partes do título executivo serão somente o Michel e a Dilma, pois, o Lula não pode ser
executado, tendo em vista não fazer parte da relação processual, isso ocorre mesmo que, no que
tange ao direito material, ele seja responsável. No entanto, no caso do Michel ajuizar uma ação
contra o Lula e contra a Dilma, o Lula também seria executado.
Vamos inverter o exemplo, imaginem, agora, que a Dilma seja empregadora do Lula e o
Michel foi direto contra a Dilma, mas não contra o empregado, a Dilma tem o direito de regresso
contra o Lula. Neste caso, existe uma modalidade interessante da intervenção de terceiros que é a
denunciação da lide, a Dilma pode denunciar a lide ao Lula e chamá-lo para fazer parte da relação
passiva do processo, eis que, se ela perde, ele também será condenado nos mesmos autos.
Todavia, o “a” diz que o “b” deve vir junto, pois ele também é responsável, eu já quero que
isso seja decidido em conjunto, porque, se eu perder e tiver que pagar tudo, eu já cobro de você a
quota parte. No caso da Dilma, ela deveria ter denunciado a lide antes de pagar o Michel.
Vamos lá, ela é ré na ação, ela vai pagar, mas ela tem um direito de regresso contra o
empregado que causou o prejuízo, porem, eu tenho, também, um instrumento processual que é a
denunciação da lide, eu denuncio a lide ao meu empregado, para caso eu seja obrigado a pagar, eu
possa nos mesmo autos exercer o meu direito de regresso contra o empregado, sem que, ele possa
negar a ocorrência de tudo aquilo.
No caso, a Dilma vai dizer “eu não devo, mas, caso eu deva, a culpa é do Lula”, e, aí, ela vai
fazer isso em uma denunciação da lide, pois, se ela tiver que pagar, ela pode executar o Lula nos
mesmos autos, sem haver a necessidade de uma nova ação.
Se as partes são empregador e empregado, eles não são devedores solidários, pois, a
responsabilidade é por sub-rogação, isto no caso da Dilma vs. Michel, tendo como empregador o
Lula. Ou seja, se eu – empregador – tenho que pagar, eu posso cobrar tudo do empregado,
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diferentemente do que ocorre na solidariedade, nela eu não posso cobrar tudo do co-devedor
solidário, eu só posso cobrar a quota parte, é diferente.
A graça do chamamento ao processo é evitar um outro processo em que exista essas duas
espécies de intervenção de terceiros.
Há uma discussão sobre a extensão da coisa julgada ao devedor solidário que não foi pago,
o Barbosa Moreira escreveu um artigo sobre isso no qual ele falava que, em alguns casos, poderia
se estender a coisa julgada e tornar o devedor solidário.
Os Advogados não fazem parte do processo, eles representam a parte contra alguém, mas
a parte que perde e é obrigada a pagar honorários de sucumbência, essa sentença é também um
título executivo do qual o legitimado é o advogado, para cobrar os honorários de sucumbência, ou
seja, ele pode cobrar em nome próprio – a lei permite que ele faça isso – ainda que o Juiz não tenha
dito de forma expressa que condena o réu a pagar os advogados do autor.
O artigo 85 do CPC fala que, ainda que o Juiz não fale nada na sentença acerca dos
honorários, este tem direito a recebê-los, por meio de uma ação própria ou por embargos.
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Por exemplo: se o MP pede a tutela do direito difuso, como um dano ambiental grande, o
MP ganha a ação e ele vai executar a sentença que condenou a determinada empresa a pagar o
dano causado.
Nesse caso, o MP não é titular do direito - esse é um direito difuso - mas, ele está
representando aquela classe, ele tem legitimidade executiva, só que, ela não é ordinária, esse não
é um direito do qual o MP é titular, há uma titularidade difusa desse direito, mas o MP quem é o
exequente.
Isso é diferente do que ocorre na ordinária independente, a pessoa que foi lesada será a
mesma a executar, na extraordinária não, será o MP quem vai executar, ele não é o titular do direito,
mas o seu substituto processual.
Essa regra começa a ser explicada no artigo 778 do CPC o qual diz que “Pode promover a
execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo”. Essa é a regra geral, o §1º fala que
“§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente
originário: I - o Ministério Público7, nos casos previstos em lei; II - o espólio, os herdeiros ou os
sucessores8 do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do
título executivo; III - o cessionário9, quando o direito resultante do título executivo lhe for
transferido por ato entre vivos; IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação10 legal ou convencional.
7 Quando ele tiver legitimidade extraordinária para execução, no caso dos direitos difusos.
9Nesse caso, digamos que, eu tenha contra alguém uma nota promissória e eu endosso essa nota promissória para alguém, esse alguém é cessionário
do crédito, ele tem legitimidade ordinária, ele pode executar ainda que não faça parte do título executivo ordin ário.
10Pensem no exemplo do fiador que paga, o devedor e o fiador são réus, existe uma sentença que condena o réu devedor e réu fiad or a pagarem X
reais ao credor, se o fiador paga, ele não é o exequente do título executivo original, o exequente é o deved or, mas, ele se sub-roga por força de lei e
passa a poder executar naqueles mesmos autos o crédito subrrogado, você não precisa de uma nova ação contra o devedor princip al, para executar
o crédito subrrogado, eu posso nós mesmos autos fazer isso.
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Se o executado quiser passar o débito adiante, ele pode? Ou seja, alguém pode assumir a
dívida? Só se o exequente concordar, já o exequente, no entanto, não precisa. Diferente do que
ocorre na fase de conhecimento, nessa fase, se eu estou cobrando um crédito de alguém e eu cedo
este crédito, o meu cessionário não entra automaticamente no meu lugar, neste caso, eu também
preciso da concordância da outra parte.
O artigo 779 do CPC dispõe que “execução pode ser promovida contra: I - o devedor,
reconhecido como tal no título executivo; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo; IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial; V - o responsável titular do bem
vinculado por garantia real ao pagamento do débito; VI - o responsável tributário, assim definido
em lei”.
O inciso III fala em novo devedor, há uma cessão de crédito, então, há um devedor novo,
mas, ao mesmo tempo, ele é executado, essa terminologia é meio confusa.
O inciso IV fala do fiador do crédito, mas ele não tem que ser réu? Se ele não constar no
título executivo eu posso cobrar contra ele? Ele não teria que ser réu? Aqui fala -se em fiador do
título do crédito extrajudicial, então, se eu chego em uma letra de câmbio e digo que dou uma aval,
eu, avalista, sou responsável, eu posso ser também executado, porque, esse título executivo é
extrajudicial.
Os casos dos incisos V e VI vamos falar quando falarmos das execuções especiais.
Imaginem que eu peça a autuação da assembleia de uma sociedade, eu não preciso ajuizar
a ação contra todos os sócios, mas se eu ajuizar contra os outros sócios, o Juiz não pode anular a
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assembleia em relação a mim e não em relação aos outros sócios, este litisconsórcio é unitário, mas
facultativo.
Na execução, o artigo 780 do CPC dispõe que “o exequente pode cumular várias execuções,
ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas
elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento”.
Se eu tenho vários cheques para executar, eu na preciso fazer uma execução por cheque,
eu posso entrar em uma mesma execução, eu posso executar todos os cheques. Todavia, é preciso
que seja contra o mesmo executado, eu não posso ter dez cheques de dez pessoas diferentes, com
isso, eu não posso fazer uma execução só contra essas dez pessoas.
O exequente, portanto, pode cumular várias execuções, ainda que fundada em títulos
diferentes, quando o executado for o mesmo.
Imaginem que, eu sou devedor e alguém assume o meu débito, eu continuo devedor, no
entanto, porque o exequente não concordou, aquele que assume a dívida pode ser assistente
daquele que cedeu a dívida.
Torna-se assistente e não entre no lugar do devedor, porque, o exequente não concordou,
o executado para ceder a dívida precisa da anuência do exequente, mas, se o exequente não aceitar,
aquele que recebe a dívida – terceiro – tem interesse em assistir o executado.
Imaginem que eu ajuízo uma ação reivindicatória contra vocês, reivindicando uma
propriedade, você vende esse imóvel para uma outra pessoa, essa outra pessoa pode ser seus
assistente se eu não concordar que ela entre em seu lugar no processo. Se você perder, ela perde o
imóvel.
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Você, se continua no processo, defendendo um direito que não é seu, você passa a ser
legitimado extraordinário para defender no Juiz esse direito, se você perde, o imóvel não é seu, é
do terceiro que não foi parte, mas, como ele teve o direito defendido em juízo pelo seu substituto
processual, você vai perder esse direito.
É por isso que, ao propor a execução, o exequente deve fazer certas indicações, ele precisa
ver exatamente aquilo que ele está executando, falaremos com mais calma em aulas mais para
frente. Isto encontra-se no artigo 798.
No caso da pessoa pagar de forma espontânea, ela não será executada, ela será intimada
para pagar no prazo de 15 dias da intimação, caso ela não pague, aí sim, é que haverá a execução,
vai haver o cumprimento de sentença.
Isto se chama tempus iudicati, trata-se do tempo que o devedor tem para pagar antes do
exequente poder cobrar, esse tempo pode ser dado pela lei ou pelo contrato, e, somente depois
dele é que o exequente pode executar.
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Houve um debate muito grande se isso era uma execução de ofício, na verdade, esse tempo
para pagar o credor precisa pedir a intimação do executado para pagar, aí, ele tem o tempo de graça
de 15 dias e, só depois, você pode pagar.
No CPC de 1973 isso era meio confuso, dava a entender que era automaticamente do
trânsito em julgado, aí havia execução sem pedido, isso era estranho, mas no CPC de 2015 essa
dúvida está clara.
O artigo 523 dispõe que “no caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em
liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença
far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo
de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver; § 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no
prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de
advogado de dez por cento”.
Ato contínuo, o artigo 525 dispõe que “Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o
pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado,
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua
impugnação”. Se ele não pagar, os bens podem ser penhorados, mas a penhora pressupõe o
esgotamento do prazo de 15 dias.
No caso dele impugnar já vai incidir multa? Depende, se ele ganhar a impugnação não vai
mais haver multa, mas se ele impugnar e perder, ele vai ter que pagar multa, porque, já passaram-
se os 15 dias e, com isso, o exequente já pode pedir a penhora dele, ele não pode conseguir a
penhora antes dos 15 dias.
O artigo 514 trata da condição ou do termo e ele dispõe que “Quando o juiz decidir relação
jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de
que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo”.
O artigo 800 trata da execução das obrigações alternativas e ele dispõe que “Nas
obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para exercer a
opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em
lei ou em contrato”.
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O artigo 787 trata da execução quando contraprestação e ele diz que “Se o devedor não
for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a contraprestação do credor, este deverá
provar que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do processo”.
Esses são incidentes cognitivos para fazer com que os títulos que não sejam líquidos e
certos se tornem líquidos e certos, pois se eles não são assim, eles não podem ser executados.
Lembrem que, a causa de pedir – conforme falamos na aula passada – é o título executivo
mais o inadimplemento. O título executivo, como também já vimos, é um documento por meio do
qual se anuncia formalmente a executividade de uma prestação; ele pode ser um documento
público, pode ser um documento privado, mas é um documento que enuncia formalmente a
executividade de uma determinada prestação. Esse título executivo pode ser judicial ou pode ser
extrajudicial, dizer que ele é judicial ou extrajudicial, significa dizer o seguinte: qual é a natureza
dele, e, mais do que isso, de onde ele veio.
A lei, na verdade, cria uma lista de títulos executivos judiciais e depois cria uma lista de
títulos executivos extrajudiciais, ainda que se possa tentar definir o que seja um e o que seja outro,
a partir da autoridade de quem esse título emana, existe alguns critérios para defini -los, mas, no
final das contas, o que vale é: a lei diz o que é título executivo judicial e a lei diz o que é título
executivo extrajudicial. O judicial encontra-se no artigo 515 do CPC e o extrajudicial encontra no
artigo 784 do CPC.
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Então, nós temos uma coisa que se chama princípio da taxatividade, ou seja, é título
executivo judicial aquilo que a lei diz que é título executivo judicial e, mais do que isso, a lei dirá
também, se esse título é judicial ou extrajudicial.
É preciso que esteja na lei, mas, não obrigatoriamente nesses dois artigos, às vezes, existem
outros títulos executivos que não encontram-se nessas listas, ou seja, embora haja taxatividade o
rol desses artigos é não é taxativo, pois, é possível que exista outro título executivo que, no entanto,
não esteja nesta lista; ou no artigo 515 ou no artigo 784. Às vezes, acontece de determinadas leis
extravagantes criarem um título executivo que não estão nas listas, respectivamente, dos referidos
dispositivos.
Há a possibilidade dentro do próprio CPC ter alguma outra situação que não esteja nesse
rol? Nesse novo código, o Renato acha que não tem, até porque, isso ocorre quando a lei começa a
ficar muito mexida, como no CPC de 1973, no qual houve uma série de reformas e aí a pessoa que
faz uma reforma esquece de um artigo; esse novo código, pelo menos, organiza as coisas.
Havia outras duas hipóteses que não estavam nessas duas listas e que agora estão, todavia,
isso não quer dizer que, futuramente, isso possa ocorrer, tal situação é comum nos títulos
executivos extrajudiciais.
De fato, nós temos um número maior de títulos executivos extrajudiciais, alguma coisa de
letra de crédito agrícola, algumas leis extravagantes que criam também títulos executivos
extrajudiciais. Os judicias, no entanto, são mais raros, é mais difícil de se encontrar algo que não
esteja aqui, mas pode acontecer.
Por exemplo, durante algum tempo, a sentença arbitral não esteve no rol, hoje, ela está,
ou seja, na medida de quando a lei surgiu, houve um descompasso entre a legislação processual e a
legislação arbitral, mas hoje isso está harmonizado.
Mas lembrem, pelo princípio da taxatividade é a lei quem da existência ao título executivo,
isto é, é sempre a lei e nunca a vontade das partes que cria um título executivo judicial, a lei sempre
dirá, não necessariamente, pois há outros países em que as partes podem convencionar entre elas,
na Alemanha, por exemplo, é possível criar convencionalmente títulos executivos.
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Hoje nós falaremos dos títulos executivos judiciais, isto está lá no rol do artigo 515 do CPC,
mas, antes disso, eu lembro a vocês que, para que exista um título executivo judicial, a prestação
precisa ser: líquida, certa e exigível, se não preencher a esses requisitos, não há título executivo.
Isto quer dizer que, é preciso, antes de executar, resolver esse problema, para que o título
ilíquido se torne líquido, incerto se torne certo e inexigível se torne exigível. Para tanto, é necessário
que haja incidentes cognitivos no processo, destinados justamente a permitir que o título executivo
se complete, mas a prestação deverá sempre ser: líquida, certa é exigível, diz lá o artigo783 do CPC
que “a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida
e exigível”.
Vamos ao rol do artigo 515 do CPC: “são títulos executivos, cujo cumprimento dar-se-á de
acordo com os artigos previstos neste Título”.
A) Inciso I
Esse é o inciso mais importante dos títulos executivos judiciais, cada palavra tem um
significado importante. Vejamos: as “decisões”, por quais motivos é decisão e não sentença? No
CPC de 1973 era sentença, no CPC de 2015 é decisão, porque nós podemos ter um capítulo de
mérito que o Juiz decide de forma antecipada, claro que, na maioria das vezes , será a tutela de
urgência ou de evidência, mas, se o Juiz julgar antecipadamente uma parcela do mérito, essa parcela
é exigível, mas não será uma sentença.
Lembrem que, na atualidade, a sentença é um o ato do Juiz que implica alguma das
situações do artigo 485 e 487 e que ponham fim a fase de conhecimento. Não há sentenças parciais,
existem decisões interlocutórias de mérito e existem sentença de mérito.
Uma sentença é toda decisão que põe fim a uma fase do processo, só que, ela tem também
por conteúdo alguma coisa dos artigo 485 e 487. Lembrem que, havia dois critérios, o critério
puramente topológico e o critério substancial, o CPC de 2015 misturou as duas coisas: a sentença é
o ato do Juiz que põe fim a fase de conhecimento e que tenha por conteúdo alguma das situações
previstas nos artigos supracitados.
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O artigo 485 são as situações que tratam da extinção do processo sem o julgamento do
mérito, ao passo que, o artigo 487 são as situações que implicam o julgamento do mérito, por
exemplo, a procedência da demanda.
A Decisão Interlocutória ela pode ser de matéria processual, pode ser de matéria incidental,
mas ela também pode ter matéria de mérito – essa é uma novidade -, como o novo código diz que
a sentença é o ato final, não podem existir sentenças interlocutórias , se não podem existir sentenças
interlocutórias, mas, ao mesmo tempo, é possível que o mérito seja julgado antecipadamente, é por
isso que, existem decisões interlocutórias de mérito, essas decisões podem ser executadas, e, a rigor
podem transitar em julgado, inclusive, com coisa julgada material. Dessa forma, são decisões e não,
apenas, sentenças.
Então, o inciso ainda fala em “as decisões proferidas no processo civil”, a expressão
processo civil não é casual, porque é que está dizendo “processo civil”? Pois, além do processo civil,
existem outros processos, como o processo penal, como o processo do trabalho e etc.
Existem casos em que outras sentenças, de outros processos, também podem ser objeto
de execução no cível, mas, esse inciso só fala das decisões proferidas no processo civil. Antecipando
a curiosidade: algumas decisões penais, podem ser executadas no cível, mas não é nesse inciso, há
outro que trata desse caso. Aqui é: a decisão proferida no “processo civil”.
Há um último problema que é este “reconheçam a exigibilidade”, a lei dizia, antes, que
eram sentenças condenatórias, em 2005 foi feita uma mudança polêmica - isso não vem mais ao
caso -, porque, vários doutrinadores criticaram esse “reconheça”, pois quais são as espécies de
sentença? Condenatória e Constitutiva. Qual a diferença entre elas? Uma declara o direito que já
existe, e a outra constitui.
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O problema é que, às vezes, as pessoas pediam uma declaração querendo, na verdade, a
condenação e aí a solução que a jurisprudência acabou adotando é que, neste caso, prescreve, isto
é, se você está pedindo a declaração, mas você quer uma condenação, aí, prescreve.
O que aconteceu foi o seguinte: o Teori Zavascki escreveu um livro defendendo essa tese
de que as sentenças declaratória podem ser executadas e não apenas as sentenças condenatórias,
como é no resto do mundo.
Ocorre que, a opinião dele prevaleceu e foi reconhecida pela lei, ou seja, hoje, a lei
expressamente reconhece a executividade não apenas dessas sentenças condenatórias. Para o
Renato, isso não faz sentido, pois, a função da sentença condenatória é de, justamente, construir
um título executivo, a Declaratória, por sua vez, respeita a vontade do autor, eis que, ele podia ter
pedido a condenação, mas não pediu. Então, eu não posso dar ao autor mais do que ele quis, se ele
quisesse ter pedido a condenação, ele pedia, se ele quisesse pedir a declaração, ele pedia.
Isso, inclusive, está em um dos primeiros artigos do CPC em seu artigo 19 o qual diz que “O
interesse do autor pode limitar-se à declaração”, e, além disso, no artigo 20: “é admissível a a ação
meramente Declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. Ou seja, a lei dá as partes
o direito de pedir, apenas, a declaração”.
O ponto é, você pode ter o interesse apenas a declaração, é claro que, na maioria das vezes,
você quer a condenação, mas a lei permite que você peça, apenas, a declaração, por isso, não faz
sentido que você permitir que você peça apenas a declaração e, depois, dizer que a declaração é
um título executivo.
Eu peço a declaração, então, não se discute prescrição, mas, na hora da execução você
acaba devolvendo algumas questões de mérito, com isso, você não vai argumentar compensação,
prescrição, pois, o seu pedido é meramente declaratório. No entanto, se não há execução, eu
começo a executar, sendo que o meu pedido é declaratório, o advogado da outra parte pode
argumentar que ele podia ter apresentado certas defesas que não apresentou, pois, o pedido era
meramente declaratório, aí, você pode contra-argumentar dizendo que isso também pode ser
pedido na execução – o argumento do Teori é o de que há uma questão prática.
Vamos a um problema mais complicado: imagina que o autor peça a declaração de que
uma pessoa não deve a ele determinada quantia, porque, o réu está ameaçando ele a cobrar a dívida
e, com isso, ele pede a declaração de que não deve – pedido declaratório negativo -, o Juiz, por sua
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vez, julga improcedente a ação do autor, ou seja, ele declara que existe. Neste caso, o autor deu ao
réu um título executivo? Alguns autores entendem que a sentença de procedência é uma sentença
Declaratória Negativa, se você entender que sim, é executável, mas há outros autores que dizem
que não, pois, a sentença de procedência é simplesmente uma sentença de procedência, se o réu
quisesse a condenação, ele poderia ter reconvindo.
As duas ideias são defensáveis, trata-se de uma questão, digamos assim,de opção, ou seja,
se a pessoa entende que a sentença de improcedência é uma Declaratória negativa e aí por essa
linha ela é executável, mas, se eu entendo que não, que ela é simplesmente a remissão do pedido
do autor, ela não é executável.
O Renato tende a achar que a sentença de procedência Declaratória não é uma Declaratória
negativa, porque, ele tende a dar mais valor à vontade das partes, pois, se o réu quisesse pedir uma
condenação, ele poderia ter pedido, até porque, ao pedir, ele amplia o objeto de conhecimento do
Juiz, ele controverte, ele dá a oportunidade do autor reconvindo de dizer que, na verdade, não é o
caso, ainda que se declara que ele não ganhe, não quer dizer automaticamente o contrário por
qualquer razão. O Renato prefere respeitar a vontade das partes, ainda que, na prática, às vezes,
isso possa criar situações não tão práticas.
Por exemplo, às vezes, você julga o mérito com o ônus da prova, eu peço a declaração, mas
não consigo fazer a prova do fato constitutivo, a sentença julga improcedente o pedido por falta de
ausência de provas, o fato de que não existe provas e eu não consigo a declaração do que eu quero,
é um pouco, assim, ousado dizer que não houve provas de que o meu pedido de declaração existe,
logo ela não existe, falta de prova não equivale a inexistência.
Mas, então, saibam que existe esse problema, essa é uma questão prática relevante, ocorre
muito em matéria tributária, esse é um problema pratico de, até que ponto, devemos interpretar
esse inciso I.
B) Incisos II e III
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Então, nós temos decisão e não sentença, porque, pode existir composições, inclusive,
parciais, ou seja, sobre uma parcela da lide. A sentença judicial que homologa uma transação judicial
ou extrajudicial, fazem nascer títulos executivos judiciais.
Por exemplo, eu ajuizou uma ação pedindo ao réu a me pagar uma indenização por danos
materiais, nessa ação eu fecho um acordo, e peço para me devolverem uma parte do que me devem,
o Juiz, por sua vez, homóloga essa acordo. Essa transação é judicial ou extrajudicial? Judicial. Isto
porque, ela foi feita no processo.
Todavia, você pode, também, homologar uma transação extrajudicial. Digamos que, nós
temos uma relação comercial, você tem que me vender parafusos, você não vende o parafuso, mas
eu não ajuízo uma ação contra você, eu ligo e digo que quero os parafusos e ameaço te processar,
só que, você diz que quer fazer um acordo e eu concordo; não tem processo, esse acordo é
extrajudicial, porém, nós podemos homologar esse acordo na justiça, podemos pedir para o Juiz
homologar esse acordo extrajudicial e, com isso, ele vira um título executivo judicial. Ou seja, ainda
que o acordo seja extrajudicial, com a homologação ele vira um título executivo judicial.
Detalhe importante,o §2º diz que “a autocomposição judicial pode envolver sujeito
estranho ao processo é versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo”. Essa é
uma reação a certas jurisprudências restritivas em relação a homologação judicial. As vezes, na
homologação judicial, as partes aproveitam para colocar outras coisas: eu cobrei de você uma
indenização por dano moral do contrato de setembro, mas a gente resolveu fazer um acordo, então,
eu também quero regular outras coisas, como o contrato de março. Essas são coisas que não são
objeto do litígio, mas que, na transação a gente quer resolver tudo.
Havia alguns Juízes que entendia que isso não era possível, você só podia tratar a transação
daquilo que dissesse respeito ao objeto do processo, esse parágrafo explicitamente diz que não, ou
seja, ele diz que você pode incluir o que você quiser, inclusive, pessoas estranhas ao processo na
transação, o que é uma maneira de resolver logo o problema e não apenas parte do problema.
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O Juiz não deve ter competência para isso? Não precisa, você pode tratar de outras coisas,
você pode incluir o que quiser e podem ser tratados assuntos de outro processo, o processo do
outro juízo terá que ser extinto, pois você já resolveu.
Isso não fere o Juiz Natural? Não, pois é um acordo que acaba com o litígio, um Juiz pode
homologar um acordo sobre algo que ele não é competente para julgar.
Nesse caso, nós estamos antes da execução, nós estamos no acordo que vira o título
executivo, no qual permite a execução que consiste na transação judicial ou extrajudicial que se
torna um título executivo judicial, depois de homologado pelo juízo.
O Juiz tem que verificar se há vícios na transação, isto é, se há dolo, se há coação, o Juiz
não deve ao homologar a transação e dizer que acha que uma parte deveria receber mais ou que
ele não concorda com isso, o Juiz deve, apenas, verificar se há vícios formais, se as partes são
maiores, são legítimas e etc.
Isto que dizer que, o Juiz não deve dizer que não concorda com a solução, não só no direito
civil, mas em todas as áreas do Direito. Isto porque, as partes estão manifestando as suas vontades
de forma legítima, o magistrado deve respeitar a vontade da parte, a transação é a autocomposição,
não é a heterocomposição.
Lembrando que, não tem necessidade de ter o mesmo objeto para ser conexo, mas, pelo
menos, uma das partes devem ser iguais como a pessoa que está prestes a ser executada, por
exemplo.
C) Inciso IV
Quando a sentença no formal pastilha atribui quinhões, pode ser que ele que esteja com a
coisa se recuse a cumprir aquilo que foi atribuído ao quinhão, ou seja, pode ser que aquele que tem
a posse provisória de um carro, esse carro fica no quinhão de outra pessoa; esse formal de partilha
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é um título executivo para você conquistar a posse do carro que estava com o herdeiro que não foi
aquinhoado com essa coisa.
Ele é um título executivo, mas, só em relação aos herdeiros, isto é, o formal de partilha diz
que eu sou o proprietário de um imóvel, isso não quer dizer que, alguma outra pessoa não possa
reivindicar esse imóvel, o formal de partilha não vincula terceiros, ele serve e é apenas executável
contra os herdeiros.
D) Inciso V
Como vocês viram em processo I, às vezes, ao longo do processo, certos auxiliares de justiça
devem receber honorários – oficial de justiça, perito. No caso do devedor não pagar, essa divida
pode ser executada, então, o Juiz homóloga os honorários do perito, mas ele faz a perícia e não
recebe, o perito pode executar essa decisão que fixou os honorários dele, esse é um título executivo
judicial, ele pode executar essa decisão contra o devedor.
O Crédito do advogado não está nesse inciso, mas é a sentença que é o título executivo dos
créditos dos advogados, ainda que o advogado não tenha sido parte, ele pode executar a sentença
que fixou os honorários.
E) Inciso VI
A sentença penal absolutória é mais complicada. Isto porque, ela não é um título executivo
e ela faz coisa no cível, desde que, não seja por falta de provas ou autoria. Ou seja, a sentença penal
absolutória só faz coisa julgada no cível se ela negar a autoria e a materialidade.
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Mas aqui, o título é a sentença penal condenatória; ela, no entanto, precisa ser liquidada,
porque, a sentença penal não fixa a condenação. Todavia, desde 2008, ela pode fixar um mínimo da
indenização cível, é isso que diz o artigo 387 do CPP.
É claro que a sentença penal não é líquida, portanto, antes de ser executada, ela precisa
ser liquidada, então, essa liquidação não será feita no juízo criminal, será feita no juízo cível.
O ponto é: a sentença penal condenatória é um título executivo no cível, mas ela precisa
ser liquidada.
F) Inciso VII
No processo civil brasileiro, a sentença arbitral é um título executivo judicial, o árbitro não
é um Juiz, mas a decisão dele é um título executivo judicial o qual pode ser executado de acordo
com os procedimentos executivos judiciais.
G) Incisos VIII e IX
O inciso VIII fala que “a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça”; inciso IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta
rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça”.
Os dois casos são mais ou menos os mesmos, uma sentença estrangeira não tem feitos no
Brasil, até que, ela seja homologada. Eu litigo contra o meu fornecedor de parafusos na França, eu
ganho uma indenização contra o meu fornecedor de parafusos, essas sentença não é executável no
Brasil antes de ser homologada pelo STJ, para isso, é preciso que o STJ faça o juízo de delibação, na
qual o Ministro verifica se essa sentença está ok e se ela não viole a ordem pública brasileira, caso
viole, essa sentença não será executada no Brasil.
Imaginem que você vá pra Las Vegas, você perde o jogo, só que, você não paga a dívida. O
Cassino ajuíza uma ação contra você e você é obrigado a pagar essa dívida, ela pode ser
homologada? Sim, na viola ordem pública nacional.
Então, o que é ordem pública é uma questão política, trata-se do mínimo que a nossa
ordem jurídica tolera, ainda que os jogos de azar sejam proibidos no Brasil, o STJ tolera que alguém
que deva no lugar aonde isso é permitido, seja executado no Brasil.
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A questão processual é concernente ao juízo de delibação em que o Juiz ao fazê-lo verifica
se essa sentença viola ou não a ordem pública brasileira, se violar, ele não fará a homologação e aí
não fará um título executivo.
Para terminar, essa é um novidade do CPC de 2015, nós temos o caso da decisão
interlocutória brasileira, antigamente as decisões interlocutórias não poderiam ser homologadas,
apenas as sentenças finais poderiam ser julgados.
As cartas rogatórias outrora serviam apenas para atos de comunicação, hoje é possível
homologar e cumprir em cartas rogatórias decisões interlocutórias cautelares, proferidas por juízes
estrangeiros. Com isso o STJ pode dar eficácia e com isso essa decisão interlocutória brasileira vira
um título executivo judicial a uma decisão que, por exemplo, determina um bloqueio de bens.
Nós falamos na aula passada dos títulos executivos judiciais, falaremos hoje, portanto, do
títulos executivos extrajudiciais.
É claro que existe uma lógica para o título executivo judicial, o qual é aquele que, em
princípio, é produzido pelo Estado, que ao julgar a sentença reconhece uma obrigação, e, por ser
uma sentença, é lógico que será um título executivo judicial.
No entanto, o critério, na verdade, é mais a vontade da lei, vocês verão com mais claridade,
pois, quando a gente fala dos títulos executivos judiciais não deixa de ser sempre uma opção da lei;
a lei do Brasil optou por tratar a sentença ou laudo arbitral como um título executivo judicial; o
laudo arbitral é proferido por um órgão que não é do judiciário, mas a lei do Brasil optou por tratar
esse laudo como um título executivo judicial, em outros países, por sua vez, ele é considerado um
título executivo extrajudicial.
Mais importante até do que a natureza desse documento a que a lei confere executividade,
é a vontade da própria lei; ela quer que seja um título executivo judicial, ou, ela quer que seja um
título executivo extrajudicial.
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Em certo sentido, eles respondem, também, a uma questão, até mesmo de lobby, os títulos
executivos judicial ou extrajudicial – isso é mais visível nos extrajudiciais – existe, porque, existe o
lobby daquele beneficiado pela lei.
Bom, como nós vimos na aula passada, o melhor dos mundos é ter um título executivo
judicial, o segundo melhor é ter um título executivo extrajudicial, e, aí, depois, é não ter um título
executivo extrajudicial ou judicial.
Por que é melhor ter um título executivo judicial do que um extrajudicial? Porque o
procedimento do título executivo judicial é mais favorável ao exequente, já que, às possibilidades
de defesa do executado são maiores na execução de título executivo extrajudicial do que na
execução de título executivo judicial.
É porque , por exemplo, no CPC de 1973, o crédito dos auxiliares da justiça, era um título
executivo extrajudicial, se eu fosse perito em um determinado processo e os meus honorários não
fossem pagos, esse meu credito seria um título executivo extrajudicial, é melhor do que não ser um
título executivo, na atualidade, ele é um título executivo judicial.
Ou seja, não deixar de ser um grupo de pressão, que fez o lobby e conseguiu com que o
seu título executivo deixasse de ser extrajudicial e passasse a ser judicial; mesma coisa com o laudo
arbitral, antes da lei de arbitragem da década de 1990, o laudo arbitral era um título executivo
extrajudicial, houve um lobby que contribuiu para que se criasse a lei de arbitragem e a lei de
arbitragem fez com que o laudo arbitral deixasse de ser um título executivo extrajudicial e passasse
a ser um título executivo judicial.
Todavia, isto não quer dizer que, o rol do artigo 784 seja taxativo, existem títulos executivos
extrajudiciais que não constam no rol desse artigo, que é justamente o rol dos títulos executivos
extrajudiciais. Portanto, é por isso que há tipicidade, mas não há um rol taxativo no referido
dispositivo.
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O título executivo, como vocês lembram, ele precisa ter por objeto um título líquido, certo
e exigível, não se esqueçam dessa qualidade que o título deve te: para que haja execução, é preciso
que a execução tenha uma causa de pedir que, neste caso, é o título mais o inadimplemento.
Além disso, o título precisa ter por objeto uma obrigação certa, líquida e exigível. Lembrem
disso ao analisar todas as hipóteses previstas no artigo 784.
Antes de falar das hipóteses, existe o §1º desse artigo 785 que não existia antes e ele
reforça a ideia de que o título executivo judicial é melhor do que o título executivo extrajudicial.
Havia na vigência do CPC de 1973 uma discussão sobre o interesse que o exequente poderia ter em
ajuizar uma demanda de conhecimento se já tivesse um título executivo.
Imaginem que, eu tenha um cheque emitido por alguém, ou seja, eu tenho um título
executivo extrajudicial, eu poderia cobrar a dívida consubstanciada no cheque? Havia sempre um
debate grande se a existência do título executivo extrajudicial retiraria do exequente o interesse
processual em demandar aquela dívida não em uma execução, mas, em um processo de
conhecimento.
Na atualidade, não há mais essa discussão na vigência do CPC de 2015, esse §1º, do artigo
785 diz que: “a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo
de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial”.
Então, não existe mais a discussão, vocês podem encontrar, ainda, depois, em doutrinas
que tratem do CPC de 1973 se a existência de um título executivo extrajudicial faz com que o
exequente não tenha interesse em demandar naquela dívida no processo de conhecimento.
Essa discussão surgiu na vigência do CPC de 1939, a execução era igual tanto para o título
executivo judicial quanto para o titulo executivo extrajudicial, não havia vantagem alguma em ter
um título executivo judicial ou extrajudicial; isso fazia com que não houvesse sentido em optar por
um processo de conhecimento que redundaria em uma execução exatamente igual a execução do
título executivo extrajudicial.
Acontece que, o CPC de 1973 mudou esse cenário; as pessoas não se deram conta disso e
continuaram usando a ideia antiga de que não haveria interesse, porque, não haveria diferença,
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quando, na verdade, a partir de 1973 a execução do título executivo judicial passou a ser mais fácil
do que a do título executivo extrajudicial.
Esse artigo 785 corrige, então, esse equívoco histórico dos processualistas que não
perceberam que a medida do interesse do exequente deve ser a facilidade com que o respectivo
procedimento lhe dá: se a execução do título executivo judicial é mais fácil, mais cômoda que a do
título extrajudicial, ele tem interesse em ajuizar uma demanda de conhecimento que tenha por
objeto o crédito, o qual é aquele que consta no título executivo extrajudicial.
O título executivo extrajudicial vai servir como prova na demanda de conhecimento, o qual
não é a base da execução. Se você for condenar o réu a pagar, o título executivo será a sentença,
não o cheque que eu usei para distribuir a minha petição inicial.
Nesse caso, não vai ser uma Ação Monitória – você pode ajuizar uma Ação de Cobrança,
por exemplo - , essa ação tem como função precipua dar executividade a algo que tem quase
executividade, mas, não tem, o que artigo prevê é diferente: você pede na petição inicial para o réu
te pagar uma quantia devida.
Isso faz sentido, porque, por exemplo, um título executivo extrajudicial são os títulos de
crédito, quando se executa um título de crédito, é possível arguir na defesa certas defesas pessoais,
mas, é claro que, se o título circula não, mas isso pode dar mais trabalho ao exequente – e dava na
vigência do CPC de 1973 – do que ajuizar logo uma demanda de conhecimento, pedindo a
condenação do réu a pagar a quantia.
Foi feita a pergunta de que você ajuizar uma demanda não faz muito sentido, pois, a ideia
da execução extrajudicial é dar mais celeridade na execução desse título. O Renato disse que a ideia
é exatamente essa, e que essa é uma deformação do sistema, pois , não deveria ser dessa forma, ela
não deveria se colocar, a execução deveria, obviamente, deve ser mais rápida do que o processo de
conhecimento, mas, na prática, acaba não sendo. Com isso, a lei dá ao titular do crédito a
possibilidade de escolher.
Isso ocorre, por exemplo, quando existe uma relação comercial: a sua empresa emite várias
notas promissórias para mim, e, aí, eu quero cobrar as notas promissórias de você, mas você quer
rediscutir a nossa relação contratual; na execução não é muito adequado a realização de prova,
dessa forma, você acaba tumultuando o negócio que você fizer.
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O processo de execução no CPC de 2015 é melhor do que no de 1973, é por isso que, o
credor optará pelo processo de conhecimento, mas, dependendo da situação, se ele achar que vai
ficar tumultuado demais, ainda pode valer a pena ajuizar a demanda de conhecimento. Trata-se de
uma questão de eficiência, ou seja, o que é mais eficiente para o credor, ele terá a opção de
escolher.
Lembraram na aula sobre a Ação Monitória e o Renato explicou que ela não pegou no
Brasil, porque, ela era um instrumento para acelerar, mas acabava por atrasar.
Isso tudo é uma questão de eficiência, ou seja, qual a maneira mais eficiente para a
satisfação do seu crédito? Se a execução de título executivo extrajudicial vira uma confusão e é mais
fácil pedir uma antecipação de tutela no processo de conhecimento, melhor, e, mais ainda, às vezes,
se discute na execução se aquilo é ou não um título executivo e aí o risco para o exequente é muito
grande.
Isto porque, se ele ajuizar uma execução e o magistrado entender que não é um título
executivo extinguindo-se a execução, acarretando, portanto, em um dispêndio inútil com
honorários, com a sucumbência, com as custas e etc.
Portanto, se há alguma dúvida de que se aquilo é ou não um título executivo , é mais seguro
o processo de conhecimento. Tendo em vista isso, deve-se avaliar isso no caso concreto, pois, às
vezes, é melhor optar por um processo de conhecimento.
O resumo é: o credor pode optar pela execução de título executivo extrajudicial por meio
da execução, ou, se preferir, pode cobrar no processo de conhecimento a dívida cujo objeto será o
título executivo extrajudicial.
Eu perguntei se, por exemplo, nessa Ação de Cobrança, o título executivo extrajudicial vai
se transformar em título executivo judicial. O Renato me explicou que ele não vira, na verdade, você
passa a ter um título executivo judicial para a cuja formação o título executivo extrajudicial serviu
de elemento de convicção. O Juiz viu o cheque e se convenceu de que aquilo era, de fato, um
cheque, com isso, ele me condenaria a pagar ao autor R$5.000,00, por exemplo.
Na verdade, o título executivo extrajudicial não vira um título executivo judicial, ele
continua sendo um título executivo extrajudicial, só que, você passa a ter um outro título, qual seja:
a sentença, e será isso o que você vai executar.
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Nesse caso, o título executivo extrajudicial não perde a executividade, você pode executar
as duas coisas, se você executa a sentença e depois você executa o cheque, o executado vai se
defender dizendo que já houve o pagamento da dívida.
Outra pergunta que eu fiz foi a seguinte: se o autor perde a ação de cobrança, aí ele vai e
entra com uma execução de título executivo extrajudicial de novo. Nesse caso, a sentença da ação
de cobrança vai fazer coisa julgada tendo como consequência o fato do autor não poder mais ajuizar
uma execução?
Renato me respondeu que depende, por causa da autonomia de certos títulos de crédito,
ele pode ajuizar uma demanda contra mim, pedindo para eu pagar uma quantia, o Juiz pode dizer
que essa dívida não existe, mas o título pode ter circulado, e, aí, a defesa pessoal não vale, nesse
caso, você vai ter que pagar o cheque na execução ainda que a relação causal subjacente não exista.
O inciso I dispõe que são títulos extrajudiciais “a letra de câmbio, a nota promissória, a
duplicata, a debênture e o cheque”.
Esses são, como vocês sabem, os títulos de crédito, eles existem em um contexto mercantil
e eles têm algumas características e entre elas a literalidade, a abstração e a cartularidade.
Lembrem que, em relação aos títulos de crédito que interessa a execução da regra da
inoponibilidade das execuções quando o título circular, isso é importante, pois, o executado não
poderá se defender alegando uma defesa pessoal se o título tiver circulado.
Normalmente o que se faz é o seguinte: se vocês forem um dia executar e forem juízes,
primeiro se distribui o documento, o magistrado vê o original, depois ele certifica que o documento
é original e pede para levantar o documento, a pessoa fica como depositária do documento. Ou
seja, você atesta que o documento foi juntado, mas não deixa nos autos.
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Outro detalhe importante é que não apenas nos títulos de crédito, mas, especialmente
neles, é preciso que o executado tenha manifestado a vontade de ser devedor, é preciso que ele
tenha assinado o título, ou seja, é preciso que inequivocamente o devedor tenha manifestado a
vontade de ser devedor.
Ocorre que, isso gera problemas, por exemplo – aí a dúvida sobre se é ou não um título –
quando isso é feito por um Procurador, alguém assina e aí o executado manifestou a vontade, ou
não? Ele tinha poderes ou não tinha? Aqui já começamos a ter situações em que não se sabe se há
ou não um título executivo.
A ideia do título executivo é que não haja discussão se ele é ou não um título, caso haja a
dúvida, ele não será considerado um título. Mas se você ajuíza a execução, você vai ter que ter
incidente cognitivo?
O Renato responde que não é para ter incidente cognitivo, ou, é para ter de forma
excepcional, quando o incidente cognitivo vira o principal, já é não é mais o caso de se ajuizar uma
execução, tanto é que, quando isso ocorre, o Juiz indefere a petição inicial da execução dizendo que
aquilo não é um título executivo extrajudicial e pedindo para essa inicial ser emendada.
B) Incisos II e III
“II -a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o
documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas”.
Esses são dois exemplos bons, porque, eles são típicos, mas nem tanto assim, porque se o
artigo fala em “ou outro documento”, é qualquer documento. No entanto, é preciso que a dívida
seja líquida, certa é exigível. Além disso, é preciso que a quantificação dela não dependa da
manifestação de vontade do credor; o credor não pode de forma unilateral definir o valor da dívida.
É por isso, por exemplo, que o STJ editou a súmula 233 a qual fala que “o contrato de
abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente, não é título executivo”.
Isto porque, é o Banco quem define, com isso, ele não pode definir de forma unilateral
quanto você deve e, por assim ser, executar o que você deve. A ideia aqui é a de que o credor não
pode de modo unilateral definir a dívida, ela precisa ser líquida, certa é exigível de acordo com aquilo
que o próprio instrumento determina. Esse é um dos pontos em que há a maior discussão sobre se
um título é executivo, ou não.
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Isso ocorre muito em contratos de empreitada, a parte faz as medições, se elas forem feitas
ao longo do contrato e o devedor assina a medição concordando com ela, esse pode ser um título
executivo, agora, se os valores são determinados unilateralmente pelo credor, isso não é um título
executivo.
Nesse caso, eu não to dizendo que a obrigação do contrato é nula, eu estou dizendo que,
digamos assim, que ela não é clara o suficiente para ser um títulos executivo. Aqui, cabe aquele caso
da demanda de conhecimento prevista pelo artigo 785, §1º.
No que toca ao “documento público”, este é aquele que é feito perante um tabelião. O
dispositivo fala ainda em “documento assinado por duas tes temunhos”, as quais servem para dar
credibilidade ao conteúdo do documento. No caso da escritura, isso não é necessário, porque o
tabelião tem fé pública.
Mas, a jurisprudência do STJ ela flexibiliza um pouco a exigência das assinaturas, a doutrina
tende a não flexibilizar, mas o STJ flexibiliza, senão vejamos: “para que o instrumento particular
sirva como título executivo, é necessário que seja assinado por duas testemunhas, excepcionasse a
regra apenas quando há comprovação da avença por outros meios”. AgRg no AREsp. 800.021. Esse
acórdão, inclusive, é bastante liberal.
O Min. Salomão é um pouco mais restritivo, diz ele: “a assinatura das testemunhas e um
requisito extrínseco a substância do ato, sendo certo que, em caráter absolutamente excepcional,
os pressupostos de existência e de validade do contrato podem ser revelados por outros meios
inidôneos, no próprio contexto dos autos, hipótese que tal condição de eficácia executiva (...)” RESp.
1.438.399.
C) Inciso IV
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“o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,
pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador
credenciado por tribunal”.
Lembrem que, a transação judicial homologada é um título executivo judicial, nesse caso é
a transação extrajudicial, você pode, por exemplo, estar brigando com o seu locatário, vocês podem
fazer uma transação extrajudicial, mas é claro que, se depois, vocês quiserem homologar essa
transação extrajudicial, você pode pedir a homologação e ela se transformar em uma execução
judicial.
Teve um caso em que havia um grupo de moradores que moravam no qual a área era do
Estado que, por sua vez, queria fazer a desapropriação dessas pessoas. Nesse caso, foi feita uma
transação com a participação do MP, falando que uma empresa ficaria com o terreno “x” e que ela
iria pagar para cada um dos familiares tantos reais. Aqui, foi feita uma transação extrajudicial com
a participação do MP.
A transação não pode ser feita sem auxílio, eis que, se a transação particular é feita sem a
presença de advogados, ela não é um título extrajudicial, é preciso que ela seja referendada.
Esse é um exemplo concreto, não foi pedida uma homologação ao judiciário, com isso, o
acordo ficou sendo um título executivo extrajudicial, se a empresa não pagasse a indenização que
ela acordou, os moradores poderiam executar aquela transação – execução de título extrajudicial –
contra a empresa e o estado, os quais se obrigaram a pagar uma indenização para que as pessoas
saíssem de lá.
Para o Ministério Público referir uma transação, precisa haver interesse público, quem faz
a transação no caso particular são os advogados.
O Ministério Público, às vezes, instaura um inquérito administrativo que poderia dar início
a uma ação civil pública, mas, no inquérito, ele faz uma transação com os investigados, essa
transação é um título executivo extrajudicial, pois, não é feita em um processo pendente.
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Lembrando que, o Ministério Público não pode transacionar com o interesse público,
então, essa é uma questão terminológica, mas, essencialmente, o TAC é uma transação, tendo em
vista que há concessões recíprocas.
D) Inciso V
“o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e
aquele garantido por caução”.
Esses direito, como vocês sabem, são direitos reais de garantia, quando você executa um
título extrajudicial, essa não é propriamente a garantia, mas é o crédito garantido. O fato de que
esse crédito tenha uma garantia real, ele deixa, digamos assim, o mais forte, porque autoriza a
execução de título executivo extrajudicial.
Será o fato de haver uma garantia real que faz com que essa dívida tenha executividade,
caso não tivesse, ela poderia ter executividade por outra hipótese, se fosse líquida, certa é exigível,
se houvesse a testemunha de duas pessoas etc, ou seja, você poderia encaixá-la em outro lugar,
neste caso, nós temos uma hipótese autônoma, você não precisa de duas testemunhas.
Um detalhe importante é que não é necessário que exista testemunha, esse é um tipo
próprio, ele não entra no documento particular que precisa das duas testemunhas .
Lembrem que, o direito material veda o pacto comissório, que consiste no credor
hipotecário ou o credor da garantia real não poder ficar com o bem dado em garantia, quando você
dá o bem em garantia, o bem tem que ser leiloado, não se pode adjudicar o bem.
No entanto, isso não quer dizer que, na execução, o credor não possa penhorar o bem dado
em garantia e adjudicado na execução – essa é uma discussão que todo processualista tem com os
professores de direito civil.
São duas situações diferentes: você tem um caso em que existe um crédito garantido por
um bem – a hipoteca de um bem -, imaginem que esse bem tenha sido alienado fiduciariamente em
garantia para um Banco, o devedor não paga, esse bem alienado fiduciariamente em garantia, ele
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está na propriedade do credor, o devedor aliena para o credor uma cláusula de resolução, quando
a dívida for paga, automaticamente a propriedade reverte para o devedor. Isso é uma garantia real
de propriedade fiduciária.
A vantagem é que se eu sou uma empresa e eu acabo falindo, esse bem está em nome do
credor, ele não entra na comunhão da falência.
ATENÇÃO! Por ser uma garantia real, o contrato vai ser um título executivo extrajudicial.
Acontece que, se o Banco ficar com esse imóvel e o devedor não pagar, o Banco não pode
ficar com o imóvel para ele, ele tem que alienar, existe um leilão extrajudicial desse bem, o credor
não pode ficar com ele, em razão da vedação ao pacto comissório .
Coisa completamente diferente é: o Banco optar por não fazer a alienação extrajudicial,
executar a dívida e, com isso, penhorar o bem, ou seja, ele penhora o direito real dessa propriedade
resolúvel que o credor tem sobre o bem, eu posso penhorar esse direito e, com isso, adjudicar esse
direito.
Lembrem que, a vedação do pacto comissório é algo da relação civil, do direito material,
no processo, no entanto, o credor pode adjudicar o bem dado em garantia. Ou seja, uma coisa é a
vedação do pacto comissório no direito material, em que o credor não pode ficar com a propriedade
do bem dado em garantia e outra coisa é a possibilidade de que o credor ou o exequente adjudique
na execução o bem dado em garantia, isso é possível.
Aqui, você não penhora a propriedade do bem, eis que, a propriedade não é sua, você vai
penhorar o direito real que o devedor tem na propriedade resolúvel do imóvel, quando a dívida for
paga.
E) Inciso VI
Aqui a lei quis que o contrato de segura vida constasse como um título executivo
extrajudicial, ele não estava previsto no CPC de 1973 – não há certeza.
F) Inciso VII
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Aqui, entra um lobby do Estado. O Foro e o laudêmio são créditos que o estado tem.
Lembrem da enfiteuse, dos casos de terreno de marinha, enfim, esse crédito da taxa de ocupação
do foro e do laudêmio, ou seja, aquele que é pago se você morar nesses terrenos. Quando há a
transferência, eles são títulos executivos extrajudiciais.
Por exemplo, você está em um terreno de marinha e tem que pagar o Foro todo ano, se
você não pagar, esse título pode ser executado e ele é um título executivo extrajudicial.
G) Inciso VIII
Houve uma época na década de 80/90 em que a lei era tão protetiva ao locatário que
ninguém alugava, com isso, na ânsia de proteger, a lei acabava prejudicando. A ideia de facilitar a
cobrança do crédito do aluguel é de, justamente, tornar o aluguel mais barato, porque diminui do
locador, ao invés de deixar o apartamento vazio, ele aluga.
Essa dívida, no entanto, é a dívida do locador, do que o locador é o titular, ela não inclui a
dívida de que titular o Condomínio, aqui, no inciso VIII é o crédito do locador, do qual ele é o titular.
Por exemplo: o condomínio para o condomínio, isso aqui é dívida de que o locador é titular contra
o locatário.
H) Inciso IX
“a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei”.
Esse é o único exemplo em que o título é produzido unilateralmente, o Estado pode lavrar
a certidão de dívida ativa que é um título extrajudicial de forma unilateral e ele é executado por
procedimento especial, pelo procedimento da Lei de Execuções Fiscais, mas, a rigor, ele é um título
executivo extrajudicial.
I) Inciso X
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“o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício,
previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas”.
Aqui, ao contrário da hipótese anterior, o titular do crédito é o condomínio, ele sai das
despesas condominiais cobradas dos condôminos, esse também é, em certo sentido, um lobby,
porque, os condomínios nas ações ajuizadas contra condôminos , para discutir despesas
condominiais é enorme, e esse é um título de crédito que documentalmente é mais comprovável:
é o valor que todo mundo paga, as despesas extraordinárias são aprovadas em assembleia, então,
o grau de segurança que essa dívida tem é a maior.
J) Inciso XI
Vocês vai fazer uma escritura em um cartório de compra e venda de um imóvel e não paga
por um acaso os honorários do tabelião, o tabelião tem um título executivo extrajudicial para cobrar
as despesas e emolumentos.
K) Inciso XII
“todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva ”.
Isso aqui é para resumir o começo da aula, em que nós falamos que há tipicidade, mas,
esse rol não é taxativo.
Por último existem certas defesas na execução que não chamadas de heterotópica, a gente
vai falar em uma aula só para isso, você pode, por exemplo, em uma ação anulatória pedir a
anulação do cheque, não esperar os embargos e defesa em uma execução, mas ter a inciativa de
pedir uma anulação.
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O fato de que você ajuíza uma ação, não faz com que o título deixe de ser executivo, é isso
que diz o §1º, do artigo 784 “A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução”.
O simples fato de que existe uma demanda debatendo o crédito objeto do título executivo,
não impede o exequente de executá-lo. É claro que, você pode conseguir uma liminar na ação
autônoma, para suspender a eficácia do título executivo.
Na aula passada nós falamos que um título executivo precisa ter por objeto uma obrigação
líquida, certa é exigível, se ela não for líquida, certa e exigível, esse documento não pode ser
executado.
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um incidente cognitivo para complementar, pois, faz toda a diferença se a indenização é de
R$10.000,00 ou de R$10.000.000,00.
Isso quer dizer que, não é um detalhe o valor da obrigação, às vezes, esse é o mais
importante, pois, se alguém me deve R$10.000,00 ou R$10.000.000,00, é tudo uma questão de
liquidez, então, não verdade, não é menos importante definir o valor, mas é importante defini-lo, já
que, eu não posso penhorar bens para um pagamento de uma dívida cuja expressão monetária eu
não tem certeza.
Por isso que, na execução existem estes três incidentes cognitivos para complementar a
iliquidez, para consertar a incerteza ou a inexigibilidade.
É por isso que diz o artigo 803, o qual trata da execução de título extrajudicial, mas é válido
também para a execução de título judicial: “ é nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial
não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível”.
A obrigação alternativa pode ser uma escolha do credor ou do devedor, a diferença é que
o credor no momento da execução pode optar por uma coisa ou outra, ou, se for a escolha do
devedor é ele quem escolhe.
11Artigo 325: “O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. P arágrafo
único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prest ação de um ou de outro
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
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obrigação por faculdade alternativa é: eu devo 30 sacas, mas, eu – devedor - tenho a faculdade de
pagar os R$500,00, se eu quiser.
Isso é uma obrigação alternativa a escolha do devedor? Não, não é. Isto porque, se essa se
perde, líquida-se em perdas e danos. Na impossibilidade da obrigação principal, não há
concentração na obrigação restante, diferente do que ocorre na obrigação por faculdade
alternativa.
Essas são situações semelhantes, mas que, são diferentes; (I) uma coisa é: eu tenho direito
a uma obrigação, mas, posso optar pelas perdas e danos; (II) outra coisa é: eu tenho direito a uma
coisa ou outra e a escolha cabe a mim ou ao devedor; (III) outra situação é: eu tenho direito a uma
coisa, mas o devedor pode se eximir da obrigação dando outra coisa a escolha dele.
Processualmente falando, como o credor pode exercer essa opção? Ele pode exercer
demandando, isto é, eu posso demandar contra o réu e dizer que – havia uma obrigação alternativa
- eu quero R$500,00 nas sacas, mas o credor também pode deixar a escolha do que ele quer para a
execução, no caso de ele pedir a obrigação alternativa do réu.
Por exemplo: eu – autor – peço ao Juiz para condenar o réu a me pagar 30 sacas ou
R$500,00, esse é um pedido alternativo e essa é uma sentença alternativa, ou seja, se a escolha
cabe ao credor, ele pode escolher na demanda, no início do processo de conhecimento, mas, pode
escolher, também, na execução; se ele escolher na demanda, não se trata de um incidente cognitivo
da execução. No entanto, ele pode deixar essa escolha para depois, por exemplo, ele não é obrigado
a decidir na petição inicial - isso se a escolha couber ao credor.
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Todavia, há casos em que a escolha cabe ao devedor, ele tem que escolher no momento
da Execução, o credor não pode escolher para ele, só se devolve ao credor a escolha, se o devedor
não a fizer tempestivamente, mas, a oportunidade que ele tem para escolher não é na fase de
conhecimento, será na execução, nesse incidente de concentração.
Então, o incidente, na verdade, ele pode se desenvolver de duas maneiras: se a escolha for
do credor ou se a escolha for do devedor.
O artigo 800 diz o seguinte – essa regra vale para a execução de título executivo judicial ou
extrajudicial- : “Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado12
para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi
determinado em lei ou em contrato”.
Então, o primeiro cenário é o de que a escolhe cabe ao devedor, o credor não pode fazer
para ele, antes de dar a oportunidade do devedor escolher, ele é citado e deve escolher, se ele
escolhe, há concentração, a execução segue, no caso dele não escolher, o 1º diz que “devolver-se-
á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado”.
A nomenclatura concentração vem do direito material, em que, na verdade, você tem duas
opções possíveis e concentra em uma delas, ou seja, você concentra a obrigação em uma prestação.
A primeira opção é: a escolha cabe ao devedor, com isso, ele é intimado ou citado para
escolher, se ele não escolhe, o credor pode escolher, mas, se ele escolhe há concentração. Se eu
sou o devedor e sou intimado para escolher e escolho, o incidente acabou, agora, se eu não escolho,
a escolha passa para o credor, tendo como consequência a prolongação desse incidente, pois, ele
fica mais longo.
Nas perdas e danos, na verdade, o que se há é uma conversão de uma obrigação específica
em perdas e danos, mas falaremos disso mais à frente.
E se a escolha couber ao credor e ele não fez isso na petição inicial, o incidente é o mais
curto de todos, porque, ao iniciar a execução ele já vai fazer a escolha dele, o devedor nem vai sentir,
digamos assim, ele já vai ser intimado a uma obrigação concentrada.
12 Citado no caso de ser uma execução de título extrajudicial e intimado no caso de execução de título judicial.
100
O ponto é: há um contraditório necessário e há a possibilidade de o devedor discordar
sobre o que ele deve escolher para pagar. Imaginem que, o credor escolha, o devedor pode dizer
que, na verdade, o credor não tinha que escolher, a escolha cabia ao devedor; isso em um contrato
mais simples não faz muito sentido, mas, às vezes, existem contratos com condições uma em cima
da outra: a escolha cabe ao credor, caso contrário ocorre “y”, mas se “x” ocorre, a escolha passa a
ser do devedor, e aí, você pode ter controvérsia sobre a quem incumbe o direito de escolher.
Por exemplo, nós temos uma questão sobre acordo de acionistas que só é válido se houver
acordo de acionistas entre o controlador, e, aí, esse acordo de acionistas exige que você vote e etc.
Nesse caso, você pode criar uma série de condições , tanto é que, se houver uma condição só, é
difícil existir controvérsias, mas, no caso de haver condições complexas, essa discussão pode
ocorrer. Por isso, que é um incidente cognitivo, o Juiz tem que decidir quem tem o direito de
escolher qual obrigação alternativa deve ser cumprida.
Uma outra espécie de concentração que pode existir que não é a obrigação alternativa, é
a obrigação genérica. Imaginem que eu tenha a obrigação de entregar a alguém um carro modelo
Palio, preto, com quatro portas, banco de couro, esse carro não é um carro exato, você não quer o
carro com um chassi “x”, você é credor, quando você vai a concessionária, você não compra de início
um carro com um chassi “x”, você escolhe as características dele.
Qual a diferença da obrigação genérica antes e depois que ela é concentrada? Há uma
discussão acerca do risco, pois, o gênero não perece.
Então, se eu devo para alguém 30 sacas de café e não essas que estão estipuladas na inicial,
eu continuo devedor de 30 sacas de café, ainda que, aquelas 30 sacas de café que eu quisesse dar
para o devedor tenham se perdido.
Aqui é: temos uma obrigação genérica, que também precisa ser concentrada, isto é,
individualizada, é isso que diz o artigo 49813: “Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o
101
juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. Parágrafo
Único: Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, o autor
individualizá-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu, este a
entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.”.
Artigo 811: “Quando a execução recair sobre coisa determinada pelo gênero e pela
quantidade, o executado será citado para entregá-la individualizada, se lhe couber a escolha;
Parágrafo Único: Se a escolha couber ao exequente, esse deverá indicá-la na petição inicial”.
O ponto é: pode haver controvérsia sobre qual é individualizada a coisa. Imaginem que,
alguém me deva 12 garrafas de whisky 12 anos – é um gênero -, mas o 12 anos pode ser um Black
Label ou pode ser um 12 anos muito mais caro.
Nesse caso, a lei material diz que a qualidade deve ser a qualidade média, não é nem o mais
caro e nem o mais barato. Por isso, se diz que é um incidente de conhecimento na execução. Diz lá
o artigo 812 “qualquer das partes poderá, no prazo de 15 (quinze) dias, impugnar a escolha feita
pela outra, e o juiz decidirá de plano ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação”.Então,
pode haver controvérsia sobre a individualização da sentença da obrigação genérica.
As vezes se o pedido é genérico e o contrato era genérico, você não pode pedir ao Juiz que
ele defina, é o devedor ou o credor que deve definir, de acordo com o que disser o contrato. É claro
que é melhor identificar todas as características relevantes para aquela coisa que você pretende
individualizar, para que, assim, evite-se maiores problemas.
No entanto, qual é a coisa, será o direito material quem irá responder, o direito processual
não responde qual é a coisa que deve ser individualizada, mas, processualmente pode haver essa
controvérsia e este é um incidente cognitivo da execução.
102
9.3. Incidente de Liquidação
Aqui é muito mais comum e ele ocorre quando existe uma sentença ou qualquer outro
documento que indique uma obrigação que é certa, que é exigível mas não há a expressão
monetária dessa obrigação. Vamos dizer que, alguém é condenado a me pagar perdas e danos pelos
12 meses que eu fiquei alugando o apartamento, qual é o valor do aluguel? Eu preciso liquidar esse
valor.
A sentença deve ser líquida, apenas, excepcionalmente ela deve ser ilíquida, porque, isso
prolonga o processo, mas, às vezes, não dá para ela ser líquida, pode ser que, no momento da
sentença, o Juiz não tenha, ainda, elementos para definir o valor da indenização.
Eu volto ao exemplo daquele incidente ambiental. Imaginem que, essa empresa seja
condenada a indenizar prejuízos, não seria possível – imaginem que essa sentença seja proferida
este ano – na fase de conhecimento apurar todos os prejuízos que esse acidente possa ter causado,
é por isso que se deixa para liquidação. Haverá uma sentença ilíquida, haverá o reconhecimento da
indenização, que é certa e exigível, porém, é preciso liquidar, é preciso encontrar uma expressão
monetária dessa obrigação de indenizar.
Além disso, pode ser que uma parte da sentença seja líquida e a outra seja ilíquida, não há
problemas, mas essa parte ilíquida precisará ser liquidada no incidente de liquidação. Por exemplo:
uma construtora demora a entregar um apartamento, a construtora é obrigada a pagar ao
adquirente danos morais e danos materiais, os danos morais são líquidos, ao passo que, os danos
materiais o Juiz deixa para ser apurado em liquidação de sentença.
Qual a vantagem para um Juiz utilizar a liquidação de sentença? Porque, às vezes, ele não
sabe se irá condenar ou não, então, antecipar a instrução e o debate sobre o quantum pode ser uma
perda de tempo muito grande, se no final das contas ele julgar improcedente.
A vantagem de liquidar depois é que já há as balizas definidas pela sentença, liquidar antes
é um tiro no escuro, pois, se liquidar antes, não há o que ser liquidado, se realizaria uma perícia
técnica cara, já que, ele julgou improcedente.
103
Eu perguntei: portanto, haverá análise probatória na execução? O Renato respondeu que
pode ter, mas que elas variam de acordo com a complexidade probatória que se permite nelas.
Foi perguntado se incidente pode ser uma preliminar? O Renato explicou que preliminar
pode ser muitas coisas e que você poder ter preliminar, nesse caso, no sentido de que ele é
preliminar a execução, mas, não é preliminar no sentido da preliminar do recurso, não é isso. No
entanto, se a preliminar vier no sentido de anteceder a execução, está correto afirmar que a
liquidação é uma preliminar, pois, ela deve vir antes da Execução, a execução pressupõe a
liquidação.
Isso ocorre também se você converter em perdas e danos, você não tem na sentença a
expressão monetária – obrigação de fazer – do quanto é devido, por exemplo, quanto vale pintar
um quadro da minha mãe? Esse é um momento cognitivo na execução, eis que, há a conversão da
obrigação específica em perdas e danos, ele também é um incidente cognitivo, mas um incidente
cognitivo diferente.
É por isso que diz lá o artigo 509 “Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia
ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor”.
Essa liquidação também pode ser parcial, você pode ter um capítulo ilíquido é um capítulo
líquido, não há problemas, você pode executar o capitulo líquido e liquidar o capitulo ilíquido, não
precisa esperar a liquidação do capítulo ilíquido para executar o capitulo líquido, nos termos do
artigo 509, 1º: “quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito
promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta”.
A liquidação não é um processo novo, ele é um incidente no processo, isso mudou em 2005,
antes a liquidação era um processo incidental, hoje, é um incidente do processo.
Foi perguntado se ela tinha caráter suspensivo. O Renato respondeu que não é suspensivo,
mas que deve ser realizado antes, pois, você só pode executar se liquidar.
104
interlocutória cujo recurso cabível é o Agravo, não é uma Apelação. Antigamente, era apelação,
pois, a decisão era um sentença, desde 2005 já não é mais.
Essa é uma decisão, então, que julga mérito, é uma decisão interlocutória de mérito, ela
tem natureza cognitiva e não apenas isso, ela também tem natureza declaratória, ela declara a
expressão monetária da obrigação ilíquida.
Alguns processualistas, por sua vez, dizem que ela é constitutiva, mas, parece ao Renato
que ela é declaratória, pois, a obrigação já existe, ela simplesmente declara expressão monetária
daquela dívida que já existe.
Uma sentença constitutiva é aquela que cria uma situação jurídica, por exemplo, ou que se
desfaz uma situação jurídica; uma sentença de divórcio tem natureza constitutiva, ela não declara
que a dissolução da sociedade conjugal já aconteceu, é a própria dissolução que faz com que isso
ocorra.
Por outro lado, uma sentença pode ser meramente declaratória; uma sentença que declara
a prescrição, não houve prescrição porque a sentença decidiu dessa forma, não é na sentença que
há a prescrição, a prescrição já ocorreu, com isso, a sentença simplesmente reconhece algo que já
existe e, nesse sentido, ela será declaratória.
Essa, portanto, é uma decisão de mérito e se ela é uma decisão de mérito, ela é atingida
pela coisa julgada material, ela se torna imutável como a própria sentença de conhecimento. Ou
seja, ela é uma decisão interlocutória proferida em um incidente na execução, mas, como tem
natureza cognitiva, ela é imunizada pela coisa julgada material. Assim sendo, eu não posso, depois,
tentar recolocar em discussão a questão relativa aos critérios da liquidação, essa decisão é atingida
pela imutabilidade da coisa julgada material.
O cognitivo pode ser declaratório, constitutivo ou condenatória, todas essas três decisões
são cognitivas e todas são atingidas pela coisa julgada material, a decisão de liquidação é, sobretudo,
Declaratória.
Qual o interesse de liquidar logo? Porque, pode ser que ele queira pagar, só que, ele não
sabe quanto ele deve.
105
Agora, qual a vantagem de liquidar logo? Quando você faz o depósito da dívida em juízo,
você para de atualizar os juros e a correção monetária. Na atualidade, os juros encontram-se altos
novamente, mas, se os juros estão muito baixos, a remuneração judicial é muito mais alta do que a
remuneração de balcão, então, vale muito mais a pena se livrar logo, do que não pagar.
Ou seja, o devedor tem interesse em pagar logo e ele só vai pagar de imediato depois que
houver a liquidação, na qual é o incidente que dá certeza a esse valor.
Quando é que começam a ser contados aqueles 15 dias para pagar? Você só pode pagar
uma dívida que é líquida, a partir da intimação da decisão de liquidação, ele tem 15 dias para pagar.
Eu só posso ter prazo para pagar, se eu já sei quanto eu tenho que pagar, ou seja, eu não posso
estar em mora se eu não sei quanto eu devo, pois, se eu não sei, não há nem como pagar.
Basicamente é o seguinte: a defesa corre paralela à penhora de bens, uma coisa não
depende da outra. Então, eu posso penhorar antes de haver uma decisão na defesa. No entanto, é
claro que você pode conseguir um efeito suspensivo para que não haja essa penhora – isso veremos
em aulas mais adiante.
Outra coisa a ser frisada é que, não é preciso aguardar o trânsito em julgado da decisão
ilíquida, eu posso liquidar provisoriamente, assim como eu posso executar provisoriamente, eu
também posso liquidar provisoriamente.
Isto porque, se eu posso executar provisoriamente, antes disso, eu preciso liquidar, então
se eu posso executar de modo provisório, eu também posso liquidar de modo provisório. É isso que
diz o artigo 512: “a liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em
autos apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
processuais pertinentes”.
Quando você tem responsabilidade por ato ilícito, os juros incidem não a partir da
sentença, mas a partir do dano, então, você tem interesse em depositar o quanto antes para não
aumentar os juros e a correção monetária. Todavia, o Renato nunca viu isso, mas faz sentido, você
poderia ter interesse em depositar logo, ainda que você não saiba o valor, porque os juros incidem
a partir do momento do dano e não da sentença. Nesse caso, faz sentido, mas isso é raro de ser
visto.
106
O que ele diz é que você tem uma sentença do qual se apelou, a sentença é ilíquida, eu
posso liquidar essa sentença? A discussão é, eu posso liquidar ainda que tenha efeito suspensivo?
O Renato acha que não, porque você só pode liquidar provisoriamente quando você pode executar
provisoriamente, se você deu efeito suspensivo para a decisão, você não pode executar
provisoriamente, então, não pode liquidar provisoriamente.
Quando a sentença confirma uma antecipação de tutela, ela também não tem efeito
suspensivo, aí, você pode fazer liquidação provisória, mas, existe um ponto que ao Renato parece
que você só pode fazer a liquidação provisória, quando você puder fazer a execução provisória
daquilo que você quer liquidar. Ou seja, aqui há dependência de recurso da decisão liquidanda.
Mesmo no caso da prescrição, pois, a parte poderia ter alegado isso na fase de
conhecimento, mas, não alegou, então não há o que fazer.
Lembrando que, a liquidação é mérito, mas é o mérito apenas dessa parcela. Então, o
mérito tem milhões de aspectos, se o aumento era ilegal ou não, se houve prescrição ou não; o valor
na liquidação, pelo princípio da fidelidade da liquidação do título, eu só posso discutir o valor. Dessa
forma, eu não posso recolocar em discussão a legalidade do aumento.
Nesse caso, eu só posso discutir se ele deve 10 ou 12 parcelas, ou eu só posso discutir algo
que tenha a ver com materialidade? Depende do que a sentença disser, ou seja, a sentença pode
ser muito ilíquida, ou menos ilíquida, se ela manda você indenizar 12 parcelas, essa questão já está
107
decidida, agora, se ela fala “as parcelas devidas”, aí você pode discutir quantas são as parcelas que
você deve. É por isso que existem vários tipos de liquidação.
E a questão de ordem pública pode ser suscitada? O Renato falou para não esquecermos
que mesmo nas questões de ordem pública há eficácia preclusiva da coisa julgada, ou seja, deve ser
algo que sobreviva a coisa julgada. Hoje, nos veremos que a inconstitucionalidade, em certos casos,
ela impede a execução, ela torna um título executivo inexigível. Portanto, é preciso que sejam vícios
que desfaçam a execução, ou, vícios que se propaguem, mas não é só ordem pública, pois é preciso
que seja ordem pública que ultrapasse a coisa julgada.
O Juiz estava suspeito, essa é uma questão de ordem pública, se você não alega no tempo
certo, não há mais como discutir isso. No entanto, se o Juiz estava impedido, só na ação rescisória
você vai discutir isso, o Juiz impedido não é matéria de defesa na execução.
É por isso que diz lá o artigo 509, §4º que “Quando a sentença condenar ao pagamento de
quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: §4º Na
liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou”.
A decisão que julga a liquidação ela é, em regra, uma decisão interlocutória, se ela é uma
decisão interlocutória, dela cabe Agravo de Instrumento, nos termos do artigo 1.015, parágrafo
único o qual diz que : “Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre: Parágrafo Único: Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário”.
Mas, se por alguma razão na liquidação, a execução for extinta, essa decisão será uma
sentença, com isso vai caber Apelação. Todavia, isso é muito raro e pode ser que, julgando a
liquidação, haja alguma questão de ordem pública – de fato – que determine a extinção da
execução.
108
A) Liquidação por Meros Cálculos
Existem três espécies de liquidação, a primeira delas é por meros cálculos e essa é a única
na qual o contraditório é diferido, ou seja, o exequente faz a conta, ele distribui uma petição com a
planilha, liquida o valor e executa.
Claro que, o executado pode dizer que esse valor não é o correto, isso ocorre quando não
há necessidade de perícia, não há necessidade de prova de fato novo, é apenas uma questão de
cálculo, ainda que o cálculo seja complicado, não há necessidade de uma liquidação mais complexa.
Nesse caso, o credor faz a conta, atualiza, faz lá os cálculos necessários e apresenta um
valor líquido, trata-se de uma liquidação enxuta, basta que o credor faça os cálculos, mas é óbvio
que o executado pode impugnar esses cálculos.
O artigo 509, §2º fala que “Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida,
proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: §2º Quando a apuração
do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o
cumprimento da sentença”.
Então, é uma questão de cálculo, não há prova a ser feita, há simplesmente que se resolver
uma questão de cálculo complexo ou não. Neste caso, o contraditório é diferido, o exequente líquida
ele próprio e o executado já é intimado para pagar, mas, ao se defender na execução, ele pode
argumentar que o cálculo encontra-se equivocado; ele vai se defender na execução da defesa da
liquidação.
Se nós estivermos na execução de título extrajudicial, vai ser embargos, mas lembrem que
há um problema de que a liquidação do título executivo extrajudicial é mais complicada, porque há
casos em que a falta de liquidez faz com que o título deixe de ser executivo. No caso de ser meros
cálculos, você líquida, mas se tiver que fazer uma interpretação jurídica, já é diferente, por isso essa
é uma zona complicada, porque se tiver meros cálculos e ele não é líquido, há uma boa margem de
discussão.
109
A próxima liquidação que exige um pouco mais de complexidade, é a liquidação por
arbitramento, não é necessária a comprovação de fatos novos, mas não é mero cálculo, a questão
já é mais complexa e, tendo em vista isso, eu preciso de um perito.
O que há aqui, na verdade, é uma perícia, como se faz a perícia na fase de conhecimento,
por isso o artigo 510 fala que “Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a
apresentação de pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa
decidir de plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial”.
Então, o que há aqui não é apenas a solução de uma questão – mero cálculo -, é uma prova,
a prova pericial realizada de acordo com as regras aplicadas a regra pericial , basicamente é a
nomeação de um perito; nesse caso, não é necessário realizar a prova de fatos novos, mas, para
decidir aqui é complicado.
No entanto, às vezes, o que é complicado para um Juiz não é para outro, há sempre uma
discricionariedade, em que o magistrado pode escolher. Lembrem do exemplo que eu dei do
apartamento, o Juiz pode pedir que vá ao Zap móveis e consiga a média dos 12 meses, mas, pode
ser que tenha outro magistrado que fale que prefira um Perito no qual irá avaliar as tabelas e etc.
O importante é que isso é uma prova, a qual é feita sob a égide do contraditório, com
apresentação de assistente técnico, quesitos e tudo mais.
A liquidação por artigos é aquela que depende da prova de fato novo, isso acontece
frequentemente, e aí, voltando aos exemplos dos acidentes ambientais, nesse caso, você precisa
provar.
Por exemplo: o Juiz condena a empresa a pagar os ribeirinhos que viviam perto do acidente
ambiental, aqui deve haver uma perícia de engenharia, é preciso provar fato novo, não é só uma
prova é com se fosse uma fase de conhecimento novamente, pois, há audiência, há prova pericial
e, se for necessário haverá mais de uma.
110
O artigo 511 diz que “Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz determinará a
intimação do requerido, na pessoa de seu advogado ou da sociedade de advogados a que estiver
vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias, observando-se, a
seguir, no que couber, o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código”.Ou seja, é o verdadeiro
processo de conhecimento.
Além disso, é possível que a liquidação de 0, isso ocorre frequentemente em liquidação por
ativos, a pessoa é condenada a indenizar a outra, mas não tem prejuízos. Imaginem nesse exemplo
do aumento ilegal das contas de luz, a concessionária é obrigada a me indenizar porque ela cobrou
um aumento ilegal, só que, ele só foi cobrado em 2012, mas que 2012 eu estava viajando e não
gastei luz.
Isso está no artigo 514 “Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo,
o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que
ocorreu o termo”.
Pensa, por exemplo, de uma execução de uma obrigação de título executivo extrajudicial
com termo, ou seja, a nota promissória vence em 2018, se eu for executar tem um termo, com isso
eu devo verificar que ele ocorreu, dessa forma se foi verificado isso, extingue-se a execução.
É claro que isso da mais dificuldade da condição, pois, pode haver um debate se ela se
implementou ou não se implementou, e, aí, você tem um incidente cognitivo para ver se, de fato,
essa condição se implementou ou não.
Há várias condições que não são admissíveis, mas aí é porque não há condição e com isso
você pode executar; há as condições potestativas em que a escolha se dá pelo credor, essas
condições não são admissíveis.
111
A última e a exceção de que a outra parte não cumpriu a obrigação dela, ela está no artigo
787 “o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a contraprestação do
credor, este deverá provar que a adimpliu ao requerer a execução, sob pena de extinção do
processo”.
Claro, se eu sou o credor de uma obrigação, mas se eu sou só credor no caso de cumprir a
minha parte, eu só posso exigir da outra parte se eu cumprir o meu. Isso aqui é só quando há
contraprestação vinculada.
Isso quer dizer que, ele não pode depositar em juízo e falar que só pode levantar depois
que ele tiver a sua parte. Então, eu vou te pagar R$30.000,00 e você vai me vender o seu carro e
aí você me executa os R$30.000,00 mesmo sem ter me dado o carro, então, eu não tenho que te
pagar até você me dá o carro.
É claro que, por isso, o problema da competência se coloca sempre quando você tem uma
pluralidade de órgãos, então, é preciso saber que órgão é competente para julgar aquela causa
concreta.
Agora, é preciso saber também quem tem competência para a execução, ou seja, qual
órgão é competente para processar a execução, tanto de título executivo judicial quanto de título
executivo extrajudicial. Nos vamos estudar hoje, portanto, as regras de atribuição de competência
para processamento da execução.
112
competência para execução é do poder judiciário, não existe execução privada e não existe,
também, execução administrativa, o órgão competente para execução no Brasil integra o poder
judiciário, ele não é um órgão que integra a administração.
É verdade que o fisco tem uma prerrogativa que nem um outro credor tem, pois, ele pode
formar unilateralmente um título executivo, ainda que, em alguns casos, se exija o contraditório
administrativo.
A segunda regra de ouro é que competente será, em princípio, para a execução o órgão
que proferiu a sentença executada, e neste caso, estamos falando da execução do título executivo
judicial, em alguns outros países existem órgãos – também judiciais - que são competentes apenas
para a execução, no Brasil, no entanto, a regra é que o órgão que profere a decisão executada e
competente para e execução dessa decisão.
Poderia não ser assim, nós poderíamos criar uma Vara de execuções cíveis, por exemplo,
outros juízos cíveis Julgam, mas, na hora de executar, a competência passa a ser de uma Vara de
Execução, isso seria possível em tese, é assim em outros países, mas no B rasil não, aqui, a
competência para a execução e do órgão que profere a sentença.
Há uma tentativa de driblar isso, o STF e o STJ delegam a prática de alguns atos para Juízes
de primeira instância, mas, a competência para processar a execução é dos Tribunais. Então, essas
são as duas regras de ouro.
Regras de Ouro:
113
Primeira: a execução é de competência do poder judiciário
A competência para execução do título executivo judicial está prevista no artigo 516 do
NCPC, a primeira regra na qual vocês precisam prestar atenção na hora de definir a competência
executiva está neste dispositivo em seu inciso I: “os tribunais, nas causas de sua competência
originária”.
Então, o artigo 516 já reforça a regra de que no Brasil a competência executiva é do órgão
que profere a decisão executada. A primeira questão na qual alguém deve pensar ao verificar se
determinado e ou não competente e saber se havia alguma competência originária de Tribuna l para
processar e julgar aquela causa.
O inciso II trata da regra geral: “o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição”.
Então, essa, na verdade, é a regra geral: competência dos tribunais originária é a exceção, por isso,
a regra geral é que será competente o juiz que decidiu a causa em primeiro lugar.
Essa competência, no entanto, ela não é a única, existe hoje um concurso eletivo de foros
a escolha do exequente -esse é um detalhe importante -, a competência, portanto, é do Juiz que
profere a decisão, mas pode não ser, na melhor conveniência do exequente, que a sentença seja
executada naquele foro.
Imaginem, por exemplo, que o devedor tenha bens e eles se encontrem todos no Rio de
Janeiro, a causa foi julgada, no entanto, em Campos, pois tinha uma cláusula de eleição de foro em
campos. Tendo em vista isso, faz mais sentido executar no Rio de Janeiro onde o executado tem
bens do que executar em Campos onde foi proferida a sentença executada.
114
Ou seja, existe um concurso eletivo de foro a escolha do exequente, se a execução se realiza
no melhor interesse dele, ele pode optar pelo domicílio do réu, ele pode optar pelo lugar onde o
réu tem bens, pode optar por continuar no foro de onde foi proferida a decisão, não importa.
Imaginem, por exemplo, - não é Execução, é só para vocês terem um exemplo a abusividade
da escolha de foro – que existe um contrato entre determinado contratante do Banco do Brasil, em
que ele contrata determinada empresa para fazer um serviço, essa empresa, por sua vez, contrata
a minha empresa, eu tenho uma ação contra essa empresa que não me pagou, mas, o Banco do
Brasil não me causou nenhum prejuízo, só que, ainda assim, eu ajuízo a ação contra essa empresa
e o Banco do Brasil para prorrogar o foro, para onde eu quero que a causa seja julgada.
É muito comum que se acrescente um litisconsorte passivo no qual contra ele não se faz
um pedido condenatória -às vezes, pode ser só declaratório – para forçar a prorrogação da
competência, esse é um exemplo de escolha abusiva, pois, na verdade, eu não tenho nenhuma
demanda contra o réu, mas eu o coloquei na demanda, apenas para tornar o foro que eu quero,
competente.
Na execução isso é melhor claro, mas, o problema é que essa escolha do exequente, ele
pode escolher o foro e, depois, ele pode mudar de foro; isso pode se transformar em uma estratégia
abusiva.
115
Tal deslocamento de competência irá ocorrer até o exequente conseguir satisfazer de
modo integral o seu crédito, porque, a execução se processa no interesse dele, portanto, ele pode
escolher no local do domicílio do réu, aonde ele tem bens, pelo Juiz que proferiu a decisão, ou seja,
que for mais conveniente para ele.
Será o Juiz quem irá determinar a remessa dos autos do processo, mas o Juiz não pode,
exceto para controlar o abuso, ele não pode dizer que os autos já se encontram com ele, então, ele
quem vai executar, isso não ocorre, o exequente deve executar pela sua conveniência.
Trata-se de um concurso eletivo de foro que você faz, mas, é claro que, o ideal é
fundamentar, até porque, você precisa qualificar em um desses casos, dizer que o executado tem
domicílio naquele local, que ele tem bens lá e etc. Ocorre que, essa justificação não precisa ser
extensa, por exemplo, o executado tem bens em três cidades, você escolha uma das cidades, nesse
caso, você não precisa justificar para o Juiz porque você escolheu essa é não a outra.
Na verdade, do ponto de vista da prática do processo, existem judiciários mais rápidos que
outros, há judiciários mais favoráveis ao credor e outros menos, então, às vezes, você pode optar
por uma justiça, por uma competência onde o processo se desenvolve de uma maneira mais
favorável ao exequente.
No que tange a carta precatória, dá muito trabalho você sair expedindo várias delas para
executar os bens em outras cidades, a carta precatória e um sistema ineficiente, por isso, é mais
fácil deslocar a competência, é isso que a lei passou a permitir na década de 2000 e é isso que o CPC
de 2015, digamos assim, consagra.
Você interpretar esse parágrafo único de uma maneira restritiva, ele só pode fazer essa
escolha uma vez, mas, na verdade não é essa a lógica do artigo, a lógica do artigo é que o exequente
pode optar por outro fórum se insto for mais conveniente para ele. Por exemplo, o executado tinha
116
um bem em Minas Gerais, você executou esse bem, porém, ainda há um saldo. No caso do
executado ter outro bem em São Paulo, o exequente pode deslocar o processo para o fórum de São
Paulo, com o intuito de executar esse bem e satisfazer a outra parte de seu crédito.
Agora, isso não está na lei, você pode interpretar restritivamente e dizer que o exequente
só pode fazer essa escolha uma vez, mas, o Renato não acha que é isso que o dispositivo queira
dizer, na verdade, o que ela quer dizer é que no melhor interesse do exequente, ele pode optar pelo
foro na medida em que isso for acontecendo. No entanto, há um controle de abusividade, o Juiz
deve evitar que o exequente faça isso de modo abusivo.
Por exemplo, eu peço a penhora de um imóvel seu, só que, o Juiz decide que é bem de
família, ou seja, é absolutamente impenhorável. Tendo em vista isso, eu vou para o Juiz do foro que
seja do seu domicílio, pedindo a penhora do seu imóvel, isso é abusivo, é uma escolha abusiva. Com
isso, você pode tentar mudar o Juiz para tentar mudar a decisão daquele primeiro que não me
deixou penhorar o bem de família.
O inciso III dispõe que “o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal
Marítimo”.
O que essas decisões tem em comum para serem agrupadas em um inciso próprio? Elas
são títulos executivos judiciais, mas elas não foram produzidas no processo judicial cível, a sentença
penal condenatória ela até foi proferida em um processo judicial, mas não em um processo cível.
Ou seja, não há um processo sincrético, não há um Juiz já competente, é por isso que a competência
será do juízo cível competente, nesse caso, há as regras gerais de competência: domicílio do réu,
lugar onde se encontram os bens, cláusula de eleição de foro, tanto que, a regra do parágrafo único
também se aplica a esse inciso III, no melhor interesse do exequente, ele pode escolher o foro para
a execução.
As partes podem fazer um negócio jurídico processual para escolher um foro para a
execução, agora, se você não dispõe nada sobre nada em relação a competência executiva, o credor
pode escolher, mas, no contrato você pode dizer que nós estamos escolhendo para a execução o
foro da capital da comarca do RJ com exclusão de qualquer outro.
Imaginem, por exemplo, você é o executado, você tem um advogado no rio e, aí, você tem
um percentual de uma casa que foi da sua avó em Manaus, mas o seu advogado do rio, a causa é
117
aqui, se eu levo a discussão para Manaus eu te obrigo a contratar um advogado em Manaus, essa
também pode ser uma maneira de exercício abusivo de foro.
A primeira regra é que não há uma decisão a ser executada, por isso que é um título
executivo extrajudicial; é por isso que se aplicam as regras gerais de competência. A competência e
do domicílio do réu, eleição de foro e o lugar onde a obrigação deve ser cumprida; essa é a regra
geral.
O inciso I dispõe que “a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado,
de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos”.
Isso parece o parágrafo único, mas, na verdade, não é o parágrafo único, o que ele quis
dizer é que ele não está dando essa competência suplementar, essa escolha em benefício do
exequente, ele está, na verdade, descrevendo casos em que a competência é esse foro.
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A verdade é que nos títulos executivos extrajudiciais, como eles são mito variados, não há
uma regra muito uniforme como nos títulos executivos judicias, e preciso pegar cada título e ver
qual, naquele caso específico, será competente. Se você tiver, por exemplo, uma transação
extrajudicial, ela provavelmente vai ter uma eleição de foro e aí é no lugar onde há a eleição de foro.
A finalidade do inciso I é dar a regra geral e com isso, sem dizer muito claramente, ele fala
dos casos, como na Execução Fiscal, como na eleição de foro e etc.
Por exemplo, eu posso executar a dívida de uma hipoteca no local do imóvel, esse é o foro
originário, não é a escolha que o credor pode ter, e o foro que, em princípio, é competente, cada
título tem o seu: pode ser no domicílio do executado, pode ser na eleição de foro, pode ser o da
situação dos bens e etc.
O inciso II dispõe que “tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado
no foro de qualquer deles”. Esse também é uma regra geral da execução, se o executado tem mais
de um domicílio, ele pode ser executado em qualquer desses domicílios, aqui eu ainda estou na
regra geral.
O Inciso V “a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou
em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado”.
Por exemplo, em uma transação judicial.
Então, nós temos, nestes casos, a regra geral, o foro do domicílio do executado, por
exemplo um debênture, a competência para a execução dela e no domicílio do executado, situação
dos bens a ela sujeito, uma execução de título executivo extrajudicial e uma execução de uma dívida
adquirida em uma hipoteca, na verdade, são dezenas e dezenas de exemplos, mas é preciso olhar
para cada uma para saber o juízo competente.
119
A grande pergunta é se nós podemos aplicar o parágrafo único, do artigo 516 nas
execuções de títulos executivos extrajudiciais? Lembrem que, às regras de execução são vasos
comunicantes, há um artigo que diz que se aplicam as regras em um sistema mais ou menos
comunicantes.
Aconteceu no CPC de 1973, por exemplo, que se aplicava a execução de título judicial a
regra de título executivo extrajudicial que permitia o executado a parcelar o valor da dívida. Por
isso, o Renato imagina que a jurisprudência vá usar essa mesma ideia também na execução de título
extrajudicial, porque como as execuções são vasos comunicantes faz sentido que essa norma
também seja aplicada na execução de título extrajudicial.
11.Responsabilidade Executiva
11.1. Introdução
Existe casos de débito sem responsabilidade, a dívida de jogo, por exemplo, em que se o
credor receber, o devedor não pode pedir repetição, todavia, credor também não pode exigir que
120
o devedor pague a dívida. Trata-se de uma obrigação natural segundo a qual é uma dívida sem
pretensão, porque o devedor não é obrigado e nem responsável.
Além disso, há casos -isso no direito civil - de responsabilidade sem dívida, eu fiador, por
exemplo, sou responsável pelo pagamento, mas não sou o devedor, ou seja, eu sou obrigado, mas
não sou o devedor, isso no direito civil.
Por exemplo, o fiador que não é réu, não é condenado, ele pode ser executado? Somente
se tiver no título executivo, ou seja, ele é responsável no direito material, só que ele não tem
legitimidade passiva executiva, porque ele não participou em contraditório da formação do título
executivo. Ou seja, há casos em que o obrigado pode ser responsável no plano do direito material,
mas não ter responsabilidade executiva.
Quando se diz forçada é porque, por exemplo, o executado não cumpriu de forma
espontânea o cumprimento de sentença e por isso vai ser necessária a demanda executiva para
poder executar seu patrimônio?
Digamos que, esse bem está no meu nome, ele pode ser penhorado? Depende, eu tenho
responsabilidade executiva? Esse bem está atingido pela responsabilidade executiva ou não?
Depende, pois, há casos que determinado bem pode ser penhorado, ainda que ele não seja mais de
propriedade de quem foi parte no processo, é para isso que servem os embargos de terceiro.
15Chama-se responsabilidade patrimonial a sujeitabilidade de bens a execução, de modo que os bens sobre os quais tal responsabilidade incide ficam
sujeitos a suportar atos executivos, podendo vir a ser usados para a satisfação do crédito exequendo. CÂMARA, Alexandre, O Novo Processo Civil
Brasileiro, Atlas, 1ª Edição, pp. 337.
121
Por exemplo, o imóvel alienado na pendência da lide: eu litigo contra você sobre a
propriedade do imóvel, você aliena esse imóvel, mas você perde a demanda, o comprador é o dono,
só que, a litispendência não torna inválida ou ilegal essa vedação, dessa forma, eu posso ir atrás do
bem de uma pessoa que não foi parte no processo.
Eu perguntei se esse imóvel não vai estar gravado pela penhora, o Renato respondeu que
mesmo antes da penhora, a própria litispendência já faz com que você poss a ir atrás do bem de
terceiro, mas falaremos isso mais adiante.
Há casos em que, certos bens que não estão no patrimônio do executado, estão no
patrimônio de outra pessoa e podem vir a serem atingidos pela execução. Isto é, esses bens estão
sujeitos a responsabilidade executiva, ou sobre eles incide a responsabilidade executiva, mesmo
que este terceiro não tenha participado em contraditório da formulação do título executivo que
atinge aquele bem.
Eu perguntei se isso não pode ser considerado fraude à execução, o Renato respondeu que
um dos exemplos de bens de terceiros são aqueles alienados em fraude à execução.
Isso significa que, os bens que estão na posse ou na propriedade de outra pessoa podem
ser atingidos pela execução, mesmo que essa pessoa não tenha participado em contraditório da
formação do título executivo que deu origem à execução.
É claro que, este terceiro terá instrumentos processuais para se defender, como o
embargos de terceiros, porém, a penhora não pode ser considerada em si ilegal, sob o argumento
de que o terceiro não participou em contraditório da formação do título executivo, ou seja, certos
bens que não estão no patrimônio do executado e estão no patrimônio de terceiros, estes podem
ser atingidos na execução contra o executado.O caso do fiador, ele não pode ser atingido se não
estiver no título executivo, mas há outras hipóteses em que o terceiro pode ser atingido.
122
A Luísa perguntou se você pode ir atrás do bem antes da penhora, o Renato disse que pode,
porque, como nos veremos na aula de fraudes, existe uma sequência de fraudes que vai da mais
grave – alienação de bem penhorável – até a fraude contra credores, a qual pressupõe não existir
um processo, não existir uma hierarquia e os requisitos para tornar ineficaz em relação ao terceiro
a alienação, obviamente ela se torna menos rigorosa a medida que o processo vai adiante, isto é, é
mais fácil que um bem penhorável retorne à execução do que um bem alienado em fraude contra
credores, em que, neste caso, ainda não há nenhum processo.
Tem como eu saber se esse bem está com alguma penhora? Sim, quando você vai comprar
um imóvel, você tem que pedir certidões, você pede a certidão do RGI, mas você tem que pedir a
certidão dos distribuidores para ver se existe alguma demanda que tenha por objeto esse imóvel.
É por isso que o Artigo 789 traz em seu bojo a seguinte redação: “o devedor responde com
todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições
estabelecidas em lei”.
Nesse sentido, eu tenho uma linha do tempo com os meus bens, todos eles que ainda estão
comigo respondem, mesmo aqueles adquiridos depois da dívida, depois da sentença, enfim, no
momento da execução também respondem, pois o dispositivo fala “futuro”, na verdade, será em
relação não no momento da execução, mas no passado, no momento da constituição do crédito ou
do processo16.
16Consideram-se bens presentes aqueles que integram o patrimônio do executado no momento da instauração da execução. E por bens futuros
devem ser compreendidos aqueles que o executado venha a adquirir no curso da execução, após sua instauração. Pode-se dizer, então, que o
executado (com a ressalva dos bens impenhoráveis) responde com todos os bens que integrem seu patrimônio durante o curso do p rocedimento
executivo. CÂMARA, Alexandre, O Novo Processo Civil Brasileiro, Atlas, 1ª Edição, pp. 337.
123
Esse é um intervalo de bens que são atingidos pela responsabilidade executiva; desses bens
eu preciso tirar aqueles que são impenhoráveis e eu coloco os bens de terceiros que, por alguma
razão especial, também são atingidos pela responsabilidade executiva como, por exemplo, os bens
alienados em fraude.
No entanto, certos terceiros podem ter também responsabilidade para cumprir a obrigação
de fazer, como a obrigação específica em certos casos. Imaginem, por exemplo, que eu tenho uma
obrigação de fazer contra uma pessoa jurídica, eu posso pedir a desconsideração da personalidade
jurídica para atingir um sócio e exigir dele o cumprimento da obrigação de fazer, mas falaremos
disso em uma aula sobre execuções específicas.
Mas saibam que também as obrigações específicas podem atingir terceiros, isto é, a
responsabilidade executiva recai sobre o patrimônio do lado do executado, mas recai também sobre
a vontade do terceiro. Nesse mesmo sentido, nas execuções específicas, um terceiro pode ser
legitimado para sofrer a execução específica, não apenas o terceiro proprietário de um bem que por
alguma razão seja incluído na execução, como no caso da execução sobre o patrimônio.
Não entendi direito o exemplo, pois você está desconsiderando a pessoa jurídica para
que ela cumpra uma obrigação de fazer e não uma obrigação específica. Qual seria o exemplo de
um terceiro cumprindo uma obrigação de fazer específica?
O Renan perguntou se, por exemplo, no caso em que o MP faz um Termo de Ajustameto
de Condula com uma pessoa que tenha como obrigação replantar árvores, se essa pessoa morre,
entende-se que, teoricamente, a obrigação é personalíssima, mas que o MP acaba pedindo para os
filhos desse devedor realizarem o replantio. O Renato respondeu que, aqui, na verdade, é uma
sucessão por causa da morte, o STJ muda um pouco de ideia sobre a responsabilidade dos
sucessores, porque quando a responsabilidade é patrimonial ela vai para a herança.
Todavia, no caso de ser uma sanção, não é uma questão de ser uma obrigação
personalíssima ou não, uma coisa é: “a pena não passa da pessoa do apenado”, agora, se a natureza
é indenizatória e você está reparando um dano, não consiste em uma pena.
124
É por isso que, neste caso, a melhor saída é dizer que isso é uma pena e, por ser uma pena,
a punibilidade se extingue com a morte. Se, no entanto, não é uma pena, mas é uma indenização
por um dano causado, aí pode passar da pessoa do apenado.
Nunca se esqueçam que a obrigação específica pode passar da pessoa do executado, por
exemplo, neste caso do Renan, isso ocorre frequentemente em questões societárias, eu trabalho
na sua empresa, mas quero sair, dessa forma, você me oferece um bônus e diz que eu tenho que
ficar dois anos sem exercer aquilo.
A vista disso, eu monto uma empresa e você descobre, só que, quem está assinando os
contratos não sou eu, mas, ainda assim, você consegue ver que eu estou por trás disso. Nesse caso,
você consegue executar essa obrigação de não fazer contra a empresa, não apenas contra mim.
Todavia, isto ocorre desde que você prove que houve uma fraude, pois, há requisitos para
se desconsiderar a personalidade jurídica.Lembrem-se, sempre, que a obrigação de fazer ou não
fazer, pode passar da empresa para o sócio ou do sócio para a empresa em caso de fraude. O que
ocorre normalmente é que a desconsideração acontece sobre o patrimônio, mas nem sempre, ela
pode ter por objeto uma obrigação específica, como neste caso de não exercer determinada
profissão.
Existe uma distinção que nós já falamos dela na parte da legitimidade, que é uma distinção
que se chama de primária e secundária, primária é aquela dos bens que estão com o executado e
secundária aquelas que estão com terceiros.
A diferença é apenas formal, quer dizer, se ele é o executado, ele se defenderá na Execução
por meio de embargos ou impugnação, ao passo que, se ele for um terceiro, ele terá os embargos
de terceiros como forma de defesa.
125
11.4.2.1. Patrimônio em poder de Terceiros
É por isso que diz o artigo 790, inciso III que a responsabilidade executiva primária será em
primeiro lugar a dos bens do devedor. Diz ele: “o devedor responde com todo seu patrimônio ainda
que em poder de terceiros”. Vejam bem, aqui há um primeiro detalhe: “em poder de terceiros”, isso
significa que o simples fato do bem estar na posse de terceiro, não impede a realização da penhora.
Por exemplo, eu vou penhorar um imóvel, só que, aparece um comodatário dizendo que
exerce a posse do imóvel. Nesse caso do artigo, o bem do detentor, ainda que na posse de terceiro,
pode ser atingido pela penhora, ou seja, pode ser executado.
Outro exemplo, mesmo que eu tenha uma Fazenda e o meu caseira esteja nela, o caseiro
exerce a detenção sobre o bem, mas ele pode ser penhorado. Ou, então, eu tenho um locatário que
exerce a posse sobre o bem, o bem não pode ser penhorado? Pode ser penhorado. O fato de que o
bem da minha propriedade está na posse ou na detenção de outra pessoa, não faz com que esse
bem seja excluído da responsabilidade executiva.
Uma coisa a ser frisada neste artigo é que ele fala “em poder de terceiros”, isto quer dizer,
então, que esse terceiro só tem a posse do bem, mas não a sua propriedade, em que esta acabaria
por configurar uma responsabilidade secundária e não primária conforme diz o sobredito diploma
legal.
A Samara perguntou se, por exemplo, eu tenho um contrato de locação para durar dois
anos, o prazo continua valendo ou o bem é penhorado? O Renato respondeu que é penhorado, o
que vai depender é o seguinte: existem duas relações jurídicas, existe uma relação jurídica entre o
locatário e o locador, se o locador perde a propriedade, o locatário perde o direito à ficar no bem.
Imaginem que, eu te alugo um bem, você subaluga o bem a um terceiro, você tem um
contrato de dois anos com essa pessoa, mas você não me paga, eu posso te despejar, ainda que
esse terceiro que esteja alugando o bem de você, esteja pagando esse contrato de dois anos.
O fundamento jurídico, neste caso, é o de que esse contrato subsiste entre mim e você,
mas, se por alguma razão, ele deixa de existir, eu posso te despejar e, aí, o seu sublocatário não tem
o que fazer. Aqui, haverá uma pretensão material indenizatória.
Imaginem que eu seja o locatário, você era o locador original e a Júlia sublocatária, eu vou
dizer o seguinte, você me pagou por dois anos, eu to te pagando e agora eu vou ter que sair do bem,
126
então, você está me devendo um multa contratual. Ocorre que, neste caso não assiste razão o
ajuizamento para fazer valer o direito de regresso, trata-se de uma responsabilidade contratual. Eu
tinha o direito de ficar nesse imóvel, mas tive que sair por causa da sua inadimplência, então você
terá que me indenizar o prejuízo.
Teremos uma aula que falaremos sobre adjudicação, mas, basicamente, a resposta é que
eu posso penhorar, mas, na hora de se fazer a adjudicação, existem algumas regras, o locatário tem
alguns direitos, mas a penhora pode ser feita.
Mas, o que vocês devem lembrar é que os bens não impenhoráveis do executado são
submetidos a responsabilidade executiva.
Lembrem que, os direitos reais tem uma característica que é a sequela, ou seja, se eu sou
o credor hipotecário de determinado bem e o executado aliena esse bem para uma outra pessoa,
eu posso executar a hipoteca, ainda que ela esteja no nome de outra pessoa.
Eu perguntei se tinha algo a ver com a obrigação propter rem, o Renato disse que tinha a
ver, mas que não era a mesma coisa, o direito real, na verdade, segue a coisa. A obrigação propter
rem não é uma obrigação real, mas ela tá mais ou menos entre a obrigação real e entre a obrigação
pessoal. Na propter rem, ainda que mude o devedor, aquela obrigação continua existindo, ou seja,
se eu adquiro um bem que tem Condominio atrasado, o pagamento do Condominio é obrigação
17Ela objetiva que o autor retome ao seu patrimônio o que lhe pertence, mas se encontra em poder de terceiro ou na esfera patrimonial do réuque
não cumpriuuma obrigação contratual.Em linguagem acessível, é a ação que persegue uma coisa em decorrência de relaçãoob rigacional não honrada
pelo devedor. A melhor definição é abordada pelo registrador Sérgio Jacomino, em citação ao professor Aureliano de Gusmão, o qual considera ações
pessoais reipersecutórias as que, “derivando de uma obrigação, têm uma direção real, re caindo sobre uma cousa certa (rem sequuntur) e podendo
ser propostas ou contra a pessoa obrigada ou contra o possuidor da cousa”. A autora Maria Helena Diniz complementa que “essas ações pessoais são
designadas “reipersecutórias”, porque, embora oriundas de relação de direito pessoal, têm por finalidade a aquisição de um direito real ou o
esclarecimento de dúvidas sobre uma coisa”.
127
propter rem, você pode executar o Condominio, continuar credor e pode cobrar do atual
proprietário ainda que a dívida tenha sido contraída antes.
A Ana Carolina não entendeu a diferença entre a obrigação propter rem e o direito de
sequela. O Renato explicou que existe uma diferença teórica, porque a obrigação propter rem é uma
obrigação que não acompanha a coisa.
A obrigação real é uma relação que não é entre duas pessoas , é uma relação entre a coisa
e a coletividade, então a propriedade não é uma relação bilateral entre um proprietário e o réu, eu
tenho a propriedade e todas as pessoas devem respeitar essa propriedade, já a obrigação propter
rem não é uma obrigação da qual o resto é o sujeito passivo, como na obrigação real, trata-se de
uma relação entre o Condômino e o Condomínio.
Por isso, são coisas diferentes, a obrigação real não tem um titular passivo e um titular
ativo, tem um titular ativo e o resto de pessoas que devem respeitar esse direito, ao passo que, na
obrigação que não é real, há um devedor e há um credor.
Isto porque, ela é bilateral, só que, ela pode ser cobrada do novo proprietário,
diferentemente do que aconteceria em uma dívida que você tenha contratado para uma pessoa
fazer uma obra na sua casa.
Vamos lá, você é o proprietário do bem e vende esse apartamento, o novo proprietário não
é devedor do seu empreiteiro, mesmo que você tenha feito essa obra para embelezar a coisa que
você vendeu, não importa, essa obrigação não passa de um titular para outro.
Isto porque, essa é uma relação entre você e o seu empreiteiro que não passa para aquele
para o qual você vai vender a coisa, só que, na propter rem ainda que seja uma obrigação bilateral,
ou seja, uma obrigação entre duas pessoas, ela passa para o adquirente daquela pos ição jurídica,
por exemplo, você comprou o imóvel de mim, eu devia o condomínio, logo, neste caso, você pode
ser executada ao pagamento dessas quotas condominiais.
128
A sequela consiste em você ser o proprietário e poder reclamar o direito real de qualquer
outro. Imaginem que eu tenha uma coisa e alguém frauda o registro de imóveis, mas essa pessoa
vende esse bem para uma outra pessoa, eu posso reivindicar a coisa desse terceiro. Essa, portanto
é a sequela, eu posso ir atrás da coisa, não importa aonde ela esteja.
Nessas obrigações de natureza real, você pode ir atrás da coisa, ainda que ela não esteja
com o executado. Digamos que, eu dei em penhor um relógio para o credor, eu peguei esse bem
por algum motivo e dei para outra pessoa, neste caso, o credor pode reclamar esse relógio para
essa outra pessoa independentemente do contrato de penhor dela ser entre ela e mim. Ou seja, o
bem não está no patrimônio do executado, mas ele pode, ainda assim, ser atingido pela execução,
portanto, ele se submete a responsabilidade executiva – isto na sucessão a título singular.
Diz o artigo 10918 do CPC que quando você aliena o direito a coisa litigiosa, não há, na
verdade, invalidade da alienação. Todavia, a alienação na pendência do processo, faz com que o
bem que tenha saído do patrimônio do réu continue submetido a responsabilidade executiva.
Por exemplo, eu estou disputando a propriedade de um bem, você pode vender para outra
pessoa, agora, se você perder a ação, o bem vai sair do nome dessa pessoa e ir para o meu, não
adianta dizer que não foi parte e que não se defendeu.
Em resumo, esses são bens que estão no patrimônio de um terceiro, os quais são de título
singular19, ou seja, determinado bem sai do patrimônio do réu e vai para um terceiro. Nesse caso,
o patrimônio dessa terceira pessoa pode ser atingido, ou seja, submete-se também a
responsabilidade executiva.
Inciso V fala que também são submetidas a responsabilidade executiva os bens alieandos
ou gravados com ônus real em fraude na execução, são os casos de fraude à execução.
Inciso VI fala em cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do
reconhecimento, em ação autônoma, em fraude contra credores.
18109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das p artes. §1º O adquirente ou
cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. §2º O adquirente ou cessionário
poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente. §3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes
originárias ao adquirente ou cessionário.
19A sucessão a título singular é como se fosse uma doação para depois da morte. Deixo este apartamento para fulano e o resto será dividido de
acordo com a lei para os meus filhos. Pronto. Deixei para você um bem, você é um sucessor a título singular.
129
Esses incisos V e VI tratam dos reconhecimentos de fraudes, são bens que deixaram o
patrimônio do executado, foram para o patrimônio de um terceiro, mas, mesmo assim, se
submetem a responsabilidade executiva, porque saíram em fraude do patrimônio do executado.
Somente na fraude contra credores que se tem ação autônoma, que é a Ação Pauliana, na
fraude à execução e na alienação de bem penhorado, você não precisa de um processo autônomo,
só para fraude contra credores. Portanto, para fraude de execução e para fraude de alienação de
bem penhorado, isso será um incidente dentro da execução, se for fraude contra credores só com
a Ação Pauliana.
Em resumo, são bens que não estão no patrimônio do executado, mas que são submetidas
a responsabilidade executiva, porque saíram do patrimônio dele em fraude, em uma das espécie de
fraude.
Para perfazer a fraude eu já teria que ter uma litispendência? O Renato respondeu que
depende do tipo de fraude, na fraude de execução sim, mas na fraude contra credores não é preciso
que haja litispendência, pode ser anterior ao processo.
20 Ficam ainda sujeitos à execução os bens de cônjuge ou companheiro, nos casos em que os seus bens, próprios ou da meação, resp ondam pela
dívida, o que acontece quando esta tenha sido contraída em benefício da família. E que, nos termos do artigo 1.643 do CC, qualquer dos cô njuges,
independentemente de autorização do outro, comprar a crédito coisas necessárias à economia doméstica e obter, por empréstimo, as quantias que
a aquisição dessas coisas possa exigir. Nesse caso, as dívidas contraídas por um dos cônjuges ou companheiros ao outro obriga solidariamente. Além
disso, os bens da meação de cada um dos cônjuges ou companheiros respondem pelas dívidas c ontraídas pelo outro para atender aos encargos da
família, as despesas de administração e as decorrentes de imposição legal (artigo 1.664 do CC)”. CÂMARA, Alexandre, O Novo Processo Civil Brasileiro,
Atlas, 1ª Edição, pp. 338.
21O litisconsórcio necessário está ligado diretamente a indispensabilidade da integração do polo passivo da relação processual por todos os sujeitos,
seja por conta da própria natureza da relação jurídica discutida (unitariedade), seja por imperativo legal. A necessariedade atua, por isso, na formação
do litisconsórcio é nisso, repise-se, difere da unitariedade, vez que esta pressupõe um litisconsórcio já formado. O litisconsórcio necessário revela
casos de legitimação ad causam conjunta ou complexa. JR. DIDIER, Fredie, Curso de Direito Processual Civil Conforme o novo Código de Processo Civil,
vol. 1, Juspodivum, 17ª Edição, p. 452.
130
A Luisa perguntou se essa não seria uma mistura do devedor com o cônjuge, ela entendeu
que na primária é porque você está mexendo com os bens do devedor, e na secundária são coisas
de terceiros, mas se você estiver em uma comunhão de bens, é tanto do devedor quanto do terceiro.
O Renato disse que sim e que não, sim é verdade, existe uma comunhão, mas não no
sentido de que existe uma meação, a rigor, você prepara para uma futura dissolução, existe uma
meação, mas isso também depende do regime de bens.
Com efeito, o patrimônio é tanto dele quanto dela, mas essa comunhão, na verdade, se
divide em duas, ela é uma meação, então se a penhora atinge somente a metade, ou seja, se ela
atinge a meação do cônjuge em um regime de bens em que ele seja proprietário dessa parte, ele,
nesse sentido, é um terceiro que tem o seu patrimônio atingido pela meação.
Por hora basta saber que, em certos casos o patrimônio do cônjuge pode ser atingido em
uma execução em que ele não é executado, ou seja, em que apenas o seu cônjuge é executado.
Lembrem que, existe no nosso direito o princípio da separação dos bens dos sócios e dos
bens da sociedade, a exceção daquelas figuras em que a responsabilidade do sócio é ilimitada. Por
exemplo, na comandita, ou naqueles casos em que determinados sócios podem ter
responsabilidade ilimitada. Todavia, nos títulos normais de sociedade, a responsabilidade é limitada,
na ilimitada, por exemplo, ela é limitada ao capital social.
Ou seja, o sócio tem obrigação de internalizar o capital social e fazendo isso o patrimônio
dele não responde pelas dívidas da sociedade, com muito mais razão, ainda, em uma sociedade
anônima.
A lei, portanto, distingue as questões nas quais uma coisa é a responsabilidade executiva
do sócio, nos casos em que o tipo societário permite essa responsabilização. Isso está no artigo 795
do CPC o qual diz que os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade,
senão nos casos previstos em lei.
131
responsável em caráter principal ou em caráter subsidiário. Por isso, diz o §1º que o sócio réu,
quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro
sejam excutidos os bens da sociedade.
O artigo 794 traz uma regra especial sobre o fiador, o fiador ele é responsável, mas apenas
quando ele consta do título executivo, mas existe uma regra específica sobre ele que é essa do artigo
794 o qual diz o seguinte: “o fiador, quando executado, tem o direito de exigir que primeiro sejam
executados os bens do devedor situados na mesma comarca, livres e desembargados, indicando-os
pormenorizadamente à penhora”.
Então, existe um caso específico para a execução do fiador. Atenção, no caso em que ele é
executado, pois, o fiador não pode ter o seu patrimônio atingido se ele não foi condenado. Portanto,
se ele foi condenado, ele tem responsabilidade executiva, mas com uma regra especial, pois
depende se ele renunciou ao benefício de ordem ou não, se ele não renunciou, a preferência da
penhora recai sobre os bens do executado de fato e não dele.
132
Isto porque, na vigência do CPC de 1973 se penhorava o bem do sócio, reconhecendo-se a
desconsideração da personalidade jurídica e ele que se defendesse, é como se ele tivesse
responsabilidade executiva.
Ou seja, ainda que o sócio não tenha participado em contraditório do título executivo, ele
deve participar em contraditório do incidente cognitivo que decidir sobre e extensão da
responsabilidade executiva a ele; essas são duas coisas diferentes.
A responsabilidade que estamos tratando é do direito material, o que você faz quando
alguém é responsável no direito material a te pagar alguma coisa? Você ajuíza uma ação contra ela
e pede a condenação dessa pessoa a te pagar.
Imagine que, a empresa seja condenada a te pagar o que ela te deve; imagine, no entanto,
que haja confusão patrimonial entre os bens dessa sociedade e de seu sócio. O incidente de
desconsideração da personalidade jurídica serve para você atingir os bens dos sócios quando ele é
o demandado ou quando aquele que consta do título executivo é a empresa.
Você pode atingir os bens da empresa quando houver confusão patrimonial na demanda
contra os sócios, isso é possível também e ocorre muito no direito de família. Por exemplo, nós
somos casados e eu quero me separar para você, por esperteza eu começo a tirar os bens do meu
patrimônio e monto uma empresa com ele. Dessarte, eu começo a esvaziar o meu patrimônio e nós
nos separamos, quando for a juízo eu digo que, na verdade, eu não tenho mais nada e que tudo se
encontra na empresa.
Nesse sentido, você pode executar contra mim uma partilha, desconsiderar a
personalidade jurídica inversamente, ou seja, atingir uma sociedade do qual eu sou sócio, para
sancionar o abuso da personalidade jurídica.
133
desconsideração da personalidade jurídica, ela ocorre basicamente quando há um abuso a
autonomia.
Do ponto de vista do processo, o direito material diz que não é uma questão processual
quando a personalidade pode ou não ser desconsiderada, mas a consequência da desconsideração
da personalidade jurídica é processual, é a extensão da responsabilidade executiva para cima, para
empresa, ou, para baixo, para os sócios.
Na vigência do CPC de 1973 o Juiz mandava fazer a penhora on-line de todos os sócios da
empresa, se você tinha uma quota não importava, o efeito disso é que você acordava com a notícia
do seu gerente de que seu cheque voltou porque teve R$15.000,00 retirados da sua conta, isso era
algo desfuncionalidade e não poderia mais ser desse jeito.
Acontece que, nem sempre o sócio é o responsável, o sócio de uma sociedade anônima
não vai ter o patrimônio atingido, a não ser que ele seja controlador, administrador, ou seja, o
administrador pode ser responsabilizado pelas dívidas da sociedade, o controlador também, mas
não os sócios.
O simples fato de ser sócio não torna você responsável se a empresa s e tornou insolvente,
mas, há regras especiais como, por exemplo para as instituições financeiras, em razão do risco
sistêmico que existe na quebra de um banco, ou seja, o direito material tem milhares de regras
sobre desconsideração de personalidade jurídica.
Na atualidade, você pode pedir ao Juiz uma tutela cautelar para bloquear determinado
valor sobre mero risco de dissipação antes do fim do processo, mas o que se realiza não é o ato de
execução, a penhora não pode ser feita.
Ele está previsto no artigo 133 o qual diz que “o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe
couber intervir no processo”.
134
O artigo 134, por sua vez, diz que “o incidente de desconsideração é cabível em todas as
fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título
executivo extrajudicial”.
O Bernardo fez uma pergunta acerca da matéria e o Renato respondeu que é o direito
material quem responde, não é o processo, então a primeira questão é essa, o incidente processual
de desconsideração da personalidade jurídica serve para estender a responsabilidade executiva a
alguém que não tem legitimidade executiva.
Outra pergunta, o Renato acha que o fato de você simplesmente ser sócio não faz com que
você seja devedor que você seja responsável pelas obrigações da companhia, isso significa que em
uma sociedade anônima, por exemplo, o sócio não é responsável, o controlador pode ser, o
administrador pode, mas o sócio em si não.
O Renato acha que não há uma regra tabelada, o que há, na verdade, é a necessidade de
se provar naquele caso concreto e o ônus e do requerente de que aquele sócio contribuiu de alguma
maneira para aquilo, o Renato acha que ele não tem necessariamente a obrigação de se opor a
decisão que foi tomada, ele pode simplesmente não saber.
12.Impenhorabilidade
12.1. Introdução
Lembrem que, na aula passada nós falamos sobre responsabilidade executiva e que os bens
do devedor estão sujeitos a penhora, ou seja, a expropriação forçada. Esses bens, não são apenas
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aqueles que o executado tinha no momento em que a obrigação foi contraída, mas os bens que ele
tem no momento em que se faz a execução.
Por isso, há um artigo que fala que a execução se dá sobre os bens presentes e futuros, é
nesse sentido que se usa a expressão presentes e futuros, isto é, presentes e futuros em relação à
constituição da obrigação. Isto quer dizer que, no momento da execução são todos os bens que
integram o patrimônio do executado mais alguns bens que estão fora desse patrimônio.
A responsabilidade executiva também pode atingir bens que estão fora, por exemplo, os
bens alienados em fraude, eles não estão mais no patrimônio do executado, mas, ainda assim,
submetem-se a responsabilidade executiva, eles podem ser executados.
Ocorre que, nem todos os bens que integram o patrimônio do executado estão sujeitos a
execução forçada, estes são os bens impenhoráveis. A impenhorabilidade é uma decorrência
daquela ideia de que a execução, embora se processo no interesse do exequente, ela deve preservar
a dignidade do executado e, para isso, existem limites políticos a execução, limites impostos,
inclusive, pela ordem constitucional.
O regime das impenhorabilidades deve ser, portanto, interpretando a luz dessa ideia de
que existe uma dignidade a qual deve ser preservada. Todavia, isso não quer dizer que o risco de
falência do executado represente em si, algo que viole a sua dignidade, ou seja, falir não é algo que
viola a dignidade do executado, pelo contrário, isso é algo que pode ser feito.
Nesse sentido, o Juiz não pode indeferir uma penhora, porque a penhora desse bem poderá
levar o executado a falência, o risco de penhora, o risco de insolvência não é em si algo que infrinja
a dignidade do executado. Então, as impenhorabilidades são, portanto, os bens do executado que
não são atingidos pela penhora, a rigor, isso é o mesmo que dizer que é impenhorável e dizer que
esse bem não pode ser expropriado.
136
Ocorre que, não muitos anos atrás, as pessoas misturavam, sobretudo na execução, elas
confundiam alguns conceitos de direito material no processo, isso era mais visível , ainda, na
execução: credor, devedor. Então, existe a execução espontânea no Direito Civil e existe a execução
forçada, que é a execução no processo.
Nesse sentido, eu posso executar espontaneamente uma execução, mas, se eu não cumpro
a obrigação, ela pode ser feita de forma forçada. Todavia, esta não é uma contraposição
tecnicamente correta, porque ela contrapõe coisas que estão no mesmo patamar.
No que tange a esse vício de linguagem, as pessoas falam execução forçada no sentido de
execução judicial. Trata-se da mesma ideia de quando você decompõe a obrigação em dívida e
responsabilidade, é um erro muito comum dizer que a responsabilidade está no plano do processo,
mas isso não é verdade, essa responsabilidade, que é um elemento da obrigação, não é processo,
isso aqui é pretensão, eu tenho o débito e tenho uma pretensão, com isso, eu posso exigir
judicialmente a obrigação, e, aí, se eu tiver essa responsabilidade, no plano do processo, eu posso
ser condenado por responsabilidade executiva, mas isso é direito civil, não é processo.
Lembrem que, antes de falar das impenhorabilidades em espécie, nós devemos falar do
princípio da menor onerosidade, que é a matéria da prova da qual nós falamos em uma aula
antecedente.
A execução deve ser feita em interesse do credor e de modo menos oneroso possível para
o executado, desde que, esses meios sejam igualmente eficazes. Isso significa que, se existem dois
meios igualmente eficazes, o meio menos oneroso se impõe.
Por exemplo, eu posso penhorar dinheiro, ou posso receber uma fiança bancária, a finança
bancária é igualmente eficaz, mas é menos onerosa. Dessa forma, eu não posso recusar a
substituição do dinheiro penhorado na fiança bancária com fundamento no princípio da menor
onerosidade.
137
É por isso que diz lá o artigo 805 que “quando por vários meios o exequente puder
promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado;
parágrafo único ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar
outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já
determinados”.
Ocorre que, a execução como vocês sabem, ela se processa no interesse do exequente, por
isso que há o rol do artigo 835, ele era um rol muito importante na vigência do CPC de 1973, porque
era um rol de bens que poderiam ser penhorados.
Impende salientar que, o importante desse rol é que o primeiro deles é o dinheiro, o
dinheiro é o melhor bem a ser penhorado, tendo em vista que ele não precisa ser avaliado,
diferentemente do que ocorre com a penhora de um imóvel, eis que, você não sabe quanto ele vale,
com isso, ele precisa ser avaliado, ao passo que, dinheiro é dinheiro, você já sabe o seu valor exato.
Ou seja, é muito mais cômodo penhorar dinheiro do que coisas.
Eu perguntei se a penhora on-line foi igualada ao dinheiro, o Renato respondeu que sim e
que, na verdade, a diferença da penhora on-line não é o objeto, ela penhora a mesma coisa, mas a
maneira de ser feita é diferente, porque ela é feita pelo computador dai o online.
A penhora de um bem impenhorável é uma nulidade que pode ser conhecida, inclusive, de
ofício, porque na impenhorabilidade se tutela a dignidade do executado. Por isso, se entende que o
Juiz, por ser uma questão de ordem pública deve, mesmo de ofício, decretar a nulidade da penhora
realizada.
No novo código com a ideia da cooperação, o Juiz deve, sempre que possível, dar a outra
parte a oportunidade de se manifestar antes, isso quer dizer que, quando há uma urgência, como
no caso em que eu tenha penhorado uma cadeira de rodas, neste caso, pode ser que o Juiz mesmo
sem ouvir libere o bem, mas, aí, é um contraditório diferido, ele vai ouvir, mas vai liberar antes.
O novo código vem com a ideia de mandar a parte se manifestar antes de começar a
penhorar as contas, a não ser que a audiência justifique a concessão da tutela de urgência.
A Carol disse que você penhora os R$700.00,00 e depois penhora várias contas, o Renato
disse que, a partir do momento que você penhora essa quantia, você não pode penhorar as outras
138
contas, porque o exequente já satisfez o seu crédito. Mesmo no NCPC, na dívida de R$700.000,00,
ele só pode penhorar esse valor, ele não pode penhorar a mais.
A Carol perguntou se tem uma regra específica para falar sobre isso, pois, na prática
penhorava-se várias contas e, tendo em vista isso, ela, ainda, perguntou se já não era possível parar
a penhora a partir do momento que se perfizesse o crédito.
O Renato respondeu que há um artigo específico sobre isso, o qual fala que o exequente
só pode penhorar bens suficientes, ou seja, não pode penhorar a mais, caso contrário há o que nós
chamamos de excesso de penhora.
Essa lei trata da impenhorabilidade do bem de família, diz lá o artigo 1º dessa lei que “o
imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por
qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses
previstas nesta lei”.
Existe uma série de exceções a essa regra geral do qual a gente não precisa falar agora. Por
exemplo, se o bem for resultado do produto de um crime ou sobre as dívidas que digam respeito ao
próprio bem, às vezes, também, o fiador tem um bem, ele pode ter esse bem atingido, enfim, há
uma série de exceções que vocês não precisam saber disso agora.
No entanto, saibam que elas existem, a regra geral é: o único imóvel da família, em que a
família reside é impenhorável, a ideia é a tutela da dignidade, ou seja, a minha casa, a casa onde eu
moro, pelo menos ela é inexpropriável.
Existia uma discussão de ordem econômica sobre se isso não era ruim. Por quais motivos o
crédito no Brasil é tão caro? Quanto mais você o protege, mais caro você torna o crédito, essa é
uma discussão interessante, pois, medidas protetivas tem, às vezes, um efeito contrário.
Isto ocorreu nas locações da década de 1990, pois a lei que tratava desse assunto era muito
favorável ao locatário e as pessoas acabavam por não alugar os imóveis . Com isso, eles ficavam
muito caros, o que fazia com que, na ideia de proteger, a lei acabava e acaba prejudicando.
139
Então, discussões que no em torno do bem de família é sobre isso, isto é, se essa
impenhorabilidade não é uma maneira de tornar o crédito muito caro. É por isso que a lei, por
exemplo, excepciona a dívida contraída para a aquisição do próprio imóvel.
Por exemplo, se eu vou a um banco, peço dinheiro, dou em hipoteca o imóvel e não pago,
esse bem que eu dei em garantia, ele pode ser executado, ele é penhorado. Ou seja, existem uma
série de exceções das quais vocês não precisam saber os detalhes.
A relativa é aquela que diz que essas coisas são impenhoráveis, salvo se não houver outras
que possam ser penhoradas antes. Trata-se de uma espécie de benefício de ordem, eu não posso
penhorar, desde que, exista outra coisa que possa ser penhorada e isso é o que diz o artigo 834:
“Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis ”.
Imaginem, por exemplo, que eu tenha um imóvel clausulado, ou seja, eu recebi esse imóvel
por herança, com uma cláusula de incomunicabilidade, impenhorabilidade, ienabilidade, ele não
pode ser penhorado, mas excepcionalmente – digamos que ele esteja alugado-, o exequente pode
penhorar os frutos desse imóvel, ou seja, os aluguéis.
Um detalhe importante, existia uma exceção a essas duas regras que é aquela segundo a
qual, ainda que o bem seja impenhorável, ele não deve ser penhorado se o valor dele não cobre as
despesas da execução, não é que ele seja impenhorável, significa que a própria execução não tem
sentido econômico, então, não se deve permitir a execução.
Isso está lá no artigo 836 o qual fala que “Não se levará a efeito a penhora quando ficar
evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo
pagamento das custas da execução”.
140
Isso ocorre, às vezes, na execução de pessoas mais humildes. Nesse caso, nós temos o que
se chama penhora portas adentro, existe um bem de família, você entra na casa da pessoa e penhora
o que você encontra, mas, às vezes, a pessoa não tem nada.
Por exemplo, no que tange às custas do artigo 836, para avaliar um chevet 1977, você
precisa de um perito, o perito vai cobrar R$2.000,00 para fazer aquela avaliação, ou seja, muito cara
para aquele processo. Por isso, as custas não compensam para fazer com que esse automóvel seja
levado a leilão.
Oportuno, ainda, dizer que esse é um exercício abusivo da sua posição na execução, ou
seja, você fazer uma coisa simplesmente para prejudicar o executado. Dessa forma, embora a
execução se processo no interesse do exequente, ele não pode tudo.
O artigo fala que são impenhoráveis, e se eles são impenhoráveis, consequentemente eles
são inexpropriáveis. A penhora é uma preparação para a expropriação, então, quando eu digo que
algo é impenhorável, eu estou querendo dizer, no final das contas, que essa coisa não é
expropriável.
A) Inciso I
“Os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução” Os bens
inalienáveis, são os bens que não são alienáveis, como o mar, por exemplo. Quando ele fala em
“declarados, por rato voluntário, não sujeito a execução”, nós estamos falando dos bens
clausulados.
Todas essas impenhorabilidades devem ser interpretados de acordo com a tutela geral da
tutela da dignidade, ou seja, se parecer haver abuso, você passa a poder penhorar. É claro que,
existem controvérsias, o Dinamarco dá o seguinte exemplo: imaginem que eu more em uma mansão
no Jardim Pernambuco que vale R$20.00.000,00 de reais. Esse bem é impenhorável? Sim, você
vende esse bem, fica com uma parte do dinheiro para comprar outro imóvel e a outra parte você
entrega ao exequente.
141
No direito Brasileiro, tecnicamente, o cachorro é uma coisa, é um semovente, só que, hoje,
alguns direitos entendem que o animal de estimação não é mais uma coisa, ou seja, ele é um ser
semi-ciente, ainda que não seja, obviamente, um ser pensante, ele não pode ser titular de deveres .
Eu não quero dizer que o animal deva ser tratado como ele era tratado no séc. XIX, não é
isso, mas, você não pode imputar deveres aos animais, ou seja, você não pode dizer que o cachorro
tem personalidade jurídica, porque a personalidade jurídica é uma capacidade genérica de se
contrair direitos e deveres e você não pode imputar deveres aos animais.
O direito brasileiro não fala que os animais são impenhoráveis, isso não está claro, os
animais não estão no rol dos bens impenhoráveis, mas, aí, entra a questão da interpretação
teleológica da dignidade.
Nós, ainda, não vimos falar que é a dignidade do cachorro, já vimos que é a dignidade do
executado, porque, penhorar o cachorro de estimação de alguém é, digamos assim, uma maneira
de constranger a pessoa.
Nesse sentido, a interpretação que não é tão progressista é por aí, porque você penhorar
um animal de estimação é maldade e essa é uma maneira de espezinhar o executado. Por isso, não
se poderia fazer, no entanto, no futuro, quem sabe, os animais de estimação vão acabar entrando
no rol de bens impenhoráveis.
B) Inciso II
Essa é uma novidade, nessa redação do CPC de 2015, ela veio para evitar a história de
penhorar coisas que sejam de extrema utilidade para o executado.
142
De fato, a moto não entraria aqui, mas a ideia é: isso que ultrapassa as necessidades
comuns, você não vai entrar na casa da pessoa e penhorar, por exemplo, televisão ou ar
condicionado.
No entanto, se você tiver um quadro da sua mãe que tenha sido pintado pelo Portinari,
você pode dizer que é a sua mãe, tem um valor afetivo, tem um valor sentimental. Todavia, o Juiz
pode entender que esse quadro pode ser penhorado, ainda que o artista que o pintou tenha sido
um artista renomado, se for um quadro valioso, faz sentido que ele seja penhorado.
C) Inciso III
“Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado
valor”.
Vejam de novo que o inciso anterior fala que ultrapasse as necessidades comuns, fala de
“salvo de elevado valor”, então, aqui você também deve interpretar de modo teleológico, o
vestuário é algo que não pode ser penhorado, mas o exemplo da bolsa da Louis Vouitton, pode ser
que ela seja penhorada.
Essas bolsas caras dão para penhorar, mas você não vai penhorar as cuecas do executado.
Outra coisa, você pode penhorar as joias, mas você não pode penhorar aliança, no caso de ter varias
alianças, ainda que você diga que ganhou com 10 anos de casamento, ela pode ser penhorada.
O CPC de 1973 falava especificamente no anel de noivado, agora ele não fala mais, mas,
ainda assim, mesmo que não fale mais, ele se encaixa no inciso III.
D) Inciso IV
Montepio era uma espécie de antiga previdência privada que não se usa mais.
143
Se você recebe pensão alimentícia para os seus filhos do seu marido, essa pensão que você
recebe não pode ser penhorada, ou seja, ela tem natureza alimentar e serve para você alimentar
seus filhos.
O §2º diz que “O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora
para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às
importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar
o disposto no art. 528, §8º, e no art. 529, §3º”.
Ou seja, essas regras valem até 50 salários mínimos e não valem para pensão alimentícia.
Digamos que eu tenho sido condenado a pagar pensão alimentícia, o meu salário pode ser
penhorado, não só parte dele, mas sim, ele todo.
Agora, para todo o resto tem limite de 50 salários mínimos. Pode penhorar pensão sem ser
alimentícia? Pode.
E) Inciso V
Agora, eu tenho uma edição da magna carta em casa que vale muito dinheiro, ela pode ser
penhorada? Pode.
144
vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar,
trabalhista ou previdenciária”.
Então, essa é uma especificação que mostra que se eu tenho um trator na minha fazenda,
esse trator é impenhorável.
F) Inciso VI
“O seguro de vida”.
Você pode penhorar o meu seguro se eu morrer, em tese, poderia ser penhorado, mas o
seguro de vida é importante para a família, lembra um pouco o lado da dignidade do executado.
G) Inciso VII
“os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas”.
Isso acontece muito frequentemente, a pessoa tem uma obra e tem vários sacos de
cimento na casa dela, para colocar mais um andar, então, você não pode penhorar o material de
obra em andamento, salvo se você estiver penhorando a própria coisa, o próprio imóvel.
H) Inciso VIII e IX
“a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família”.
“os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em
educação, saúde ou assistência social”.
Então, frequentemente, o poder público faz convênios com certas instituições privadas
para realizar determinada atividade de interesse público, então, às vezes, acontece com uma OS, o
dinheiro do repasse do governo para a OS não pode ser penhorado, pois, vem do estado, e como se
tivesse um carimbo, uma espécie de prolongamento da impenhorabilidade da coisa pública, ainda
que tenha deixado de ser público, a rigor, ao ter entrado na conta do devedor, nesse caso continua
impenhorável, porque está afeto à uma função pública.
I) Inciso X
145
Isso é importante, pois, a ILCI e a ILCA podem ser penhorados, pode ter uma rentabilidade
maior, mas a caderneta de poupança, até 40 salários mínimos é impenhorável.
J) Inciso XI
“Os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei ”
K) Inciso XII
Esse aqui é fruto de algum lobby, nunca se viu nada sobre esse caso.
O fato da incorporadora ter o crédito penhorado, não a exime de fazer a obra, ela tem a
obrigação de continuar fazenda essa obra. Existe uma lógica, porque, de fato, se você tira o dinheiro,
você atrapalha a execução, isso faz sentido.
Todos esses incisos devem ser interpretados teleológicamente, ou seja, não dá para
interpreta-los em caráter absoluto, é preciso pensar se neste caso concreto a dignidade do
executado prevalece sobre o direito desse exequente: sim ou não? Essa é a lógica.
13.Fraudes do Devedor
13.1. Introdução
Lembrem que, a lei fala em bens presentes e futuros, ou seja, não só apenas os bens de
titularidade do executado no momento de constituição do débito, mas no momento da execução.
Se eu devo alguma coisa para alguém, esse alguém ajuíza uma demanda contra mim e
ganha, eu sou condenado. Todavia, digamos que, logo em seguida, eu ganhe na Mega-Sena, o que
eu ganhei na Mega-Sena pode ser atingido na execução forçada, ou seja, é no momento da execução
que eu vejo qual é o patrimônio do executado e sobre ele eu tiro os bens impenhoráveis, com isso,
sobram os bens no patrimônio do executado, os quais estão sujeitos a execução.
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Nós vimos, também, que existem certos bens fora do patrimônio do executado que podem
ser atingidos na execução forçada. Por exemplo, quando a gente falou de desconsideração da
personalidade jurídica, nos vimos que, às vezes, o bem da empresa do qual o executado é sócio,
pode ser atingido, ou seja, ainda que a empresa não tenha participado em contraditório da
formação do título executivo, ela pode ter um bem seu atingido na execução contra os sócios, por
algumas das razões das quais nós já falamos.
A matéria da aula de hoje é uma outra maneira de resgatar bens que estão fora do
patrimônio do executado e submetê-los a responsabilidade executiva, esse instrumento chama-se
as fraudes do devedor.
Nesse caso, eu estou falando do devedor e não executado de modo intencional, porque,
nós veremos que há três espécies de fraude do devedor, na primeira delas, ele ainda não é parte,
na segunda ele ainda não é executado, é por isso que se usa um termo mais genérico: “fraudes do
devedor” e não um termo mais específico: “fraudes do executado”.
No final das contas, embora a função da decisão que reconheça a fraude seja tornar um
bem que está fora do patrimônio do devedor e do executado em um bem que possa vir a ser
executado, mais precisamente, sujeitando-o a uma execução forçada, aqui, esse instrumento não
será necessariamente um instrumento para reprimir aquele que está sendo executado, pode ser
também apenas aquele que ainda é devedor, sem mesmo a existência de um processo.
Vejam, eu estou dizendo que ele se torna ineficaz, eu não estou dizendo que o negócio
jurídico em fraude é um negócio nulo ou anulável, na verdade, eu estou dizendo que ele é ineficaz
em relação ao credor, isso faz toda a diferença.
147
D ___________ C
| Execução forçada
Fraude |
Terceiro
Me adianto dando um exemplo concreto disso. Havia, quando a bolsa do Rio de Janeiro era
importante, havia títulos de sociedade da bolsa das quais muitas empresas e pessoas eram titulares,
isso valia para bolsa do Rio, para CETIP, enfim, esses títulos não valiam quase nada há um tempo
atrás. Ocorre que, hoje, eles valem muito mais do que valiam antes.
Imaginem que, um título desse que não valia nada, tenha sido alienado em fraude, vamos
dizer que em 1996 e que o seu valor era de R$50.000,00, mas o processo demorou muito e a
Execução só ocorreu em 2013, na qual a valorização foi notória e o título passou a valer
R$1.000.000,00.
Imaginem, ainda, que a alienação desse título tenha sido em fraude. Se eu digo que esse
negócio jurídico é nulo, ou anulável, temos como consequência o retorno das partes ao estado quo
ante.
Quem fica com o saldo, neste caso? Se eu entendo que a consequência do reconhecimento
da fraude é a desconstituição do negócio, ou seja, houve um retorno ao estado anterior, neste caso,
o saldo fica com o alienante, ou seja, com aquele que alienou em fraude e não com o adquirente.
É por isso que hoje se vê menos isso, mas, muito frequentemente, se diz que a
consequência da fraude é a anulabilidade do negócio jurídico, no entanto, isso não está correto,
pois não é a anulabilidade, na verdade, trata-se da ineficácia do negócio jurídico em relação ao
credor.
148
Na verdade, vai ser a ineficácia com relação ao credor, pois foi ele quem pediu a
declaração de ineficácia do negócio jurídico.
A diferença prática é muito grande, pois, se o bem alienado vale mais do que a dívida,
dependendo do que eu entenda - ineficácia ou anulabilidade -, eu estou dizendo que o saldo ficará
com o alienante e não com o adquirente.
No caso da ineficácia, o saldo fica com o adquirente, com o terceiro, eu comprei um título
em fraude, ou seja, ele está sujeito a responsabilidade executiva, mas pertence ao adquirente; se
eu digo, no entanto, que esse negócio jurídico deve ser desfeito, eu estou dizendo que essa coisa
deve voltar ao patrimônio do devedor, se volta ao patrimônio do devedor, o saldo deveria ficar com
o devedor. É por isso que, a consequência do reconhecimento da fraude será a invalidade ou
anulabilidade do negócio, haverá sempre uma ineficácia em relação ao credor que reclamou.
Pensa o seguinte, o bem fica com quem você entende que tenha consequência jurídica, se
a gente entende que é ineficácia, o terceiro adquirente fica com o saldo, se eu entendo que é
anulabilidade ou nulidade o bem retorna para o adquirente.
Vamos pensar em um exemplo, nós temos três pessoas: nós temos um credor que cobra a
dívida de um devedor e um devedor que aliena determinada coisa a um terceiro. Essa alienação é
uma alienação fraudulenta.
Imaginem que, esse credor vai executar o devedor, e, aí, ele descobre que esse bem saiu
do patrimônio do devedor e foi para um terceiro, ele vai dizer que o devedor está enganando ele,
ou seja, ele vai dizer que essa alienação foi fraudulenta e que ele quer poder penhorar esse bem
que foi alienado.
Nessa toada, imagine que o Juiz entenda que, de fato, houve uma alienação fraudulenta.
Qual a consequência do reconhecimento de que houve uma fraude? Pode ser a ineficácia desse
negócio jurídico, ou, mais tradicionalmente, a anulabilidade ou a nulidade; a diferença é que se eu
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digo que essa transação é ineficaz em relação ao credor, eu estou dizendo que ele pode penhorar
esse bem. No entanto, o bem voltou ao patrimônio do devedor? Não, o bem continua no patrimônio
do terceiro, só que, o terceiro é parte legítima a execução forçada, ou, mais especificamente, esse
bem dele passa a poder ser atingido na execução forçada.
Imaginem que, esse bem valha muito mais do que a dívida, a dívida é de R$100.000,00 e o
bem vale R$1.000.000,00, o credor pode falar para o terceiro que vai penhorar o bem dele e vai
levá-lo a leilão; imaginem que no leilão ele seja vendido por R$1.000.000,00, o credor tem direito a
ficar com quanto? R$100.000,00, ele é credor desse valor, sobraram R$900.000,00. Só que, eles
ficam com o terceiro ou com o devedor? Ou seja, com o alienante ou com o adquirente? Com o
adquirente, porque não houve um desfazimento da transação, houve, na verdade, um
reconhecimento de que essa transação é ineficaz em relação ao credor.
Eu comprei algo em fraude e me dei mal, só que, eu comprei, logo, a coisa passou a ser
minha. É claro que, se o valor da dívida for maior do que o valor do bem, não faz diferença. Mas, se
o valor do bem for maior do que o da dívida, faz muita diferença, porque o saldo fica com o
adquirente.
Se você, por acaso, entende que é uma questão de anulabilidade e de nulidade, a diferença
prática é muito grande, porque, se você anula ou nulifica, não acontece a ineficácia, o que há , na
verdade, é que a coisa que foi passada para um terceiro volta a ser do devedor.
Portanto, a ideia da anulação é justamente a ideia do statu quo ante e isso faz com que, se
houver um saldo, o saldo fique com o titular da coisa, já que houve a anulação, por assim ser, não
fica com o adquirente, o que não é razoável. Por isso que a consequência do reconhecimento da
fraude é sempre a ineficácia da transação em relação ao credor prejudicado, nunca o desfazimento
do negócio jurídico, isso em todos os casos.
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Imaginem que, você tem a ciência de que existe uma causa entre duas pessoas sobre a
propriedade de um bem, com isso, você chega para o litigante e fala que ele está sem dinheiro para
brigar, há uma dúvida acerca da propriedade do bem, eu quero pagar o apartamento, ele vale
R$1.000.000,00, mas eu vou pagar a metade, aí, o devedor diz que aceita, mas, desde que, você
coloque uma cláusula que eu não sou responsável pela evicção, ou seja, você está pagando menos,
mas está comprando o meu risco.
Não esqueçam isso, o risco é uma coisa que deve ser precificada, não é absurdo comprar
uma coisa se existe riscos sobre ela, desde que, você saiba precificar esse risco, eu posso perder o
bem, mas se você conhecer o risco e precificá-lo, pode ser que valha a pena.
Há uma forma crescente de gravidade, em que a chamada fraude contra credores, ela é,
digamos assim, a fraude menos grave, o fato dela ser a fraude menos grave, tem como consequência
a proteção maior que a lei dá ao terceiro.
Nós vamos falar de três fraudes: a fraude contra credores, a fraude de execução e alienação
de bem penhorado.
Ou seja, quanto mais nos andarmos para a direita, mais grave é a conduta das partes e,
com isso, menos se exige para reconhecimento da fraude. Mas é claro que, na fraude contra
151
credores não existe processo ainda, ao passo que, na alienação de bem penhorado, já há um bem
penhorado.
Então, se eu alieno um bem penhorado é muito mais grave do que comprar uma coisa sem
que nem houvesse, ainda, um processo que pudesse dizer a respeito da coisa, isto é, aqui, o terceiro
está mais protegido, as partes estão mais protegidas, os requisitos para o reconhecimento da fraude
são mais restritos.
Quanto mais para a direita nós estivermos, mais difícil será você sair dessa situação, eis
que, os requisitos são mais exigentes ao reconhecimento da fraude, ou seja, é mais fácil se livrar da
fraude na fraude contra credores do que, por exemplo, na alienação de bem penhorado.
Ela é regulada no Código Civil. Diz lá o artigo 158: “Os negócios de transmissão gratuita de
bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos”.
Aqui, nós temos dois casos: os negócios gratuitos e os negócios onerosos, é claro que, os
negócios gratuitos são muito mais difíceis de explicar do que os negócios onerosos. Nesse sentido,
podemos dar o seguinte exemplo: se eu sei que vou perder um processo, que ficarei solvente, eu
faço uma doação do meu imóvel para o meu vizinho, tem como o meu vizinho dizer que está de
boa-fé? Difícil.
Então, nós temos no artigo 158 do Código Civil os negócios gratuitos e no artigo 159 do
mesmo novel, os negócios onerosos. Vocês verão que o artigo fala em “anulação”, “anulados”, mas
é como vocês viram, não será caso de anulação, será caso de ineficácia em relação ao credor
prejudicado.
Ou seja, no negócio oneroso é preciso que o credor prove que o terceiro sabia que aquela
alienação era feita por um devedor insolvente, ou, por um devedor que, com aquela alienação se
tornaria insolvente, ao passo que, nos negócios gratuitos, basta a insolvência e o seu motivo.
152
Dessa forma, nos negócios onerosos é preciso a prova de que o terceiro não estava de boa-
fé, em que estar de boa-fé significa não saber que essa alienação era feita por alguém insolvente,
ou, em risco de se tornar insolvente.
Imaginem que, eu tenha comprado um apartamento, e, aí, aparece alguém dizendo que
aquele bem deve ser executado, isso é completamente diferente, o negócio oneroso é aquele que
não é gratuito.
Por exemplo, no que tange a simulação, eu tenho que demonstrar que ela ocorreu.
Digamos que, o meu vizinho me venda seu imóvel por R$1.000,00, o valor está muito abaixo do
mercado e isso já demonstra per si que houve uma simulação.
Nesse caso, aplica-se a regra do negócio jurídico gratuito, na qual basta a insolvência do
devedor. Isto porque, essa venda por R$1.000,00, na verdade, não é uma venda, é uma doação.
Nesse sentido, o negócio jurídico simulado deve ser interpretado como aquilo que ele realmente é,
isto é, ele vai ser uma alienação gratuita e, por isso, é dispensável o consilium fraudes.
O que é o consilium fraudes? Há várias teorias sobre isso, existem jurisprudências, existem
juízes e existem desembargadores que são mais pró devedores, os quais exigem que se prove que
realmente se sabia que o alienante estava em fraude.
Por outro lado, outros dizem que basta que o terceiro pudesse razoavelmente saber. Então,
há uma série de teorias, de interpretações entre o “deveria saber”e o “sabia”, ou seja, se o
adquirente tinha consciência da fraude, ou não.
O Renato acha que é preciso provar a consciência de que havia a insolvência ou o risco de
insolvência. Portanto, é preciso que ele saiba e, neste caso, eu não preciso mostrar que ele estava
de má-fé. O consilium fraudes, na verdade, é a ciência de que você sabe daquilo.
Por exemplo, um determinado bem é alienado, mas existem contra o alienante vários
pedidos de falência no cartório da cidade, em que o bem vai ser alienado. Digamos que, você que
vai comprar o apartamento, você vai tirar a certidão de distribuição, se existirem lá três pedidos de
falência, quarenta ações de cobrança, não há como você dizer que não tinha ciência.
Como é que é feita a prova disso? Neste caso, o ônus da prova é do autor/credor que ajuíza
a Ação Pauliana.
153
Detalhe importante, esse reconhecimento não é um reconhecimento incidental, isto é, é
preciso que se ajuíze uma demanda autônoma pedindo o reconhecimento de que esse negócio foi
alienado em fraude contra credores e, nesse caso, a sentença decretará a ineficácia em relação ao
credor. Isto porque, a fraude contra credores é menos grave do que a alienação de bem penhorado,
quanto mais grave, mais fácil de provar a fraude.
Outra coisa a ser frisada é que, aqui, não há um processo pendente, por isso se fala em
credor e devedor, não há ainda exequente e executado.
Um detalhe importante é que, essa ineficácia é uma ineficácia apenas em relação ao credor
que ajuíza a demanda, não é para qualquer credor. Por isso que não existe litisconsórcio necessário,
não é preciso que todos os credores se reúnam e ajuízem todos juntos uma demanda. Nessa toada,
se eu sou um credor e só eu tive a iniciativa de ajuizar a ação Pauliana, o direito não socorre aos que
dormem.
Para o Renato, o consilium fraudes é a ciência, se eu provar que ele sabia ou que ele
razoavelmente deveria saber, ele está em fraude.
Por fim, insta ainda salientar que, essa sentença é declaratória, portanto, ela declara a
ineficácia do negócio jurídico, ela não é desconstitutiva, logo, ela não desfaz o negócio, ela somente
declara a sua ineficácia.
A fraude de execução, ao contrário do que sugere o seu nome, ela não é uma fraude apenas
na pendência da execução, ela é uma fraude na pendência de um processo. Ou seja, ela é a oneração
de um bem na pendência de um processo, quer executivo, quer ainda na fase de conhecimento.
O artigo 792 diz que: “a alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
§1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente”.
154
Por sua vez, o inciso I vai dizer que “quando sobre o bem pender ação fundada em direito
real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no
respectivo registro público, se houver”.
A Luisa perguntou se isso não seria feito na fase de conhecimento, o Renato respondeu que
se a alienação for feita ainda durante a fase de conhecimento, não há nenhum problema, mas o
incidente vai ser durante a execução, pois você quer penhorar o bem.
Você tem, também, esse incidente na fase de conhecimento, só que, mesmo que, a
alienação seja feita durante a fase de conhecimento, ela será feita em fraude à execução e o
incidente vai ser no momento que você vai pedir a penhora. Dessa forma, você não pede a penhora
na petição inicial, você pede a penhora na execução provisória ou definitiva.
O inciso II vai dizer que “quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do
processo de execução, na forma do art. 828”.
Essa averbação é quando existe uma execução pendente. Dessarte, ainda que a demanda
originária não tenha dito a respeito daquele determinado bem, você pode fazer um registro de que
existe a execução para, com isso, impedir que o imóvel seja alienado.
Na verdade, você não registra a pendência de um processo sobre aquele bem, você está
cobrando uma dívida pecuniária, logo, você pode registrar que existe uma execução, não é uma
reivindicação de entrega da coisa, você registra que há uma execução antes mesmo de fazer a
penhora, só para não vir outra pessoa e comprar dizendo que estava de boa-fé.
155
O inciso III vai dizer que “quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca
judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude ”.
A ideia do código é que, o terceiro vai dizer que não sabia, então, eu preciso,
razoavelmente, mostrar que ele não tem como dizer que não sabia. Tal procedimento é feito
averbando a pendência do processo no registro do bem, e, aí, quando você for comprar o bem, você
tem que olhar o registro dele, olhando o registro, você vai ver que há uma hipoteca judiciaria. Por
assim ser, o comprador tem que ser diligente, você tem que pedir a certidão do imóvel, se lá tiver
um apontamento de uma execução, você não pode dizer que não sabia.
Há uma situação que, às vezes, acontece a qual é quando entra um terceiro de boa-fé.
Imaginem que, eu quero vender uma coisa pra você em fraude, só que, a gente sabe que se eu
vender diretamente pra você, você vai ter que ter olhado as minhas certidões dos distribuidores e
estará tudo, digamos assim, sujo.
Com isso, a gente combina de pegar um terceiro: a Alice, eu vou vender para a Alice por
R$100.000,00 - a Luisa está de boa-fé - agora, a Alice vai e vende para a Luisa, que viu que as
certidões da Alice estavam limpas.
Oportuno, assim, dizer que será para casos como este que o registro irá servir, pois, a mera
pendência do processo, você não teria como saber. Mas, para fazer essa triangulação, se eu registro
no RGI, não tem como você dizer que estava de boa-fé. Nessa toda, no que tange a mera pendência
do processo, você consegue sair dizendo que está de boa-fé, mas, se for no registro do imóvel, você
não consegue sair dizendo que está de boa-fé.
O inciso IV vai falar que “quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra
o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência”.
Essa é a mesma hipótese que existe na fraude contra credores. Aqui, há insolvência, mas
não se exige o elemento subjetivo, porque aqui é mais grave, ainda que não seja um negocio
gratuito, há um processo pendente. Então, não se exige consilium in fraudes. Isto quer dizer que,
quanto mais nós andarmos para a direita, mais grave, digamos assim, é a violação.
O §2º vai dizer que:“No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro
adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a
156
exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o
bem”.
Esse dispositivo demonstra que, diferente do que acontece na fraude contra credores, na
qual o ônus é do credor, aqui, você tem que provar que tomou as cautelas necessárias. Imaginem
que, você compre um título do jockey, você poderia ter ido ao jockey para ver se esse títulos estava
mesmo com quem te vendeu.
Lembrem, para tanto, que a lei não dá a solução em tese, no caso concreto é que o terceiro
precisa provar que não poderia ter sabido.
Uma questão a ser frisada é que, o consilium é um pouco mais do que a mera consciência,
a consciência consiste na consciência razoável sobre aquele bem, ao passo que, no consilium você
pode dizer que o terceiro tinha que saber.
Ou seja, na fraude de execução a gente fala que ele deveria saber, é impossível que ele não
soubesse. Nesse sentido, você irá dosar um pouco as coisas. Mas, mais uma vez, não há uma
resposta em tese, você tem que analisar caso a caso e pensar o seguinte, aqui, na pendência do
processo, ele poderia ter sabido ou ele tomou as cautelas necessárias?
Imaginem que, existe um processo pendente, a minha certidão está toda suja, você poderia
não ter sabido, mas eu vendi esse bem para a Alice que, por sua vez, vendeu para você. Ocorre que,
você não é obrigada a ver as minhas certidões, pois quem está lhe devendo é a Alice.
Nesse caso, não há, ainda, nenhuma relação no bem, só existem pendências, digamos
assim, nas certidões do Renato as quais dizem que há processos contra ele. Portanto,
diferentemente do que ocorre nesse exemplo, se eu te alieno, você tem consciência, ainda que não
haja nada no RGI, mas se você comprou da Alice, não é razoável que você cheque as minhas
certidões.
Portanto, antes de declarar a fraude à execução como diz o §4º: “o juiz deverá intimar o
terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze)
dias”.
Esse é o ponto, você foi acusada e eu digo para o juiz que esse determinado bem foi
alienado em fraude segundo a qual deve ser atingido na execução. Se o juiz entender que, de fato,
foi isso que aconteceu, ele, antes de fazer a penhora intima o terceiro para se defender.
157
Se os embargos forem providos não irá se estender a responsabilidade executiva, mas o que
vai acontecer com a Alice? Depende, a que título eu alienei esse bem pra Alice? Você pode ter feito
essa compra e ter renunciado ao direito de que se for evicta a coisa, não cabe indenização, ou seja,
depende da relação contratual.
Os embargos de terceiro são uma demanda autônoma e o pedido dele é para retirar aquele
bem da responsabilidade executiva.
Aqui, não há nada que o terceiro possa dizer, não precisa provar que sabia, que havia risco
ou não de insolvência; qualquer alienação de bem penhorado não retira esse bem da
responsabilidade executiva.
Insta salientar que, não há nenhum requisito, basta que o bem já tenha sido penhorado.
Ou seja, já houve uma constrição sobre ele, pode ter sido um arresto também, não importa, alienado
o bem penhorado ou arrestado, esse bem continua sujeito a execução.
Aqui já teve os atos expropriatórios? Não houve, a penhora ainda não é a expropriação, a
penhora é a preparação para a expropriação.
O ponto alienação dos bens penhorados é: não há nenhum requisito aqui, se eu alieno bem
penhorado, esse bem continua sujeito a responsabilidade executiva, pois, ele já foi penhorado.
Para concluir, mostro a vocês que há uma gradação, em que, quanto mais grave é a fraude,
menos se exige para o reconhecimento dessa fraude.
Para tanto, na fraude contra credores se exige uma demanda autônoma, logo, basta a
insolvência, no caso, do negócio jurídico gratuito ou do negócio jurídico oneroso, na qual deve-se
ter a insolvência mais o consilium.
158
Já na alienação de bem penhorado, não há requisito nenhum, alienado o bem penhorado,
ele continua sujeito a responsabilidade executiva.
Ocorre que, teoricamente, são duas coisas diferentes, porque a culpa é um elemento
importante para configuração do tipo, todavia, eu estou, por alguma razão qualquer, presumindo,
mas a culpa ainda é um requisito.
Por isso, eu digo que não é uma presunção absoluta, é uma opção do código, não depende
de nenhum elemento subjetivo; alienado o bem penhorado, esse bem continua sujeito a
responsabilidade executiva, independentemente da ciência ou não, por isso só se fala em ciência
até a fraude contra credores.
159
13.4. Tabela com Resumo da matéria
Função do
Ineficácia do NJ em relação ao Ineficácia do NJ em relação ao
instrumento de Ineficácia do NJ em relação ao credor lesado.
c redor lesado. c redor lesado.
fraude do devedor
Meio processual
Ação Autônoma: Pauliana Pedido incidental Pedido incidental
adequado.
Exigências para
reconhecimento da +++ ++ +
fraude
Proteção do
adquirente e +++ ++ +
alienante.
Requisitos para
reconhecimento da +++ ++ +
fraude.
160
14.Quadro Esquematizado da Matéria
161
15.Procedimento da Execução de Título Executivo Judicial
15.1. Introdução
Aula passada nós falamos sobre a responsabilidade executiva, ou seja, os bens sobre os
quais a execução se processa, bem como os bens excluídos dela, embora integrem o patrimônio do
devedor e, também, falamos dos bens que não integrem o patrimônio do devedor, mas que, ainda
assim, podem ser por elas atingidos.
Mas lembrem que, não estamos falando dos procedimentos especiais de execução, tais
quais as execuções especiais de alimentos, execução fiscal e etc. Ou seja, a depender da natureza
que se consubstancia o título, a execução pode se processar em um procedimento especial.
Entretanto, não estamos falando em procedimento especial, estamos falando do procedimento
comum e essa é a primeira divisão: (I) Título Executivo Judicial e (II) Título Executivo Extrajudicial.
Só que, há uma segunda divisão que é (I) a execução de título executivo judicial de quantia
certa e (II) a execução de outras obrigações que chamamos de específicas, então, aqui, na verdade,
estamos falando de execução por sub-rogação, que é a por quantia certa.
Por assim ser, a função da execução, aqui, é retirar do patrimônio do executado um bem e
com esse bem satisfazer um crédito do exequente. Todavia, é diferente do que ocorre na execução
específica, a qual é sobre a vontade do executado, pois, nesse caso, a ideia não é retirar algo do
patrimônio do executado, mas constrangê-lo, ou seja, atuar sobre a vontade dele e fazer com que
ele cumpra aquilo.
162
Essa mesma divisão ocorre nos títulos executivos extrajudiciais, nós temos a execução por
uma quantia certa e as execuções específicas. No entanto, nós vamos falar, na aula de hoje, sobre
a execução de quantia certa, de um título executivo judicial.
Lembrando, sempre, que todas essas execuções são contra devedores solventes, nós não
estamos falando de execução concursal. Se o devedor for insolvente, o procedimento de execução
não é esse, existe uma execução do devedor empresário e uma execução do devedor não
empresário, nós não vamos falar disso, isso vocês aprendem em falências, aqui, na verdade, a
execução é contra devedor solvente.
Quando é por quantia certa, a maneira de se executar é por sub-rogação, mas há uma
causalidade entre elas. Portanto, isso não quer dizer que a execução por quantia certa seja a mesma
coisa que sub-rogação, vocês devem ter em mente que, porque é de quantia certa é que acaba
sendo por sub-rogação.
A primeira coisa que se deve fazer ao executar algo é saber o seguinte: (I) Se aplica alguma
procedimento especial? Não, posso ir para o procedimento comum. (II) O devedor é solvente
mesmo ou é insolvente? Se for insolvente, nós recorremos ao direito falimentar, a insolvência civil
é outra coisa.(III) O título executivo é judicial ou extrajudicial? (IV) A obrigação é especifica ou é
pecuniária?
163
15.2. Cumprimento de Sentença
Diz lá o artigo 513 “O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título,
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte
Especial deste Código”.
Essa expressão cumprimento de sentença surgiu em 2005, ela não existia no processo
brasileiro, a gente falava só em execução, tanto no caso da execução de título executivo judicial
quanto no caso do título executivo extrajudicial.
Então, vocês vão se perguntar, pois, às vezes, parece que é execução, às vezes , parece que
é cumprimento de sentença. Bom, esse termo não existia até 2005, se falava apenas em execução,
execução fiscal, execução de obrigação de fazer, obrigação pecuniária.
164
O Renato acha melhor chamar de execução, pois, assim, você não estará nunca errado se
você chamar de execução, ou seja, execução de alimentos, execução de título executivo judicial,
execução de título executivo extrajudicial, execução de obrigação de fazer e etc.
Essa execução pressupõe uma quantia certa, mas se ela não for certa, nem líquida e nem
exigível, eu preciso realizar o incidente de concentração de liquidação correspondente. Se eu tenho,
portanto, uma sentença genérica que condena o réu a me pagar indenização por danos morais e
eles precisam ser liquidadas, eu não posso ir direto para a fase de execução, eu preciso, antes disso,
liquidar essa sentença ilíquida. A execução, aqui, portanto, é de uma quantia líquida, certa é exigível.
A execução se divide em duas fases, ela tem uma fase inicial de cumprimento espontâneo,
ou seja, uma fase em que a lei da ao executado a possibilidade de pagar, mesmo que antes de sofrer
atos executivos, é uma fase executiva propriamente dita, ou seja, fase em que se realizam atos
executivos.
Diz lá o artigo 523 “No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e
no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15
(quinze) dias, acrescido de custas, se houver”.
Quando o legislador fala em “parcela incontroversa”, neste caso, ele quis dizer que já há
uma parcela do mérito incontroversa e se permite logo a execução de uma parte, ou seja, a execução
não é provisória porque já há uma parcela incontroversa, mas ela é parcial.
Ato contínuo, ele fala em “cumprimento definitivo de sentença”, ou seja, nós não temos
uma execução provisória, não temos um título executivo provisório, ou o título executivo já
transitou em julgado, e, aí, no caso do dispositivo, ele fala no sentido de que já há uma condenação
transitada em julgado ou uma decisão transitada em julgado. Todavia, lembrem também que a
parte incontroversa pode ser executada.
Imaginem que, eu seja demandado e eu conteste apenas o pedido de dano moral e não de
dano material, ou seja, eu confesso o dano moral e a execução do dano moral se torna definitiva.
Isto porque, ainda que o processo continue em relação a outro capítulo, já teremos uma parte
incontroversa que poderá ser executada. Ou seja, se o capítulo condenatório ou declaratório
165
transitar em julgado, temos a execução definitiva desse capítulo, mas também temos a execução
definitiva de uma parcela incontroversa no caso de ela existir.
O CPC fala isso, porque no CPC de 1973 havia uma dúvida se essa execução era definitiva
ou não, agora, para que não existam questionamentos, o CPC diz que essa execução da parcela
incontroversa é também definitiva.
Ele fala, ainda, em: “far-se-á sempre a requerimento do exequente”, ou seja, é preciso
sempre que o exequente peça a intimação do executado para pagar.
Na vigência do CPC de 1973, havia uma discussão se era necessário que o exequente
pedisse a execução, o STJ entendeu durante um tempo que não havia necessidade de pedido
explícito. No entanto, hoje, como acabamos de ver nessa parte do dispositivo, esse pedido é
necessário, ou seja, o executado precisa ser intimado a pedido do exequente para pagar, o Juiz não
pode de ofício fazer essa execução.
Destaque- se que não é, também, do trânsito em julgado do título executivo que se inicia
o prazo para pagar. Portanto, é preciso que o exequente peça ao Juiz e, a partir da decisão do Juiz
que defere esse pedido, é que se inicia o prazo para o pagamento espontâneo.
Oportuno, ainda, dizer que o dispositivo fala em: “sendo o executado intimado a pagar o
débito no prazo de 15 dias”.
Nesse caso, a sentença transitou em julgado em junho de 2015, o réu é intimado do trânsito
em julgado em julho de 2015, ele já tem que pagar a quantia? Não, ele foi intimado do trânsito em
julgado, essa intimação não é suficiente para fazer iniciar a contagem do prazo.
Dessa forma, o processo termina em Brasília e volta para a primeira instância. Digamos
assim, em setembro de 2015, ele chega ao Juiz de primeira instância da 2ª Vara Cível da Barra da
Tijuca que, por sua vez dá um despacho: “intimem-se as partes do trânsito em julgado”. Posto isto,
elas são intimadas em outro de 2015, mas o prazo para começar a pagar dívida começou? Não,
porque o exequente não pediu.
Aí, em novembro de 2015, eu sou o exequente e eu peço ao Juiz que intime o executado a
me pagar o valor de R$10.000,00.
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Bom, em outubro nós fomos intimados, eu liguei para o advogado do executado, mas ele
não quis acordo e eu pedi ao Juiz que ele fosse intimado formalmente para pagar a dívida. Será
daqui que começa o prazo para ele pagar do meu pedido? Não, é preciso que o Juiz determine a
intimação.
Ato contínuo, em dezembro de 2015, o Juiz determina intimação do executado para pagar.
Portanto, aqui, eu tenho uma decisão intimando para pagar, mas não é dela que começa a contar o
prazo para o pagamento, ele começa a contar a partir do momento em que ele é intimado, a partir
da publicação dessa decisão. Então, nesse caso, começa a contar o prazo de 15 dias para ele pagar,
sendo isso o que está previsto no artigo 523.
Eu perguntei se não haveria algum prazo. O Renato respondeu que não, que o prazo, na
verdade, é a prescrição. Se eu demorar, estará correndo o prazo da prescrição executiva, o qual é o
mesmo da prescrição material.
Nesse caso, não tem propriamente um prazo processual, ele tem um prazo prescricional.
Isto porque, a regra estruturante da execução é a de que há a disponibilidade da execução, ele tem
a prescrição, ele não pode deixar esse prazo correr por muito tempo, mas ele não é obrigado a
executar logo.
JANEIRO 2016
PRAZO PARA
|Junho 2015|. |Setembro 2015| |Novembro 2015| |Dezembro 2015| PAGAR
Agora, como é que é feita essa intimação? Em regra, essa intimação é feita por publicação
em diário oficial, trata-se da intimação do advogado constituído nos autos. Coloco ênfase nesse
ponto também, porque antigamente haveria uma nova citação e a citação é feita pessoalmente,
isso era fonte de atrasos, fazendo com que o executado conseguisse fugir da execução.
167
Na atualidade, não há mais isso, em regra, é a intimação do advogado já constituído nos
autos, ou seja, a publicação é no diário oficial ou tem publicação eletrônica, o advogado é intimado
e ele tem a obrigação falar com o seu cliente acerca disso.
Eu digo isso, porque havia um grande debate na vigência do CPC de 1973 sobre se essa
intimação precisava ser pessoal ou não, o CPC de 2015 espancou a dúvida e, esse prazo, em regra,
passa a contar da intimação do advogado que representa o executado nos autos.
O inciso I, do §2º do artigo 513 diz que “O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos”.
Agora, existe um privilégio processual daqueles representados pela defensoria pública, isso
é importante. Diz lá o inciso II “por carta com aviso de recebimento, quando representado pela
Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, res salvada a hipótese do
inciso IV”
A ideia é que o defensor representa muitas pessoas, por isso seria muito trabalhoso meio
que achar as partes. Nesse caso, com a representação por defensoria pública, ou, quando a parte
não tiver advogado constituído nos autos, a intimação será feita por meio de carta com aviso de
recebimento.
O inciso III vai falar que “por meio eletrônico, quando, no caso do §1º do art. 246, não tiver
procurador constituído nos autos”.
Esse inciso é um novidade do novo código e ele exige que as empresas grandes passem a
se cadastrar nos sites dos tribunais, para receberem as intimações e as citações eletronicamente, o
que é bom, pois, não precisa digitar mandado, não precisa mandar por correio ou oficial de justiça,
basta a citação ou intimação eletrônicas, ela está prevista no §1º, do artigo 246: “com a exceção
das micro empresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e privadas são
obrigadas a manter cadastro no sistema de processo em autos eletrônicos, para efeitos de
recebimentos de intimações e citações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio”.
168
Essa intimação pode ser feita por edital, nos termos do inciso IV. Isso ocorre quando ela foi
citada por edital e foi revel, mas, se ela for revel, ela não necessariamente precisa ter sido citada
por edital, ela pode ter sido revel sem ter sido citada por edital. Nesse caso, é preciso ver o seguinte,
se ela tiver advogado constituído nos autos, ainda que tenha sido revel, vale o inciso I e intima-se o
advogado. Ocorre que, o caso desse dispositivo é só se ela não tiver advogado constituído nos autos.
Independentemente da forma como ela foi citada, ela vai s er intimada por edital, não vai
haver intimação por edital apenas quando ela tiver sido citada por edital, se ela foi citada por edital
e contestou, a intimação não é por edital, é na pessoa do seu advogado. Agora, se ela foi citada
normalmente, não contestou, foi revel e não constituiu advogado, ela vai ser intimada por edital.
Temos, portanto, duas situações: (i) a intimação será feita por edital se a pessoa for revel
e não tiver advogado constituído nos autos, todavia não há a necessidade da citação também ter
sido por edital, a pessoa pode ser revel sem ter sido citada por edital. (ii) a intimação será na pessoa
do seu advogado, mesmo que ela tenha sido revel, se ela constituiu advogado, a intimação será feita
por meio dele.
O detalhe é, se não tiver advogado constituído nos autos, se tiver, ainda que tenha sido
revel, não é por edital a intimação, mas sim pela intimação do advogado.
O que acontece, às vezes, é que a parte, por exemplo, pode brigar com seu advogado, o
advogado pode renunciar, e, aí, se o advogado renunciar, ele não pode ser intimado. Claro que, se
o Juiz perceber que consiste em uma litigância de má-fé, ele pode punir a parte se isso parecer que
foi uma montagem. Nesse sentido, os advogados podem ser punidos devido ao fato de terem
praticado atos atentatórios contra a dignidade da justiça, mas o STJ acha que não.
Seguindo adiante, transitou em julgado, houve intimação do trânsito em julg ado, voltou
para o Juiz, o requerente fez o requerimento, o Juiz deferiu o requerimento e mandou que se fizesse
a intimação da parte, tendo ela 15 dias para pagar espontaneamente, caso não pague, começa a
fase de execução propriamente dita.
Antes de falar desse tópico, devemos falar um pouco daquilo que deve constar do
requerimento de execução e é isso que está no artigo 524, inciso I: “requerimento previsto no art.
523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição
169
conter:I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1º
a 3º”.
Isso quer dizer que, você precisa dizer quem está executando, quem está sendo executado
e o que está sendo executado. É claro que, esses artigos parecem confusos, mas não é, eu preciso
dizer exatamente o que eu estou executando: “eu estou executando a sentença de fls. 980, confira
a certidão de fls. 982, o valor histórico era de R$10.000,00, agora eu estou atualizando esse valor
pelo índice do tribunal, segue uma tabela anexa com o índice de atualização que eu usei e etc”.
Vejam, a execução precisa de uma valor líquido, portanto, você precisa informar isso ao
magistrado com todos os detalhes. Além disso, uma outra coisa que o exequente deve fazer é já
pedir a incidência de multa, de honorários de execução e de penhora.
Ou seja, esse prazo de 15 dias é o tempus iudicati, é o tempo de graça e se você pagar
nesses 15 dias, não vai ser feita a penhora, não vai incidir multa e você não tem que pagar honorários
de execução.
O §1º, do artigo 523 vai dizer que “não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput,
o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez
por cento”.
Lembrem que, no caso do processo de conhecimento existe uma margem na qual o Juiz
pode, digamos assim, manobrar para dar os honorários de acordo com a complexidade da causa.
Agora não, a lei diz que a multa são de 10% e os honorários são de 10%, esses honorários não são
os honorários da fase de conhecimento, eles se soltam.
Quanto é que é 10% de R$15.280,00? R$18.366,00, por quais motivos a lei escolheu 10% e
não 15%? Para facilitar a conta dos advogados, esse é o valor executado, ou seja, você pega o valor
total da condenação, coloca 10% de multa e de 10% de honorários, isso claro, só será devido se o
executado não cumprir espontaneamente a intimação no prazo de 15 dias.
170
A lei foi inteligente, pois esse é um estímulo muito grande para pagar, pois, se você pagar
não vai ter um acréscimo de, pelo menos, 20% no valor, o que é muita coisa.
Uma coisa a ser frisada é que esse prazo de 15 dias não pode ser dilatado, mas se for uma
prorrogação convencional pode.
Então, acresce-se multas mais honorários, mas isso se o executado não pagar no prazo de
15 dias.
Todavia, e se o pagamento for parcial? Diz o §2º do artigo 523 que “Efetuado o pagamento
parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no §1º incidirão sobre o
restante”. Então, se houve o pagamento parcial, houve o cumprimento parcial, então os honorários
e a multa só incidem sobre a parte que não foi cumprida. Ou seja, quando o pagamento for parcial,
a multa e honorários só incidem sobre a diferença não paga.
Nesse caso o exequente deve fazer, também, o pedido de penhora. Lembrem que, a
escolha hoje cabe ao exequente, é ele quem escolhe o bem. Esse artigo é inteligente, pois ele evita
que exista mais de uma petição, ou seja, eu primeiro peço a intimação, se ela não for cumprida, aí,
eu faço uma nova petição, mas nessa última petição, eu já resolvo logo, eu peço para intimar o
executado para pagar “x”, caso ele não cumpra o valor fica “y”, por fim se ele não cumprir mais uma
vez, penhora o apartamento “z”.
Ou seja, ele deve pedir logo, peça a penhora e indique exatamente qual bem se deve
penhorar, mas, é claro que, a primeira coisa que ele deve fazer é pedir a penhora online.
Esse pedido, como eu disse, deve ser instruído com um demonstrativo atualizado do
débito, isso está no artigo 524, caput. Quando o Juiz recebe essa petição, ele pode fazer um controle
mais ou menos assim, prima facie, ele não é obrigado a mandar fazer a execução do executado pelo
valor pedido pelo exequente, ele pode duvidar desse quantia.
O artigo 524, §1º vai dizer que: “Quando o valor apontado no demonstrativo
aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido,
mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada”.
171
Ou seja, se você quiser executar R$1.000.000,00 tudo bem, se você perder os honorários
de sucumbência serão sobre esse valor, mas eu não posso fazer uma penhora online dessa quantia
nas contas do executado, se, eu, Juiz entender que esse valor não parece ser razoável, eu limito a
penhora aquilo que eu entendo razoável.
Diz o §2º que “Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo,
que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado”.
Ou seja, se o Juiz ficar na duvida e achar que é melhor fazer um cálculo, ele pode determinar
a remessa dos autos para o contador, para fazer essa conta. Vejam que, quem dá os critérios é o
Juiz.
Se eu quero cobrar de você R$1.000.000,00 eu posso cobrar, ainda que eu não tenha razão.
Lembrem que, a demanda executiva é uma demanda, logo, se eu quiser te cobrar esse valor, eu
posso te cobrar e assumo os ônus disso. Ou seja, o executado é executado pelo valor que o
exequente quiser, mas o Juiz pode limitar a penhora que ele entender razoável.
Por isso o §3º vai dizer que “quando a elaboração do demonstrativo depender de dados
em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de
desobediência”.
Ou seja, você pode pedir os dados tanto do terceiro quanto do executado, se o terceiro não
cumprir, comete um crime de desobediência, mas e se o executado não cumprir? A solução mais
fácil é presumir verdadeiras as informações, desde que, isso seja razoável, o juiz deve fazer um juízo
de probabilidade e ver se é razoável que o documento que eu to pedindo de você, esteja de fato
com você, isso não é automático.
172
O §5º vai dizer que “Se os dados adicionais a que se refere o §4º não forem apresentados
pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos
apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe”.
A execução até aqui é definitiva, mas ela também pode ser provisória, ou seja, ela pode ser
a execução de um título executivo do qual ainda caiba recurso, isto é, um título executivo que ainda
não tenha transitado em julgado.
É por isso que diz o artigo 520 que “cumprimento provisório da sentença impugnada por
recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento
definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime”.
Nós já falamos sobre execução provisória, mas em relação ao seu procedimento, nós vimos
que existe o princípio da responsabilidade objetiva do exequente, depois , se houver a reforma ou a
desconstituição do título, ele deve indenizar o executado pela execução provisória.
Mas, procedimentalmente, o §1º, do artigo 520 vai dizer que “No cumprimento provisório
da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art. 525”.
Ato contínuo o §2º vai dizer que “A multa e os honorários a que se refere o §1º do art. 523
são devidos no cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa ”.
Esse é uma novidade, o STJ havia entendido na vigência do CPC de 1973 que não incidia
multa na execução provisória. A lógica é a seguinte, é uma execução provisória, mas é uma
execução, você tem que pagar, caso você não pague, vai incidir multa e honorários, ainda que ela
seja provisória, é uma execução.
Detalhe procedimental importante é que se tiver sido realizada alguma penhora e alguma
expropriação, o desfazimento da execução em razão da reforma daquilo que era o título executivo
faz com que, conforme diz o artigo 520, §4º “A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso
II não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro
direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos
causados ao executado”.
173
A gente vai ver isso melhor quando falar de pagamento, mas o ponto aqui é o seguinte, se
na execução provisória eu compro um imóvel no leilão e essa execução depois é revertida, não se
desfaz a alienação judicial do bem, mas o exequente, posteriormente, deve pagar ao executado o
valor do bem alienado.
Atenção, pois a execução provisória não depende de urgência, basta ter um título executivo
judicial, ou seja, você tem uma decisão judicial da qual não tenha sido interposta recurso com efeito
suspensivo.
A lógica é a seguinte, a execução é provisória, pois é uma decisão da qual cabe recurso, se
é título executivo extrajudicial não tem recurso, na verdade o que se tem são os embargos a
execução a qual é uma ação autônoma.
O inciso IV, do artigo 520 vai dizer que “o levantamento de depósito em dinheiro e a prática
de atos que importem transferência de posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real,
ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea,
arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos”.
Isto porque, se, depois, for desfeito, existe uma garantia de que o executado pode ser
indenizado pelos prejuízos que sofreu.
Esse inciso IV é a regra, mas o artigo 521 fala de algumas exceções “A caução prevista no
inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que: I - o crédito for de natureza alimentar,
independentemente de sua origem; II - o credor demonstrar situação de necessidade; III – pender
o agravo do art. 1.042”.
Revisão
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Na aula passada, nós falamos do procedimento de execução de título executivo judicial.
Então, apenas lembrando, no procedimento de execução é preciso sempre saber se é para realizar
um procedimento especial (execução de alimentos, execução fiscal), e, depois, é preciso saber se
não é procedimento especial, é aquele procedimento comum de execução, é preciso saber também
se o título executivo é judicial ou extrajudicial. Posto isto, dentro da execução do título executivo
judicial e extrajudicial, é preciso saber se a execução é pecuniária ou se ela é específica, mesmo
coisa vale para execução de título executivo extrajudicial.
Então, nós temos mais ou menos um caminho que começa com o trânsito em julgado e a
sua intimação, depois a intimação para pagar, aqui há um prazo de 15 dias de pagamento
espontâneo, ou seja, pago neste período, não incidem honorários de execução e não incidem a
multa do artigo 524.
Agora, começando a aula de hoje, nós vamos ter que complicar um pouco esse
procedimento antes e um pouquinho depois. Eu posso complicá-lo dizendo que antes de ser
intimado, o executado queira pagar, ele pode querer pagar antes de ser intimado, por causa dos
juros e atualização monetária.
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justamente, porque a atualização monetária e juros, sobretudo, em momento que a taxa de juros
está baixa, acaba sendo melhor o adiantamento do pagamento.
O ponto é, pode ser do interesse do executado pagar logo, ele pode fazer isso antes de ser
intimado para fazê-lo, se ele fizer isso, há uma norma especial que trata dessa possibilidade a qual
é a do artigo 526 “É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença,
comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando
memória discriminada do cálculo”.
Ou seja, é preciso que ele pague, ele não pode simplesmente dizer que quer pagar, ele tem
que oferecer uma planilha, atualizando o valor. Ele deve, portanto, liquidar. Mas lembrem que,
liquidar, neste caso, eu estou falando no sentido não técnico de incidente de liquidação, é apenas
para apurar e atualizar o valor monetário.
Todavia, a parte que não tem controvérsia, pode ser levantada pelo exequente, ou seja, ele
pode impugnar o cálculo feito pelo executado, mas a impugnação não impede de levantar a parte
incontroversa.
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Ainda nessa perspectiva, acaba havendo um incidente cognitivo na execução, em que o Juiz
tem que decidir se há ou não uma diferença devida. Ou seja, o interessante é que, aqui, a
impugnação não é do executado, ela pode ser do exequente, eis que ele pode dizer que o valor
depositado é insuficiente, logo, será ele, o exequente, que estará impugnando a conta feita pelo
executado ao fazer o depósito.
Portanto, o Juiz deve decidir quem tem razão, é isso que quer dizer o §2º. Se o Juiz entender
que não há insuficência do depósito, o exequente levanta aquilor que está depositado e, com isso,
encerra-se a execução. Se, no entanto, o Juiz entender que há uma insuficiência diz lá o §2º
“Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de dez por cento
e honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora
e atos subsequentes”.
Ou seja, se eu, executado, deposito R$7.000,00 e o exequente diz que existem mais
R$3.000,00, o exequente pode levantar logo R$7.000,00, mas há uma controvérsia em relação aos
R$3.000,00, na qual o Juiz tem que decidir se são devidos R$3.000,00, ou não.
Ocorre que, ele não precisa dizer que é esse valor ou não, ele pode mandar os autos para
o contador e dizer que, na verdade, são R$2.000,00, esse valor será executado normalmente e sobre
ele incidirão multa do artigo 524 e honorários em execução. Neste caso, portanto, a execução
prossegue normalmente nessa diferença que foi apurada pelo Juiz e ele, por sua vez, entendeu ser
devida.
Vamos voltar a regra geral. Transitou em julgado, o executado não pagou e ele é intimado
para pagar no prazo de 15 dias. A primeira dúvida que surge é se sobre esse prazo incide aquela
contagem em dobro quando o processo não for eletrônico.
Lembrem que, se o processo não for eletrônico e as partes forem representadas por
patronos diferentes, ou seja, se na parte do executado houver litisconsorte representados por
patronos diferentes, incide ou não a regra? O Renato disse que se aplica, pois esse prazo tem
natureza judicial e, portanto, se aplica a regra do prazo em dobro, mas há gente que acha que conta
individualmente, pois pagar não é um ato processual, mas sim um ato material.
177
Eu tenho, então, 15 dias para pagar, se eu não pagar, o procedimento se bifurca em duas
coisas -isso não falamos ainda -uma é a realização dos atos executivos, ou seja, eu não paguei em
15 dias, isso significa que será possível a realização de atos executivos. O que normalmente acontece
é, eu, exequente, peço a intimação do executado para pagar, se ele não pagar, peço a realização de
penhora online das contas dele.
No entanto, há uma outra possibilidade, ou, podemos dizer que há uma possibilidade
paralela à execução dos atos executivos e essa é a mataria da aula de hoje, a qual é possibilidade de
que o executado se defenda, trata-se do contraditório na execução. Nesse caso, ele pode dizer que,
por alguma razão, essa execução é incorreta, e, aí, ele fará isso através de uma defesa chamada
impugnação ao cumprimento de sentença.
Ocorre que, na vigência do CPC de 1973, o prazo para impugnar se iniciava da penhora, o
que era ruim, pois esse prazo ficava muito pra frente, ou seja, era preciso discutir tudo isso, o que
acabava sendo uma fonte de atrazo, agora, não, o prazo para impugnar independe da realização de
atos executivos.
O ponto principal, agora, é que o ato executivo independe da impugnação, para impugnar
eu não preciso garantir o juízo, eu não preciso esperar a realização de penhora, eu não preciso fazer
nada que depende do ato executivo, o prazo para impugnar é de 15 dias, contados do fim do prazo
de 15 dias para pagar.
Ou seja, eu sou intimado hoje para pagar, tenho 15 dias para pagar, no dia que termina o
prazo de 15 dias para pagar, eu tenho mais 15 dias para impugnar. Mas nesse interregno já pode
ser feita a penhora online das minhas contas? Pode, a realização dos atos executivos são paralelos
e independe da impugnação.
É claro que, eu posso dar efeitos suspensivo na impugnação, mas isso é a exceção, a regra
é: o prazo para impugnar se inicia do fim do prazo para pagar e isso ocorre independentemente de
garantia do juízo, de realização de penhora ou de qualquer ato executivo.
A previsão legal disso está no artigo 525 o qual fala que: “transcorrido o prazo previsto no
artigo 523, sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias, para que o executado
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente nos próprios autos sua impugnação”
178
Eu tenho 15 dias para impugnar, ele pode realizar a penhora online antes desse prazo
acabar ou antes dele decidir a minha impugnação? Pode, é aconselhável que não se faça em 15 dias,
mas que se faça antes do decurso desse prazo.
Não há lógica, na prática, de impugnar antes, porque nenhum ato pode ser realizado nesse
interregno, a não ser que você se adiante e protocole logo a impugnação, para despachá-la com o
Juiz e ter tempo dele decidir isso antes de qualquer ato executivo.
O §3º, do artigo 525 diz explicitamente que se aplica esse prazo as regras sobre prazo em
dobro do artigo 22922, o que é estranho, pois em relação ao prazo de 15 dias para pagar não há
nenhuma norma específica, mas aqui há.
Ou seja, aqui, não há dúvida que se aplica, pois a lei diz explicitamente isso, mas como a
lógica é a mesma, podemos dizer que isso também se aplica aos prazos de 15 dias para pagar, ainda
que não haja um artigo que diga isso expressamente.
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15 dias para pagar
Espontaneamente Impugnação ao Cumprimento de Sentença
Perguntas
A Alice fez a seguinte pergunta, a pessoa vai impugnar, mas já pode acontecer do
exequente requerer a penhora? O Renato respondeu que esse é o ponto, a impugnação independe
dos atos executivos, são coisas que ocorrem paralelamente, a realização da impugnação, o
protocolo da liquidação não dependem da realização dos atos executivos.
22
Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
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Mas se pedir a penhora online, ela deve constar na impugnação? O Renato disse que
depende, pois, depende do que ele vai impugnar, porque você pode ter outras impugnações na
execução que não essa, falaremos isso ao final da aula.
Por exemplo, eu distribui a impugnação e é feita uma penhora depois, mas essa penhora é
de um bem de família, eu não preciso impugnar a penhora do bem de família na execução, eu posso
impugnar a penhora do bem de família se ela foi realizada depois da impugnação, por excesso de
execução, por fora. Isto quer dizer que, nem toda impugnação na execução é feita na impugnação,
mas isso falaremos no final da aula.
Nem toda impugnação precisa ser feita na impugnação, mas a impugnação tem um rol
taxativo de hipóteses de cabimento. Ou seja, a impugnação enquanto defesa típica do executado
no cumprimento de sentença, ela tem hipóteses típicas de cabimento as quais são as hipóteses do
artigo 525,§1º.
Ocorre que, nem sempre a defesa que está aqui, precisa ser feita necessariamente na
impugnação, algumas matérias que constam nesse rol do §1º podem ser arguidas fora da
impugnação, mas tem uma matéria que não está incluída nesse rol e que pode ser levantada na
impugnação. Ou seja, a fundamentação da impugnação é vinculada a essas do §1º.
O artigo 525, §1º, inciso I vai dizer que “falta ou nulidade de citação se não fase de
conhecimento o processo correu à revelia”. Essa é a famosa querela nullitatis23, ou seja, eu não
preciso arguir o defeito da citação, na impugnação, eu posso arguir isso a qualquer tempo, mas a
impugnação é também o momento no qual isso pode ser arguido.
Imaginem que, alguém ajuizou uma demanda contra mim e eu fui citado por correio em
um apartamento onde eu não moro mais. Todavia, o mandado de citação voltou positivo, eu não
23 Querela nullitatis insanabilis é, a grosso modo, uma ação declaratória de inexistência de sentença. Encontra-se neste instituto um instrumento capaz
de solucionar vícios insanáveis que afetam todo o processo. Sendo inválida a citação, todo o processo estará viciado. Não há possibilidade nem
cabimento dar prosseguimento ao processo, já que um dos atos mais indispensáveis está viciado. A citação é o ato em que o réu é chamado ao
processo, é o momento em que ele toma ciência da existência de uma ação em seu desfavor. Por isso, esta deve es tar em perfeita sintonia com o
processo e desprovida de defeitos. São encontrados muitos defeitos nas citações, algumas dolosas pela parte, e outras simplesmente defeituosas
desde sua formulação, como seria o caso da citação por meio eletrônico com a ausência de algum dos requisitos legais. A citação por edital, comum
rol taxativo de possibilidades de utilização, é um dos que demonstramuma maior quantidade de vícios,estes que perduram, por vezes,até a sentença,
tornando-a viciada e, em consequência, inexistente.
180
fui citado, embora o mandado tenha voltado positivo e o Juiz tenha achado que eu fui citado. Nesse
caso, se a citação for invalida, eu não sei do processo, eu sou condenado, a sentença é publicada e
etc. Mas, como é que eu vou saber? Ei vou saber quando chega a penhora, isso acontece muito.
Lembrando que, ainda que você possa fazer isso a qualquer momento, você também tem
a possibilidade de impugnar essa citação invalida na impugnação ao cumprimento de sentença.
A Luisa perguntou como é que fica a prescrição nesse caso. O Renato respondeu que a
citação invalida não interrompe a prescrição, a regra é essa.
O artigo 525, §1º, inciso II vai dizer que “a ilegitimidade das partes”.
Imaginem que, quem execute não seja aquele que consta no título executivo e ele não
cedeu o crédito. Ou seja, alguém aparece nos autos falando que é um cessionário do crédito e quer
executar, mas ele não apresenta um instrumento próprio de que a cessão tenha acontecido.Nesse
caso, eu sou parte ilegítima.
Isso pode acontecer também no contrário, eu sou um fiador, só que, na demanda ela foi
ajuizada apenas contra o afiançado e, aí, na hora da execução, o exequente pede a intimação para
do fiador para pagar, ele vai dizer que não é parte legítima, pois ele não consta do título executivo.
15.5.2.3. Inexigibilidade
O artigo 525, §1º, inciso III, vai dizer que pode ser que o título seja inexigível é, neste caso,
ele será inexigível quando a obrigação tiver submetida a uma condição ou a um termo.
24Ele é tão grave que ele se chama transrescisório e pode ser alegado de duas formas, quais sejam, como uma defesa na execução ou em uma ação
declaratória autônoma. A Ministra Maria Izabel Galotti tem um acórdão no qual ela diz o seguinte: ausê ncia de citação não convalesce com a prolação
de sentença e, nem mesmo, com o trânsito em julgado, devendo ser impugnada mediante ação ordinária com declaração de nulidade. A hipótese
não se encontra no rol exaustivo do artigo 485 do CPC que regula o cabim ento da ação rescisória. Esse é um vício excepcional que não deve ser
arguido na ação rescisória, porque, ele é o maior vício que pode ter contra alguém em uma sentença, ou seja, a sentença foi p roferida sem que esse
alguém tenha sido devidamente citado. Por isso ele pode impugnar a sentença defendendo-se na execução, mas, também, defendendo-se por meio
de uma ação anulatória autônoma. Parte de uma aula lecionada pelo Renato em Processo Civil II, página 166 do meu caderno.
181
A inexigibilidade, então, é a existência de uma condição que não se realizou, a existência
de um termo que não chegou, pode acontecer, também, e esse será o caso de inexigibilidade
quando a sentença tiver efeito suspensivo seja ele ope iudicis ou ex lege.
Segundo o §12 desse artigo “para efeito do disposto no inciso III do §1º deste artigo,
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei
ou ato normativo considerado inconstitucional pelo STF, ou fundado em aplicação ou interpretação
da lei ou do ato normativo tido pelo STF como incompatível com a Constituição Federal, em controle
de constitucionalidade concentrado ou difuso”.
Por sua vez, o §13 vai dizer que “No caso do §12, os efeitos da decisão do STF poderão ser
modulados no tempo, em atenção a segurança jurídica”.
Já o §14 vai dizer que “a decisão do STF referido no §12 deve ser anterior ao trânsito em
julgado da decisão exequenda”.
O §15, por fim, diz que “se a decisão referida no §12 for proferida após o trânsito em
julgado da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em
julgado da decisão proferida pelo STF”. Esse artigo tem discussão acerca da sua constitucionalidade.
O problema é o seguinte, eu não posso rescindir a coisa julgada fora da ação rescis ória.
Então, existe um remédio típico para a rescisão da coisa julgada, que é a ação rescisória . Agora,
existem vícios que são transrescisórios como a invalidade da citação, então, esse é um vicio que
pode ser reconhecido fora da ação rescisória.
Isso quer dizer que, imaginem que um acórdão do STJ me condene a pagar alguma coisa, o
Juiz de primeiro grau pode desfazer esse acórdão do Supremo, pois é ele quem irá fazer a penhora.
182
Mas, digamos que, eu sou o executado, eu sofro a penhora e digo que não fui citado, que o mandado
foi para a casa da minha ex-mulher e ela não me avisou.
Nesse caso, há um vicio de nulidade tão grande que o Juiz de primeiro grau vai desfazer
tudo, inclusive, a decisão que transitou em julgado. Essa é uma exceção, portanto, a hierarquia do
poder judiciário. Isto porque, a citação invalida é um vicio muito grave, ou seja, eu não tive
oportunidade de me defender e, portanto, essa condenação não pode subsistir.
Ocorre que, fora dessas hipóteses todos os vícios são rescisórios, ou seja, se determinada
sentença transitada em julgado violasse a Constituição, eu teria que ajuizar uma ação rescisória para
desconstituir essa sentença, visto que houve a literal violação de um dispositivo da Constituição.
Lembrem que, na Ação Rescisória existe competência originária, então o juiz de primeiro
grau não pode rescindir o acórdão do STJ, só o próprio STJ, é por isso que o sistema, nesse ponto,
funcionava de um modo mais ou menos harmônico.
Existia um caso excepcionalíssimo que eu permitia ao Juiz desfazer aquilo, agora, em todos
os outros casos de vícios rescisórios, inclusive, os vícios de inconstitucionalidade, o remédio era a
ação rescisória.
Só que, na vigência do CPC de 1973, alguém teve a ideia de que se na execução houvesse
uma declaração superveniente de inconstitucionalidade, eu poderia rescindir a coisa julgada meio
que de modo atravessado, fora da ação rescisória, como se fosse um vicio transrescisório tal qual a
citação inválida. Dessa forma, criou-se a possibilidade de defesa na própria impugnação da
sentença.
Vejam que, na vigência do CPC de 1973, você poderia impugnar mesmo que fosse mais do
que dois anos, ou seja, você cria uma outra maneira de arguir a existência de um vicio
transrescisório, que é a inconstitucionalidade. Todavia, se fazia isso em primeiro grau, ou seja o Juiz
vai desfazer uma decisão do STJ, mais ou menos como era em relação a querela.
O argumento era o de que a inconstitucionalidade era um vício tão grave, que não seria
possível o Juiz não anular tal decisão, ou seja, ainda que nós tenhamos uma inconstitucionalidade
superveniente, mesmo que tenha se passado mais de dois anos, o vício seria tão grave que poderia
ser possível impugná-lo a qualquer tempo.
183
Ocorre que, isso fez com que se pudesse alegar a inexigibilidade de uma execução, com
fundamento em uma declaração superveniente de inconstitucionalidade ou constitucionalidade a
qualquer tempo. Além do mais, como o STF faz isso com muita frequência, tanto no controle difuso
quanto no controle concentrado, acabava acarretando uma insegurança jurídica muito grande.
O §13 é meio óbvio, pois o STF poderia fazer isso independentemente dessa previsão ou
não. A relevância prática da modulação é que se o STF modula, ele não afeta o que veio antes, então,
se essa sentença é anterior à decisão do STF e o STF diz que a decisão tem efeito ex nunc e não é ex
tunc, a questão não se coloca.
Agora, o §14 vai dizer que a decisão do STF deve ser anterior ao trânsito em julgado da
decisão exequenda, essa é a grande novidade para acabar com a insegurança jurídica. O CPC fez o
seguinte, a decisão do Tribunal se inverteu com a decisão do STF, ou seja, o STF decidiu em controle
difuso ou concentrado contrariamente ao que o Tribunal disse, só que, antes do trânsito em julgado.
Nesse caso, você não precisa ter que discutir isso em um Recurso Extraordinário, na
verdade, a lógica aqui seria a seguinte, se ainda não transitou em julgado, você ainda pode recorrer
ao STF, mas como demonstrar a repercussão geral para ter seu recurso admitido é muito
complicado, o executado pode mostrar essa decisão da inconstitucionalidade ao próprio Juiz da
execução, sem ter a necessidade de interpor o recurso.
Vejam que, esse dispositivo esvaziou completamente a ideia de 2005, a ideia de 2005 era
justamente permitir que uma decisão posterior ao trânsito em julgado pudesse ser impugnada, ou
seja, que não poderia ter sido objeto de um Recurso Extraordinário, ele dizia que você podia
impugnar, desde que, não tenha havido o trânsito em julgado, mas, se não houve o trânsito em
184
julgado, você também pode interpor recurso extraordinário, então, não é tão radical quanto era em
2005.
Ainda que já tenha ocorrido o trânsito em julgado, o que precisa ter ocorrido é a decisão
ser anterior ao trânsito em julgado, não necessariamente que você só pode impugnar se não tiver
ainda ocorrido o trânsito em julgado, são duas coisas diferentes.
Eu disse que, para você impugnar, você não precisa impugnar antes do trânsito em julgado,
o que deve acontecer é, a decisão que precisa ter ocorrido antes do trânsito em julgado, a decisão
do STF deve ser anterior do trânsito em julgado da decisão executada. Ou seja, em tese, ela poderia
ter sido considerada, mas por alguma razão ela não foi.
Eu posso impugnar depois do trânsito em julgado, mas a decisão do STF tem que ser
anterior ao trânsito em julgado, pois não deu para considera-lá por alguma razão, então, agora eu
posso dar essa chance ao executado de levantar essa questão.
No caso da decisão do STF ser posterior ao trânsito em julgado o §15 diz que se a decisão
for proferida após o trânsito em julgado, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito
em julgado da decisão proferida pelo STF.
Agora, se o trânsito em julgado acontecer antes da decisão do STF, você não pode acolher
isso na impugnação, você deve ajuizar uma Ação Rescisória no prazo de 2 anos, mas esse prazo deve
ser contado da decisão do STF e não do trânsito em julgado da decisão exequenda.
Inciso IV.
O próximo item é mais fácil, é a penhora incorreta ou a avaliação errônea, eu posso arguir
vícios da penhora e da avaliação. Ou seja, foi penhorado um bem de família, eu posso impugnar
185
dizendo que esse bem é impenhorável, eu preciso fazer isso na impugnação? Não, mas eu posso
fazer isso na impugnação, ou seja, a penhora é incorreta ou a avaliação é errônea.
Agora, eu preciso dizer exatamente o que eu estou impugnando, eu não posso dizer que
há um excesso e não dizer que excesso é esse, diz lá o §4º “Quando o executado alegar que o
exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, c umprir-
lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado
e atualizado de seu cálculo”.
Se ele não fizer isso, segundo o §5º “hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não
apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução
for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não
examinará a alegação de excesso de execução”.
Ele pode arguir, também, na impugnação, a incompetência do Juiz, nos termos do inciso VI
ele diz que essa incompetência pode ser absoluta ou relativa.
Além disso, o executado pode arguir o impedimento ou a suspeição do Juiz (§2º) e pode
arguir também, nos termos do inciso VII “qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação,
como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à
sentença”.
186
Esse “desde que supervenientes a sentença”é importante, pois se eu acho que deveria
fazer uma compensação, argui a compensação e perdi, tendo como consequência a minha
condenação, eu não posso voltar atrás devido à eficácia preclusiva da coisa julgada e renovar o
argumento de compensação.
No entanto, eu posso dizer que entre o trânsito em julgado e a execução, por exemplo, eu
me tornei credor porque passei a ser cessionário do crédito contra o exequente, e, aí, há uma
compensação ou há uma novação.
A regra é que a impugnação não tem efeito suspensivo, ou seja, ainda que eu impugne o
cumprimento de sentença, a realização dos atos executivos poderão continuar independentemente
da minha impugnação, essa é a regra.
Todavia, a requerimento do executado, o Juiz pode, desde que, garantido o juízo com
penhora, caução ou depósito suficiente, atribuir efeito suspensivo a impugnação. Isto ocorre se seus
fundamentos forem relevantes ou se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível
de causar ao executado grave dano de difícil reparação.
Ou seja, eu sou executado e digo que vou garantir a execução com a fiança bancária , por
exemplo, se eu sou manifestamente ilegítimo, eu sou, na verdade, o fiador, eu não constei no título
executivo, mas, agora, estão tentando me executar. Acontece que, não faz sentido que seja feita
uma penhora sobre o meu patrimônio.
Portanto, neste caso, o Juiz pode dar efeito suspensivo a minha impugnação ao
cumprimento de sentença, ou seja, eu preciso da garantia do Juízo, eu preciso de verossimilhança,
eu preciso que o Juiz se convença de que os fundamentos são relevantes ou que o prosseguimento
da execução é manifestamente suscetível de causar ao executado um dano de difícil reparação;
tudo isto nos termos do §6º.
Em casos extremos, algumas pessoas entendem que o Juiz pode dispensar a caução, pois
pode ser que a execução seja milionária e eu sou manifestamente ilegítimo, nesse caso, não há
como depositar essa quantia, logo, excepcionalmente, o executado vai ter a dispensa da caução.
O efeito suspensivo pode ser apenas de uma parte da execução, ou seja, o Juiz pode
entender que só dá a suspensão a uma parte. Mas, pode ser também que, a caução do efeito
187
suspensivo, no caso de haver mais de um executado, ela não suspende a execução contra os que
não impugnaram. Lembrando que, isto só irá ocorrer se o fundamento não for comum.
Por exemplo, se eu digo que eu não sou parte legítima, esse fundamento não é comum, o
outro pode ser e eu não sou, mas o fundamento pode ser comum, eu posso dizer que a dívida está
prescrita, se o argumento for comum e o Juiz entender razoável, esse efeito suspensivo vale para
todos.
O exequente pode oferecer uma contra-cautela, ou seja, ainda que você tenha dado efeito
suspensivo, eu, executado, quero continuar com a execução. Isto encontra previsão no §10º “ainda
que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da
execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada
pelo juiz”.
Então, essa é uma contra caução, o executado pede efeito suspensivo e dá uma caução de
R$500.000,00, o exequente diz que não, que vai depositar os R$500.000,00 para continuar a
execução. A ideia do CPC é de que se tiver um prejuízo, há garantia para os dois lados.
Nós falamos na aula passada sobre o que acontece quando o título executivo é judicial,
falamos também que quando não há um procedimento especial, vai ser um procedimento comum
e, por fim, dissemos que quando a obrigação executada é uma obrigação pecuniária, essa será uma
obrigação de pagar quantia certa.
188
Atos executivos propriamente ditos com
Penhora, Avaliação, Expropriação e Pagamento
|–––––––––––––––––––––––|
15 dias para pagar
Espontaneamente Impugnação ao Cumprimento de Sentença
Nós falamos, ainda, sobre a impugnação e falamos na aula retrasada dessa fase que começa
na execução de quantia certa, mas não terminamos de falar sobre ela, pois, aqui, haverá a penhora,
haverá a avaliação, haverá a expropriação e haverá o pagamento, as quais são medidas que serão
tratadas em uma aula específica.
Retornando, existe uma fase inicial de pagamento espontâneo, depois uma fase de
execução propriamente dita, nessa fase de execução propriamente dita eu penhoro, avalio,
exproprio e pago. Mas, eu posso dar ao executado a possibilidade de se defender, ou seja, na
execução de título executivo judicial há a possibilidade de impugnar o cumprimento de sentença.
Agora, paralelamente a isso, pode ser que o título executivo seja extrajudicial, isto é, nós
vamos falar sobre o prazo para pagar e a execução propriamente dita. Saliento a vocês que esse
procedimento é igual para ambas as execuções.
O começo deles é diferente, nós já falamos desse começo há duas aulas, nós vamos falar
agora, no entanto, repetir a mesma ordem, ou, a mesma lógica, só que, falando de título executivo
extrajudicial, mas, ainda, de obrigações pecuniárias.
Então, nós temos, na verdade, na execução de título executivo extrajudicial uma fase de
cumprimento espontâneo, depois haverá uma fase de execução propriamente dita com penhora,
avaliação, expropriação e pagamento e, por fim, uma fase de defesa que se chama embargos.
189
Vejam, portanto, que há um paralelismo entre as duas execuções, o procedimento não é igual, mas
há um paralelismo entre eles.
Eles não são iguais, pois na execução de título executivo extrajudicial nós temos um
processo autônomo, ao passo que, no cumprimento de sentença, ele raramente será um processo
autônomo, ressalvados os casos do laudo arbitral e sentença penal condenatória.
Por quais motivos há dois procedimentos diferentes? Foi assim na vigência do CPC de 1973,
no entanto, a lógica de separar os dois procedimentos faz sentido, pois o título executivo judicia l é
muito mais seguro do que o título executivo extrajudicial. Isso significa que, se ele é mais seguro, a
lei da menos possibilidade ao executado de se defender.
Destaco a vocês que, essa é uma opção legislativa, pois a lei poderia ter tratado os dois em
um único procedimento, até porque, como vocês veem, a lógica é a mesma. Todavia, o legislador
optou por ter um procedimento diferente, partindo do pressuposto de que aquele título é mais
seguro do que esse, o que faz com que se recomende um procedimento um pouco diferente na
execução de título extrajudicial.
A execução de título executivo extrajudicial contra devedor solvente está regulada nos
artigos 824 e seguintes e 797 e seguintes do CPC. Ela se divide, também, em uma fase de
cumprimento espontâneo e um fase de execução propriamente dita no qual se pode encaixar uma
defesa.
Nos dois caos há demanda executiva, só que, no cumprimento de sentença, essa demanda,
em regra, não dá origem a um novo processo, a uma nova relação jurídica processual, pois lá , o
190
processo é sincrético, aqui, como o processo é autônomo, a demanda executiva se dará sempre por
meio de uma petição inicial.
Essa petição inicial está regulada no artigo 798 do CPC “Ao propor a execução, incumbe ao
exequente: I - instruir a petição inicial com: a) o título executivo extrajudicial; b) o demonstrativo do
débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;
É preciso que, assim como na execução de título executivo judicial, exista uma planilha
atualizada do valor do crédito. Mas, é claro que, se o cheque tiver sido emitido a tanto tempo atrás
e eu o estou executando ele agora, como a taxa de inflação no Brasil é muito alta, isso significa que
o valor histórico do título provavelmente não corresponderá ao valor executado, dai a necess idade
de se instruir a petição inicial com a memória de cálculo indicando o valor atualizado.
Ou seja, o cheque foi emitido há seis meses atrás no valor de R$6.000,00, hoje já não é mais
esse valor, mas sim R$6.500,00, por exemplo. Por isso é preciso instruir a petição inicial com o valor
atualizado do débito que se pretende cobrar.
As alíneas C e D tratam daqueles requisitos do título executivo dos quais nós falamos na
aula passada, ou seja, a prova de que se verificou a condição ou de que teve o termo, bem como a
prova de que se adimpliu a contraprestação. Isso está no ramo da exigibilidade, ou seja, eu preciso
comprovar que essa condição se verificou.
Perguntas
A Carol leu o dispositivo e disse que “cumpre ao exequente instruir a petição inicial com
demonstrativo do débito atualizado, quando se tratar de execução por quantia certa”. Posto isto,
ela ainda perguntou se não for quantia certa se vai ter que ter um incidente cognitivo.
O Renato respondeu que, neste caso, pode ser que tenha uma obrigação específica, uma
obrigação de fazer, pois, se for uma obrigação de fazer, não há necessidade da planilha, ao passo
que, se for ilíquido, antes de executar, você precisa liquidar.
Então, antes você entra com um pedido de liquidação. No entanto, neste caso que estamos
estudando já se pressupõe um pedido líquido, visto que se não for líquido, não tem título executivo,
se não tem título executivo, não tem execução de título executivo extrajudicial.
191
A Luisa perguntou se o fato de ele estar desatualizado significa que ele é ilíquido, o Renato
disse que não, que o crédito é líquido, mas ele não está atualizado.
O exequente deve pedir a intimação de certas pessoas e isso se encontra no artigo 799,
incisos I, II, III, IV, V e VI25.
Esses incisos querem dizer que, se eu pretendo executar uma coisa sobre o qual alguém
tenha algum direito real, o titular desse direito real deve ser intimado, para poder exercer o direito
real do qual ele tem.
Por exemplo, eu posso penhorar um bem dado em hipoteca? Digamos que, eu tenha um
devedor e esse devedor tem um imóvel que é penhorável, o qual foi dado em hipoteca para um
banco, eu posso penhorar esse imóvel?
Lembrem que, a hipoteca não faz com que o bem hipotecado se torne impenhorável para
os demais credores, ela faz apenas com que o titular do crédito, ou seja, o titular da garantia
hipotecária tenha preferência sobre esse bem. Ele precisa, então, ser intimado para exercer essa
preferência.
Por hora, o que vocês precisam saber é que, se existir algum titular de direito real sobre a
coisa que eu pretendo penhorar, eu preciso pedir a intimação dessa pessoa, para que ela possa
exercer os direitos decorrente do direito de garantia real do qual ele é titular.
Perguntas
192
A Luísa perguntou se podemos dizer que o credor hipotecário tem o direito de receber
antes esse crédito que o exequente, pois ele tem um privilégio real. O Renato respondeu que sim.
Se todos esses requisitos estiverem preenchidos, o Juiz despachará a petição inicial, nos
termos do artigo 827: “ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de
dez por cento, a serem pagos pelo executado”.
Então, existem honorários na execução, na qual a lei fixa em 10%, não existe aqui a multa
do artigo 523,§1º, há apenas os honorários de execução fixados em 10%.
A lei determina, portanto, que o Juiz recebe a petição inicial, fixa os honorários em 10% e
cita ou manda citar o executado. O executado, com isso, tem três dias para pagar, nos termo do
§1º: “no caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios
será reduzido pela metade”.
Então, a lógica é: você tem três dias para pagar, mas se você pagar, eu reduzo os honorários
de 10% para 5%, ou seja, esse é um estímulo para que o executado pague sem brigar.
Neste caso, são devidos os honorários, porque, ao contrário do que ocorreu na execução
de título executivo judicial, lá há honorários na fase de conhecimento e, eventualmente, na fase de
execução, aqui, como não houve fase de conhecimento, a lei não retira todos os honorários, como
tira a execução do cumprimento de sentença.
Eu lembro, no entanto, que esses honorários podem ser aumentados, ou seja, eu não pago
nos 3 dias, tenho 10% de honorários para pagar, mas, se eu brigo e perco, esses honorários podem
ser aumentados e isso é o que diz o §2º: “o valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por
cento, quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os
embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado
pelo advogado do exequente”.
Ou seja, ele fixa em 10%, diz que se você pagar em três dias, esses honorários caem para
5%, mas se tiver embargos ou se tiver muito trabalho para o exequente e seus advogados, eles
podem ser aumentados em até 20%.
193
A lei cria, portanto, dois estímulos: um para que você pague logo, reduzindo os honorários,
e uma ameaça, pois se você embargar sem fundamento, eu posso aumentar esses honorários para
20%.
Esse prazo de três dias é repetido no artigo 829 “o executado será citado para pagar a
dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação”.
Na vigência do CPC de 1973 havia uma discussão sobre a partir de quando esse prazo de
três dias começava a contar, se era da juntada aos autos do mandado, se era do ato de citação,
havia toda uma divergência doutrinária sobre isso.
Dessa forma, o artigo 829 parece colocar um fim à discussão, dizendo que o prazo de três
dias conta-se da citação e não dá juntada aos autos do mandado de citação, ou seja, o prazo fica
mais curto ainda.
O §1º, por sua vez, vai dizer que “do mandado de citação constarão, também, a ordem de
penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o não pagamento
no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado”.
O que há aqui é o seguinte, o oficial de justiça vai realizar o mandado de citação, ele vai lá
e cita o executado, o qual tem três dias para pagar, se ele não paga, o próprio oficial de justiça com
o mesmo mandado pode voltar lá e penhorar coisas.
Portanto, o oficial de justiça cita e o executado tem três para pagar,mas além de citar, o
oficial de justiça pode, com esse mandado, depois desses três dias, realizar atos executivos. É claro
194
que, se o exequente tiver pedido a penhora online, o oficial de justiça vai devolver o mandado, e,
aí, o Juiz vai ter que fazer a penhora online.
No entanto, se, por um acaso, o exequente tiver pedido a penhora de bens que o próprio
oficial de justiça pode penhorar, o oficial de justiça com esse mesmo mandado já pode realizar atos
executivos, a ideia é acelerar as coisas.
Outra questão a ser levanta é a que se encontra no §2º “A penhora recairá sobre os bens
indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo juiz,
mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo
ao exequente”.
Isto quer dizer que, se o exequente pede a penhora do cachorro e o executado diz que tem
uma carta de fiança, eu não posso insistir na penhora do cachorro.
Perguntas:
A Nicolle perguntou se esse prazo seria contado em dias úteis ou dias corridos. O Renato
acha que esse é um prazo processual e se é um prazo processual os dias são corridos, mas como é
um prazo para pagar, alguns processualistas, ainda na linha do que se fazia na vigência do CPC de
1973, entendem que esse prazo não é corrido.
O Renato concorda com a ideia de que ele é processual, pois não é o direito material que
fixa isso, é o próprio CPC, então, na verdade, ele deve ser contado como os prazos processuais, em
dias úteis.
16.7.1. Arresto
Suponha que o executado tenha fugido e não tenha sido citado, o oficial de justiça pode
arrestar bens dele. Isso, na verdade, não é uma penhora, mas é uma constrição de natureza cautelar,
nos termos do artigo 830: “se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos
bens quantos bastem para garantir a execução”.
Sobre o que é arresto e penhora, nós falaremos mais adiante, mas saibam que o arresto é
uma constrição de natureza cautelar, ele não é uma penhora, pois não prepara a expropriação, ele
é como se fosse um “para, não mexe”, para depois poder fazer a penhora de fato. Neste caso, dá
para converter o arresto em penhora.
195
O arresto, portanto, é como se fosse uma garantia do juízo, mas é uma garantia de natureza
processual, por isso essa natureza cautelar.
O sequestro e o arresto dizem respeito a natureza do bem, se ele é fungível ou se ele não
é fungível, se é uma coisa móvel ou coisa imóvel. Mas, na atualidade, não há mais essa distinção, o
CPC unificou essas ideias no arresto.
O §1º, por sua vez, vai dizer que “nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o
oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de
ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido”.
Então, na citação do executado que não é encontrado pela primeira vez, acontece mais ou
menos como a citação na fase de conhecimento, ou seja, tenta-se por hora certa, se não der por
hora certa, tenta-se por edital, isso agora está lá no §2º: “incumbe ao exequente requerer a citação
por edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa”.
Por sua vez, o §3º vai dizer que “aperfeiçoada a citação e transcorrido o prazo de
pagamento, o arresto converter-se-á em penhora, independentemente de termo”.
Ou seja, não consegui citar, arrestei, foi feita a citação depois, por hora certa ou por edital,
eu converto o arresto em penhora, a constrição cautelar vira a constrição executiva, que é a
penhora.
Voltando, o Juiz recebe a petição inicial, ele recebe, vê que está tudo ok, pede a intimação
de quem tem que pedir, há um título executivo extrajudicial, há memória atualizada de cálculo e ele
diz: “cite-se o executado para pagar em três dias; se pagar em 3 três dias, eu reduzo os honorários
de 10% para 5%”, o oficial de justiça vai lá e cita, se em três ele não pagar, o oficial de justiça pode
realizar a penhora daquilo que o exequente pediu que fosse feito e o magistrado deferiu.
No caso da citação não ser feita, o oficial de justiça pode com o mesmo mandado arrestar,
ou seja, fazer uma constrição cautelar sobre bens do executado e realizar a citação por hora certa
ou por edital, feito isso o arresto converte-se em penhora.
Agora, existe uma possibilidade na execução de título executivo extrajudicial que não existe
na execução de título executivo judicial e essa é uma novidade, pois o CPC de 1973 previu essa
196
possibilidade de parcelamento do preço e o STJ começou a aplicar esse parcelamento, também, na
execução de título executivo judicial, o CPC de 2015, no entanto, diz que essa hipótese de
parcelamento se restringe a execução de título executivo extrajudicial.
Ou seja, há aqui uma outra possibilidade, eu sou citado e eu não pago tudo, eu, na verdade,
faço um parcelamento da dívida. Isto ocorre para estimular o executado a pagar. Pois ele, às vezes,
quer pagar, mas não tem liquidez. Tendo em vista isso,o CPC dá a possibilidade de ele pode parcelar
o valor da dívida, nos termos do artigo 916 “no prazo para embargos26, reconhecendo o crédito do
exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas
e de honorários de advogado27, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o
restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por
cento ao mês”.
Então, a primeira coisa que o executado pode dizer é que está depositando 30% do valor e
quer parcelar o restante da quantia em até seis vezes.
Atento a vocês que o prazo que você tem para pedir o parcelamento não é o de três dias,
mas sim o prazo de 15 dias dos embargos, só que, se você fizer isso no prazo dos embargos , os
honorários a serem pagos serão de 10%.
O §1º diz que “o exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos
pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias”.
Dessa forma, o exequente não pode dizer que prefere a vista, na verdade, essa é uma
possibilidade que a lei da ao executado, se ele quiser parcelar, ele pode, ainda que de acordo com
o direito material ele não tivesse o direito de parcelar.
Por exemplo, o cheque é uma ordem de pagamento à vista, mas eu posso pedir o
parcelamento do valor que eu devo desse cheque.
197
O §3º dispõe que “deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e
serão suspensos os atos executivos”. De fato, eu não vou fazer a penhora durante o parcelamento,
pois, suspendem-se os atos executivos e o exequente pode levantar o dinheiro na medida em que
ele for sendo depositado.
O §4º, por sua vez, vai dizer que “Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos,
mantido o depósito, que será convertido em penhora”. Ou seja, eu deposito 20%, o Juiz indefere o
meu pedido de parcelamento, neste caso, o executado não pode requerer o estorno desse
parcelamento, isso se converte em depósito.
Agora, se durante o parcelamento o executado não pagar, o §5º vai dizer que “o não
pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: inciso I o vencimento das
prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos
executivos”.
Mais do que isso, o inciso II vai dizer que “a imposição ao executado de multa de dez por
cento sobre o valor das prestações não pagas”. Ou seja, não peça o parcelamento se você não tiver
condições de pagar, pois, se você pedir e ficar inadimplente, você vai ter que pagar uma multa de
10% sobre aquilo que você não conseguiu pagar tempestivamente.
Reiterando aquilo que disse o §1º, o §6º vai dizer que “a opção pelo parcelamento de que
trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos ”. Ou seja, você tem essa facilidade
se não quiser discutir, mas se quiser discutir não há essa facilidade.
O §7º vai dizer que “o disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença”.
Então, para desfazer a dúvida se podia ou não o parcelamento no cumprimento de sentença, essa
regra só se aplica a execução de título executivo extrajudicial.
Digamos que, eu não tenha pago em três dias e eu não parcelei, nós temos, então, os dois
caminhos tradicionais, eu farei com que se sigam os atos executivos, mas eu poderei, também,
impugnar a execução e farei isso nos embargos a execução.
198
Esse é um detalhe importante, pois, a oposição de embargos independe da realização de
qualquer ato executivo. Esse dispositivo foi inteligente, pois, antes, os embargos começavam a
contar da realização do ato executivo, na atualidade o CPC é bem enfático ao falar que a realização
dos atos executivos independe uma da outra.
O §1º vai dizer que “Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados
em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas
autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal”.
O artigo 915 diz que “Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado,
conforme o caso, na forma do art. 231”.
Esse é um detalhe importante, pois eu tenho um prazo de três dias para pagar a contar
da citação, só que, eu tenho um prazo de 15 dias para opor embargos a contar da juntada aos
autos do mandado de citação, ou seja, uma coisa está caminhando separadamente da outra.
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Citação do Executado Prazo de 3 dias para pagar Juntada do Mandado Prazo para opor
De Citação aos autos Embargos a Execução
Perguntas
A Nicolle perguntou se ele deveria pagar no prazo de três dias ou não. O Renato respondeu
que se o executado quiser pagar nesse prazo de três dias ele até pode pagar, porque se ele pagar
nos três dias os honorários diminuem em relação aquilo que ele já pagou.
Normalmente as pessoas não fazem isso, mas como há uma redução da metade dos
honorários, aquilo que você conseguir pagar em três dias, você pelo menos ganha os honorários .
Isto porque, os honorários de 10% só vão incidir do restante que você não pagou e não dos 30% já
pagos.
199
Na aula de hoje, analogamente ao que fizemos em relação a execução de título executivo
judicial, falaremos sobre a defesa do executado nessa modalidade de execução.
Portanto, ela não é propriamente um incidente no processo como a impugnação, mas uma
demanda incidental ao processo de execução a qual são os embargos a execução, ou, o também
chamado, embargos do executado.
A impugnação nasceu em 2005 e deixou de ser uma demanda autônoma, mas os embargos
a execução de título executivo extrajudicial continuaram sendo uma demanda autônoma. Talvez,
com o tempo isso mude, mas o CPC claramente optou por tratar a defesa do executado, na execução
de título executivo extrajudicial como uma demanda autônoma.
A gente pode supor que isso aconteceu, pois o executado nos embargos tem mais, digamos
assim, argumentos do que na impugnação, ou seja, há mais discussão nos embargos do que na
impugnação.
Aqui, por exemplo, posso debater todo o direito material, não há, obviamente, uma
sentença. Então, eu posso dizer que, determinada dívida é inexigível, está prescrita e etc. Enfim, eu
posso debater tudo o que diz respeito a obrigação subjacente ao título executivo. Diferentemente
do que ocorre no caso do cumprimento de sentença, como vocês sabem, eu não posso discutir
mérito, pois eu estou vinculado a eficácia preclusiva da coisa julgada.
200
Talvez seja por isso que o rol de argumentos possíveis do executado embargante é maior
nos embargos a execução do que na impugnação; talvez seja por isso, também, que a lei tenha
deixado os embargos como uma demanda autônoma, ainda que incidental ao processo de
execução, a contrário sensu do que ocorre na impugnação, a qual é um incidente cognitivo no
processo sincrético.
O artigo 914, §1º do CPC vai dizer que “O executado, independentemente de penhora,
depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos: §1º Os embargos à execução
serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças
processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua
responsabilidade pessoal”.
Lembrem que, porque isso é uma demanda autônoma, aplica-se as regras da distribuição
do ônus da prova normais que se aplica em relação a uma demanda, ou seja, cabe ao autor provar
o fato constitutivo do seu direito e, neste caso, como se trata de uma demanda de defesa, o fato
constitutivo do autor é a negativa do direito do fato constitutivo do demandado.
Os embargos é uma defesa, mas ele não é uma contestação, pois a contestação é uma peça
em um processo pendente, aqui há uma demanda autônoma em um processo incidental para
desconstruir o título executivo.
201
Isto porque, o argumento é o de que no processo de execução não deveria haver
conhecimento, então, se eu estou debatendo nos embargos questões de mérito, eu preciso deixar
isso em um processo próprio; essa ideia surgiu antes do processo sincrético, então, se os embargos
a execução tem natureza cognitiva, eu não poderia fazer os embargos na execução, porque, em
tese, na execução não deveria nem ter conhecimento.
Na atualidade, não haveria grandes problemas, você pode ter conhecimento na execução,
nós sabemos que o que qualifica a fase é o predomínio, não a exclusividade, ou seja, você pode ter
tutela executiva, por exemplo, durante a fase de conhecimento, mas o que predomina é o
conhecimento, mas não é apenas o que acontece nessa fase, visto que ela também pode ter
incidente de execução.
EXEQUENTE EMBARGANTE
EXECUTADO EMBARGADO
O prazo para embargar, como vimos na aula passada, ele se inicia da citação em execução
do executado. Lembrem que, o processo de execução começa com a citação do executado e que
ele tem três dias a partir da citação para pagar.
Ele terá, no entanto, 15 dias a contar não da citação, mas da juntada aos autos do mandado
de citação para embargar ou para pedir o pagamento parcelado da execução; isso está lá no artigo
829 o qual diz que “o executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado
da citação”.
É claro que, como ocorreu também em relação a execução de título executivo judicial, o
executado também pode conseguir o efeito suspensivo para tentar impedir a realização de atos
executivos.
202
No entanto, a defesa do executado não pressupõe a realização de um ato executivo, ele
deve se defender no prazo de 15 dias a contar da sua citação e não a contar da realização de nenhum
ato constritivo, como era antes.
Se for citado, portanto, tem três dias para pagar e tem 15 dias da juntada aos autos do
mandado de citação para embargar; isso está lá no artigo 915 “Os embargos serão oferecidos no
prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art. 231”.
É diferente do prazo da impugnação. Lembrem que, neste caso, o prazo começa a contar
quando termina a contagem do prazo para pagar, ou seja, eu tenho 15 dias para pagar, se não pago,
eu tenho 15 dias a contar do fim desse prazo de 15 dias para oferecer defesa.
No caso dos embargos a execução, no entanto, não é a regra do “3 + 15”, eu tenho três
dias para pagar a contar da citação e tenho 15 dias para opor embargos a contar da juntada aos
autos do mandado de citação.
Na impugnação, portanto, vale a regra do “15 + 15”, ao passo que, nos embargos a
execução não é a regra do “3 + 15”, na verdade é três dias para uma coisa e, independentemente,
15 dias para outra.
Isto quer dizer que, são dois executados e um mandado é juntado em um dia e o do outro
em outro dia. Com isso, o prazo começa a contar não dá juntada aos autos do último mandado como
ocorre na citação - na fase de conhecimento -, mas, ele começa a contar individualmente, exceto se
os executados forem casados ou companheiros.
Ou seja, esse é o momento típico para que eu me defenda, mas algumas defesas eu posso
fazer mesmo depois desse prazo, ou seja, a preclusão para oposição dos embargos não atinge todas
203
as defesas possíveis, algumas delas podem ser conhecidas mesmo depois, como no caso da Exceção
de Pré Executividade.
Então, algumas matérias devem ser suscitadas nos embargos, se não forem precluem,
algumas, no entanto, não precluem e podem ser arguidas mesmo depois do prazo de oposição dos
embargos.
16.10.1.5. Competência
Como os embargos são uma demanda conexa a demanda de execução, a competência para
julgar os embargos é do Juiz competente para julgar a execução. Mas, diz lá o artigo 914, §2º “Na
execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas
a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou
defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado”.
As vezes você pode realizar um ato executivo no outro juízo, mas isto não é passar a
competência para um outro juízo, não há, na verdade, um deslocamento de competência, o que há,
na verdade, é uma cisão de competência.
Por exemplo, o juízo da execução é aqui no rio, mas eu vou pedir a penhora de um bem em
Petrópolis por carta precatória, então, o juízo deprecante é o juízo que pede (Juiz do Rio de Janeiro)
e o juízo deprecado é o juiz que vai fazer a penhora naquele local (Juiz de Petrópolis).
A competência para julgar os embargos é do juízo deprecante, pois ele é o juízo que está
julgando a execução, ou seja, é ele quem tem jurisdição, mas, há essa exceção do §2º o qual fala
que a competência não será do juízo deprecante, mas do juízo deprecado, se o objeto dos embargos
versar sobre os vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação feitos na comarca do
Juiz deprecado.
Isto porque, esses atos serão realizados pelo juízo deprecado, não se está discutindo se o
executado deve ou não este crédito, se está debatendo apenas os vícios dos atos realizados pelo
juízo deprecado.
204
16.10.1.6. Legitimidade Ativa e Passiva
Ou seja, a pessoa poderá ser executado sem ser devedora, poderá ser exequente sem ser
credora, por isso que, veremos que uma das matérias de defesa na execução é justamente a
ilegitimidade ativa ou passiva das partes.
Atualmente, esse efeito não é dado mais de forma ex lege, ele é dado de forma ope judicis,
ou seja, é preciso que o executado peça ao Juiz, nos embargos, a suspensão da execução. Aqui, não
é um recurso, mas a lógica é a mesma do recurso, eu preciso pedir ao Juiz que ele suspenda a eficácia
do título executivo.
Isso está lá no artigo 919 do CPC “Os embargos à execução não terão efeito suspensivo”.
Mas, o nos termos do §1º “ o juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo
aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a
execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes ”.
Então, nós temos aqui a mesma coisa da impugnação, ou seja, nós temos dois requisitos
para que seja deferido o efeito suspensivo: (I) eu preciso de fumus boni iuris e periculum in mora e
(II) eu preciso da garantia, mesma coisa em relação a impugnação, eu posso dispensar a garantia se
eu tiver um grande fumus boni iuris, ou, do mesmo modo, um grande periculum in mora. Ou seja,
embora a lei diga que esses dois requisitos são cumulativos, na verdade, eu posso dispensar a
garantia se o fumus boni iuris e o periculum in mora forem mais altos.
205
a garantia nesse valor para o executado se defender, ou seja, não se farão penhoras até atingir esse
valor para suspender a execução.
Portanto, o Juiz pode ver e decidir que, de fato, o fumus boni iuris é provável, sendo
impossível que esse devedor deva R$170.000.000.000,00 e que o periculum in mora também é
muito alto, pois, se eu fizer a penhora dessa quantia, nem a pessoa mais rica cons egue sobreviver a
esta penhora, tendo, com isso, a vida completamente inviabilizada.
Dessa forma, embora a lei fale que esses requisitos são cumulativos, na verdade, eles não
são, visto que eu preciso de um dos requisitos para conseguir o deferimento da tutela de urgência
e, em regra, da garantia também.Todavia, pode ser que isso não ocorra, haja vista que se o fumus
boni iuris e o periculum in mora forem um pouco mais fortes, o Juiz pode dispensar a garantia para
dar o efeito suspensivo.
O poder geral de cautela é que para o juiz poder dar efeito suspensivo dispensando a
garantia, a lei diz que para você conseguir o efeito suspensivo, você deve ter os requisitos da tutela
de urgência mais a garantia, mas o Juiz pode com fundamento no seu poder geral de cautela
dispensar a garantia, ou seja, fazer algo que, em princípio, o artigo não permita que ele faça.
Há, aqui também, como há na impugnação, os embargos parciais, o Juiz pode dar o efeito
suspensivo parcial, isso está lá no §4º.
O §5º ele cria uma dúvida, pois ele vai dizer que “a concessão de efeito suspensivo não
impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação
dos bens”.
Então, há aqui dois capítulos: uma coisa é dizer que suspendeu e não há mais como realizar
nenhum ato constritivo, mas, se ele já foi feito, nada impede os atos de substituição, de reforço ou
de redução da penhora.
206
Isto quer dizer que, se já começou os atos constritivos, você não pode fazer novas
penhoras, mas você pode substitui-la, reforçá-la, ou, reduzi-la, mas, vejam que, reforçar a penhora
é fazer mais penhora, então, aqui há várias possibilidades de interpretação.
Isto quer dizer que, se foi feita uma penhora e é dado o efeito suspensivo, eu posso alienar
esse bem sem que eu esteja alienando um bem penhorado, a qual é a modalidade mais grave de
fraude à execução, ou seja, eu posso aliená-lo em fraude, mas, não será uma alienação de um bem
penhorado.
O que é dar efeito suspensivo na execução? Dar efeito suspensivo na execução pode ser
pedir para parar tudo o que está sendo feito, o que já foi feito tudo bem, mas não pode fazer mais
nada.
Ou seja, todos os atos constritivos que foram feitos, já não tem mais como voltar atrás e
desfazê-los, todavia, nos termos do artigo, não se pode ir adiante nessa constrição, ou seja, não vai
haver a possibilidade de se fazerem novas penhoras.
A) Efeito Ex Tunc
O Juiz pode interpretar esse dispositivo da seguinte forma, embora a gente possa entender
que o magistrado possa fazer as duas coisas, ele, ao dar o efeito suspensivo pode dizer que como o
periculum in mora e o fumus boni iuris extrapolam o limite do razoável, ele dá o efeito suspensivo
na modalidade ex tunc, para que, com isso, esses atos constritivos retroajam ao tempo que eles
foram feitos e sejam desfeitos.
Imaginem que, o oficial de justiça já tenha penhorado alguma coisa e o executado tem a
constrição de seus bens no valor R$170.000.000.000,00. Ocorre que, o Juiz recebe os embargos e
se dá conta de que esse é um valor exorbitante, com isso, ele vê que o oficial de justiça já fez várias
penhoras, mas isso é algo absurdo e, na verdade, houve um erro de cálculo evidente nesse valor.
Dessa forma, o magistrado pode dizer que não tinha que ter feito penhora nenhuma e ele da o
efeito ex tunc a essas constrições, para que elas retroajam ao momento da penhora e retornem ao
seu status quo ante.
207
Por outro lado, pode ser que o Juiz fique na dúvida e determine que não se aliene os bens,
mas também não suspende as penhoras, porque, não há certeza de que o executado tem razão,
então, dá-se o efeito ex nunc.
B) Efeito Ex Nunc
Agora, o Juiz pode dizer que não vai deixar a execução ir até o final, mas que, também, não
quer liberar o imóvel, pois, não tem certeza de que o executado tenha razão. Isto porque, o direito
dele o não é tão evidente assim, e, aí, ele defere o efeito suspensivo apenas na modalidade ex nunc.
Ou seja, ele não desfaz os atos constritivos realizados anteriormente, ele só impede que
novos atos constritivos procedam, ou, que, esse atos constritivos sejam aprofundados como, por
exemplo, da penhora se passe para a expropriação. Dessa forma, você libera o bem para o alienado,
não sendo, portanto, aquela fraude gravíssima da alienação de bem penhorado, mas uma alienação
em fraude à execução.
A terceira opção deste caso é interpretar literalmente o §5º e dizer que o efeito suspensivo
suspende as coisas que estão acontecendo, ou seja, seria mais ou menos um ex tunc, mas ela não
impede a substituição, o reforço, a redução ou a avaliação.
Ou seja, ela suspende para frente algumas coisas, mas não todas as coisas, isso é estranho,
o Renato prefere dizer que o Juiz tem liberdade para ver o que ele vai suspender e o que ele não vai
suspender, a depender das circunstâncias do caso.
Há duas soluções, as duas são possíveis, independentemente se você advoga para o credor
ou para o devedor, mas, se você for Juiz é mais complicado.
Há duas lógicas conflitantes aqui, uma delas é: você aplica subsidiaria mente as regras de
uma execução em relação à outra execução; era com o fundamento nesse raciocínio que se aplicava,
208
na vigência no CPC de 1973, o parcelamento na execução de título executivo judicial. No entanto,
agora, o CPC diz expressamente que isso não se aplica mais.
Por outro lado, ele não diz explicitamente que você não pode usar a contra-cautela, então,
você raciocina que se a lógica é a aplicação da teoria de vasos comunicantes, aplica-se ela, salvo se
a lei disser que não pode de modo expresso, como nesse caso no parcelamento. Aqui, não diz que
não pode, então, talvez, eu possa aplicar por analogia.
Vejam bem, as duas posições são defensáveis, você pode defender perfeitamente que se
aplica por analogia as posições sobre a execução no sistema de vasos comunicantes, logo, você pode
preencher uma lacuna puxando uma previsão que tenha na outra execução, ou, você pode dizer
que, na verdade, não há os vasos comunicantes e tanto não há ele que a lei para não deixar dúvidas,
inclusive, diz que com relação ao parcelamento não pode.
No entanto, você pode usar essa regra para dizer exatamente o contrário, ou seja, já que
existe uma vedação expressa em relação ao parcelamento, é porque a lei não quis fazer a vedação
em relação a outros pontos e dentre eles encontra-se a possibilidade de contra-cautela. OS vasos
comunicantes, portanto, consistem em, se tiver uma lacuna em relação ao título executivo judicial
ou extrajudicial, você pode pegar a solução de um tipo de execução para a outra.
O artigo 917 do CPC vai dizer que “Nos embargos à execução, o executado poderá alegar”
A) Inciso I
Então, podemos ter uma obrigação cujo termo ainda não se realizou ou uma obrigação cuja
condição ainda não se implementou, como um título executivo que não é um título executivo, já
que ele não é líquido.
Se eu tento executar algo que não é líquido, certo e nem exigível, eu, executado, nos
embargos, posso argumentar que esse título não é executável, logo, não haveria fundamentos para
se ter uma execução de título executivo extrajudicial, pois, não há execução sem título.
B) Inciso II
209
Neste caso, é feita uma penhora sobre um bem impenhorável. Imaginem que, o bem tenha
sido avaliado pelo oficial de justiça em um valor muito aquém do valor real. Neste caso, eu posso,
nos embargos, debater a avaliação errônea, ou a penhora incorreta.
C) Inciso III
Eu posso dizer que a nota promissória é de um valor “y” o qual não estava atualizado, ou
seja foi usada uma atualização equivocada e, com isso, há um excesso na execução de tantos reais.
Neste caso, eu posso alegar na minha defesa um excesso de execução.
O excesso a execução consiste, nos termos do §2º no seguinte “Há excesso de execução
quando: inciso I o exequente pleiteia quantia superior à do título; inciso II ela recai sobre coisa
diversa daquela; inciso III ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título”.
O executado, nos embargos, tem o ônus de apontar exatamente quanto ele acha que é o
excesso, nos termos do §3º “quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia
quantia superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que entende correto ,
apresentando o demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo”.
O §4º por sua vez, vai dizer que “Não apontado o valor correto ou não apresentado o
demonstrativo, os embargos à execução: inciso I serão liminarmente rejeitados, sem resolução de
mérito, se o excesso de execução for o seu único fundamento”.
Ou seja, o argumento de excesso de execução só pode ser conhecido pelo Juiz, se eu,
executado embargante, disser exatamente o que eu entendo que é devido e, mais, eu digo que há
um excesso. Aqui, eu terei uma parte que é controversa e uma parte incontroversa, a qual é essa
que trata do excesso da penhora. Neste caso, o exequente pode continuar a execução em relação a
parcela incontroversa, mas não em relação à parte controversa.
Mas, eu posso alegar, no entanto, várias coisas ao mesmo tempo. Eu posso dizer que há
prescrição e há excesso; neste caso, não há parte incontroversa, esse é um detalhe importante, pois
eu posso cumular defesas, se eu cúmulo defesas, ainda que exista uma parte incontroversa em
relação ao argumento do excesso, não haverá incontrovérsia em relação a essa parte, porque um
outro argumento também atinge essa diferença.
210
Isso faz mais sentido na execução de título executivo extrajudicial, porque as matérias de
defesas são mais amplas, logo, eu tenho mais chances de impugnar o todo na execução de título
executivo extrajudicial do que eu tenho no cumprimento de sentença.
D) Inciso IV
“retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de
coisa certa”
E) Inciso V
F) Inciso VI
“qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento”.
Esse é o inciso mais importante, pois, por causa dele as matérias de defesa dos embargos
são muito mais amplas do que na impugnação. Eu posso argumentar qualquer matéria que seria
lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.
Por exemplo, alguém ajuíza um ação contra mim e pede que eu pague uma dívida, eu
argumento que essa dívida é inexigível, pois eu já paguei. Na execução eu posso argumentar que
houve pagamento na impugnação ao cumprimento de sentença? Posso, desde que, eu argumente
que esse pagamento é superveniente a sentença, ou seja, eu posso ter pago entre a sentença e o
momento da impugnação.
Isto porque, não houve uma fase de conhecimento, aqui, é uma execução de título
executivo extrajudicial, então, tudo o que eu poderia usar para me defender em uma eventual fase
de conhecimento, eu posso, aqui, na execução também usar.
211
Esse, portanto, é o inciso que faz das hipóteses de defesa nos embargos a execução algo
muito mais amplo do que na impugnação, visto que, no cumprimento de sentença, já há uma
sentença, já há uma decisão judicial sobre a minha pretensão, ao passo que, na execução de título
executivo extrajudicial, não há decisão judicial nenhuma.
O procedimento dos embargos encontra-se no artigo 914, §1º o qual dispõe que “Os
embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com
cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio
advogado, sob sua responsabilidade pessoal”.
Nós já falamos sobre isso e vimos que os embargos são distribuídos por dependência ao
processo de execução e autuados em apartado, ou seja, é uma demanda incidental ao processo de
execução.
16.10.1.9.1. Tempestividade
Agora, se a matéria que está nos embargos intempestivos não forem matéria precluível, o
Juiz deve julgar os embargos. A gente falará disso na aula que vem, mas saibam que ele indefere
liminarmente apenas se a matéria for precluível, caso ela não seja, a intempestividade não impede
o Juiz de decidir aquela questão. Ou seja, essa matéria não precluível pode ser suscitada depois
desse prazo de 15 dias.
O inciso II vai dizer que “nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência
liminar do pedido”.
Essa é uma demanda, portanto, o Juiz pode julgar improcedente quando já houver
jurisprudência consolidada no Tribunal favorável à tese do exequente/embargado.
212
16.10.1.9.3. Embargos a Execução Protelatórios
O inciso III vai falar que “manifestamente protelatórios” e o parágrafo único vai dizer que
“considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embarg os
manifestamente protelatórios”.
Ou seja, quando os embargos forem para enrolar, o Juiz pode não apenas indeferi-los
liminarmente, sem nem determinar a intimação do embargado, mas deverá também condenar o
embargante pela prática ato atentatório a dignidade da justiça.
16.10.1.9.5. Sentença
Esse procedimento se encerra com uma sentença. Lembrando que, aqui, não é um
incidente cognitivo no processo sincrético, mas um processo de conhecimento incidental. O inciso
III vai falar, portanto, que “encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença”.
Ou seja, os embargos são julgados mediante sentença e a consequência prática disso é que
o recurso cabível será Apelação.
16.10.1.9.6. Apelação
Detalhe importante em relação a apelação, o artigo 1.012, §1º, inciso III “A apelação não
terá efeito suspensivo, se ela for interposta de sentença que extingue sem resolução do mérito ou
julgam improcedentes os embargos do executado”.
Imaginem que, o Juiz julga improcedente os embargos, ou seja, ele diz que a execução pode
prosseguir, a apelação dessa sentença não tem efeito suspensivo, ou seja, a execução continua.
213
Agora, a situação é diferente se os embargos forem julgados procedentes, ou seja, para
extinguir a execução, neste caso, há efeito suspensivo.
Das decisões proferidas nos embargos cabe recurso? Lembrem que, hoje, nem toda decisão
interlocutória é irrecorrível, existe um rol no artigo 1.015. Portanto, serão recorríveis todas as
decisões interlocutórias no processo de Execução, todavia, aqui, não é um processo de execução.
Isso está lá no parágrafo único, do artigo 1.015 “Também caberá agravo de instrumento
contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de
sentença, no processo de execução e no processo de inventário”.
Vejam que, aqui, não é processo de execução, ou seja, os embargos como são uma
demanda autônoma, ainda que sejam incidentais a execução, não faz com que as decisões
proferidas nele sejam decisões proferidas no processo de execução. Com isso, nem toda execução
proferida nos embargos será recorrível, mas todas as decisões na execução de título executivo
extrajudicial são recorríveis.
O artigo 1.015, inciso X diz que “concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo
aos embargos à execução”. Ou seja, da decisão que trata do efeito suspensivo, cabe agravo de
instrumento, essa decisão é proferida nos embargos.
Mas, e se o Juiz determinar a realização de uma penhora, cabe recurso dessa decisão? Sim,
pois essa decisão foi feita na execução de título executivo extrajudicial e não nos embargos. Ou seja,
essa regra de que as interlocutórias não são recorríveis só se aplica aos embargos a execução. Se a
decisão for proferida na execução, como, por exemplo, a decisão que determine uma penhora, cabe
agravo com fundamento no parágrafo único, do artigo 1.015.
Vejam que, não cabe agravo em todas as decisões proferidas nos embargos, salvo da
decisão que concede, modifica ou revoga o efeito suspensivo. Isto porque, essa decisão não é
proferida na execução, ela é proferida nos embargos.
214
Nós falamos na última aula sobre a defesa do executado, na execução de título executivo
extrajudicial, que é os embargos a execução. Nós já havíamos falado, também, sobre a defesa do
executado na execução de título executivo judicial, que é a impugnação ao comprimento de
sentença, sendo estas as duas modalidades típicas de defesa do executado.
Nos já vimos, no entanto, que essas duas não são as únicas duas maneiras possíveis que o
executado tem de se defender na execução, elas são as maneiras típicas, mas há outras e essa é a
matéria da primeira parte da aula de hoje. Ou seja, falaremos das outras defesas que o executado
pode ter para se defender.
A primeira delas é chamada Exceção de Pré-Executividade, ela foi criada pela mente
adubada do pontes de Miranda, porque a ideia é que na época dele, a defesa do executado
pressupunha a garantia do juízo. Haveria certos casos, no entanto, em que o Juiz poderia conhecer
de certos vícios de ofício, o que tornaria desnecessária a garantia do juízo para que ele fizesse isso.
Por exemplo, a parte ser ilegítima na execução. O Juiz, de ofício, poderia fazer esse
controle, se ele poderia fazer isso de ofício, o executado não precisaria ter a garantia do juízo para
se defender e nem o Juiz precisaria dela para decidir sobre essa questão.
Isso fez com que, na praxe se tenha desenvolvido esse instrumento, que é uma simples
petição, qual seja ela : a Exceção de Pré-Executividade.
Ela é uma defesa fora das hipóteses típicas (isso a gente ainda está na vigência do CPC de
1973). Eu posso levar ao Juiz uma questão sobre a qual ele pode conhecer de ofício e, ainda por
cima, posso fazer isso sem garantir o juízo, o que a época era pressuposto para que eu pudesse me
defender.
Com isso, surgiu a Exceção de Pré-Executividade cujo nome, no entanto, como diz o
Barbosa Moreira, não é muito feliz, porque, na verdade, não se trata de uma exceção, mas sim de
uma objeção. Isto porque, o que distingue a objeção da exceção é justamente a circunstância de
que na objeção o Juiz pode conhecer de ofício.
215
Por exemplo, tem um exceção sobre a qual o Juiz não pode conhecer de ofício, a
ilegitimidade é um objeção, pois o Juiz pode conhecer dessa matéria de ofício, logo, a distinção
entre exceção e objeção se funda justamente na possibilidade que o Juiz tem de ofício, decidir sobre
a matéria. A Exceção de Pré-Executividade não se trata, portanto, de exceção, mas sim de objeção.
O Juiz poderia ter decidido de ofício, mas não decidiu, então, eu levo a ele, mediante uma
petição simples, a impugnação. Para fazer isso, o Juiz não precisa garantir, pois o Juiz poderia ter
conhecido de ofício; isso tudo na vigência do CPC de 1973.
Qual a outra vantagem em algo ser conhecido de ofício processualmente falando? Vamos
lá, qual a diferença entre competência relativa e competência absoluta? A absoluta pode ser
conhecida de ofício e a relativa não. A outra diferença entre elas é que não preclui. Pode-se concluir
então que, ainda há utilidade no manejo da Execução de Pré-Executividade, porque a defesa na
impugnação e nos embargos é uma defesa precluível.
A vantagem da exceção, ainda hoje é: ainda que a matéria não tenha sido suscitada no
momento processual oportuno, não há problema, porque é uma matéria não precluível e com isso,
eu posso me utilizar da Exceção da Pré-Executividade.
Por exemplo, eu perdi o prazo para embargar, eu posso argumentar defesas que digam
respeito - no caso da execução de título executivo extrajudicial - a existência do crédito executado?
Não, eu não posso mais embargar, esse capítulo não é impugnável de ofício, mas, eu posso
comentar que o exequente é parte ilegítima, a ilegitimidade é uma objeção, a ilegitimidade é uma
questão sobre a qual podemos conhecer de ofício.
Isto quer dizer que, ainda há utilidade prática na exceção de Pré-Executividade, embora
não se exija mais a garantia do juízo para a defesa típica, que são os Embargos a Execução.
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1973 2005 2015
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Tudo tinha que ter garantia Tinha que ter garantia no judicial. Não há mais garantia para nenhum
No CPC de 1973 tudo tinha que ter garantia, a partir de 2005, você tinha que ter garantia
do judicial, mas no extrajudicial não, ficou no meio do caminho. Agora, em 2015, digamos assim, o
caminhos e completou, não há a necessidade nem no judicial e nem no extrajudicial.
Perguntas
Eu perguntei se a prescrição também pode ser conhecida de ofício? Tem um problema aqui,
a prescrição nunca foi uma matéria que poderia ser conhecida de ofício, mas ela passou a poder ser
conhecida de ofício, justamente porque no processo tributário isso começou a ser utilizado. Todavia,
há uma discussão muito grande na atualidade se todo caso de prescrição é, ou não, uma matéria a
ser conhecida de ofício.
O artigo 803 do NCPC vai dizer que “É nula a execução se: A nulidade de que cuida este
artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de
embargos à execução”.
O inciso I vai falar que “o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível”; O inciso II vai dizer que “o executado não for regularmente citado”; O inciso III
vai dizer que “for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo”. Esses são
exemplos, mas são só esses.
Vejam que, a regra é mais importante que os exemplos dados pelo dispositivo, eis que tudo
aquilo sobre o qual o Juiz possa conhecer de ofício, ele deve debater ou decidir se provocado por
uma petição simples: a legitimidade, a incompetência absoluta, por exemplo.
217
Às vezes o STJ, especialmente, no processo tributário, restringe as questões de Exceção de
Pré-Executividade aos casos em que não seja necessária a realização de prova, mas isso não deve
ser interpretado como um empecilho absoluto, pois, pode ser que alguma instrução probatória seja
necessária. Neste caso, o Juiz deve realizar a instrução probatória necessária, ou seja, em tese, não
se pode excluir, ou, pré excluir, o direito da parte a produzir uma prova que seja necessária.
Lembrem que, toda a jurisprudência é uma reação a alguma coisa. Ainda que exista uma
pretensão de falar algo em tese, ela é sempre uma reação a alguma coisa. As pessoas, como não
podiam fazer as defesas nos embargos, porque tinha que garantir, elas começavam a colocar tudo
na Exceção de Pré-Executividade.
Ou seja, as partes usavam a Exceção para tentar jogar nela defesas que não são casos de
exceção, então, há uma certa reação a esse medo de abrir muito as portas.
A verdade é que, o Juiz pode indeferir a prova irrelevante, o fato da questão ser complexa
não há nenhum problema, o problema é a realização de uma prova inútil, mas isso o Juiz pode
indeferir.
Oportuno, ainda, dizer que, essa petição também é válida para a Execução de Título
Executivo Judicial, ainda que as hipótese sejam menos possíveis.
Por exemplo, no caso da ilegitimidade. O crédito foi cedido e quem está executando não é
o executado, ou você, executado, é parte ilegitimidade. A pessoa pode fazer isso na impugnação,
ela não precisa mais garantir. Portanto, a parte só irá se defender desse modo, se ela, por alguma
razão, perder o prazo da impugnação, o que não é muito comum.
Perguntas
A Luiza afirmou que não havia mais necessidade de discutir matéria fática na execução. O
Renato disse que, às vezes, pode discutir como no caso da ilegitimidade, eu estou argumentando
que houve uma cessão do crédito, e, aí, pode ser que a outra parte diga que não houve e junta um
documento comprovando isso.
Ela perguntou se não haveria como ter uma instrução probatória completa. O Renato
redarguiu e disse que, até que ponto não se pode fazer uma dilação probatória complexa, a prova
tem que ser pré constituída e etc. Enfim, há uma série de questões para tentar dizer que não há
218
como tumultuar, mas o Juiz pode deferir as provas úteis, é muito difícil de se pensar que uma prova
útil seja muito complexa.
Quando eu peço a rescisão de uma sentença, em uma ação rescisória, na qual se pede a
suspensão da eficácia da decisão contra a qual alguém possa me executar, eu estou indiretamente
me defendendo daquela execução em uma ação autônoma.
Por exemplo, eu perdi a demanda, fui condenado a pagar milhões, eu posso esperar a
execução, mas posso me antecipar e ajuizar uma ação rescisória contra o acórdão que deu ao
executado o direito à esse, digamos assim, excesso de execução e, com isso, pedir uma liminar para
suspender essa execução até o julgamento da ação rescisória.
Quando o título, portanto, é judicial, uma maneira que o executado tem de tomar a
iniciativa é de atacar o título executivo judicial e ele faz isso por meio da ação rescisória.
Perguntas
Eu perguntei se para ter a rescisória vai ter que ter transitado em julgado a decisão? O
Renato afirmou que para ter a rescisória sim.
Eu perguntei, também, se está poderia ser o caso de uma ação anulatória? O Renato
respondeu que não, porque o título executivo é judicial, você não pode descosnstituir um título
executivo judicial com uma ação anulatória do débito que o substancie, pois, o que está sendo
executado é a sentença e não um contrato ou uma confissão de dívida, que poderiam ter dado
origem a procedência da demanda. Então, você não pode usar a anulatória. Neste caso, você só irá
utilizá-la na execução de título executivo extrajudicial.
Por exemplo, você tem um cheque meu, eu comprei um computador e te passei ele; você
disse que o computador estava em bom estado, mas, na verdade, não estava e eu corro o risco de
você executar esse cheque.
219
Eu posso esperar a sua execução e me defender nos Embargos a Execução, dizendo que o
direito material me protege pois na causa do contrato houve um vicio redibitório, então, você não
pode executar meu cheque.
O pedido dela é negativo, pois ela pede para desconstituir aquilo que você pode vir a
executar e, nesse sentido, ela é paralela à ação rescisória.
No direito material subjacente, que levou a procedência de uma demanda, eu tenho que
atacar a sentença, na execução de Título Executivo Extrajudicial não há sentença, neste caso, ainda,
então, eu posso atacar o próprio direito material que fundamenta ou que pode vir a fundamentar
uma execução.
Essa ação é aludida no artigo 784, §1º “A propositura de qualquer ação relativa a débito
constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução”.
Esse é um detalhe importante. O fato de que eu ajuízo uma demanda que verse sobre um
crédito o qual pode vir a ser executado, não faz com que o exequente não posso executar, ele
sempre pode executar.
Por exemplo, eu tenho um crédito e eu não me entendo devedor deste crédito, como é
que eu levo isso ao judiciário? Eu posso manifestar isso de duas maneiras. Primeiro, eu posso
esperar que o credor me execute, aí, nos Embargos a Execução, eu digo que, na verdade, eu não
devo aquela quantia. Portanto, eu posso me defender nos embargos, trata-se de uma defesa que
espera o ataque, espera a execução.
Por outro lado, eu também posso tomar a iniciativa e ajuizar uma ação contra você, e, aí,
ajuíza-se a Ação Impugnativa Autônoma, pedindo a declaração de que esse crédito não existe e,
mais do que isso, eu posso cobrar de você outra coisa, por ser uma ação.
Ou seja, eu posso cumular outros pedidos, a gente tem uma relação processual jurídica,
então, eu posso dizer que eu não devo nada, mas que, na verdade é você quem me deve
R$20.000,00.
220
Agora, o que esse artigo diz é que, o fato de eu distribuir uma Ação Impugnativa Autônoma,
não impede o exequente de executar o executado e, neste caso, o Juiz fica prevento.
Então, eu tenho essas duas maneira de manifestar a minha resistência, ou me defendo nos
embargos, ou, eventualmente, dependendo da matéria na Exceção de Pré-Executividade, ou, posso
tomar a iniciativa de ajuizar uma ação autônoma. Todavia, o mero ajuizamento da ação autônoma
não impede a execução.
Perguntas
A Luisa perguntou se a ação rescisória vinha depois dessa ação. O Renato disse que não
necessariamente, ela não precisa vir depois do trânsito em julgado, mas ela pode vir antes da
execução, ou durante, ou depois.
Eu emiti o cheque, a partir do momento que eu emiti ele, eu já posso ajuizar a demanda
contra você. Até porque, eu posso cumular a minha ação anulatória com perdas e danos, o que eu
não poderia fazer nos embargos por serem uma defesa.
A nicolle perguntou se eu poderia ajuizar essa ação autônoma mesmo depois de perder o
prazo para opor embargos. O Renato disse que vai falar isso no final da aula, pois, é uma matéria
importante.
16.10.2.5. Conexão
Essas demandas se existirem devem ser reunidas, há conexão entre elas e elas devem ser
reunidas no julgamento pelo mesmo Juiz. Isso está lá no artigo 55, §2º, incisos II e III “Reputam-se
conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. §2º Aplica-se
o disposto no caput: inciso I à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao
mesmo ato jurídico; inciso II às execuções fundadas no mesmo título executivo”.
Então, elas devem ser reunidas para o julgamento conjunto. Se, por qualquer razão, essa
ação já tiver sido jugada antes, você se defende na execução, alegando coisa julgada.
A coisa julgada é uma coisa sobre a qual o juiz pode conhecer de oficio? Sim. Então, você,
inclusive, pode alegar a coisa julgada em uma Exceção de Pré-Executividade.
Por hora, vocês devem saber que essas ações devem ser reunidas, para que não haja
decisões conflitantes.
221
16.10.2.6. Efeito Suspensivo
A gente viu que os embargos podem ter efeito suspensivo quando tiver um grande
periculum in mora e fumus boni iuris, bem como a garantia do juízo, embora o Juiz possa com
fundamento no seu poder geral de cautela dar o efeito suspensivo independente da caução, mas,
para que isso ocorra, será necessário ser muito evidente o fumus boni iuris e o periculum in mora.
(esse é o efeito suspensivo nos embargos).
Agora, eu posso também pedir na Ação Impugnativa Autônoma um efeito suspensivo que,
na verdade, não é um efeito suspensivo, mas sim uma antecipação de tutela na qual eu peço a
suspensão da eficácia do título executivo. Com isso, se o Juiz der essa antecipação de tutela gera
um problema.
A Fazenda insiste na ideia de que ela pode executar, mas que esse execução fica suspensa.
Imaginem que, você seja proprietário de um imóvel, que você queira vender, se houver alguma
expropriação nas suas certidões, alguém pode não querer comprar de você.
Se a liminar for deferida e a outra parte tentar executar, eu posso entrar com uma Exceção
de Pré Executividade para extinguir a execução? Pode, aí, até que a Ação Autônoma seja decidida,
a pessoa não vai poder executar.
Ou seja, eu consegui uma liminar aqui, então, não vão ajuizar uma execução, se você ajuizar
uma execução, eu vou fazer uma exceção de pré executividade, você vai perder e, ainda, vai ter que
pagar honorários.
Isso é algo muito pesado para o réu, só o fato de você já ter um processo contra você, como
dizia Carnelutti, isso já é uma pena, pois você tem consequências sobre o seu patrimônio, você não
222
vai vender um apartamento sobre o qual pende uma execução pelo mesmo valor que você venderia
se não houvesse a execução.
Esse prazo se esgota, eu posso usar a Exceção de Pré-Executividade para debater isso
depois? A Exceção de Pré Executividade não. Isto porque, essa é uma matéria sobre a qual o Juiz
não pode decidir, pois é o mérito da peça e, com isso, ela demanda dilação probatória. Além do
mais, está não é matéria de ordem pública, a qual pode ser conhecida a qualquer tempo no
processo.
Uma delas é a seguinte: esta é uma outra demanda, não há litispendência entre os
embargos e a ação, pois os embargos nem forem opostos. Isto quer dizer que, não há coisa julgada,
pois não houve embargos, não há litispendência, pois não houve embargos.
Alguns autores tentam sair por aí, mas não dá, pois não houve embargos, e, também,
porque, simplesmente, eu não suscitei a questão neles.
É claro que, seria fácil se eu perdesse os embargos e ajuizasse uma ação impugnativa
autônoma debatendo a mesma coisa, aí, resolveu, porque a coisa julgada em um, impede o
julgamento do outro; trata-se da eficácia positiva da coisa julgada ou negativa conforme o caso.
223
Para ele, entender o contrário é tornar o prazo preclusivo dos embargos completamente
inútil. Então, a ele parece que se você deveria ter suscitado isso nos embargos e não suscitou, falta
interesse processual de agir.
Atento a vocês que não é caso de preclusão, porque a preclusão é uma coisa
endoprocessual, pode até dizer que se parece com a preclusão, porém, juridicamente falando, este
não é o termo mais técnico a ser adotado. Portanto, o fundamento jurídico a ser adotado da forma
mais correta seria a falta de interesse.
Vamos lá, você deveria ter suscitado a questão nos embargos e não suscitou, você pode
suscitar essa questão em uma execução de pré executividade depois dos prazos dos embargos? Não
pode.
O problema é quando eu, depois de perder o prazo para opor embargos, ajuízo uma
demanda autônoma discutindo exatamente aquilo que eu deveria ter suscitado nos embargos, mas
não suscitei.
Em principio, você pode fazer isso, pois você pode arguir na ação autônoma a matéria que
você quiser, não há litispendência, não há coisa julgada, até porque, não há embargos . Só que, é
visivelmente absurdo que eu perca o prazo de opor embargos e possa, em uma ação autônoma,
ressuscitar aquilo que eu perdi a possibilidade de discutir.
Parece ao Renato que a melhor solução para evitar esse resultado flagrantemente absurdo
é entender que falta interesse processual na ação autônoma impugnativa, já que eu poderia ter
suscitado nos embargos e perdi o prazo para opô-lo.
28 . O interesse de agir revela-se no trinômionecessidade / utilidade / adequação da prestação jurisdicional, não sendo eleita a via processual adequada
à impugnação do débito, desnecessária e inútil revela-se a prestação jurisdicional.
224
Perguntas
A Alice disse que não entendeu porque ela não poderia fazer em uma ação autônoma se
ela não fez aquilo nos embargos. Ela, ainda, disse que não há a perda do interesse, pois há a previsão
de que você pode ajuizar a ação. O Renato respondeu que não é o interesse a utilidade, mas sim o
interesse a adequação. Lembrem que, há dois tipos de interesse, o de utilidade você tem, só que,
você não tem a adequação, pois essa não é a via adequada, a via adequada eram os embargos.
Mesma coisa, imaginem que, ao invés de ajuizar uma ação rescisória, eu ajuízo uma ação
anulatória em primeiro grau, essa ação anulatória é inadequada, mas eu tenho interesse no sentido
de que eu quero rescindir aquela sentença, mas a vida adequada para isso é a ação rescisória.
Esse nome tem uma explicação histórica e ele não é no sentido de que há uma segunda
fase, mas é no sentido de que essa impugnação serve para impugnar vícios que ocorreram depois
do momento da defesa típica.
Isto ocorre, por exemplo, na penhora, pois se a penhora for ilegal, eu posso arguir a
ilegalidade dela nos embargos a execução. Mas, como esses prazos – eu insisto – ocorrem
paralelamente, eu posso impugnar mediante os embargos, se essa penhora já tiver sido feita.
No entanto, imaginem que ela não tenha sido feita, eu fiz os embargos e a penhora acabou
sendo realizada depois dos meus embargos. Neste caso, eu perdi a possibilidade de impugnar a
ilegalidade da penhora? Não, essa impugnação posterior é a impugnação de segunda fase. Ou seja,
segunda fase no sentido de que é depois da fase típica de defesa.
Isso está lá no artigo 917, §1º “A incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser
impugnada por simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato”.
Oportuno, ainda, dizer que, isso não acontece só em relação a penhora, mas como também
em relação a vários tipos de atos como a arrematação na qual a parte pode impugnar a arrematação.
Portanto, essa também é uma impugnação você e segunda fase.
Mas, a ideia geral é de que a impugnação de segunda fase é aquela que é feita após o prazo
ou após o momento processual para a impugnação típica dos embargos, ou a impugnação ao
cumprimento de sentença.
225
16.10.4. Embargos de Terceiros
Essa última defesa, na verdade, não é uma defesa do executado, ela é uma defesa de um
terceiro que é pego, digamos assim, sem querer em uma execução; essa defesa são os embargos de
terceiro.
A rigor, esta não é uma defesa do executado, pois o executado não é terceiro. Digamos
que, você não foi executado, mas é parte legítima. Neste caso, você é terceiro? Não, está é uma
matéria a ser tratado nos embargos a execução e não nos embargos de terceiro.
O conceito de terceiro, portanto, é aquele que não é parte da relação processual, logo,
aquele que acha que não deveria ser parte, ele não é terceiro, ele é parte, mas se diz ilegítima. Esse
é um erro muito comum, em que a pessoa é executada e acha que não deveria ser executada.
Mas, se o terceiro é pego e isso pode acontecer, ele tem a sua disposição os embargos de
terceiro. Isto ocorre da seguinte forma, quando o oficial de justiça vai na garagem de alguém e
penhora o bem de uma outra pessoa que não o do executado, por exemplo. Ou seja, penhorou o
meu piano, ou penhorou o meu carro, quando era para penhorar o carro do meu vizinho.
Os embargos de terceiro servem para proteger não apenas a constrição efetiva, mas
também a ameaça de constrição, isto é, se o Juiz determina a penhora de um bem que eu entenda
ser meu, eu já posso fazer os embargos, eu tenho interesse nele, ainda antes da efetivação da
constrição. Portanto, pode-se opor esses embargos quando houver a ameaça ou a constrição
efetiva.
A previsão legal dele é a do artigo 674 “Quem, não sendo parte no processo, sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de
embargos de terceiro”.
226
É claro que, o crédito pode ser um fundamento importante para o julgamento da questão
principal sobre se essa penhora pode ou não ser realizada. Todavia, o mérito dos embargos é apenas
o seguinte: essa constrição é lícita ou não é?
Essa ressalva é importante em relação a coisa julgada, pois a coisa julgada incide sobre a
questão da legalidade da constrição, ou seja, essa constrição é legítima ou não é. Então, será esse o
objeto dos embargos de terceiro.
Agora, ele fala também o seguinte “sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito
incompatível com o ato constritivo”. Aqui, ele está querendo dizer que o proprietário pode opor os
embargos de terceiro.
O que ocorre no bem de família é que o cônjuge tem a meação dele e, por alguma razão,
ele não pode ser atingido, com isso, ele debate a impenhorabilidade nos embargos de terceiro. Mas,
o que está dizendo neste dispositivo é que você pode ter um direito incompatível, que não é só
apenas a propriedade.
Eu posso, por exemplo, diz lá o artigo 674, inciso IV “ o credor com garantia real para obstar
expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos
legais dos atos expropriatórios respectivos”.
Ou seja, eu sou um credor hipotecário deste bem, logo, eu não sou proprietário dele, mas
eu tenho um direito real que é incompatível com a constrição desse bem. Então, eu posso me valer
dos embargos para dizer que essa constrição é ilegal, pois eu deveria ter sido intimado, mas não fui.
A legitimidade é o título executivo quem dá, isso é muito importante. Pensem em um caso
em que ele está no titulo executivo e ele é executado, mas ele pode não estar no título executivo e
ser executado, por causa de uma cessão de crédito, ou, alguma outra razão qualquer, a pessoa vai
ser executada e ela não é terceiro. Com isso, você ajuíza um embargos a execução, porque você é
executado. Se você for terceiro, é embargos de terceiro.
29Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto
da alienação do bem.
227
Nesse imóvel do cônjuge eu to sendo executado? Não, o bem está sendo executado, mas
você não está sendo executado. Essa é a ideia dos embargos de terceiro, porque se a execução sobre
o bem já representasse uma execução sobre mim, não haveria necessidade de haver um embargos
de terceiro.
Mas, o ponto é: a execução de um bem de alguém que não é executado, pode vir a ser
executado na execução, logo, é para isso que serve os embargos de terceiro.
O artigo 675 vai dizer que “Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo
de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença
ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa
particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta ”.
De acordo com o artigo, feita a constrição, você não precisa esperar o prazo certo para
opor os embargos, é uma ação, dessa forma, você pode ajuizar a ação no momento que você quiser.
Agora, no caso específico dos atos de expropriação, você tem o prazo de 5 dias, para proteger o
terceiro adquirente.
Outro detalhe importante é que essa é uma demanda, logo, ela se sujeita ao princípio da
demanda, mas, o Juiz, se ele se deparar com uma situação que lhe pareça que um terceiro pode ser
atingido pelo ato de constrição, ele deve intimar esse terceiro para que ele tenha ciência, e, aí, se
quiser, ele pode opor os embargos de terceiro. Isso está lá no parágrafo único, do artigo 675 “Caso
identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo
pessoalmente”.
O juiz pode dar antecipação de tutela nos embargos de terceiros, isso está lá no artigo 678
“A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão
das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou
a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido”.
Vejam que, o dispositivo só fala no fumus boni iuris. Isto porque, ele fala que a constrição
em si já é o periculum in mora, então, na verdade, você não precisa comprová-lo, pois o fato de que
o seu bem está sob a ameaça de ser constrito ou está sendo de fato constrito, já justifica a concessão
da antecipação de tutela; você precisa provar, na verdade, a verossimilhança do que você está
dizendo.
228
Os embargos, como eu disse, são uma demanda autônoma, embora seja uma demanda
incidental, pois eles são autuados em apartado, nos termos do artigo 676, mas a competência para
julgá-los é absoluta do Juiz que determinou a realização da constrição.
Além disso, eles são uma demanda e o embargado tem direito de contestar, fará isso no
prazo de 15 dias, nos termos do artigo 679.
Perguntas
229
nas duas hipóteses de execução, a realização ou a possibilidade de defesa independe da realização
dos atos executivos.
Nós terminamos de falar das defesas e, aí, precisamos voltar – para acabar – a realização
dos atos executivos propriamente ditos. Esses atos são: a penhora – falaremos dela na aula de hoje
-, a avaliação, a expropriação e o pagamento; estes são os quatro atos executivos que se realiza.
Ou seja, há casos em que esses quatro momentos não ocorrerão, mas a regra geral é essa:
a penhora, a avaliação,a expropriação e o pagamento.
17.2. Penhora
17.2.1. Definição de Penhora segundo Cândido Rangel Dinamarco
Essa definição quer dizer três coisas, a primeira delas é que a penhora serve para
individualizar a responsabilidade executiva, ou seja, o patrimônio do executado responde pela
execução da dívida. A penhora é a invasão no patrimônio do executado e a individualização de um
bem determinado que será concretamente sujeito a execução. Portanto, aqui, ocorrerá a
individualização da responsabilidade executiva.
230
Todavia, por hora, a individualização da responsabilidade executiva e a proteção da coisa
penhorada bastam.
A terceira delas é a de atribuir preferência ao exequente que faz a penhora, essa a regra
daquele que prior in tempore e potior in iure (primeiro em tempo e primeiro em direito), ou seja,
aquele que faz a penhora em primeiro lugar adquire uma preferência processual sobre essa coisa,
a preferência não advém do direito material, como por exemplo é a preferência da hipoteca. A
preferência da hipoteca é uma preferência que nasce do direito material, a penhora faz com que na
ação haja uma preferência processual em benefício daquele que faz a primeira penhora.
Isto quer dizer que, o credor e o exequente mais diligente, que consegue realizar a penhora
antes, tem preferência sobre aquele menos diligente, que faz a penhora depois.
No entanto, nada impede que a coisa seja penhorada várias vezes, você pode ter a penhora
em primeiro grau, em segunda grau, em terceiro grau. No entanto, aquele que faz a penhora em
primeiro lugar tem preferência.
Por exemplo, imagina que a coisa valha R$100.000,00, eu sou o primeiro credor a fazer a
penhora, a coisa é alienada judicialmente, mas o meu crédito é de R$20.000,00. Primeiro eu
satisfaço o meu crédito, com o que sobrar, os outros credores se entendem.
Mas, aquele que faz a penhora em primeiro lugar tem preferência sobre tudo, essa é
justamente a regra contrária a regra da execução concursal, ou seja, a regra da falência e da
insolvência civil.
Isto porque, neste tipo de execução concursal, quando o insolvente vira devedor a regra
não é a de que aquele que chega primeiro leva, mas sim, a regra da par condito creditoro. Ou seja,
na execução concursal não há a prioridade quem chega primeiro, mas sim um concurso, de acordo
com uma série de regras. Nós falaremos disso na aula extra sobre insolvência civil.
Aqui, na execução contra o devedor solvente, a regra é aquele que chega primeiro, tem
preferência.
Perguntas
231
do pagamento, quem recebe antes foi o exequente que fez a primeira penhora e o que sobrar vai
para os demais exequentes.
Como último exequente a penhorar, eu posso pedir para expropriar, para avaliar e depois
o executado fazer o pagamento? O Renato respondeu que sim, que você pode pedir a realização do
leilão, só que, sobre o produto do leilão quem tem preferência a receber primeiro é quem fez a
primeira penhora.
No tópico acima, o Renato além de tratar da definição segundo leciona Cândido Dinamarco,
ele tratou dos efeitos processuais da penhora. Agora, ele irá tratar dos efeitos materiais da penhora.
O primeiro dos efeitos materiais da penhora é o de privar o executado da posse direta dos
bens, isso ocorre nos termos do artigo 840,§1º do NCPC. Ou seja, o oficial de justiça vai a sua casa
e penhora o seu cachorro, penhorando o seu cachorro, ele pode deixá-lo lá e nomear o executado
depositário do cachorro, mas, ele também pode levar o cachorro, a depender da ordem
determinada pelo Juiz.
Isto é, a privação da posse pode ser uma das consequências da penhora, não que isso
ocorra sempre.
Lembrem que, quando falamos das fraudes do credor, nós vimos que tinham três tipos de
fraudes: a fraude contra credores, a fraude à execução e a alienação do bem penhorado. Existe uma
gradação de gravidade, na fraude contra credores não há nem processo ainda, então os requisitos
para demonstrar a fraude são mais rigorosos, e, aí, a medida em que a fraude vai se tornando mais
grave, os requisitos vão sendo menos necessários.
A alienação de bem penhorado é a fraude mais grave, ou seja, neste caso, não vai haver a
necessidade de insolvência, não vai precisar da prova de que o alienante ou o terceiro sabiam. A
alienação do bem penhorado é ineficaz em relação ao exequenteT , independentemente de
qualquer elemento subjetivo, independentemente de qualquer consequência que essa alienação
possa ter no patrimônio. Eu alienei um bem penhorado, mas eu posso ter outros bens, então, não
232
há fraude. Não! isso não é assim, pode ter fraude contra credores, mas, se ele for penhorado, a
alienação será ineficaz ainda que reste patrimônio. Isto porque, esse é um tipo de desobediência
mais frontal, digamos assim, a dignidade da justiça.
Lembrem que, existe o patrimônio do executado, existem bens neles que não são
penhoráveis, são os bens impenhoráveis e há bens, também, fora do patrimônio do executado que
podem ser penhorados como, por exemplo, o bem alienado em fraude à execução. Ou seja, existem
bens fora do patrimônio do executado que são sujeitos a penhora; há bens, no entanto, dentro do
patrimônio dele que não estão sujeitos a responsabilidade executiva.
Mas, lembrem, também, que esse é o patrimônio atual, ainda que o bem tenha sido
adquirido após a prolação da sentença, ou, após a constituição do título executivo, não importa, o
bem futuro em relação à constituição do título executivo está também sujeito a responsabilidade
executiva; isso está lá nos artigos 789 e 790.
A pergunta é: esse bem que será penhorado precisa ter expressão econômica? A gente
falou isso da última vez, mas é bom lembrar que, aqui, alguns bens podem vir com expressão
econômica em conjunto, mas não individualmente.
É preciso, portanto, saber se esse bem tem expressão dentro da universalidade de bens,
pode ser que integrando o conjunto ele tenha valor e possa ser penhorado, mas pode ser que
individualmente ele não tenha expressão econômica.
A penhora só pode ser feita em cima de um bem que tenha expressão econômica, ou seja,
uma caixa de fósforo não pode ser penhorada, já um caminhão cheio de caixas de fósforos pode ser
penhorado.
233
Isto ocorre, pois, os custos da execução não compensam a execução de uma penhora de
uma caixa de fósforo, por exemplo.
Lembrem que, a penhora não pode ser feita para espezinhar o executado, para magoar o
sentimento do executado. Ainda que, o executado de valor a coisa, eu, exequente, não posso
penhorar apenas porque esse executado dá algum valor a ela, eu tenho que dar um valor objetivo.
Outro detalhe importante é que a penhora deve recair sobre bens suficientes para o
pagamento da dívida, mas não deve ser realizada em bens superiores ao valor da dívida, ou seja, se
eu tenho uma dívida de R$5.000,00, não pode ser penhorado das minhas contas R$20.000,00.
Isso ocorria muito no início da penhora online, pois cada Banco recebia uma ordem de reter
algum valor, mas, na verdade, a penhora vinha em um valor maior do que o da dívida.
A penhora, diz lá o artigo 831 “A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem
para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios ”.
Pode ser que o bem pode valer mais e ser um bem indivisível, mas, aí, não há o que fazer,
o bem terá que ser penhorado. Digamos que, a dívida seja de R$10.000,00, você tem um carro que
vale R$100.000,00, você pode penhorar o meu carro que tem esse valor, no caso de você não ter
nenhum outro bem.
Apenas para lembrar do artigo que fala do princípio do bagatela, que é o artigo 836 “não
se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados
será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução”.
Pergunta
A Alice perguntou que você tem um bem de família que é impenhorável, mas tem gente
que fala que ele pode ser levado a leilão, o valor necessário vai ser para pagar a dívida e o outro
para ele comprar um novo imóvel pra ele. O Renato respondeu que isso é controverso. Mas no
exemplo dos R$10.000,00 não há controvérsia, a penhora pode ser feita sobre algo que vale mais e,
aí, o executado fica com a sobra.
234
Isto só ocorre no caso de não poder substituir, sempre pode substituir por algo que seja
igualmente eficaz e vantajoso para o exequente. Ou seja, eu não posso substituir um apartamento
por pneus, por exemplo.
A escolha do bem penhorado cabe sempre ao exequente, não é o executado e isto ocorre
tanto na execução de título executivo judicial quanto de extrajudicial. Isso está lá nos artigos 524,
inciso VII e artigo 829, §2º.
Há também a regra da menor onerosidade, mas essa regra não deve fazer com que o
exequente fique com algo pior do que ele poderia ficar. Isso significa que, diz o artigo 805 “quando
por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo
menos gravoso para o executado”.
Todavia, o parágrafo único vai dizer que “ao executado que alegar ser a medida executiva
mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de
manutenção dos atos executivos já determinados”.
Quando ele fala em “mais eficazes”, na verdade, o que deve ser dito é que é “ao menos
igualmente eficaz”. Então, se eu penhoro Esmeralda, a parte pode dar Diamante, mas, se eu
penhoro dinheiro, a parte não pode dar pneu, pois a liquidez de um pneu de caminhão é menor.
O artigo 835, §1º vai dizer que “É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas
demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso
concreto”.
Isto quer dizer que, o dinheiro é o que há de melhor em ser penhorado, todavia, o Juiz tem
a discricionariedade de alterar a previsão do caput do referido dispositivo.
O artigo 835 da uma lista de bens que podem ser penhorados, todavia, é uma lista
exemplificativa. Vocês não precisam ler essa lista toda, pois qualquer bem que seja penhorável é
aquele que tenha alguma expressão econômica.
235
exequente. Ou seja, se ele penhorar, por exemplo, o meu carro, eu posso oferecer dinheiro, eu
posso oferecer ações, mas não posso oferecer pneus de caminhão.
O §2º, por sua vez, vai dizer que “para fins de substituição da penhora, equiparam-se a
dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito
constante da inicial, acrescido de trinta por cento”.
Ou seja, o dinheiro é o que há de melhor, mas ele pode ser substituído por fiança bancária,
por garantia bancária, desde que o valor seja trinta por cento maior do que o valor executado.
Por exemplo, seu sou uma empresa e estou sendo executada por você, eu consigo uma
penhora online no valor de R$150.000.000,00 nas suas contas, isso vai estrangular o fluxo de caixa
da empresa.
Todavia, pode ser que, a empresa tenha patrimônio, tenha título, com isso, o empresário
pode ir ao banco e requerer a compra de uma carta de fiança, e, aí, ela faz um contrato com o banco
que, por sua vez, vai cobrar um valor e dizer que se a empresa o pagar por mês com 10% de juros,
ele dá a fiança. Ou seja, ele dá uma carta prometendo pagar essa dívida.
Feita a penhora, com fundamento em tudo o que já falamos, o executado pode pedir a
substituição da penhora, o procedimento de substituição está previsto no artigo 847 “executado
pode, no prazo de 10 (dez) dias contado da intimação da penhora, requerer a substituição do bem
penhorado, desde que comprove que lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente”.
Realizada a primeira penhora, nada impede que o exequente consiga uma segunda
penhora, desde, no entanto, que haja crédito excedente.
Lembrem que, a penhora deve ser compatível com o bem do executado. Ou seja, se eu
tenho um crédito de R$10.000,00, eu posso penhorar esse valor, posso penhorar até um bem
indivisível que valha mais, mas eu também posso penhorar coisas que valham menos do que
R$10.000,00.
236
eu posso fazer uma segunda penhora, desde, no entanto, que falte algo, pois se a primeira penhora
bastar, eu não posso fazer a segunda.
Isso está lá no artigo 851 “não se procede à segunda penhora, salvo se: inciso I a primeira
for anulada”.
Imaginem que, o Juiz considere impenhorável aquele bem, ele não realiza a penhora, mas,
depois, entende que esse bem não é de família. Claro que, ele não realiza a penhora, mas,
posteriormente, se ele entender que esse bem não é de família, ele pode penhorá-lo.
Detalhe importante, pois esse artigo da a entender que só se pode fazer a segunda penhora
após de se saber o produto da alienação, mas isso não é verdade. Se eu já sei que o imóvel vale
menos no momento da avaliação, eu posso fazer a segunda penhora; este artigo está escrito de
modo equivocado, pois eu não preciso esperar a expropriação para saber se eu posso ou não fazer
uma segunda penhora. Portanto, se eu já sei o valor estimado na avaliação, eu posso pedir a
realização da segunda penhora.
O inciso III fala que “o exequente desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens
ou por estarem submetidos a constrição judicial”.
Neste caso, temos como exemplo o caso em que o exequente descobre que a coisa
penhorada já foi penhorada uma vez e que a penhora dele é a segunda penhora.
A penhora pode ser feita sobre bens móveis, ou sobre bens imóveis. Sobre bens móveis,
ela pode ser feita por apreensão, ou seja, o oficial de justiça vai lá e penhora a coisa; essa penhora
por apreensão é realizada na forma do artigo 845 “efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os
bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros”.
Por exemplo, você vai penhorar um carro que é de propriedade do executado, só que,
chega na hora e quem está nele é um amigo do executado para dizer que está na posse, logo, o
oficial de justiça não pode penhorá-lo.
237
Não é o caso aqui, mas isso pode acontecer também, eu vou penhorar um sítio, chego lá e
há um caseiro e ele diz que o oficial de justiça não pode penhorar, pois a detenção da posse está
sendo exercida por ele, nada disso, pode penhorar.
Destaco a vocês que esse não é exatamente o caso deste artigo, porque aqui está tratando
da penhora de bens móveis, mas a lógica é a mesma. O fato de que a coisa está na posse ou na
detenção de outra pessoa, não impede a realização da penhora.
Pergunta
(Pergunta importante) O fato desse bem está na posse de um terceiro, isso transfere a
responsabilidade para a pessoa? Não, pois a coisa não integra o patrimônio do terceiro. Agora,
imaginem que, a pessoa ache que integre, o que ela faz? Você ajuíza o embargos de terceiro. Ou
seja, a função dessa ação é, uma coisa que integra o patrimônio de um terceiro é equivocadamente
apreendida em uma execução.
Lembrem que, uma coisa é a posse outra coisa é a propriedade, se ele só tiver a posse, a
responsabilidade executiva não se estende a esse terceiro, pois o bem não é dele, é, no caso, do
executado.
Depois que a penhora é feita, ela tem que ser lavrada de acordo com o termo de penhora,
ou seja, é preciso que nos autos do processo conste um auto ou um termo que indique as
circunstâncias da penhora
Diz lá o artigo 838 “a penhora será realizada mediante auto ou termo, que conterá: a
indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita; os nomes do exequente e do executado;
a descrição dos bens penhorados, com as suas características; a nomeação do depositário dos bens”.
238
Existem regras especiais para penhoras especiais, nós não precisamos ver com detalhes
todas essas regras, pois é muito longo, mas é importante que vocês saibam que essas regras
especiais existem, ou seja, na hora de se fazer uma penhora é preciso saber antes se há alguma
regra especial sobre esse tipo de bem.
Por exemplo, um imóvel, quando se vai fazer a penhora de imóvel, segue-se a regra do
artigo 845, §1º “A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando
apresentada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando
apresentada certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos ”.
Ou seja, o oficial de justiça não precisa penhorar o imóvel e nem o automóvel, basta que
se faça um termo nos autos da penhora é que esse termo seja registrado depois, no respectivo
registro.
Lembrem que, uma coisa é fazer a penhora, outra coisa e intimar um terceiro ou intimar
um interessado sobre a realização da penhora, ou seja, o oficial de justiça não precisa mais ele
próprio fazer a penhora, mas há casos em que é necessário intimar pessoas de que se fez a penhora,
isso são coisas diferentes.
O artigo 854 vai dizer que “Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em
aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao
executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela
autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros
existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução”.
O §1º vai dizer que “No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício,
o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser
cumprido pela instituição financeira em igual prazo”.
239
O §2º traz a seguinte redação “Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado,
este será intimado na pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente”.
O §3º, por sua vez, diz que “Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar
que: as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis; ainda remanesce indisponibilidade
excessiva de ativos financeiros”.
O §4º dispõe que “acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3o, o juiz
determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido
pela instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas”.
Esse §5º é uma novidade importante, pois, o que acontecia com as contas do BACEN era a
penhora online direto, portanto, era feita penhora e imediatamente os bancos mandavam o valor
para o juízo, ou seja transferiam da conta do executado para a conta do juízo.Essa regra, no entanto,
cria dois momentos: o momento de indisponibilidade para verificar qual o valor exato deve ser
penhorado, depois que se fixa o valor a ser penhorado, aí sim essa indisponibilidade se converte em
penhor e, com isso, o dinheiro é transferido para a conta judicial.
Vamos lá, o dinheiro não tem cheiro, o Juiz não sabe o que está penhorando, ele não sabe
que dinheiro é aquele, com isso ele torna o dinheiro indisponível, e, aí, o executado vai saber que
está indisponível e vai dizer que esse dinheiro é o salário dele, por exemplo.
O §9º é um dos parágrafos mais interessantes do NCPC e ele diz que “quando se tratar de
execução contra partido político, o juiz, a requerimento do exequente, determinará às instituições
financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido por autoridade supervisora do sistema bancário,
que tornem indisponíveis ativos financeiros somente em nome do órgão partidário que tenha
240
contraído a dívida executada ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual
cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei”.
A penhora também pode ser de créditos. A penhora de crédito é aquele caso em que eu
posso penhorar um crédito que o meu executado tem com uma outra pessoa.
Por exemplo, eu quero executar R$50.000,00 do devedor e descubro que ele é exequente
em um outro processo, ou mesmo que ele é parte em um outro processo. Dessa forma, eu posso
pedir ao magistrado responsável pelo meu processo, para que ele penhore, no rosto dos autos, o
crédito que o exequente tem no outro processo.
Aqui, na verdade, há uma situação em que eu sou o credor e o meu devedor é o executado,
só que, ele é credor de um terceiro, ou seja, eu penhoro esse crédito, no qual ele é credor de uma
outra pessoa.
Isso significa dizer que, o devedor do meu executado deve me pagar e não a ele, pois se
você pagar pra ele, você terá que pagar duas vezes. Ou seja, no momento em que eu sou devedor
e eu sou intimado de que esse crédito foi penhorado, eu não posso mais pagar para o ele, eu vou
ter que depositar em juízo, ou pagar direto, mas o mais seguro é depositar em juízo.
Isso está lá no artigo 855 “Quando recair em crédito do executado, enquanto não ocorrer
a hipótese prevista no art. 856, considerar-se-á feita a penhora pela intimação: ao terceiro devedor
para que não pague ao executado, seu credor; ao executado, credor do terceiro, para que não
pratique ato de disposição do crédito”.
O artigo 856 vai dispor que “a penhora de crédito representado por letra de câmbio, nota
promissória, duplicata, cheque ou outros títulos far-se-á pela apreensão do documento, esteja ou
não este em poder do executado”.
241
Isto ocorre devido ao princípio da cartutlaridade.
O artigo 861 vai dizer que “penhoradas as quotas ou as ações de sócio em sociedade
simples ou empresária, o juiz assinará prazo razoável, não superior a 3 (três) meses, para que a
sociedade”:
Neste caso, a sociedade é intimada e ela tem que escrever nos seus livros de que foi feita
aquela penhora. Irei apenas tecer breves comentários acerca desse tipo de penhora, mas, entendam
que, a particularidade aqui é que pode haver a necessidade da liquidação dos averes do sócio.
Tal penhora tem previsão no artigo 862 “Quando a penhora recair em estabelecimento
comercial, industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifícios em construção,
o juiz nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o
plano de administração”.
A graça, aqui, é que o Juiz deve nomear um administrador depositário, o qual deve
apresentar o plano de administração, enfim, há toda uma consequência prática para a
administração da empresa ou do empreendimento penhorado.
O §1º vai dizer que “O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo
em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial”.
242
Então, aqui nós temos a ideia da menor onerosidade, em que deve-se satisfazer o
exequente sem destruir a empresa.
Apreendido o bem, ele precisa ser depositado, ou seja, ele precisa ser colocado sob a
guarda de alguém. O Juiz pode preferencialmente colocá-lo sobre a guarda do próprio executado,
mas claro, desde que, isso seja seguro.
Por outro lado, ele pode colocá-lo sobre a guarda de alguma outra coisa; isso está lá no
artigo 840 “Serão preferencialmente depositados: as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e
as pedras e os metais preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal ou em banco do
qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado, ou, na
falta desses estabelecimentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo juiz”.
Ou seja, é seguro quando se tratar de dinheiro, pedras preciosas que isso seja depositado
em algum lugar, o próprio executado ficando com isso, pode, com muita facilidade, fazer com que
isso suma.
O inciso II vai dizer que “os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos
aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário judicial”.
As vezes, eu penhoro bens e esses bens devem ser levados para o depósito judicial, ou seja,
eu vou lá na sala comercial e penhora o computador, as mesas e posso levá-los para um depósito
judicial. No entanto, nesse caso, diz o §1º que “No caso do inciso II do caput, se não houver
depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente”.
O §2º, por sua vez, vai dizer que “os bens poderão ser depositados em poder do executado
nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente”.
Na realidade, o que há aqui é que o Juiz tem uma margem de manobra. Lembrando que,
ele deve fazer isso da maneira menos onerosa possível para o executa, logo, ele pode deixar com o
executado se isso não, digamos assim, representar um risco concreto de des aparecimento da coisa
penhorada. Portanto, ele pode deixar no depósito, ele pode deixar com o depositário judicial, pode
deixar com o exequente ou pode deixar com o executado.
243
Perguntas
A Adriana perguntou quem é que paga essa despesas. O Renato respondeu que o
exequente adianta e o executado paga, esse valor se soma a dívida.
Formalizada a penhora, é preciso sempre que o executado seja intimado da penhora, isso
está lá no artigo 841 “Formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será
imediatamente intimado o executado”.
O executado deve ser intimado para saber que foi feita a penhora, mas, também para que
ele possa impugnar a penhora caso entenda que a penhora é excessiva, se ele entender que a
penhora foi feita sobre um bem impenhorável. Enfim, em qualquer desses casos ele deve ter direito
ao contraditório e de impugnar a realização da penhora.
Neste caso, não é o contraditório, é realizada a penhora e você é intimado dela, no artigo
anterior acerca da penhora online era uma regra especial sobre a penhora de dinheiro das contas
bancárias. Ainda que a lógica seja a mesma, aqui, já há uma penhora propriamente dita, onde feita
a penhora, o executado tem que ser intimado.
Ocorre que, não é apenas o executado que deve ser intimado, também outras pessoas
dependendo da execução e dependendo do bem penhorado, devem ser, também, intimados. Isso
está lá no artigo 799 “Incumbe ainda ao exequente: requerer a intimação do credor pignoratício,
hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor,
hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária”.
O inciso II vai falar que “requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou habitação,
quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, uso ou habitação.
O inciso III vai dizer que “requerer a intimação do promitente comprador, quando a
penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa de compra e venda registrada ”.
A regra desse dispositivo e seus incisos é que se um terceiro tiver, por qualquer razão, uma
relação jurídica com a coisa penhorada, ele deve ser intimado para ter a oportunidade de se
defender ou manifestar a sua pretensão ao se defender.
244
Falaremos mais adiante sobre algumas intimações que são feitas quando ocorre o leilão,
mas, aqui, não é a intimação do leilão, aqui é a intimação da realização da penhora.
Perguntas
A Alice perguntou se o fiador tem que ser intimado. O Renato respondeu que depende,
pois se o fiador constar no título executivo judicial, ele será intimado, mas se ele não estiver, ele
não terá que ser intimado. Logo, se ele for executado, ele deve ser intimado, mas se ele não for
executado, ele não tem que ser intimado.
17.3. Avaliação
17.3.1. Introdução
É por isso que, primeiro se começa com a penhora, que pode ser, na verdade, a conversão
de um arresto, como já vimos. Mas, sem querer voltar muito nisso, a penhora é a primeira fase, ou,
a primeira etapa da execução propriamente dita. Ela começa com a identificação ou com a
individualização da responsabilidade executiva sobre um bem específico.
Agora, identificado esse bem é preciso antes de expropriá-lo e antes de pagar o exequente,
é preciso saber quanto ele vale. Lembrem que, nós estamos falando aqui de execução pecuniária,
não é a execução de entrega de uma coisa certa, por exemplo.
O executado deve dinheiro, o Estado a pedido do exequente invade o patrimônio dele, tira
algum bem de lá, transforma esse bem em dinheiro e com isso paga ao exequente. Ou seja, se eu
retiro um bem – não todos, alguns não precisam ser avaliados -, eu preciso saber quanto ele vale,
para saber justamente quanto esse bem paga, ou não, a dívida da qual o credor é exequente.
245
Então, a segunda fase, portanto, é a fase da avaliação, em que avaliar é dar valor, isto é,
obter a expressão monetária equivalente aquilo que foi penhorado.
Essa avaliação, diz lá o artigo 870 “A avaliação será feita pelo oficial de justiça”.
Isto quer dizer que, o oficial de justiça pode ao, por exemplo, fazer penhora portas a dentro,
penhorar as coisas de lá e cabe a ele dar valor sobre essas coisas; ele tem também competência
para fazer a avaliação.
Portanto, incumbe a ele não apenas descrever a coisa, mas também dar um valor a esse
bem penhorado. No entanto, pode ser que, ele não consiga fazer isso, caso ele não consiga, o Juiz
pode determinar que um avaliador faça essa avaliação; isso está lá no parágrafo único “se forem
necessários conhecimentos especializados e o valor da execução o comportar, o juiz nomeará
avaliador, fixando-lhe prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo”.
Em princípio, quem avalia é o oficial de justiça, mas, pode ser que, ele não tenha
conhecimento especializado para isso. Imaginem que, o bem penhorado seja uma obra de arte, o
oficial de justiça penhora um quadro do Gustav Klimt, ele não expertise para avaliar quanto essa
obra de arte vale. Ela pode valer muito, ela pode valer pouco, ela pode ser verdadeira, ela pode ser
falsa, enfim, se a avaliação da coisa demandar conhecimentos técnicos, o Juiz pode nomear um
avaliador.
Neste caso, o próprio oficial de justiça pode dizer que não consegue avaliar, ou o exequente
ou o executado podem dizer que a avaliação desse bem exige conhecimentos técnicos “portanto,
por favor, nomeie um avaliador”. Essa avaliação é feita na forma de uma perícia, é como se fosse
uma perícia que se faz na fase de conhecimento.
Por essa razão, as partes terão direito a indicar assistentes técnicos, a oferecer quesitos, é
produzido um laudo, o Juiz homóloga, ou não, o laudo, com fundamento mediante uma decisão
interlocutória. Portanto, trata-se de uma perícia normal.
O procedimento, ou aquilo que deve constar no laudo de avaliação está no artigo 872.
Como eu disse, é preciso que do laudo conste a descrição dos bens; diz o inciso I “os bens, com as
suas características, e o estado em que se encontram”; inciso II o valor dos bens”.
246
O §1º traz uma opção extra, em que o oficial de justiça pode fazer e as pessoas esquecem
isso, mas esse é um detalhe importante: “quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, a
avaliação, tendo em conta o crédito reclamado, será realizada em partes, sugerindo-se, com a
apresentação de memorial descritivo, os possíveis desmembramentos para alienação”.
Esse é o caso típico da Fazenda, se penhora uma Fazenda e ela tem 100 alqueires, você não
precisa alienar a Fazenda inteira e devolver ao executado a diferença entre o valor do crédito. Ou
seja, uma Fazenda admite cômoda divisão, e, aí, o Juiz, o Oficial de Justiça ou o Avaliador devem,
digamos assim, separar a fazenda em lotes de maneira que se possa alienar uma parte dela, pois
isso é menos gravoso para o executado.
Nesse caso, essa é uma boa maneira de garantir a dignidade do executado, ou seja, de fazer
valer o princípio da menor onerosidade, visto que, comportando o imóvel cômoda divisão, é
razoável que se faça isso.
Mas, eu também não preciso avaliar coisas, em determinadas outras hipóteses. A primeira
delas é de avaliação convencional. Imaginem que, o exequente e o executado concordam que
determinada coisa vale “x” reais. Neste caso, não será necessária fazer a avaliação.
Por exemplo, um determinado imóvel é penhorado, o exequente diz que acha que esse
imóvel vale R$1.000.000,00, o executado concorda com esse valor, logo, não vai haver necessidade
de avaliação; isso é o que diz o artigo 871 “Não se procederá à avaliação quando: uma das partes
aceitar a estimativa feita pela outra”.
Mas vejam que, há uma ressalva, o parágrafo único vai dizer que “ocorrendo a hipótese do
inciso I deste artigo, a avaliação poderá ser realizada quando houver fundada dúvida do juiz quanto
ao real valor do bem”.
247
Neste caso, imaginem o seguinte: nós somos exequente e executado e nós combinamos de
avaliar o bem por um valor muito baixo e por fora eu te dou algo para fugir de outros credores.
Portanto, aqui, faz sentido que o Juiz interfira nessa avaliação. Aqui, nós temos uma medida
concreta em que não só o Juiz pune por litigância de má-fé, mas como também ele evita aquela
avaliação.
No inciso III, do artigo 773 não há acordo, o Juiz pede uma avaliação judicial, o avaliador
avalia, mas o Juiz não acha o resultado da avaliação razoável, ele pode, com fundamento nesse
dispositivo ordenar a reavaliação. Diferentemente do que ocorre neste caso do parágrafo único,
pois, na verdade, ele diz respeito ao inciso I, do artigo 771, que é quando as partes concordam com
uma avaliação, como forma de conluio as outras partes.
Ou seja, nós somos exequente e executado e concordamos que o imóvel vale um milhão,
se o Juiz entrar no Zap móveis e vê que o imóvel equivalente vale quatro milhões, ele pode vê que
esse valor é estranho e determinar a realização de ofício de uma perícia para avaliar esse bem.
Perguntas
(Pergunta Importante)A Luisa perguntou se nesse caso não seria uma fraude à execução.
O Renato disse que, como nós veremos na próxima aula, às vezes, você tem que dividir o produto
da avaliação com outras pessoas. Então, imaginem que, o executado me deva “x”, mas deve alguma
coisa a outras pessoas também.
A minha dívida é de um milhão e o bem vale dois milhões, se o imóvel é adjudicado por
dois milhões, ele é vendido por dois milhões, um milhão vai para o credor e o executado ficaria com
um milhão.
Todavia, se ele tiver outros exequentes, ele não pode ficar com esse dinheiro, ele deve
entregar esse dinheiro para outros credores. Só que, em uma situação de conluio entre exequente
e executado, em que exequente e executado combinam de avaliar o bem em um milhão, ele é
adjudicado nesse valor e por fora, o exequente da quatrocentos mil reais ao executado.
Ou seja, os seus credores não recebem, pois houve conluio e o executado recebe uma parte
por fora. Essa seria uma situação de fraude entre exequente e executado, sendo a função do
parágrafo único, do artigo 871 justamente evitar isso.
248
Por fim, pode-se dizer que, essa é uma forma de controle do negócio jurídico processual,
que não é o negócio jurídico processual previsto pelo artigo 190. Neste caso do artigo 190, o Juiz só
poderá fazer controle se houver a vulnerabilidade, aqui, não se fala em vulnerabilidade.
Ou seja, neste parágrafo único, o legislador optou por dar mais poder ao Juiz para controlar
a validade desse negócio jurídico processual específico, diferentemente do que ele fez no artigo 190
de modo geral, em que ele não vai controlar todo e qualquer negócio jurídico processual, a não ser
que haja a vulnerabilidade de uma das partes.
Existem certas coisas que, embora não sejam dinheiro, elas têm valor de fácil cotação,
como ações cotadas em bolsa, títulos de dívida, títulos imobiliários e etc. Ou seja, existe uma série
de mercadorias e de bens que tem cotação pública, não necessariamente oficial, mas pública. Neste
caso, não vai haver a necessidade de avaliar.
Isso está lá no inciso II: “não será necessária a avaliação se tratar de títulos ou de
mercadorias que tenham cotação em bolsa, comprovada por certidão ou publicação no órgão
oficial”. Ou seja, tudo o que tiver valor em bolsa, não precisa avaliado.
O inciso III vai dizer que “se tratar de títulos da dívida pública, de ações de sociedades e de
títulos de crédito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada por
certidão ou publicação no órgão oficial”. Isto quer dizer que, o valor cotado será o do dia da
avaliação.
Por exemplo, eu tenho ações da Petrobras, então pode ser que ela valha alguma coisa e,
daqui a um mês, valha ago completamente diferente. Com isso, há casos em que se faz uma nova
avaliação, mas o Renato já irá tratar deles.
Por hora é: o valor da ação é o valor da cotação do dia. Isto porque, algumas pessoas
poderiam dizer que seria a cotação dos últimos cinco anos, dos últimos dez anos, uma cotação
média e etc. Mas não é a cotação média, é a cotação do dia, justamente para evitar esse tipo de
confusão.
249
O Inciso IV vai dizer que “se tratar de veículos automotores ou de outros bens cujo preço
médio de mercado possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de
anúncios de venda divulgados em meios de comunicação, caso em que caberá a quem fizer a
nomeação o encargo de comprovar a cotação de mercado”. (Esse inciso é novo).
Isso aqui é a tabela FIPE, ou seja, existe uma avaliação geral dos veículos e, nesse caso, se
usa o valor da tabela, não sendo necessária a avaliação. Esse inciso é bem intencionado, mas ele
não será muito utilizado na prática, porque o estado de conservação do veículo interfere
decisivamente sobre o seu valor.
Ou seja, muito frequentemente, o Renato imagina que quem tente se valer desse inciso
acabará não conseguindo utilizar, tendo em vista que o estado e conservação do bem irá interferir
no seu valor. Com isso, o exequente não vai querer o bem no valor da tabela FIPE, quando, na
verdade, o veículo não corresponda a ele.
Todavia, pode ser que sim, pode ser que o exequente olhe o carro e diga que, na verdade,
ele está em ume setado razoável e vai, assim mesmo, por tabela FIPE. Lembrando que, a tabela FIPE
é uma referência de valor, ela não considera o estado de conservação do carro.
No caso, de o carro estar bem conservado, o executado vai dizer que não pode utilizar a
tabela FIPE, pois o carro, embora tenha dez anos, ele tem algumas coisas que o tornam com um
valor acima da média.
Tenham cuidado com esse inciso IV, pois, mesmo que, em princípio, não seja necessária a
avaliação, se houver alguma controvérsia sobre alguma característica, digamos assim, acidental do
carro, cabe avaliação.
Perguntas
A Luisa perguntou se isso não pode trazer algum prejuízo. O Renato disse que pode, mas
em um tópico mais adiante ele falará da nova avaliação.
(Pergunta Importante) Como é que o exequente tem ciência dos bens do executado? O
Renato disse que o exequente pode requerer ao Juiz um ofício para os registros de imóveis, para o
DETRAN, para ver se tem alguma bem no nome do executado. Ele pode pedir, inclusive, para o
executado indicar quais bens ele tem passíveis de penhora e, se ele não fizer isso, incide multa.
250
O artigo 774, inciso V vai dizer que “Considera-se atentatória à dignidade da justiça a
conduta comissiva ou omissiva do executado que: intimado, não indica ao juiz quais são e onde
estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e,
se for o caso, certidão negativa de ônus”.
O exequente pode pedir ao Juiz que determine a intimação do executado para indicar quais
bens passíveis de penhora ele tem. Insta também salientar que, isso aqui não é indicação de bens a
penhora, quem indica bens a penhora é o exequente. Neste caso, nós temos apenas a demonstração
dos bens por parte do executado.
As vezes, é necessário fazer uma nova avaliação, então, nós falamos o que é avaliação,
quando ela é dispensada e, agora, o artigo 873 vai tratar das hipóteses de nova avaliação.
A primeira delas é quando acontecer erro na avaliação ou dolo do avaliador, nos termos do
inciso I. Ou seja, a parte, pode dizer que o avaliador cometeu um erro. Esse quadro do Gustav Klimt,
era de um filho dele, o sobrenome é o mesmo, mas o valor não é igual. Então, um Gustav Klimt vale
mais do que um outro quadro qualquer que tenha sido feito, também, por um Klimt.
Neste caso, então, a parte argui determinado defeito, ou, então, vai falar que o avaliador
procedeu mal com ela, ou que ele avaliou mal. A parte, portanto, pode convencer o Juiz que uma
nova avaliação é necessária.
O inciso II vai dizer que “se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou
diminuição no valor do bem”. Então, pode ser que, a avaliação seja feita, mas a adjudicação só venha
a ocorrer muito tempo depois. Neste caso, se houver alguma alteração no valor da coisa, é possível
fazer uma nova avaliação.
251
Isso não ocorre em relação aos bens que tem valor em bolsa, pois, aí, no momento da
adjudicação se usa o valor atualizado, o valor do dia. Então, não há grandes problemas. Esse
problema é maior quando a coisa precisa ser avaliada e, ainda assim, há uma flutuação relevante
no seu preço.
Neste caso, quem pede é o exequente, pois os valores estão acima do valor real, mas se a
avaliação tivesse sido feita em 2008 e o leilão fosse acontecer em 2011, aí, seria o executado a pedir
nova avaliação, pois, naquele momento, os imóveis estavam subindo de preço.
Portanto, depende de para aonde vai o mercado, em que a diferença entre o valor real e o
valor da avaliação podem prejudicar o executado, ou pode prejudicar o exequente. Nos dois casos,
o prejudicado pode requerer ao magistrado uma nova avaliação.
O inciso III diz que pode se fazer nova penhora nos casos em que “o juiz tiver fundada
dúvida sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação”.
Ou seja, se o magistrado não se convencer de que o valor da avaliação é razoável, ele pode
determinar a realização de uma nova avaliação.
Perguntas
A Luísa afirmou que o Juiz pode interferir neste caso. O Renato disse que sim, mas ele só
não pode interferir se for um acordo entre as partes.
Depois da avaliação, o Juiz toma algumas providências e essas providências estão no artigo
874. A primeira delas é, se necessário, reduzir a penhora, conforme dispõe o inciso I “reduzir a
penhora aos bens suficientes ou transferi-la para outros, se o valor dos bens penhorados for
consideravelmente superior ao crédito do exequente e dos acessórios”.
Por exemplo, foram penhorados dois imóveis: o imóvel A e o imóvel B. O imóvel A foi
avaliado em R$400.000,00, o imóvel B foi avaliado em R$1.100.000,00 e a dívida é de R1.000.000,00.
Neste caso, o Juiz tem que reduzir a penhora, pois a penhora deve corresponder ao valor da
execução.
Ou seja, a penhora deve ser suficiente, para o quanto bastar a execução, mas se a coisa for
indivisível não tem jeito, você terá que penhorar, ainda que valha mais.
252
Vamos lá, a dívida é de R$1.000,00, o único bem que o executado tem vale R$1.000.000,00.
Neste caso, faz-se a penhora do imóvel, o bem é levado a leilão, os R$1.000,00 vão ser usados para
pagar o exequente e a diferença será devolvida para o executado, caso não haja outros credores.
Perguntas
A Nicolle perguntou e se fosse dinheiro? O Renato respondeu que não seria caso de
redução de penhora, pois o dinheiro tem mais liquidez do que o imóvel. Logo, ele fica com os
R$300.000,00 e penhoraria e executaria o restante dos bens.
Imaginem que, é feita a penhora de um imóvel, só que, na verdade, achou-se que o imóvel
valia “x”, mas, na verdade, ele valia R$400.000,00 e a dívida é de R$1.000.000,00. Neste caso, o
exequente pode pedir a penhora de novos bens.
Inicialmente, o Juiz pode não ter deferido a penhora de novos bens a época, pois achou
que esse bem seria o suficiente. No entanto, avaliado, vê-se que ele não é o suficiente. Dessa forma,
pode-se ampliar a penhora e o exequente pode pedir a penhora de outros bens, a fim de atingir o
bem do executado.
Lembrando que, você não precisa da avaliação para penhorar, a ordem não é avaliação e
depois penhora, a ordem é penhora e depois avaliação. Poderia ser ao contrário, mas não é. Não
253
faz sentido ser o contrário, pois você não irá proteger a coisa, ou seja, se fosse a avaliação antes, o
exequente poderia alienar o bem, e está alienação não seria a alienação de bem penhorado.
Portanto, é por isso que se faz a penhora antes da avaliação, pois, assim se protege o bem.
17.4. Expropriação
17.4.1. Adjudicação
Depois da avaliação passa-se aos atos de expropriação nos termos do artigo 875
“Realizadas a penhora e a avaliação, o juiz dará início aos atos de expropriação do bem”. A
expropriação, por sua vez, pode consistir em adjudicação, nos termos do artigo 825 “expropriação
consiste em: adjudicação”.
Neste caso, o exequente não é obrigado a levar o bem a hasta pública como era em 2005,
você pode, simplesmente, adjudicá-lo. Ou seja, a dívida é de R$1.000.000,00, o bem vale
R$1.200.000,00, eu posso adjudicar esse bem depositando a diferença. Mas, o contrário também
ocorre: a dívida é de R$1.000.000,00, mas a dívida é de R$900.000,00, eu posso adjudicar esse valor
e continuo credor de R$100.000,00.
Isto porque, no caso do pacto comissório, o credor não pode ficar com o bem que lhe é
dado em garantia,ao passo que, a adjudicação, na verdade, é uma alienação judicial, logo, não se
aplica a vedação do pacto comissório a adjudicação judicial do bem penhorado.
O artigo 876 vai dizer que “é lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da
avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados”. Não há necessidade de leilão,
neste caso.
Para o exequente não é bom que o bem vá a leilão, pois, o bem no leilão pode ser vendido
por um valor muito inferior ao que ele vale realmente. Portanto, é muito mais fácil ficar com o bem
254
e depois desembaraçá-lo, pois, para se realizar o leilão deve-se pagar às custas do leiloeiro, dentre
outras coisas mais.
Quando o artigo fala em “preço não inferior ao da avaliação”, ele está dizendo, por exemplo
que, a avaliação do imóvel é de R$3.000.000,00, eu sou exequente e quero ficar com o bem, isso
não é leilão, você pode pagar R$2.000.000,00? Não. Então, você deve oferecer, pelo menos, o valor
da avaliação.
O §4º vai dizer que “Se o valor do crédito for: inferior ao dos bens, o requerente da
adjudicação depositará de imediato a diferença, que ficará à disposição do executado; superior ao
dos bens, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente.”
O exequente pode adjudicar, mas, também, credores concorrentes que tenham penhorado
o mesmo bem, o cônjuge, o companheiro, os descendentes e os ascendentes, além daqueles
referidos no artigo 889, que são o coproprietário do bem indivisível, o titular de direito real de
usufruto e etc.
Todas essas pessoas devem ser intimadas da realização do leilão judicial, mas, se houver
adjudicação, é necessário que se dê a chance de essas pessoas também poderem lançar. Ou seja,
elas também tem legitimidade para adjudicar, sendo que, a preferência é do exequente, ainda que
os outros também possam adjudicar caso queiram.
Por exemplo, os dois credores tem crédito de R$3.000.000,00, o imóvel tem esse valor,
teoricamente, o da primeira penhora deveria ter a opção de adjudicar o bem. Porém, o da segunda
penhora pode adjudicar o bem antes? O Renato disse que isso ocorre se o primeiro não adjudicar,
na qual é quando ele não quer o bem, mas a prioridade é de quem faz a primeira penhora.
O que há, na verdade, é um concurso de legitimidades. Isso está lá no §6º “Se houver mais
de um pretendente, proceder-se-á a licitação entre eles, tendo preferência, em caso de igualdade
de oferta, o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente, nessa ordem”.
Pensem o seguinte, a adjudicação pode ter pagamento e pode não ter pagamento. Você
pode pagar com o seu crédito ou pode pagar com o dinheiro. Imaginem que, o meu pai tem uma
fazenda, essa fazenda é penhorada, o exequente pode adjudicar a fazenda? Pode, pois o se eu sou
o credor da primeira penhora, eu tenho preferência para isso.
255
Agora, o seguinte, eu sou o filho do meu pai, eu gosto muito daquela fazenda. Neste caso,
eu posso adjudicar essa Fazenda para mim e, com isso, eu pago ao exequente. Em um caso comum
eu não teria legitimidade para adjudicar um bem, mas, neste caso em especial, eu vou ter que pagar.
Então, nós teremos um leilão interno? O Renato respondeu que é como se tivéssemos um
leilão interno. De fato, há um concurso, só que, na verdade, não é hasta pública. Mas, o exequente,
por exemplo, teria preferência em relação ao filho do dono da fazenda? Não, o filho tem preferência
a não ser que ofereçam um valor maior por aquela fazenda. Com isso, paga-se em dinheiro e o
imóvel fica com a família.
Isso aqui lembra a remissão da execução (falaremos sobre isso em tópico abaixo), só que,
não é a remissão do próprio executado, é uma outra pessoa que diz que, por alguma razão
sentimental quer que esse bem fique com o cônjuge, ou, o companheiro, ou, o descendente, ou, o
ascendente.
É claro que, têm que ter igualdade de oferta, se o exequente diz que oferece pagar
R$1.500.000,00, eu, filho, tenho que cobrir essa oferta e diz que aceita pagar R$1.600.000,00, se eu
quiser pagar menor, eu não levo.
Mas, a adjudicação não significa necessariamente não pagar, adjudicar significa fora da
hasta pública, ficar com o bem penhorado. Você pode ficar com o bem penhorado pagando com o
seu crédito (você é o exequente) ou você pode pagar em dinheiro. Por exemplo, você é o filho do
executado.
Atento a vocês que se for perfeita e acaba a adjudicação, não há mais o que fazer, mesmo
que apareça um credor trabalhista, ele não poderá fazer mais nada. Todavia, acontece que, o valor
está depositado e o credor pode acabar não conseguindo ficar com ele. Isso nos veremos na aula
que vem, pois falaremos sobre o pagamento, ou seja, existe um concurso na hora do pagamento,
então, pode ser que, apareça um credor que faça o levantamento e você não fique com nada.
Por fim, digo a vocês que você só pode adjudicar até o início da hasta pública, ou seja, você
pode optar pela hasta pública, mas no momento exato resolver adjudicar. Isso não tem grandes
problemas, você pode fazer isso.
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17.4.1.3. Poderes do Advogado na Adjudicação
Para adjudicar, é preciso que o advogado tenha poderes para isso, não basta os poderes
gerais que ele tem do foro.
Feita a adjudicação existe um prazo de 5 dias a partir dela para que alguém possa impugnar
a adjudicação, se não houver impugnação, ou, se rejeitada a impugnação, é lavrado um auto de
adjudicação.
Diz lá o §1º, do artigo 877 que “Considera-se perfeita e acabada a adjudicação com a
lavratura e a assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicatário, pelo escrivão ou chefe de secretari a,
e, se estiver presente, pelo executado, expedindo-se: a carta de adjudicação e o mandado de
imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel”.
Depois que ela está perfeita e acaba, se aparece um credor trabalhista (que tem a
preferência), ele não pode desfazer a adjudicação, ele tem que ir sobre algum produto ou valor
depositado, essa é uma maneira de proteger o exequente que adjudicou o bem.
Perguntas
(Pergunta Importante) A Nicolle disse que o exemplo dela era o seguinte, como é que fica
o credor da segunda penhora? Pois, no exemplo do Renato claramente uma pessoa veio de fora e
pagou pelo bem, só que, no exemplo dela dois credores adjudicariam o bem para quitar a dívida.
O Renato disse que há uma licitação, diante disso, devemos levar algumas coisas em
consideração como quem oferece o maior valor. Você é a exequente com a primeira penhora, o
bem vale R$1.000.000,00, aí você chega lá e diz que topo pagar R$1.200.000,00, e abater do seu
crédito, aí, vem um outro executado e diz que aceita R$1.500.000,00, aí o segundo leva, pois ele
ganhou a licitação.
No exemplo dela os dois tem um crédito de R$3.000.000,00, o imóvel tem esse valor, um
fez a primeira penhora que, teoricamente, ele teria preferência é o outro é a segunda penhora. O
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bem é o valor das nossas dívidas juntas, aí, vai ganhar no leilão quem ofereceu o maior valor. Então,
vamos supor que um diga que só pode pagar até R$3.000.000,00 e o outro possa dizer que pode
pagar R$3.500.000,00 eu vou desembolsar esse valor? O Renato disse que não, que a Nicolle pagaria
com o crédito dela e o primeiro tem que cobrir a oferta.
O da primeira penhora não perde a preferência, ele não cobriu a oferta. As meninas
questionaram dizendo que não valeu de nada essa primeira penhora, mas o Renato disse que valeu,
pois ele teve a chance de levar o bem, só que, ele não cobriu a oferta do credor da segunda penhora.
Você como primeira penhora pode mandar leiloar, você não precisa adjudicar.
O risco da adjudicação é que você não é obrigado a adjudicar, se já tiver uma segunda
penhora, você não tenta adjudicar, você vai para um leilão, pois, você vai saber antes da adjudicação
se há uma segunda penhora ou não. Se há uma segunda penhora, não assuma o risco, e vá para um
leilão, sob o risco de se você escolher a adjudicação, alguém da segunda penhora cobrir o seu valor.
A Luisa estava com dúvida na vedação do pacto comissório. O Renato respondeu que o
direito processual dá ao exequente o direito de penhorar e adjudicar os bens do executado. O pacto
comissório serve para evitar que se ataque diretamente o bem, neste caso, não é isso, pois já há um
processo. A ideia é, se há um processo você pode, o que você não pode é simplesmente dizer que o
imóvel está no meu nome, você não paga, o imóvel fica comigo e acabou-se. Na verdade, você deve
leiloar esse bem, mas no processo judicial eu posso adjudicar o bem penhorado.
Agora, se não tem uma segunda penhora e aparece o filho e adjudica, você não tem
prejuízo, pois ele vai adjudicar, pagar e vai depositar o valor para o exequente. Só que, o risco de
depositar é aparecer um credor trabalhista, por exemplo, e fazer a penhora no rosto dos
autos.Digamos que, o filho já tenha depositado o dinheiro, você credor não consegue pegar o
dinheiro, pois, há uma penhora no rosto dos autos de um credor trabalhista, o qual tem preferência.
17.4.2. Alienação
A segunda opção é a alienação. A alienação pode ser por iniciativa particular, ou pode ser
em leilão público. Já falaremos quais são essas duas maneiras.
Em último caso nós teremos a apropriação de frutos ou rendimentos. Isto é, quando o bem
é impenhorável, eu posso penhorar os frutos dele, como no caso do aluguel.
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Imaginem que, eu tenha uma fazenda com cláusula de ienabilidade e impenhorabilidade,
eu posso penhorar os frutos (literalmente).
O locatário tem um direito real, em que você pode registrar essa locação e essa locação é
oponível ao novo proprietário. Pode ser que, se eu penhoro um bem que está alugado, essa locação
é oponível se estiver registrada ao adquirente. Mas, aí, o contrato vai vencer e, neste caso, se o
exequente adjudica quiser ficar com o bem, ele pode, se aplica normalmente a lei de locações.
Perguntas
(Pergunta Importante) Eu posso penhorar um usufruto? Pode, você pode penhorar direitos
reais limitados. Por exemplo, você tem um direito real de usufruto sobre um bem, você não é o
proprietário, então eu não posso penhorar a coisa, mas eu posso penhorar o seu direito ao usufruto
e fico eu com ele. A vantagem de ter um usufruto é que você pode aluga. Isto ocorre quando há um
direito real do qual é titular o executado. Neste caso, precisamos avaliar o direito real que é o
usufruto, no qual não é o mesmo valor do bem.
Como advogado eu posso dizer que não pode haver a penhora do usufruto, pois usufruto
não é alienável. O Renato disse que uma coisa não acompanha a outra, você pode penhorar, tem
expressão econômica, então, por quais motivos ele seria impenhorável? Ele é um direito real.
Neste caso, o executado pode pagar o valor atualizado da dívida e impedir a alienação do
bem. Digamos que, o exequente diz que quer adjudicar o bem, mas o executado diz que não e paga.
Agora, ele vai remir a execução e não remir o bem penhorado, exceto em uma situação
que falaremos mais à frente. A remissão é a remissão da Execução, não do bem penhorado. Isso
acontecia na vigência da lei anterior, em que você podia remir um bem de R$100.000,00.
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Esta não é a situação que ocorre aqui, remir a execução, não é remir o bem penhorado, é
depositar o valor total da execução, independentemente de quantos bens forem. A remissão da
execução existia no CPC de 1973, na atualidade o CPC de 2015 fala em remir a execução, não é remir
o bem penhorado.
Você até pode depositar uma quantia inferior à do valor que você está sendo executado,
mas, mesmo com esse depósito, você não libera o bem. Antigamente você liberava, mas era
abusivo, pois você depositava um valor aquém da execução e conseguia liberar o bem.
O artigo 826 trata de remir a execução, se você não remir a execução, o exequente pode
continuar a ir atrás do seu bem e isto ocorre até a adjudicação.
Pergunta
A Luisa perguntou por quais motivos remir o bem penhorado significa impenhorabilidade.
O Renato afirmou que é assim, porque você deposita o valor dele e com isso ele não pode ser
alienado. Neste caso, você continua com o crédito de R$900.000,00, você tinha um bem e o
exequente não poderia penhorá-lo, pois foi remido.
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