1) INTRODUÇÃO AO TEMA
A proibição da prova ilegal está prevista no Artigo 5º, LVI, da CF. Seus fundamentos residem na tutela e proteção dos
direitos fundamentais (do investigado/indiciado/acusado/imputado) e na tentativa de dissuadir as autoridades
quanto à adoção de práticas probatórias ilegais (não adianta fazer justiça a qualquer custo). Veja o que diz a CF:
Artigo 5º, LVI, da CF. LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Então, que fique bem claro: o Estado, garantidor de Direitos Fundamentais que é, não pode, sob o pretexto de ser
necessário à aplicação do Direito Penal, agredir esses mesmos direitos que ele defende. Em suma: não podemos
admitir o uso de provas ilegais, por mais que seja sedutora essa idéia, pois levaria a um enorme disparate no qual o
Estado ofenderia os direitos que ele próprio existe para defender.
De qualquer modo, a prova será considerada ilegal sempre que sua obtenção se der por meio de violação de normas
legais ou de princípios gerais do ordenamento, sejam eles de natureza material/substantiva (CF e CP,
principalmente) ou processual/adjetiva/formal/instrumental (CPP, primordialmente).
Então, temos dois tipos de provas ilegais: as provas ilícitas e as provas ilegítimas. Precisamos conhecê-las mais de
perto.
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trâmites típicos e de praxe próprios da investigação ou instrução, seria capaz de conduzir ao fato objeto de prova.
Escute o Tio Sengik: decore isso, pois é a transcrição que vai cair em seu concurso!
7) DESTINO DAS PROVAS ILÍCITAS (ISSO NÃO VALE PARA AS PROVAS ILEGÍTIMAS)
Mais um tema recorrente em nossas provas, o destino das provas ilícitas está no artigo 157, §3º, do CPP:
Artigo 157,§ 3º, do CPP. Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será
inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
Convém saber a ordem cronológica que o artigo nos apresenta:
1) a declaração de ilicitude demanda decisão judicial de desentranhamento;
2) a prova retirada dos autos ficará em cartório aguardando o fim dos possíveis recursos interpostos contra a
decisão que a considerou ilícita (RESE, se tiver sido decisão interlocutória; ou apelação, se a decisão estiver
na própria sentença) – isto é o que a lei chama de preclusão da decisão de desentranhamento;
3) depois da fase recursal, mantida a ilicitude, a prova será destruída, sendo facultado às partes acompanhar o
incidente - (CUIDADO! As partes não estão obrigadas a participar da destruição; é apenas facultado à elas
acompanhar tal incidente);
4) se os recursos mudarem a decisão, a prova passa a ser considerada lícita e deve voltar aos autos do
processo.
O JUIZ QUE DECLAROU A ILICITUDE DA PROVA NÃO ESTÁ IMPEDIDO DE JULGAR O CASO!
Detalhe que passa despercebido é que o artigo 157, §4º, do CPP foi vetado. Ele dizia que o
Juiz que teve contato com a prova ilícita não poderia julgar o caso, pois estaria contaminado
pela informação por ela carreada. Assim, seria necessário descontaminar o feito. Porém, o
Presidente da República vetou essa parte da Lei, eis que entendeu que o dispositivo poderia
levar à manipulação do Juiz e agredir o Princípio do Juiz Natural. Assim, você deve guardar
que o Juiz que declarou a ilicitude da prova não está impedido de julgar o caso! Não há
descontaminação do julgado no Direito Processual Penal brasileiro!
Cresce a vontade de alguns de poder utilizar provas ilícitas para desmantelar organizações
criminosas. Apesar de existirem defensores dessa corrente, ela é de todo contraditória, pois
permite ao Estado que agrida direitos que ele mesmo existe para defender – e que o faça de
maneira consciente. Nossas Bancas sabem disso e passaram a perguntar se podemos utilizar
provas ilícitas contra organizações e associações criminosas. Sua resposta, nesse momento,
será: NÃO!
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9.1) Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: SEJUDH – MT Prova: Agente Penitenciário - Masculino/Feminino. Sobre as
provas ilícitas é correto afirmar:
a) são inadmissíveis, e uma vez declaradas nulas, não precisam ser desentranhadas do processo.
b) as provas ilícitas podem ser admitidas quando o agente atuou com boa fé, caso em que se dá a purga da ilicitude.
c) as provas ilícitas são aquelas que violam normas de direito processual, não são inadmissíveis as provas ilegítimas
que violam normas de direito material.
d) são ilícitas as provas obtidas com violação a normas constitucionais ou legais, bem como aquelas que derivem das
ilícitas.
e) as partes não poderão acompanhar o incidente no qual a prova ilícita é inutilizada.
9.2) Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: POLÍCIA CIENTÍFICA-PR Prova: Odontolegista (+ provas). Considere as regras
básicas aplicáveis no Direito Processual Penal para assinalar a alternativa correta sobre a prova.
a) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
b) As restrições estabelecidas na lei civil serão observadas para todos os efeitos de produção de prova.
c) A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no curso da instrução ou antes de proferir
sentença, determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante, vedada a produção
antecipada de prova
d) São admissíveis, devendo, no entanto, ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as
obtidas em violação a normas constitucionais
e) São inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas
e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
9.3) Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: Delegado de Polícia. Assinale a alternativa correta a respeito
de prova, indiciamento e inquérito policial, com base na legislação, na jurisprudência e na doutrina majoritária.
a) Conforme a lei, o indiciamento é ato privativo do delegado de polícia ou do órgão do Ministério Público, devendo
ocorrer por meio de ato fundamentado, que, mediante análise técnico-jurídica do fato, deverá indicar a autoria, a
materialidade e suas circunstâncias.
b) O relatório de inquérito policial, a ser redigido pela autoridade que o preside, é indispensável para o oferecimento
da denúncia ou da queixa-crime pelo titular da ação penal.
c) As provas ilegítimas são as obtidas por meio de violação de normas de direito material, ao passo que as provas
ilícitas são as obtidas por meio de violação de normas de direito processual.
d) Consoante o Código de Processo Penal (CPP), admitem-se as provas derivadas das ilícitas, desde que não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou que as derivadas possam ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras.
e) No ordenamento jurídico brasileiro, não se adota a denominada teoria da árvore dos frutos envenenados, de
modo que a prova derivada da prova ilícita tem existência autônoma e deverá ser apreciada em juízo.
9.4) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-ALProva: Escrivão de Polícia. Julgue o item abaixo:
O CPP não admite as provas ilícitas, determinando que devem ser desentranhadas do processo as obtidas com
violação a normas constitucionais ou legais, inclusive as derivadas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente.
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9.5) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TJ-PI Prova: Assessor Jurídico. Em relação às provas ilícitas, é correto afirmar que:
a) não precisam, necessariamente, ser desentranhadas dos autos.
b) não se permite a presença das partes no incidente de inutilização, por se tratar de ato sigiloso.
c) são aquelas obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
d) são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo, apenas e tão somente, quando as derivadas
puderem ser obtidas por fonte independente das primeiras.
e) considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo trâmites atípicos, da investigação ou instrução
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
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