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IX – Os penitentes e a atuação do laicato na Igreja Primitiva

O espírito eclesial, nos inícios do cristianismo, era pautado sobre a pastoral sacramental (Igreja
como “Ecclesia Mater”), onde o testemunho de vida (martyria), a proclamação da fé em Jesus
(Kerigma) e o ensinamento da Palavra (didaskalia) eram os pontos centrais da fé comunitária.
Aqui, a Palavra e a pregação ocupavam lugar de destaque, e o mesmo pode-se dizer em relação à
iniciação catequética dos neófitos e o cuidado com a assistência espiritual dos idosos e enfermos,
que eram sempre uma das grandes preocupações das primeiras comunidades. Ações caritativas, a
intensa ocupação com o catecumenato e orientação dos iniciantes (batizados), tudo isto era
intensificado por meio das “mistagogias catequéticas” e da intensa defesa da fé – apologética –,
fatores que exigiam intensa proximidade da parte dos diáconos e das diaconisas, dos presbíteros
e dos bispos.

Uma vívida e nascente religião onde os “humiliores” (plebe, periferias) ocupavam espaço ativo
junto aos demais, sem distinções ou separação entre seus membros. Toda a comunidade de fé era
classificada por uma única categoria de cristãos: os batizados. A partir disso, tudo girava em torno
do acompanhamento e espiritualidade catecumenal. Nos escritos do Novo Testamento não
encontramos especificamente o termo “laikós”, e isto se deve à corrente compreensão na época
de que toda a comunidade era composta pelos “santos”, ou “eleitos” de Deus, por Jesus Cristo.
Vale destaque a designação de “irmãos”, como referência aos membros da comunidade. As
primeiras comunidades cristãs tinham consciência de seu lugar na História da Salvação. Sabiam,
e estavam convencidas, de que Cristo era o ápice da Revelação e que a Nova Aliaça, celebrada
por Ele, os unia a tal ponto de serem compreendidos como membros de um só corpo, de “Povo
de Deus” (cf. 1Pd 2, 9-10).

Cada fiel era incorporado à comunidade de fé por meio do batismo, que conferia-lhe a dignidade
de ser chamado “filho de Deus”. Assim sendo, toda a comunidade era consciente de ser
consagrada, eleita por Deus, cabendo ao Espírito Santo distribuir os dons e serviços a cada
membro. “O nascimento das comunidades cristãs acontece nas casas, lugar onde se desenvolve
a vida, onde brota o espírito de partilha, da comunhão e da oração” (RODRIGUES, 2000, p. 49-
50). Dentre os primeiros cristãos, a relação entre povo de Deus e o mundo sempre realçava o fiel
como fermento e agente inserido e atuante no mundo, o que favoreceu a expansão do cristianismo.
O sangue dos mártires servia de alimento e favorecia o crescimento do número dos fiéis, isto serve
de expressão visível do “escatón” – esperança escatológica e ansiosa pela vida eterna – de toda a
Igreja Primitiva.

Se a princípio a ação testemunhal dos leigos era algo prioritário junto à expansão do cristianismo,
encontramos em Inácio da Antioquia já no ano 107 d.C. o surgimento do termo “leigo” – “laós”,
como sendo utilizado para distinguir o clero (bispos, padres e diáconos) do restante da
comunidade cristã; embora este mesmo termo já aparecesse na carta de Clemente Romano aos
Coríntios no século I (anos 90 d.C.). Podemos encontrar também em Orígenes, no século II, uma
distinção entre funções eclesiais e, já no século III uma crescente distinção entre “ordo” e “plebe”,
ou seja, clérigos e leigos. Termo tecnicamente utilizado no século III por Tertuliano, tornando-se
quase que testemunho de seu tempo e fonte determinante para esta distinção sempre mais
intensificada entre clero e povo (“plebs”).

Na descrição da Eucaristia cristã, feita por São Justino (100-165), temos:


leitura dos textos bíblicos, homilia, despedida dos catecúmenos e penitentes,
oração da comunidade, ósculo da paz, oferta dos dons, ação de graças proferida
somente pelo presidente da celebração e distribuição dos dons eucarísticos
feita pelos diáconos. (MONDIN, 2006, p. 78.)

Se outrora os leigos guardavam e administravam a Eucaristia, participavam da eleição dos bispos


e dos presbíteros, auxiliavam na administração dos bens da comunidade, participavam inclusive
de “conselhos de leigos” (“seniores laic”), agora eram nada mais que ouvintes dos ofícios
eclesiais. A liberdade do culto cristão – Édito de Milão 313 d.C. – e a oficialização do cristianismo
– Teodósio 380 d.C. – acabaram por acirrar a separação entre clero, agora atrelado aos poderes
estatais e às celebrações oficiais do Império, e os “populi”. A tudo isto acrescenta-se o elemento
teológico da questão dualista entre a vida espiritual – exercida pelo clero e, aos poucos assumida
pelos mosteiros e abadias – e o mundo – onde o povo vivia e exercia as funções que lhe eram
específicas: trabalhar, reproduzir, cuidar do comércio etc. Esta hierarquia irá perdurar por quase
todo o período medieval, favorecendo a composição de uma sociedade estamental onde o topo
era composto pelos que rezavam e detinham-se com as “coisas de Deus”, enquanto a grande massa
da população era fadada ao trabalho e ao serviço, também desta primeira.

O problema do pecado, da remissão e os grupos penitentes em sua origem remota no


cristianismo

Quanto às questões especificamente teológicas, o problema do pecado após o batismo encontrou,


ainda na Igreja Primitiva, uma resposta satisfatória na Primeira Epístola de João: “os cristãos
pecam (1Jo 8, 10), mas seus pecados podem ser perdoados por Cristo (1Jo 2, 1-2), supondo-se
sempre que abandonem os comportamentos pecaminosos, incompatíveis com a união com Deus”
(PAZZELLI, 2009, p. 19).

A história que se segue a partir daí, sempre em consonância com a Tradição e os Santos Padres
(Magistério), favoreceu a Igreja a acreditar que “segundo o Novo Testamento, é pelo Batismo que
Deus concede o perdão dos pecados (At 2, 38); mas Jesus concedeu à comunidade eclesial o
poder de remir os pecados e excluir os pecadores” (cf. Jo 20, 22-23; Mt 16, 18-19) (MONDIN,
2006, p.79). Referência a isto podemos encontrar quando “no século II a Didaché (4, 14; 14,1)
convida os cristãos a confessar suas falhas cotidianas antes da Oração Eucarística” (MONDIN,
2006, p. 79).

“Depois do Séc III os pecadores passaram a ser conduzidos ao Bispo, que possuía o poder de
conferir ao fiel a devida penitência desde a época dos Apóstolos a ser seguida. Os pecados não
precisavam ser confessados publicamente, somente os muito graves, mas o bispo impunha a
penitência numa celebração específica, que outorgava aos penitentes uma ordem característica
e comum a todos na Igreja: o bispo impunha as mãos sobe os penitentes, entregava-lhes o cilício,
os penitentes passavam a ausentar-se em certas partes da celebração eucarística, depois, durante
a quaresma os presbíteros que passaram a ser colaboradores dos bispos nesta questão,
impunham as mãos para confirmar esta fase na vida do fiel e, geralmente na quinta-feira Santa,
o bispo reconciliava os penitentes, que eram readmitidos à comunidade eclesial”. (MONDIN,
2006, p. 79).

Dentre seus deveres e atributos, vemos que deviam trajar vestes pobres, descuidar das
propriedades, não comer carne, dar esmola, renunciar as relações conjugais e deixar atividades
profissionais. Por outro lado, percebemos que ao passar do tempo esta radicalidade foi sendo
alterada, até chegar na confissão individual e a imposição de prática penitenciais mais leves.
Exatamente porque os fieis retardavam tal processo, passando até mesmo a evitar procurar a Igreja
a fim de se emendar, devido ao fato de muitas exigências serem impostas a quem aderisse a esta
modalidade. Por vezes era preferível manter-se em pecado a ter que se submeter à tamanhas
exigências.

Mas não pensemos que isto se manteve por muito tempo, veremos que as autoridades
eclesiásticas, agora grandes detentoras dos poderes espirituais e temporais na Idade Média, se
ocuparão por reverter esta situação, seja para maior cuidado com o povo, ou mesmo para manter
a fé cristã em ordem.

Referências

RODRIGUES, E.R. Ministério dos leigos na Igreja: à Luz do Novo Testamento. Aparecida: Ed.
Santuário, 2000.

MONDIN, Danillo. História da Igreja na Antiguidade. São Paulo: Ed Loyola, 2006, 2ª Ed., p. 78

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