1.1 Introdução
Este é um livro escrito com o propósito geral de reunir informações teóricas de modo
que o leitor possa adquirir uma base de informações que o facilite na construção do seu
conhecimento técnico e prático no ramo computacional e/ou eletrônico. Serão apresentadas
informações técnicas com embasamento teórico, ou seja, é um livro escrito para iniciantes que
não possuam qualquer conhecimento computacional ou mesmo para os leitores que já
possuam algum conhecimento e desejam aprimorá-los, utilizando para tal os conceitos
técnicos e/ou teóricos, assim como os exemplos práticos aqui apresentados; hobistas também
podem usufruir do conteúdo deste livro, pois os exemplos apresentados são bastante didáticos
e mostram o passo-a-passo para se obter o resultado proposto das experiências em laboratório.
A principal referência de conhecimento teórico, técnico e prático apresentado neste
livro é a própria experiência profissional e acadêmica do autor. Sendo assim, serão
apresentadas algumas informações históricas, assim como uma ampla gama de informações
que o ajudarão na formação do conhecimento técnico para o mercado tecnológico.
Em suma, a tentativa de transferência de conhecimento do autor levará o leitor a um
patamar onde o mesmo terá a possibilidade de adquirir habilidades onde a partir de um
determinado problema, poderá projetar e desenvolver soluções práticas e objetivas. É claro
que se espera do leitor um mínimo de comprometimento e dedicação nos estudos teóricos
apresentados, assim como a execução dos exercícios práticos sugeridos.
Este não é um livro que deve ser apenas lido, deve ser tratado como um material de
apoio, exercitado e consultado sempre que necessário.
Todas as marcas de produtos, equipamentos e sistemas apresentados neste livro são
pertencentes aos seus respectivos fabricantes e proprietários, sendo que a sua utilização estará
sujeita a aquisição de licenças de uso e o autor não se responsabiliza pela falta destas no uso
realizado pelo leitor. Em todos os exemplos apresentados neste livro, o autor utilizou-se de
licenças temporárias e/ou licenças de avaliações de modo que não é o objetivo deste livro
tratar de assuntos relacionados ao licenciamento de produtos.
Tendo agora a definição para engenheiro, vamos também definir engenharia, e para
tal, iremos recorrer ao dicionário (Aurélio, p.267):
“Aplicação de conhecimentos científicos e empíricos, e certas
habilitações específicas, à criação de estruturas, dispositivos e processos
para converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das
necessidades humanas.”
Embora haja um capítulo dedicado aos sistemas de numeração, neste ponto será
utilizada apenas a base binária como princípio para o entendimento introdutório aos
computadores. Para melhor compreensão do conceito binário, iremos fazer uma analogia com
uma lâmpada ligada ou desligada, ou ainda se preferir, uma lâmpada acesa ou apagada.
Os Smartphones são telefones celulares e também contam com diversos recursos dos
computadores. É possível utilizá-lo com os mais diversos aplicativos, acessar a Internet,
enviar e receber e-mails, jogos, tirar fotos e claro, efetuar e receber ligações telefônicas.
Assim como os Smartphones que estão cada vez mais modernos e poderosos, há também os
computadores de mão, os chamados PDA (Personal Digital Assistant – Assistente Pessoal
Digital), que praticamente tem a mesma função dos Smartphones, com a diferença de que
alguns modelos não possuem recursos para ligações telefônicas. Geralmente os PDAs vem
equipado com telas sensíveis ao toque (similar aos Smartphones), porém, com o adicional de
um dispositivo apontador em forma de uma caneta, a qual é utilizada com o mesmo propósito
do mouse. A figura 6 demonstra um Smartphone e um PDA básico.
Muitas vezes é difícil saber como uma descoberta feita nos laboratórios poderá se
traduzir em benefícios práticos.
O problema é consistente, já que poucos sabem quais os fenômenos, materiais ou
propriedades de materiais são os responsáveis pela tecnologia que já é prática, mas cujo
funcionamento não se compreende.
Veja abaixo alguns exemplos de processos e produtos que resultaram diretamente de
pesquisas de laboratórios – mais especificamente de física.
Parte de uma infinidade de inventos que ajudou a moldar aquilo que chamamos de
“Era da Tecnologia”, esses exemplos ajudam a alinhavar a conexão entre a pesquisa científica
e a utilidade tecnológica, talvez desmistificando um pouco a descrição muitas vezes árida das
descobertas relatadas nos artigos científicos.
Magnetorresistência Gigante
Talvez você nunca tenha ouvido falar de magnetorresistência gigante (MRG), mas
certamente já ouviu falar de computadores melhores.
Esse fenômeno, resultado de trabalhos independentes dos físicos Albert Fert (França)
e Peter Gruenberg (Alemanha), aprimorou significativamente o hardware dos computadores
que utilizamos.
Em 1947 foi então criado o transistor, dispositivo eletrônico que controla a passagem
de corrente elétrica. “O desenvolvimento do transistor dependeu do entendimento de como os
elétrons se comportam dentro de um material semicondutor, e foi o físico teórico John
Bardeen quem entendeu os mecanismos fundamentais que os elétrons precisavam realizar
dentro dessas estruturas para controlar sua passagem”, explica o professor Rodrigo Gonçalves
Pereira, também do IFSC.
Se não fossem os semicondutores, o transistor, e o entendimento de como os elétrons
se comportam neles, a eletrônica jamais teria chegado onde chegou – a eletrônica portátil seria
virtualmente impossível.
LED
Considerada a maior revolução na iluminação desde a invenção da lâmpada elétrica,
o LED azul foi o resultado de estudos realizados pelos japoneses Isamu Akasaki, Hiroshi
Amano e Shuji Nakamura, e já está por todos os lados – o LED original na verdade foi
inventado há mais de 50 anos.
O estudo se baseou no fenômeno pela emissão de luz pela passagem de corrente
elétrica por um material semicondutor, processo bem diferente das lâmpadas tradicionais, que
utilizam filamentos metálicos aquecidos, descargas de gases e outros expedientes para a
produção de luz.
Engenharia Computacional Página 16
Figura 8: LED
[Imagem: Sinano/Chinese Academy of Sciences]
“O Nobel de 2014 foi dado aos inventores dos LED’s azuis, apresentados em 1994.
Esses LED’s deram origem a uma nova geração de LED’s com freqüências mais altas[azul a
ultravioleta] e, em particular, ao LED branco, que só é dessa cor porque alia um LED azul a
uma camada de fósforo que emite luz na região do amarelo e faz com que o efeito final seja
uma luz branca”, explica Guilherme Sipahi.
Dentre as vantagens da luz de LED estão maior vida útil, mais iluminação com
menos consumo, além de ser ecologicamente correta, já que não possui mercúrio ou qualquer
elemento danoso à natureza.
Estatística da física
Mas nem tudo são experimentos e “dispositivos”. Há também a física estatística, que,
basicamente, descreve o funcionamento do mundo macro físico tendo como base o que
acontece no micro.
“Não sabemos combinar informações de cada um dos elementos [moléculas e
átomos] que formam um material para entender o todo, portanto tentamos descobrir leis de
comportamentos médios”, explica o professor Leonardo Paulo Maia.
Uma das aplicações da física estatística é na instalação de torres para cobertura de
telefonia móvel. A parte estratégica desse trabalho, desenvolvida na maioria das vezes por
engenheiros, é a distribuição dessas torres de tal maneira que não se necessite de grande
quantidade delas – já que o gasto financeiro seria muito grande – e que a cobertura do sinal
não seja comprometida.
Sensores
Quando se fala em sensores, a primeira coisa que vem à nossa mente são aqueles
aparelhos que ficam nos tetos e paredes das casas e que, com a nossa presença, acendem luzes
ou disparam alarmes. No mundo científico, contudo, a utilidade dos sensores vai muito além
da segurança doméstica ou iluminação automática de ambientes.
Figura 10: Transistores que funcionam como sensores prometem novas formas de realizar exames médicos.
[Imagem: EPFL/Jamani Caillet]
A esta altura o leitor por mais leigo que seja já deve ter adquirido o mínimo de
conhecimentos necessários para saber que um computador não é simplesmente e tão apenas
uma “caixa que acende”, como disse o senhor Bill Gates se referenciando ao projeto do
computador Altair, quando tentava vender sua primeira versão do sistema operacional DOS –
mas este é um assunto para o capítulo VII onde falaremos detalhadamente sobre os Sistemas
Operacionais.
Imagine um chuveiro elétrico, o banho quentinho que tomamos é possível porque o
chuveiro obviamente está ligado à rede elétrica, mas como a água é aquecida? Muitas pessoas
não sabem como a água é aquecida no interior dos chuveiros, alguns até se arriscariam a dizer
que a água é aquecida pela energia elétrica, o que não está errado, no entanto como é que a
energia elétrica é capaz de fazer esse aquecimento?
Um chuveiro elétrico básico possui uma câmara, onde a água penetra e entra em
contato com o elemento de aquecimento, chamado resistência, cujo este elemento de
aquecimento é ligado à rede elétrica. A corrente elétrica somente passará pelo elemento de
aquecimento ou resistência quando o registro for aberto e a água forçar uma pressão em uma
pequena peça chamada diafragma, fazendo com que os contatos elétricos do elemento de
aquecimento sejam ligados à rede elétrica. A figura 11 ilustra um chuveiro por dentro e seus
elementos, assim como o posicionamento do diafragma.
FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2000.