Primeiros contactos e o
trabalho não montado
Mecânica e Andamentos
EQUILÍBRIO
ESTÁTICA
ATITUDES
Aprumos
IMPROGRESSIVOS
CINEMÁTICA MOVIMENTOS
PROGRESSIVOS
ANDAMENTOS
Naturais
Adquiridos
Marchados
Saltados
Laterais
O animal está em EQUILÍBRIO quando a vertical baixada do seu centro
de gravidade cai dentro da base de sustentação
FORÇADA
ATITUDES
DECÚBITO
ESTERNOCOSTAL
DECÚBITO
DECÚBITO
LATERAL
Estação
Estação livre
é aquela que o animal são,
toma naturalmente, e
comporta o apoio sobre os
membros anteriores e
alternadamente sobre um
dos posteriores.
O posterior em descanso
está meio flectido, metido
para dentro e para baixo do
corpo, apoiando-se na
pinça.
Estação
Estação forçada
é aquela em que o animal
descansa o corpo igualmente
nos quatros membros.
Esta forma de estação só é
assumida pelo animal obrigado e
abandona-a logo que pode.
Conforme a direcção dos eixos
dos membros, a estação forçada
toma três aspectos:
Estação
- Quadrada , quando os eixos dos
membros são verticais; a distância do bípede
anterior ao posterior deve ser igual a três
quartos da altura;
Para se deitar,
o cavalo concentra os membros, baixa a cabeça, dobra
os membros, mais os anteriores, e deixa-se cair para
um dos lados.
Para se levantar
estende a cabeça e o pescoço vivamente para cima e
para trás, depois firma-se nos membros anteriores,
elevando os quartos dianteiros, e, finalmente, ergue os
quartos traseiros.
Este decúbito é
direito ou esquerdo,
conforme o lado
sobre o que o
animal descansa.
Decúbito
Decúbito lateral
o animal repousa sobre todo o lado do corpo; cabeça, pescoço, tronco
e membros contactam com o solo. É frequente no poldro, mas só se
observa nos equinos adultos quando extenuados, após um grande
esforço ou grave enfermidade.
MOVIMENTOS
Empino ou Improgressivos
encabritamento
É a estação erecta dos quadrúpedes.
O cavalo para se empinar concentra-se,
avançando quanto pode os membros
posteriores, impele o centro de gravidade
para trás e para baixo por um brusco e
largo movimento do balanceio céfalo-
cervical, imediatamente depois levanta o
corpo pelo enérgico impulso dos membros
anteriores, ao mesmo tempo o coxal gira
sobre as cabeças dos fémures, erigindo a
coluna vertebral.
Esta posição, pela violência dos esforços
que exige, e pela instabilidade do seu
equilíbrio, só se pode manter durante
pouco tempo.
MOVIMENTOS
Improgressivos
Empino ou
encabritamento
Empino ou encabritamento
Coice
ANDAMENTOS
ANDAMENTOS
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Os andamentos dizem-se:
Evidencia-se na
Conservação individual
As alterações da normal abertura de certos ângulos arrastam uma desigual
distribuição de pressões, que podem sobrecarregar os raios ósseos,
afectar os orgãos ligamentosos ou falsear o bom apoio da superfície
plantar.
A inclinação dos raios ósseos, para dentro ou para fora da linha de
aprumo, origina também uma anormal distribuição de pressões,
determinando a sobrecarga das partes externas ou internas das
superfícies articulares, a hipertensão dos ligamentos internos ou externos
e a maior pressão do lado externo ou interno do casco.
ANDAMENTOS
quatro batidas.
Quando o deslocamento começa com o
membro posterior direito, a sequência é:
posterior direito, anterior esquerdo,
posterior esquerdo e anterior direito.
Velocidade: 6 a 8 km /h
O PASSO
Velocidade: 13 a 15 km / hora
O TROTE
O GALOPE
1º tempo
Pousar o posterior
esquerdo
2º tempo
Pousar a diagonal direita
(PD e AE)
3º tempo
Pousar o ANTERIOR DIREITO
Projecção/ suspensão
Mecanismo DO GALOPE À ESQUERDA (uma passada de galope à esquerda)
1) Pousar o posterior
direito
2) Pousar a diagonal direita
(PE e AD)
Projecção/ suspensão
O GALOPE
O Galope é o andamento a três tempos, em que o cavalo avança com o
membro anterior direito quando gira para a direita e com esquerdo quando
gira para a esquerda.
Ele pode portanto, galopar para a mão direita e para a mão esquerda.
Velocidade: 20 a 30 km / hora
O GALOPE
No mundo dos cavalos “à portuguesa” (em que toda a gente já sabe tudo melhor que o seu próximo)
proponho-me agora, humildemente, recomendar a terceiros os conhecimentos a que tive acesso e com
sucesso adoptei para meu uso pessoal.
Deste modo, dedico aos meus alunos, o prazer de tentar sistematizar, para eles, algumas técnicas
inerentes ao maneio equestre.
Adaptado de:
“GALOPS”
Fédération Française d'Équitation
www.ffe.com
“DOM DE DOMAR”
TetéMonteiro
“TRABALHO À GUIA”
Escola Portuguesa de Arte Equestre
www.snc.pt/epae/
http://www.decathlon.pt/PT/
Abordagem e manipulação de um cavalo
A campo
Previamente a qualquer tentativa de manipulação faz sentido adquirir os conhecimentos básicos inerentes à psicologia e
comportamentos específicos dos equinos que nos conduzem à percepção de um animal inatamente receoso, que prefere a fuga à
exploração da identidade de quem se aproxima.
O cavalo tem uma tendência natural para se afastar de tudo o que é inesperado ou desagradável, pelo que o tipo de manipulação
possível de praticar depende do nível de “condicionamento” a que o animal tiver sido submetido ao longo da sua vida, particularmente
durante a fase de desbaste, motivo pelo qual abordamos este tema lá mais para a frente.
Partindo do principio que se trata de equinos desbastados e usualmente manuseados segundo regras convenientes, a abordagem
deve ser promovida com tranquilidade, falando e ou assobiando de forma a preveni-los da nossa presença.
Tradicionalmente o lado esquerdo do cavalo é aquele que mais é usado nas manipulações, pelo que eventualmente convirá utilizá-lo,
sobretudo quando não temos relacionamento prévio com o animal ou em situações que ele apresente maior relutância em se deixar
manusear.
Nos casos em que o cavaleiro tenha pouca prática ou esteja desconfortável por falta de
confiança é possível que o cavalo sinta esse tipo de “energia” e ele próprio fique
assustado ou desconfiado, preferindo criar distância fugindo. Nestes casos há que
aguardar que o cavalo se imobilize e reiniciar todo o procedimento. Correr atrás de uma
cavalo é a melhor maneira de não o conseguir abordar e manipular.
O cabeção, aberto e largo de forma apropriada a servir no tamanho da cabeça do cavalo, segura-se pela cachaceira com uma mão e
com a outra controlando a orientação utilizada enfia-se a focinheira no focinho até ao chanfro, segurando e puxando as faceiras para
cima até que a cachaceira atinja o nível do topete de forma a passar suavemente para trás das orelhas ficando assente na nuca.
Muitas vezes, depois da abordagem, contacto e sujeição inicial, é possível passarmos um braço ou uma guia de prisão à volta do
pescoço, pondo-lhe, logo de seguida o cabeção.
Não somos adeptos da utilização de qualquer tipo de guloseima (salgada ou doce) para conseguir manipular um cavalo de uso
colectivo (por exemplo cavalo de “Escola”), tanto mais que existe um risco efectivo de mais tarde uma criança, ou jovem inadvertido,
chegar ao pé de um cavalo habituado a procurar petisco nas mãos humanas se concretizar por lambidela ou mastigadela de uma
mão mal lavada depois de comer rebuçados, gelados, bolachas ou simples pão.
Seguidamente ajustar e afivelar o cabeção bem como manusear a guia curta para que as laçadas fiquem na mão esquerda.
A mão direita agarra junto ao mosquetão, assegurando o controlo total sobre o animal.
Nas circunstâncias em que houver que manusear e conduzir mais de que um animal simultaneamente, há que ter em consideração a
existência de potenciais interacções entre eles, resultantes do estatuto social que cada um tenha e que poderá determinar atitudes
comportamentais agonísticas que terão de ser previstas e acauteladas pela forma de controlar os animais manipulados.
As distâncias de segurança (2,5 metros ± o comprimento de um cavalo) são cruciais para evitar questiúnculas e agressões entre os
cavalos que podem, potencialmente, apanhar no meio os cavaleiros desprevenidos ou ignorantes destes factos.
Na boxe
Os princípios anteriormente referidos mantêm a validade principalmente no que respeita à calma, descontracção e determinação em
abordar e manusear o animal à primeira tentativa.
A falta de confiança e o receio do cavaleiro são transmissíveis ao cavalo, criando-se um ciclo vicioso conducente à necessidade de
várias tentativas para alcançar o meu resultado. Um cavalo assustado é potencialmente perigoso dentro de uma boxe, pois não tem
trajectória de fuga possível.
Os animais estabulados em boxe, normalmente encontram-se em trabalho pelo que estarão habituados a que, após aviso sonoro da
nossa presença, se abra a porta e se deixem manusear facilmente.
Alguns há que ficam à espreita da oportunidade de sair, sem prévio consentimento, pela porta que ficou demasiado aberta ou por
motivo de distracção ou atarefamento do cavaleiro dentro da boxe.
A educação do cavalo nestas circunstâncias leva a que não seja consentida a veleidade de apresentar intenção de sair quando a
porta se abre ou fica escancarada, por conveniência da aproximação do carro do estrume, ou entrada do cavaleiro com os arreios
nos braços.
Muito menos será de admitir que um cavalo “ansioso” por sair da boxe nos encurrale contra a porta ou a um canto.
A necessária educação é alcançada através de ordens amigáveis, determinadas e persuasivas de “chega” ou “chega para lá” com o
levantar do braço apontando a direcção do deslocamento pretendido. Inicialmente é aceitável o uso, não violento, de uma varinha ou
stick, esclarecedor eficaz das dúvidas ou relutâncias que possam existir.
Quando se amarra um cavalo deve usar-se sempre um nó fácil de desfazer para que seja
possível em qualquer circunstância libertar o animal facilmente.
Os nós rápidos são sempre fáceis de desfazer, mesmo que os animais os apertem com os
seus puxões.
1. A guia passa pelo cordel e forma uma laçada.
2. Uma segunda laçada feita com a ponta é enfiada pela primeira. Fazem-se tantas laçadas quantas as necessárias para
que a guia não fique demasiado comprida.
3. A ponta pendente tem que ficar justa pelo que o nó é apertado puxando-se simultaneamente pela sua parte superior e
pela ponta ligada ao cabeção.
Da limpeza diária muito depende a saúde e bem-estar do cavalo, pois constitui uma oportunidade de lhe passar uma revista
cuidadosa por todo o corpo.
Um cavaleiro que se preze faz ponto de honra de nunca aparelhar um cavalo sem que previamente esteja limpo (livre de sujidade ou
manchas na pelagem e palhas ou aparas na cauda ou nas crinas) e depois do trabalho deixá-lo igualmente limpo (livre de sujidades e
suor e principalmente seco).
Os materiais de limpeza são diversos e devem ser escolhidos em função do tipo de trabalho que o cavalo realiza, a sua sensibilidade
no que respeita aos materiais com que são fabricados e ao orçamento disponível (naturais mais caros e sintéticos mais baratos).
Um kit de limpeza, individual, no mínimo deve ser constituído por uma almofaça de borracha, uma cardoa rija, uma brussa natural,
uma escova de crinas mista e um ferro de cascos.
Almofaça – A almofaça pode ser de metal, borracha ou plástico. A almofaça de metal é usada preferencialmente nas regiões
musculosas (carnudas), enquanto a de borracha pode ser usada nessas e nas outras regiões mais sensíveis das articulações ou da
extremidade dos membros. Na maior parte dos casos as almofaças de plástico são usadas no banho.
Cardoa – Escova de cerdas compridas e rijas de fibras vegetais (piaçaba) ou de nylon, que pode ser passada por todo o corpo com
o fim de limpar o pêlo mais profundamente libertando-o de pó, suor seco ou das películas de pele morta (caspa), entre outras
sujidades. As cardoas mais macias destinam-se a uso de pormenor para dar brilho (lustro) ao pelo do cavalo, após a limpeza.
Brussa – Escova de cerdas curtas e macias, naturais ou de nylon, tem por função retirar a sujidade ainda restante entre os pêlos e
devolver o brilho natural à pelagem. As melhores são de pelo de cavalo, cabra, vaca ou de porco. As de nylon servem bem e são
mais baratas.
Pentes e escova de crinas – Os pentes foram concebidos para desembaraçar a crina e apará-la removendo os pêlos
ao contrário das escovas que foram concebidas para desembaraçar as crinas e a cauda do cavalo sem arrancar as respectivas
sedas. Existem inclusivamente pentes de “pelar” concebido para aparar a crina e uniformizar a raiz da cauda, cortando os
pêlos mais compridos.
Ferro de cascos – Os ferros tem por função a limpeza dos cascos, que devem ser limpos antes e depois do trabalho. Os pincéis
são usados na aplicação de untos ou outros produtos hidratantes e lubrificantes do casco.
Arrumação do material de limpeza – Consoante a quantidade e diversidade do material a arrumar assim deve ser o modelo
e tamanho das soluções de armazenagem. Um bom princípio de higiene e saúde equina é cada cavalo ter o seu material de limpeza
individual.
A limpeza deve ser realizada da frente para trás e de cima para baixo, ou seja desde as orelhas até aos cascos e normalmente é
realizada em duas fases:
• uma mais grosseira e profunda, em que através da almofaça e da cardoa se liberta o animal da maior parte da sujidade, na
pelagem, nas crinas e na cauda;
• e outra, mais fina, de acabamento, em que utilizando a brussa e a almofaça se faz a remoção da sujidade residual e se
promove a finalização com o brilho da pelagem, toque final nas crinas e cauda, bem como a limpeza dos cascos.
Por este motivo o primeiro utensílio a empregar é a almofaça, que se passa nas várias regiões do corpo do cavalo em movimentos
lineares contra e a favor do pelo, que são manifestamente mais eficazes do que “movimentos mais ou menos circulares”.
Estes movimentos para serem eficazes carecem de ser realizados com intensidade e ritmo específico, diferente de “festinhas”, o que
normalmente leva o cavaleiro a “suar”.
Obviamente que nas partes carnudas podemos utilizar almofaças de ferro mas nas zonas sensíveis, onde não existem massas
musculares e a pele cobre quase directamente os ossos, tendões e ligamentos, devemos utilizar almofaças de borracha ou plástico.
O tipo de almofaça que se usa pode ser determinado pela sensibilidade do cavalo, pois alguns coceguentos ou fragilizados pelo
trabalho (dorso hipersensível) agradecem as referidas almofaças de borracha usadas com suavidade.
As almofaças de boa qualidade “agarram” uma enorme quantidade de sujidade seca que, de vez em quando, é preciso retirar dela
batendo-a ligeiramente no chão ou noutro ponto fixo perto do solo.
Depois do animal desempastado segue-se o uso da cardoa com o fim de limpar profundamente o pêlo libertando-o das películas de
pó, esterco, urina, palha, aparas de cama e pêlos e pele morta (caspa). Esta limpeza é facilitada por braçadas amplas e movimentos
energéticos do pulso que ajudam a uma maior eficácia libertando o corpo do animal da sujidade.
Antes de a cardoa estar saturada de sujidade deve passar-se pela almofaça, ou outra superfície menos agressiva, para limpá-la
tantas vezes quanto seja necessário.
Nesta etapa, usando uma cardoa rija e não uma macia escova-se com energia apropriada as crinas e a cauda, madeixa a madeixa,
indo até à raiz da sua inserção para as limpar e desembaraçar, por dentro e por fora, à esquerda e à direita.
Devemos ter em atenção que é sob os pêlos mais curtos, mas mais fortes, do coto da cauda que o cavalo ganha caspa em crostas
que muito o incomodam.
Se estiver muito suja ou encardida, a cauda deve ser lavada dentro de um balde com água e sabão azul ou champô.
Crinas e caudas sujeitas a higiene diária podem ser limpas com escovas mistas próprias (do tipo que até há pouco tempo só eram
usadas para cabelos femininos) com vantagens acrescidas ao uso dos tradicionais pentes.
Finalmente, na fase mais fina, a brussa remove a sujidade residual e devolve o brilho natural à pelagem.
A dinâmica desta fase é muito específica e para a conseguir deve-se em cada braçada fazer uma passagem em contra-pêlo ou
arrepio, para fazer soltar a sujidade, e outra a favor para a arrastar, terminando o movimento pela passagem da brussa contra a
almofaça, na direcção do solo, para que não fique empastada pela acumulação de sujidade.
Os cascos devem ser limpos no termo da limpeza do cavalo e não no principio para que no caso de os cascos serem untados não
reterem toda a sujidade que se libertou da limpeza do cavalo e que por gravidade aterra em cima deles. Outra razão é que os cavalos
muitas vezes estercam e pisam as fezes enquanto são limpos o que desaconselha a sua realização precoce no inicio da limpeza.
A limpeza dos cascos mais do que limpar a fundo as lacunas laterais (V) e a mediana (menos profunda) da ranilha e toda a palma no
interior da ferradura, tirando qualquer pedra ou objecto duro que possa ter ficado entalado ou mesmo espetado sob o casco, implica
a capacidade de levantar os membros, anteriores e posteriores, ao animal de forma apropriada e segura.
O cavalo para se sentir confortável e seguro para adoptar uma atitude tripodal precisa de estar bem parado (em estação), ou seja
com os quatro membros a suportar igual peso do corpo. Só nestas circunstâncias é que o cavaleiro deve solicitar ao animal que
levante um membro.
No caso de um membro anterior (mão) ou membro posterior (pé) o cavaleiro deve promover a transferência do peso do animal para o
lado contrário do membro que quer levantar, para tal basta fazer uma pressão suficiente na espádua ou no quadril desse lado para
que o animal o faça com tranquilidade tal que chega a aliviar e flectir o membro que se quer levantar.
Associando o comando “alça” aos procedimentos anteriores o cavalo dá a mão ou o pé sem problemas, de tal maneira que
posteriormente ficará condicionado a levantar os membros somente ao comando da voz, motivo pelo qual deve ser usado sempre o
mesmo comando de “alça” e não umas vezes “dá” e outras “levanta” ou qualquer outro termo.
Os cavaleiros com pouca experiência ou que não estejam familiarizados com um determinado cavalo devem sempre fazer de forma
clara, tal como se descreveu anteriormente, e não de outra qualquer que pode criar dúvidas no animal levando ao desenvolvimento
de dificuldades características.
Consideramos desaconselhável a técnica de “empurrar a espádua ou a coxa do cavalo com o nosso ombro”, pois em caso de
cavalos sensíveis e medrosos sentir-se-ão agredidos e facilmente entram em nervosismo que depois dificulta a realização adequada
e segura desta tarefa, principalmente a cavaleiros mais inexperientes ou que não sejam conhecidos do cavalo.
A técnica de puxar os pêlos dos machinhos, sob os boletos, para que o cavalo levante os membros, só deve ser usada pelos
cavaleiros que gostam de ser puxados pelas orelhas quando tem dificuldade de compreensão.
Finalmente lavar com uma esponja húmida os olhos, as narinas, a boca, o ânus e a vulva e com um mandil (pano de malha) ou pano
turco enxugar estas partes molhadas. Estes panos depois de húmidos podem servir para passar toda a pelagem do animal, limpando
assim os últimos vestígios de pó, ficando o cavalo a brilhar.
Desbaste racional
Desbastar = Domar = Amansar = Domesticar = Desbravar = Desemburrar = Civilizar = Exercitar = Instruir = Ensinar
Desbastador = Cavaleiro
O desbaste deve ser baseado no estabelecimento de confiança e, apesar de uns acharem que montar a cavalo é técnica ou ciência,
outros que é arte, o que os técnicos ou artistas têm que conseguir é usar a sua inteligência e racionalidade para sem força e
brutalidade assegurar a entrega do animal.
Não será razoável ter com o cavalo uma relação de domínio absoluto, pois ele é um ser vivo, que pensa, aprende, tem emoção e
precisa amadurecer (principalmente os poldros e cavalos novos).
O conhecimento técnico aliado à paixão pelos equinos pode ser considerado uma arte – a arte de se relacionar com o cavalo – onde
a cumplicidade entre cavalo e cavaleiro é permanente.
Hoje, a técnica evoluiu e está ganhando por todo o mundo adeptos que se identificam com os conceitos inerentes ao “desbaste
racional” ou ao “join up”.
O desbaste tradicional, aquele que era feito de forma agressiva e ao sabor da tipicidade cultural das regiões e países está cada vez
mais condicionado pelo entendimento actual do bem-estar animal e do direito à felicidade do futuro atleta – o cavalo.
O amanso tradicional, aquele em que alguns “cavaleiros” amarram o cavalo no palanque ou colocam saco de areia em cima do
animal até ele vergar tem os dias contados, apesar de esta actividade se estar a tornar um “show” explorado por um “business”
rentável.
No desbaste racional é indispensável o cavaleiro ter sabedoria e sensibilidade para tratar do animal como amigo – verdadeiro
parceiro – e defender sempre o conceito que o cavalo é o "espelho do cavaleiro".
A confiança e o respeito pelo cavalo são imprescindíveis no desbaste racional que é dividido basicamente em três etapas:
Na segunda fase, o cavaleiro condiciona o animal a interpretar sinais de comando e faz adaptação dos equipamentos usados na
equitação.
A terceira fase é iniciada quando o cavalo passa a ser montado e treinado para a assimilação das acções de equitação.
É de salientar que cada cavalo tem uma personalidade própria e, muitas vezes, pode exigir técnica personalizada, pelo que não é
possível montar dois cavalos da mesma forma, embora de uma maneira geral não haja grandes diferenças entre desbastar cavalos
de raças e aptidões diferentes.
No caso de raças especializadas em determinadas funções pode justificar-se direccionamentos específicos nos critérios de trabalho
desde o desbaste, mas as fases iniciais são muito parecidas para a maioria dos casos.
Desbastar um cavalo é como educar uma criança, em algumas, uma boa palmada resolve, em outras pode fazer com que elas
depois na fase adulta apresentem comportamentos de risco (marginais).
O objectivo base da “disciplina permanente” não passa por se agredir o animal indiscriminadamente, o que não significa que não se
seja firme e, uma vez ou outra q.b.p., não se dê uma ralhada ou varada oportuna para corrigir qualquer tentativa de prevaricação e ou
atempado esclarecimento de personalidade dominante (quem tem que dominar é o homem…).
Cada cavaleiro tem seu método mas existem limites e eles devem ser cumpridos à risca, porque o que todos devem querer é manter
o equilíbrio interactivo do cavalo.
O cavaleiro tem que desenvolver e usar três qualidades: a sensibilidade, a percepção e a intuição, para que as técnicas apropriadas
sejam utilizadas na hora certa, caso contrário não funcionam.
Após este “pacote” de maneio tradicional é comum colocar uma corda comprida na argola do cabeção, deixando que o poldro vá
brigando com estes artefactos sempre que pisar a corda. Ao fim de alguns dias o cavaleiro pode agarrar a ponta da corda e ir
forçando a proximidade com o animal, ficando assim assegurada a “domesticação básica”.
Este tipo de maneio praticado, geralmente com protestos do animal, acaba por criar condições para que este inicie um processo de
se deixar conduzir à mão e por incrível que pareça a maior parte dos poldros “perdoa” este tipo de manuseamento e acaba por não
apresentar qualquer tipo de “rancor” nas futuras manipulações.
Depois da “cabeça feita” os poldros voltam ao campo integrando as “piaras” do respectivo sexo e ano, voltando mais tarde, por volta
dos 3 anos, a ser manipulados para início do desbaste propriamente dito.
A manipulação precoce dos poldros pode e deve ser promovida após o nascimento.
Este tipo de manipulação só é possível se as éguas tiverem um bom relacionamento com humanos, subordinando o seu instinto e
comportamento maternal à aceitação da proximidade e manipulação do cavaleiro.
Poldros manipulados nas primeiras 24 horas de vida vão ter com o homem um relacionamento diferente daquele que se desenvolve
nas condições extensivas de maneio tradicional.
No caso de éguas sujeitas a maneio reprodutivo controlado, a manipulação dos poldros durante os vários dias de controlo folicular e
inseminação artificial, são oportunidades adequadas para sedimentar as relações precoces com os poldros.
Modernamente e numa perspectiva de “pré-desbaste” este trabalho tem início por volta dos 5 meses de idade ou entre 15 a 30 dias
antes da apartação do desmame (7 a 8 meses). A ideia é ensinar o poldro a deixar-se manipular através do cabeção, com o mínimo
de stress mental possível.
Nos casos em que as mães dos poldros estão perfeitamente condicionadas à presença e manipulação humana os poldros acabam
por adquirir a mesma tranquilidade materna face às manipulações que se façam (aceitam ser mexidos em todo o corpo, levantam
mãos e pés, enfim, tudo aquilo a que o cavaleiro se propuser fazer dentro do tempo e paciência disponíveis), facilitando o
manuseamento ao ponto de, em plena liberdade ser possível por no poldro o cabeção quase sem ele dar por isso.
Em nossa opinião qualquer tentativa de manipulação e ou colocação de cabeção tem que ser bem sucedida, demore o tempo que
demorar, pois o cavalo não pode ganhar o incumprimento de uma instrução do cavaleiro.
É a partir do momento que o poldro tem colocado e ajustado convenientemente o cabeção, que se deve iniciar a sua condução à
mão, ao lado de sua mãe, aproveitando a interacção que existe entre ambos e que naturalmente resulta no facto do jovem
habitualmente acompanhar a mãe lateralmente.
Nascimento a 14-03-2008 Nascimento 01-04-2008 Nascimento a 10-04-2008
A partir da segunda semana em diante, o animal poderá ser conduzido (“puxado”) à mão sozinho, em andamento de velocidade lenta
– passo.
Nesta primeira fase as lições visam somente ensinar o poldro a caminhar respondendo ao comando
de voz ou ao estalo de língua do cavaleiro e esticando ligeiramente a guia curta do cabeção,
acompanhando lateralmente o cavaleiro.
Assim sendo é preciso que a condução à mão se faça da forma apropriada em que o cavaleiro deve seguir ao lado do cavalo, numa
posição intermédia entre os seus olhos e os ombros, ou seja, ligeiramente atrás da cabeça mas à frente do garrote e da espádua.
Pessoalmente gosto de conduzir os animais condicionados a uma linha imaginária que passa pelos meus ombros e a cabeça deles.
Este trabalho deve ser sempre auxiliado por um ajudante competente, que mais não seja garanta que o poldro anda para diante com
a franqueza necessária e não se lembre de parar sem que o cavaleiro o consiga
desbloquear no caso de o trabalhar sozinho (cavalo x cavaleiro = 1-0).
A interacção entre cavaleiro e ajudante é fundamental, mas para isso é indispensável que
ambos saibam o que estão a fazer, pelo que se recomenda que seja tido em consideração
que do ângulo e distância que o ajudante faz com o cavalo, resultará em grande parte a
direcção da sua trajectória, logo a eficácia da sua ajuda.
Trabalho à guia
O trabalho à guia é um meio auxiliar de ensino e de treino de grande valia na educação do cavalo, sendo utilizado
em todas as fases da equitação, desde a iniciação até o aperfeiçoamento.
Existem tratados completos e extensos dedicados a esse tipo de trabalho, devido à sua grande importância e
complexidade.
Portanto, não se trata apenas de fazer um animal girar em torno do cavaleiro (tirar água à nora…).
O trabalho correcto requer habilidade e técnica e o seu rendimento depende do grau de confiança estabelecido
entre o cavalo e o cavaleiro.
Neste trabalho, além da guia o chicote e a voz do cavaleiro são ajudas fundamentais. O chicote substitui as pernas do cavaleiro
quando montado dando a impulsão, que deverá estar sempre em boa relação com a tensão elástica da guia. A voz é muito
importante para tranquilizar.
Este trabalho deve executar-se com frequentes e calmas transições ao passo, para depois evoluir para andamentos mais activos. O
trabalho à guia deverá ser feito essencialmente a trote.
Os poldros e cavalos novos são desenrolados à guia antes de iniciarem o seu trabalho diário montado. Tal procedimento permitirá
que os cavalos se distendam e descontraiam muscularmente tornando-os mais colaborantes e atentos às ordens e solicitações do
cavaleiro.
PRINCIPAIS FINALIDADES
• Constitui, por excelência, a iniciação do cavalo, pois mantendo a obediência à guia, aceita progressivamente um novo
equilíbrio nos andamentos que passarão a ser francamente para a frente.
• Familiarizar o cavalo ao homem e ao material, habituando-o ao encilhamento e ainda a permanecer calmo ao ser montado
após o aquecimento. Desenvolvimento progressivo de um novo equilíbrio com o peso do cavaleiro.
• Exercitar o cavalo quando, por algum motivo, não puder ser montado. Permite desgastar as energias acumuladas pela
estabulação em andamentos vivos, sem fadiga, e, se bem executado, sem o perigo de tarar os membros.
• Flexionar e descontrair o animal, antes de iniciar o trabalho montando. Nessa perspectiva, deve-se evitar que o cavalo dispare,
pule ou exagere nos seus movimentos ou, ao contrário, mova-se preguiçosamente, arrastando os pés. O objectivo é mantê-lo
no andamento desejado, sem tensão.
• Treinar cavaleiros novos a sentar e a adquirir o equilíbrio indispensável a governar o cavalo com naturalidade. O instruendo,
com o tempo, vai se ajustando ao cavalo e adquirindo um assento mais firme, propiciando que as exigências sejam
aumentadas, até que possa, com suas próprias ajudas controlar o seu cavalo.
• Aperfeiçoar o trabalho, pois permite que o cavaleiro observe cuidadosamente os andamentos do seu animal e actue de forma
a corrigir e aperfeiçoá-los, mantendo o cavalo flexível e descontraído.
MATERIAIS NECESSÁRIOS
O ideal, no início, particularmente no caso dos poldros, é o serrilhão ser do tipo mais
simples, sem serreta, apenas com uma argola na focinheira, feito de cabedal ou
qualquer outro material resistente, totalmente acolchoado com feltro ou envolvido
com uma capa de couro fino e liso.
É importante que o cabeção se ajuste perfeitamente ao chanfro do cavalo, ou seja, a sua focinheira fique abaixo dos ossos da
ganacha e não sobre a cartilagem abaixo. As faceiras devem-se posicionar longe dos olhos e ajustadas (graduadas) de forma que
nunca toquem neles (por vezes as faceiras torcem do lado de fora tocando nos olhos do cavalo sem que o cavaleiro se aperceba). A
cisgola deve ficar ajustada de forma correcta sem que a respiração do cavalo seja prejudicada.
Enfim, o cavaleiro deve ter toda a precaução para que o cabeção fique bem, ajustado,
sem folgas, o que poderia ocasionar deslocamentos para frente e para trás, tornando a
sua acção por demais violenta, irritando o cavalo.
O cavaleiro deve dispor de um chicote longo e flexível com o açoite fino, que possibilite
intervir rapidamente e com facilidade, quando necessário. A sua acção limita-se a
aumentar a impulsão ou corrigir uma posição defeituosa.
A fita de guia deve ser macia e longa o suficiente para permitir que o
cavalo descreva com absoluta descontracção um círculo de pelo
menos dez metros de diâmetro. Ao final, deverá possuir uma alça que
deverá ser segura pelo cavaleiro a fim de evitar que escape da mão.
APRENDIZAGEM BÁSICA
Antes de se iniciar o trabalho em círculo é determinante que o cavalo aprenda a andar à mão, em linha recta, para diante.
No trabalho em círculo à mão esquerda, a guia deve ser segura por essa mão, no comprimento adequado. A alça e o
restante da guia deve ser enrolada em forma de laçadas seguras pela mão direita, ficando as laçadas com o
comprimento de aproximadamente um metro (meia braçada). A guia não deve jamais ser enrolada nas mãos. Desta
maneira, o cavaleiro poderá, facilmente, sem atrapalhar-se nem contrair-se, alongar ou encurtar a guia de acordo
com as necessidades (tipo “carreto de pesca”) e sem perigo de acidentes.
O chicote deve ser seguro pela mão que segura o restante da guia, de maneira que o açoite fique para o lado
do dedo mínimo, portanto, voltado para trás. Assim, bastará um movimento de torção do punho para que o
cavaleiro faça agir o chicote, quando necessário, sem movimentos exagerados, que amedrontem o animal e
provoquem andamentos desordenados, em lugar de impulsioná-lo, que é a sua função primordial.
3. Ensino do cavalo
Depois de ter dado confiança ao cavalo, acariciando-o, o cavaleiro comanda “passo”, puxando-o para a frente,
estirando levemente a guia, ao mesmo tempo que dá um estalo de língua; assim ele desloca-se,
acompanhado ao lado o cavaleiro, no picadeiro ou na pista, executando uma série de linhas rectas ou curvas,
intercaladas e cada vez mais curtas.
As paragens devem ser frequentes, pronunciando a palavra “ôôôh” e acariciando o cavalo durante essas
paragens.
Quando se considerar que os resultados obtidos são os desejáveis, passa-se seguidamente para o lado
direito, invertendo a maneira de segurar a guia e começando o trabalho para a mão direita.
Cumpre realçar que nesta fase o emprego da voz constitui uma ajuda poderosíssima e deve ser amplamente
utilizada e desenvolvida. Os cavalos têm uma excelente audição e tornam-se bastante atentos à voz, entendendo perfeitamente os
pedidos, evitando movimentos/intervenções frequentes do cavaleiro.
É importante usar sempre as mesmas palavras e, em especial, a mesma entoação para os diferentes comandos. O cavalo
atenderá perfeitamente o que se deseja dele, como acalmar, mudar a velocidade ou andamento.
O primeiro objectivo é ensinar o cavalo a mover-se circularmente em torno do cavaleiro. Se se dispõe de pista de guia circular, o
trabalho torna-se extremamente fácil.
Entra-se na pista, conduzindo o cavalo pela guia e acompanhado por um ou dois ajudantes (pelo menos nas primeiras vezes)
deslocando-se de maneira a colocar o cavalo direito sobre a periferia da pista, junto à vedação ou teia delimitadora.
Deixa-se o cavalo com o ajudante, na periferia do circulo, que o segurará como se fosse para conduzi-lo à mão e recua-se até o
interior da pista (centro do círculo), colocando-se de frente para o cavalo e, depois de todos estes preparos, resta empunhar a guia e
o chicote da maneira que foi descrita anteriormente e dar inicio ao trabalho.
Ao comando “passo”, dado pelo cavaleiro, acompanhado de um estalo de língua reforçado por um
leve movimento do açoite do chicote, o ajudante desloca-se para a frente ao passo, conduzindo o
cavalo pela guia, segurando na altura do cabeção.
Ao executar uma volta completa esta deve terminar com o comando “ôôôh”. No momento em que este
comando se faz ouvir, o ajudante fixa a mão na guia, de maneira a fazer o cavalo parar, tendo o
cuidado de mantê-lo direito na pista. Logo que o animal tiver obedecido, o ajudante acaricia-o e recompensa-o à voz “bêemmm” ou
“ora ai está”.
Repete-se este mecanismo tantas vezes forem necessárias, até que o cavalo comece a
procurar obedecer aos comandos do mesmo sem esperar pelas “dicas” do ajudante.
Geralmente, três a quatro vezes são suficientes.
Não havendo contratempos, isto é, tudo se processando como antes – movimento para
diante e alto a comando – o ajudante começa a deixar-se ficar para trás e a procurar
aproximar-se do cavaleiro, sempre pronto a intervir, desde que isso se torne necessário,
porém, procurando deixar o cavalo completamente entregue a si mesmo.
Também há quem nesta primeira segure a guia estando parado, fazendo pivot na perna
para o lado onde o cavalo circula, sendo auxiliado por um ajudante que agarra o chicote
com a mão contrária ao lado do movimento, evitando assim que o cavalo queira voltar
para trás e assegurando que ele ande para diante. Raramente este método não conduz,
nas primeiras tentativas, a desinteligências entre os animais envolvidos (cavalo, cavaleiro
e ajudante).
Nesta fase, o cavalo deve ser familiarizado ao uso do chicote longo, visando a não temê-lo. O cavaleiro deve mostrá-lo com muita
calma, tocando o seu corpo com o cabo, enquanto fala e acaricia o animal. O objectivo é fazê-lo respeitar o chicote apenas como
uma ajuda impulsiva e não como um instrumento de castigo. O açoite nunca deve ser usado para maltratar o cavalo mas sim até
como auxiliar de acarinhamento à distância do seu comprimento percorrendo o dorso, pescoço e todo o corpo do cavalo.
Quando estas primeiras lições – movimento ao passo e alto – estiverem confirmadas, e geralmente basta uma lição para tal, é
chegado o momento de ensinar ao cavalo a trabalhar os vários andamentos (passo, trote e galope).
RECOMPENSAS OPORTUNAS
Posto o cavalo em movimento, ao passo, ao comando “passo”, dado em tom enérgico e calmo e prolongando a primeira sílaba, o
cavaleiro agita o açoite do chicote à retaguarda do cavalo, ao mesmo tempo que esboça um passo na direcção de suas ancas. Esta
dupla ameaça, geralmente, provoca a obediência instantânea. Caso não ocorra, repete-se este comando com mais intensidade até
se fazer obedecido, chegando a uma intervenção efectiva do chicote se for preciso. Muitas vezes o animal se assusta com o
movimento do chicote e se precipita para a frente. O cuidado maior será de abrir a mão para deixar a guia escoar e dar-lhe liberdade
para passar e tomar um círculo de maior diâmetro.
Em outras vezes, assusta-se e procura virar-se para a direcção de onde se supõe ameaçado. Se tal acontecer, o cavaleiro deve
continuar a repetição dos comandos dados, encaminhando-se resolutamente na direcção de suas ancas até se fazer obedecido.
Desde que o animal tenha atendido ao comando, deixamo-lo dar alguns passos, pelo menos meia volta no redondel neste
andamento e procuramos repô-lo ao passo. Para tal, comanda-se “passo” ao mesmo tempo que vibramos a guia. A vibração da guia
acompanhada do comando, repetidas quantas vezes se torne necessário, rapidamente farão que compreenda o que dele se deseja.
Em seguida, comanda-se “alto” para o cavalo parar.
Repete-se a lição completa: passo, alto, passo, alto, tantas vezes se tornarem necessárias para que o animal a execute sem
hesitações.
Obtido este resultado, procura-se ensinar-lhe a lição seguinte: alto, passo, até que ela se torne de execução automática.
Durante estas lições, o cavaleiro deve procurar recompensar, à voz, o cavalo sempre que ele faça o que se deseja. Se ao solicitar
uma parada, o animal permanecer direito na pista, avança-se até ele, acariciando-o e recompensando-o, recuando depois para o
lugar em que estava anteriormente. Se o cavalo se atravessa, deve-se corrigir antes de ir recompensá-lo. Se o cavaleiro, ao avançar,
o cavalo esboça qualquer movimento, torna-se necessário parar, acalmá-lo e endireitá-lo antes de chegar até ele. Se, ao voltar para o
seu lugar, o cavalo tentar acompanhá-lo, pára-se, fazendo o cavalo voltar para a pista e imobilizar-se antes de retornar ao seu lugar
no centro do círculo (redondel).
Muitas vezes a moderação do andamento e a colocação do cavalo consegue-se em círculos mais apertados os
quais devem ser progressivamente aumentados (em espiral de caracol), depois de se conseguir estabilizar a
atitude e a cadencia desejada do andamento, tão rápido quanto possível, até como forma de recompensar o
esforço solicitado.
Tão logo quanto a lição de andamento a passo seja bem aprendida, passa-se à de trote e galope.
Mesma progressão:
Deve-se evitar as partidas do passo ou do parado ao galope, que somente muito mais tarde, quando o animal estiver completamente
ambientado com o trabalho à guia, será ajuizadamente abordado (só a praticar por profissionais competentes).
O diâmetro do círculo varia segundo a amplitude dos andamentos e deverá ser o mais largo possível, a
fim de não fatigar o cavalo.
É conveniente não trabalhar por muito tempo na mesma mão, bem como observar e até proteger com
caneleiras apropriadas as articulações particularmente frágeis.
Quando o trabalho à guia está consolidado o cavaleiro deverá ter o cuidado de iniciar cada nova lição a partir
do centro do círculo, garantido que o cavalo sai a passo cadenciado e ritmado para a periferia do mesmo onde
depois prosseguirá toda a restante lição como anteriormente descrito. O cavaleiro reduz o seu próprio círculo
até tornar-se quase imóvel ficando com o cavalo enquadrado entre os braços/mãos que controlam a acção da
guia e do chicote (tipo “fatia de pizza”).
Não é correcto que o cavaleiro acompanhe o cavalo (e muito menos o poldro) em seu deslocamento circular,
mantendo-se permanentemente à sua retaguarda, na direcção da garupa, pois daí resultarão elipses e ovais que não círculos e
figuras que tenham a correcção que mais convêm ao desenvolvimento do harmonioso equilíbrio do cavalo.
O trabalho à guia, numa fase mais avançada pode ser feito com rédeas fixas, nunca muito apertadas, e feito em andamentos bem
cadenciados é fundamental para uma bom desenvolvimento muscular, indo o cavalo transferindo o peso para o post-mão
progressivamente, arrumando os posteriores debaixo da massa sem a sobrecarga do peso do cavaleiro. A duração e quantidade de
sessões de trabalho com rédeas fixas dependem muito de cavalo para cavalo.
Erros e correcções
a) O cavalo deixa a guia frouxa – balançar verticalmente a guia e, em seguida, ameaçar com o chicote na direcção das espáduas do
cavalo, de maneira a fazê-lo afastar-se, tencionando a guia.
b) Cavalo que força a guia – acções enérgicas sobre a guia, atraindo a cabeça do cavalo para o interior do
círculo com acção do chicote sobre as ancas para fazer as mesmas se desviarem. Se o cavalo faz força
com violência quando em andamentos vivos, é porque houve precipitação na progressão inicial; então pára-
se e recomeça-se o trabalho ao passo num pequeno círculo que pode ir abrindo progressivamente.
d) O cavalo não apresenta regularidade nos andamentos – acções enérgicas da guia acompanhadas
do comando “ôôôh”.
Defesas e correcções
O cavalo pode apresentar duas maneiras para se defender durante o trabalho à guia:
a) O cavalo nega-se ao movimento para a frente, parando, voltando-se de frente para o cavaleiro e recuando se este avança em sua
direcção:
O cavaleiro só tem uma maneira de agir para corrigi-lo. Supondo que se deseja que o cavalo trabalhe à mão direita, diminui-se
o comprimento da guia e desloca-se resoluta e rapidamente até alcançar a altura da anca direita, um pouco para trás da
mesma. Suplementa-se esta acção com ameaça e, se necessário, a acção do chicote sobre as ancas. Logo que o cavalo se
move, cede-se a guia para não impedir o movimento e deixa-se entrar em círculo. Algumas voltas, alto, recompensa.
b) O cavalo nega-se a trabalhar numa determinada mão ou muda de mão repentinamente. Supondo-se que não quer trabalhar à
esquerda:
A correcção é semelhante à anterior: O cavaleiro encurta a guia, ao mesmo tempo que procura, o mais rapidamente possível,
tomar uma posição na altura da espádua esquerda. Enquanto isso, sua mão age energicamente sobre a guia, fazendo-a vibrar
da esquerda para a direita.
Reforçar estas acções, na medida do possível, com a acção do chicote na direcção da espádua esquerda. A guia comunica
igualmente ao cavalo a vontade do cavaleiro: por meio de leves oscilações horizontais, afasta-se do centro; por vibrações mais
ou menos acentuadas, modera-se seu andamento ou pára-se o cavalo quando ele não obedece à voz.
Se o trabalho à guia for bem executado e desenvolvido com exigências progressivas, ao final deste ensino, o cavalo deverá mostrar-
se:
1. Calmo e regular sobre o círculo;
2. Apoiado, ou seja, mantém a guia tensa, sem deixá-la frouxa e sem forçá-la;
3. Transições francas de um andamento para outro à simples indicação da voz;
4. Aproximar-se ou afastar-se do centro, conforme a liberdade concedida.
Em uma palavra manter o contacto leve com a guia tensa e equilibrado ao longo de todo o comprimento do picadeiro ou da pista,
como mais tarde deverá fazê-lo com as rédeas.
"Muitas coisas boas se podem obter com trabalho à guia bem
feito mas, também, muitas coisas más podem ficar, por vezes
para toda a vida de um cavalo que foi desordenadamente
trabalhado à guia”