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LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

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Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
Prof. Mariela Ribeiro Nunes Cardoso a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
Jornalista e advogada na Área Civil e Direito de Família.
c) ao sigilo da correspondência;
Especialização na Fundação Getúlio Vargas, graduada pelo
d) à liberdade de consciência e de crença;
Centro Universitário Eurípides de Marília e pela Universidade de
e) ao livre exercício do culto religioso;
Marília.
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do
Caro Candidato:
voto;
Obrigado por adquirir a apostila da Editora Nova. Para nós é
h) ao direito de reunião;
uma imensa satisfação tê-lo como nosso leitor. Graças a sua con-
i) à incolumidade física do indivíduo;
fiança nosso trabalho vem se expandindo por todo o país. Espera-
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício pro-
mos atender suas expectativas e auxilia-lo em seu estudo; oferece-
fissional.
mos suporte para dúvidas que porventura venham surgir.
A partir de agora serão analisados os temas em relação a esta
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
matéria.
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade indivi-
O objetivo do presente trabalho é potencializar os seus estu-
dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
dos, sendo que procuramos trazer um conteúdo mais abrangente,
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
viabilizando um estudo mais aprofundado do tema.
constrangimento não autorizado em lei;
O foco principal é disponibilizar um material didático, objeti-
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a
vo e de conteúdo amplo, que os capacite para concursos públicos.
prisão ou detenção de qualquer pessoa;
Portanto, não deixe de fazer a leitura minuciosa de toda a le-
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou deten-
gislação pelo fato de que muitos artigos são autoexplicativos; ten-
ção ilegal que lhe seja comunicada;
tar explica-los ou comenta-los poderia não ser didático.
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
Diante disto, aproveitem o material fazendo-o bom uso e boa
prestar fiança, permitida em lei;
sorte, para novas conquistas, com muita dedicação.
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial car-
Acredite em sua aprovação! Acreditar em um sonho é o pri-
ceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde
meiro passo para conseguir conquista-lo!
que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer
quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo
LEI Nº 4.898/65 (ABUSO DE AUTORIDADE). de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumen-
tos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou
jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965.
competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
Regula o Direito de Representação e o processo de Respon-
medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
sabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de au-
de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
toridade.
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil,
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabi-
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção
lidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no
administrativa civil e penal.
exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
presente lei.
gravidade do abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de
b) repreensão;
petição:
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal
cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva san-
d) destituição de função;
ção;
e) demissão;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver compe-
f) demissão, a bem do serviço público.
tência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e
dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade,
a dez mil cruzeiros.
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
de testemunhas, no máximo de três, se as houver.
artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:

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a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e presta-
b) detenção por dez dias a seis meses; rão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito,
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer querendo, na audiência de instrução e julgamento.
outra função pública por prazo até três anos. § 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser apli- poderá conter a indicação de mais duas testemunhas.
cadas autônoma ou cumulativamente.
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre-
policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser comina- sentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o
da a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferece-
prazo de um a cinco anos. rá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a apli- Juiz atender.
cação de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar com-
petente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato. Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a de-
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabele- núncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O
cidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, re-
que estabeleçam o respectivo processo. pudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os
§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão apli- negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
cadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei
nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de qua-
Públicos Civis da União). renta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento,
que deverá ser realizada, improrrogavelmente dentro de cinco dias.
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento
autoridade civil ou militar.
final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à auto-
da representação e da denúncia.
ridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser pro-
movida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser
ambas, da autoridade culpada. apresentada em juízo, independentemente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória
Art. 10. Vetado para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso
previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos para a realização de
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
Processo Civil. motivado, considere indispensáveis tais providências.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de in- Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
quérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apre-
instruída com a representação da vítima do abuso. goando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante
do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da e o advogado ou defensor do réu.
vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se
desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá se ausente o Juiz.
ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de
instrução e julgamento. Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
duas vias. ocorrido constar do livro de termos de audiência.

Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública,
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil,
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcio-
por meio de duas testemunhas qualificadas; nalmente, no local que o Juiz designar.
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência
de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter-
verificações necessárias. rogatório do réu, se estiver presente.

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Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, - Autoridade supondo a ação correta e legítima, não haverá
o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiên- abuso por inexistência de dolo.
cia e nos ulteriores termos do processo. - Inexiste tentativa nos crimes do art. 3°, posto que não há
tentativa de crime de atentado. Nos crimes do art. 4° admite-se
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz tentativa.
dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advo- - A defesa preliminar do art. 514 do CPP só é aplicável aos
gado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do crimes afiançáveis praticados por funcionário publico contra a ad-
réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por ministração, constantes do CP. Não se aplica às leis penais espe-
mais dez (10), a critério do Juiz. ciais. O rito das leis penais especiais é especifico e, portanto, não
se aplica a defesa prévia ao crime de abuso de autoridade.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente
- Art. 6º, § 3º - A sanção penal será aplicada de acordo com
a sentença.
as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a)
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro multa de cem a cinco mil cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis
próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoi- meses; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qual-
mentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos quer outra função pública por prazo até três anos.
e, por extenso, os despachos e a sentença. - Após a edição da Lei 10.259/2001, o abuso de autoridade
é caracterizado como delito de menor potencial ofensivo, sendo
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Mi- cabível a transação penal, em qualquer caso. O único parâmetro é
nistério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o a pena máxima que, no caso, é de 6 meses.
advogado ou defensor do réu e o escrivão. - Súmula 172, STJ: COMPETE A JUSTIÇA COMUM PRO-
CESSAR E JULGAR MILITAR POR CRIME DE ABUSO DE
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem di- AUTORIDADE, AINDA QUE PRATICADO EM SERVIÇO.
fíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, - Nem todo abuso de poder configura crime de abuso de auto-
o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro. ridade. É preciso que a conduta esteja descrita no art. 3.º ou 4.º da
lei n.º 4898/65 (crimes de abuso de autoridade).
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Có- - Em se tratando de crime de abuso de autoridade, eventual fa-
digo de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de lha na representação, ou mesmo sua falta, não obsta a instauração
instrução e julgamento regulado por esta lei.
da ação penal. Isso nos exatos termos do art. 1º da Lei n° 5.249/67,
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, cabe-
que prevê, expressamente, não existir, quanto aos delitos de que
rão os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
trata qualquer condição de procedibilidade (Precedentes do STF
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário. e do STJ).
- O particular pode ser sujeito ativo do crime de abuso de au-
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência e 77º toridade, desde pratique a conduta em concurso com a autoridade
da República. pública.
H. CASTELLO BRANCO - Haverá crime de abuso de autoridade ainda que o agente
Juracy Magalhães esteja fora de suas funções (ex.: férias), DESDE QUE INVOQUE
A FUNÇÃO.
- Quando o abuso for cometido por agente de autoridade po- - NÃO EXISTE crime de abuso de autoridade na FORMA
licial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada CULPOSA.
a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer - PRISÃO PARA AVERIGUAÇÃO é crime de ABUSO DE
funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por AUTORIDADE.
prazo de um a cinco anos. - No caso flagrante impróprio, em que autor de crime é preso
- Não abrange as pessoas que exercem cargo, emprego ou em perseguição, haverá crime de abuso de autoridade na condu-
função em entidade paraestatal, e quem trabalha para a empresa ta dos policiais de ingressar dentro do domicílio do criminoso?
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução Sim. No caso da prisão em flagrante, leciona Guilherme de Souza
de atividade típica da Administração Pública.
Nucci, “deve o flagrante ser próprio (art. 302, I e II, CPP), não
- O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o
nos parecendo correto ampliar a possibilidade de invasão para as
fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
hipóteses de flagrante impróprio ou presumido (art. 302, III – per-
- A audiência de instrução e julgamento será pública, se con-
trariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre seguido logo após; e IV – encontrado logo depois, CPP).”
dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcional- - Orientação do STF: A administração penitenciária, com fun-
mente, no local que o Juiz designar. damento em razões de segurança pública, pode, excepcionalmente,
- A representação não constitui condição de procedibilidade proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sen-
para a ação penal, que é pública incondicionada, não podendo ser tenciados, eis que a cláusula da inviolabilidade do sigilo epistolar
obstada pela ausência de representação. Esta tem natureza de no- não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.
tícia do fato criminoso. A Lei 5.249/67 foi editada com o único - É possível concurso entre os crimes de abuso de autoridade e
objetivo de esclarecer que os crimes de abuso de autoridade são de de homicídio? E entre os crimes de abuso de autoridade e de lesão
ação penal pública incondicionada. corporal? Sim, desde sejam duas condutas distintas.

Didatismo e Conhecimento 3
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- O descumprimento de prazo em favor de adolescente priva- As sanções, na esfera administrativa, vêm discriminadas no
do de liberdade, cumprindo medida de interdição pelo cometimen- § 1º, do artigo 6º onde passam pela advertência ou repressão ver-
to de ato infracional, em face do princípio da especialidade, não bal culminando, até, em demissão a bem do serviço público. Na
configura crime de abuso de autoridade, mas sim CRIME CON- instância civil tem-se no § 2º sua determinação onde, conforme o
TRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE, previsto no art. 235 da doutrinador Habib (2011, p. 57), “Os valores e a moeda expres-
lei n.º 8.069/90. sos na lei não são mais aplicáveis. Como dito, é o juízo cível que
http://permissavenia.wordpress.com deverá aplicar a sanção civil.” E, por fim, o § 3º traz as sanções
penais que serão aplicadas, conforme leciona Habib (2011, p. 57),
O abuso de poder é gênero onde o abuso de autoridade é uma a alínea „a‟ passa a ter tal entendimento, ou seja, “[...]. De acordo
das suas espécies; logo, mister seu entendimento no sentido de me- com o sistema vigente no Código Penal, a pena de multa deve ser
lhor apreensão da Lei nº 4.898/65. aplicada em salários mínimos, de acordo com o art. 49 e seguintes
A caracterização do abuso de poder se da pela manifestação do Código Penal.”
do uso ilegal e/ou arbitrário e coercitivo do poder, exercido pelo O desdobramento da aplicação em cada instância, o rito ado-
agente a quem é conferido o poder, no sentido de atingir um deter- tado e a qual diploma infraconstitucional, além da Constituição,
minado fim; seu expoente máximo é a submissão de outrem atra- deve ser aplicado, subsidiariamente, ao crime de abuso de auto-
vés da escravidão. ridade vêm determinados no artigo 7º e seguintes, da lei em co-
Crime praticado especificamente por funcionário público, im- mento. O artigo 28 determina, nos casos omissos, a aplicação do
buído de poder estatal, portanto autoridade, conforme determina Código de Processo Penal.
os artigos 1º e 5º do diploma jurídico especial e 327 do Código No que tange à prescrição para a punição do delito de abuso
Penal Brasileiro. de autoridade, há de se falar que mesmo tendo-se três instâncias
No espaço institucional, no que tange à relação de trabalho, autônomas, o prazo prescricional da pretensão punitiva fica a nível
o abuso de autoridade também se faz presente entre o funcionário da pena privativa de liberdade, ou seja, da sanção penal.
público detentor de cargo de gestão e seus subordinados; se mate- Por Jane de Souza e Vilma Grasso
rializa no assédio moral onde o gestor exerce seu poder de mando
e comando de forma desproporcional e ilegal. Barros (2010) lecio- Questionário:
nando sobre o tema expõe que:
01. FGV - 2008 - PC-RJ - Oficial de Cartório
Os doutrinadores definem o assédio moral como “a situação
Assinale a alternativa que indique o comportamento que
em que uma pessoa ou grupo de pessoas ou um grupo de pessoas
não constitui crime de abuso de autoridade, tal como previsto
exercem uma violência psicológica extrema, de forma sistemática
na Lei 4.898/65.
e frequente e durante um tempo prolongado sobre outra pessoa,
a) Prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
com quem mantém uma relação assimétrica de poder no local de
medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
trabalho, com o objetivo de destruir as redes de comunicação da
de cumprir imediatamente ordem de liberdade.
vítima, destruir sua reputação, perturbar o exercício de seu tra-
b) Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofí-
balho e conseguir, finalmente, que essa pessoa acabe deixando o cio, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer
emprego. interesse ou sentimento pessoal.
Não se confunde com outros conflitos esporádicos ou decor- c) Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a
rentes de más condições de trabalho; pressupõe comportamento prisão ou detenção de qualquer pessoa.
de ação ou omissão por um período prolongado, premeditado, que d) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou
desestabiliza psicologicamente a vítima. (BARROS, 2010, p. 928) a constrangimento não autorizado em lei.
Tal posicionamento, por parte do gestor público com relação e) Levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a
aos seus subordinados, é passível, através de representação da ví- prestar fiança, permitida em lei.
tima, de acarretar sanções nas três instâncias, ou seja, administra-
tiva, cível e penal. Contudo, quando se fala em ordem manifesta- 02. CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público
mente ilegal, segundo ensinamentos de Capez (2010, p. 55), no Com base no disposto na lei de abuso de autoridade — Lei
caso do subordinado, mesmo sofrendo assédio moral, cumpri-la n.º 4.898/1965 —, assinale a opção correta.
“[...], [...] deverá responder pelo crime de abuso de autoridade, a) De acordo com a lei em questão, somente podem ser agen-
pois que não tinha como desconhecer sua ilegalidade.” tes dos delitos de abuso de autoridade os agentes públicos ou pes-
A ação penal do crime de abuso de autoridade é pública incon- soas que exerçam múnus público.
dicionada, mas em conformidade com o artigo 16, por sua vez, de- b) Configura abuso de autoridade a ausência de comunicação
termina que no caso do Ministério Público não oferecer a denúncia da custódia à família do preso.
prevista em lei, ficará esta como ação penal privada subsidiária da c) O crime de abuso de autoridade absorve as demais in-
pública, conforme Habib (2011, p. 65) que assim expõe “Com o frações penais perpetradas na mesma circunstância, por ser mais
fim de evitar possível impunidade, o legislador fez menção expres- grave e possuir legislação especial, segundo posição dos tribunais
sa à ação penal privada subsidiária da pública, caso o Ministério superiores.
Público não ofereça a denúncia no prazo previsto no art. 16 da lei.” d) Admite-se a prática do crime de abuso de autoridade na
As penalidades aplicadas ao delito de abuso de autoridade forma culposa.
vêm descritas no artigo 6º, que determina sanções administrativas, e) Os crimes de abuso de autoridade podem ser comissivos
civil e penal. ou omissivos.

Didatismo e Conhecimento 4
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03. FUNCAB - 2013 - PC-ES - Perito em Telecomunicação 08. FUNCAB - 2012 - PC-RJ - Delegado de Polícia
Assinale a alternativa que NÃO contenha umas das hipó- O Diretor de determinado presídio é informado, por bilhe-
teses legais de abuso de autoridade. te anônimo, de que um preso estaria trocando informações por
a) Levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a correspondência com membros do seu bando, a fim de viabi-
prestar fiança, inclusive quando se tratar de crime hediondo. lizar a entrada de substância entorpecente no estabelecimento
b) Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisional, visando ao tráfico de drogas. Diante disso, o Diretor
prisão ou detenção de qualquer pessoa. intercepta uma carta fechada e destinada ao detento, e, após
c) Ordenar ou executar medida privativa de liberdade indivi- abri-la, lê o seu conteúdo, descobrindo quando e como se daria
dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder. o ingresso da droga. No caso em tela, pode-se afirmar que o
d) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou Diretor:
a constrangimento não autorizado em lei. a) aparentemente praticou crimes previstos tanto no Código
e) Recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial reci- Penal, quanto na Lei nº 4.898/1965, devendo responder por esta
bo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolu- última de acordo com o princípio da especialidade.
mentos ou de qualquer outra despesa. b) praticou crime previsto na Lei nº 4.898/1965.
c) praticou crimes previstos tanto no Código Penal, quanto
04. CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Ju- na Lei nº 4.898/1965, devendo responder por ambos, em concurso
diciária formal.
Em relação a crimes contra a fé e a administração públicas d) praticou crime previsto no Código Penal.
e de abuso de autoridade, julgue os itens subsequentes. e) não praticou crime.
Por expressa previsão constitucional, é da competência do
CNJ representar ao Ministério Público se tomar ciência de fato 09. ESAF - 2012 - Receita Federal - Auditor Fiscal da Re-
que corresponda a crime contra a administração pública ou de ceita Federal - Prova 1 - Gabarito 1
abuso de autoridade. Carmem, Fiscal de tributos, ao fazer auditoria contábil
( ) Certo ( ) Errado em empresa, intencionalmente abre, ex officio, cartas dirigidas
ao proprietário do estabelecimento comercial para verificar se
05. CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia elas tinham alguma informação relevante sobre o faturamento
Acerca dos crimes de abuso de autoridade e de tortura, da empresa. Assim, é correto afirmar que:
julgue os itens subsequentes. a) há crime de inutilização de documento.
Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de tortu- b) há crime de concussão.
ra se, em um mesmo contexto, mas com desígnios autônomos, c) não há crime e sim infração administrativa.
dois agentes torturam preso para que ele confesse a autoria de d) eventual ação penal poderá ser promovida pelo proprietá-
delito e, em seguida, o exibem, sem autorização, para as redes rio do estabelecimento comercial.
de televisão como suposto autor confesso do crime. e) há crime de abuso de autoridade.
( ) Certo ( ) Errado
10. CESPE - 2012 - MPE-TO - Promotor de Justiça
06. CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia Com relação aos crimes de abuso de autoridade, previstos
Acerca dos crimes de abuso de autoridade e de tortura, na Lei n.º 4.898/1965, e à responsabilidade dos prefeitos, de
julgue os itens subsequentes. que trata o Decreto-Lei n.º 201/1967, assinale a opção correta.
Pratica o crime de abuso de autoridade o agente que, mes- a) Conforme disposto no Decreto-Lei n.º 201/1967, somente
mo não tendo a intenção ou o ânimo específico de exorbitar do os entes municipais, interessados na apuração de crime de respon-
poder que lhe for conferido legalmente, excede-se nas medidas sabilidade praticado pelo prefeito do município, podem intervir no
para cumpri-lo, com o objetivo de proteger o interesse público. processo como assistentes da acusação.
( ) Certo ( ) Errado b) Os crimes de abuso de autoridade sujeitam-se a ação públi-
ca condicionada à representação do ofendido.
07. VUNESP - 2012 - SPTrans - Advogado Pleno - Cível c) Os crimes de abuso de autoridade são de dupla subjetivida-
De acordo com a Lei n.º 4.898/65 (Abuso de Autoridade), de passiva: o sujeito passivo imediato, direto e eventual, e o sujeito
é correto afirmar que passivo mediato, indireto ou permanente.
a) a pena administrativa mais grave é a destituição da função. d) Cometerá abuso de autoridade o guarda municipal que,
b) o processo administrativo não poderá ser sobrestado para o com a intenção de adentrar em determinado imóvel a fim de pro-
fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. curar documentos de seu interesse pessoal, se fizer passar por de-
c) a sanções penais de multa, detenção e perda do cargo não legado de polícia e invada casa alheia.
podem ser aplicadas cumulativamente. e) Considere que um prefeito municipal tenha sido conde-
d) é imprescindível a apuração dos fatos por inquérito policial nado definitivamente, após o trâmite regular da ação contra ele
para ajuizamento da ação penal. ajuizada, pelo desvio, em proveito próprio, de receitas públicas do
e) não é admitida a ação privada, ainda que inerte o órgão município. Nesse caso, de acordo com o Decreto-Lei n.º 201/1967,
do Ministério Público no que tange ao ajuizamento de ação penal. o prefeito não só perderá o cargo, como também estará inabilitado
para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomea-
ção, pelo prazo de oito anos.

Didatismo e Conhecimento 5
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Gabarito: II - fiança.
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida ini-
01 B cialmente em regime fechado.
§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos cri-
02 E mes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5
03 A (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente.
04 Certo
§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá funda-
05 Certo mentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
06 Errado § 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960,
de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá
07 B
o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso
08 E de extrema e comprovada necessidade.
09 E
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segu-
10 C rança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a
condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
LEI Nº 8.072/90 (CRIMES HEDIONDOS).
Art. 4º (Vetado).

Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte in-


ciso:
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. “Art. 83. ..............................................................
........................................................................
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, in- V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con-
ciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providên- denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de
cias. entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza.”
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213;
214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput,
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos todos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - “Art. 157. .............................................................
Código Penal, consumados ou tentados: § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
homicídio qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V); ........................................................................
II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); Art. 159. ...............................................................
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º); Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. § 1º .................................................................
159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º ; Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); § 2º .................................................................
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e
§ 3º .................................................................
4º);
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
........................................................................
VII-A – (VETADO)
Art. 213. ...............................................................
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de Pena - reclusão, de seis a dez anos.
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput Art. 214. ...............................................................
e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de Pena - reclusão, de seis a dez anos.
2 de julho de 1998). .......................................................................
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de Art. 223. ...............................................................
genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1º de Pena - reclusão, de oito a doze anos.
outubro de 1956, tentado ou consumado. Parágrafo único. ........................................................
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilí- ........................................................................
cito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetí- Art. 267. ...............................................................
veis de: Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
I - anistia, graça e indulto; ........................................................................

Didatismo e Conhecimento 6
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Art. 270. ............................................................... Consequência também relevante da sua aplicação é a impos-
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. sibilidade da concessão de sursis, decorrente de condenação por
.......................................................................” crime hediondo ou assemelhado. A lei não deixa nenhuma mar-
gem para a suspensão condicional da pena, sendo certo que haveria
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte incompatibilidade em atribuir este benefício a quem comete um
parágrafo: crime bárbaro e é obrigado por lei a cumprir a pena em regime
“Art. 159. .............................................................. fechado. Nesse sentido, o STF tem se manifestado ao afirmar que:
........................................................................ “o instituto do sursis é incompatível com o tratamento penal dis-
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o coautor pensado pelo legislador aos condenados pela prática dos chamados
que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do sequestra- crimes hediondos.”
do, terá sua pena reduzida de um a dois terços.” A respeito da possibilidade de prisão temporária é importante
ressaltar que enquanto que para crimes não considerados hedion-
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no dos o prazo legal para permanência de presos temporários, aqui é
de cinco dias (prorrogáveis por igual período), com relação aos
art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos,
cidadãos que tem a prisão temporária decretada por cometimento
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
de crimes hediondos o prazo é mais longo, sendo de trinta dias
terrorismo.
prorrogáveis por mais trinta.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar
Com relação a alguns tipos penais como estupro, atentado
à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantela- violento ao pudor, extorsão mediante sequestro, o art. 9º da Lei
mento, terá a pena reduzida de um a dois terços. 8.072/90 majorou suas penas significativamente respeitando o li-
mite superior de trinta anos de reclusão.
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados As demais consequências podem ser consideradas benéficas,
nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, como a possibilidade de o réu apelar em liberdade, como também
caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, as regras estabelecidas no art. 83 inciso V do Código Penal, para
214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, to- o livramento condicional. Isto quer dizer que, cumprindo mais de
dos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo
superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer e assemelhados, não sendo o apenado reincidente específico em
das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal. crimes dessa natureza, poderá obter tal benefício.
É importante também ressaltar que com o advento da Lei nº
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, 8.072/90, o ordenamento jurídico brasileiro passou a contar com
passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte re- três espécies de bando ou quadrilha, como bem nos ensinam os no-
dação: bres professores Alexandre de Moraes e Gianpaolo Roggio Sma-
“Art. 35. ................................................................ nio em sua magnífica obra “Legislação Penal Especial”:
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo se- 1- Bando ou quadrilha genérica – ocorrerá quando mais de
rão contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos três pessoas se associarem com a finalidade de praticar quaisquer
arts. 12, 13 e 14.” crimes, executando-se os crimes hediondos e assemelhados. Nessa
espécie, tanto a definição típica quanto à pena, que é de reclusão de
Art. 11. (Vetado). um a três anos, são previstas no art. 288 do Código Penal;
2- Bando ou quadrilha específica para prática de crimes he-
Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. diondos ou assemelhados – ocorrerá quando mais de três pessoas
se associarem com a finalidade específica de praticar crimes he-
Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário. diondos e assemelhados, salvo o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins. Nessa espécie, a definição típica e a prevista no art.
288 do Código Penal, enquanto a pena, que é de reclusão de três a
Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º
seis anos, é prevista no art. 8º da Lei nº 8.072/90;
da República.
3- Bando ou quadrilha específica para prática de tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins – ocorrerá quando duas ou mais
FERNANDO COLLOR pessoas se associarem com o fim específico de praticar os delitos
Bernardo Cabral previstos nos arts. 12 e 13 da Lei nº 6368/76. Nessa espécie, a
Este texto não substitui o publicado no DOU de 26.7.1990 definição típica será prevista no art. 14 da citada Lei nº 6368/76,
enquanto a pena será prevista no art. 8º da Lei nº 8072/90, ou seja,
A consequência mais significativa da referida lei é a que de- três a seis anos.
termina que a pena prevista, para os crimes hediondos e asseme-
lhados seja cumprida em regime fechad. Iremos agora, para melhor entendimento e fixação da matéria
Outra consequência é a impossibilidade da concessão de anis- estabelecer perguntas e respostas comentadas acerca da referida
tia, graça, indulto, fiança e liberdade provisória aos praticantes de Lei.
crimes hediondos, realçando assim o significado altamente nega-
tivo do crime hediondo, incompatível com as tradicionais clemên- 1. Qual o sistema adotado no Brasil para a definição de crimes
cias. hediondos?

Didatismo e Conhecimento 7
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Conforme art. 5º, XLIII, da CF, o Brasil adotou o sistema le- 8. A LCH, ao alterar o CP, vedou o livramento condicional
gal, ou seja, são crimes hediondos aqueles taxativamente previstos para o reincidente específico nos crimes hediondos. O que signi-
na lei (Lei 8.072, de 1990). fica isso?
2. Nos termos da Constituição Federal, quais são os crimes Há três correntes sobre o assunto. A primeira entende que
equiparados a hediondos? reincidente específico é aquele que cometeu crime hediondo ou
Guardar os três T´s: tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e equiparado, não importa qual dos crimes. A segunda corrente
terrorismo. defende que reincidente específico é aquele que cometeu crime
3. Acerca do indulto, considerando o disposto na CF, qual hediondo ou equiparado que tutelava o mesmo bem jurídico. E a
terceira corrente, mais favorável ao réu, interpreta que a reincidên-
crítica pode se fazer à LCH?
cia específica somente ficará configurada caso haja condenação no
A LCH ampliou as restrições previstas pelo legislador cons- mesmo crime hediondo.
titucional para aqueles que cometerem crimes hediondos e equi- 9. Comente como funciona o instituto da delação premiada
parados. Enquanto a CF veda expressamente apenas a graça e a na LCH?
anistia, a LCH incluiu a vedação ao indulto. Nesse sentido, embora A LCH prevê que o participante ou associado que denunciar
prevaleça, no STF, a constitucionalidade da lei nesse tema, é possí- a quadrilha ou bando, possibilitando o seu desmantelamento, terá
vel defender sua inconstitucionalidade, sob o argumento de que o a pena reduzida de 1/3 a 2/3. A jurisprudência majoritária entende
rol de vedações previsto pelo legislador constitucional é máximo, que é necessário o efetivo desmantelamento para que o réu faça jus
não podendo o legislador ordinário ampliá-lo. Além disso, a Lei de à redução de pena.
Tortura (Lei 9.455/1997), posterior, não previu a vedação do indul- 10. É possível um homicídio simples ser considerado hediondo?
to, assim, pelo princípio da isonomia, como a tortura é equiparada Sim, caso praticado em atividade típica de grupo de extermí-
a crime hediondo, a vedação sob discussão teria sido tacitamente nio, embora haja parte da doutrina que entende que o homicídio
revogada. praticado nessas condições sempre será qualificado (motivo torpe,
fútil etc.).
4. Considerando que a LCH veda a concessão de fiança, é
11. A doutrina entende possível o homicídio qualificado pri-
possível conceder liberdade provisória aos acusados por crimes vilegiado quando a qualificadora for de natureza objetiva. Nessa
hediondos? hipótese, há crime hediondo?
Sim, é perfeitamente possível. Segundo decidido pelo STF, a Segundo entendimento mais favorável ao réu, não há crime
liberdade provisória não pode ser vedada tendo em vista somente hediondo nessa hipótese, pois o privilégio não combina com a he-
o crime em abstrato, de modo que o juiz, no caso concreto, pode diondez, e também por conta de interpretação analógica do art.
conceder a liberdade provisória a quem é acusado da prática de 67 do CP que afirma que no concurso de agravantes e atenuantes
crime hediondo, sem imposição de fiança. preponderam as circunstâncias de natureza subjetiva (que, no caso
5. A redação original da LCH vedava a progressão de regime. sob estudo, seriam as hipóteses de privilégio).
Todavia, o STF, em 2006, declarou que tal dispositivo era inconsti- 12. O sequestro relâmpago com resultado morte é crime he-
tucional. Posteriormente, em 2007, a LCH foi alterada permitindo diondo?
a progressão de regime, mas impondo requisitos mais severos do Não, porque o tipo (§3° do art. 158 do CP), recentemente cria-
que os aplicados aos crimes em geral (2/5 para os não reinciden- do pelo legislador, não consta no rol taxativo do art. 1° da LCH.
tes e 3/5 para os reincidentes). Como fica a situação daqueles que
Questionário:
foram condenados por crime hediondo antes da referida alteração
da lei? 01. CESPE - 2013 - DPE-DF - Defensor Público
Aqueles que foram condenados por crimes hediondos antes da Com relação aos crimes hediondos e ao tráfico ilícito de
alteração da lei (2007) têm direito à progressão de regime, pois a entorpecentes, julgue os próximos itens.
vedação foi julgada inconstitucional pelo STF. Além disso, nessa Conforme a mais recente jurisprudência do STF, os con-
situação, a progressão ocorrerá em 1/6 (regra geral), pois não esta- denados por crimes hediondos praticados antes da entrada em
va vigente a alteração da lei, sem falar que a alteração prejudicial vigor da Lei n.º 11.464/2007 podem pleitear a progressão de
ao réu é irretroativa. regime após o cumprimento de apenas um sexto da pena apli-
6. Qual a interpretação mais adequada para o §3° do art. 2° cada.
da LCH, que diz que, em caso de sentença condenatória, o juiz ( ) Certo ( ) Errado
decidirá fundamentadamente se o réu pode apelar em liberdade?
A interpretação mais adequada, sob a égide do princípio da 02. FUNCAB - 2010 - PM-GO - Soldado da Polícia Militar
A Lei n° 8.072/1990, considerada a lei dos crimes hedion-
presunção de inocência, é no sentido de que o réu só deve ser preso
dos, sofreu alteração legislativa pela Lei n° 11.464/2007. Sobre
excepcionalmente, se estiverem presentes os requisitos da prisão a disciplina dos crimes hediondos, pode-se afirmar que:
preventiva. a) poderá ser concedida fiança nos crimes hediondos, se o
7. A Lei da Prisão Temporária (Lei 7.960/1989) prevê que a julgador vislumbrar os requisitos do instituto no caso concreto.
prisão temporária terá o prazo de 5 dias, prorrogáveis por mais 5. A b) apesar da alteração legislativa, a progressão de regime ain-
LCH, por sua vez, prevê que o prazo de prisão temporária será de da é vedada nos crimes hediondos.
30 dias, prorrogáveis por mais 30. Muitos crimes estão previstos c) o homicídio simples não é considerado crime hediondo.
em ambas as leis. Como fica o prazo para esses crimes? d) a tentativa dos crimes previstos na referida lei não será
Nos crimes previstos somente na Lei de Prisão Temporária, o considerada crime hediondo, somente o sendo o crime consumado.
prazo será de 5+5. Nos crimes previstos em ambas as leis, o prazo e) o crime de epidemia com resultado morte deixou de ser
será de 30+30. considerado hediondo.

Didatismo e Conhecimento 8
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
03. MPE-RS - 2011 - MPE-RS - Assessor - Direito d) O homicídio simples, tentado ou consumado, é considera-
Considere as seguintes afirmações a respeito de crimes he- do crime hediondo.
diondos. e) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça,
I. Os crimes hediondos são imprescritíveis. fiança e progressão de regime.
II. O crime de tentativa de homicídio qualificado é classi-
ficado como hediondo. 07. FUNIVERSA - 2013 - PM-DF - Soldado da Polícia Mi-
III. O apenado pela prática de crime hediondo não tem litar - Combatente
direito ao livramento condicional. Nos termos da Lei n.º 8.072/1990, considera-se como crime
IV. De acordo com a legislação atual, a pena prevista para hediondo:
crimes hediondos, ou equiparados, deve ser cumprida inte- a) o homicídio simples.
gralmente em regime fechado. b) a alteração de produto destinado a fins terapêuticos.
V. Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça, c) expor alguém, por meio de relações sexuais, a contágio de
indulto e fiança. moléstia venérea de que sabe estar contaminado.
Quais estão corretas? d) a lesão corporal de natureza grave.
e) o aborto provocado pela gestante.
a) Apenas II e V.
b) Apenas III e V.
08. CESPE - 2010 - MPU - Técnico de Apoio Especializado
c) Apenas I e III.
- Segurança
d) Apenas I e IV. No que diz respeito aos crimes hediondos, julgue os se-
e) Apenas II e IV. guintes itens.
Os crimes hediondos, embora inafiançáveis e insuscetíveis
04. COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista em Gestão de graça e indulto, podem ser anistiados.
Especializado - Ciências Jurídicas ( ) Certo ( ) Errado
Nos termos da Lei 8.072/90, são considerados hediondos os
seguintes crimes: 09. MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça - Ma-
I. A tentativa de latrocínio; nhã
II. A tentativa de estupro; ANALISE CADA UM DOS ENUNCIADOS DAS QUES-
III. O estupro de vulnerável; TÕES ABAIXO E ASSINALE “CERTO” (C) OU “ERRADA” (E)
IV. A falsificação de produto destinado a fins terapêuticos A conduta do agente que expõe à venda e tem em depósito
ou medicinais; para vender produto, destinado a fins terapêuticos, falsifica-
Assinale a opção CORRETA: do ou alterado, na condição de ausência das características de
a) Apenas os itens I e II estão corretos. identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização
b) Apenas os itens III e IV estão corretos. ou com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade,
c) Todos os itens estão corretos. é considerada crime de natureza hedionda, nos termos da Lei
d) Todos os itens estão incorretos. n. 8.072/90.
( ) Certo ( ) Errado
05. VUNESP - 2012 - DPE-MS - Defensor Público
São crime hediondos: 10. FUNCAB - 2013 - PC-ES - Perito em Telecomunicação
a) epidemia com resultado morte – concussão – extorsão qua- São considerados crimes hediondos, EXCETO:
lificada pela morte – estupro de vulnerável. a) latrocínio.
b) homicídio qualificado – estupro de vulnerável – extorsão b) estupro.
c) homicídio culposo.
qualificada pela morte – falsificação, corrupção, adulteração ou
d) extorsão qualificada pela morte.
alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.
e) epidemia com resultado morte.
c) latrocínio – tráfico de pessoa – homicídio qualificado – fal-
sificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destina- Gabarito:
do a fins terapêuticos ou medicinais.
d) extorsão qualificada pela morte – estupro de vulnerável –
lenocínio – tráfico de pessoa. 01 Certo
02 C
06. CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário 03 A
Com base na classificação dos crimes apresentada no Có-
digo Penal e na enumeração dos crimes considerados hedion- 04 C
dos na Lei n.º 8.072/1990, assinale a opção correta. 05 B
a) A extorsão mediante sequestro e a extorsão qualificada pela 06 A
morte são crimes hediondos, e são classificados, também, como
crimes contra o patrimônio. 07 B
b) O estupro e o latrocínio, crimes contra a pessoa, são crimes 08 Errado
hediondos. 09 Errado
c) A prática de abuso de autoridade é considerada crime he-
diondo. 10 C

Didatismo e Conhecimento 9
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
A Constituição Federal de 1988 foi à primeira carta de nos-
LEI Nº 9.455/97 (TORTURA). so país a fazer menção expressa ao crime de tortura, isso depois
do nosso país figurar como signatário de convenções e tratados
internacionais pelos quais se obrigou a reprimi-la. Pode-se, neste
sentido, destacar a Convenção contra Tortura e Outros Tratamen-
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997. tos ou Penas Cruéis, Desumanas e Degradantes, do ano de 1984,
ratificada pelo Brasil em setembro de 1989, além da Convenção
Define os crimes de tortura e dá outras providências. Americana de Direitos Humanos, que se convencionou denominar
Pacto de São José da Costa Rica.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: O Tratamento Constitucional do Crime de Tortura
A Constituição Federal, no art. 5º, III, dispõe que “ninguém
Art. 1º Constitui crime de tortura: será submetido a tortura nem tratamento desumano degradante”,
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave podendo-se, ainda, no bojo do mesmo art. 52, citar o inciso XLIII,
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: segundo o qual “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí-
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa; veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de en-
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; torpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, que, podendo evitá-los, se omitirem”.
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida A Tipificação da Tortura no Ordenamento Jurídico Brasileiro
de caráter preventivo. Embora a Constituição Federal tenha trazido tratamento tão
Pena - reclusão, de dois a oito anos. rigoroso ao crime de tortura, em verdade não havia, naquela época,
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou tipificação do referido delito em nosso ordenamento jurídico.
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por Assim, podemos ressaltar que o primeiro diploma brasileiro a
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante conceituar tortura foi a Lei nº 8.069/90, o Estatuto da Criança e do
de medida legal. Adolescente em seu art. 233. O referido diploma, entretanto, foi
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
objeto de várias críticas e estava longe de suprir a necessidade de
tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
de um a quatro anos. tipificação de tão grave delito. A uma, porque só falava de tortura
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, de que fosse vítima criança e adolescente. A duas, por se tratar de
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu- norma por demais ampla, violando o princípio da legalidade, na
são é de oito a dezesseis anos. medida em que não fornecia os elementos necessários para que se
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: pudesse extrair o seu verdadeiro significado, embora o STF tenha
I - se o crime é cometido por agente público; decidido o contrário.
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente Toda essa discussão está hoje superada, na medida em que
e adolescente; foi editada a lei em comento, revogando o art. 233 do Estatuto da
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador Criança e do Adolescente.
de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro. Objetividade Jurídica do Crime de Tortura
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- Cuida-se de crime que tutela a dignidade da pessoa humana,
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
da pena aplicada. na sua integridade física e psíquica, bem como a sua liberdade.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça Sujeito Ativo
ou anistia. Cuida-se de crime comum, podendo ser praticado por qual-
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó- quer pessoa, não apenas pelo funcionário público. Na hipótese do
tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. sujeito ativo ser funcionário público, incidirá causa de aumento de
pena, nos termos do § 4º, I.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não Sujeito Passivo
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira Será a pessoa contra quem se praticar a violação à dignidade,
ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. à integridade física ou psíquica ou à liberdade.
Competência
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Cuida-se de crime afeto à justiça comum, estadual ou federal,
neste último caso, quando causar violação algum interesse ou ser-
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
viço da união federal, suas entidades autárquicas ou empresas pú-
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
blicas, nos exatos termos do art. 109, IV, da Constituição Federal.
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da
República. Tortura Praticada por Militar e Competência
Não se tipifica a tortura no Código Penal militar, razão pela
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO qual pode-se afirmar que não se trata de crime militar. Destarte,
Nelson A. Jobim ainda que praticada por um militar, a competência continua sendo
da justiça comum, estadual ou federal.

Didatismo e Conhecimento 10
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
A Prova no Crime de Tortura Artigo 1º
A tortura pode deixar, ou não, vestígios. Assim poderá ser Para fins da presente Convenção, o termo “tortura” designa
crime não transeunte (que deixa vestígio) ou transeunte (que não qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou
deixa vestígio). Deixando vestígios, será necessária a realização mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de
do exame de corpo de delito, observadas as regras processuais dos obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de
arts. 158 e 167 do CPP. Não deixando, a prova de sua existência castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou
poderá ser feita por qualquer forma admitida em direito. Neste sen- seja suspeita de Ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa
tido, atentemos para a lição do STJ no julgado abaixo: ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discrimi-
Processo HC 72.084 / PB HABEAS CORPUS Nº nação de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
2006/0271196-4 Relator(a) Ministra MARIA THEREZA DE AS- infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício
SIS MOURA (1131) Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consenti-
Julgamento 16/04/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 04/05/2009 mento ou aquiescência.
Ementa PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS COR- Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos que
PUS. CRIME DE TORTURA. sejam consequência unicamente de sanções legítimas, ou que se-
1. EXAME DE CORPO DE DELITO. INEXISTÊNCIA. jam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
ALEGADA NULIDADE. INOCORRÊNCIA. CRIME QUE NÃO O presente artigo não será interpretado de maneira a restrin-
DEIXOU VESTÍGIOS. SOFRIMENTO DE ORDEM MENTAL. gir qualquer instrumento internacional ou legislação nacional que
COMPROVAÇÃO POR DEPOIMENTOS TESTEMUNHAIS. contenha ou possa conter dispositivos de alcance mais amplo.
SUFICIÊNCIA. Diferença entre tortura e maus tratos – a tortura há o dolo es-
2. ORDEM DENEGADA. pecifico de se causar sofrimento independente de seu fim ou meio
1. Em se tratando do crime de tortura, previsto no art. 1º, inci- praticado.
so I, ‘a’, da Lei nº 9.445/97, e sendo impingido à vítima apenas e Nos maus tratos incursos no artigo 136 do Código Penal o
tão somente sofrimento de ordem mental, e que, portanto, e de re- garante que possui a guarda, autoridade ou poder sobre a vítima
gra, não deixa vestígios, é suficiente a sua comprovação por meio tem o fim de impor sua autoridade para uma correição educacional,
de prova testemunhal. como forma de uma punição disciplinar, ou fim de se impor.
2. Ordem denegada
A diferença da tipificação nos maus tratos é que este não faz o
ato por prazer de fazer a vitima sofrer e sim por abusar dos meios
A Tortura Confissão, ou Tortura Persecutória, ou Tortura Pro-
disciplinares de conduta com o fim de punir a vítima.
va, ou Tortura Probatória, ou Tortura Institucional, ou Tortura In-
A Tortura é uma violação de direitos humanos, afeta a integri-
quisitorial.
dade física, psicológica e mental por estas razões viola o direito do
Cuida-se de modalidade de tortura em que o agente obriga
cidadão de sua integridade, de sua liberdade, de sua convivência
alguém a fazer o que não quer, utilizando-se, para tanto, de vio-
social pacifica, e seu direito a vida com dignidade humana.
lência ou grave ameaça, com intuito de obter uma confissão ou
declaração da vítima ou de terceira pessoa. Cuida-se da forma mais De acordo com a Lei 9.455, de 7 de abril de 1997, constitui
conhecida de tortura, que recebe as várias denominações aponta- crime de Tortura:
das acima. “Constranger alguém com emprego de violência ou grave
Sujeito Ativo e Sujeito Passivo ameaça, causando-lhe ‘sofrimento físico ou mental; (...)
Qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo ou sujeito II Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
passivo. com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
Tortura é a imposição de dor física ou psicológica apenas por de caráter preventivo”.
prazer, crueldade. Como pode ser entendida também como uma Pena - Reclusão - Pena de 2 a 8 anos.
forma de intimidação, ou meio utilizado para obtenção de uma Pelo Código Penal o artigo 136 constitui crime de maus tratos
confissão ou alguma informação importante. –
O que, não necessariamente, é elemento do tipo penal para sua Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,
caracterização. guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou
É delito imprescritível. Inafiançável, não sujeito a graça e custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensá-
anistia como dispõe o Artigo 5º inciso XLIII da Constituição Fe- veis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
deral. abusando de meios de correção ou disciplina.
A tortura também está incursa no Artigo 2º I e II da lei de Pena – Detenção de 2 meses a 1 ano.
crimes Hediondos da qual acresceu-se ser a tortura vedada a con- A tortura está inscrita também na Lei 8.072/90 que é a Lei
cessão de indulto. (observação Tortura é delito grave, mas não é dos crimes Hediondos, mas não é um crime Hediondo, a Tortura
crime hediondo). É delito equiparado a crime hediondo. conjuntamente com o Tráfico de Drogas e o Terrorismo, são crimes
A Lei 9.455/97 também prevê no artigo 1º § 6º que o crime de equiparados aos crimes hediondos, o que quer dizer, eles possuem
tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. efeitos danosos tão graves ou similares aos crimes denominados
A Tortura independente de seu objetivo final, ela subsiste ape- hediondos, mas não são hediondos, e sim equiparados aos mes-
nas pelo ato de se causar sofrimento a alguém. mos.
Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tra- § 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida ini-
tamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes define tor- cialmente em regime fechado.
tura como: Analisa-se agora uma decisão do STJ sobre o tema:

Didatismo e Conhecimento 11
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
HABEAS CORPUS Nº 169.379 - SP (2010⁄0068974-9) “Assim, não houve imputação de fato novo, foi apenas atribu-
Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR 6ª Turma ída definição jurídica diversa, com a inclusão da causa de aumento
HABEAS CORPUS. CRIME DE TORTURA. LEI N. da pena, com base nos fatos já narrados na peça acusatória, cir-
9.455⁄1997. NULIDADES PROCESSUAIS. COMPETÊN- cunstância que configura emendatio libelli, razão por que se afasta
CIA POR PREVENÇÃO. NULIDADE RELATIVA. SÚMULA o alegado prejuízo advindo à defesa”, concluiu o eminente Minis-
706⁄STF. TORTURA. SUJEITO ATIVO NA CONDIÇÃO DE tro Sebastião Reis Junior.
GUARDA SOBRE AS VÍTIMAS. BABÁ EM RELAÇÃO A No caso em tela:
MENORES ENTREGUES A SEUS CUIDADOS. DEFINIÇÃO A Lei 11.719/08 (alterou o CPP)
JURÍDICA DIVERSA, SEM IMPUTAÇÃO DE FATO NOVO. O emendatio libelli está presente no Código de Processo Penal
INCLUSÃO PELO ÓRGÃO JULGADOR DE CAUSA DE AU- no artigo 383
MENTO DE PENA. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. DO- O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denún-
SIMETRIA DA PENA E REGIMEPRISIONAL. INEXISTÊN- cia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda
CIA DE ILEGALIDADE. que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
1. A nulidade decorrente da inobservância da competência O mutatio libelli está presente no Cpp artigo 384
penal por prevenção é relativa, entendimento consolidado na Sú- Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova de-
mula 706⁄STF. finição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos
2. Não configura nulidade a atribuição pelo órgão julgador de autos de elemento ou circunstância da infração penal não conti-
definição jurídica diversa, sem imputação de fato novo. Hipótese da na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou
de inclusão da causa de aumento com base nos fatos já narrados queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido
na peça acusatória. instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a
3. A conduta da paciente enquadra-se no tipo penal previsto termo o aditamento, quando feito oralmente.
no art. 1º, II, § 4º, II, da Lei n. 9.455⁄1997. A paciente possuía os A diferença em si do emendatio libelli (emendar o libelo) e o
atributos específicos para ser condenada pela prática da conduta mutatio libelli (mudar o libelo)
descrita no art. 1º, II, da Lei n. 9.455⁄1997. Indubitável que o ato Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova de-
foi praticado por quem detinha as crianças sob guarda, na condição finição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos
de babá. autos de elemento ou circunstância da infração penal não conti-
4. Ausência de ilegalidade na dosimetria da pena, fixada a da na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou
pena-base acima do mínimo legal, com a devida fundamentação, queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido
consideradas as circunstâncias em que cometido o crime contra as instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a
crianças, mediante mordidas e golpe com pedaço de pau. termo o aditamento, quando feito oralmente.
5. A fixação do regime inicial fechado para o cumprimento No emendatio o próprio nome em latim já afirma - emendar,
da pena tem previsão na Lei n. 9.455⁄1997 (art.1º, § 7º) e também correção da denúncia - sem que para isso mude a classificação do
acolhida na jurisprudência da Corte. crime, e não haja fato novo que mude a classificação ou tipo penal
6. Ordem denegada. o que não gera prejuízo a defesa – podendo o próprio juiz emendar
Para a defesa, a tortura seria crime que só poderia ser pratica- a denúncia mesmo que para isso tenha que aplicar pena mais gra-
do por funcionário público ou agente estatal. ve, ou seja, mesmo que possa agravar a pena.
O eminente ministro Sebastião Reis Júnior divergiu. E corre- No mutatio libelli – Mutatio – mudar – alterar - há nova defi-
tamente afirma em seu voto:, nição jurídica, há visível alteração da tipificação ou de elementos
“indubitável que o ato foi praticado por quem detinha, sob do crime que o tipificam de forma diversa, causando prejuízo a
guarda, os menores”, conduta que se enquadra no tipo penal pre- defesa, neste caso o processo deve retornar ao Ministério Públi-
visto no artigo 1º, II, da Lei 9.455/97. co para que no prazo de 5 dias ou oralmente em sessão apresente
A lei, que define o crime de tortura, exige apenas que o agente a nova definição jurídica e a tipificação almejada, assim, deve-se
tenha a vítima sob sua guarda, poder ou autoridade, Não especifi- oferecer oportunidade de novo contraditório a defesa, sob pena de
cando que o poder tenha de ser estatal. nulidade de todos os atos que não forem contraditados e gerarem
Outro ponto discutido foi sobre o emendatio libelli, a defesa prejuízo a defesa.
arguiu que havia ocorrido um mutatio libelli quando se aumentou Entretanto, a denúncia registrou expressamente que o crime
a pena no Tribunal de São Paulo foi cometido contra crianças de três e quatro anos. “Assim, não
Com isso a defesa alegou julgamento extra-petita por parte houve imputação de fato novo, não houve, no caso que se cuida,
dos desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo ato que alteração da classificação ou tipo penal, e nem se quer, prejuízo a
geraria fato novo exigindo aditamento da denúncia e novo prazo defesa - vez que os eminentes desembargadores apenas interpre-
para defesa se manifestar. taram a denúncia como foi apresentada e acresceram a agravante
O eminente Ministro analisou e denegou o pedido dos advo- prevista no artigo 1º, §4º inciso II da Lei 9.455/97.
gados – analisemos o fato: Por Ricardo Freire Vasconcellos
O inciso II do parágrafo 4º prevê aumento 1/6 a 1/3 da pena
quando o crime é cometido contra criança, adolescente, gestante, Questionário:
portador de deficiência ou maior de 60 anos.
Como afirma o eminente Ministro - A denúncia registrou ex- 01. FUNCAB - 2010 - PM-GO - Soldado da Polícia Militar
pressamente que o crime foi cometido contra crianças de três e A respeito da disciplina da Lei n° 9.455/97, que define os
quatro anos. crimes de tortura, assinale a alternativa correta:

Didatismo e Conhecimento 12
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
a) Os crimes previstos na referida lei são suscetíveis de fian- III. constranger alguém com emprego de grave ameaça,
ça, graça, anistia e liberdade provisória. causando-lhe sofrimento mental em razão de discriminação
b) Há previsão na lei de causa de aumento de pena para os religiosa.
crimes de tortura praticados por agentes públicos. À luz da Lei n.º 9.455/97, constitui crime de tortura o que se
c) Se da prática da tortura resultar a morte, o agente respon- afirma em
derá somente pelo homicídio simples. a) I e III, apenas.
d) Não há previsão na referida lei da modalidade omissiva b) II, apenas.
do crime de tortura, de forma que o agente público que se omite c) I e II, apenas.
responderá pela omissão de socorro do Código Penal. d) I, II e III.
e) O efeito de perda do cargo, função ou emprego público do e) II e III, apenas.
agente público condenado pelo crime de tortura não é automático,
dependendo de decisão fundamentada do julgador. 06. COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista em Gestão
Especializado - Ciências Jurídicas
02. VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia Relativamente à Lei nº 9.455/97, que define os crimes de
Quanto ao crime de tortura, é correto afirmar que tortura, é INCORRETO afirmar:
a) a lei brasileira que comina pena para o crime de tortura não a) Constitui crime de tortura constranger alguém com empre-
se aplica quando o crime foi cometido fora do território nacional, go de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
mesmo sendo a vítima brasileira. ou mental, em razão de discriminação racial ou religiosa.
b) o condenado pelo crime de tortura cumprirá todo o tempo b) Aplica-se pena de reclusão, de dois oito anos a quem sub-
da pena em regime fechado. mete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
c) é afiançável, mas insuscetível de graça ou anistia. físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
d) na aplicação da pena pelo crime de tortura, não serão admi- lei ou não resultante de medida legal.
tidas agravantes ou atenuantes. c) O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- ou anistia.
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo d) Em todos os casos, o condenado por crime previsto nesta
da pena aplicada. Lei iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
03. CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
07. FUNIVERSA - 2013 - PM-DF - Soldado da Polícia Mi-
Com fundamento na legislação que define os crimes de
litar - Combatente
tortura e de tráfico de pessoas, julgue os itens a seguir.
A prática da tortura é crime inafiançável e insuscetível de
Para que um cidadão seja processado e julgado por crime
graça ou anistia, bem como por sua prática responde, também,
de tortura, é prescindível que esse crime deixe vestígios de or-
aquele que podendo evitar se omite (conduta omissiva). Consi-
dem física.
derando essa informação, assinale a alternativa correta.
( ) Certo ( ) Errado
a) A lei que pune a conduta criminosa da tortura encontra-
04. VUNESP - 2013 - SEJUS-ES - Agente Penitenciário -se albergada, entre outros fundamentos previstos na Constituição
Quanto ao crime de tortura previsto na Lei n.º 9.455/97, Federal, na proteção da dignidade da pessoa humana, que está pre-
pode-se afirmar que: vista no capítulo que trata dos princípios constitucionais.
a) incorre na pena prevista para o crime de tortura quem sub- b) A omissão não é conduta a ser incriminada no caso da
mete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento tortura, em função de o princípio da responsabilidade subjetiva ser
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em movido apenas pelo dolo e não pela culpa.
lei ou não resultante de medida legal. c) O princípio da legalidade estrita, que é a base para apli-
b) o cumprimento da pena deve ocorrer integralmente em re- cação do direito penal brasileiro, coaduna-se tão-somente com a
gime fechado. incriminação de condutas dolosas.
c) admite fiança nas hipóteses legais. d) No caso de conduta omissiva, aplica-se o princípio consti-
d) não incorre na prática do crime de tortura aquele que se tucional da responsabilidade objetiva, pois mesmo sendo praticada
omite em face de sua prática, ainda que tenha o dever de evitá-la. a omissão, o sujeito será punido criminalmente pela tortura que
e) a condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- efetivamente não praticou.
prego público e a interdição para seu exercício pelo prazo da pena e) A intenção do sujeito ativo na prática de tortura, levada em
aplicada. consideração na sentença penal condenatória, a fim de dimensio-
nar a sanção penal a ser aplicada, em função das circunstâncias in-
05. VUNESP - 2013 - SEJUS-ES - Agente Penitenciário dividuais do réu, corresponde ao princípio da retroatividade da lei.
Analise as assertivas a seguir:
I. constranger alguém, mediante violência ou grave amea- 08. FUNIVERSA - 2013 - PM-DF - Soldado da Polícia Mi-
ça, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não litar - Combatente
manda; Relativamente aos crimes de tortura previstos na Lei n.º
II. submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autorida- 9.455/1997, é correto afirmar que o(s)
de, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri- a) sujeito ativo do crime de tortura é a autoridade pública.
mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal b) dispositivos da Lei só são aplicáveis aos crimes de tortura
ou medida de caráter preventivo; praticados no território nacional.

Didatismo e Conhecimento 13
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
c) agrupamento de pessoas que seguem a mesma religião 06 D
pode ser alvo do crime de tortura.
d) condenado por crime de tortura sempre iniciará o cumpri- 07 A
mento da pena em regime fechado. 08 C
e) crime de tortura é inafiançável, suscetível de indulto, graça 09 Errado
e anistia.
10 Errado
09. CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia
Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante
de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o ob- LEI Nº 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA
jetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ense- E DO ADOLESCENTE), DAS DISPOSIÇÕES
jaram sua prisão, o policial responsável por seu interrogatório PRELIMINARES (ART. 1º À 6º), DA PREVEN-
cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu ÇÃO (ART. 70 À 85), DA POLÍTICA DE ATEN-
pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial DIMENTO (ART.86 À 97), DAS MEDIDAS DE
deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias ho- PROTEÇÃO (ART. 98 À 102), DA PRÁTICA DE
ras, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em ATO INFRACIONAL (ART. 103 À 128), DAS
que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delega- MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RES-
do de polícia, ciente do que ocorria na sala de interrogatório, PONSÁVEL (ART. 129 E 130), DO CONSELHO
manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou TUTELAR (ART.131 À 140).
que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento fí-
sico e mental.
Considerando a situação hipotética acima e o disposto na
Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
O delegado não pode ser considerado coautor ou partícipe
da conduta do policial, pois o crime de tortura somente pode ATUALIZADO PELA LEI Nº 12.962, DE 8 ABRIL DE
ser praticado de forma comissiva. 2014.
( ) Certo ( ) Errado
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá ou-
10. CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia tras providências.
Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante
de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o ob- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Con-
jetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ense- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
jaram sua prisão, o policial responsável por seu interrogatório
cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu Título I
pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial Das Disposições Preliminares
deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias ho-
ras, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e
que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delega- ao adolescente.
do de polícia, ciente do que ocorria na sala de interrogatório,
manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pes-
que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento fí- soa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
sico e mental. doze e dezoito anos de idade.
Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
Lei Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes. cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
Para a comprovação da materialidade da conduta do poli- anos de idade.
cial, é imprescindível a realização de exame de corpo de delito
que confirme as agressões sofridas por Luciano. Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
( ) Certo ( ) Errado fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por
Gabarito: outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e so-
cial, em condições de liberdade e de dignidade.
01 B
02 E Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
03 Certo geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe-
tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
04 A educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
05 E dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e co-
munitária.

Didatismo e Conhecimento 14
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir- poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exi-
cunstâncias; bição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
relevância pública; Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão,
c) preferência na formulação e na execução das políticas so- no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas
ciais públicas; com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela- Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
cionadas com a proteção à infância e à juventude.
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmis-
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual- são, apresentação ou exibição.
quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de progra-
mação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os di- Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exi-
reitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da bir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa
criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. etária a que se destinam.

Título III Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio


Da Prevenção ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa-
das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Capítulo I
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
Disposições Gerais
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegi-
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou das com embalagem opaca.
violação dos direitos da criança e do adolescente.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público in-
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, fanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas,
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e servi- crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e mu-
ços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvol- nições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e
vimento. da família.

Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre- Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados. comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmen-
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará
te, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta
Lei. de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação
do público.
Capítulo II
Da Prevenção Especial Seção II
Dos Produtos e Serviços
Seção I
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetá- Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
culos I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regu- III - produtos cujos componentes possam causar dependência
lará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a na- física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
tureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
horários em que sua apresentação se mostre inadequada.
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetácu-
los públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à físico em caso de utilização indevida;
entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natu- V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
reza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
classificação.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se
e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
etária.

Didatismo e Conhecimento 15
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Seção III Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
Da Autorização para Viajar I - municipalização do atendimento;
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e con-
onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem ex- troladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação
pressa autorização judicial. popular paritária por meio de organizações representativas, segun-
§ 1º A autorização não será exigida quando: do leis federal, estaduais e municipais;
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, III - criação e manutenção de programas específicos, observa-
se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região da a descentralização político-administrativa;
metropolitana; IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais
b) a criança estiver acompanhada:
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com-
adolescente;
provado documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministé-
ou responsável. rio Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social,
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização
responsável, conceder autorização válida por dois anos. do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de
ato infracional;
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Minis-
é dispensável, se a criança ou adolescente: tério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; execução das políticas sociais básicas e de assistência social, para
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expres- efeito de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes
samente pelo outro através de documento com firma reconhecida. inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional,
com vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em
criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no 28 desta Lei;
exterior. VII - mobilização da opinião pública para a indispensável par-
Parte Especial
ticipação dos diversos segmentos da sociedade.
Título I
Da Política de Atendimento Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos con-
selhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do ado-
Capítulo I lescente é considerada de interesse público relevante e não será
Disposições Gerais remunerada.

Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do Capítulo II


adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações Das Entidades de Atendimento
governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios. Seção I
Disposições Gerais
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
I - políticas sociais básicas; Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
II - políticas e programas de assistência social, em caráter su- manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento
pletivo, para aqueles que deles necessitem; e execução de programas de proteção e socioeducativos destinados
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico a crianças e adolescentes, em regime de:
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, I - orientação e apoio sócio familiar;
abuso, crueldade e opressão;
II - apoio socioeducativo em meio aberto;
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsá-
III - colocação familiar;
vel, crianças e adolescentes desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direi- IV - acolhimento institucional;
tos da criança e do adolescente. V - prestação de serviços à comunidade
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o VI - liberdade assistida
período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo VII - semiliberdade;
exercício do direito à convivência familiar de crianças e adoles- VIII - internação
centes; § 1º As entidades governamentais e não governamentais
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no
e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que
deficiências e de grupos de irmãos. fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária

Didatismo e Conhecimento 16
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
§ 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção § 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa de
dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dota- acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os
ções orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de efeitos de direito.
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando- § 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas
-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade
preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstan-
caput e parágrafo único do art. 4º desta Lei. ciado acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1º do art. 19
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no desta Lei.
máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para reno- § 3º Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
vação da autorização de funcionamento: e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
como às resoluções relativas à modalidade de atendimento presta- de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
do expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adoles- crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
cente, em todos os níveis; Ministério Público e Conselho Tutelar.
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta- § 4º Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária
das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça competente, as entidades que desenvolvem programas de
da Infância e da Juventude; acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão
ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegra- o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
ção familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
§ 5º As entidades que desenvolvem programas de acolhimento
Art. 91. As entidades não governamentais somente poderão familiar ou institucional somente poderão receber recursos
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi- públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências
tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao e finalidades desta Lei.
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. § 6º O descumprimento das disposições desta Lei pelo
§ 1º Será negado o registro à entidade que: dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento
familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de
apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal.
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí-
Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhi-
pios desta Lei;
mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência,
c) esteja irregularmente constituída;
acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto-
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe-
e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de
rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas responsabilidade.
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em to- Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade ju-
dos os níveis. diciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio
§ 2º O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, ca- do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para
bendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado- promover a imediata reintegração familiar da criança ou do ado-
lescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, lescente ou, se por qualquer razão não for isso possível ou reco-
observado o disposto no § 1º deste artigo. mendável, para seu encaminhamento a programa de acolhimento
familiar, institucional ou a família substituta, observado o disposto
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhi- no § 2º do art. 101 desta Lei.
mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes prin-
cípios: Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna-
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte- ção têm as seguintes obrigações, entre outras:
gração familiar; I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
II - integração em família substituta, quando esgotados os re- lescentes;
cursos de manutenção na família natural ou extensa; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; restrição na decisão de internação;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de coeduca- III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida-
ção; des e grupos reduzidos;
V - não desmembramento de grupos de irmãos; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras dignidade ao adolescente;
entidades de crianças e adolescentes abrigados; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preserva-
VII - participação na vida da comunidade local; ção dos vínculos familiares;
VIII - preparação gradativa para o desligamento; VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu- casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos
cativo. vínculos familiares;

Didatismo e Conhecimento 17
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de d) cassação do registro.
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos ne- § 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades
cessários à higiene pessoal; de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequa- nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público
dos à faixa etária dos adolescentes atendidos; ou representado perante autoridade judiciária competente para
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou
e farmacêuticos; dissolução da entidade.
X - propiciar escolarização e profissionalização; § 2º As pessoas jurídicas de direito público e as organizações
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; não governamentais responderão pelos danos que seus agentes
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o
acordo com suas crenças; descumprimento dos princípios norteadores das atividades de
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; proteção específica.
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo má-
ximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade Título II
competente; Das Medidas de Proteção
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre
sua situação processual; Capítulo I
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos Disposições Gerais
de adolescentes portadores de moléstias infectocontagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
adolescentes; são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha- ameaçados ou violados:
mento de egressos; I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
cidadania àqueles que não os tiverem; III - em razão de sua conduta.
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e cir-
cunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou Capítulo II
responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento Das Medidas Específicas de Proteção
da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser apli-
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes des-
quer tempo.
te artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento ins-
titucional e familiar.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao for-
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.
talecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplica-
Seção II ção das medidas:
Da Fiscalização das Entidades I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de di-
reitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previs-
Art. 95. As entidades governamentais e não governamentais tos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Minis- II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação
tério Público e pelos Conselhos Tutelares. de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro-
teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles-
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão centes são titulares;
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a
dotações orçamentárias. plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen-
tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da munici-
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: palização do atendimento e da possibilidade da execução de pro-
I - às entidades governamentais: gramas por entidades não governamentais
a) advertência; IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter-
b) afastamento provisório de seus dirigentes; venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos
II - às entidades não-governamentais: interesses presentes no caso concreto;
a) advertência; V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade,
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; direito à imagem e reserva da sua vida privada;

Didatismo e Conhecimento 18
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades com- de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais
petentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja co- ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla
nhecida; defesa.
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida ex- § 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser
clusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indis- encaminhados às instituições que executam programas de
pensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de
do adolescente uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada; de seu responsável, se conhecidos;
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efe- II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com
tuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a pontos de referência;
criança e o adolescente; III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na pro- -los sob sua guarda;
teção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio
medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural familiar.
ou extensa ou, se isto não for possível, que promovam a sua inte- § 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do
gração em família substituta; adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, institucional ou familiar elaborará um plano individual de
respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com- atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a
preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de
direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma autoridade judiciária competente, caso em que também deverá
como esta se processa; contemplar sua colocação em família substituta, observadas as
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adoles- regras e princípios desta Lei.
cente, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou § 5º O plano individual será elaborado sob a responsabilidade
de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará
têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da
em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva
medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião
dos pais ou do responsável.
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente,
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros.
observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei.
I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art.
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a
98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
seguintes medidas:
com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo
de responsabilidade; expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento supervisão da autoridade judiciária.
oficial de ensino fundamental; § 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e,
família, à criança e ao adolescente; como parte do processo de reintegração familiar, sempre que
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiá- identificada a necessidade, a família de origem será incluída em
trico, em regime hospitalar ou ambulatorial; programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social,
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; adolescente acolhido.
VII - acolhimento institucional; § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional
IX - colocação em família substituta. fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de igual prazo.
transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, § 9º Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
para colocação em família substituta, não implicando privação de da criança ou do adolescente à família de origem, após seu
liberdade. encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação,
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
criança ou adolescente do convívio familiar é de competência técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política
exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a
pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.

Didatismo e Conhecimento 19
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
§ 10º. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo Capítulo II
de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do Dos Direitos Individuais
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de  
estudos complementares ou outras providências que entender Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
indispensáveis ao ajuizamento da demanda. senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda-
§ 11º. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca mentada da autoridade judiciária competente.
ou foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações seus direitos.
pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as
providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
art. 28 desta Lei. judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
§ 12º. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o ele indicada.
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res-
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a imple-
mentação de políticas públicas que permitam reduzir o número de Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina-
crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
período de permanência em programa de acolhimento. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo a necessidade imperiosa da medida.
serão acompanhadas da regularização do registro civil.
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
judiciária. dúvida fundada.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de
que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, Capítulo III
gozando de absoluta prioridade. Das Garantias Processuais
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
previsto pela Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992. sem o devido processo legal.
§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é dispensável Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se-
o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo guintes garantias:
Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio-
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for nal, mediante citação ou meio equivalente;
encaminhada para adoção. II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias
Título III à sua defesa;
Da Prática de Ato Infracional III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados,
Capítulo I na forma da lei;
Disposições Gerais V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com-
petente;
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
crime ou contravenção penal. em qualquer fase do procedimento.
 
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito Capítulo IV
anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. Das Medidas Socioeducativas
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considera-
da a idade do adolescente à data do fato. Seção I
Disposições Gerais
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança correspon-
derão as medidas previstas no art. 101. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;

Didatismo e Conhecimento 20
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
IV - liberdade assistida; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar
V - inserção em regime de semiliberdade; o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa
VI - internação em estabelecimento educacional; de atendimento.
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
infração. Público e o defensor.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida        
a prestação de trabalho forçado. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, en-
mental receberão tratamento individual e especializado, em local tre outros:
adequado às suas condições. I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne-
cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
100. II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescen-
a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da
te e de sua inserção no mercado de trabalho;
autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de
remissão, nos termos do art. 127. IV - apresentar relatório do caso.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre
que houver prova da materialidade e indícios suficientes da au- Seção VI
toria. Do Regime de Semiliberdade
       
Seção II Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado
Da Advertência desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto,
possibilitada a realização de atividades externas, independente-
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que mente de autorização judicial.
será reduzida a termo e assinada. § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização,
devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes
Seção III na comunidade.
Da Obrigação de Reparar o Dano § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,
        no que couber, as disposições relativas à internação.
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos pa-
trimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o Seção VII
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, Da Internação
por outra forma, compense o prejuízo da vítima.        
        Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade,
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medi- sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
da poderá ser substituída por outra adequada. condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a
Seção IV critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
Da Prestação de Serviços à Comunidade judicial em contrário.
       
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
máximo a cada seis meses.
excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro- § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
gramas comunitários ou governamentais.         excederá a três anos.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti- § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior,
dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má- o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou semiliberdade ou de liberdade assistida.
em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de
jornada normal de trabalho. idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
Seção V autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
Da Liberdade Assistida § 7o  A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser
        revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.          
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi-        
gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan-
e orientar o adolescente. do:

Didatismo e Conhecimento 21
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave amea- Capítulo V
ça ou violência a pessoa; Da Remissão
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apu-
anteriormente imposta. ração de ato infracional, o representante do Ministério Público po-
§ 1o  O prazo de internação na hipótese do inciso III deste derá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decre- atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto
tada judicialmente após o devido processo legal.            social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, menor participação no ato infracional.
havendo outra medida adequada. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re-
        missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin-
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade ex- ção do processo.
clusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao        
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, com- Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe-
pleição física e gravidade da infração. cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em
        regime de semiliberdade e a internação.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade,        
entre outros, os seguintes: Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis- revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres-
tério Público; so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; Público.
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que Título IV
solicitada; Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
V - ser tratado com respeito e dignidade;        
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro-
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; teção à família;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes- orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
soal; III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátri-
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e co;
salubridade; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
XI - receber escolarização e profissionalização; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: sua frequência e aproveitamento escolar;
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tra-
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e tamento especializado;
desde que assim o deseje; VII - advertência;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local VIII - perda da guarda;
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven- IX - destituição da tutela;
tura depositados em poder da entidade; X - suspensão ou destituição do poder familiar.  
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos inci-
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. sos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.        
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade ju-
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do ado- diciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento
lescente. do agressor da moradia comum.
        Parágrafo único.  Da medida cautelar constará, ainda, a fixa-
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e ção provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o ado-
mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de lescente dependentes do agressor.
contenção e segurança.

Didatismo e Conhecimento 22
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Título V IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
Do Conselho Tutelar constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
criança ou adolescente;
Capítulo I V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua com-
Disposições Gerais petência;
        VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autôno- ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente
mo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo autor de ato infracional;
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos VII - expedir notificações;
nesta Lei. VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança
        ou adolescente quando necessário;
Art. 132.  Em cada Município e em cada Região Administrati- IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos
como órgão integrante da administração pública local, composto direitos da criança e do adolescente;
de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para man- X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a vio-
dato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante lação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Consti-
novo processo de escolha. tuição Federal;
        XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as pos-
serão exigidos os seguintes requisitos: sibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à
I - reconhecida idoneidade moral; família natural.   
II - idade superior a vinte e um anos; Parágrafo único.  Se, no exercício de suas atribuições, o
III - residir no município.         Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio
familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público,
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento
e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção
à remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado social da família.  
o direito a:         
I - cobertura previdenciária;  Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha le-
terço) do valor da remuneração mensal;  gítimo interesse.
III - licença-maternidade; 
IV - licença-paternidade;  Capítulo III
V - gratificação natalina.  Da Competência
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária municipal e da        
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona- Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competên-
mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continua- cia constante do art. 147.
da dos conselheiros tutelares. Capítulo IV
        Da Escolha dos Conselheiros
Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselheiro cons-        
tituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de ido- Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho
neidade moral. Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a res-
ponsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Capítulo II Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público.
Das Atribuições do Conselho § 1o  O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar
        ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas subsequente ao da eleição presidencial. 
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a § 2o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de
VII; janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. 
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as § 3o  No processo de escolha dos membros do Conselho
medidas previstas no art. 129, I a VII; Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tan- ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
to: brindes de pequeno valor.
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des-
cumprimento injustificado de suas deliberações.

Didatismo e Conhecimento 23
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Capítulo V 9) Princípio da gratuidade: pois é garantido o acesso de todo
Dos Impedimentos menor à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Ju-
        diciário, por qualquer de seus órgãos, sendo a assistência judiciária
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho mari- gratuita prestada a todos que a necessitem.
do e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos,
irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e
madrasta e enteado. social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade.
na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao re- Estabelece ainda direito à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
presentante do Ministério Público com atuação na Justiça da In- cação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
fância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para
distrital. meninos e meninas, e também aborda questões de políticas de
atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, en-
Princípios e direitos fundamentais. tre outras providências.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei fede- São Direitos Fundamentais das Crianças e Adolescentes:
ral, na qual trata sobre os direitos das crianças e adolescentes em
- direito a saúde
todo o Brasil. Tem o seu reconhecimento internacionalmente como
- direito a alimentação
um dos mais avançados Diplomas Legais dedicados à garantia dos
- direito a educação
direitos da população infanto-juvenil.
- direito ao esporte
É preciso, pois, fazer com que os direitos e garantias legais e
constitucionais assegurados a crianças e adolescentes sejam mais - direito ao lazer
bem conhecidos, pois se trata de um ramo do direito especializado, - direito a convivência social
dividido em partes geral e especial, onde a primeira estipula, como - direito a convivência comunitária
as demais codificações existentes, os princípios norteadores do - direito a liberdade
Estatuto. Já a segunda parte estrutura a política de atendimento, - direito a dignidade
medidas, conselho tutelar, acesso jurisdicional e apuração de atos - direito ao respeito
infracionais. - direito a profissionalização
O ECA é regido por uma série de princípios, os principais - direito a cultura
deles são: Tais Direitos têm sua efetivação através de políticas públicas
1) Princípio da prevenção geral: É dever do Estado assegurar sociais que permitam: o nascimento sadio; a condição digna de
à criança e ao adolescente as necessidades básicas para seu pleno existência, que é assegurado através do Sistema Único de Saúde,
desenvolvimento e prevenir a ocorrência de ameaça ou violação por meio do pré-natal.
desses direitos. Os Hospitais são obrigados a identificar o recém-nascido
2) Princípio da prevenção especial: o Poder Público regulará, mediante registro de sua impressão plantar digital e da digital da
através de órgãos competentes, as diversões e espetáculos públi- mãe; manter o recém-nascido em alojamento conjunto com a mãe;
cos. realizar exames para verificar irregularidades no metabolismo do
3) Princípio de Atendimento Integral: o menor tem direito à recém-nascido e orientar aos pais; fornecer declaração de nasci-
atendimento total e irrestrito (vida, saúde, educação, esporte, lazer, mento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e
profissionalização, etc) necessários ao seu desenvolvimento. do desenvolvimento do neonato e propiciar condições para perma-
4) Princípio da Garantia Prioritária: Tem primazia de receber necia de um dos pais em tempo integral no caso de internação da
proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, assim como for- criança e do adolescente.
mulação e execução das políticas, sociais, públicas e destinação Incumbe ao Poder Público fornecer gratuitamente àqueles que
privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a necessitarem: medicamentos; próteses; outros recursos relativos a
proteção à infância e à juventude.
tratamento, habilitação ou reabilitação e.atendimento especializa-
5) Princípio da proteção estatal: visa a sua formação biopsí-
do aos portadores de deficiência.
quica, social, familiar e comunitária, através de programas de de-
A referida lei considera criança a pessoa de até doze anos de
senvolvimento.
idade incompletos, e adolescente aquela compreendida entre doze
6) Princípio da prevalência dos interesses do menor, pois na
interpretação do estatuto levar-se-ão em conta os fins sociais a que e dezoito anos. Mas a mesma é aplicada às pessoas entre 18 e 21
ele se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres anos de idade, em situações que serão aqui demonstradas.
individuais e coletivos, e sua condição peculiar de pessoa em de- Nenhuma criança ou adolescente poderá ser objeto de qual-
senvolvimento. quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
7) Princípio da indisponibilidade dos direitos do menor: pois crueldade e opressão, por quem quer que seja punindo também
o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, quem age com ação ou omissão atentando contra os seus direitos
indisponível e imprescritível, podendo ser exercido contra os pais, fundamentais.
ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de O trabalho infantil é uma das principais situações que espoem
justiça. a criança a risco. Desta maneira prejudica a saúde e a vida escolar
8) Princípio da sigilosidade: sendo vedada a divulgação de da criança em troca de módicos salários, o explorador do trabalho
atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a infantil pratica um ato de discriminação, negligência, exploração,
crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. violência, crueldade e opressão.

Didatismo e Conhecimento 24
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
    É dever de todos velar pela dignidade da criança e do ado- Os Conselheiros Tutelares são eleitos para mandatos de três
lescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, vio- anos, permitindo-se uma recondução apenas, ou seja, um período
lento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. máximo de seis anos de atuação para cada conselheiro eleito.
São deveres dos Conselheiros Tutelares:
Medidas pertinentes aos pais ou responsável. 1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de pro-
Essas medidas versam em exigir, com base na Constituição teção.
Federal e no ECA, em relação aos menores, condições adequadas 2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medi-
para o cumprimento do dever de assistência, criação e educação das pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
em relação a estes. 3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar
De acordo com o art. 129 são 7 as medidas aplicáveis aos pais serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificada-
ou responsável pelo Conselho Tutelar (art. 129 ECA): mente, descumprir suas decisões.
1. Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro- 4. Levar ao conhecimento do Ministério Público, fatos que o
moção à família, em não havendo o programa, deve o Conselho Estatuto tenha como infração administrativa ou penal.
Tutelar dirigir-se à autoridade responsável, comunicando-lhe da 5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
urgência de sua criação, caso não seja tomada nenhuma providen- 6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas
cia caberá ação judicial por não oferta ou oferta irregular de serviço socioeducativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
indispensável à garantia dos direitos da criança e do adolescente; 7. Expedir notificações em casos de sua competência.
2. lnclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, 8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos. Os casos le- adolescentes, quando necessário.
vados ao conhecimento do Conselho Tutelar ensejam a aplicação 9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
dessa medida; posta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos
3. Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; direitos da criança e do adolescente.
4. Encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias,
5. Obrigação de matricular o filho ou pupilo e de acompanhar para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que
sua frequência e aproveitamento escolar; contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de
6. Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata- produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao
mento especializado e
meio ambiente.
7. Quando os pais ou o responsável (podendo ser o tutor, o
11. Levar ao Ministério Público, casos que demandam ações
guardião ou o responsável por entidade de abrigo) deixam de cum-
judiciais de perda ou suspensão do pátrio poder.
prir com as obrigações previstas no art. 229 da Constituição Fede-
12. Fiscalizar as entidades governamentais e não governa-
ral, tendo condições para tanto podem ser advertidos verbalmente
mentais que executem programas de proteção e socioeducativos.
ou por escrito pelo Conselho Tutelar.
Os Conselheiros Tutelares exercem mandato popular e nesta
qualidade, só podem ser destituídos do mandato popular através do
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e am- devido processo legal, em ação própria perante o Poder Judiciário,
parar os pais na velhice, carência ou enfermidade. levando-se em conta a legislação ordinária e a legislação específica
municipal prévia.
Conselho tutelar São impedidos de serem Conselheiros Tutelares:
São de interesse social os direitos da criança e do adolescente a) marido e mulher;
e é por isso que são considerados direitos indisponíveis, não admi- b) ascendente e descendente;
tindo a confissão ou a presunção de veracidade dos fatos aduzidos c) sogro e genro ou nora;
na inicial. d) irmãos, cunhados, durante o cunhado;
A perda de valores sociais, também são fatores que interferem e) tio e sobrinho;
diretamente no desenvolvimento das crianças e adolescentes e é f) padrasto ou madrasta e enteado.
por isso, que é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Crimes e infrações administrativas.
Para esta fiscalização. É que cada município deverá haver, no Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos in-
mínimo, um Conselho Tutelar composto de cinco membros, esco- completos são denominados atos infracionais passíveis de aplica-
lhidos pela comunidade local, regularmente eleitos e empossados. ção de medidas socioeducativas. Já os menores de 18 anos são
Ou seja, as medidas de proteção devem ser aplicadas pelo penalmente inimputáveis, mas respondem pela prática de ato in-
Conselho Tutelar ou pela autoridade judiciária, e devem sempre fracional.
buscar os fins sociais a que se destinam, levando em consideração Os adolescentes entre 12 e 18 anos incompletos que praticam
o universo biopsicossocial em que vivem. As medidas específicas ato infracional, além das medidas protetivas, a autoridade compe-
de proteção aplicam-se: às crianças e adolescentes carentes e às tente poderá aplicar medida socioeducativa, tais como:
crianças e adolescentes infratores. 1. Advertências – censura verbal, reduzida a termo e assinada
No caso de impedimento ou embaraço às suas ações, o Conse- pelos adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento em
lho Tutelar poderá acionar a policia, com possibilidade jurídica de atos infracionais e sua reiteração,
prisão em flagrante na forma da lei, por desrespeito ao artigo 236, 2. Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja
podendo ainda representar ao Juiz de Direito contra a autoridade passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da ví-
que descumprir suas requisições. tima,

Didatismo e Conhecimento 25
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
3. Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo Mas se ocorrer a ordem judicial de apreensão, não havendo
conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social, flagrante ato infracional, quando a autoridade tomar conhecimento
4. Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o en- do fato, deverá praticar os atos persecutórios normais, a fim de
fretamento da prática de atos infracionais, na medida em que atua apurar o ilícito, encaminhando um relatório de investigações ao
juntamente com a família e o controle por profissionais (psicólo- Ministério Público. Neste caso não há instauração de inquérito po-
gos e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude, licial, nem mesmo termo circunstanciado.
5. Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez Na fase pré-processual, quando o Ministério Público recebe
que exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo durante o relatório de investigação dá inicio a nova fase, realizando oitiva
informal do adolescente e, se possível, dos pais, responsável, víti-
o dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante
ma, testemunha.
recolhimento em entidade especializada; Após a oitiva informal, o Promotor de Justiça tem três opções:
6. Internação por tempo indeterminado – medida mais extre- 1. propor o arquivamento dos documentos e das peças (quan-
ma do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação do não há elementos suficientes que comprovem a responsabilida-
total da liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter de do adolescente. Esse arquivamento depende da homologação
excepcional. judicial).;
As medidas de proteção previstas no ECA são aplicadas às 2. conceder remissão (pode ocorrer na forma do art. 126)
crianças, não somente na autoria de infrações como também na 3. oferecer representação.
hipótese de ameaça ou violação de seus direitos. Em relação aos Oferecida e recebida à representação, tem inicio a ação socio-
adolescentes, são destinadas as medidas socioeducativas, elenca- educativa (ação penal) em face do adolescente, visando à aplica-
das no rol do art. 112, inexistindo outras se não aquelas dispostas ção de medida socioeducativa ou medida de proteção.
nos incisos I a IV, cumuladas ou não com as medidas protetivas Em não havendo a extinção do processo por algum motivo,
do art. 101. o processo tem prosseguimento com a abertura de prazo para a
defesa prévia em 03 dias e marcada a audiência em continuação
Quanto às penalidades, estas deverão ser aplicadas logo após
(instrução e julgamento), depois de ouvidas as testemunhas (08
o ato praticado, respeitando-se a estrita legalidade quando de sua
para cada parte) e os debates, é proferida a sentença.
efetivação e em observância aos princípios e às garantias proces- Essa sentença pode ser de improcedência da representação ou
suais contidos no Processo Penal. de procedência da representação, onde são aplicadas as medidas
Entende-se que como forma punitiva dos crimes e das infra- socioeducativas ou as medidas protetivas.
ções administrativas as que são tratadas na lei penal e as medidas
socioeducativas para os menores infratores percebe-se que essas Questionário:
punições buscam a proteção do melhor interesse do menor.
Já em relação às infrações administrativas, trata-se de proce- 01 – (MPE-PR - 2013 - MPE-PR - Promotor Substituto)
dimento de apuração dos crimes e contravenções cometidos por Sobre o Conselho Tutelar, assinale a alternativa incorreta:
menores. a) Foi instituído na perspectiva de desjudicializar e agilizar o
Na fase policial, o adolescente somente poderá ser apreendido atendimento de crianças, adolescentes e famílias em risco social;
em caso de prisão em flagrante do ato infracional ou mediante or- b) Possui plena autonomia funcional, não estando subordina-
do ao Prefeito, ao Ministério Público e/ou ao Juiz da Infância e da
dem judicial de apreensão.
Juventude;
Em sendo o flagrante de ato infracional deve-se observar que
c) Pode promover diretamente a execução de suas decisões
a primeira providência a ser tomada pela autoridade é o encami- sem necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, tendo a prerroga-
nhamento do menor à autoridade competente para formalização tiva de requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
da apreensão em flagrante. Se o ato infracional foi cometido com serviço social, previdência, trabalho e segurança;
violência ou grave ameaça à pessoa, será lavrado o auto de apreen- d) Sempre que entender necessário, pode promover o afas-
são em flagrante. Mas se cometido sem violência ou grave ameaça tamento de criança ou adolescente de sua família de origem e seu
à pessoa, a autoridade poderá ou lavrar o auto de apreensão, ou subsequente acolhimento institucional;
substituir por um boletim de ocorrência circunstanciado. e) Tem o poder-dever de assessorar o Poder Executivo lo-
Após, a autoridade policial tem duas opções: cal na elaboração da proposta orçamentária, de modo a assegurar
1. liberar o adolescente aos pais ou responsáveis, sob termo de que esta contemple, em caráter prioritário, recursos para planos e
compromisso de apresentá-lo no mesmo dia ou no primeiro dia útil programas destinados ao atendimento de crianças, adolescentes e
seguinte ao Ministério Público; famílias.
2. manter a custódia do adolescente, com fundamento na gra-
02 – (TRT 8R - 2013 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Juiz do
vidade do ato infracional, na repercussão social e na garantia da
Trabalho)
ordem pública. Assinale a alternativa CORRETA:
Nesse ultimo caso, cabe à autoridade policial três atitudes: a) É permitido à criança o trabalho diurno, compreendido, em
a) apresentar imediatamente o adolescente ao Ministério Pú- seu caso específico, o horário que vai de 5 até 22 horas do dia.
blico; b) O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros
b) encaminhar para entidade de atendimento em 24 horas; dependerá de prévia autorização do Juiz do Trabalho, ao qual cabe
c) se não houver entidade de atendimento, manter na delega- verificar se a ocupação é indispensável à sua própria subsistência
cia em recinto separado e apresentar ao Ministério Público em 24 ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não poderá
horas. advir prejuízo à sua formação moral.

Didatismo e Conhecimento 26
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
c) É proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a me- d) O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) ins-
nores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis tituiu, entre outros princípios, o da Proteção Integral à infância e
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. à juventude.
d) É lícito ao trabalhador adolescente firmar recibo pelo paga- e) A Doutrina da Situação Irregular é uma das principais li-
mento dos salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de nhas norteadoras do atual direito da infância e juventude.
trabalho, é vedado ao adolescente menor de 18 (dezoito) anos ou
a qualquer empregado submetido a contrato de aprendizagem dar, 06 – (INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor
sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao emprega- Público)
dor pelo recebimento da indenização que lhe for devida. Em relação aos crimes cometidos contra crianças e ado-
e) Somente contra os adolescentes menores de 16 (dezesseis) lescentes definidos pela Lei 8.069/90, marque a opção correta:
anos não corre nenhum prazo de prescrição. a) os crimes definidos pela Lei 8069/90 são de ação penal pú-
blica condicionada à representação;
03 – (COVEST-COPSET - 2010 - UFPE - Assistente So- b) o crime de descumprir injustificadamente prazo fixado na
cial) Lei 8069/90 quando em beneficio de adolescente privado de liber-
Acerca das regras que tratam da prática do ato infracional dade pode ser cometido por qualquer pessoa;
previstas no ECA – Lei 8069/90, é correto afirmar que: c) os crimes definidos pela Lei 8069/90 são de ação penal
a) são penalmente imputáveis os menores de 16 anos. pública incondicionada;
b) em nenhuma hipótese, o prazo máximo de internação po- d) o crime de embaraçar ou impedir a ação de autoridade
derá exceder a 5 anos. judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Mi-
c) compete exclusivamente ao Ministério Público determinar nistério Público no exercício de função prevista pela Lei 8069/90
a aplicação de medidas protetivas. pode ser praticado somente por funcionário público;
d) a aplicação da medida de internação independe da existên- e) o crime de submissão de criança ou adolescente que esteja
cia de prova da materialidade da infração e indícios suficientes da sob a guarda, autoridade ou vigilância a vexame ou a constrangi-
infração. mento somente pode ser praticado pelo juiz, delegado de polícia,
e) a internação, antes da sentença, poderá ser determinada promotor de justiça e membro do Conselho Tutelar.
pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
07 – (UEPA - 2013 - PC-PA - Escriturário – Investigador)
04 – (PUC-PR - 2012 - TJ-MS – Juiz) Sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a
A respeito do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), alternativa correta.
assinale a alternativa CORRETA: a) Sendo constatada a prática de ato infracional, a autoridade
a) A matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento competente poderá aplicar medidas sócio educativas que vão des-
oficial de Ensino Fundamental é uma das medidas sócio-educati- de a advertência até a prestação de trabalhos forçados, de acordo
vas previstas no ECA - Lei 8069/1990 -, específica para o adoles- com a conduta praticada.
cente a quem se atribui a prática do ato infracional. b) Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimo-
b) A remissão importa do perdão do ato infracional praticado niais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o ado-
por criança ou adolescente e não poderá admitir aplicação de me- lescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
dida socioeducativa. por outra forma, compense o prejuízo da vítima, salvo manifesta
c) O dirigente da entidade de atendimento a crianças, que este- impossibilidade, hipótese em que a medida poderá ser substituída
ja sob investigação, será citado para, no prazo de 15 (quinze) dias, por outra adequada.
oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as c) A prática de ato infracional produz consequências jurídicas
provas a produzir. à pessoa do adolescente, inexistindo medidas legais a serem apli-
d) Constitui infração administrativa deixar a autoridade com- cadas aos pais e/ou responsáveis.
petente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de crian- d) O Conselho Tutelar, constitui órgão facultativo destinado
ça ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da a zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e adolescente,
apreensão. sendo criado de acordo com a disponibilidade e realidade de cada
e) A inclusão em programa de acolhimento institucional é uma Município.
das medidas de proteção previstas no ECA - Lei 8069/1990. e) De acordo com a gravidade da conduta, é possível a di-
vulgação de atos judiciais que digam respeito a crianças e ado-
05 – (PUC-PR - 2012 - TJ-MS – Juiz) lescentes a que se atribua autoria de ato infracional, podendo ter
Sobre o direito da criança e do adolescente, assinale a al- referência ao nome do menor infrator.
ternativa CORRETA:
a) O Direito do Menor tem a FEBEM - Fundação Estadual 08 – (FCC - 2013 - TRT - 6ª Região (PE) - Juiz do Traba-
de Bem Estar do Menor - como a instituição mais importante para lho)
encaminhamento prioritário do adolescente em conflito com a lei. Relativamente aos Conselhos Tutelares, é correto afirmar:
b) O encaminhamento de crianças em situação de risco dar- a) As decisões do Conselho Tutelar poderão ser revistas ex
-se-á preferencialmente a orfanatos e internatos visando ao apoio officio pela autoridade judiciária.
institucional dos menores, até completarem a maioridade civil. b) São órgãos jurisdicionais, permanentes e autônomos, en-
c) No Direito Brasileiro, a adoção intuito personae faz parte carregados pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos
da regra de colocação em família substituta. da criança e do adolescente.

Didatismo e Conhecimento 27
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
c) Para ser Conselheiro tutelar, o candidato precisa residir no
mesmo Município em que instalado o órgão, ter reconhecida ido- LEI Nº 10.826/2003 (ESTATUTO DO
neidade moral, além de ter atingido a maioridade civil. DESARMAMENTO).
d) Em cada Município e em cada Região Administrativa do
Distrito Federal haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar como ór-
gão integrante da administração pública local, composto de cinco
membros, escolhidos pela população local para mandato de quatro
anos, permitida uma recondução, mediante novo processo de es- LEI Nº 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
colha.
e) Lei federal disporá sobre o local, dia e horário de funcio- Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
namento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas – Sinarm,
respectivos membros. define crimes e dá outras providências.

09 – (UFPR - 2013 - TJ-PR – Juiz) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Assinale a alternativa INCORRETA. Compete à autori- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dade judiciária autorizar, mediante alvará, a entrada e per-
manência de criança ou adolescente, desacompanhado de seus CAPÍTULO I
pais ou responsável, DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
a) em boate e congêneres.
b) em estádio, ginásio e campo desportivo. Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no
c) em casa que explore comercialmente bilhar, sinuca ou con- Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circuns-
gênere. crição em todo o território nacional.
d) em casa que explore comercialmente diversões eletrônicas.
Art. 2º Ao Sinarm compete:
10 – (UFPR - 2013 - TJ-PR – Juiz) I – identificar as características e a propriedade de armas de
É correto afirmar que o consentimento dos pais biológicos, fogo, mediante cadastro;
dado sob a forma de renúncia ao poder familiar, no procedimento II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e ven-
de adoção, didas no País;
a) é irretratável. III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as
b) é retratável até a sua ratificação em juízo. renovações expedidas pela Polícia Federal;
c) é retratável até o trânsito em julgado em sentença que o IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, fur-
homologar. to, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os dados ca-
d) é retratável até a publicação da sentença que deferir a ado- dastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de
ção. segurança privada e de transporte de valores;
V – identificar as modificações que alterem as características
Gabarito: ou o funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes;
01 D VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
02 C VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como
03 E conceder licença para exercer a atividade;
04 E IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas,
varejistas, exportadores e importadores autorizados de armas de
05 D fogo, acessórios e munições;
06 C X – cadastrar a identificação do cano da arma, as característi-
07 E cas das impressões de raiamento e de microestriamento de projétil
disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realiza-
08 D dos pelo fabricante;
09 C XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Esta-
10 D dos e do Distrito Federal os registros e autorizações de porte de
armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o ca-
dastro atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as
armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as de-
mais que constem dos seus registros próprios.

Didatismo e Conhecimento 28
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
CAPÍTULO II § 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4º
DO REGISTRO deverão ser comprovados periodicamente, em período não inferior
a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão com- desta Lei, para a renovação do Certificado de Registro de Arma
petente. de Fogo.
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão regis- § 3º O proprietário de arma de fogo com certificados de re-
tradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta gistro de propriedade expedido por órgão estadual ou do Distri-
Lei. to Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela
entrega espontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá renová-lo
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interes- mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de
sado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos 2008, ante a apresentação de documento de identificação pessoal e
seguintes requisitos: comprovante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certi- de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos
dões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a § 4º Para fins do cumprimento do disposto no § 3º deste arti-
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser forneci- go, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Departamento
das por meios eletrônicos; de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação rede mundial de computadores - internet, na forma do regulamento
lícita e de residência certa; e obedecidos os procedimentos a seguir:
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicoló- I - emissão de certificado de registro provisório pela internet,
gica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
no regulamento desta Lei. II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Fe-
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de deral do certificado de registro provisório pelo prazo que estimar
fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em como necessário para a emissão definitiva do certificado de regis-
nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível tro de propriedade.
esta autorização.
§ 2º A aquisição de munição somente poderá ser feita no cali- CAPÍTULO III
bre correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida DO PORTE
no regulamento desta Lei.
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em território Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o territó-
nacional é obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, rio nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria
como também a manter banco de dados com todas as característi- e para:
cas da arma e cópia dos documentos previstos neste artigo. I – os integrantes das Forças Armadas;
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do
munições responde legalmente por essas mercadorias, ficando re- art. 144 da Constituição Federal;
gistradas como de sua propriedade enquanto não forem vendidas. III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios e muni- Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil)
ções entre pessoas físicas somente será efetivada mediante autori- habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
zação do Sinarm. IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios
§ 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º será con- com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhen-
cedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30 tos mil) habitantes, quando em serviço;
(trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado. V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteli-
§ 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescinde do gência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de
cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. Segurança Institucional da Presidência da República;
§ 8º Estará dispensado das exigências constantes do inciso III VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51,
do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar auto- VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas
rizado a portar arma com as mesmas características daquela a ser prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas por-
adquirida. tuárias;
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de
Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com va- valores constituídas, nos termos desta Lei;
lidade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente
manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residên- constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas
cia ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-se, no
trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo que couber, a legislação ambiental.
estabelecimento ou empresa. X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. -Fiscal e Analista Tributário.

Didatismo e Conhecimento 29
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da § 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa de se-
Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Es- gurança privada e de transporte de valores responderá pelo crime
tados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das
que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, demais sanções administrativas e civis, se deixar de registrar ocor-
na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional rência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e muni-
- CNMP. ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
§ 1º As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput horas depois de ocorrido o fato.
deste artigo terão direito de portar arma de fogo de propriedade § 2º A empresa de segurança e de transporte de valores deve-
particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, rá apresentar documentação comprobatória do preenchimento dos
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com requisitos constantes do art. 4º desta Lei quanto aos empregados
validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos que portarão arma de fogo.
I, II, V e VI. § 3º A listagem dos empregados das empresas referidas neste
§ 1º-A (Revogado) artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao Sinarm.
§ 2º A autorização para o porte de arma de fogo aos integran-
tes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e X do caput Art. 7º-A. As armas de fogo utilizadas pelos servidores das
deste artigo está condicionada à comprovação do requisito a que instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de propriedade,
se refere o inciso III do caput do art. 4º desta Lei nas condições responsabilidade e guarda das respectivas instituições, somente
estabelecidas no regulamento desta Lei. podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo estas observar
§ 3º A autorização para o porte de arma de fogo das guardas as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
municipais está condicionada à formação funcional de seus inte- competente, sendo o certificado de registro e a autorização de porte
grantes em estabelecimentos de ensino de atividade policial e à expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição.
existência de mecanismos de fiscalização e de controle interno, § 1º A autorização para o porte de arma de fogo de que trata
nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada este artigo independe do pagamento de taxa.
a supervisão do Comando do Exército. § 2º O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Público
§ 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias federais designará os servidores de seus quadros pessoais no exercício de
e estaduais e do Distrito Federal, bem como os militares dos Es- funções de segurança que poderão portar arma de fogo, respeitado
tados e do Distrito Federal, ao exercerem o direito descrito no art. o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do número de ser-
4o, ficam dispensados do cumprimento do disposto nos incisos I, II vidores que exerçam funções de segurança.
e III do mesmo artigo, na forma do regulamento desta Lei. § 3º O porte de arma pelos servidores das instituições de que
§ 5º Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vinte e cin- trata este artigo fica condicionado à apresentação de documentação
co) anos que comprovem depender do emprego de arma de fogo
comprobatória do preenchimento dos requisitos constantes do art.
para prover sua subsistência alimentar familiar será concedido
4o desta Lei, bem como à formação funcional em estabelecimen-
pela Polícia Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador
tos de ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de
para subsistência, de uma arma de uso permitido, de tiro simples,
fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no
com 1 (um) ou 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou
regulamento desta Lei.
inferior a 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efe-
§ 4º A listagem dos servidores das instituições de que trata
tiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados os
este artigo deverá ser atualizada semestralmente no Sinarm.
seguintes documentos:
§ 5º As instituições de que trata este artigo são obrigadas a re-
I - documento de identificação pessoal;
gistrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal eventual
II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes. perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de armas de fogo,
§ 6º O caçador para subsistência que der outro uso à sua arma acessórios e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras
de fogo, independentemente de outras tipificações penais, respon- 24 (vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
derá, conforme o caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de
fogo de uso permitido. Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas
§ 7º Aos integrantes das guardas municipais dos Municípios legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de
que integram regiões metropolitanas será autorizado porte de arma armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo
de fogo, quando em serviço. o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na
forma do regulamento desta Lei.
Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados das
empresas de segurança privada e de transporte de valores, cons- Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autorização do por-
tituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e te de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estran-
guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas geiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército,
quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de
e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo o porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e
certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Po- caçadores e de representantes estrangeiros em competição interna-
lícia Federal em nome da empresa. cional oficial de tiro realizada no território nacional.

Didatismo e Conhecimento 30
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso Omissão de cautela
permitido, em todo o território nacional, é de competência da Polí- Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impe-
cia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm. dir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de defici-
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser concedida ência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de atos ou que seja de sua propriedade:
regulamentares, e dependerá de o requerente: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de ati- Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário
vidade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de va-
II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei; lores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar
III – apresentar documentação de propriedade de arma de à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio
fogo, bem como o seu devido registro no órgão competente. de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guar-
§ 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista neste da, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o portador dela
seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito de Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
substâncias químicas ou alucinógenas. Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depó-
sito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, reme-
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores cons- ter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessó-
tantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços relativos: rio ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo
I – ao registro de arma de fogo; com determinação legal ou regulamentar:
II – à renovação de registro de arma de fogo; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
III – à expedição de segunda via de registro de arma de fogo; Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável,
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente.
V – à renovação de porte de arma de fogo;
VI – à expedição de segunda via de porte federal de arma de Disparo de arma de fogo
fogo. Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
§ 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e à manu- habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a
tenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal e do Comando ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
do Exército, no âmbito de suas respectivas responsabilidades. outro crime:
§ 2º São isentas do pagamento das taxas previstas neste artigo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
as pessoas e as instituições a que se referem os incisos I a VII e X Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
e o § 5º do art. 6º desta Lei.
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito
Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e as Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter
condições do credenciamento de profissionais pela Polícia Federal em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, empres-
para comprovação da aptidão psicológica e da capacidade técnica tar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de
para o manuseio de arma de fogo. fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem auto-
§ 1º Na comprovação da aptidão psicológica, o valor cobrado rização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio dos honorários Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
profissionais para realização de avaliação psicológica constante do Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psicologia. I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
§ 2º Na comprovação da capacidade técnica, o valor cobrado identificação de arma de fogo ou artefato;
pelo instrutor de armamento e tiro não poderá exceder R$ 80,00 II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
(oitenta reais), acrescido do custo da munição. torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou
§ 3º A cobrança de valores superiores aos previstos nos §§ 1º e para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autorida-
2º deste artigo implicará o descredenciamento do profissional pela de policial, perito ou juiz;
Polícia Federal. III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo
ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determina-
CAPÍTULO IV ção legal ou regulamentar;
DOS CRIMES E DAS PENAS IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifica-
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido ção raspado, suprimido ou adulterado;
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, aces- V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
sório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determi- arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado-
nação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou de- lescente; e
pendência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,
o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Didatismo e Conhecimento 31
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Comércio ilegal de arma de fogo Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul- desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e fiscalizar
tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, ven- a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o
der, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito pró- comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclu-
prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, sive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de coleciona-
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desa- dores, atiradores e caçadores.
cordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou indus-
laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessa-
trial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de ser-
viços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o rem à persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente
exercido em residência. ao Comando do Exército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito)
horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública
Tráfico internacional de arma de fogo ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do § 1º As armas de fogo encaminhadas ao Comando do Exército
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou que receberem parecer favorável à doação, obedecido o padrão e
munição, sem autorização da autoridade competente: a dotação de cada Força Armada ou órgão de segurança pública,
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. atendidos os critérios de prioridade estabelecidos pelo Ministério
da Justiça e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é au- relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas institui-
mentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem ções, abrindo-se lhes prazo para manifestação de interesse.
de uso proibido ou restrito. § 2º O Comando do Exército encaminhará a relação das armas
a serem doadas ao juiz competente, que determinará o seu perdi-
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
mento em favor da instituição beneficiada.
pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante
dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei. § 3º O transporte das armas de fogo doadas será de responsa-
bilidade da instituição beneficiada, que procederá ao seu cadastra-
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insusce- mento no Sinarm ou no Sigma.
tíveis de liberdade provisória. § 4º (VETADO)
§ 5º O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o enca-
CAPÍTULO V minhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se trate de arma
DISPOSIÇÕES GERAIS de uso permitido ou de uso restrito, semestralmente, da relação de
armas acauteladas em juízo, mencionando suas características e o
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convênios local onde se encontram.
com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento do dis-
posto nesta Lei. Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização
e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de
Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a de-
fogo, que com estas se possam confundir.
finição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos
proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os
serão disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção
mediante proposta do Comando do Exército. de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do
§ 1º Todas as munições comercializadas no País deverão estar Exército.
acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras,
gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcio-
e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regula- nalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito.
mento desta Lei. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às aqui-
§ 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente serão expedi- sições dos Comandos Militares.
das autorizações de compra de munição com identificação do lote
e do adquirente no culote dos projéteis, na forma do regulamento Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adqui-
desta Lei. rir arma de fogo, ressalvados os integrantes das entidades constan-
§ 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) ano da
tes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei.
data de publicação desta Lei conterão dispositivo intrínseco de se-
gurança e de identificação, gravado no corpo da arma, definido
pelo regulamento desta Lei, exclusive para os órgãos previstos no Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já conce-
art. 6º. didas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publicação desta Lei.
§ 4º As instituições de ensino policial e as guardas municipais Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo de va-
referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6º desta Lei e no seu lidade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la, perante a
§ 7º poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição Polícia Federal, nas condições dos arts. 4º, 6º e 10 desta Lei, no
para o fim exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem ônus para o
autorização concedida nos termos definidos em regulamento. requerente.

Didatismo e Conhecimento 32
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro de
uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro 1997.
até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de docu-
mento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da ori-
gem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Independência e
declaração firmada na qual constem as características da arma e a 115º da República.
sua condição de proprietário, ficando este dispensado do pagamen-
to de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei. Márcio Thomaz Bastos
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do disposto no José Viegas Filho
caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no Marina Silva
Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisó-
rio, expedido na forma do § 4º do art. 5º desta Lei. ANEXO
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo ad- TABELA DE TAXAS
quiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à
Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do re-
gulamento desta Lei. ATO ADMINISTRATIVO R$
I - Registro de arma de fogo:  
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo pode- - até 31 de dezembro de 2008 Gratuito
rão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-
-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando   (art. 30)
extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. - a partir de 1 de janeiro de 2009
o
60,00
Parágrafo único. (Revogado) II - Renovação do certificado de registro de arma
 
de fogo:
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil reais)
a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme especificar o re-   Gratuito
gulamento desta Lei: - até 31 de dezembro de 2008 (art. 5o, §
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, ma- 3o)
rítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por qualquer meio,
   
faça, promova, facilite ou permita o transporte de arma ou muni-
ção sem a devida autorização ou com inobservância das normas - a partir de 1o de janeiro de 2009 60,00
de segurança; III - Registro de arma de fogo  para  empresa de 60,00
II – à empresa de produção ou comércio de armamentos que segurança privada e de transporte
realize publicidade para venda, estimulando o uso indiscriminado
de valores  
de armas de fogo, exceto nas publicações especializadas.
IV - Renovação do certificado de registro de
 
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fechados, com arma de fogo para empresa de
aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, adotarão, sob pena segurança privada e de transporte de valores:  
de responsabilidade, as providências necessárias para evitar o in-
gresso de pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo    
inciso VI do art. 5º da Constituição Federal. - até 30 de junho de 2008 30,00
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela prestação dos    
serviços de transporte internacional e interestadual de passageiros
adotarão as providências necessárias para evitar o embarque de    
passageiros armados. - de 1 de julho de 2008 a 31 de outubro de 2008
o
45,00
   
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS - a partir de 1 de novembro de 2008
o
60,00
V - Expedição de porte de arma de fogo 1.000,00
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e muni- VI - Renovação de porte de arma de fogo 1.000,00
ção em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas
no art. 6º desta Lei. VII - Expedição de segunda via de certificado de
60,00
§ 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de apro- registro de arma de fogo
vação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de VIII - Expedição de segunda via de porte de
2005. 60,00
arma de fogo
§ 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto
neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resulta-
do pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Didatismo e Conhecimento 33
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
O Sistema Nacional de Armas, SINARM, é um conjunto de Em relação ao crime de posse irregular de arma de fogo de uso
órgãos ligados ao Ministério de Justiça que tem como objetivo fis- permitido, o elemento subjetivo é o dolo genérico de possuir ou
calizar e controlar a produção e o comércio, o registro e o cadas- manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
tramento das armas de fogo no Brasil. permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
É de responsabilidade do SINARM catalogar e registrar todas no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no
as armas em circulação no Brasil. seu local de trabalho.
As armas de fogo possuem algumas características mais sim- Não é levada em consideração a intenção do agente podendo
ples como: marca, calibre, quantidade de cartuchos (balas), e ou- ter a arma de fogo em sua residência com o propósito de se pro-
tras mais complexas, como tipo da coronha, raias, etc. Existem teger ou com a finalidade de ameaçar a companheira. O crime de
ainda as armas comuns como garruchas e revolveres, que se di- posse irregular de arma de fogo não admite tentativa.
ferenciam das armas automáticas, como pistolas, metralhadoras Somente poderão portar arma de fogo os responsáveis pela
e outras impróprias para o uso comum, que são utilizadas pelas garantia da segurança pública, integrantes das Forças Armadas,
policias em operações especiais. policiais civis, militares, federais e rodoviários federais, agentes
de inteligência, auditores fiscais e os agentes de segurança privada
O seu objetivo é cadastrar todas as armas de fogo em circu-
quando em serviço. Já os civis, mediante a concessão do porte da
lação no Brasil, não só as fabricadas aqui, mas também as armas
arma de fogo, só podem comprar agora os maiores de 25 anos, e
importadas.
não maiores de 21 anos, devido a estatísticas que sugerem grande
Este cadastro pode ser feito em qualquer unidade da Policia
número de perpetradores e vítimas de mortes ocorridas com jovens
Federal levando os seguintes documentos: entre 17 e 24 anos.
- Autorização de Compra (Expedida pela Policia Federal) É imprescindível o exame pericial da arma de fogo, acessório
- Nota Fiscal da arma; ou munição, para definir se é de uso permitido ou proibido, ou se
- Comprovante de Residência; obsoleta.
- Carteira de Identidade; Se a pessoa estiver portando arma em residência alheia será
- Carteira de Trabalho e comprovante de profissão (Declara- também considerado porte ilegal e não posse.
ção comum); As armas obsoletas, por ausência de potencial ofensivo, não
- Certidão de Bons Antecedentes criminais. são consideradas arma de fogo para efeito de responsabilidade pe-
A emissão de portes de arma e o cadastro das armas de fogo nal por este delito. Trata-se de hipótese de crime impossível.
são de competência da Policia Federal. Como já dito, ao SINARM Incorre em crime previsto no Estatuto o proprietário ou diretor
cabe catalogar e manter em seu banco de dados todas estas in- responsável de empresa de segurança e transporte de valores que
formações referentes aos proprietários de armas, tipos de armas e deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
pessoas com porte autorizado. Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma
Qualquer ocorrência de furto, roubo, extravio e transferên- de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas
cia de propriedade de uma arma de fogo deve imediatamente ser primeiras 24 horas depois de ocorrido o fato. O crime se consuma
comunicada às autoridades policiais para que sejam tomadas as com o decurso do prazo de vinte e quatro horas. Mas, o prazo so-
providencias cabíveis. Os proprietários de empresas de transporte mente começa a ser contado a partir do momento em que o agente
de valores e segurança privada, ao desativar uma empresa deverão toma conhecimento da perda, do furto, do roubo, ou extravio.
comunicar às autoridades e enviar as armas de seu uso para que se- Em relação ao crime de posse ou porte de arma de fogo de uso
jam apreendidas, pois não poderão manter as armas em seu poder proibido ou restrito, o legislador não diferenciou a posse do porte,
com a empresa desativada. como o fez no caso das armas de fogo de uso permitido.
O SINARM receberá e distribuirá periodicamente informa- As armas de fogo de uso permitido são aquelas de pequeno
ções recebidas pelas delegacias de policia no que se refere às ar- poder ofensivo aptas à defesa pessoal e do patrimônio. Ao con-
mas de fogo apreendidas, autorizações de porte e compra, etc., trário, as armas de fogo de uso proibido são aquelas que possuem
maior potencial lesivo.
para que se possa montar um banco de dados nacional sobre armas
No crime de vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita-
de fogo em circulação no país.
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança
As delegacias especializadas em armas de fogo enviarão ao
ou adolescente o agente criminoso pode ter o porte legal da arma.
SINARM mensalmente informações sobre toda a movimentação
Caso forneça à criança ou ao adolescente, incorrerá no crime.
de armas de fogo, sejam apreensões, compras, trocas de proprie- Uma pessoa interessada em possuir uma arma, deverá prece-
dade, etc. der da seguinte forma, de acordo com a legislação: O interessado
As empresas que trabalham com produção, venda, importa- irá a uma loja especializada em venda de armas e munições e após
ção e exportação de armas de fogo deverão, além da documen- escolher a arma, o vendedor solicitará autorização à Polícia Fede-
tação normal solicitada por órgãos estaduais e federais, solicitar ral que verificará os antecedentes do comprador. Se não houver
um Alvará de Funcionamento para comércio de armas, portando antecedentes criminais, o pedido de compra será encaminhado ao
inclusive Certidão de Bons Antecedentes Criminais junto a Justiça SINARM. Autorizado por aquele órgão a Polícia Federal confir-
Estadual e Federal. mará a venda, depois de emitida a nota fiscal e expedirá o registro.
As autoridades policiais estaduais podem mais expedir a au- A loja só liberará a arma com registro.
torização para a aquisição e o porte de arma, sendo essa tarefa de Se a arma for comprada diretamente de outra pessoa, o que
competência exclusiva da Polícia Federal, da mesma forma que é é também permitido por lei, ela deverá ser registrada, e a transa-
feita a expedição do passaporte. ção seja previamente autorizada pela Polícia Federal, onde deverá

Didatismo e Conhecimento 34
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
ser transferida para o novo proprietário. A legalidade da arma será 03 (FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Judiciário -
comprovada com o novo registro fornecido pelo SINARM, cons- Segurança e Transporte)
tando o nome de quem comprou. De acordo com a Lei nº 10.826/2003, que versa sobre regis-
Ao Comando do Exército compete o registro e a concessão de tro, posse e comercialização de armas de fogo, é correto afir-
porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores mar que é de competência da Polícia Federal:
e caçadores e de representantes estrangeiros em competição in- I. o registro de arma de fogo de uso restrito.
ternacional oficial de tiro realizada no território nacional. É que o II. a expedição do certificado de registro de arma de fogo.
colecionador não irá ter somente uma arma em sua casa para sua III. o recebimento de armas de fogo adquiridas regular-
coleção, portanto, é uma exceção de lei nesse sentido. mente pelos possuidores ou proprietários, mediante recibo e
O Estatuto do Desarmamento tornou mais difícil o acesso ao indenização.
porte de arma e estimulou a população a se desarmar. Foi o estatu- Está correto o que consta APENAS em
to que instituiu a realização das campanhas de desarmamento, pre- a) II e III.
vendo o pagamento de indenização para quem entregasse espon- b) I e II.
taneamente suas armas, a qualquer momento, à Polícia Federal. c) I e III.
O Estatuto também aperfeiçoou a legislação para punir mais d) I.
efetivamente o comércio ilegal e o tráfico internacional de armas e) II.
de fogo. Tais crimes, antes enquadrados como contrabando e des-
caminho, passaram a ser expressamente previstos em lei especi- 04 (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judi-
fica. ciário – Segurança)
Qualquer cidadão comum que queira adquirir arma de
Questionário: fogo deverá declarar a necessidade e atender a vários requi-
sitos elencados no Estatuto do Desarmamento, e após todos
01 (FCC - 2012 - TRF - 5ª REGIÃO - Técnico Judiciário - os requisitos terem sido comprovados, a emissão do porte de
Segurança e Transporte) arma é realizada
Um requisito a ser atendido, pelo interessado, para a aqui- a) pela Polícia Federal.
sição de uma arma de fogo de uso permitido é a comprovação b) pelo Ministério da Justiça.
de c) pelo SINARM.
a) idoneidade, com apresentação de certidões de anteceden- d) pelo Comando do Exército.
tes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e e) pela Secretaria de Segurança Pública dos Estados e do Dis-
Eleitoral. trito Federal.
b) idoneidade, com apresentação de certidões de anteceden-
tes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e 05 (FCC - 2011 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Técnico Judi-
Eleitoral, mesmo que esteja respondendo a inquérito policial ou a ciário – Segurança)
processo criminal. Segundo a Lei nº 10.826/2003, a idade mínima para se ad-
c) capacidade técnica e de aptidão físico-motora para manu- quirir uma arma de fogo, excetuando-se os integrantes das en-
seio de arma de fogo. tidades constantes do artigo 6º da lei, é de
d) capacidade técnica, referências pessoais e aptidão psicoló- a) vinte e um anos.
gica para manuseio de arma de fogo. b) dezoito anos.
e) capacidade técnica, de residência, de aptidão físico-motora c) vinte e cinco anos.
e moral para manuseio de arma de fogo. d) vinte e seis anos.
e) vinte anos.
02 (FCC - 2012 - TRF - 5ª REGIÃO - Técnico Judiciário -
Segurança e Transporte) 06 (CESPE - 2013 - DPE-DF - Defensor Público)
A respeito das competências sob responsabilidade do Sis- Julgue os seguintes itens, relativos aos crimes de porte ile-
tema Nacional de Armas considere: gal de arma de fogo, roubo e falsificação.
I. Identificar as características e a propriedade de armas Conforme a mais recente jurisprudência do STF, o crime
de fogo, mediante cadastro. de roubo se consuma quando o agente, depois de cessada a vio-
II. Registrar, cadastrar e identificar todas as armas de fogo lência ou a grave ameaça, tem a posse pacífica e desvigiada da
de uso exclusivo das Forças Armadas e Auxiliares. coisa subtraída.
III. Cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as ( ) Certo ( ) Errado
vinculadas a procedimentos policiais e judiciais.
IV. Identificar as modificações que alterem as característi- 07 (CESPE - 2013 - MPE-RO - Promotor de Justiça)
cas ou o funcionamento de arma de fogo. Com fundamento na Lei n.º 10.826/2003 e no entendimen-
Está correto o que consta APENAS em to do STJ a respeito da matéria, assinale a opção correta.
a) I e IV. a) Para a configuração do crime de porte ilegal de arma de
b) III e IV. fogo de uso permitido, é necessária a comprovação pericial da po-
c) I e II. tencialidade lesiva da arma
d) I, III e IV.
e) I, II e III.

Didatismo e Conhecimento 35
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
b) Segundo a jurisprudência do STJ, desde 2005, não é pos- 12 (MB - 2012 - QT - Primeiro Tenente – Direito)
sível conceder o benefício da extinção da punibilidade aos deten- Considere a seguinte situação hipotética.
tores de arma com numeração raspada ou suprimida, mesmo que Um homem, maior e capaz, com vontade livre e consciente
voluntariamente façam a entrega do artefato. de deflagrar projéteis, disparou a arma de fogo de seu irmão
c) Para a configuração do crime de posse ilegal de arma de na via pública. Ato contínuo, tal homem foi preso em flagran-
fogo de uso restrito, é suficiente o porte de arma de fogo com nu- te por policiais militares que passavam pelo local. No proces-
meração raspada, independentemente de ser a arma de uso restrito so penal instaurado, ficou comprovado que as condutas dele
ou proibido. ocorreram no mesmo contexto fático, uma vez que ele saiu da
d) É atípica a conduta de porte ilegal de munição de uso per- residência do seu irmão, portando a arma em sua cintura e,
mitido, em razão de ausência de ofensividade a bem jurídico tu- minutos após, efetuou o disparo. A arma estava guardada na
telado. referida residência, que fica localizada próximo ao local do dis-
e) Conforme jurisprudência sedimentada no STJ, a posse e o paro. Também ficou comprovado que a arma de fogo é de uso
porte ilegal de arma de fogo foram abarcados, temporariamente, permitido, estava devidamente registrada e o irmão possuía
pela abolitio criminis. autorização para portá-la. Por fim, restou provado, ainda, que
o atirador não tinha autorização para o porte de arma de fogo.
08 (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) Considerando o entendimento de Fernando Capez na
No tocante à Lei n.º 10.826/2003 e aos crimes hediondos, obra Curso de Direito penal: legislação especial. Vol. 4, acer-
julgue os itens que se seguem. ca do “Estatuto do Desarmamento”, é correto afirmar que o
Compete à Polícia Federal, por intermédio do Sistema Na- atira­dor deve responder:
cional de Armas, destruir armas de fogo e munições que forem a) somente pelo crime previsto no art. 12 (posse irregular de
apreendidas e encaminhadas pelo juiz competente, quando arma de fogo de uso permitido) da Lei n° 10.826/ 2003.
não mais interessarem à persecução penal. b) somente pelo crime previsto no art. 14 (porte ilegal de
( ) Certo ( ) Errado arma de fogo de uso permitido) da Lei n° 10.826/ 2003.
c) somente pelo crime previsto no art. 15 (disparo de arma de
09 (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) fogo) da Lei n° 10.826/ 2003.
No tocante à Lei n.º 10.826/2003 e aos crimes hediondos, d) pelos crimes previstos nos art. 12 (posse irregular de arma
julgue os itens que se seguem. de fogo de uso permitido) e art. 15 (disparo de arma de fogo) da
Lei n° 10.826/2003 em concurso material.
Considere que João, residente em área rural, dependa do
e) pelos crimes previstos nos art. 14 (porte ilegal de arma de
emprego de arma de fogo para prover sua subsistência alimen-
fogo de uso permitido) e art. 15 (disparo de arma de fogo) da Lei
tar familiar. Nos termos do disposto na Lei n.º 10.826/2003, a
n° 10.826/2003 em concurso formal.
João não pode ser concedido porte de arma de fogo por expor
a perigo sua integridade física, uma vez que João pode se ali-
13 (CRSP - PMMG - 2013 - PM-MG - Oficial da Polícia
mentar de outros produtos além da caça.
Militar)
( ) Certo ( ) Errado
Marque a alternativa CORRETA. De acordo com a Lei
n. 10.826/03, que dispõe sobre o Estatuto do Desarmamento,
10 FUNCAB - 2010 - PM-GO - Soldado da Polícia Militar tem direito de portar arma de fogo de propriedade particular
Com relação às regras previstas na Lei nº 10.826/2003, co- ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo
nhecida como Lei de Arrmas, é correto afirmar que: fora de serviço, nos termos regulamentares, com validade em
a) o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido deixou de âmbito nacional:
ser considerado crime, tratando-se de infração administrativa. a) os integrantes das guardas municipais dos Municípios com
b) a posse irregular de arma de fogo é crime inafiançável. mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos
c) a supressão de sinal de identificação da arma de fogo é mil) habitantes.
infração administrativa punida com multa. b) os integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Fede-
d) o disparo de arma de fogo deixou de ser considerado crime, ral do Brasil.
tratando-se de contravenção penal. c) os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas pri-
e) há causa de aumento de pena para os crimes de posse ou sionais.
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito praticados por policiais d) os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteli-
civis ou militares. gência.

11 (CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal) 14 (CESPE - 2013 - TJ-DF - Analista Judiciário - Oficial
No que concerne ao abuso de autoridade e ao Estatuto do de Justiça Avaliador)
Desarmamento, julgue os itens a seguir. Com base nas disposições do Estatuto do Desarmamento,
Supondo que determinado cidadão seja responsável pela da Lei Maria da Penha, do Estatuto da Criança e do Adoles-
segurança de estrangeiros em visita ao Brasil e necessite de cente e do Estatuto do Idoso, julgue os itens subsequentes.
porte de arma, a concessão da respectiva autorização será de De acordo com o Estatuto do Desarmamento, constitui cir-
competência do ministro da Justiça. cunstância qualificadora do crime de posse ou porte de arma
( ) Certo ( ) Errado de fogo ou munição o fato de ser o agente reincidente em cri-
mes previstos nesse estatuto.
( ) Certo ( ) Errado

Didatismo e Conhecimento 36
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
15 (COPESE - UFT - 2012 - DPE-TO - Analista em Gestão
Especializado - Ciências Jurídicas) ANOTAÇÕES
É permitido o porte de arma de fogo:
I. Aos integrantes das guardas municipais das capitais dos
Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos
mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento
desta Lei;
II. Aos agentes operacionais da Agência Brasileira de In- —————————————————————————
teligência; —————————————————————————
III. aos integrantes do quadro efetivo dos agentes e guar-
das prisionais; —————————————————————————
IV. Aos integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
Federal do Brasil; —————————————————————————
V. Aos integrantes dos cargos de Auditor-Fiscal e Analista —————————————————————————
Tributário;
Assinale a alternativa CORRETA: —————————————————————————
a) Apenas os itens I, II, III e IV estão corretos.
b) Apenas os itens II, III, IV e V estão corretos. —————————————————————————
c) Apenas os itens I, II, III e V estão corretos.
—————————————————————————
d) Todos os itens estão corretos.
—————————————————————————
Gabarito:
—————————————————————————
01 A —————————————————————————
02 D
—————————————————————————
03 A
—————————————————————————
04 A
05 C —————————————————————————
06 Errado —————————————————————————
07 C
—————————————————————————
08 Errado
09 Errado —————————————————————————
10 E —————————————————————————
11 Errado —————————————————————————
12 C
—————————————————————————
13 D
14 Errado —————————————————————————
15 D —————————————————————————
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ANOTAÇÕES —————————————————————————
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Didatismo e Conhecimento 37
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 38
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 39
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 40
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 41
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 42
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 43
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 44
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 45
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

ANOTAÇÕES

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Didatismo e Conhecimento 46

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