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TIRANDO DÚVIDAS

Reginaldo Gonçalves – DIREITO

PORTUGUÊS

Regência Verbal

Relembrando conceito...

Para o estudo da regência verbal, é importante que você se lembre de alguns conceitos.

Admite
Pronome Funcionam Tipo de
Exemplo voz Exemplo
Oblíquo como verbo
passiva
Encontrei o tesouro. Todos vaiaram o juiz. (voz ativa)
o(s), a(s) Objeto Direto VTD SIM
Encontrei-o. O juiz foi vaiado por todos (voz passiva)

OBS.: nem todo OI, pode ser trocado por LHE ou LHES.
O garoto obedeceu ao pai. Eu gostei do jogo.
lhe e lhes Objeto Indireto VTI NÃO
O garoto obedeceu-lhe. Eu gostei-lhe. (ERRADO)
Eu gostei dele. (CERTO)

objeto direto
me, te, se, VTD, VTI ou
ou objeto
nos, vos VTDI
indireto

Como é impraticável e desnecessário estudar a regência de todos os verbos que existem em português, vamos estudar alguns verbos cujas regências
nos interessam.

UNINORTE - 2010 1
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Reginaldo Gonçalves – DIREITO

 Verbo Aspirar

Tipo de Regência Preposição Voz passiva


Verbo Sentido Exemplo
verbo (complemento) obrigatória Uso do Pronome Oblíquo

O gás tóxico foi aspirado pela menina. (voz


passiva)
Respirar, inalar
VTD Objeto Direto - A menina aspirou o gás tóxico.
(perfume, ar, etc)
A menina aspirou-O.
(pronome oblíquo)
Aspirar
NÃO existe voz passiva.
Pretender, desejar VTI Objeto Indireto A Você aspirava Ao diploma.
Sim, eu aspirava-lhe. (ERRADO)
Sim, eu aspirava a ele. (CERTO)
(esse verbo não admite o pronome lhe).

Observação:

É muito comum explorar a regência verbal em frases em que apresentam pronome relativo (que, quem, qual, onde, cujo, etc.). Nestes casos, se o
verbo que aparece depois do pronome relativo exigir uma preposição, ela deverá ser colocada antes do pronome relativo.

Você desconhece as vantagens A que aspiro. Você desconhece as vantagens Às quais aspiro.

Macete:

- que aprecio
DE que gosto
Estas são as pessoas A que me refiro
EM que creio
DE que Discordo

UNINORTE - 2010 2
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 Verbo assistir

Tipo de Regência Preposição Voz passiva


Verbo Sentido Exemplo
verbo (complemento) obrigatória Uso do Pronome Oblíquo

NÃO existe voz passiva.


Uma multidão assistiu Ao jogo.
Estar presente, ver.
Eu já lhe assisti. (ERRADO)
Eu já assisti a ele. (CERTO)
(neste sentido o verbo não admite o pronome lhe).
VTI Objeto Indireto A
O direito de protestar assiste A todo
NÃO existe voz passiva.
jovem.
Caber, pertencer.
Estas são as pessoas A quem assiste o Não lhe assiste o direito de criticar o rapaz.
direito de criticar. (CERTO)
(neste sentido o verbo admite o pronome lhe).
Assistir
O doente foi assistido pelo médico.
(voz passiva)
Socorrer, prestar
VTD Objeto Direto - O médico assistiu o doente
assistência.
O médico O assistiu.
(pronome oblíquo)

-
Adjunto Adverbial Geralmente Durante dois anos ele assistiu EM
Morar, residir. VI
de Lugar com, EM. Santos.
-

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 Verbo agradar

Tipo de Regência Preposição Voz passiva


Verbo Sentido Exemplo
verbo (complemento) obrigatória Uso do Pronome Oblíquo

NÃO existe voz passiva.


Contentar,
VTI Objeto Indireto A Sua atitude não agradou Ao pai.
satisfazer. Não lhe agradou. (ERRADO)
Não agradou a ele. (CERTO)
(esse verbo não admite o pronome lhe).
Agradar
O pequeno animal foi agradado pela
Acariciar, fazer menina. (voz passiva)
VTD Objeto Direto - A criança agradava o pequeno animal.
carinho.
A criança agradou-O.
(pronome oblíquo)

 Verbo visar

Tipo de Regência Preposição Voz passiva


Verbo Sentido Exemplo
verbo (complemento) obrigatória Uso do Pronome Oblíquo

NÃO existe voz passiva.


Pretender, ter em Você sempre visou A este cargo.
vista, almejar, VTI Objeto Indireto A
Sim, sempre lhe visei. (ERRADO)
desejar. O cargo A que você visa é importante.
Sim, sempre visei a ele. (CERTO)
(esse verbo não admite o pronome lhe).
Visar
O responsável visou o passaporte do O passaporte do rapaz foi visado pelo
Pôr o visto, assinar.
rapaz responsável. (voz passiva)
VTD Objeto Direto -
Visar, dirigir a
O atirador visava o coração do indefeso O responsável visou-O.
pontaria (pronome oblíquo)
animal.

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 Verbo querer

Tipo de Regência Preposição Voz passiva


Verbo Sentido Exemplo
verbo (complemento) obrigatória Uso do Pronome Oblíquo

Ele sempre quis Aos meus pais. NÃO existe voz passiva.
Gostar, amar,
VTI Objeto Indireto A
querer bem Essas são as pessoas A quem queremos Ela lhes queria. (ERRADO)
bem. Ela queria a eles. (CERTO)
(esse verbo não admite o pronome lhe).
Querer
O garoto queria o prêmio. O prêmio foi querido pelo garoto.
(voz passiva)
Desejar, tomar
VTD Objeto Direto -
posse. O imóvel era velho, por isso ninguém o
O garoto queria-O.
queria. (pronome oblíquo)

 Verbo chamar

Tipo de Regência Preposição Voz passiva


Verbo Sentido Exemplo
verbo (complemento) obrigatória Uso do Pronome Oblíquo

Todos chamavam DE louco Ao rapaz NÃO existe voz passiva.


VTI Objeto Indireto DE + A Todos LHE chamavam de louco.
Todos chamavam louco Ao rapaz.
Denominar, (pronome oblíquo)
apelidar. O rapaz foi chamado de louco por todos
Todos chamavam de louco o rapaz.
VTD Objeto Direto - Todos O chamavam de louco.
Todos chamavam louco o rapaz.
Chamar (pronome oblíquo)

Então, os amigos foram chamados por


Foi então que chamei os amigos. mim. (voz passiva)
Pedir para vir VTD Objeto Direto -
Chamei por meus amigos. Então, chamei-Os.
(pronome oblíquo)

UNINORTE - 2010 4
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Reginaldo Gonçalves – DIREITO

Agora faça o seu próprio esquema, os acima citados são de minha autoria, adaptado da maneira que eu melhor assimilo. Siga o modelo ou crie novos. Ah! Manda
pra mim.

Veja a síntese do assunto, confrontado pelos melhores gramáticos do país.

 SINTAXE DE REGÊNCIA

Hoje, trataremos do assunto em epígrafe – SINTAXE DE REGÊNCIA. Em palavras mais simples: regência significa “uso ou não de preposição”.
Há sempre nas orações elementos regentes e elementos regidos. Veremos casos em que determinada palavra (substantivo, adjetivo,
Chamamos de regentes aos termos que pedem complemento e de regidos advérbio ou verbo) exige certa preposição ou tem o seu sentido
aos que complementam o sentido dos primeiros. modificado em virtude do emprego de alguma delas.
Os complementos servem a nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e
Regente Artigo ou Preposição Regido a verbos – daí, a regência dividir-se em nominal e verbal.
Comprei - uma casa
Dependo DE você REGÊNCIA VERBAL – analisa o emprego e o significado dos verbos de
Crença EM Deus acordo com a preposição do seu complemento indireto (ou a ausência da
Ávido DE carinho preposição no complemento direto).
Insisto EM lutar Nosso estudo terá por base, principalmente, as lições de Celso Pedro Luft
Vejo O mar presentes nas seguintes obras:

A sintaxe de regência estudará, portanto, as relações de subordinação ou Dicionário Prático de Regência Nominal - Editora Ática – 4ª edição - 2003;
dependência entre os elementos da oração. Dicionário Prático de Regência Verbal – Editora Ática – 8ª edição – 2002.

 REGÊNCIA VERBAL E TRANSITIVIDADE

O conceito de REGÊNCIA VERBAL passa necessariamente pela definição da Aliás, essa denominação provém do conceito de TRANSITAR/TRÂNSITO. Se
TRANSITIVIDADE DO VERBO. esse “trânsito” não encontra obstáculo algum, ele é DIRETO. O “obstáculo”
é a preposição.
Há verbos que bastam por si mesmos – são os verbos INTRANSITIVOS.
Outros há que necessitam de informações suplementares, ou seja, do Assim, quando não há preposição necessária (obstáculo), o verbo é
auxílio de uma expressão subsidiária, que se apresenta sob a forma de TRANSITIVO DIRETO, ou seja, liga-se ao complemento diretamente
COMPLEMENTO. Esses são os verbos TRANSITIVOS. (OBJETO DIRETO).

UNINORTE - 2010 5
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Reginaldo Gonçalves – DIREITO

No caso de a preposição ser obrigatória, o verbo é classificado como complemento, precedido de preposição (OBJETO INDIRETO). Esses verbos
TRANSITIVO INDIRETO e o complemento é antecedido de preposição são os chamados TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS ou BITRANSITIVOS.
(OBJETO INDIRETO).
Por fim, há também os que necessitam de uma informação adicional que
Em todo momento, mencionamos “preposição necessária” ou venha a complementar o sentido ou alcance do objeto (direto ou indireto).
“obrigatória”. Isso porque há casos em que, mesmo sendo dispensável, a
preposição é utilizada como recurso estilístico (exemplo 1 abaixo), como, Esses são os verbos TRANSOBJETIVOS. Essa “informação complementar”
por exemplo, para evitar ambigüidade, ou obrigatoriamente quando o vem sob a forma de PREDICATIVO DO OBJETO.
objeto direto vier sob a forma de um pronome oblíquo tônico (exemplo 2).
O predicativo do objeto pode estar ligado diretamente ao verbo (O júri
Nesses casos, o complemento é chamado de OBJETO DIRETO considerou o réu inocente) ou por meio de uma preposição (Os médicos
PREPOSICIONADO. consideravam a doença como incurável.)
Exemplo 1 – Matou o caçador ao leão. – Sem a preposição, não
saberíamos quem matou quem. Podem ser transobjetivos os verbos: chamar, considerar, julgar, reputar,
supor, declarar, crer, estimar, tornar, designar, nomear, sagrar, coroar,
Exemplo 2 – Nem ele entende a mim, nem eu a ele. – Os pronomes encontrar, achar, deixar etc.
oblíquos tônicos exigem sempre a preposição, mesmo que exerça a função C
de objeto direto. omo já ressaltamos antes, a transitividade de um verbo só pode ser
definida na oração, de acordo com os elementos presentes na construção.
Em determinadas construções, alguns verbos, mesmo acompanhados de
complemento direto (OBJETO DIRETO), podem requerer um outro

 REGÊNCIA VERBAL E SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS

Enquanto que os nomes (regência nominal) exigem uma e/ou outra significativa entre regência nominal e verbal e é por isso que o estudo da
preposição, não tendo seu significado alterado, alguns verbos, a depender sintaxe de regência verbal é bem mais complexo do que o de regência
da acepção que se deseje apresentar, podem exigir determinada nominal.
preposição, aceitar mais de uma ou até mesmo dispensá-la.
Em relação às provas de concursos públicos, o número de questões que
Ou seja, os substantivos e adjetivos podem reger diversas preposições sem envolvem aspectos de regência verbal é infinitamente maior que o de
que tenham seu sentido alterado. Já os verbos apresentam sentidos questões sobre regência nominal. Isso você irá perceber nos exercícios de
diferentes a depender da preposição que for utilizada. Essa é a diferença fixação.

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Cumpri o dever. / Cumpri com o dever. – O verbo é originalmente transitivo


Há verbos que admitem mais de uma regência sem ter seu sentido direto (primeiro exemplo). A preposição serve para acentuar a idéia de
alterado. cuidado, zelo.

Falar sobre o assunto. Falar do assunto. Falar acerca do assunto. Fiz que ele fosse aprovado./ Fiz com que ele fosse aprovado. – O verbo
Ele não tarda em chegar. Ele não tarda a chegar. fazer é transitivo direto. A preposição emprega valor de dedicação,
esforço.
Em algumas construções, a preposição é usada, mais do que para reger,
para acrescentar novos matizes de significação aos verbos. Comi o bolo. / Comi do bolo. – Apenas um pedaço do bolo, e não todo ele,
foi comido.

 COMPLEMENTOS VERBAIS COM REGÊNCIAS DIFERENTES

Quando, em uma construção, surgirem dois ou mais verbos com regências antes do pronome relativo que exerce a função de objeto direto de ambos
diferentes em relação a um mesmo elemento, o rigor gramatical exige que os verbos.
se apresentem os dois objetos distintos.
O amigo que muito admiro e me preocupo veio aqui hoje .
Entrei e saí do quarto com extrema rapidez.– CONSTRUÇÃO CONDENADA
O verbo entrar rege a preposição em (entrei no quarto), enquanto que o Essa construção está condenada. Enquanto o verbo admitir é transitivo
verbo sair exige a preposição de (saí do quarto). Assim, para que se direto, o verbo preocupar-se exige o complemento regido pela preposição
observe a norma gramatical, devemos colocar cada verbo acompanhado com (Eu me preocupo com o amigo). Assim, para corrigi-la, devemos
de seu complemento: repetir o pronome relativo, tomando o cuidado em usar, no segundo caso
(com preposição), o relativo quem (assunto a ser tratado na aula sobre
Entrei do quarto e saí dele com extrema rapidez. PRONOMES).

Se a transitividade dos verbos for a mesma, seja direta, seja indireta com a O amigo que muito admiro e com quem me preocupo veio aqui hoje.
mesma preposição, pode-se apresentar somente um dos elementos.
Todavia, alguns autores, para empregar ao texto maior brevidade e
O amigo que muito admiro e estimo veio aqui hoje. concisão, admitem a forma gramaticalmente inadequada.

O pronome relativo que retoma o substantivo amigo. Tanto o verbo “Não se recorda ou não sabe que perdeu uma carta?” (Machado de Assis)
admirar quanto estimar são transitivos diretos. Assim, não há preposição

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O verbo recordar é transitivo indireto, com a preposição de (alguém se Note que essa “simplificação” ocorre também em outras construções:
recorda de alguma coisa), ao passo que o verbo saber apresenta emprego
transitivo direto (alguém sabe alguma coisa). No entanto, um único Ele esteve com ela antes e durante o velório. (antes do velório)
complemento (o direto) foi apresentado.
Ele esteve com ela antes, durante e depois do velório. (durante o velório)

 COMPLEMENTOS COMUNS A MAIS DE UM VERBO

Se, em uma série de verbos com a mesma regência, apresenta-se um Eu muito os admiro e os respeito.
mesmo complemento expresso junto a um deles, pode-se repeti-lo Eu muito os admiro e respeito.
(valorizando cada um dos verbos) ou omiti-lo (dando ênfase ao conjunto
de ações). Tanto o verbo admirar como o respeitar são transitivos diretos, o que
possibilita essa construção.

 REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS

Agora, iremos analisar as possibilidades de sintaxe de regência de alguns Agradar


verbos. É lógico que nosso objetivo não é esgotar (até porque isso seria
impossível), mas simplesmente apresentar. a) No sentido de acariciar, acarinhar, é transitivo direto.

Sempre que surgirem dúvidas, busque o auxílio de um bom dicionário de Com as mãos calosas, agradava o filho choroso.
regência (como o indicado no início de nossa aula).
b) No sentido de satisfazer, contentar, é transitivo indireto.
Em alguns verbos, destacaremos observações feitas por mestres
consagrados, como Celso Luft, Evanildo Bechara e outros. Suas palavras agradaram ao público que o ouvia.

Como tudo na língua, a sintaxe de regência também sofre mutações Por analogia com contentar (transitivo direto), também ocorre a
decorrentes do uso. Por isso, serão registradas, também, algumas transitividade direta, não obstante impugnação dos puristas: “Essa
“inovações sintáticas” ocorridas em certos verbos e ressaltadas por Celso regência (transitiva direta) se justifica nas acepções contentar e afagar,
Luft em seu Dicionário Prático. mimar.” (Celso Luft).

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Esforça-se mas não consegue agradá-lo. Na linguagem coloquial, dada sua proximidade com os verbos VER,
PRESENCIAR, OBSERVAR (todos eles transitivos diretos), é usual o
E o que fazer na hora da prova? Analisar as demais opções e procurar emprego do verbo ASSISTIR (que, nessa acepção, é transitivo indireto) em
identificar o posicionamento da banca – se tradicional (transitividade voz passiva: A missa foi assistida por milhares de fiéis.
indireta) ou moderna (direta). De qualquer forma, se houver menção a
“norma culta”, segue-se a sintaxe original (agradar a alguém). De qualquer forma, segundo a linguagem culta formal, deve-se abolir essa
construção.
Aspirar
Para a prova, mais uma vez recomendamos cuidado: bancas tradicionais
a) No sentido de respirar, sorver, é transitivo direto. exigem os aspectos cultos da gramática, devendo ser respeitada a sintaxe
"Aspirava o cheiro das rosas abertas depois da chuva." (Rachel de Queiroz) original.

b)No sentido de desejar, pretender, buscar, é transitivo indireto (com Outras mais modernas podem aceitar a forma passiva. O jeito é analisar as
preposição A). opções e agir com bom senso.

"E quem mora no beco, só aspira ao beco." (Rachel de Queiroz) b) No sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, proteger, servir, é
Não se diz aspiro-lhe, e sim aspiro a ele(s), a ela(s). transitivo direto OU indireto (indiferentemente).
Só encontra o amor quem a ele aspira.
O médico assiste os doentes.
Assistir Ele assistiu-lhe (ao doente) na enfermidade.

a) No sentido de ver, presenciar, estar presente, é transitivo indireto. Esse Para lembrar: se for para prestar socorro, não importa a regência – assista
objeto indireto deve ser encabeçado pela preposição a, e se for expresso o/ao acidentado de qualquer forma.
por pronome de 3ª pessoa, exigirá a forma a ele(s), ou a ela(s) (nunca
lhe/lhes). c) No sentido de caber, pertencer de direito ou razão, é transitivo indireto.

Todos assistiam ao espetáculo (a ele). Não lhe assiste o direito de reclamar.

Vimos em nossa aula de verbos que os verbos transitivos apenas indiretos d) No sentido de morar, constrói-se com preposição EM, sendo
não se constroem na voz passiva porque só o objeto direto da ativa pode intransitivo. Aliás, essa é a sintaxe empregada aos verbos que indicam
transformar-se no sujeito da passiva. Ainda se lembra disso? Pois é, agora permanência (morar, residir, estar, situar-se).
a coisa vai complicar um pouquinho.
“Assiste em Lisboa.” (Caldas Aulete, citado por Celso Luft)

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Atender c) Com o sentido de apelidar, dar nome, qualificar, admite as seguintes


construções:
a) Quando o complemento for pessoa, é transitivo direto ou indireto
O diretor atendeu os/aos alunos. Chamaram-no covarde.
Chamaram-no de covarde.
Se a preferência for pelo pronome (e não o substantivo), usa-se somente Chamaram-lhe covarde.
de forma direta o, a, os, as (e não lhe/lhes): Chamaram-lhe de covarde.

O diretor os atendeu. Nessa construção, é um verbo transobjetivo, apresentando o


complemento verbal (objeto direto ou indireto) e o predicativo do objeto
b) Quando o complemento for coisa, é transitivo indireto. No entanto, (que pode vir acompanhado de preposição ou não).
modernamente é aceita também a forma direta para coisa.
Esse é o único verbo transobjetivo que apresenta complemento indireto.
O governo não atende as/às reivindicações dos grevistas. Todos os demais possuem apenas objetos diretos.
Atenda o/ao telefone, por favor.
Custar
Resumo: Modernamente, aceitam-se a sintaxe direta ou indireta,
indistintamente. Se o complemento estiver expresso por um pronome, a) No sentido de ser custoso, difícil, tem como sujeito aquilo que é difícil,
usa-se a forma direta (o,a, os, as). podendo apresentar-se sob a forma de uma oração reduzida de infinitivo,
que pode vir precedida da preposição a.
Chamar
Custa-me o seu silêncio. (O seu silêncio é custoso para mim.)
a) No sentido de chamar a presença de alguém, é transitivo direto: Custa-me dizer que acendeu um cigarro.
Custou-me muito a brigar com Sabina.
Eu chamei meu filho e pedi um favor.
Ninguém o chamou aqui, seu moço. Como vimos na aula sobre concordância verbal, quando o sujeito é
representado por uma oração (sujeito oracional), o verbo permanece na 3ª
b) Na acepção de pedir auxílio ou atenção, é transitivo indireto, com a pessoa do singular.
preposição por.
Na linguagem cotidiana, dada a sua proximidade com “demorar” ou “ser
"Gurgel tornou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela." (M. difícil”, houve alteração na construção, atribuindo-se valor à pessoa (Custei
Assis) a entender essa lição, Ele custou a chegar aqui.).

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Essa inovação sintática, presente até em registros literários, segundo O ministro informou o povo sobre as novidades na Economia.
CEGALLA (Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa), ainda não foi O ministro informou as novidades na Economia ao povo.
sancionada pelos gramáticos.
AVISAR:
Para a prova, leve a sintaxe originária: Custou-lhe chegar aqui. Custou-me Avisei o amigo do acidente. / Avisei o acidente ao amigo.
entender a lição.
Por isso, em construções de voz passiva, tanto a pessoa como a coisa
b) No sentido de causar, acarretar conseqüências, é transitivo direto e podem exercer a função de sujeito paciente, porque qualquer desses
indireto. elementos pode ser o objeto direto, indiferentemente:

A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. O amigo foi avisado do acidente. O acidente foi avisado ao amigo.
Outros verbos não possuem essa “flexibilidade”. Vamos analisar alguns
c) No sentido de indicar preço, é intransitivo. desses verbos inflexíveis

Esta casa custou trinta mil dólares. COMUNICAR:


Como o sentido originário desse verbo é “TORNAR ALGO COMUM
Informar, Avisar, Comunicar, Cientificar (enfatiza-se a coisa em detrimento da pessoa).

Agora, começamos a conhecer alguns verbos que admitem dupla regência, Assim, esse verbo apresenta a sintaxe direta para coisa e indireta para
ou seja, indistintamente direta e indireta para coisa ou pessoa (serão pessoa = COMUNICAR ALGO A ALGUÉM.
chamados de flexíveis), e outros que apresentam somente uma forma para
coisa e outra para pessoa (inflexíveis). Comunicamos ao diretor a decisão do grupo.

Parece que estou falando grego, não é? Vamos, então, partir para os Por isso, segundo a norma culta, condena-se a construção de voz passiva
exemplos. em que a pessoa se apresente como sujeito, uma vez que ela exercia a
função de objeto indireto da voz ativa. Somente a coisa pode ser o sujeito
Assim, o conceito fica claro. paciente:
Dentre os verbos flexíveis, podemos destacar:
A decisão do grupo foi comunicada ao diretor.
INFORMAR: (e não: O diretor foi comunicado da decisão do grupo)
Eu posso informar alguma coisa a alguém (direto para coisa e indireto para
pessoa) ou informar alguém de/sobre alguma coisa (direto para pessoa e CIENTIFICAR:
indireto para coisa). O sentido de CIENTIFICAR é TORNAR ALGUÉM CIENTE (enfatizase a pessoa
em detrimento da coisa).

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Enquanto o verbo comunicar apresenta construção direta para coisa e construção um valor involuntário da ação ocorrida (algo foi esquecido por
indireta para pessoa, o verbo cientificar é direto para pessoa e indireto mim).
para coisa (Eu cientifiquei o diretor da decisão do grupo.).
"Nunca me esqueceu esse fenômeno." (M. Assis)
Agora, para uma melhor compreensão, vamos traçar um paralelo entre = O fenômeno (sujeito) nunca esqueceu a mim (objeto indireto). Tudo o
COMUNICAR e CIENTIFICAR. que acontece com o verbo ESQUECER se repete com o verbo LEMBRAR.

COMUNICAR ALGO A ALGUÉM ≠ CIENTIFICAR ALGUÉM DE ALGO Celso Luft Lembrar


observa que às vezes ocorre a inovação sintática cientificar algo a alguém,
que atinge também verbos como informar, avisar, certificar. Contudo, em a) Com o sentido de trazer à lembrança, evocar, recordar-se, é transitivo
linguagem culta forma, é preferível a sintaxe originária cientificá-lo de. direto.

No decorrer dos exercícios de fixação, encontraremos mais alguns verbos Seu penteado lembrava as divas de Hollywood.
de dupla possibilidade de regência.
b) Com sentido de vir à memória, aceita, à semelhança do que ocorre com
Esquecer o verbo esquecer, três modelos de construção:

Admite três construções diferentes: Lembro o acontecimento.


Lembro-me do acontecimento.
Esqueci o nome dele. Lembra-me o acontecimento
Esqueci-me do nome dele.
Esqueceu-me o nome dele. Implicar

Quando pronominal (esquecer-se), o verbo necessariamente é empregado a) No sentido de ter implicância com, mostrar má disposição para com
com complemento indireto (esquecer-se de algo). alguém, é transitivo indireto.

Se este complemento for oracional, especialmente em orações Implicou com os irmãos..


desenvolvidas (iniciadas pela conjunção que), admite-se a omissão da
preposição DE: “Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma b) No sentido de comprometer-se, enredar-se, envolver-se em situações
pedra” (Drummond). embaraçosas, é acompanhado de pronome reflexivo e de complemento
introduzido pela preposição EM.
O que nas duas primeiras construções é objeto (direto ou indireto) passa a
sujeito na terceira: "O nome dele esqueceu-me" significa que esse nome Atualmente não são poucos os políticos que se implicam em negociatas.
apagou-se da memória, saiu da lembrança. Essa sintaxe emprega à

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c) No sentido de trazer como conseqüência, acarretar, é transitivo direto. Em relação à possibilidade do emprego dos pronomes oblíquos lhe/lhes
"... um dever que implica desdouro para meu amigo, se eu me esquivar a no lugar de a ele(s)/ela(s), a maioria esmagadora dos gramáticos se
cumprilo." (C. C. Branco) posiciona favoravelmente à troca.
"...sem que a investida do novo chefe implicasse a menor quebra no
movimento político e social." (Latino Coelho) Ele não é capaz de obedecer às ordens de seu chefe.
Quem lhe desobedecer sofrerá sanções.
Celso Luft: “Implicar em algo é inovação em relação a implicar algo por
influência dos sinônimos redundar, reverter, resultar, importar. Mesmo sendo um verbo transitivo indireto, modernamente admite voz
Aparentemente brasileirismo. passiva, reminiscência do antigo regime transitivo direto. São diversos
registros literários dessa possibilidade. Essa observação, inclusive, consta
Plenamente consagrado, admitido até pela Gramática Normativa. da Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e
P.ex.: Tal procedimento implica (em) desdouro (Rocha Lima, Gramática Lindley Cintra, e é abonada por Celso Luft (“A voz passiva é vista como
Normativa da Língua Portuguesa, pg. 401)” normal - Alguém é obedecido.”).

Em relação a essa inovação, já vejamos uma questão de prova da ESAF: "A Senhora manda, e é obedecida." (José de Alencar)
(AFRF/2002.1) Julgue os períodos abaixo em relação à correção gramatical.
Em linguagem culta formal, contudo, ainda se recomenda a construção
b) A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, indireta.
nessa Lei estão definidas várias condutas que implicam tratamento
discriminatório, motivado pelo preconceito racial. / A prática do racismo é Para a prova, tome muito cuidado. Algumas bancas são extremamente
definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas tradicionais e ficam naquele “feijão com arroz”. Outras já preferem inovar
várias condutas que implicam em tratamento discriminatório, motivado e explorar novos conceitos. O candidato deve procurar identificar o
pelo preconceito racial. posicionamento da banca e, se isso não for possível, analisar as demais
Este item foi considerado CORRETO pela banca. opções antes de tachar a afirmação como certa ou errada.

Na acepção de trazer como conseqüência, acarretar, tradicionalmente o Idêntica é a construção do antônimo desobedecer.
verbo implicar é transitivo direto (“Seu silêncio implicava Ele não podia mais desobedecer às vontades de Deus.
consentimento.”). Contudo, provavelmente seguindo a doutrina recente, a
construção com o verbo transitivo indireto foi tida por correta em ambos Vamos ver uma questão de prova:
os períodos – implicam tratamento / implicam em tratamento. (NCE UFRJ / INCRA / 2005)

Obedecer 25 - Sabemos que só os verbos transitivos diretos admitem a forma


passiva; por isso, a alternativa que mostra uma forma adequada de
É um verbo transitivo indireto, que rege a preposição a. passiva é:

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Reginaldo Gonçalves – DIREITO

(A) O pai do candidato foi comunicado do ocorrido; Pedir


(B) Os professores são muito obedecidos pelos alunos;
(C) O chefe foi substituído pelo novo funcionário; Trata-se de um verbo transitivo direto. Somente aceita o complemento
(D) O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros; regido pela preposição para quando houver subentendida, entre o verbo e
(E) A peça será acontecida no dia 28 de agosto. a preposição, uma palavra como licença, autorização, permissão.

O gabarito foi a letra C. Note que a banca da UFRJ não aceitou a forma Pedimos que sejam observadas as regras de convivência.
passiva do verbo OBEDECER (opção B), considerando-a inadequada. Os alunos pediram para sair. (permissão para sair)

Em relação aos demais verbos: Perdoar - Pagar – Agradecer

a) o verbo COMUNICAR apresenta como objeto direto a COISA e indireto a Na língua culta, constroem-se com objeto direto em relação à coisa e
PESSOA. Por isso, estaria incorreta a forma passiva de pessoa como sujeito objeto indireto em relação à pessoa.
paciente
(O pai foi comunicado). Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem!
Agradeci-lhe os presentes.
c) o verbo SUBSTITUIR é transitivo direto – Uma pessoa substitui outra. Já paguei as contas a meus credores.
Assim, é possível a construção passiva: O chefe foi substituído. Essa foi a
resposta certa. Contudo, por influência de verbos do mesmo campo semântico –
desculpar alguém / indenizar alguém– surgiu uma nova estrutura: objeto
d) na acepção de “ser o sucessor”, o verbo SUCEDER constrói-se com direto para a pessoa (perdoar alguém / pagar alguém), o que levou à
objeto indireto: Ele sucedeu ao pai na gestão dos negócios. possibilidade de construção passiva:

Contudo, há registros clássicos da transitividade direta do verbo (sintaxe Todos foram perdoados pelo rei (o rei perdoou todos).
em desuso). Luft registra que “é compreensível certa inclinação por Neste mês, os empregados não serão pagos (a empresa não pagará os
sucedê-lo na linguagem culta formal”, muito comum no português empregados).
clássico, talvez por influência do verbo substituir. Note que a banca não
aceitou a forma direta, considerando incorreta a construção de voz passiva Preferir
O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros.
O verbo é transitivo direto e indireto (Preferir uma coisa a outra).
e) O verbo ACONTECER pode ser INTRANSITIVO (algo acontece) ou
TRANSITIVO INDIRETO com a preposição a (algo acontece a alguém). Não "Capitu preferiu tudo ao seminário." (M. Assis)
há, pois, objeto direto para que se possa construir voz passiva.

UNINORTE - 2010 7
TIRANDO DÚVIDAS
Reginaldo Gonçalves – DIREITO

Em virtude da proximidade semântica com querer, desejar (uma coisa A regência primária apresenta complemento indireto, com a preposição a:
mais do que outra), passou a ser comum na linguagem coloquial a forma
preferir uma coisa mais do que outra ou preferir muito mais, construções Responder às cartas, às perguntas, ao questionário.
condenadas pelos gramáticos.
Contudo, na língua vigente no Brasil, a sintaxe direta para coisa já está
Para a prova, tenha sempre em mente a sintaxe original: PREFERIR ALGO A consagrada, ainda que repudiada pelos puristas.
OUTRA COISA.
O verbo, nesse caso, pede objeto direto para coisa e indireto para pessoa
Não há impedimento algum para a construção com somente o (Responder algo a alguém). O objeto indireto pode se apresentar sob a
complemento direto: forma de pronome (lhe/lhes).

Prefiro os antigos moldes. Não irei responder-lhe o pedido de casamento.


Respondo as suas cartas..
Proceder
Essa construção possibilita a voz passiva:
a) No sentido de ter fundamento é intransitivo. As cartas foram respondidas.

Seu pedido não procede. Simpatizar

b) Como portar-se, conduzir-se, é intransitivo também, sempre seguido de O verbo simpatizar não é pronominal. Pede objeto indireto regido da
adjunto adverbial de modo. preposição com.

Sua esposa procedia brilhantemente em público. Simpatizei com ela. (correto)


Simpatizei-me com ela. (errado)
c) Na acepção de provir, originar-se, descender, usa-se com preposição de. Não simpatizei com ele nem com suas idéias.

A língua portuguesa procede do latim. O verbo antipatizar apresenta o mesmo regime.


A classe antipatizou com o novo professor.
d) Usa-se com preposição a (transitivo indireto) no sentido de dar início,
realizar. Visar

Proceder-se-á ao início da sessão. a) No sentido de dirigir a pontaria, apontar arma de fogo contra algo ou
alguém, é transitivo direto.
Responder Visei o alvo.

UNINORTE - 2010 8
TIRANDO DÚVIDAS
Reginaldo Gonçalves – DIREITO

b) No sentido de pôr o visto em, é transitivo direto. • clara definição de responsabilidades entre as entidades públicas;
• aumento de flexibilidade, por meio da(4) simplificação de processos e da
As autoridades visaram o passaporte. redução da burocracia;
• oportunidade de escolha por parte do público em relação aos provedores
c) Na acepção de ter em vista um fim, pretender, deve empregar-se de de serviços.
preferência com a preposição a, embora modernamente, devido à
aproximação com verbos como buscar, pretender, objetivar (transitivos A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16
diretos), se acumulem exemplos com objeto direto. bilhões de libras. (Adaptado de Revista Veja, n. 49, p.154.)
a) 1
Nela visei, acima de tudo, ao bem da comunidade. b) 2
c) 3
O verbo visar já se constrói, nesse sentido, sem a preposição: d) 4
Essa sociedade não visa lucro. e) 5

Essa inovação ocorre, principalmente, quando o complemento vem sob a O gabarito foi a letra c – o verbo visar, no sentido de objetivar,
forma nominal de infinitivo. originalmente é transitivo indireto.

Eles visam alcançar suas metas. Assim, em “uma reforma que visa o aumento de produtividade”, devemos
inserir a preposição a: visa ao aumento de produtividade.
Vamos ver como a ESAF tratou do assunto:
(TCU/ 2006) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical. A Caso restasse alguma dúvida em relação à possibilidade de se construir
precariedade dos serviços públicos é responsável por cerca de(1) 8% das sob a forma direta (modernamente aceita), a banca tratou de sepultá-la
barreiras ao crescimento do País. Esse impacto se deve aos(2) efeitos em com a apresentação do outro objeto indireto: “visa (...) à melhoria da
cascata que as deficiências no setor público causam à economia. No Brasil, qualidade dos serviços públicos”.
esses problemas parecem tão arraigados à rotina nacional que aparentam
ser imutáveis. Não são. O Reino Unido está implementando uma reforma É assim que se faz prova: diante de uma questão cujo tema é polêmico,
que visa o(3) aumento de produtividade e à melhoria da qualidade dos você deverá analisar com cuidado todas as possibilidades. Normalmente,
serviços públicos. bancas consagradas, como a ESAF, procurar fugir desse debate, indicando,
de alguma forma, o seu posicionamento.
O primeiro passo aconteceu com o estabelecimento de alguns princípios:
• metas nacionais de desempenho, mensuráveis e disponíveis para
comparação pelo público;

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TIRANDO DÚVIDAS
Reginaldo Gonçalves – DIREITO

VERBOS DE DESLOCAMENTO X VERBOS DE PERMANÊNCIA


Verbos que indicam deslocamento (chegar, ir, voltar, etc.) constroem-se com a
preposição a, opondo-se aos que indicam permanência (morar, residir, etc.), que se
constroem com a preposição em.
Ele chegou ao colégio muito cedo.
O presidente veio a São Paulo de avião.
Ele mora na rua Virgílio de Resende.
Ficarei em casa a noite.
Se você ficou pensando naquela clássica expressão ENTREGAMOS À DOMICÍLIO,
muito comum nos letreiros de pizzarias, farmácias e afins, vamos entender.
Para começar, como veremos na próxima aula, palavras masculinas não podem ser
precedidas de “a” com acento grave, pois não apresentam um artigo definido
feminino antes de si (afinal de contas, elas são masculinas!!!). Então, não ocorre
crase.
Em relação à regência do verbo entregar, eu lhe pergunto: a entrega por ser feita a
alguém em algum lugar, não é? O complemento que indica a “pessoa que recebe a
entrega” é regido da preposição A (Entreguei ao porteiro). Mas “domicílio” não é uma
pessoa, e sim um local (expressão de valor adverbial). Por isso, a preposição que
17
antecede esse vocábulo é EM – Entregamos em qualquer ponto do país (e não a
qualquer ponto do país).
Por isso, a entrega é feita em domicílio ou no domicílio, e nunca “à domicílio”.
E agora, consegui acabar com aquela confusão que a pizzaria causou?
Agora, até bateu uma fome. Ainda bem que nossa aula está chegando ao fim.
O passo seguinte é resolver as questões de fixação, até mesmo para ver como as
bancas examinadoras se posicionam, e estudar, estudar, estudar...
Em nossos próximos encontros, voltaremos a este assunto. Falaremos sobre CRASE
e, em seguida, PRONOMES, estudando, inclusive, a relação entre sintaxe de
regência e pronomes relativos.
Bons estudos e até lá.

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TIRANDO DÚVIDAS
Reginaldo Gonçalves – DIREITO

 Questões de Fixação com Gabarito Comentado

QUESTÕES DE FIXAÇÃO Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço
01 - (FGV/ALESP/2002) ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa
Assinale a alternativa cuja regência está de acordo com o padrão culto: consignada. (Novo Código Civil)
A. Prefiro mais doce a salgado.
B. Prefiro mais doce do que salgado. Pela leitura do texto II, percebe-se a importância do uso correto dos
C. Prefiro doce do que salgado. pronomes oblíquos. Assinale a alternativa em que isso NÃO tenha
D. Prefiro doce a salgado. ocorrido.
(A) O chefe encontrou a secretária no corredor e pagou-a ali mesmo.
02 - (FGV/Pref.Guarulhos/2001) (B) Cabia-lhe o direito de reaver o documento.
Assinale a alternativa em que há erro de regência verbal. (C) Os pacientes esperavam que o médico os assistisse com urgência.
A. Minha aparência não lhe agradou. (D) Ele não lhe perdoou a dívida.
B. Esta é a regra que você obedecerá. (E) Ela lembrava-lhe a boa infância.
C. Assiste-lhe sempre esse direito.
D. Essa foi a conclusão a que chegamos. 05 - (ESAF/AFRF/2003) Julgue a assertiva abaixo em relação aos aspectos
gramaticais.
03 - (FGV/ICMS MS – ATI/2006) a) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou
Em Você se lembra do rosto dela naquele instante?, obedeceu-se às regras profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político
de regência verbal. imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência.
Assinale a alternativa em que isso não tenha ocorrido.
(A) Prefiro questões de gramática do que de interpretação. 06 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003)
(B) Aspiraram à vaga de piloto da companhia aérea. Sobre a regência do verbo assistir na oração “a Região Metropolitana
(C) Os médicos assistiram o paciente. finalmente assistia ao início de um capítulo bom da novela protagonizada
(D) Perdoamos-lhes as dívidas. por mais de 3 milhões de pessoas” (linhas 10-13), pode-se afirmar que:
(E) Pagaram-lhe bem. A) está correta, porque o verbo foi empregado como transitivo indireto, no
sentido de ser do direito;
04 - (BESC / ADVOGADO/ 2004) B) é semelhante à regência do verbo amar em frases como “Deve-se amar
Texto II ao próximo”;
CAPÍTULO III C) admite a construção passiva, que seria: “O início de um capítulo bom da
Do Contrato Estimatório novela protagonizada por mais de 3 milhões de pessoas era assistido
finalmente pela Região Metropolitana;

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TIRANDO DÚVIDAS
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D) está consoante com a língua escrita padrão, mas divergente dos hábitos 2. “Os decretos-leis (...) abanam o rabo negativamente” / Os decretos-leis
da língua falada no Brasil; (...) abanam-lhe negativamente
3. “Mas se tiveres alguma dúvida” / Mas se tiveres ela.
07 - (CESGRANRIO / PREF.MANAUS / 2004) 4. “Os decretos-leis tentam barrar um senhor distinto” / Os decretos-leis
Marque a opção em que a regência do verbo NÃO está adequada, tentam barrá-lo
conforme a norma culta. 5. “Agora é só (...) encheres este formulário-sanfona” / Agora é só (...) o
(A) O pesquisador agregou-se ao grupo da universidade. encheres
(B) O auxiliar inseriu os dados no computador.
(C) A criança agradeceu os primos o presente. 11 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)
(D) A situação de crise influiu na decisão do conselho. Muitos gramáticos condenam o uso de um mesmo complemento referido
(E) Eu entreguei o requerimento ao advogado. a verbos de regência diferente, o que ocorre em:
(A) entrar e sair de casa;
08 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005) (B) contemplar e pintar a paisagem;
Assinale a opção que corresponde à melhor redação, considerando (C) ler e memorizar o telefone;
correção, clareza e concisão. (D) conhecer e admirar a obra do artista;
(A) A parada o autorizava à cobrar um novo preço; (E) precisar e gostar de boas companhias.
(B) A parada lhe autorizava de cobrar um novo preço;
(C) A parada o autorizava de cobrar um novo preço; 12 - (ESAF/AFC STN/2002)
(D) A parada o autorizava a cobrar um novo preço; No passado, para garantir o sucesso de um filho ou de uma filha, bastava
(E) A parada lhe autorizava a cobrar um novo preço. conseguir que eles tirassem um diploma de curso superior. Uma vez
formados, seriam automaticamente chamados de “doutor” e teriam um
09 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) salário de classe média para o resto da vida. De uns anos para cá, essa
A alternativa em que o pronome LHE está mal empregado é: fórmula não funciona mais. Quem quiser garantir o futuro dos filhos, além
(A) Só lhe comuniquei de minha decisão ontem; do curso superior, terá de lhes arrumar um capital inicial. Esse capital
(B) Não lhe desejo mal; deverá ser suficiente para o investimento que gerará um emprego para
(C) Deste ator só lhe conhecia a foto; seu filho.
(D) Vou apresentar-lhe meu amigo;
(E) Atribuímos-lhe uma atitude negativa. Em relação aos aspectos textuais, julgue a asserção abaixo.
a) A regência do verbo chamar empregada no texto(l.3) é considerada
10 - (UnB CESPE/INSS/1998) coloquial. A gramática ortodoxa recomenda, como mais formal, o emprego
Quanto à correção da substituição do trecho sublinhado pela forma desse verbo como transitivo direto.
apresentada em negrito, julgue os itens abaixo.
1. “Já fez sua declaração de imposto de renda? / Já a fez? 13 - (CESGRANRIO/TRANSPETRO/2006)
Por meio de uma carta, os funcionários _______________ aos superiores.

UNINORTE - 2010 2
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Com respeito à regência, a forma verbal que preenche adequadamente a 16 - (ESAF / Analista IRB/2004) Identifique a letra em que uma das frases
lacuna acima é: apresenta erro de regência verbal.
(A) chamaram. a) Atender uma explicação.
(B) convidaram. Atender a um conselho.
(C) cumprimentaram. b) O diretor atendeu aos interessados.
(D) pressionaram. O diretor atendeu-os no que foi possível.
(E) responderam. c) Atender às condições do mercado.
Os requerentes foram atendidos pelo juiz.
14 - (FCC / INSS MEDICO / 2006) d) Atender o telefone.
Empregou-se de acordo com o padrão culto escrito a forma grifada em: Atender ao telefone.
(A)) Estava tão atrapalhado, que enviou a carta justamente àquele que e) Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença.
nunca poderia tê-la recebido. Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio.
(B) A atitude desequilibrada daquele jovem foi uma heresia aos idosos que
ali estavam sendo homenageados. 17 - (UnB CESPE/DEFENSOR/2004)
(C) Informou-lhe de que deveria fechar o contrato até o fim do dia. Analise a correção da assertiva abaixo.
(D) Recuperou-lhe daquele distúrbio com a competência e dedicação que Em “Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a
todos lhe reconhecem. um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de
(E) Ele foi investido com uma difícil tarefa de comando, da qual se comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore,
desincumbiu com grande habilidade. história, musicalidade, religião etc.”, o emprego da preposição que
antecede os termos “um país” e “humanidade” é exigido pelas regras de
15 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002) regência segundo as quais está empregado o verbo implicar.
Como na frase “O nível de complexidade do Deep Fritz reside nas linhas de
código que o constituem” (linhas 17-18), também as frases abaixo estão 18 - (UnB CESPE / AGU / 2002)
corretas quanto ao emprego do pronome o, menos em uma, em que o A impunidade que daí deriva não está ligada, pois, a diferenças sociais que
correto seria empregar o pronome lhe. Esta frase está na opção: impliquem que nem todos sejam iguais perante a lei, mas tão-só a que
A) Procurei um técnico para cientificá-lo de que havia um problema para todos se submetem a ela como se vestissem roupas muito maiores que as
resolver. devidas. A sociedade moderna é democraticamente relaxada.
B) Embora o problema fosse de difícil solução, o computador o resolveu.
C) Vou procurar o técnico para certificá-lo que o problema já foi resolvido. Com base no trecho acima, julgue a assertiva.
D) O cientista comentou que a empresa o contratou para resolver Em “a diferenças sociais” (l.1), “a que todos” (l.2) e “a ela” (l.3), as três
problemas complexos. ocorrências da preposição “a” devem-se à regência da palavra “ligada”
E) A empresa que construiu o computador resolveu doá-lo para um museu. (l.1).

19 - (ESAF/TFC SFC/2000).

UNINORTE - 2010 3
TIRANDO DÚVIDAS
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Assinale a opção que corresponde a erro gramatical. 2002 estão desobrigadas de prestar contas. Quem deixou de entregar a
Outro mito muito em voga(A) é de que(B) a globalização torna(C) a vida declaração no prazo pagará multa mínima de R$ 5 mil por mês-calendário.
das pessoas muito mais instável. Isso é só parcialmente verdade. As Em caso de omissão ou informação de dados incorretos ou incompletos, a
economias estão muito mais competitivas hoje em boa parte do mundo, o multa será de 5% sobre o valor da transação.
que(D) pode passar uma sensação maior de instabilidade. Um recente e) Essa declaração foi criada em fevereiro de 2003 para identificar as
estudo do Banco Mundial, no entanto, mostra que(E) não há nenhuma operações de venda e aluguel de imóveis. A Receita quer saber, por
evidência de aumento da instabilidade em termos de crescimento de PIB e exemplo, a data, o valor da transação e a comissão paga ao corretor. No
de consumo privado na América Latina. (Adaptado de Exame, 1/11/2000, ano passado, foram fiscalizadas 495
p.141) empresas do setor, cujas autuações somaram R$ 1,2 bilhão. (Adaptado de
a) A www.receita.fazenda.gov.br, 5/06/2003)
b) B
c) C 21 - (UnB CESPE / AGU / 2002)
d) D Analise a assertiva a seguir.
e) E A substituição do trecho “A minha firme convicção é que” (R.25) por A
minha firme convicção é a de que estaria em desacordo com as exigências
20 - (ESAF/TRF/2003) Assinale a opção em que o trecho do texto foi de formalidade da norma culta escrita.
transcrito com erro de sintaxe.
a) As empresas do setor imobiliário que deixaram de prestar contas das 22 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002)
transações realizadas em 2002 vão ser alvo de investigação da Receita Analise a proposição abaixo.
Federal. Imobiliárias, construtoras e incorporadoras tinham prazo limitado O verbo “conferem”, em “o BB adotou medidas que conferem maior
para entregar a Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias- transparência às decisões internas e às movimentações da empresa no
Dimob. mercado bancário” está empregado no texto com a mesma regência e com
b) A estimativa é de que metade das empresas não declarou, mas o sentido equivalente ao que está empregado no seguinte exemplo: Os
coordenador geral de Fiscalização da Receita acredita que muitas delas dados do relatório final do BB conferem com aqueles divulgados pela
ainda vão cumprir a exigência. Até o prazo foram entregues 21.395 imprensa no decorrer da semana.
declarações, mas nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil
empresas que estariam obrigadas a declarar. 23 - (UnB CESPE/CEF/2006)
c) O coordenador diz que os dados da Dimob serão confrontados com as Julgue o item que se segue.
informações da declaração das empresas e das pessoas físicas. O No trecho “que a família ensine a criança, desde pequena, a saber lidar
coordenador afirma ainda que as informações serão cruzadas com os com dinheiro e a se envolver com o controle dos gastos”, o verbo ensinar
dados da CPMF, que têm sido instrumento indispensável ao trabalho de rege um complemento com preposição e um sem preposição.
fiscalização do órgão.
d) Na declaração, as imobiliárias só devem informar as operações 24 - (FCC/TCE MA – Analista/2005)
realizadas no ano passado. As empresas que não tiveram atividades em ... os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes...

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TIRANDO DÚVIDAS
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O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima O Conselho Nacional de Justiça precisará de segmentos setoriais...
está na frase: O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está na
(A) ... choveu menos na Amazônia. frase:
(B) ... assim como aconteceu no início do século XX. (A) ... tornando-a mais rápida...
(C)) ... duplicando o impacto sobre o ambiente. (B) ... limita a liberdade dos juízes...
(D) ... que se trata de variações médias ao longo de três décadas. (C) ... e pode permitir a influência do Executivo...
(E) ... a atual seca se torna mais relativa. (D) ... se a aplicação for restrita a matérias tributárias...
(E) ... mas valem apenas para os advogados privados...
25 - (FCC/TRT 15ª Região/2004)

 Gabaritos Comentados das Questões de Fixação

01 – D O verbo obedecer é transitivo indireto, regendo a preposição a. Por isso,


Como vimos, o verbo preferir, quando se apresenta bitransitivo, ou seja, essa preposição deve anteceder o pronome relativo que substitui o objeto
com complemento direto e indireto, emprega a preposição a junto a este indireto (regra): Esta é a regra a que você obedecerá.
último. Assim, o certo é “prefiro doce a salgado”. Na opção a, temos o verbo agradar. A banca manteve o posicionamento
O paralelismo sintático deve ser observado. O que é isso? É a relação entre originário e apresentou o verbo, na acepção de contentar, como transitivo
elementos de mesma função, no caso, complementos verbais. Se indireto, usando o pronome lhe. Supondo que o examinador apresentasse
resolvermos colocar o artigo antes do primeiro elemento, exceto em o verbo agradar com complemento direto (agradá-lo), o candidato
situações muito particulares, devemos repeti-lo nos demais. Assim, como deveria ler atentamente todas as opções antes de marcar a resposta. Na
não houve artigo antes do objeto direto (doce), também não haverá antes opção seguinte, a regência estava inquestionavelmente incorreta.
do objeto indireto (salgado). O verbo assistir, no sentido de caber razão ou direito, é transitivo indireto
Não vai se acostumando com essa molezinha aí, não... essa questão (opção c).
tranqüila só foi colocada no início da bateria de exercícios para dar um Finalmente, o verbo chegar, por indicar deslocamento, rege a preposição
refresco. Mais adiante, vamos ver questões “de verdade”. a. Quem diz “chegar em” não chega a lugar algum. Está correta a
construção apresentada na opção e (Nós chegamos a uma conclusão �a
02 – B conclusão a que chegamos).

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03 – A substantivo carteira uma característica – a sua propriedade. Assim, sua


Essa deve ter sido barbada também. A prova para o ICMS de Mato Grosso função não é a de objeto indireto (complemento verbal).
do Sul foi aplicada recentemente. Como vimos na questão 01, a regência Na oração “Ela lembrava-lhe a boa infância”, o complemento verbal
do verbo preferir, quando bitransitivo, exige a preposição a. Assim, (objeto direto) é “a boa infância”, atendendo à sintaxe de regência do
“prefiro questões de gramática a de interpretação”. verbo lembrar (transitivo direto).
O verbo aspirar, como desejar, é transitivo indireto, com a preposição a. Mais uma vez, vemos que a função do pronome oblíquo lhe não é
Está correta a opção b. completar o sentido do verbo (como o faria um objeto indireto), mas
O verbo assistir, no sentido de prestar assistência, pode ser construído modificar o substantivo “infância”, como o faria um pronome possessivo
com objeto direto ou indireto. O examinador apresentou a primeira forma. sua (Ela lembrava a sua boa infância). Por isso, a função sintática do
Tanto o verbo perdoar (d) quanto pagar (e), segundo a norma culta, pronome oblíquo, com valor de possessivo, é a de adjunto adnominal
possuem objeto direto de coisa e indireto de pessoa. Assim, também estão (elemento que vem junto ao nome para definir, alterar ou restringir o
corretas as formas “Perdoamos-lhes as dívidas” e “Pagaram-lhe [a ele] significado do nome). Está, portanto, correta a construção.
bem”. Essa opção deve ter suscitado inúmeras dúvidas, hem? Bem que lhe avisei
que a moleza iria acabar...
04 – A Não se preocupe com esses conceitos sobre pronome. Voltaremos a falar
Conforme vimos na questão anterior, o verbo pagar, em relação à pessoa, sobre o assunto na aula própria.
é indireto. Assim, o correto seria “pagou-lhe *ou a ela+ ali mesmo”.
Na opção b, o sujeito do verbo caber era “o direito de reaver o 05 - Item CORRETO
documento”. Isso cabia a alguém. Foi corretamente empregado o Já que falamos sobre o verbo lembrar, vamos falar agora sobre o seu
pronome lhe na indicação do objeto indireto de pessoa. antônimo.
Em questões anteriores, já falamos sobre a regência dos verbos assistir (no O verbo esquecer-se, como vimos, quando pronominal, é transitivo
sentido de prestar assistência) e perdoar. indireto, regendo a preposição de (Não se esqueça de mim.). Contudo,
Resta-nos destacar o emprego do pronome pessoal oblíquo com valor quando o seu complemento indireto está sob a forma oracional (“que a
possessivo na opção e. Em regra, os pronomes pessoais oblíquos são construção do autoritarismo...”), é possível a elipse (omissão) da
usados para representar um nome (substantivo), evitando, assim, sua preposição.
repetição (mais sobre isso será tratado na aula específica sobre
pronomes). 06 – D
No entanto, o pronome oblíquo pode ser também usado com valor A banca “brincou” com a regência do verbo assistir e o desuso da
possessivo, ou seja, no lugar do “seu/sua” ou “dele/a”. Esse emprego construção clássica. Na acepção de ver, presenciar, é transitivo indireto
costuma causar muita confusão com a função de objeto indireto, uma vez com a preposição a.
que o pronome também pode se ligar ao verbo por meio de hífen. Por isso, não admite voz passiva. No entanto, na linguagem coloquial, a do
Vejamos a diferença. Em “Roubou-lhe a carteira”, o que se quer dizer é dia-a-dia, a do botequim, duvido que alguém tenha coragem de dizer:
que “roubou a sua carteira” ou “roubou a carteira dela”. Esse pronome, na “Saia da minha frente, pois estou assistindo ao jogo”. No mínimo, vão
verdade, não está complementando o verbo roubar, mas atribuindo ao achar que é provocação.

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TIRANDO DÚVIDAS
Reginaldo Gonçalves – DIREITO

e) Atribuímos a ele uma atitude negativa.


07 – C
Ainda que você se lembrasse da polêmica do verbo agradecer (opção c), a 10 – C / E / E / C / C
banca facilitou a sua vida: apresentou dois complementos diretos. Estão incorretas as substituições propostas nos itens 2 e 3:
Segundo a norma padrão, a forma adequada seria: A criança agradeceu Item 2 – O verbo abanar é transitivo direto (abanam o rabo). Assim, o
aos primos o presente (indireto de pessoa, direto de coisa). pronome que deve ser usado é “o”, e não o “lhe”.
Após verbos terminados de forma nasal (com –m, -õe ou –ão, como em
08 – D abanam), os pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as) recebem a letra n:
Esse é mais um verbo que apresenta dupla possibilidade de regência: abanam-no. Essa lição consta do comentário à questão 24 da Aula 2 –
pode-se autorizar alguém a algo (direto de pessoa e indireto de coisa) ou Verbo. Se você já a tiver esquecido, volte a estudá-la.
autorizar algo a alguém (direto de coisa e indireto de pessoa). De qualquer Item 3 – Iremos tratar do emprego dos pronomes oblíquos.
forma, a preposição é a, e não “de”. Eliminamos, assim, as opções b e c. Por ora, iremos nos ater a registrar que os pronomes ele, ela, eles, elas,
Na opção e, a banca sugere dois complementos indiretos: lhe e a cobrar quando oblíquos, devem estar necessariamente acompanhados de
um novo preço, enquanto que na opção a coloca um acento grave antes preposição. O correto seria: Mas se a tiveres.
de um verbo (que não pode ser antecedido de artigo definido feminino –
crase é o assunto da próxima aula). 11 – A
Por isso, a única opção correta é mesmo a letra d – “A parada o autorizava Essa questão trata do emprego de verbos de regências diferentes em
(direto de pessoa) a cobrar um novo preço (indireto de coisa)”. relação a um mesmo complemento.
Nesses casos, é recomendável a seguinte construção: entrar em casa e sair
09 – A dela.
O verbo comunicar é transitivo direto para coisa e indireto para pessoa As demais opções apresentam verbos de idêntica regência, podendo ser
(Comunicar algo a alguém). Assim, o erro não está necessariamente no usado apenas um complemento para ambos.
emprego do pronome lhe, mas na colocação de uma preposição antes do
objeto direto: Só lhe comuniquei minha decisão ontem. Não há, no 12 - Item INCORRETO.
Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, abono para a O verbo CHAMAR, na acepção apresentada, é um verbo transobjetivo, ou
construção “Comunicar alguém de algo”, só “Comunicar algo a alguém”. seja, além do objeto, exige um predicativo do objeto.
Na opção c, há um excelente exemplo do pronome oblíquo com valor Ao contrário de todos os demais verbos transobjetivos, o verbo chamar,
possessivo, mencionado na questão 4: Só conhecia a foto do ator = Só segundo a norma culta, pode ser tanto transitivo direto quanto indireto,
conhecia a sua foto / a foto dele = Só lhe conhecia a foto. sem que o seu significado seja alterado.
O pronome não está complementando o verbo, mas se referindo ao nome Em suma, com o sentido de apelidar, qualificar, tachar, o complemento
(foto). verbal do verbo chamar tanto pode ser um objeto direto (Chamou fulano
Nas demais opções, também está correto o emprego do pronome oblíquo: de mesquinho / Chamou-o de mesquinho) quanto um objeto indireto, com
b) Não desejo mal a ele; a preposição a ou o pronome lhe (Chamou a fulano de mesquinho /
d) Vou apresentar meu amigo a ele; Chamou-lhe de mesquinho.).

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Por sua vez, o termo “mesquinho”, que, no exemplo acima, se refere a seqüência: no sentido de assegurar, é transitivo direto e indireto – todos
“fulano” (objeto direto/indireto), exerce a função de predicativo do objeto lhe reconhecem a competência e dedicação.
(direto/indireto) e pode vir ou não precedido de preposição – Chamou
fulano (de) mesquinho / Chamou a fulano (de) mesquinho. 15 – C
Na construção de linha 3, o verbo chamar é transitivo direto e está O verbo certificar é mais um exemplo de dupla possibilidade de regência,
construído em voz passiva (“seriam automaticamente chamados de assim como informar, avisar: a sintaxe originária é certificar alguém de
‘doutor’...”). Por isso, são dois os equívocos: alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa); contudo, acabou
1. afirmar que o verbo chamar, na construção, não seria transitivo direto – evoluindo para certificar algo a alguém (direto para coisa e indireto para
ele é transitivo direto, sim, e por isso possibilita a voz passiva; pessoa). A banca explorou esse conceito.
2. considerar que a norma culta recomenda apenas a forma direta a) O objeto direto é relativo a pessoa (representado pelo pronome oblíquo
(admitem-se as duas transitividades – direta ou indireta). o), enquanto que o indireto, referente a coisa (de que havia um
problema).
13 – E b) O verbo resolver é transitivo direto (o computador resolveu o
Agora, o verbo chamar (opção a) significa convocar, solicitar a presença, é problema). Está correto o emprego do pronome oblíquo o no lugar do
transitivo direto. Também apresentam essa transitividade os verbos nome.
convidar, cumprimentar e pressionar. c) Agora, ao contrário da opção a, o objeto direto do verbo certificar se
Já o verbo responder, como vimos, requer complemento indireto, com a referiu a coisa (que o problema já foi resolvido). Assim, referente a pessoa,
preposição a. Portanto, é o único que pode preencher a lacuna: Por meio deve-se empregar o pronome oblíquo lhe (objeto indireto), e não o
da carta, os funcionários responderam aos seus superiores. pronome o. Está incorreta a construção. Essa é a resposta.
d) O verbo contratar apresenta objeto direto de pessoa (contratar alguém)
14 – A e indireto, regido pela preposição para. Está correta a construção.
O verbo enviar apresenta, na construção, bitransitividade: objeto direto (a e) O verbo doar apresenta transitividade direta (doar alguma coisa), sendo
carta) e indireto (àquele). Na aula sobre crase, veremos que o encontro da cabível o pronome oblíquo o.
preposição a (exigida pelo verbo) com o pronome demonstrativo aquele Em resumo – para objetos diretos, use os pronomes o/a/os/as; para
forma crase. objetos indiretos, use os pronomes lhe/lhes, salvo nos casos em que só
Os erros das demais opções são: se aceitam as formas “a ele(s)/a ela(s)”.
b) o substantivo heresia rege a preposição contra. Essa é uma das raras
questões de regência nominal. 16 - E
c) o verbo informar apresenta dois complementos indiretos – um deles Essa questão é praticamente uma aula de regência verbal do verbo
deve ser modificado. Há duas possibilidades: informou-o de que deveria atender.
fechar ou informou-lhe que deveria fechar. Todos os exemplos apresentados nas opções da questão foram retirados
d) O verbo recuperar é pronominal com valor reflexivo: recuperou-se do livro de Celso Pedro Luft (obra citada no início da aula).
daquele distúrbio. Está correto o emprego do verbo reconhecer, na Sobre a regência do verbo atender:

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1. o verbo será facultativamente transitivo direto ou transitivo indireto implicar, com a transitividade direta (“diferenças sociais que impliquem
(neste caso, regendo a preposição a) nas seguintes acepções:- no sentido que...”).
de dar ou prestar atenção – “Atender a um conselho” (opção a),”Atender Afirma o examinador que os três elementos indicados (a diferenças sociais,
uma explicação” (opção a), “O diretor atendeu aos interessados” (opção a que todos, a ela) estão sendo regidos pelo adjetivo ligada.
b); Luft ressalta que, se o complemento for um pronome pessoal referente Em relação aos dois primeiros, isso é verdade (“não está ligada, pois, a
a PESSOA, só se empregam as formas objetivas diretas – “O diretor diferenças sociais ..., mas tão-só *ligada+ a que todos se submetem...”). Em
atendeu os interessados” ou “aos interessados”, mas somente “O diretor virtude de o termo regente ser um adjetivo, temos aí um caso de regência
atendeu-os.”. - na acepção de tomar em consideração, considerar, levar nominal.
em conta, ter em vista – “Atender às condições do mercado.” (opção c); - Contudo, o terceiro elemento atua como complemento verbal de
com sentido de responder – “Atender ao / o telefone (opção d); submeter: “... todos se submetem a ela [a impunidade] como se vestissem
2. na acepção de conceder uma audiência , é transitivo direto e, por isso, roupas muito maiores que as devidas.”. Ao contrário dos demais, esse é
possibilita a construção na voz passiva – “Os requerentes foram atendidos um caso de sintaxe de regência verbal.
pelo juiz” (opção c); Por esse motivo, está incorreta a assertiva.
3. no sentido de acolher, deferir, tomar em consideração, é transitivo
direto – “O diretor atendeu-os no que foi possível” (opção b) ; 19 - B
4. no sentido de atentar, reparar, é transitivo indireto, podendo reger as No período “Outro mito muito em voga é de que a globalização torna a
preposições a, para, em – “Ninguém atendeu para os primeiros sintomas vida das pessoas muito mais instável”, há duas orações, quais sejam:
da doença” (opção e). • “Outro mito muito em voga é de” – oração principal
A única forma incorreta é “Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de • “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” –
incêndio.”. O sentido é o da letra e (atentar, reparar), que, por ser oração subordinada à principal.
transitivo indireto, não admite construção de voz passiva (“Ninguém se A preposição “de” (sublinhada acima), que antecede a conjunção “que”, é
atendeu...”). exigida pelo substantivo “mito” (mito de alguma coisa). Contudo, a
ausência da repetição desta palavra ou de sua substituição por um
17 – Item INCORRETO. pronome acarretou a falha de coesão textual, acabando por deixar a
O verbo implicar, na acepção de acarretar, é transitivo direto, segundo a preposição sozinha, sem termo ao qual pudesse se ligar.
norma culta. Esta sintaxe foi respeitada no segmento em comento – “a Há duas possibilidades de correção e, conseqüentemente, de classificação
morte de um idioma implica perda...”. da oração subordinada:
As expressões “a um país” e “à humanidade” são regidos pelo substantivo 1ª possibilidade:
perda (“perda ... a um país e, inclusive, à humanidade”). - “Outro mito muito em voga é o de que a globalização torna a vida das
Portanto, a assertiva encontra-se INCORRETA. pessoas muito mais instável.”
1ª oração - “Outro mito muito em voga é o de” - oração principal (o
18 – Item INCORRETO. pronome demonstrativo “o” representa o substantivo “mito” e passa a ser
Mais uma vez, a banca tenta confundir o candidato. Ainda que não tenha o termo regente da preposição de)
sido objeto da questão, merece destaque o emprego culto do verbo

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2ª oração - “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16
instável.” - oração subordinada completiva nominal (serve de bilhões de libras.
complemento nominal ao substantivo mito) A conjunção indicada pelo item (5) inicia uma oração que serve de
2ª possibilidade: predicativo do sujeito (que essas reformas aumentem o PIB do País...).
- “Outro mito muito em voga é que a globalização torna a vida das pessoas Para completar a série, veremos como o tema foi abordado por outra
muito mais instável.” banca examinadora – UnB CESPE.
1ª oração - “Outro mito muito em voga é” - oração principal (em relação
ao exemplo anterior, foram retirados o pronome demonstrativo o e a 21 – Item INCORRETO.
preposição de) Afirma-se que constitui erro a troca de “A minha firme convicção é que”
2ª oração – “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais por “A minha firme convicção é a de que”.
instável.” - oração subordinada predicativa do sujeito (com a retirada da Como acabamos de ver, ambas as construções estariam corretas. Na
preposição, essa oração passa a exercer a função de predicativo do sujeito, primeira, a oração iniciada pela conjunção que exerce a função de
em um predicado nominal) predicativo do sujeito (A convicção é ISSO), ao passo que a segunda atua
A expressão “é de que”, apresentada na questão, constitui um erro. como complemento nominal do pronome demonstrativo (a)que substitui a
Nas duas próximas questões, teremos mais exemplos de construções palavra convicção.
como essa. Como o examinador afirma que a segunda estaria em desacordo, o item
encontra-se incorreto. A segunda forma está de acordo com a norma culta
20 - B padrão.
A exemplo do que vimos na questão anterior, a passagem “A estimativa é
de que metade das empresas não declarou” apresenta duas possibilidades 22 – Item INCORRETO.
de correção: A regência de um verbo e seu significado estão interligados. O verbo
1 – A estimativa é a de que metade das empresas não declarou. conferir pode significar: 1. atribuir (A Câmara dos Vereadores conferiu o
2 – A estimativa é que metade das empresas não declarou. título de cidadão honorário ao artista.), 2. estar de acordo (Sua versão
Outro erro foi na construção “nos registros da Receita constam em cerca para o acidente confere com os relatos das testemunhas.), 3. participar de
de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar”. Não há conferência (O médico conferiu com seus colegas.), 4. imprimir, dar (Os
justificativa para o emprego da preposição em. Na ordem direta, auditores conferiram um caráter s à investigação.), etc.
verificamos que “Cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a Na passagem do texto, o verbo apresenta a primeira acepção (atribuir),
declarar” é o sujeito oracional de “constam nos registros da Receita”. Há devendo ser transitivo direto (O BB adotou medidas que conferem
necessidade, portanto, de retirar a preposição em. [atribuem] maior transparência às decisões internas...). Em seguida, o
Volte, agora, ao exemplo da página 16, em que apresentamos uma examinador afirma que essa forma verbal possui regência e sentido
questão da última prova para o TCU, aplicada pela ESAF. equivalentes ao verbo na segunda acepção (estar de acordo): Os dados ...
O item e daquela questão apresenta uma estrutura idêntica à apresentada conferem com aqueles divulgados pela imprensa – caso em que o verbo é
aqui: transitivo indireto, com a preposição com.
Está incorreta tal assertiva.

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(D) transitivo indireto – Esse é um emprego clássico de sujeito


23 – Item CORRETO. indeterminado.
Já afirmamos que a transitividade de um verbo só pode ser identificada a Como vimos na aula sobre concordância, o sujeito indeterminado se
partir de seu emprego. Na passagem “que a família ensine a criança ... a constrói de duas formas: com verbos transitivos indiretos, intransitivos ou
saber lidar com dinheiro”, o verbo ensinar é bitransitivo, ou seja, de ligação, na 3ª pessoa do singular acompanhado do índice de
apresenta simultaneamente um complemento direto (a criança) e outro indeterminação do sujeito “se”; com verbos de qualquer transitividade, na
indireto, antecedido da preposição a (a saber lidar com o dinheiro). 3ª pessoa do plural (sem o pronome). Foi apresentada a primeira forma:
Portanto, está correta a afirmação de que, no trecho em destaque, o verbo “que se trata de variações médias ao longo de três décadas” (o objeto
ensinar rege um complemento com preposição (objeto indireto – a saber indireto está sublinhado).
lidar com o dinheiro) e outro sem (a criança). (E) Essa foi a opção mais difícil. O verbo tornar, na construção
Esse verbo é daqueles que admitem dupla possibilidade de regência. A apresentada, além do objeto direto (representado pelo pronome “se”),
primeira acabamos de ver: ENSINAR ALGUÉM A (VERBO NO INFINITIVO). A exige também um outro complemento – o predicativo do objeto direto:
segunda forma é ENSINAR ALGO A ALGUÉM. Ambas as construções “mais relativa”. Esse é um verbo transobjetivo, que requer dois
estariam corretas. complementos – objeto direto e predicativo do objeto direto. Por
apresentar, além do objeto direto, um predicativo do objeto, a construção
24 - C não é idêntica à do enunciado, que só possui o primeiro.
Os aspectos de regência passam, necessariamente, pela transitividade de
um verbo. Isso você já se cansou de saber. 25 - E
O verbo ter, na construção “os portos da Amazônia têm um sistema de O verbo em epígrafe é transitivo indireto (precisará de segmentos
braços flutuantes”, é transitivo direto (objeto direto é “um sistema de setoriais). A construção verbal que apresenta idêntica transitividade é a da
braços flutuantes”). letra (E) – valem para os advogados.
O examinador busca nas opções um verbo que apresente o mesmo tipo de Vamos analisar a dos demais verbos:
complemento. (A) transobjetivo – objeto direto: “a”; predicativo do objeto direto: “mais
Vamos verificar a transitividade de cada um deles: rápida”;
(A) intransitivo – Em “choveu menos na Amazônia”, a expressão “na (B) transitivo direto – objeto direto: “a liberdade dos juízes”;
Amazônia” apresenta valor circunstancial de lugar – é um advérbio e, (C) transitivo direto – objeto direto: “a influência do Executivo”;
portanto, exerce a função sintática de adjunto adverbial (já estamos (D) verbo de ligação – predicativo do sujeito: “restrita”; complemento
realizando a análise sintática: um advérbio sempre exerce a função de nominal (liga-se ao adjetivo “restrita”): “a matérias tributárias”. Este
adjunto adverbial). elemento é o termo regido de um adjetivo, sendo, portanto, caso de
(B) intransitivo – O mesmo ocorre com a expressão adverbial “no início do sintaxe de regência nominal.
século XX”, que apresenta um valor circunstancial de tempo/momento. Essa era a pegadinha da questão. Muita gente deve ter marcado essa
(C) transitivo direto – O objeto direto é “o impacto sobre o ambiente”. opção como correta imaginando que o elemento que exerce a função de
ESSA É A RESPOSTA CERTA! complemento nominal seria objeto indireto – ledo engano! Não foi à toa
que a opção correta era a letra (E).

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