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FENÓMENOS DE TRANSPORTE I

(Apontamentos)

Cursos: Engª Química, Engª Mecânica

Departamento de Engenharias e Tecnologias

Professor Responsável: Sílvia Santos


Fenómenos de transporte I - Apontamentos

Nota Prévia:

Estes apontamentos servem de base ao estudo da Disciplina de Fenómenos de


Transporte I. Não dispensam a consulta da Bibliografia Recomendada.

Estes apontamentos podem conter erros.

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Fenómenos de transporte I - Apontamentos

1. Unidades e Dimensões

1.1. Dimensões Fundamentais e Derivadas

A familiarização com os diferentes sistemas de unidades, bem como a possibilidade de


passar de um sistema para outro é essencial para qualquer estudante de Engenharia.

É importante distinguir dimensão e unidade. Na realidade, dimensão traduz uma


grandeza física e é independente do sistema de unidades. Grandeza física é algo que
pode ser medido por um processo rigorosamente definido, por exemplo um
comprimento, uma força, ou uma velocidade.

Dado que as propriedades físicas de um sistema estão relacionadas entre si através de


leis mecânicas e físicas, é conveniente considerar umas grandezas como fundamentais
e outras como derivadas.

As dimensões fundamentais podem variar de sistema para sistema, embora seja comum
considerar o comprimento (L) uma dimensão fundamental que está associada a
variáveis como a distância, a altura ou comprimento. O tempo (T) também é
considerado uma dimensão fundamental. A massa (M) é frequentemente considerada
também uma dimensão fundamental, embora no Sistema Técnico Inglês, seja a força
(F) definida como unidade fundamental, tornando-se a massa (M) uma dimensão
derivada. (Coulson e Richardson, 2004)

Assim, as grandezas fundamentais L, M, F e T podem ser usadas alternativamente e


combinadas entre si dando origem às dimensões derivadas. Ou seja, as dimensões
derivadas resultam da combinação das dimensões fundamentais. Por exemplo, as
dimensões de velocidade (LT-1), aceleração (LT-2), área (L2) ou volume (L3). (Coulson e
Richardson, 2004)

1.2. Sistemas de Unidades

Uma dimensão fornece-nos informação sobre a maneira correcta de medir uma


variável, por outro lado, o uso de unidades permite-nos quantificar numericamente essa
variável.

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Existem principalmente três sistemas de unidades principais utilizados presentemente em


Ciências e Engenharias. O primeiro, e o mais importante, é o Sistema Internacional de
unidades (SI) cujas unidades básicas são o metro (m), o quilograma (kg) e o segundo
(s). Os outros dois sistemas são o Sistema Inglês, cujas unidades básicas são o pé (ft –
foot), a libra-massa (lb) e o segundo (s), e o Sistema cgs, cujas unidades básicas são o
centímetro (cm), a grama (g) e o segundo (s). (Geankoplis, 1993)

O Sistema Internacional caracteriza-se por utilizar unidades maiores. As unidades básicas


são L, M e T. A unidade de força é o newton (N), sendo que 1N=1 kg.m/s2 e tem as
dimensões M.L.T-2. A unidade de energia é o joule (J), sendo que 1J=1 kg.m2/s2 e tema
as dimensões M.L2.T-2. A unidade de potência é o watt (W), sendo que 1W=1 kg.m2/s3 e
tema as dimensões M.L2.T-3. (Coulson e Richardson, 2004)

No que diz respeito ao Sistema Inglês, as unidades fundamentais são também L, M e T.


Neste sistema, a unidade de força é aquela que imprime à massa de 1 lb uma
aceleração de 1 ft/s2, sendo conhecida por poundal. a unidade de energia é o pé
poundal e a unidade de potência é o pé poudal por segundo.

O sistema cgs utiliza as mesmas unidades básicas dos anteriores, sendo que a força é
representada pela unidade dine (dyn), a energia pela unidade erg e a potência por
erg/s.

Na Tabela 1 são apresentados os principais sistemas de unidades (SI, Sistema Inglês e


cgs), bem como o Sistema Técnico Inglês que inclui a força como unidade fundamental.
Tabela 1: Principais sistemas de unidades.
Sistema
Sistema Dimensões Dimensões
Grandeza SI cgs Técnico
Inglês (fps) (M,L,T) (F,L,T)
Inglês

Massa kg lb g M slug F.L-1.T2


Comprimento m ft cm L ft L
Tempo s s s T s T
Força N poundal dine M.L.T-2 lbf F
Energia,
Trabalho, J ft.poundal erg M.L2.T-2 ft. lbf F.L
Calor
Pressão Pa poundal/ft2 dine/cm2 M.L-1.T-2 lbf.ft-2 F.L-2
Potência W ft.poundal/s erg/s M.L2.T-3 ft. lbf/s F.L.T-1

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1.3. Unidades de Temperatura

Relativamente à grandeza Temperatura, a mesma pode ser representada utilizando as


seguintes escalas e respectivas conversões: (Geankoplis, 1993)

ºF=32 + 1,8 (ºC) (Fahrenheit)


ºC=1/1,8(ºF-32) (Celsius)
ºR=ºF+460 (Rankine)
K=ºC+273 (Kelvin)
Na Tabela 2 são apresentados os pontos de ebulição e congelação da água a 1 atm
para as diferentes unidades.

Tabela 2: Escalas de temperatura e equivalentes.


Centígrados ºF K ºR ºC

Ponto de
100 ºC 212 373,15 671,7 100
ebulição
Ponto de
0 ºC 32 273,15 491,7 0
congelação
Zero
-273,15 ºC -459,7 0 0 -273,15
absoluto

1.4. Unidades Molares

Quando se lida com gases ideais e com sistemas onde está em curso uma reacção
química, utilizam-se unidades molares em vez de unidades de massa. No sistema SI
utiliza-se o mole (mol). O número de unidades molares é representado pelo símbolo N.
(Coulson e Richardson, 2004)

1.5. Conversão de Unidades

Grande parte das aplicações em Engenharia exige a utilização de variáveis


dimensionais, pelo que saber utilizar as unidades de forma coerente e aplicar
correctamente os factores de conversão se revestem de uma especial importância.

Para evitar distracções, recomendam-se os seguintes procedimentos:

1. Inclua sempre as unidades para qualquer quantidade que escreva;

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2. Multiplique as unidades pelos factores de conversão (incluindo também para


estes as respectivas unidades);

3. Trate as unidades ou dimensões como quantidades algébricas;

4. Evite fazer conversões “à toa”. Equacione o problema e faça apenas as


conversões necessárias.

Muitas situações exigem a utilização de números demasiado grandes, ou demasiado


pequenos. Para estes casos, a utilização de potências facilita os cálculos, pelo que o
conhecimento dos prefixos associados às potências é essencial.

Na Tabela 3 são apresentados os múltiplos e submúltiplos mais comuns.

Tabela 3: Múltiplos e submúltiplos em potências de 103.


Potência Prefixo Símbolo

1012 Tera T
109 Giga G
Múltiplos
106 Mega M
103 Quilo k
10-3 mili m
10-6 micro 
Submúltiplos
10-9 nano n
10-12 pico p

Na Tabela seguinte são apresentados os factores de conversão de unidades de outros


sistemas (as mais comuns) para unidades do SI.

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Tabela 4: Factores de conversão para algumas unidades comuns do SI.


(Um asterisco * significa uma relação exacta)
(Coulson e Richardson, 2004)

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Tabela 4 (cont.): Factores de conversão para algumas unidades comuns do SI.


(Um asterisco * significa uma relação exacta)
(Coulson e Richardson, 2004)

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1.6. Exercícios Propostos

1.6.1. Considere o tempo de 3,4 h. A quantos segundos corresponde este tempo?


R: 12240 s

1.6.2. Converta 1 poise (p) em unidades do Sistema Técnico Britânico e em unidades do


SI.
R: 242 lb/(ft.h); 0,1 N.s/m2

1.6.3 A densidade () da água a 20 ºC, pode ser dada por 62,1713 libra-massa/pé3.
Converta para g/cm3.
R: ~1 g/cm3

1.6.4 A viscosidade da água (m) a 20 ºC, expressa em unidades do Sistema Inglês, é de


2,09×10-5 slug.ft-1.s-1. Converta para o SI.
R: 0,001 kg/(m.s)

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2. O Conceito de Fluido

Um fluido define-se como uma substância que se deforma continuamente sob a acção
de uma força tangencial ou de corte. Uma importante consequência desta definição
é que quando um fluido se encontra e repouso, não está sob o efeito deste tipo de
forças. (Welty et al., 2008)

O universo dos fluidos abrange os líquidos e os gases, sendo a distinção entre eles
baseada na compressibilidade. Um líquido mantém a sua densidade praticamente
constante, mesmo quando submetido a pressões elevadas. Os gases, por outro lado,
são muito mais compressíveis do que os líquidos, podendo ocorrer neles variações
consideráveis de volume, quando alterada a pressão ou a temperatura a que estão
sujeitos. No entanto, do ponto de vista prático, se a densidade variar pouco, um gás
pode ser tratado como um líquido, ou seja, como um fluido incompressível. (Coulson e
Richardson, 2004)

Se a distinção entre líquidos e gases é fácil, o mesmo não se pode dizer no caso da
distinção entre líquidos e sólidos. Um fluido é uma substância que pode entrar em
escoamento, adaptando a sua forma à do recipiente onde está contido. Também, num
fluido não há forças internas que, com o fluido em repouso, restituam as partículas à
configuração inicial.

A distinção entre um sólido e um líquido é normalmente evidente, mas por vezes esta
distinção pode ser mais complexa!!!! Alguns fluidos não entram facilmente em
escoamento. Por exemplo, o alcatrão ou a manteiga serão fluidos ou sólidos? (Massey,
2006)

O que deve ser sempre observado em caso de dúvidas é:

Um fluido (por mais espesso ou viscoso que seja) entra sempre em escoamento quando
sujeito a uma força de corte, e continua em escoamento enquanto a força de corte se
mantiver. Um sólido não se mantém em escoamento, restituindo o corpo à sua forma
original após remoção da força (a não ser que as forças externas sejam superiores às
forças internas que resistem ao movimento).

A distinção entre um sólido e um líquido prende-se com a reacção a uma força


tangencial ou de corte: Os fluidos caracterizam-se por sofrerem uma deformação
crescente com o tempo, quando sujeitos a uma força de corte constante.

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dv
 constante    Cte  constante   Cte
dx

Figura 1: Comparação de deformações em sólidos e líquidos.

2.1. Exercícios Propostos

2.1.1. Da análise da Figura seguinte pode-se dizer que:

i) A deformação de um líquido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre


a um valor constante.
ii) A deformação de um líquido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre
a uma taxa constante.
iii) A deformação de um sólido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre a
um valor constante.
iv) A deformação de um sólido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre a
uma taxa constante.
v) Sólidos e líquidos deformam-se, quando sujeitos a uma tensão de corte, de
modo semelhante.

2.1.2. Da análise da Figura seguinte pode-se dizer que:

i) A deformação de um líquido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre


a um valor constante.

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ii) A deformação de um líquido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre


a uma taxa constante.
iii) A deformação de um sólido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre a
um valor constante.
iv) A deformação de um sólido quando sujeito a uma tensão de corte ocorre a
uma taxa constante.
v) Sólidos e líquidos deformam-se, quando sujeitos a uma tensão de corte, de
modo semelhante.

2.1.3. Qual o critério que permite distinguir um fluido viscoso de um sólido elástico?

3. Hidrostática

3.1. Pressão num fluido

A hidrostática é também chamada estática dos fluidos (hidrostática refere-se a água,


que foi o primeiro fluido a ser estudado, tendo-se mantido o nome por razões históricas).
É a parte da física que estuda as forças exercidas por e sobre fluidos em repouso.

Os problemas de estática são normalmente mais simples de formular do que os relativos


ao movimento, e têm habitualmente uma solução analítica.

Consideremos um fluido contínuo e um elemento de volume no seio desse fluido (Figura


2).

Figura 2: Forças de pressão num elemento estático de volume xyz. (Welty et al.
2008)

As forças que actuam sobre os fluidos podem ser divididas em duas categorias:

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- Forças de campo – Actuam sobre todo o volume e resultam da presença de um


campo de forças (campo gravítico, eléctrico ou magnético). De entre estes, o gravítico
é o único a considerar em grande parte dos casos.

- Forças de superfície – Actuam nas superfícies e englobam as forças de pressão, de


corte e interfaciais.

Uma vez que não há movimento, o fluido está em repouso, não há forças de corte (ou
tangenciais), só as forças de pressão, que actuam na perpendicular a quaisquer
superfícies, e a força gravítica, se fazem sentir. (Massey, 2006)

Se o elemento de fluido se encontra em equilíbrio estático, isso significa que a resultante


das forças aplicada sobre ele é nula, i.e., ∑ 𝐹⃗ = 0.

As pressões são designadas consoante as faces onde actuam, i.e., 𝑃1 = 𝑃|𝑥 , 𝑃2 = 𝑃|𝑥+∆𝑥 e
assim sucessivamente.

Para o elemento de volume considerado, as únicas forças a considerar são as forças de


pressão e a força gravítica. Assim teremos: (Welty et al., 2008)

𝛿𝑃
∑ 𝐹𝑥 = 𝑃. (∆𝑦. ∆𝑧)|𝑥 − 𝑃. (∆𝑦. ∆𝑧)|𝑥+∆𝑥 = 0 ⇒ =0
𝛿𝑥

𝛿𝑃
∑ 𝐹𝑦 = 𝑃. (∆𝑥. ∆𝑧)|𝑦 − 𝑃. (∆𝑦. ∆𝑧)|𝑦+∆𝑦 = 0 ⇒ =0
𝛿𝑦

∑ 𝐹𝑧 = 𝑃. (∆𝑥. ∆𝑦)|𝑧 − 𝑃. (∆𝑥. ∆𝑦)|𝑧+∆𝑧 − (Δ𝑥. Δ𝑦. Δ𝑧)𝜌𝑔 = 0

Dividindo a equação por Δ𝑥. Δ𝑦. Δ𝑧 e fazendo tender este elemento de volume para um
ponto, temos:

−𝑃|𝑧 + 𝑃|𝑧+Δ𝑧 𝛿𝑃
= −𝜌𝑔 ⇒ = −𝜌𝑔
Δ𝑧 𝛿𝑧

Esta é a equação fundamental da hidrostática!!! Esta equação diz-nos que a diferença


de pressão estática entre dois pontos num fluido é igual ao peso da coluna de fluido
que os separa.

𝛿𝑃 𝑑𝑃
= −𝜌𝑔 ⇔ = −𝜌𝑔
𝛿𝑧 𝑑𝑧

uma vez que P(z).

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O sinal negativo indica que a pressão diminui quando z aumenta, isto é, quando se sobe
no fluido.

Por outro lado, num fluido em repouso, um plano horizontal é uma superfície de pressão
constante (superfície isobárica).

É importante não confundir “pressão” e “força de pressão”. Para um fluido parado, a


pressão num ponto (pressão estática) apenas depende da altura (ou profundidade) e
é independente da direcção. A pressão é um escalar. Já a força de pressão, sendo
uma força, é um vector. O cálculo da força de pressão exercida numa superfície resulta
da integração da pressão para a área. Se a superfície for horizontal: F=P.A (pressão
constante). Para superfícies com outras orientações, será necessário integrar P.

Na prática, a medição da pressão assenta na determinação de uma diferença de


pressões. Se essa diferença for entre a pressão do fluido em questão e o vazio absoluto,
o resultado é a pressão absoluta do fluido. Normalmente, mede-se a diferença entre a
pressão do fluido e a pressão da atmosfera envolvente: pressão relativa (ou pressão
manométrica). Quando a pressão do fluido é inferior à pressão atmosférica, o valor da
pressão manométrica é conhecido como vácuo (ou pressão de sucção). A pressão
absoluta é sempre positiva, mas as pressões relativas só são positivas se forem superiores
à pressão atmosférica. ( Massey, 2006)

Quando se trabalha com gases, é normal utilizar-se a pressão absoluta, uma vez que
algumas propriedades dependem da pressão absoluta. No entanto, quando se
trabalha com líquidos é a pressão relativa que é mais utilizada. De facto, as
propriedades dos líquidos são pouco influenciadas pela pressão.

3.2. Barómetros

O barómetro foi inventado em 1643 pelo italiano Evangelista Torricelli (1608-1647). E o


vácuo quase total existente sobre a superfície livre do mercúrio é ainda hoje designado
por vácuo de Torricelli.

Já se viu que há uma relação simples entre a altura de uma coluna de líquido e a
pressão na sua base. De facto, se a pressão de um líquido for ligeiramente superior à da
atmosfera, será determinar a altura da superfície livre num tubo piezométrico (Figura 3).
É este o princípio utilizado no barómetro de mercúrio desenvolvido por Torricelli.

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Figura 3: Tubo piezométrico.

Torricelli observou que, se a abertura de um tubo de vidro fosse cheia com mercúrio, a
pressão atmosférica iria afectar o peso da coluna de mercúrio no tubo. Quanto maior
a pressão do ar, mais comprida fica a coluna de mercúrio. Assim, a pressão pode ser
calculada, multiplicando-se a altura da coluna de mercúrio pela densidade do
mercúrio e pela aceleração da gravidade.

Pa  Pv  gh
pv  Pa
Pa 10 5 Nm 2
h   0,752 m
g 13650 kgm 3  9,81Nkg 1

Figura 4: Determinação da altura de Hg necessária para medição da P atm.

O mercúrio é utilizado porque a sua densidade relativa é elevada, o que conduz a uma
coluna de líquido curta, e também porque, à temperatura ambiente, o mercúrio tem
uma pressão de vapor insignificante. Num barómetro de água, por exemplo, seria
necessário uma coluna de aproximadamente 10 metros de altura para medir a pressão
atmosférica. Na prática, não é possível obter o vazio perfeito no topo do tubo uma vez
que há sempre alguma pressão resultante do vapor libertado pelo líquido. (Massey,
2006)

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3.3. Manómetros

Os manómetros de líquidos são dispositivos em que se utiliza uma coluna de líquido para
medir a diferença de pressão entre um ponto e a atmosfera, ou entre dois pontos dos
quais nenhum está à pressão atmosférica. (Massey, 2006)

Um tipo habitual de manómetro é o que utiliza um “tubo em U” transparente, colocado


num plano vertical. No interior do manómetro encontra-se um líquido, que se designa
por fluido manométrico, e que deve obedecer às seguintes características:

- Quimicamente inactivo;

- Pouco volátil;

- Imiscíveis com o fluido cuja pressão se pretende medir;

- Facilmente visível.

Alguns exemplos de fluidos manométricos: H2O, Hg, CCl4.

Uma aplicação directa da Equação Fundamental da Hidrostática pode ser observada


neste tipo de manómetro. Consideremos o manómetro da Figura, e analisemos cada
um dos ramos separadamente.

Figura 5: Manómetro de tubo em U direito.

Ramo da esquerda: 𝑃𝑐 = 𝑃1 + 𝜌1 𝑔ℎ1 + 𝜌𝑚 𝑔ℎ3

Ramo da esquerda: 𝑃𝑐 = 𝑃2 + 𝜌2 𝑔ℎ2 + 𝜌𝑚 𝑔(𝐻 + ℎ3 )

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Em que 𝜌1 , 𝜌2 e 𝜌𝑚 representam as massas específicas dos fluidos 1, 2 e do fluido


manométrico, respectivamente.

Igualando as duas expressões:

𝑃1 + 𝜌1 𝑔ℎ1 + 𝜌𝑚 𝑔ℎ3 = 𝑃2 + 𝜌2 𝑔ℎ2 + 𝜌𝑚 𝑔(𝐻 + ℎ3 )

𝑃1 − 𝑃2 = 𝜌2 𝑔ℎ2 + 𝜌𝑚 𝑔𝐻 − 𝜌1 𝑔ℎ1

No caso mais simples do fluido ser o mesmo nos dois ramos do manómetro (𝜌1 = 𝜌2 = 𝜌):

𝑃1 − 𝑃2 = 𝑔𝐻(𝜌𝑚 − 𝜌)

No caso do manómetro se encontrar inclinado:

Figura 6: Manómetro de tubo em U inclinado.

A dedução efectuada de forma semelhante daria:

P1  P2  g R  R0 sin   m   

(Consegue identificar na Figura 6 a distância corresponde o R0?)

Pode-se recorrer a manómetros deste tipo para medir pressões de gases ou líquidos no
interior de recipientes, relacionando a sua pressão com a pressão atmosférica. Podemos
ter arranjos como os apresentados nas Figuras 7 e 8.

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Figura 7: Pressão de A é maior que a pressão atmosférica. (Massey, 2006)

Figura 8: Pressão de A é menor que a pressão atmosférica. (Massey, 2006)

Dentro de uma porção contínua do mesmo fluido, em equilíbrio, a pressão é a mesma


em quaisquer dois pontos situados sobre o mesmo plano horizontal (PP=PQ).

Os manómetros de “tubo em U” são também usados para medir diferenças entre duas
pressões desconhecidas como a queda de pressão quando um fluido passa através de
um orifício numa tubagem horizontal (Figura 9).

Figura 9: Medição de queda de pressão por passagem num orifício. (Massey, 2006)

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Também neste último caso se pode tirar partido do facto de PP=PQ:

𝑃1 + 𝜌𝐴 𝑔(𝑦 + 𝑥) = 𝑃2 + 𝜌𝐴 𝑔𝑦 + 𝜌𝐵 𝑔𝑥

Existem várias variantes do manómetro de “tubo em U” que são usadas para fins
específicos. Por exemplo, um dos braços do “U” tem secção recta muito maior do que
o outro. Se o nível da superfície no ramo largo for considerada constante, basta medir
a altura do tubo estreito (o único que tem que ser transparente) (Figura 10).

Figura 10: Configuração de manómetro de “tubo em U” inclinado. (Massey, 2006)

Também, se o líquido cuja diferença de pressão se pretende medir, for mais denso do
que o fluido manométrico, pode-se inverter o manómetro (Figura 11), e PP=PQ.

Plano horizontal
de referência

Figura 11: Configuração de manómetro de “tubo em U” invertido. (Massey, 2006)

Convém salientar algumas considerações de carácter prático:

- Em trabalhos de grande exactidão é importante saber a temperatura dos líquidos, pois


a densidade é função da temperatura;

- Certos líquidos apresentam meniscos mal definidos e devem ser evitados;

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- As flutuações dos meniscos podem reduzir a precisão. Devem ser usados


estrangulamentos nas ligações ao manómetro para redução dos movimentos;

- A densidade do fluido deve ser uniforme (exemplo: água não pode ter bolhas de ar)

- Em tubos com D<15 mm os efeitos da tensão superficial podem ser apreciáveis


(menisco eleva-se ou baixa) . Podem-se usar líquidos menos sensíveis a este efeito.

Este capítulo não é exaustivo em termos dos diferentes tipos de manómetros. Foram aqui
apresentados os tipos mais comuns e que vão ser alvo de aplicação ao longo da
Disciplina de Fenómenos de Transporte I. Para mais informações deve consultar a
bibliografia de referência.

3.4. Exercícios Propostos

3.4.1. O tubo aberto em forma de U da figura contém dois líquidos não miscíveis, A e B,
em equilíbrio. As alturas das colunas de A e B, medidas em relação à linha de separação
dos dois líquidos, são de 50 cm e 80 cm, respectivamente. Sabendo que a massa
específica de A é 2,0 x 103 kg/m3

a) Determine a massa específica do líquido B.


b) Considerando g=10 m/s2 e a Patm igual a 1,0x105 N/m2, determine a pressão no
interior do tubo na altura da linha de separação dos dois líquidos.

R: a)B=1250 kg/m3; b) P=1,1×105 Pa

3.4.2. Um mergulhador que trabalhe à profundidade de 20 m no lago sofre, em relação


à superfície, uma variação de pressão, em N/m2, devida ao líquido. Qual é essa
variação? Dados: (água)=1,0 g/cm3; g=10 m/s2

R: P=2×105 Pa

3.4.3. Determine a pressão em A, sabendo que o líquido que se encontra no interior do


manómetro é mercúrio (Hg=13,6 g/cm3). Dados: (Patm = 1,0x105 N/m2; H2O=1g/cm3;
g=9,8 m/s-2).

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R: P=2,01×105 Pa

3.4.4. Duas canalizações estão a escoar água sob pressão. Deseja-se determinar a
diferença de pressão entre duas seções A e B das duas canalizações, utilizando-se o
manómetro diferencial de mercúrio. Sabe-se que os centros das duas secções
apresentam uma diferença de nível de 8,70 m e que a deflexão do mercúrio é de 0,88
m.

R: PB-PA=-2,3×104 Pa

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3.4.5. Os reservatórios A e B contêm água sob pressão.


Óleo (densidade =0,80 g/cm3)
DADOS:

g=9,8 ms-2 2 3
ym
0,7 m B
1

xm Água 1,5 m

A
Água
(densidade=1 g/cm3)

Determine a diferença de pressão entre A e B da instalação representada.

R: PB-PA=-13,3×103 Pa

3.4.6. O tanque representado na Figura contém óleo cuja densidade é 0,8 g/cm 3. O
líquido manométrico no tubo em U é mercúrio (Hg=13,6 g/cm3). Determine a pressão
indicada pelo manómetro A.

R: PA=10,22 kPa

3.4.7. Determine a pressão no ponto A situado no interior do tanque, sabendo que o


tubo manométrico se encontra aberto para a atmosfera (Patm=1×10 5 Pa).

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Água a 20 ºC

R: PA=134 kPa

3.4.8. Os recipientes A e B da figura que contém água sob pressão de 3 kgf/cm2 e 1,5
kgf/cm2 respectivamente. Qual será a deflexão do mercúrio (h) no manómetro
diferencial ? (1 kgf/cm2=98,07 kPa)

(=1000 kg/m3)

(=13600 kg/m3)

R: h=1,35 m

3.4.9 O sistema da Figura serve para medir a densidade de um líquido num tanque. Ar
comprimido escoa a muito baixa velocidade (de tal modo que se pode considerar que
está aproximadamente parado) através de dois tubos mergulhados no líquido, com
uma diferença de nível de 1 m. A diferença de pressão entre os dois tubos é medida
por manómetro diferencial de água e é de 1,5 m de água.

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Ar comprimido

Dados: ar=1,21 kg/m3

água=1000 kg/m3

a) Qual será a densidade do líquido contido no tanque?


b) Se substituísse o líquido manométrico por mercúrio (=13,6 g/cm3) que altura
manométrica esperaria obter para medir a mesma diferença de pressão?
R: a) =1498 kg/m3; b) h=0,11 m

3.4.10. A perda de carga no troço X da tubagem é medida pelo


manómetro diferencial representado na figura. A densidade do
líquido em escoamento é de 1300 kg/m3 e a do fluido
manométrico é de 800 kg/m3. Determine a pressão em A,
sabendo que PB = 26 kPa.

R: PA=50 kPa

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Bibliografia

Azevedo, E.G., Termodinâmica Aplicada, 3ª Ed., Escolar Editora, 2011.

Bird, R., Stewart, W., Lightfoot, E.,Transport Phenomena, John Wiley & sons, 2006.

Campos, J.M., Notas Para o Estudo da Mecânica do Fluidos, FEUP edições, 2013.

Coulson, J.M. and Richardson, J. F., Chemical Engineering, Fluid Flow, Heat Transfer and
Mass Transfer – Vol 1, 6th Edition, Butterworth –Heinemann, 1999.

Geankoplis, C.J., Transport Processes and Unit Operations, 3rd Edition, Prentice Hall
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Massey, B.S., Mechanics of Fluids, 8th Edition, Taylor & Francis, 2006.

Welty, J.R., Wicks, C. E., Wilson, R. E., Rorrer, G. L. Fundamentals of Momentum, Heat and
Mass Transfer, 5th Edition, John Wiley & Sons, Inc., 2008.

Páginas de Internet

commons.wikimedia.org, última consulta em Abril de 2016

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