(Apontamentos)
Nota Prévia:
2
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
1. Unidades e Dimensões
As dimensões fundamentais podem variar de sistema para sistema, embora seja comum
considerar o comprimento (L) uma dimensão fundamental que está associada a
variáveis como a distância, a altura ou comprimento. O tempo (T) também é
considerado uma dimensão fundamental. A massa (M) é frequentemente considerada
também uma dimensão fundamental, embora no Sistema Técnico Inglês, seja a força
(F) definida como unidade fundamental, tornando-se a massa (M) uma dimensão
derivada. (Coulson e Richardson, 2004)
4
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
O sistema cgs utiliza as mesmas unidades básicas dos anteriores, sendo que a força é
representada pela unidade dine (dyn), a energia pela unidade erg e a potência por
erg/s.
5
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Ponto de
100 ºC 212 373,15 671,7 100
ebulição
Ponto de
0 ºC 32 273,15 491,7 0
congelação
Zero
-273,15 ºC -459,7 0 0 -273,15
absoluto
Quando se lida com gases ideais e com sistemas onde está em curso uma reacção
química, utilizam-se unidades molares em vez de unidades de massa. No sistema SI
utiliza-se o mole (mol). O número de unidades molares é representado pelo símbolo N.
(Coulson e Richardson, 2004)
6
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
1012 Tera T
109 Giga G
Múltiplos
106 Mega M
103 Quilo k
10-3 mili m
10-6 micro
Submúltiplos
10-9 nano n
10-12 pico p
7
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
8
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
9
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
1.6.3 A densidade () da água a 20 ºC, pode ser dada por 62,1713 libra-massa/pé3.
Converta para g/cm3.
R: ~1 g/cm3
10
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
2. O Conceito de Fluido
Um fluido define-se como uma substância que se deforma continuamente sob a acção
de uma força tangencial ou de corte. Uma importante consequência desta definição
é que quando um fluido se encontra e repouso, não está sob o efeito deste tipo de
forças. (Welty et al., 2008)
O universo dos fluidos abrange os líquidos e os gases, sendo a distinção entre eles
baseada na compressibilidade. Um líquido mantém a sua densidade praticamente
constante, mesmo quando submetido a pressões elevadas. Os gases, por outro lado,
são muito mais compressíveis do que os líquidos, podendo ocorrer neles variações
consideráveis de volume, quando alterada a pressão ou a temperatura a que estão
sujeitos. No entanto, do ponto de vista prático, se a densidade variar pouco, um gás
pode ser tratado como um líquido, ou seja, como um fluido incompressível. (Coulson e
Richardson, 2004)
Se a distinção entre líquidos e gases é fácil, o mesmo não se pode dizer no caso da
distinção entre líquidos e sólidos. Um fluido é uma substância que pode entrar em
escoamento, adaptando a sua forma à do recipiente onde está contido. Também, num
fluido não há forças internas que, com o fluido em repouso, restituam as partículas à
configuração inicial.
A distinção entre um sólido e um líquido é normalmente evidente, mas por vezes esta
distinção pode ser mais complexa!!!! Alguns fluidos não entram facilmente em
escoamento. Por exemplo, o alcatrão ou a manteiga serão fluidos ou sólidos? (Massey,
2006)
Um fluido (por mais espesso ou viscoso que seja) entra sempre em escoamento quando
sujeito a uma força de corte, e continua em escoamento enquanto a força de corte se
mantiver. Um sólido não se mantém em escoamento, restituindo o corpo à sua forma
original após remoção da força (a não ser que as forças externas sejam superiores às
forças internas que resistem ao movimento).
11
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
dv
constante Cte constante Cte
dx
12
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
2.1.3. Qual o critério que permite distinguir um fluido viscoso de um sólido elástico?
3. Hidrostática
Figura 2: Forças de pressão num elemento estático de volume xyz. (Welty et al.
2008)
As forças que actuam sobre os fluidos podem ser divididas em duas categorias:
13
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Uma vez que não há movimento, o fluido está em repouso, não há forças de corte (ou
tangenciais), só as forças de pressão, que actuam na perpendicular a quaisquer
superfícies, e a força gravítica, se fazem sentir. (Massey, 2006)
As pressões são designadas consoante as faces onde actuam, i.e., 𝑃1 = 𝑃|𝑥 , 𝑃2 = 𝑃|𝑥+∆𝑥 e
assim sucessivamente.
𝛿𝑃
∑ 𝐹𝑥 = 𝑃. (∆𝑦. ∆𝑧)|𝑥 − 𝑃. (∆𝑦. ∆𝑧)|𝑥+∆𝑥 = 0 ⇒ =0
𝛿𝑥
𝛿𝑃
∑ 𝐹𝑦 = 𝑃. (∆𝑥. ∆𝑧)|𝑦 − 𝑃. (∆𝑦. ∆𝑧)|𝑦+∆𝑦 = 0 ⇒ =0
𝛿𝑦
Dividindo a equação por Δ𝑥. Δ𝑦. Δ𝑧 e fazendo tender este elemento de volume para um
ponto, temos:
−𝑃|𝑧 + 𝑃|𝑧+Δ𝑧 𝛿𝑃
= −𝜌𝑔 ⇒ = −𝜌𝑔
Δ𝑧 𝛿𝑧
𝛿𝑃 𝑑𝑃
= −𝜌𝑔 ⇔ = −𝜌𝑔
𝛿𝑧 𝑑𝑧
14
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
O sinal negativo indica que a pressão diminui quando z aumenta, isto é, quando se sobe
no fluido.
Por outro lado, num fluido em repouso, um plano horizontal é uma superfície de pressão
constante (superfície isobárica).
Quando se trabalha com gases, é normal utilizar-se a pressão absoluta, uma vez que
algumas propriedades dependem da pressão absoluta. No entanto, quando se
trabalha com líquidos é a pressão relativa que é mais utilizada. De facto, as
propriedades dos líquidos são pouco influenciadas pela pressão.
3.2. Barómetros
Já se viu que há uma relação simples entre a altura de uma coluna de líquido e a
pressão na sua base. De facto, se a pressão de um líquido for ligeiramente superior à da
atmosfera, será determinar a altura da superfície livre num tubo piezométrico (Figura 3).
É este o princípio utilizado no barómetro de mercúrio desenvolvido por Torricelli.
15
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Torricelli observou que, se a abertura de um tubo de vidro fosse cheia com mercúrio, a
pressão atmosférica iria afectar o peso da coluna de mercúrio no tubo. Quanto maior
a pressão do ar, mais comprida fica a coluna de mercúrio. Assim, a pressão pode ser
calculada, multiplicando-se a altura da coluna de mercúrio pela densidade do
mercúrio e pela aceleração da gravidade.
Pa Pv gh
pv Pa
Pa 10 5 Nm 2
h 0,752 m
g 13650 kgm 3 9,81Nkg 1
O mercúrio é utilizado porque a sua densidade relativa é elevada, o que conduz a uma
coluna de líquido curta, e também porque, à temperatura ambiente, o mercúrio tem
uma pressão de vapor insignificante. Num barómetro de água, por exemplo, seria
necessário uma coluna de aproximadamente 10 metros de altura para medir a pressão
atmosférica. Na prática, não é possível obter o vazio perfeito no topo do tubo uma vez
que há sempre alguma pressão resultante do vapor libertado pelo líquido. (Massey,
2006)
16
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
3.3. Manómetros
Os manómetros de líquidos são dispositivos em que se utiliza uma coluna de líquido para
medir a diferença de pressão entre um ponto e a atmosfera, ou entre dois pontos dos
quais nenhum está à pressão atmosférica. (Massey, 2006)
- Quimicamente inactivo;
- Pouco volátil;
- Facilmente visível.
17
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑃1 − 𝑃2 = 𝜌2 𝑔ℎ2 + 𝜌𝑚 𝑔𝐻 − 𝜌1 𝑔ℎ1
No caso mais simples do fluido ser o mesmo nos dois ramos do manómetro (𝜌1 = 𝜌2 = 𝜌):
𝑃1 − 𝑃2 = 𝑔𝐻(𝜌𝑚 − 𝜌)
P1 P2 g R R0 sin m
Pode-se recorrer a manómetros deste tipo para medir pressões de gases ou líquidos no
interior de recipientes, relacionando a sua pressão com a pressão atmosférica. Podemos
ter arranjos como os apresentados nas Figuras 7 e 8.
18
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Os manómetros de “tubo em U” são também usados para medir diferenças entre duas
pressões desconhecidas como a queda de pressão quando um fluido passa através de
um orifício numa tubagem horizontal (Figura 9).
Figura 9: Medição de queda de pressão por passagem num orifício. (Massey, 2006)
19
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑃1 + 𝜌𝐴 𝑔(𝑦 + 𝑥) = 𝑃2 + 𝜌𝐴 𝑔𝑦 + 𝜌𝐵 𝑔𝑥
Existem várias variantes do manómetro de “tubo em U” que são usadas para fins
específicos. Por exemplo, um dos braços do “U” tem secção recta muito maior do que
o outro. Se o nível da superfície no ramo largo for considerada constante, basta medir
a altura do tubo estreito (o único que tem que ser transparente) (Figura 10).
Também, se o líquido cuja diferença de pressão se pretende medir, for mais denso do
que o fluido manométrico, pode-se inverter o manómetro (Figura 11), e PP=PQ.
Plano horizontal
de referência
20
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
- A densidade do fluido deve ser uniforme (exemplo: água não pode ter bolhas de ar)
Este capítulo não é exaustivo em termos dos diferentes tipos de manómetros. Foram aqui
apresentados os tipos mais comuns e que vão ser alvo de aplicação ao longo da
Disciplina de Fenómenos de Transporte I. Para mais informações deve consultar a
bibliografia de referência.
3.4.1. O tubo aberto em forma de U da figura contém dois líquidos não miscíveis, A e B,
em equilíbrio. As alturas das colunas de A e B, medidas em relação à linha de separação
dos dois líquidos, são de 50 cm e 80 cm, respectivamente. Sabendo que a massa
específica de A é 2,0 x 103 kg/m3
R: P=2×105 Pa
21
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
R: P=2,01×105 Pa
3.4.4. Duas canalizações estão a escoar água sob pressão. Deseja-se determinar a
diferença de pressão entre duas seções A e B das duas canalizações, utilizando-se o
manómetro diferencial de mercúrio. Sabe-se que os centros das duas secções
apresentam uma diferença de nível de 8,70 m e que a deflexão do mercúrio é de 0,88
m.
R: PB-PA=-2,3×104 Pa
22
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
g=9,8 ms-2 2 3
ym
0,7 m B
1
xm Água 1,5 m
A
Água
(densidade=1 g/cm3)
R: PB-PA=-13,3×103 Pa
3.4.6. O tanque representado na Figura contém óleo cuja densidade é 0,8 g/cm 3. O
líquido manométrico no tubo em U é mercúrio (Hg=13,6 g/cm3). Determine a pressão
indicada pelo manómetro A.
R: PA=10,22 kPa
23
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Água a 20 ºC
R: PA=134 kPa
3.4.8. Os recipientes A e B da figura que contém água sob pressão de 3 kgf/cm2 e 1,5
kgf/cm2 respectivamente. Qual será a deflexão do mercúrio (h) no manómetro
diferencial ? (1 kgf/cm2=98,07 kPa)
(=1000 kg/m3)
(=13600 kg/m3)
R: h=1,35 m
3.4.9 O sistema da Figura serve para medir a densidade de um líquido num tanque. Ar
comprimido escoa a muito baixa velocidade (de tal modo que se pode considerar que
está aproximadamente parado) através de dois tubos mergulhados no líquido, com
uma diferença de nível de 1 m. A diferença de pressão entre os dois tubos é medida
por manómetro diferencial de água e é de 1,5 m de água.
24
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Ar comprimido
água=1000 kg/m3
R: PA=50 kPa
25
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Bibliografia
Bird, R., Stewart, W., Lightfoot, E.,Transport Phenomena, John Wiley & sons, 2006.
Campos, J.M., Notas Para o Estudo da Mecânica do Fluidos, FEUP edições, 2013.
Coulson, J.M. and Richardson, J. F., Chemical Engineering, Fluid Flow, Heat Transfer and
Mass Transfer – Vol 1, 6th Edition, Butterworth –Heinemann, 1999.
Geankoplis, C.J., Transport Processes and Unit Operations, 3rd Edition, Prentice Hall
International Editions, 1993.
Massey, B.S., Mechanics of Fluids, 8th Edition, Taylor & Francis, 2006.
Welty, J.R., Wicks, C. E., Wilson, R. E., Rorrer, G. L. Fundamentals of Momentum, Heat and
Mass Transfer, 5th Edition, John Wiley & Sons, Inc., 2008.
Páginas de Internet
26