(Apontamentos)
Nota Prévia:
2
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Convém salientar que a solução completa destas equações diferenciais apenas será
possível para fluido a circular em regime laminar. Um tratamento diferencial mais
generalizado irá ser apresentado no Capítulo 9
Vamos ver dois casos de fluxo laminar para os quais é possível obter os perfis de fluxo de
q.d.m. e de velocidade a elementos diferenciais de fluido.
Imaginemos então duas placas planas, paralelas e infinitas, estando uma delas parada
e a outra em movimento segundo a direcção x, como resultado de uma força aplicada
(Figura 24).
O espaço que separa as duas placas está totalmente preenchido pelo fluido que se
move como consequência da tensão de corte. Vamos assumir que a placa de baixo se
encontra parada e a que é submetida a uma tensão de corte é a placa de cima que
se move com uma velocidade V. Vamos assumir também que a deslocação do fluido
ocorre da esquerda para a direita.
65
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑃. 𝑊. ∆𝑧|𝑥=0 − 𝑃. 𝑊. ∆𝑧|𝑥=𝐿
𝜕 0
Convectivo: ∬ 𝑣⃗𝜌(𝑣⃗, 𝑛
⃗⃗)𝑑𝐴 ≡ 𝑣𝑥 𝜌𝑣𝑥 𝑊∆𝑧|𝑥=𝐿 + 𝑣𝑥 𝜌(−𝑣𝑥 )𝑊∆𝑧|𝑥=0 e ∭𝑉𝐶 𝜌𝑣𝑥 𝑑𝑉 =0
𝜕𝑡
Resultante
( ) = (saída de Q.D.M) − (entrada de Q.D.M) + (acumulação)
das forças
0 0
𝜕
∑ 𝐹𝑥 = ∬ 𝑣𝑥 𝜌(𝑣⃗. 𝑛⃗⃗)𝑑𝐴 + ∭ 𝜌𝑣𝑥 𝑑𝑉
𝑆𝐶 𝜕𝑡 𝑉𝐶
𝑃. 𝑊. ∆𝑧|𝑥=0 − 𝑃. 𝑊. ∆𝑧|𝑥=𝐿 = 𝑣𝑥2 𝜌𝑊∆𝑧|𝑥=𝐿 − 𝑣𝑥2 𝜌𝑊∆𝑧|𝑥=0 + 𝜏𝑧𝑥 𝐿𝑊|𝑧+∆𝑧 − 𝜏𝑧𝑥 𝐿𝑊|𝑧
Para a situação em que não há variação da pressão ao longo de x, 𝑃|𝑥=0 = 𝑃|𝑥=𝐿 , fluido
incompressível (=cte) e a distância entre as placas é constante, 𝑣|𝑥=0 = 𝑣|𝑥=𝐿 , ficamos
apenas com:
66
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑑𝜏𝑧𝑥
= 0 ⇒ 𝜏𝑧𝑥 = 𝐶1 (constante)
𝑑𝑧
Na realidade, esta lei é válida para qualquer tipo de fluido, seja ele Newtoniano ou não.
Se o fluido for Newtoniano, a lei que descreve o fluxo é escrita na forma:
𝑑𝑣𝑥
𝜏𝑧𝑥 = −𝜇
𝑑𝑧
𝑑𝑣𝑥
−𝜇 = 𝐶1
𝑑𝑧
𝐶1 𝐶1
∫ 𝑑𝑣𝑥 = ∫ − 𝑑𝑧 ⇒ 𝑣𝑥 = − 𝑧 + 𝐶2
𝜇 𝜇
Temos então duas variáveis de integração. Para as determinarmos, teremos que arranjar
duas condições-fronteira. Nota: as condições-fronteira deverão ser tantas quanto o
número de variáveis a determinar!!!!
𝑉𝜇
𝐶1 = ;𝐶 = 0
𝑍 2
67
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑧
𝑣𝑥 = 𝑉
𝑍
𝑉𝜇
𝜏𝑧𝑥 =
𝑍
De facto, o fluxo de q.d.m., não varia de ponto para ponto, sendo igual à força
aplicada na placa. A condição fronteira aplicada foi a condição de não
escorregamento que corresponde a dizer que a camada de fluido adjacente a uma
superfície sólida está parada em relação à superfície.
Já o perfil de velocidade nesta situação é recto, i.e., corresponde a uma relação linear
entre a velocidade e a direcção da variação. Este fluxo designa-se por “FLUXO
COUETTE”.
Convém salientar que, no caso de o fluido em estudo não ser Newtoniano, o mesmo
tratamento pode ser efectuado desde que se tenha em atenção qual a lei que
descreve o seu comportamento.
7.2. Fluxo laminar em condutas circulares de secção constante (Welty et al., 2008)
68
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Figura 32: Volume de controlo para um escoamento dentro de uma conduta. (Welty
et al., 2008)
Resultante
( ) = (saída de Q.D.M) − (entrada de Q.D.M) + (acumulação)
das forças
0 0
𝜕
∑ 𝐹𝑥 = ∬ 𝑣𝑥 𝜌(𝑣⃗. 𝑛⃗⃗)𝑑𝐴 + ∭ 𝜌𝑣𝑥 𝑑𝑉
𝑆𝐶 𝜕𝑡 𝑉𝐶
∑ 𝐹𝑥 = 𝑃(2𝜋𝑟∆𝑟)|𝑥 − 𝑃(2𝜋𝑟∆𝑟)|𝑥+∆𝑥
Convectivo:
0
∬ 𝑣𝑥 𝜌(𝑣⃗. 𝑛⃗⃗)𝑑𝐴 = (𝜌𝑣𝑥 )(2𝜋𝑟∆𝑟𝑣𝑥 )|𝑥+∆𝑥 − (𝜌𝑣𝑥 )(2𝜋𝑟∆𝑟𝑣𝑥 )|𝑥
𝑆𝐶
𝜕 0
e 𝜕𝑡
∭𝑉𝐶 𝜌𝑣𝑥 𝑑𝑉 =0
69
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Molecular:
Novamente o fluxo convectivo é igual a zero, pelo que, os restantes termos dão origem
à seguinte equação:
𝑑𝑃 𝑑
−𝑟 + (𝑟𝜏𝑟𝑥 ) = 0
𝑑𝑥 𝑑𝑟
𝑑 𝑟∆𝑃
(𝑟𝜏𝑟𝑥 ) =
𝑑𝑟 ∆𝑥
𝑑 −∆𝑃
(𝑟𝜏𝑟𝑥 ) = ( )𝑟
𝑑𝑟 𝐿
−∆𝑃 𝑟 2 −∆𝑃 𝑟 𝐶1
𝑟𝜏𝑟𝑥 = ( ) + 𝐶1 ⇔ 𝜏𝑟𝑥 = ( ) +
𝐿 2 𝐿 2 𝑟
1ª condição fronteira: o fluxo 𝜏𝑟𝑥 não pode ser infinito, pelo que 𝐶1 =0, e
−∆𝑃 𝑟
𝜏𝑟𝑥 = ( )
𝐿 2
Se o fluido é Newtoniano,
𝑑𝑣𝑥
𝜏𝑧𝑥 = −𝜇
𝑑𝑟
70
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
∆𝑃 𝑟 𝑑𝑣𝑥
( ) =𝜇
𝐿 2 𝑑𝑟
∆𝑃 1
∫( ) 𝑟𝑑𝑟 = ∫ 𝑑𝑣𝑥
𝐿 2𝜇
∆𝑃 ∆𝑃 𝑟 2
=( ) + 𝐶2
2𝐿𝜇 2𝐿𝜇 2
−∆𝑃 2
𝐶2 = 𝑅
4𝐿𝜇
−∆𝑃 2 𝑟 2
𝑣𝑥 = 𝑅 [1 − ( ) ]
4𝐿𝜇 𝑅
A velocidade é então descrita por uma parábola, sendo máxima no eixo. Já o fluxo de
q.d.m. é máximo na parede e zero no eixo.
2𝜋 𝑅
∫ ∫ 𝑣𝑥 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 1 2𝜋 𝑅 −∆𝑃 2 𝑟 2
〈𝑣〉 = 0 0 2 = 2∫ ∫ 𝑅 [1 − ( ) ] 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 =
𝜋𝑟 𝜋𝑟 0 0 4𝐿𝜇 𝑅
𝑅 𝑅
−∆𝑃 𝑟3 −∆𝑃 𝑟 2 𝑟4 −∆𝑃 𝑅 2 𝑅 2 −∆𝑃 𝑅 2
= 2𝜋 ∫ [𝑟 − 3 ] 𝑑𝑟 = [ − 3] = ( − )=
4𝐿𝜇𝜋 0 𝑅 2𝐿𝜇 2 4𝑅 0 2𝐿𝜇 2 4 2𝐿𝜇 4
(−∆𝑃)𝑅2
〈𝑣〉 =
8𝜇𝐿
71
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
(−∆𝑃)𝑅 2
𝑣𝑚𝑎𝑥 =
4𝜇𝐿
𝑣𝑚𝑎𝑥
Pelo que: 〈𝑣〉 =
2
𝜋𝑅4 (−∆𝑃)
𝑄𝑣 =
8𝜇𝐿
Assim, enquanto para fluxo laminar é possível obter uma relação matemática do tipo
v(r) para a distribuição de velocidade de um fluido Newtoniano a escoar dentro de uma
conduta, para fluxo turbulento não é possível obter uma correlação com o mesmo grau
de simplicidade. Assim, para fluxo turbulento dentro de condutas é frequente usar um
modelo de correlações semi-empíricas como é o caso das Equações de Nikuradse.
72
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑣 ∗ 𝜌𝑦
𝑦+ =
𝜇
𝜏
𝑣∗ = √
𝜌
𝑣
Sendo a velocidade adimensional, 𝑣 + , dada por: 𝑣 + =
𝑣∗
73
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
1. Imagine duas placas planas e paralelas estando uma delas fixa e outra em movimento
segundo a direcção x, como resultado de uma força constante aplicada segundo
aquela direcção. O espaço que separa as duas placas está totalmente preenchido por
um fluido contínuo e viscoso, que se move apenas como consequência da tensão de
corte. O fluido é incompressível e Newtoniano e o sistema encontra-se em estado
estacionário. Esta situação é vulgarmente designada por Fluxo Coette.
2. Um filme de líquido contínuo e newtoniano, com espessura L, escoa por acção do seu
peso, em estado estacionário e fluxo desenvolvido, ao longo de uma placa inclinada,
fazendo um ângulo q com a horizontal (ver Figura). O campo de velocidades é descrito
por:
𝜌𝑔𝐿2 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑦 1 𝑦 2
𝑣𝑥 = [ − ( ) ]
𝜇 𝐿 2 𝐿
Admitindo que a placa está orientada a 45º da horizontal, que o filme de líquido tem 2
mm de espessura e o líquido tem 1070 cP de viscosidade e 900 kg/m3 de densidade,
qual será a velocidade média da corrente?
R: <v>=0,78 cm/s
74
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Já foram apresentadas nos Capítulos anteriores algumas relações teóricas que podem
ser utilizadas em determinadas situações de regime laminar. Também, para o caso do
regime ser turbulento, existem algumas relações empíricas que podem ser aplicadas
para geometrias simples. Agora, irão ser apresentadas aplicações dos conteúdos
descritos anteriormente, nomeadamente no que diz respeito ao escoamento de fluidos,
em regime laminar e turbulento, em condutas fechadas.
Como foi analisado anteriormente, o fluxo de q.d.m. ocorre sempre que existe um
gradiente de velocidade através de um fluido contínuo. Se o escoamento ocorre no
interior de uma conduta fechada, esse fluxo (𝜏) é máximo junto à parede.
𝑃1 𝑣12 𝑃2 𝑣22
𝑈1 + 𝑞 − 𝑊𝑠 + + + 𝑧1 = 𝑈2 + + + 𝑧2 + 𝑊𝜇
𝜌𝑔 2𝛼𝑔 𝜌𝑔 2𝛼𝑔
∆𝑈 = 𝑈2 − 𝑈1 = 𝑞 − 𝑊𝜇
Nestes casos, o atrito vai-se traduzir por uma dissipação térmica com variação da
energia interna do fluido.
Noutros casos, se não houver trocas de calor entre o sistema, (q=0), nem realização de
trabalho mecânico (𝑊𝑠 = 0), para um fluido incompressível, temos:
𝑃1 𝑃2
𝑈1 + = 𝑈2 + + 𝑊𝜇
𝜌𝑔 𝜌𝑔
75
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑃1 − 𝑃2
𝑈1 ≅ 𝑈2 ⟹ 𝑊𝜇 = (> 0)
𝜌𝑔
Ou seja, o fluido perde pressão (carga) devido ao atrito na parede. A perda de pressão
é então representada por:
−∆𝑃𝑓
ℎ𝑓 (𝑜𝑢 ∆ℎ𝑓 ) =
𝜌𝑔
𝑃1 𝑣12 𝑃2 𝑣22
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2 + ℎ𝑓
𝜌𝑔 2𝛼𝑔 𝜌𝑔 2𝛼𝑔
O cálculo das perdas de pressão por atrito, para um escoamento dentro de uma
conduta é facilitado pelo uso do parâmetro adimensional designado por factor de
atrito.
𝐹𝜏
𝑓=
𝐴𝐾
𝐹𝜏 = (𝑃0 − 𝑃𝐿 )𝜋𝑅 2
76
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
1 𝐷 𝑃0 − 𝑃𝐿
𝑓=
4 𝐿 1 𝜌〈𝑣〉2
2
1 𝐷 −∆𝑃𝑓
𝑓=
4 𝐿 1 𝜌〈𝑣〉2
2
1 𝐿 𝑣2
ℎ𝑓 = 𝑓 ∗
2 𝐷 𝑔
𝐿 𝑣2
ℎ𝑓 = 2𝑓
𝐷 𝑔
𝜀
𝑓(𝑜𝑢 𝑓 ∗ ) = Φ (𝑅𝑒, )
𝐷
𝑓 ∗ = 4𝑓
Em regime laminar, é conhecida a relação existente entre a perda de pressão por atrito,
∆𝑃𝑓 e o caudal volumétrico:
𝜋𝑅 4 (−∆𝑃)
𝑄𝑣 =
8𝜇𝐿
77
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
(−∆𝑃)𝑅2 (−∆𝑃)𝐷2
〈𝑣〉 = =
8𝜇𝐿 32𝜇𝐿
16𝜇 16
𝑓= =
𝜌𝑣𝐷 𝑅𝑒
64𝜇 64
𝑓∗ = =
𝜌𝑣𝐷 𝑅𝑒
O escoamento em tubagens é diferente se for efectuado num tubo liso ou num tubo
rugoso. A rugosidade está relacionada com o material de que o tubo é constituído.
Define-se rugosidade absoluta como sendo a profundidade média da irregularidade de
uma superfície – neste caso, a superfície interior do tubo, expressa como um
comprimento. Por outro lado, a rugosidade relativa é um parâmetro de maior
relevância para o escoamento, e é definida como a razão entre a rugosidade absoluta
(característica do material) e o diâmetro interno do tubo.
𝜀
𝜀𝑟 =
𝐷
78
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Tabela 7: Diâmetros nominais para tubos normalizados. Tubos de aço inox, carbono e
ligas de aço. (Campos, 2013 )
79
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑓 = 0,0791𝑅𝑒 −0,25
Para outras situações, opta-se, normalmente, por usar o diagrama de Moody. Este
diagrama representa graficamente o factor de atrito de Fanning em função do nº de
Reynolds para uma gama alargada de valores de rugosidades relativas.
- Determinação do nº de Reynolds;
- Determinação de f;
80
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Na maioria das vezes, sendo o escoamento perfeitamente turbulento, essas perdas são
consideradas independentes do número de Reynolds e podem ser representadas por:
(Welty et al., 2008)
∆𝑃 𝑣2
ℎ𝐿 = =𝐾
𝜌𝑔 2𝑔
𝐿𝑒𝑞 𝑣 2
ℎ𝐿 = 2𝑓
𝐷 2𝑔
Onde Leq corresponde ao comprimento de tubo que origina uma perda de carga
equivalente à perda de carga no referido acessório. Desta forma, a perda de carga
total na tubagem pode ser vista como a adição dos comprimentos equivalentes dos
acessórios ao comprimento da tubagem.
𝐿𝑒𝑞
𝐾 = 4𝑓
𝐷
𝐿𝑒𝑞
Valores típicos para K e podem ser observados na Tabela seguinte.
𝐷
81
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
a) b) c)
Figura 35: Acessórios para transporte de fluido – cotovelos (elbow). a) Cotovelo de 45º,
b) cotovelo de 90º de raio curto (short-radius elbow), c) cotovelo de 90 º de raio longo
(long-radius elbow). (Campos, 2013)
82
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Existem diversos tipos de válvulas, quer para controlo do caudal, quer para a abertura
e fecho do escoamento que também devem ser contabilizadas.
Figura 38: Acessórios para transporte de fluido – válvula de globo (Globe valve).
(Campos, 2013)
Figura 37: Acessórios para transporte de fluido – válvula de guilhotina ou gaveta (Gate
valve). (Campos, 2013)
83
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
As perdas de carga numa expansão súbita ou numa contracção, são exemplos em que
valores para os coeficientes de perdas podem ser obtidos analiticamente.
A perda de carga que ocorre num alargamento súbito é ilustrada na Figura seguinte:
𝑃1 𝐴1 + 𝑃′ (𝐴2 − 𝐴1 ) − 𝑃2 𝐴2
Em que 𝑃′ representa a pressão média do fluido sobre a coroa circular GD. Uma vez que
as acelerações radiais, junto à coroa circular GD, são muito pequenas, admite-se que
𝑃′ é sensivelmente igual a 𝑃1 .
𝑄
𝑃1 − 𝑃2 = 𝜌 (𝑣 − 𝑣1 ) = 𝜌𝑣2 (𝑣2 − 𝑣1 )
𝐴2 2
84
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
𝑃1 𝑣12 𝑃2 𝑣22
+ + 𝑧1 = + + 𝑧2 + ℎ𝐿
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔
𝑃1 − 𝑃2 𝑣12 − 𝑣22
ℎ𝐿 = +
𝜌𝑔 2𝑔
𝐴1 𝑣1 = 𝐴2 𝑣2
Logo:
2
𝑣12 𝐴2
ℎ𝐿 = ( − 1)
2𝑔 𝐴1
Por outro lado, tratando-se de uma contracção (ou estreitamento) brusco, esta
situação pode ser observada na Figura seguinte:
85
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
2 2
𝑣22 𝐴2 𝑣22 1
ℎ𝐿 = ( − 1) = ( − 1)
2𝑔 𝐴𝐶 2𝑔 𝐶𝐶
𝑘𝑣22
ℎ𝐿 =
2𝑔
𝑑2
Os valores representativos de k para diferentes valores de a números de Reynolds
𝑑1
𝑆
𝐷𝑒𝑞 = 4 ×
𝑍
𝑆
A razão (área/perímetro) designa-se por raio hidráulico médio e representa-se por RH.
𝑍
86
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Em caso de regime turbulento puro, a perda de carga pode ser calculada através das
expressões que nos são familiares, i.e., o número de Reynolds e o factor de atrito de
Fanning, agora expressos da seguinte forma:
𝜌𝑣𝐷𝑒𝑞
𝑅𝑒 =
𝜇
1 𝐷𝑒𝑞 (−∆𝑃𝑓 )
𝑓=
4 𝐿 1 𝜌𝑣 2
2
A perda de pressão devida ao atrito pode então ser aplicada na equação de Bernoulli,
da mesma forma que nas condutas cilíndricas.
𝑃1 𝑣12 𝑃2 𝑣22
𝑈1 + 𝑞 − 𝑊𝑠 + + + 𝑧1 = 𝑈2 + + + 𝑧2 + 𝑊𝜇
𝜌𝑔 2𝛼𝑔 𝜌𝑔 2𝛼𝑔
Este é um trabalho realizado em interfaces com superfícies sólidas, como é o caso das
pás de uma turbina.
Pode ser definida uma grandeza, ∆𝐻𝐵 que corresponde ao ganho energético quando
um fluido passa numa bomba , que se traduz num aumento de pressão.
−𝑊𝑠
∆𝐻𝐵 =
𝑔
87
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Apliquemos então a equação de Bernoulli (agora incluindo o ∆𝐻𝐵 ) entre dois pontos
situados à entrada e à saída da bomba:
𝑃1 𝑣12 𝑃2 𝑣22
+ + 𝑧1 + ∆𝐻𝐵 = + + 𝑧2 + ℎ𝑓 + ℎ𝐿
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔
Se o tubo tiver o mesmo diâmetro à entrada e à saída, e dado que não há termo de
geração da bomba (i.e., os caudais volumétricos são iguais), então 𝑣1 = 𝑣2 . Se não
𝑃2 − 𝑃1
∆𝐻𝐵 =
𝜌𝑔
∆𝑃𝐵
∆𝑃𝐵 = 𝑃2 − 𝑃1 ⟹ ∆𝐻𝐵 =
𝜌𝑔
∆𝑃𝐵
−𝑊𝑠 =
𝜌
Por outro lado, a potência hidráulica, i.e., que a bomba transmite ao fluido, Pb será:
∆𝑃𝐵
𝑃𝐵 = −𝑊𝑠 × 𝑚̇ = × 𝑄𝑣 𝜌 ⟹ 𝑃𝐵 = ∆𝑃𝐵 × 𝑄𝑣
𝜌
𝑃𝑏
𝜂=
𝑃𝑐𝑜𝑛𝑠
88
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
8.6. Exercícios
8m
R: Q=0,75 L/s
R: a) hf=12,8 m; b) 15L/s
89
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
4. A trasfega de um líquido entre dois tanques é feita, de acordo com o esquema abaixo.
A tubagem é de polietileno (diâmetro = 5 cm, rugosidade = 0,025 mm) e tem um
comprimento total de 150 m. A linha tem dois cotovelos padrão a 90º, dois cotovelos a
45º, uma válvula de gaveta e uma válvula em globo, totalmente abertas.
a) Se o transporte ocorrer com um nº de Re de 4×10 5. Qual o caudal volumétrico da água
transportada?
b) Admitindo que o fluido a ser transportado é água (=1g/cm3, =1mPa.s) e que é colocada
na linha uma bomba de modo a aumentar o Qv em 3 vezes o seu valor. Determine o
ganho da bomba em metros.
g=9,8 m/s2
R: a) Qv=3L/s; b)68 m
90
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
6. Pretende-se transferir água a 20 ºC desde uma albufeira até um depósito situado numa
fábrica, de acordo com o esquema em anexo (as distâncias não estão à escala). A
tubagem tem diâmetro de 3 polegadas e rugosidade de 0,6 mm e compreende 4
cotovelos padrão a 90º, dois cotovelos a 45º, uma válvula de gaveta 1/2 aberta e uma
outra válvula do mesmo tipo, totalmente aberta.
9m
1m 2m
10 m
2m
10 m 18m
Dados: ρ (água) = 1000 kg/m3; μ (água) = 0,001 Pa.s; g=9,8 m/s2, 1 in = 25,4 mm
91
Fenómenos de transporte I - Apontamentos
Bibliografia
Bird, R., Stewart, W., Lightfoot, E.,Transport Phenomena, John Wiley & sons, 2006.
Campos, J.M., Notas Para o Estudo da Mecânica do Fluidos, FEUP edições, 2013.
Coulson, J.M. and Richardson, J. F., Chemical Engineering, Fluid Flow, Heat Transfer and
Mass Transfer – Vol 1, 6th Edition, Butterworth –Heinemann, 1999.
Geankoplis, C.J., Transport Processes and Unit Operations, 3rd Edition, Prentice Hall
International Editions, 1993.
Massey, B.S., Mechanics of Fluids, 8th Edition, Taylor & Francis, 2006.
Welty, J.R., Wicks, C. E., Wilson, R. E., Rorrer, G. L. Fundamentals of Momentum, Heat and
Mass Transfer, 5th Edition, John Wiley & Sons, Inc., 2008.
Páginas de Internet
92