Anda di halaman 1dari 7

COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Parâmetros de Controle na Resistência de Misturas Solo-cinza-cal


Amanda Dalla Rosa, M.Sc.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, amandadallarosa@yahoo.com.br

Marina Bellaver Corte, B.Sc.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, mah.kort@gmail.com

Nilo Cesar Consoli, Ph.D.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil, consoli@ufrgs.br

RESUMO: Para avaliar os principais parâmetros de controle na resistência de misturas solo-cinza-


cal foram realizados ensaios de compressão simples e medidas de sucção matricial em amostras de
um solo residual estabilizado com diferentes teores de cinza volante (6,25%, 12,5% e 25%) e
diferentes teores de cal (3%, 5%, 7% e 9%), moldadas com diferentes porosidades. O tempo de cura
utilizado para avaliar os principais parâmetros de controle na resistência dessas misturas foi de 28
dias. Assim, esta pesquisa buscou desenvolver uma metodologia de dosagem para misturas solo-
cinza-cal com base em um critério racional, como existe a relação água/cimento para o concreto,
que desempenha papel fundamental na avaliação da sua resistência. Os resultados demonstram que
a resistência à compressão simples (qu) aumentou linearmente com o aumento da quantidade de cal
e exponencialmente com a redução da porosidade. Além disso, quanto maior a quantidade de cinza
volante, maior qu para qualquer porosidade e teor de cal estudado. A relação porosidade/teor
volumétrico de cal ajustado por um expoente (um único valor foi encontrado para todas as misturas
solo-cinza-cal) demonstrou ser um bom parâmetro na avaliação da resistência à compressão simples
do solo estudado (qu varia não-linearmente com a relação porosidade/teor volumétrico de cal
ajustado por um expoente), obtendo correlações únicas para o controle da sua resistência à
compressão simples aos 28 dias de cura.

PALAVRAS-CHAVE: Compactação, solo-cinza-cal, relação porosidade/teor volumétrico de cal.

1 INTRODUÇÃO solo, pela porosidade, pela quantidade de cal ou


cinza volante e pelo teor de umidade no
O melhoramento das características de solos momento da compactação (Mitchell, 1981;
compactados resultantes da mistura do solo com TRB, 1987; Consoli et al. 2001, 2008, 2009b),
cinza volante e cal pode ser muito importante são necessárias análises desses parâmetros para
para algumas aplicações na engenharia a obtenção de uma metodologia de dosagem
geotécnica, tais como revestimentos de canais e para estes materiais.
reforços de pavimentos (por exemplo, TRB, Este estudo visa, portanto, quantificar a
1987; Consoli et al., 2001, 2008, 2009a). influência da quantidade de cinza volante, da
Porém, apesar das suas inúmeras aplicações, quantidade de cal e da porosidade sobre a
não existem metodologias de dosagem para resistência de uma areia siltosa estabilizada com
esses materiais, para a obtenção de uma cal e cinza volante, bem como avaliar a
resistência-alvo, com base em critérios utilização de uma relação porosidade/teor
racionais, como no caso do concreto, onde a volumétrico de cal para avaliar a sua resistência
relação água/cimento desempenha um papel à compressão simples (qu).
fundamental. Pelo fato das misturas solo-cinza-
cal apresentarem um comportamento complexo
que é afetado por muitos fatores, como por 2 PROGRAMA EXPERIMENTAL
exemplo, pelas propriedades físico-químicas do

1
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

O programa experimental foi realizado em duas das amostras para os ensaios de resistência à
etapas. Em primeiro lugar, o solo, a cinza compressão simples foi utilizada água potável
volante e a cal foram caracterizados. Em proveniente da rede de abastecimento pública.
seguida, uma série de ensaios de compressão
simples e medições de sucção matricial foram 2.2 Métodos
realizadas, conforme discutido abaixo.
2.2.1 Moldagem e cura das amostras
2.1 Materiais
Para os ensaios de resistência à compressão
As amostras do Solo Residual de Arenito simples, foram moldadas amostras cilíndricas
Botucatu utilizadas neste estudo foram obtidas a de 50mm de diâmetro e 100mm de altura. Após
partir da formação Botucatu, uma formação a pesagem dos materiais, o solo, a cinza volante
geológica de arenito que abrange grande área e a cal foram misturadas até a mistura adquirir
do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. As uma consistência uniforme. Após esse processo,
amostras analisadas foram coletadas em uma a água então era adicionada, continuando o
jazida localizada na região de Porto Alegre, no processo de mistura até que a homogeneidade
sul do Brasil. O solo é classificado como areia fosse obtida. A quantidade de cal para cada
siltosa não-plástica (SM) de acordo com o mistura foi calculada em relação à massa de
Sistema Unificado de Classificação de Solos solo seco e cinza volante utilizada, sendo que a
(USCS) (ASTM D 2487, 1993). A massa quantidade de água (teor de umidade) foi
específica real dos grãos (Gs) do solo é 2,65 calculada em relação à soma das massas de
g/cm³. O limite de liquidez (WL) e limite de solo, cinza volante e de agente cimentante
plasticidade (WP) do solo são iguais a 22% e utilizadas.
19%, respectivamente (ASTM D 4318, 2000). Após o processo de mistura do material
O solo contém 8,8% de areia média (0,042 mm suficiente para uma amostra, a mistura foi
a 2,0 mm), 47,3% de areia fina (0,074 mm a armazenada em um recipiente fechado para
0,042 mm), 38,9% de silte (0,002 mm a 0,075 evitar perdas de umidade antes da compactação.
mm) e 5% de argila (partículas <0,002 mm). Os O tempo de mistura e compactação foi sempre
resultados da difração de raio-X indicam que a inferior a 1 hora. Duas pequenas porções da
caulinita é o argilo-mineral predominante, mistura também eram retiradas, para
presente na fração fina do solo. determinação da umidade.
A cinza volante selecionada, tipo F de A amostra era compactada estaticamente, em
acordo com a ASTM C 618 (1998), é um três camadas, em um molde de ferro fundido
resíduo da combustão do carvão de uma usina tripartido com diâmetro de 50 mm e altura de
termoelétrica, localizada nas proximidades de 100 mm, de modo que cada amostra atingisse a
Porto Alegre. A cinza volante contém 1,0% de sua massa específica aparente seca. Após o
areia média (0,042 mm a 2,0 mm), 7,0% de processo de moldagem, a amostra foi
areia fina (0,074 mm a 0,042 mm), 90,0% de imediatamente extraída do molde, e seu peso,
silte (0,002 mm a 0,075 mm) e 2,0% de argila diâmetro e altura medidos com precisão de
(partículas <0,002 mm). O material é não- cerca de 0,01 g e 0,1 mm. As amostras foram
plástico. A massa específica real dos grãos (Gs) então colocadas dentro de sacos plásticos para
da cinza volante é 2,28 g/cm³. Os resultados da evitar variações significativas do teor de
difração de raio-X mostram que o material é umidade. As amostras foram curadas por 27
composto predominantemente por minerais dias em uma câmara úmida com 23º±2º C e
amorfos. umidade relativa do ar acima de 95%.
A cal hidratada, Ca(OH)2, foi utilizada como As amostras que foram consideradas aptas
agente cimentante, possuindo massa específica para os ensaios de compressão simples
de 2,49 g/cm³. respeitaram as seguintes tolerâncias:
Para os ensaios de caracterização foi • Massa específica aparente seca (γd):
utilizada água destilada, mas para moldagem dentro de ± 1% do valor alvo;

2
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

• Teor de umidade (ω): dentro de ± 0,5% foi o Whatman No 42. O seu teor de umidade
do valor alvo; inicial, no ar em estado seco, é de
• Dimensões: diâmetro de ± 0,5 mm e aproximadamente 6%, o que permite medições
altura de ± 1mm em relação ao valor alvo. de sucção de zero a 29MPa. As equações de
calibração para este papel filtro são
2.2.2 Ensaios de Resistência à Compressão apresentadas por Chandler et al. (1992).
Simples
2.2.4 Programa de Ensaios de Compressão
Ensaios de resistência à compressão simples são Simples
utilizados na maioria dos programas
experimentais relatados na literatura, a fim de Os ensaios de compressão simples constituem a
verificar a eficácia da estabilização de solos principal etapa desta pesquisa. O programa foi
com cal e cinza volante, ou analisar os fatores determinado de forma a avaliar, separadamente,
que influenciam na resistência de solos tratados a influência do teor de cinza volante, do teor de
com cal. Uma das razões da utilização do cal e da porosidade sobre a resistência mecânica
ensaio de compressão simples, é a experiência de um solo artificialmente cimentado com cal e
acumulada com este tipo de ensaio para o cinza volante, para posteriormente avaliar a
concreto. Além disso, este ensaio é simples e adequação do uso de uma relação
rápido, e também confiável e barato. porosidade/teor volumétrico de cal na
Uma prensa automática, com capacidade estimativa da sua resistência à compressão
máxima de 50kN, e anéis dinamométricos com simples.
capacidades de 10kN e 50kN e resoluções de Os pontos de moldagem foram determinados
0,005kN e 0,023kN respectivamente, foram considerando as massas específicas aparentes
utilizados para os ensaios de compressão secas de 1,4 g/cm³, 1,5 g/cm³, 1,6 g/cm³ e 1,7
simples. A taxa de deslocamento adotado foi de g/cm³, com o mesmo teor de umidade (cerca de
1,14 mm por minuto. 14%). As quantidades de cinza volante
Após a cura em uma câmara úmida por 27 utilizadas foram 6,25%, 12,5% e 25%. As
dias, as amostras foram submersas em um quantidades de cinza volante utilizadas nesta
tanque com água por 24 horas para saturação, e pesquisa (até 25%) foram definidas de acordo
assim minimizar a sucção, elevando o total do com as práticas regionais, sendo que
tempo de cura para 28 dias. A temperatura da quantidades maiores de cinza volante dificultam
água foi controlada e mantida a 23±2ºC. a compactação dessas misturas. Cada ponto foi
Posteriormente, os ensaios de resistência à moldado com quatro diferentes porcentagens de
compressão simples foram realizados e a carga cal: 3%, 5%, 7% e 9%. Devido à dispersão
máxima atingida pela amostra foi anotada. típica dos dados dos ensaios de compressão
simples, foram ensaiadas três amostras para
2.2.3 Ensaios de Sucção Matricial cada ponto de moldagem. Os ensaios foram
reproduzidos para o período de tempo de cura
Em sua umidade de moldagem todas as de 28 dias.
amostras estão em um estado insaturado, e um
certo nível de sucção pode estar presente. As
medições de sucção foram realizadas com o 3 RESULTADOS
objetivo de verificar a sua magnitude e verificar
se houve variação significativa entre os 3.1 Efeito da quantidade de cinza volante, da
amostras de diferentes porosidades e diferentes quantidade de cal e da porosidade
quantidades de cal.
A sucção medida foi a matricial, ou seja, a A Figura 1(a) apresenta os resultados de
que decorre das forças de capilaridade no resistência à compressão simples (qu) em
interior da amostra. Ela foi medida usando a relação ao teor de cal (Ca) para 28 dias de cura
técnica do papel filtro. O papel filtro utilizado (considerando as 4 massas específicas aparentes

3
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

secas estudadas) e 12,5% de cinza volante A Figura 2(a) apresenta como a porosidade
(CV). Observa-se que a resistência à influencia na resistência à compressão simples
compressão simples aumenta linearmente com o (qu) do solo-cinza-cal estudado para o teor de
aumento da quantidade de cal. Outra cinza volante de 12,5%. Observa-se que a
característica que pode ser observada na Figura resistência à compressão simples (qu) aumenta
1(a) é o aumento na taxa de ganho de exponencialmente com a redução da porosidade
resistência com a quantidade de cal, para todas as quantidades de cal estudadas. Este
representada pela inclinação da reta, com o efeito benéfico da redução da porosidade tem
aumento da massa específica aparente seca. sido relatado por vários pesquisadores (por
exemplo, Consoli et al., 2006, 2007, 2009c). O
3000
mecanismo pelo qual a redução da porosidade
3 2
γ d = 1,4 g/cm : qu = 24,5Ca + 164,9 (R = 0,90) influencia na resistência dessas misturas, está
2700 3 2
γ d = 1,5 g/cm : qu = 57,5Ca + 228,6 (R = 0,90)
2400 3
γ d = 1,6 g/cm : qu = 75,5Ca + 373,4
2
(R = 0,94)
relacionado à existência de um maior número
2100 3
γ d = 1,7 g/cm : qu = 125,5Ca + 546,1
2
(R = 0,92) de contatos entre as partículas dos materiais
1800
qu (kPa)

utilizados.
1500
1200
900 2500
-0,13η 2
600 2250 Ca= 3% : qu = 77039e (R = 0,99)
-0,12η 2
300 2000 Ca = 5% : qu = 88132e (R = 0,96)
-0,12η 2
0 Ca = 7% : qu = 105682e (R = 0,98)
1750
-0,13η 2
2 3 4 5 6 7 8 9 10 Ca = 9% : qu = 149402e (R = 0,98)
1500
qu (kPa)

Ca (%) 1250
1000
(a)
750
2500 500
2
2250 6,25% CV : qu = 27,1Ca + 46,5 (R = 0,86) 250
2
2000 12,5% CV :qu = 57,5Ca + 228,6 (R = 0,90) 0
2
25% CV : qu = 108,4Ca + 684,9 (R = 0,88)
1750 32 34 36 38 40 42 44 46 48
1500 η(%)
qu (kPa)

1250
1000
(a)
750 4000
-0,14η 2
500 3600 6,25% CV : qu = 61841e (R = 0,94)
-0,12η 2
250 12,5% CV : qu = 88132e (R = 0,96)
3200
-0,12η 2
0 25% CV : qu = 151670e (R = 0,96)
2800
2 3 4 5 6 7 8 9 10 2400
qu (kPa)

Ca (%) 2000
1600
(b)
1200
Figura 1. Variação da resistência à compressão simples
800
(qu) com a quantidade de cal (Ca) para 28 dias de cura:
400
(a) 12,5% de CV considerando todas as massas
0
específicas aparentes secas estudadas e (b) 6,25%, 12,5%
32 34 36 38 40 42 44 46 48
e 25% de CV para γd = 1,5 g/cm³.
η(%)

A Figura 1(b) apresenta os resultados de (b)


resistência à compressão simples (qu) em Figura 2. Variação da resistênica à compressão simples
(qu) com a porosidade (η) para 28 dias de cura: (a) 12,5%
relação ao teor de cal para a massa específica de CV considerando todas as quantidades de cal
aparente seca de 1,5 g/cm³ e para todas as estudadas e (b) 6,25%, 12,5% e 25% de CV para Ca=5%.
quantidades de cinva volante estudadas (6,25%,
12,5% e 25%). Observa-se que o aumento do A Figura 2(b) apresenta os resultados de
teor de cinza volante ocasiona um aumento da resistência à compressão simples (qu) em
resistência à compressão simples (qu) para uma relação à porosidade para as amostras com 5%
determinada quantidade de cal.

4
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

de cal e com 6,25%, 12,5% e 25% de cinza


volante. η Porosidade
= (1)
Observa-se na Figura 2(b) que a resistência à Ca v Teor Volumétrico de Cal
compressão simples (qu) aumenta
exponencialmente com a redução da porosidade
Nenhuma correlação única pode ser
para todas as quantidades de cinza volante
observada entre η/Cav e qu para as misturas
estudadas. Além disso, o aumento do teor de
solo-cinza-cal estudadas.
cinza volante ocasiona o aumento da resistência
A Figura 4(b) apresenta os resultados da
à compressão simples (qu) para uma dada
resistência à compressão simples (qu) para todos
porosidade.
os teores de cinza volante (6,25%, 12,5% e
O processo de submersão das amostras por
25%) com a quantidade de cal de 7%. Observa-
24 horas, antes dos ensaios de compressão
se que pontos com a mesma relação η/Cav mas
simples, foi satisfatório por garantir um alto
com quantidades diferentes de cinza volante
grau de saturação das amostras. Um grau médio
apresentam resistências distintas. Para qualquer
de saturação, acima de 80%, foi obtido para as
amostras após a submersão, independentemente η/Cav, quanto maior o teor de CV, maior qu.
da porosidade inicial ou da quantidade de
material cimentício. Os valores medidos de 1000
900 Ca = 3%
sucção matricial foram baixos, com valores Ca = 5%
800
variando entorno de 1% até 10% da resistência Ca = 7%
700 Ca = 9%
à compressão simples (qu) (ver Figura 3). A 600
qu (kPa)

sucção nas amostras em relação à resistência 500


máxima são, portanto, relativamente 400
insignificantes, permitindo não considerá-las 300
200
como uma variável de análise.
100
0
5000 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
4500 6.25% CV η/Cav
4000 12.5% CV
25% CV
(a)
3500
4000
qu (kPa)

3000
L = 7%
2500 3600 6,25% CV
12,5%
L = 7% CV
2000 3200 25%
L = 7%CV
1500 2800
2400
qu (kPa)

1000
500 2000
0 1600
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1200
Sucção / qu (%) 800
400
Figura 3. Variação da resistênica à compressão simples
0
(qu) pela razão sucção/qu para 28 dias de cura e 6,25%,
6 7 8 9 10 11 12 13 14
12,5% e 25% de CV.
η/Cav

3.2 Relação porosidade/teor volumétrico de (b)


cal Figura 4. Variação da resistênica à compressão simples
(qu) com a relação porosidade/teor volumétrico de cal
(η/Cav) para 28 dias de cura: (a) 6,25% de CV
A Figura 4 apresenta a variação da resistência à considerando todas as quantidades de cal e porosidades
compressão simples (qu) para as misturas solo- estudadas e (b) 6,25%, 12,5% e 25% de CV para Ca=7%.
cinza-cal (considerando a quantidade de cinza
volante de 6,25%) com a relação Uma maneira de compatibilizar as taxas de
porosidade/teor volumétrico de cal (η/Cav) variação de η e 1/Cav é através da aplicação de
definida pela Equação 1: um potência sobre um desses parâmetros.

5
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Verificou-se que para a relação entre qu e η/Cav estudadas é válida para todos os teores de cinza
o ajuste ideal pode ser obtido aplicando uma volante estudados. Os resultados apresentados
potência igual a 0,12 para o parâmetro Cav, neste trabalho, portanto, sugerem que o
como apresentado na Figura 5, para 6,25%, engenheiro possa escolher a quantidade de cal,
12,5% e 25% de cinza volante. Uma boa a quantidade de cinza volante e o esforço de
correlação (coeficiente de determinação - compactação adequado para fornecer uma
R2=0,95, 0,97 e 0,93, respectivamente, para mistura que atenda à resistência exigida pelo
6,25%, 12,5% e 25% de CV) pode ser projeto e ao custo ideal.
observada entre η/(Cav)0,12 e a resistência à A relação porosidade/teor volumétrico de cal
compressão simples (qu) do solo-cinza-cal também pode ser utilizada no controle de
estudado (ver equações 2, 3 e 4, campo de camadas solo-cinza-cal. Uma vez que
respectivamente, para 6,25%, 12,5% e 25% de uma compactação não adequada tenha sido
cinza volante). identificada, ela pode ser facilmente
considerada na execução do projeto, através de
−4 , 60 uma curva de qu versus relação porosidade/teor
⎡ η ⎤
qu (kPa) = 2,76.10 ⎢ 9
0 ,12 ⎥
(2) volumétrico de cal ajustada, e
⎢⎣ (Ca v ) ⎥⎦ conseqüentemente medidas corretivas devem
ser adotadas, tais como o reforço da camada de
−4 , 60 solo tratado ou a redução da carga transmitida
⎡ η ⎤
qu (kPa) = 7,41.10 ⎢ 0 ,12 ⎥
9
(3) para a camada.
⎢⎣ (Ca v ) ⎥⎦

−4 , 60 4 CONCLUSÕES
⎡ η ⎤
qu (kPa) = 14,7.10 ⎢ 9
0 ,12 ⎥
(4)
⎢⎣ (Ca v ) ⎥⎦ A partir dos dados apresentados neste trabalho,
as seguintes conclusões podem ser
5000
6,25% CV : qu=2,76.109(η/(Cav)0,12)-4,60 (R2=0,95)
evidenciadas:
12,5% CV : qu=7,41.109(η/(Cav)0,12)-4,60 (R2=0,97) • Para as quantidades de cinza volante e cal
25% CV : qu=14,7.1009(η/(Cav)0,12)-4,60 (R2=0,93)
4000
utilizadas, a resistência à compressão
simples aumentou linearmente com o
aumento do teor de cal;
3000 • Quanto maior a quantidade de cinza
qu (kPa)

volante, maior a resistência à compressão


simples (qu) para uma determinada massa
2000
específica aparente seca e teor de cal
utilizados;
1000
• A redução da porosidade da mistura
compactada aumenta a sua resistência à
compressão simples (qu). Além disso, qu
0 aumentou exponencialmente com a redução
24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 da porosidade das misturas solo-cinza-cal
η/(Cav)0,12
Figura 5. Relação porosidade/teor volumétrico de cal
estudadas;
para 28 dias de cura. • A relação porosidade/teor volumétrico de
cal, ajustada por um expoente (0,12 para o
Portanto, o uso da porosidade da mistura solo, a cinza volante e a cal utilizados na
compactada dividida pelo teor volumétrico de presente pesquisa) mostrou-se um parâmetro
cal, ajustada por um expoente (0,12 para o solo, adequado para avaliar a resistência à
a cinza volante e a cal utilizados na presente compressão simples (qu) das misturas solo-
pesquisa) para avaliar a resistência à cinza-cal estudadas. É provável que este
compressão simples das misturas solo-cinza-cal expoente seja função dos materiais (solo,

6
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

cinza volante e cal) utilizados. 1846-1856.


Consoli, N.C., Lopes Jr., L.S. e Heineck, K.S. (2009b).
Key parameters for the strength control of lime
stabilized soils, Journal of Materials in Civil
AGRADECIMENTOS Engineering, ASCE, Vol. 21, p. 210-216.
Consoli, N.C., Fonseca, A.V., Cruz, R.C. e Heineck, K.S.
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de (2009c). Fundamental parameters for the stiffness and
Pesquisa CNPq/MCT (Projetos de strength control of artificially cemented sand, Journal
of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering,
Produtividade em Pesquisa # 301869/2007-3, ASCE, Vol.135, p. 1347-1353.
Edital Universal # 472851/2008-0 e PNPD # Mitchell, J. K. (1981). Soil improvement - State-of-the-
558474/2008-0), à Agência Nacional de art report. Proc., 10th Int. Conf. on Soil Mech. and
Energia Elétrica ANEEL (Projeto P&D 0089- Found. Engng., International Society of Soil
036/2006 – CEEE-GT/9936455) pelo apoio Mechanics and Foundation Engineering Stockholm,
p. 509-565.
financeiro ao grupo de pesquisa, e à Equipe
Transportation Research Board (1987). Lime stabilization
LEGG/ENVIRONGEO. – reactions, properties, design, and construction. State
of the art Report, No. 5, Transportation Research
Board, Washington, D.C.
REFERÊNCIAS

American Society for Testing and Materials (1998).


ASTM C61: Standard specification for coal fly ash
and raw or calcined natural pozzolan for use as a
mineral admixture in concrete, Philadelphia.
American Society for Testing and Materials (1993).
ASTM D 2487: Standard Classification of Soils for
Engineering Purposes, Philadelphia.
American Society for Testing and Materials (2000).
ASTM D 4318: Standard Test Methods for Liquid
Limit, Plastic Limit, and Plasticity Index of Soils,
Philadelphia.
Chandler, R.J., Crilly, M.S. and Montgomery-Smith, G.
(1992). A low-cost method of assessing clay
desiccation for low-rise buildings, Proceedings of the
Institute of Civil Engineers, Civil Engineering, Vol.
92, p. 82-89.
Consoli, N.C., Prietto, P.D.M., Carraro, J.A.H. e Heineck
K.S. (2001). Behavior of compacted soil-fly ash-
carbide lime-fly ash mixtures, Journal of
Geotechnical and Geoenvironmental Engineering,
ASCE, Vol. 127, p. 774-782.
Consoli, N.C, Rotta, G.V. e Prietto, P.D.M. (2006).
Yielding-compressibility-strength relationship for an
artificially cemented soil cured under stress,
Géotechnique, Vol. 56, p. 69-72.
Consoli, N.C., Foppa, D., Festugato, L. e Heineck, K.S.
(2007). Key Parameters for Strength Control of
Artificially Cemented Soils, Journal of Geotechnical
and Geoenvironmental Engineering, ASCE, Vol. 133,
p. 197-205.
Consoli, N.C., Thomé, A., Donato, M. e Graham, J.
(2008). Loading Tests on Compacted Soil - Bottom
Ash - Carbide Lime Layers, Proceedings of the
Institute of Civil Engineers, Geotechnical
Engineering, London, Vol. 161, p. 29-38.
Consoli, N.C., Dalla Rosa, F. e Fonini, A. (2009a). Plate
Load Tests on Cemented Soil Layers Overlaying
Weaker Soil, Journal of Geotechnical and
Geoenvironmental Engineering, ASCE, Vol. 135, p.

Anda mungkin juga menyukai