Na III reunião internacional do projecto FABT, retomámos este tema e da reflexão colectiva
definiram-se os contornos e especificidades deste contexto de aprendizagem, do qual resultam
um enriquecimento de competências e uma transferência de saberes de natureza diversa.
No Banco de Tempo circulam saberes que decorrem da acção, assentes nas experiências
individuais, ricos do ponto de vista do “saber-fazer”. Ensinar e aprender a confecionar um
prato vegetariano, a bordar, a jogar xadrez, a usar tintas de óleo, a fazer enfeites de Natal, a
usar um computador, são exemplos de saberes práticos que se partilham e experimentam no
Banco de Tempo.
Circulam também saberes de natureza mais teórica. Por exemplo, no Banco de Tempo podem
ser aprofundados temas da actualidade, temas de história, o saber em torno da educação de
crianças, da geriatria… Pode também aprender-se mais sobre as cidades e os seus
monumentos, sobre música clássica e sobre literatura, poesia…
Também no Banco de Tempo se aprende a repensar e a intervir nos modos de vida das
comunidades, ao longo de percursos de cidadania activa que se vão construindo. Estas
aprendizagens têm lugar e são aprofundadas à medida que se vai avançando em processos
coletivos orientados para a transformação social.
Cada pessoa tem também a possibilidade de se conhecer melhor a si própria, na relação e nas
trocas com outros/as, descobrindo e valorizando talentos, competências, características
pessoais. Neste sentido, podemos considerar que se trata de um contexto favorável à
autoformação.
OS SABERES NÃO SÃO HIERARQUIZADOS
No Banco de tempo não há uma hierarquização dos saberes, não há saberes mais e menos
prestigiados, todos os saberes têm o mesmo valor: o tempo que dura a troca. Esta
horizontalidade dos saberes nega posições de privilégio a alguns tipos e retira outros da
invisibilidade e até do descrédito (por exemplo saberes tradicionais, alternativos, actividades
de cuidado).
O Banco de Tempo, ao facilitar o encontro entre membros que desejam partilhar os seus
saberes e aqueles que desejam adquiri-los, proporciona a cada um a oportunidade de
aprender, qualquer que seja a sua idade e sem custos financeiros. Todas as pessoas têm a
possibilidade de comunicar os seus conhecimentos, tornando-os acessíveis e disponíveis a
todos os interessados. Assim, multiplicam-se as oportunidades, quer de aprender, quer de
ensinar.