Mecanismos Mecânicos – Profª. Ma. Ingrid Lorena Argote Pedraza e Prof. Me. Leonardo Bonacini
Olá! Meu nome é Ingrid Lorena Argote Pedraza. Possuo Mestrado em Ciências em Engenharia Mecâni-
ca pela Escola de Engenharia de São Carlos (Eesc) da Universidade de São Paulo (USP), na área de Di-
nâmica de Máquinas e Sistemas. Tenho Graduação em Engenharia Eletrônica pela Universidad de los
Llanos – Colômbia. Atualmente curso Doutorado em Engenharia Mecânica pela Eesc-USP. Tenho expe-
riência em Engenharia Eletrônica, atuando especialmente nas seguintes áreas: Eletrônica Industrial,
Automação Industrial, Instalações Elétricas Residenciais, Controle Pneumático e Manutenção de Equi-
pamentos Médicos. Participo de grupos de pesquisa na USP e na Unillanos, em congressos nacionais e
internacionais.
Meu nome é Leonardo Bonacini. Possuo graduação em Tecnologia em Mecatrônica Industrial pelo
Instituto Federal de São Paulo (2014) e mestrado em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia
de São Carlos (EESC - USP) (2017). Atualmente, curso doutorado na Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC - USP). Tenho experiência na área de Robótica, Mecatrônica e Automação, desenvolvo trabalhos
na área de instrumentação eletrônica de máquinas-ferramentas e Redes Neurais.
Prof. Me. Leonardo Bonacini
Profª. Ma. Ingrid Lorena Argote Pedraza
MECANISMOS MECÂNICOS
Batatais
Claretiano
2018
© Ação Educacional Claretiana, 2018 – Batatais (SP)
Trabalho realizado pelo Claretiano – Centro Universitário
Cursos: Graduação
Disciplina: Mecanismos Mecânicos
Versão: ago./2018
(Original do Autor)
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Eduardo Henrique Marinheiro
Camila Maria Nardi Matos Filipi Andrade de Deus Silveira
Carolina de Andrade Baviera Rafael Antonio Morotti
Cátia Aparecida Ribeiro Rodrigo Ferreira Daverni
Dandara Louise Vieira Matavelli Vanessa Vergani Machado
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Projeto gráfico, diagramação e capa
Josiane Marchiori Martins
Bruno do Carmo Bulgarelli
Lidiane Maria Magalini
Joice Cristina Micai
Luciana A. Mani Adami
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Antônio Guimarães Toloi
Patrícia Alves Veronez Montera
Raphael Fantacini de Oliveira
Raquel Baptista Meneses Frata
Tamires Botta Murakami
Simone Rodrigues de Oliveira
Videoaula
André Luís Menari Pereira
Bruna Giovanaz
Marilene Baviera
Renan de Omote Cardoso
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia,
gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.
UNIDADE 3 - CAMES
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 54
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA .................................................................................................................... 54
2. 1. CARATERISTICAS E CONCEITOS RELACIONADOS COM CAMES .................................................................... 54
2. 2. CLASSIFICAÇÃO............................................................................................................................................. 56
2. 3. FUNÇÕES UTILIZADAS PARA DESENHO DE CAMES DE DUPLA ESPERA ........................................................ 58
2. 4. FUNÇÕES UTILIZADAS PARA DESENHO DE CAMES DE ESPERA ÚNICA ........................................................ 64
2. 5. DIMENSIONANDO OS CAMES ...................................................................................................................... 64
2. 6. DETERMINAÇÃO ANALÍTICA DO PERFIL DE UM CAME COM OFFSET E SEGUIDOR DE ROLETE RADIAL ....... 66
2. 7. APROXIMAÇÃO DO PERFIL DO CAME UTILIZANDO O CENTRO DE CURVA .................................................. 69
2. 8. MÉTODO ANALÍTICO PARA DETERMINAÇÃO DE PERFIL DE CAME COM
SEGUIDOR TIPO RADIAL FACE PLANA ........................................................................................................... 70
2. 9. MÉTODO ANALÍTICO PARA DETERMINAÇÃO DE PERFIL DE CAME COM SEGUIDOR DO TIPO OSCILADOR
COM FACE CILÍNDRICA ................................................................................................................................. 71
2. 10. MÉTODO ANALÍTICO PARA DETERMINAÇÃO DE PERFIL DE CAME COM SEGUIDOR OSCILADOR DE FACE
PLANA ........................................................................................................................................................ 74
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ....................................................................................................................... 78
3. 1. CARATERÍSTICAS E CONCEITOS RELACIONADOS COM CAMES .................................................................... 78
3. 2. CLASSFICAÇÃO.............................................................................................................................................. 79
3. 3. DIMENSIONAMENTO DE CAMES .................................................................................................................. 79
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................................................................. 80
5. CONSIDERAÇÕES ................................................................................................................................................... 81
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................................. 81
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
Conteúdo
Esta disciplina tem por objetivo estudar as tensões e deformações que podem ocorrer num sólido, assim como compreen-
der as tensões e deformações máximas através de sistemas de transformação de coordenadas. São apresentadas tam-
bém várias situações nas quais analisamos as tensões a partir do círculo de Mohr. Por fim, serão apresentados os crité-
rios de falhas para diferentes tipos de materiais.
Bibliografia Básica
HIBBELER, R. C. Dinâmica: mecânica para engenharia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
NORTON, R. L. Cinemática e dinâmica dos mecanismos. Porto Alegre: AMGH, 2010.
PARETO, L. Formulário técnico: elementos de máquinas. São Paulo: Hemus, 2003.
Bibliografia Complementar
BEER, F. P.; JOHNSTON, E. R.; CORNWELL, P. J. Mecânica vetorial para engenheiros: dinâmica. Porto Alegre: AMGH, 2012.
RABELLO, E. B. D.; PUGLIESI, M. Tolerâncias, rolamentos e engrenagens: tecnologia mecânica. São Paulo: Hemus, 1975.
SCHÖN, C. G. Mecânica dos materiais: fundamentos e do comportamento mecânico: fundamentos e tecnologia do comportamento
mecânico. Rio de Janeiro: Elsevier, c2013.
ALMEIDA, J. C. de; LIMA, K. F. de; BARBIERI, R. Elementos de máquinas: projeto de sistemas mecânicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
STIPKOVIK F, M. Engrenagens: geometria, dimensionamento, controle, geração, ensaios. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno, seja bem-vindo!
Iniciaremos o estudo de Mecanismos Mecânicos e, nesse momento, esperamos que você já
tenha conhecimentos a respeito de Física básica, Trigonometria, Estática, Dinâmica, Álgebra linear e
Geometria analítica, pois utilizaremos bastante os fundamentos relacionados a essas áreas de co-
nhecimento.
Geralmente, quando vamos iniciar os estudos de uma nova disciplina, fazemos os seguintes
questionamentos: para que estudar tal disciplina? Qual sua aplicação na prática?
Respondendo a primeira pergunta, a disciplina de Mecanismos Mecânicos visa apresentar ao
futuro engenheiro mecânico como transformar um ou mais movimentos e/ou esforços de entrada
em movimentos e/ou esforços de saída. Uma representação em blocos de um mecanismo pode ser
vista na Figura 1. Nessa figura, as entradas para o mecanismo são: uma força (F1) e um deslocamen-
to circular (ΔS1); e a saída são: uma força (F2) e um deslocamento linear (ΔS2).
Agora que você possui uma noção geral do funcionamento de um mecanismo, vamos respon-
der o segundo questionamento, à primeira vista pode não ser trivial verificar a existência de meca-
nismos em nosso cotidiano. Porém, existem inúmeros mecanismos ou objetos que possuem meca-
nismos que estão presentes em quase todos os locais do nosso dia-a-dia como, por exemplo, em
brinquedos, em impressoras, nas catracas dos meios de transporte, entre outros. Estendendo um
pouco mais o conhecimento, inúmeros objetos manuais como tesouras e ferramentas, podendo
citar, martelo, chaves de fenda e alicates, também são um determinado tipo de mecanismos. Além
disso, partindo um pouco para a área de bioengenharia, partes do corpo humano também são con-
sideradas mecanismos de funcionamento como, por exemplo, os joelhos, as mãos, os pés, entre
outros (KNUDSON, 2007). O mesmo serve para as patas, nadadeiras e asas dos animais. Tendo como
base a área automobilística, o conjunto virabrequim, biela e pistão formam o mecanismo denomi-
nado manivela deslizante.
Agora que temos uma pequena noção sobre a importância dos Mecanismos Mecânicos na vi-
da do engenheiro mecânico, vocês devem estar se perguntando a partir de quando isso se tornou
relevante para a humanidade.
Tentando responder isso, o fato de querer transformar um movimento ou esforço de entrada
em um movimento ou esforço desejado de saída tem sido utilizado pelo homem desde a pré-
história. Segundo Paz et al. (2010), um dos primeiros mecanismos criados pelo homem foi utilizado
para a caça. Nossos ancestrais fabricaram com madeira e cipó (materiais que se tinha conhecimento
na época) armadilhas para prender ou desacordar animais.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais,
possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento
dos temas tratados.
1) Amortecimento quadrático: representa a dificuldade de um elemento se deslocar em
um fluido. Em geral, tem pouca influência nos mecanismos, a não ser que o fluido seja
denso ou o mesmo atue em altas velocidades.
2) Amortecimento viscoso: representa o cisalhamento de um fluido na folga entre as
peças móveis.
3) Alavanca: elemento que usa um torque em um eixo de rotação para gerar trabalho.
4) Atuadores: é um elemento que converte energia em movimento. Tal energia pode ser
pneumático, hidráulico, elétrico, mecânico ou manual.
5) Balanceamento: eliminar forças e momentos vibratórios em elementos que sofrem
rotação. Esta característica pode ser determinada por:
a) Balanceamento estático: soma das forças em um sistema em movimento é zero.
b)Balanceamento dinâmico: além do balanceamento estático, deve-se garantir que a
somatória dos momentos devem ser zero.
6) Cadeia cinemática: conjunto de elos e juntas conectados de tal forma que permita que
um movimento de entrada gere um movimento de saída (NORTON, 2010).
7) Came: elemento de máquina que que possui um formato desejado. Em geral, a
superfície é excêntrica.
8) Cinemática: área da física que estuda um corpo em movimento sem levar em
consideração as forças atuantes.
9) Cinética: área da física que estuda as forças atuantes em um corpo em movimento.
10) Conectividade: número de coordenadas independentes com o objetivo de definir a
posição de um elo em relação a outro na mesma cadeia cinemática.
11) Elasticidade: representa as deformações em todos os elementos do mecanismo
12) Elo: componente que permite a conexão entre dois ou mais elementos, estes podem
ser:
a) Elo binário: ligação entre dois elementos.
b)Elo terciário: ligação entre três elementos.
c) Elo quaternário: ligação entre quatro elementos.
13) Engrenagem: elemento de máquina em forma de uma roda que possui dentes
uniformemente espaçados.
14) Estrutura: sistema mecânico que não possui partes móveis, tem função de manter a
posição mesmo quando está sujeito a cargas externas.
15) Graus de liberdade: também denominado de mobilidade, representa o número de
entradas mínimo que seja possível prever uma saída.
16) Junta: é a conexão entre dois ou mais elos, permitindo, o movimento entre os
membros conectados (UICKER, 2011). As juntas podem ser classificadas em:
a) Junta de revolução: permite ter uma rotação em torno do próprio eixo.
saída. Uma outra etapa que está atrelada a esta é a determinação de qual é o movimento de entra-
da que será responsável por gerar a saída, normalmente, tal movimento é produzido por um atua-
dor. Estas duas etapas quando bem delimitada, facilita muito o trabalho das etapas posteriores.
Outra etapa que geralmente ocorre em paralelo a definição dos movimentos é a análise de
elementos de máquina que possuem as características de interligar as partes a fim de chegar na
resolução do dado problema.
A partir das análises mencionadas nos estágios anteriores, os engenheiros fazem a proposta
de um mecanismo (cadeia cinemática). É importante acrescentar também que as etapas que permi-
tiram chegar até este ponto podem ser revistas durante o projeto de cada estágio. Tais revisões po-
dem ocorrer devido aos problemas que podem ocorrer em falta de informações das limitações es-
truturais do meio ou das limitações dos atuadores.
Até o estágio descrito anteriormente, os engenheiros mecânicos projetaram um mecanismo
para, mediante um movimento de entrada, gerar um movimento de saída. A partir deste instante,
torna-se necessário realizar a análise dos esforços causados nos elementos que compõe tal meca-
nismo. O nosso material se preocupa com o conhecimento até este estágio.
Entretanto, na prática, haverá mais uma etapa, a qual é muito importante para o funciona-
mento do mecanismo, que ocorre quando os engenheiros mecânicos fazem a seleção dos materiais
que serão utilizados para a fabricação do mecanismo. Esta etapa está intimamente ligada com a
análise dos esforços nos elementos do mecanismo.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KNUDSON, D. Fundamentals of biomechanics. Springer Science & Business Media, 2007.
NORTON, R. L. Cinemática e dinâmica dos mecanismos. Porto Alegre: AMGH, 2010.
PAZ, E. B. et al. A brief illustrated history of machines and mechanisms. Springer Science & Business Media, 2010.
SCLATER, N.; CHIRONIS, N. P. Mechanisms and mechanical devices sourcebook. New York: McGraw-Hill, 2001.
UICKER, J. J. et al. Theory of machines and mechanisms. New York: Oxford University Press, 2011.
5. E-REFERÊNCIA
HESS-COELHO, T. A. Metodologia para análise e síntese de mecanismos. 23 ago. 2015. Apostila USP. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2929598/mod_resource/content/2/Tarcisio_3405.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2018.
Objetivos
• Definir elementos e representações dos mecanismos.
• Determinar graus de liberdade de um mecanismo.
• Classificar mecanismo de 4 barras.
• Sintetizar, de forma gráfica, os mecanismos.
• Determinar de forma analítica posições, velocidades e acelerações.
Conteúdos
• Elementos e representações destes em diagramas cinemáticos.
• Graus de liberdade de mecanismos.
• Condição de Grashof.
• Análise gráfica de mecanismos.
• Analisar analítica de posição, velocidade e aceleração em mecanismos.
1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar o estudo da primeira unidade do nosso material?
Nesta unidade começaremos a estudar um pouco dos conceitos que estão relacionados aos
mecanismos e analisar o movimento dos mesmos.
Tendo a parte conceitual em mente, abordaremos como analisar a performance cinemática
dos mecanismos. Existem, em geral, dois diferentes métodos, sendo eles, gráfico o qual, é uma aná-
lise intuitiva na maioria dos casos e de fácil interpretação para modelos mais simplificados; e analíti-
co o qual, é menos intuitivo, mas necessário por conter fórmulas que podem ser programadas em
computadores para auxiliar no desenvolvimento.
2. 1. ELEMENTOS E REPRESENTAÇÕES
Vamos iniciar os estudos com as partes menores dos mecanismos mecânicos. Inicialmente de-
vemos observar que mecanismo é um conjunto total de elementos, tais elementos são denomina-
dos elos e juntas.
Elo (Figura 1) é definido, para cinemática, como um corpo rígido que permite a associação de
pelos menos dois nós. Tais elementos podem ser classificados de acordo com a quantidade de nós
que possuem: elo binário quando possui dois nós (Figura 1a); elo terciário quando possui três nós
(Figura 1b); elo quaternário quando possui quatro nós (Figura 1c).
Outro elemento que faz parte do mecanismo é a junta (par cinemático) que é uma conexão
entre dois ou mais elos. Existem dois outros termos que são muito utilizados em mecânica que são:
par inferior que são juntas com superfície de contato; e par superior que são juntas com linha ou
ponto de contato (REULEAUX, 1963). Os principais seis pares inferiores podem ser vistos na Figura 2,
sendo eles, junta de revolução que permite um movimento de rotação (Figura 2a); junta prismática
que permite um movimento de translação (Figura 2b); junta planar que permite dois movimentos de
translação e um de rotação (Figura 2c); junta cilíndrica (meia junta) que permite um movimento de
translação e um de rotação (Figura 2d); junta helicoidal que permite um movimento de translação
ou um movimento de rotação (Figura 2e); junta esférica que permite três movimentos de rotação
(Figura 2f).
Importante! Apesar de ser intuitivo pensar que a junta helicoidal tenha dois movimentos, isto não é verdade. Visto que se houver um
movimento de entrada de translação, o movimento de saída será um movimento de rotação. Por outro lado, caso o movimento de entrada
seja de rotação, o movimento de saída será uma translação.
Até o presente momento vimos quais são os componentes “elementares” que formam os me-
canismos. Quando nos deparamos com um problema na prática, é necessário fazer um esquemático
cinemático de forma simples e organizada dos elos e juntas do mecanismo que temos em mente ou
até mesmo do mecanismo pronto.
Um elo do ponto de vista da cinemática é representado por uma barra que liga duas juntas e,
deste modo, permite movimento relativo entre os elos adjacentes. Uma junta permite movimentos
de rotação, translação ou ambos e tais movimentos devem estar claros quando se realiza um es-
quemático cinemático. Visando isso, foram determinadas algumas representações para os elos e as
juntas, tais representações podem ser vistas na Figura 3, vale-se ressaltar que iremos utilizar essas
notações durante toda a disciplina.
2. 2. GRAUS DE LIBERDADE
Agora que já sabemos os elementos que compõe um mecanismo e como criar um diagrama
cinemático, faz-se necessário calcular os graus de liberdade (GDL) dos mesmos. Este conceito é de
fundamental importância, pois, nos revela quantas entradas nós precisamos ter conhecimento para
determinar a posição de um corpo.
Quando temos conhecimento da quantidade de GDL obteremos a quantidade de entradas ne-
cessárias em nosso sistema. Devemos lembrar que cada entrada está associada a um atuador ou a
um operador, portanto, este conceito está intimamente ligado ao custo do de operação do meca-
nismo.
As cadeias cinemáticas podem ser abertas ou fechadas. Um mecanismo fechado não possui
nós sem conexão. Por outro lado, um mecanismo aberto possui um ou mais nós sem conexão.
(NORTON, 2010).
Para calcular o GDL em um mecanismo planar, deve-se considerar o número de elos e juntas.
Pela condição de Gruebler, sabemos que um elo qualquer no plano possui 3 graus de liberdade (X, Y,
θ) pode ser visto na Figura 4a, portanto para um sistema com L elos isolados, teremos a Equação 1,
para a quantidade de GDL de um mecanismo.
GDL = 3L (1)
Porém quando os elos são conectados por uma junta completa, os movimentos de transla-
ção vertical e horizontal nos dois elos são iguais, como pode ser visto na Figura 4b. Quando há uma
meia junta, apenas o movimento de translação vertical é o mesmo, como pode ser visto na Figura
4c.
Portanto, para um sistema com L elos e J juntas, podemos chegar na Equação 2, para a quan-
tidade de GDL de um mecanismo. Valendo ressalta que ao contar o número de juntas, caso haja
uma meia junta, deve-se somar 0,5 a J.
GDL = 3L – 2 J (2)
Quando fixamos um elo a uma estrutura de referência ou aterrado, todos os três graus de li-
berdade são perdidos, sendo G o número de elos fixados, obteremos a Equação 3, que é a equação
de Gruebler para a quantidade de GDL de um mecanismo.
2. 3. CONDIÇÃO DE GRASHOF
Agora que temos uma ideia sobre como fazer um diagrama cinemático e como calcular GDL,
vamos nos atentar um dos mais simples mecanismos planares com um GDL, o mecanismo quatro
barras. Tal sistema pode ser observado na Figura 5.
S + L≤ P + Q (7)
Atende a condição de Grashof se o mecanismo for capaz de fazer uma rotação em torno de
um elo de referência. Em caso falso, nenhum elo será capaz de realizar rotação em torno de um elo
de referência. De acordo com os elos, os mecanismos podem ser separados em três classes, que
podem ser analisadas no Quadro 2.
Uma imagem com a movimentação do mecanismo quatro barras da classe I pode ser visto na
Figura 6.
Figura 6 Mecanismo de quatro barras de acordo com a condição de Grashof para a Classe I (a) manivela seguidor, (b) dupla manivela e (c)
duplo seguidor de Grashof.
Importante! Agora você deve estar pensando que estes métodos não servem para os mecanismos tridimensionais, porém muitos meca-
nismos em três dimensões podem ser simplificados em múltiplos mecanismo planares.
Exemplo 1 ______________________________________________________________________
Projete um mecanismo manivela seguidor de quatro barras (condições de Grashof) para obter uma oscilação de saída
60º, com o mesmo tempo de avanço e de retorno, para uma velocidade angular constante de entrada.
Resolução
Em primeiro lugar, devemos indicar o movimento de saída máximo e mínimo. Esses serão determinados a partir de um elo
L1 (L11 = L12), uma junta J1 (J11 = J12) e o ângulo de saída de acordo com a especificação do projeto, como pode ser visto
na Figura 8a.
Posteriormente, fixa um elo L2 (L21 = L22) na junta J1 (J11 e J12) que estão representando o movimento de saída do meca-
nismo. Vale-se ressaltar que L21 e L22 devem ter sentido paralelo ao eixo horizontal, como pode ser visto na Figura 8b.
Importante! Para cumprir a equação de Grashof L2 deve ser maior que L1.
Em seguida, divide-se o segmento formado entre L21 e L22 ao meio, este será o valor de L3 (L31 = L32). Desenha-se uma
junta rotativa fixa no ponto central e a partir deste ponto cria-se uma circunferência de raio L3, que denomina o movimento
circular constante de entrada, como pode ser visto na Figura 8c.
Para finalizar, mede-se os elos e verifica-se a condição de Grashof: caso não satisfaça, precisa projetar novamente; caso
satisfaça a condição, segue-se para uma etapa de simulação do mecanismo. A partir deste método, acharemos uma ga-
ma de relações entre L1, L2 e L3 que satisfarão nosso problema, deverá apenas seguir a proporção encontrada pela
técnica acima.
Figura 83 Resolução do exemplo 1 (a) movimento de saída, (b) fixação elo L2 e (c) mecanismo manivela seguidor.
_______________________________________________________________________________
Como podemos notar, este método é puramente qualitativo, pois não existem uma ampla va-
riedade de razões entre os elos que satisfarão nosso problema. Portanto, é muito provável que o
mecanismo determinado não será o melhor logo na primeira vez que utilizar tal método.
No exemplo anterior, os dados de projeto foram dados para o engenheiro, vamos analisar um
outro exemplo, no qual não são dadas tantas informações.
Exemplo 2 ______________________________________________________________________
Dado um mecanismo quatro barras do tipo manivela seguidor, precisa-se mover um elo quaternário para duas posições
com o mesmo tempo de ida e volta.
Resolução
Semelhante ao proposto por NORTON (2010, p.121), primeiro devemos indicar o movimento desejado no elo quaternário
nos nós N1 e N2, como pode ser visto na Figura 9a.
Após determinar como os nós estão dispostos, devemos determinar em qual local estará o elo que irá estar fixado na junta
rotativa fixa. Para determinar este nó é necessário traçar uma linha entre a posição inicial e final dos dois nós, após isso,
fazem duas bissetrizes nos ângulos, no local de intersecção das duas bissetrizes ficará o nó com a junta rotativa fixa (N4),
como pode ser visto na Figura 9b.
Posteriormente, determina o último nó do elo quaternário, este estará entre N2 e N4, como pode ser visualizado na Figura
9c. Esta posição o projetista pode determinar, de acordo com o que for mais conveniente.
Para finalizar o exercício, utilizaremos as mesmas etapas utilizadas anteriormente. Deve-se colocar um elo L2 (L21 = L22)
paralelo ao eixo horizontal na junta que está no nó N3, determinado na etapa anterior, como pode ser visto na Figura 9d.
Em seguida, divide-se o segmento formado entre L21 e L22 ao meio, este será o valor de L3 (L31 = L32). Desenha-se uma
junta rotativa fixa no ponto central e a partir deste ponto cria-se uma circunferência de raio L3, que denomina o movimento
circular constante de entrada, como pode ser visto na Figura 9e.
Para finalizar, mede-se os elos e verifica-se a condição de Grashof: caso não satisfaça, precisa projetar novamente; caso
satisfaça a condição, segue-se para uma etapa de simulação do mecanismo, para verificar se não existe posição limitante.
A partir deste método, acharemos uma gama de relações entre L1, L2 e L3 que satisfarão nosso problema, deverá apenas
seguir a proporção encontrada pela técnica acima.
_______________________________________________________________________________
Os casos que vimos até o presente momento, o tempo de ida e de volta dos mecanismos são
os mesmos. Porém existem casos nos quais é necessário que o tempo de ida ou de volta seja dife-
rente, tais mecanismos são denominados mecanismo de retorno rápido.
Em um mecanismo quatro barras, o motivo do movimento de ida ser o mesmo de volta é o
posicionamento do centro da manivela ser colinear com o elo que não está fixo nas juntas rotativas
fixas. De tal modo que os ângulos formados são de 180º. Deste modo, se a manivela rotaciona com
velocidade constante, então o avanço e retorno serão feitos no mesmo intervalo de tempo.
Quando o elo acoplador é colinear com o centro da manivela, então o tempo de avanço ou re-
torno serão diferentes. Existe uma relação que é chamada relação de tempo (TR) que define o grau
de retorno rápido que é calculado pela Equação 8.
α (8)
TR =
β
(9)
Para resolver um problema que se necessita de um mecanismo de retorno rápido, pode-se se-
guir os passos descrito no fluxograma da Figura 11.
Figura 11 Fluxograma para projetar um mecanismo de quatro barras com retorno rápido.
Para alguns casos, o movimento de saída pode ser uma curva que é regida por um polinômio.
Este não é uma síntese para solução de movimento, pois não é possível prever a orientação do aco-
plador por meio da trajetória.
Algumas das formas de curvas características para um acoplador pode ser vista na Figura 12.
Existem uma infinidade de curvas que caracterizam a trajetória de um acoplador, que se referem a
relação entre os elos do mecanismo quatro barras, para maiores informações sugerimos a leitura de
HRONES, NELSON (1951).
2. 5. ANÁLISE DE POSIÇÕES
Até o presente momento temos noção de como analisar de forma gráfica as posições de um
mecanismo, mas esta não é a única forma de fazer tal verificação. Podemos resolver de forma analí-
tica com aproximações algébricas, porém esta tarefa demanda um pouco mais de atenção por ser
mais complexa. Existem diversas ferramentas computacionais que podem auxiliar nos cálculos, mas
é de vital importância que você saiba como definir as equações do movimento.
Para começarmos a calcular as posições, precisamos fazer algumas considerações, quando es-
tivermos analisando um mecanismo iremos ter dois referenciais um global e outro local. O referen-
cial global (X0, Y0) indica a origem do nosso sistema e, portanto, colocaremos na junta fixa à estrutu-
ra, temos que ressaltar que este referencial é relativo, pois tal estrutura pode estar em movimento.
Já o referencial local (X1, Y1 e X2, Y2) é dado pelas extremidades dos elos, como pode ser visto na
Figura 13.
A posição de um elo do mecanismo pode ser dada por um vetor posição, para a representação
deste vetor, podemos utilizar a notação polar como pode ser visto na Equação 10. Na qual: éo
vetor posição; é o módulo do vetor posição; θ é o ângulo formado com o eixo horizontal. Outra
notação que pode ser utilizada é notação cartesiana, na qual: vx é a projeção do vetor posição no
eixo X; vy é a projeção do vetor posição no eixo Y, como pode ser visto na Equação 11.
(10)
(11)
Quando vamos efetuar os cálculos, às vezes, é necessário rotacionar o referencial para tanto o
global quanto o local estejam na mesma direção e sentido. A matriz de rotação é dada pela Equação
12. Portanto, para rotacionar por um ângulo θ um vetor de posição basta multiplicá-lo a esquerda
pela matriz abaixo.
(12)
Pensando em um mecanismo 4 barras proposta na Figura 14, vamos calcular a posição da jun-
ta (J1), esta é dada pela projeção da mesma nos eixos X e Y, e podem ser calculadas pela Equação
13a.
J1X = L1 cosθ1
(13a)
J1Y = L1 senθ1
Já as coordenadas dos da junta J2 podem ser calculadas utilizando uma coordenada local neste
ponto e fazendo o cálculo descrito na Equação 13b.
Você deve estar pensando que agora pode calcular qualquer posição do mecanismo, cor-
reto? Desde que você saiba todas as dimensões dos elos e os ângulos que eles estão formando com
a horizontal, você está correto. Mas isso de fato não acontece, devemos tirar a dependências dos
ângulos θ2 e θ3. O ângulo θ3 é facilmente substituído utilizando a Equação 13c.
J3X = L0 - J2X
(13c)
J3Y = 0
Porém, ainda há a dependência do ângulo θ2, segundo Norton (2010) os valores de J2Y podem
ser calculados pela Equação 13d.
(13d)
Note que o valor de J2Y pode ser imaginário, isso significa que os elos não estão se conectando
para tal ângulo de entrada. Se J2Y for real, então, para calcular J2X utiliza-se a Equação 13e.
(13e)
(13f)
Um método diferente pode ser encontrado em Vinogranov (2000), ele propõe a utilização de
soma vetorial para a solução numérica para a posição de mecanismos. Vamos olhar novamente a
Figura 13. Imagine que os elos agora são vetores, portanto, a soma vetorial destes é zero, pois ele
começa e termina no mesmo ponto.
A partir desta informação, podemos chegar a Equação 14. No qual m varia de 1 até o número
máximo de elos e a soma vetorial de todos os elos.
(14)
Na Figura 15 mostra-se como são selecionados os ângulos para a utilização do método propos-
to Vinogranov (2000). Existe uma pequena diferença quando comparado ao primeiro método, então
deve-se tomar basta cuidado, o sinal de θ3 deve ser negativo.
Exemplo 3 ______________________________________________________________________
Suponha que o mecanismo quatro barras da Figura 15 tenha a seguinte relação L2 = 2L1 e L0 = 3L1. Além disso, são co-
nhecidos os valores dos ângulos θ0 = -180º, θ1 = 45º e θ2 = 30º, que foram medidos por sensores. Determine o ângulo de
θ3 e o tamanho do elo L3 do mecanismo.
Resolução
Em primeiro lugar, vamos montar os vetores.
L0 = 3 (cos(-180),sen(-180)) = (cos(180),-sen(180))
L1 = 1 (cos(45),sen(45))
L2 = 2 (cos(30),sen(30))
L3 = L3 (cos(-θ3),sen(-θ3)) = L3 (cos(θ3),-sen(θ3))
A partir disso, encontramos que θ3 é igual a aproximadamente 71,8º. Para determinar o tamanho de L3, basta igualar a
soma dos termos da coordenada X ou da coordenada Y. Igualando os termos referentes ao termo Y, temos:
A partir obtemos o valor do elo L3 que é igual a aproximadamente a 1,80 L1. Com isso, para estas razões de elos e, para
tal ângulo de entrada e de acoplamento, o ângulo de saída será o que calculamos.
Em alguns casos, nosso interesse pode estar na trajetória que um determinado ponto no mecanismo ou não pode fazer.
Para isso, basta fazer a mesma análise por vetores, como pode ser visto na Figura 16.
(15a)
Portanto, fazendo a soma vetorial teremos a Equação 15b que define a trajetória de qualquer ponto Q em um mecanismo.
(15a)
_______________________________________________________________________________
2. 6. ANÁLISE DE VELOCIDADE
Até o presente momento, aprendemos a calcular as posições de um mecanismo. Entretanto,
também é preciso calcular a velocidade em determinado ponto do mecanismo. É necessário efetuar
tal cálculo para analisar a energia cinética em um mecanismo.
Por definição da física, velocidade é a variação de deslocamento com respeito ao tempo. Va-
mos lembrar que a posição em um local qualquer do nosso mecanismo, varia com o tempo, portan-
to a posição é dada pela Equação 16:
(16)
Você pode estar se perguntando, por que o comprimento do elo varia como o tempo? Para
elos com junta fixa, esse comprimento, realmente, é constante. Entretanto, quando nos referimos
às juntas que permitem escorregamento e rotação, o comprimento analisado varia. Quando deri-
vamos a Equação 16 com relação ao tempo, obtemos a Equação 17.
(17)
Na qual, representa a velocidade angular (ωi) no elo Li. O primeiro termo desta Equação
pode ser nulo caso a junta do elo que estivermos analisando, não permita que haja variação do
comprimento. O segundo termo desta equação não é nulo e a direção desta velocidade é perpendi-
cular ao vetor posição (NORTON, 2010).
A Equação 17 nos dá uma velocidade angular absoluta, com base em um referencial fixo. No
entanto, existem casos nos quais a estrutura não está fixa e possui uma velocidade lateral (VL). Para
estes casos, deve-se fazer uma soma vetorial com as duas velocidades, como pode ser visto na Figu-
ra 17.
Antes dos computadores, a determinação das velocidades de um mecanismo, era uma tarefa
árdua, portanto, utiliza-se o método gráfico. Para isso, faremos um exemplo com um mecanismo de
quatro barras.
Exemplo _______________________________________________________________________
Dado o mecanismo da Figura 18 e sabendo os valores de θ1, θ2, θ3 e ω1 (Velocidade angular de θ2), encontre ωJ2, ωJ3, VJ1
(Velocidade em J1) e VJ2 (Velocidade em J2).
Resolução
Começando pelo conjunto que se tem mais informações, determinaremos a velocidade da J1. Esta é dada por:
Tendo VJ1, desenha-se um vetor perpendicular a L1, como pode ser visto na Figura 18a.
Figura 18 Resolução do exemplo, para determinação das velocidades (a) VJ1, (b) VJ2.
Iremos partir para a resolução de J2, por mecânica, sabemos que a velocidade em J2 é igual a velocidade em J1 mais a
velocidade que J2 faz em J1. Sabe-se que por se tratar de um corpo rígido, não existe uma velocidade no Elo L2. Portanto,
a única velocidade em B é perpendicular a L2. Então faz-se uma linha perpendicular a L2 e perpendicular a L3 (pois faz-se
apenas rotação esse membro) em J2, como pode ser visto na Figura 20b. Então realiza-se a soma vetorial, chegando em
VJ2.
Para calcular as velocidades angulares em J2 e J3, faz-se:
_______________________________________________________________________________
Existem outros métodos gráficos para determinar as velocidades de um mecanismo de acordo
com uma posição inicial e alguns valores de entrada. Caso queira se aprofundar mais, consulte a
obra de Norton (2010, p. 292 – 318).
Para a forma analítica, basta derivar a Equação 14 que chegaremos na Equação 18. Tal equa-
ção determina a velocidade angular (ωm), para um número qualquer de elos. Em geral, para o elo
fixado na estrutura não tem necessidade de somar tal termo, pois o ângulo é constante e, portanto,
como já foi visto nas disciplinas de cálculo, a derivada de uma constante é zero.
(18)
Importante! Caso você tenha apenas uma posição do mecanismo no tempo e precise descobrir o comprimento de dois elos ou de dois
ângulos, pode-se utilizar um sistema com as Equações 14 e 17, ou seja, a análise da posição e da velocidade. Desde que vocês possu-
am os demais parâmetros!
2. 7. ANÁLISE DE ACELERAÇÃO
Até o presente momento, aprendemos a determinar a posição ou trajetória e velocidade de
um mecanismo. Porém, normalmente, o engenheiro mecânico irá trabalhar com mecanismo que as
velocidades angulares sejam variáveis. Portanto, como último tópico da Unidade, analisaremos co-
mo se comportam as acelerações em um mecanismo. Este tópico é uma prévia para a Unidade 2 na
qual trataremos a dinâmica do mecanismo.
(19)
(20)
Antes de finalizar esta subseção, vamos fazer um Exemplo não numérico para melhor assimilar
a ideia da aceleração.
Exemplo _______________________________________________________________________
Para um mecanismo biela manivela apresentado na Figura 19, determine a aceleração da biela.
Resolução
Para este caso temos apenas três elos. Vamos fazer a análise para cada um deles individualmente.
Para o elo L1, nota-se que existe apenas rotação, portanto, a componente de Coriolis e a aceleração referente a variação
do tamanho do elo são 0, portanto:
Para o elo L2, nota-se, também, que existe apenas rotação, portanto, a componente de Coriolis e a aceleração referente a
variação do tamanho do elo são 0, portanto:
Utilizando as definições que cosseno é uma função par e seno é uma função ímpar, temos:
Para o elo L0, temos apenas translação, que pode ser resumido em:
Para determinar o valor da aceleração da biela, basta pegar o primeiro termo a soma dos primeiros termos dos vetores da
solução acima.
_______________________________________________________________________________
3. 1. GRAUS DE LIBERDADE
Como já estudamos nesta unidade, os graus de liberdade de um mecanismo definem a quan-
tia de entradas do sistema, é importante lembrar que cada uma dessas entradas do sistema está
relacionada à mobilidade do sistema. Determinar e identificar apropriadamente os graus de liberda-
de de um mecanismo permite representar uma posição no espaço de qualquer ponto dos elos do
mecanismo baseado em um plano de referência. Para entender um pouco melhor o conceito de
grau de liberdade e como ele pode ser identificado e definido, assista:
• MAT FÁCIL. Graus de liberdade - MatFácil. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=frS1zdV99Mg>. Acesso em: 23 jul. 2018.
3. 2. CONDIÇÃO DE GRASHOF
A condição de grashof é aplicada a mecanismos de quatro barras, estes mecanismos são am-
plamente utilizados para realizar trabalho pela sua eficiência e capacidade de movimento. É impor-
tante lembrar que nem todos os mecanismos de quatro barras cumprem a condição de grashof. Os
que cumprem esta condição são classificados em três tipos. Cada um deles é utilizado para aplica-
ções especificas, por isso identificar corretamente se o mecanismo cumpre ou não com esta condi-
ção é importante para realizar a análise do movimento do mecanismo e para ter uma ideia clara de
qual vai ser o movimento executa pelo mesmo, para isso assista:
• MECHNOVASHIA. Grashof law. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=h8bz4ni6mdY>. Acesso em: 23 jul. 2018.
No material a seguir, é possível encontrar uma simulação que permite modificar os parâme-
tros para um mecanismo de duas barras. Nele é possível gerar as funções que representam o movi-
mento do mecanismo:
• DESMOS. Crank Mechanism. Disponível em:
<https://www.desmos.com/calculator/eb4arug8ln>. Acesso em: 23 jul. 2018.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A auto avaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se
encontrar dificuldades em responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
1) Quantos graus de liberdade possuem as seguintes juntas: O joelho, o tornozelo, o ombro e o dedo?
a) 1.
b) 3.
c) 2.
d) 4.
3) Calcule a condição de Grashof para o mecanismo de 4 barras definido pelos tamanhos de elo 4cm, 9cm, 14cm e
18cm.
a) Caso Classe I.
b) Não Grashof.
a) 1.
b) 2.
c) 5.
d) 3.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) a.
2) d.
3) a.
4) a.
5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade apresentou alguns conceitos básicas de elementos de mecanismos. Em seguida
aspectos básicos de cinemática voltada para os mecanismos, posteriormente, conceituamos graus
de liberdade que é um fator muito importante quando nos referimos a Mecanismos Mecânicos. E,
para finalizar, desenvolvemos métodos para sintetizar de forma gráfica alguns mecanismos e tam-
bém métodos analíticos para determinar: posições, velocidades e acelerações nos mecanismos. Su-
gerimos dar uma olhada nas referências citadas no decorrer da Unidade 1 e também no Conteúdo
Digital Integrador para concretizar o aprendizado referente a tal unidade. Agora que temos uma
base teórica da cinemática, vamos para a próxima unidade, na qual retrataremos os conceitos de
dinâmica aplicada aos Mecanismos Mecânicos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REULEAUX, F., KENNEDY, ABW. The kinematics od machinery: outlines of a theory of machines. Dover Publications, 1963.
HRONES, J. A., NELSON, G. L. Analysis of the four-bar linkage: its application to the synthesis of mechanisms. Published jointly by the
Technology Press of the Massachusetts Institute of Technology, and Wiley, New York, 1951.
VINOGRADOV, O. Fundamentals of kinematics and dynamics of machines and mechanisms. CRC press, 2000.