Infarto agudo do miocardio com elevação do segmento ST e complicações do infarto do
miocárdio
É uma necrose miocárdica causada por isquemia.
A causa subjacente quase sempre é a interrupção completa do fluxo sanguíneo miocárdico regional ( resultante da oclusão coronariana, em geral aterotrombotica) Fisiopatologia o Ruptura da placa aterosclerótica vulnerável levando a hemorragia intraplaca, espasmo coronariano e trombose luminal oclusiva – quando o fluxo coronariano é interrompido ocorre elevação do segmento ST no ECG o Se ocorrer oclusão parcial, oclusão na presença de colateral e embolização coronariana distal – resulta em angina instável ou IM sem elevação do segmento ST. o Outras causas de IM: embolos coronarianos, vasculite, vasoespasmo primário, doenças infiltrativas ou degenerativas, doenças da aorta. o A extensão da necrose miocárdica também pode ser alterada pela modificação das demandas metabólicas e do suprimento sanguíneo colateral. Manifestações clinicas o Tríades: desconforto torácico isquêmico, anormalidades ECG e marcadores cardíacos séricos elevados ( Troponina T e I, mioglobina e CK-MB) Considera-se IAM quando há pelo menos 2 itens. o Historia Desconforto torácico isquêmico ( dor em peso, esmagando, estrangulando, constringindo, espremendo, queimando); Duração de 20 mim a várias horas Intensidade mais grave Inicio de aparecimento relacionado com o estresse físico ou emocional Não sendo aliviada de modo confiável pelo repouso ou nitroglicerina localização mais típica é retroesternal ou precordial porem pode apresentar-se no braço, mandíbula ou no epigástrio - geralmente é de localização difusa. Irradiada para braço esquerdo ou braço direito porem pode irradiar para mandíbula, pescoço, epigástrio, espaço interescapular. Associados a náuseas, vômitos, fraqueza, dispneia,agitação e apreensão. 20% são indolores ou atípicos: mais em DM, idosos, Sintomas: dispneia súbita ( que pode progredir para edema pulmonar), fraqueza, tonteira, náusea ou vômitos, sudorese Diagnósticos diferenciais Esofagite de refluxo Costocondrite Transtorno de ansiedade ou pânico, Pleurisia Embolia pulmonar Dissecção aórtica aguda o Exame físico Não há achados diagnósticos ou patognomonicos do IAM Galope B4 Hiperatividade simpática no IAM de parede anterior ( taquicardia/hipertensão) Hiperatividade parassimpática no IAM de parede inferior ( bradicardia ou hipotensão) Procurar sinais de IC. Diagnostico o ECG – quadro de elevação do segmento ST no ECG regional sugere oclusao coronariana causando isquemia miocárdica acentuada; a internação na unidade de terapia coronariana de hospital é indicada. Tto: angioplastia primaria ou fibrinolise também é indicada o Evolução do ECG Quando a elevação típica do segmento ST persiste durante horas e é seguida dentro de horas a dias por inversões de onda T e ondas Q, o diagnostico de IM agudo pode ser feito com alguma certeza. Fases de evolução Fase aguda inicial ( hiperaguda) o Ondas T aumentam em amplitude e se alargam sobre a área de lesão o O segmento ST evolui de côncavo para um padrão retificado e depois convexo para cima o Depressão do segmento ST que ocorrem nas derivações opostas aquelas com elevação do ST são conhecidas como alterações reciprocas. o Outras causas de elevação de ST Hipertrofia de VE Pericardite - *atenção pois pode simular um IAM clinicamente. Fase aguda evoluída o regreção das elevações do ST o ondas T nas derivações com elevação de ST se tornam invertidas o desenvolvimento da onda Q patológica Fase crônica o A resolução da elevação do segmento ST é bastante variável. o A elevação persistente do segmento St muitas vezes vista com um grande IM anterior,indica uma grande área de acinesia, discinesia ou aneurisma ventricular. o A terapia de recanalização acelera a evolução cronológica das alterações ECG de tal modo que com a recanalização coronariana, o padrão pode evoluir de agudo para crônico em minutos a horas em vez de dias a semanas. Padroes de IAM posterior verdadeiro e IAM de circunflexa esquerda IM de parede posterior verdadeiro apresenta um padrão de imagem em espelho da lesão no ECG nas derivações de V1,V2 a V4. Na fase aguda ao invés de Supra ocorre depressão do segmento ST. Oclusão da artéria circunflexa IAM de VD Oclusão de artéria coronária direita O diagnostico é ajudado pela obtenção das derivações ECG precordiais direitas . V2R - V6R Diagnostico na presença de um bloqueio de ramo A presença de BRE ou novo BRE obscurece a analise do segmento ST em pactes com suspeita de IAM. o Marcadores cardíacos séricos Possue alta sensibilidade e especificidade para necrose miocárdica Mesmo com o retardo da analise dos marcadores a decisão de prosseguir com uma estratégia de recanalização urgente ( angioplastia primaria ou fibrinolise) deve ser baseada no histórico clinico e no ECG inicial do pcte. Marcadores TnI eT o Proteínas do sarcomero o Elevação persiste por dias o São mais especificas que a CK-MB o São detectadas 2 – 4hs após o IM e persistem por 5 – 14 dias Ck-MB o Aumenta dentro de 2 – 4hs depois do inicio do IM o Chega ao máximo de 12 – 24hs e retorna ao normal em 2 – 4 dias. o Melhor para avaliar infarto recorrentes o Outros exames Hemograma completo IM precipita leucocitose polimorfonuclear, comumente resultando em elevação do leucocitograma até 12 – 15 mil – pode permanecer no máximo 4 dias. LDL, HDL, Colesterol total e triglicerídeos Testes de coagulação TAP e TTPa Na, K, Cl, Mg, Ureia e Creatinina Glicose BNP – aumenta com o esforço da parede ventricular e sobrecarga relativa de liquido circulatório, pode oferecer informações prognosticas adicionais no contexto de IAM. o Imageamento Radiografia de tórax Congestão pulmonar, cardiomegalia, mediastino alargado Aneurisma de aorta dilacerante – dor torácica e nas costas grave, dilacerante, mediastino alargado Ecocardiografia Avalia a função cardíaca global e regional Diferencia pericardite, perimiocardite de IAM Eco com Doppler útil para avaliar sopro novo e outras complicações mecânicas suspeitas do IAM ( disfunção ou ruptura do musculo papilar) Avaliar o grau de recuperação do miocárdio atordoado após terapia de recanalização, o grau de disfunção cardíaca residual e as indicações de IECA e outras terapias. Angiografia coronariana Imageamento radionuclideo – muito demoradas e complicadas para uso de rotina. Tratamento o Fase pre-hospitalar Mortalidade causada por FV ( que pode ser revertida por desfibrilação o Fase hospitalar Identificar rapidamente o pcte com isquemia miocárdica e estratifica- lo em IAM com supra de ST Iniciar estratégia de recanalização e tratamento clinico apropriado nos pctes que se qualificarem com IAM com elevação do segmento ST e encaminhar para UCO Avaliar com ECG, testes de admissão, Pctes com Dx de IAM com elevação de ST Intervenção coronária percutânea ou fibrinolise Conduta Aspirina ( lembrar das contraindicações) Heparina EV o Dose 60mg/kg em bolus no máx 4000UI, depois 12UI/h sendo máx de 1.000UI/h para pctes > 70kg ajustado para manter o TTPa 1,5 – 2,0x o valor controle. Enoxiparina o Dose 30mg em bolus EV depois 1mg/kg SC 2x ao dia para pctes < 70 anos sem Insuficiencia renal Pctes com dor torácica o Administrar nitroglicerina dose 0,4mg a cada 5 mim até um total de 3 doses. o Se a dor isquêmica persiste usar morfina 2 – 4mg EV repetida a cada 5 – 15mim para alivio da dor. Se pcte com hipertensão, taquicardia, dor continuada administrar beta bloqueador ( cuidado com as contra indicações. Oxigenio em doses suficientes para evitar hipoxemia – dose 4l/mim por canula nasal Oximetria digital PA sistólica ideal é 100 – 140mmHg – pode ser responsiva a terapia com nitroglicerina, morfina e betabloqueador Se hipotensão descontinuar as medicações. Atropina 0,5 – 1,5 mg EV se bradicardia sintomática e hipotensão relacionada com vagotomia excessiva. o Fase hospitalar ECG continuo e terapia antiarrítmica Inicio ou estratégia de recanalização Monitoramento hemodinâmico Diagnostico e tratamento de complicações mecânicas e fisiológicas Terapias clinicas Dieta Tranquilizantes Não se recomenda sedação Morfina SOS SSVV Protetor gástrico Repouso por 12hs o Fase hospitalar tardia Se pacte estável trocar medicação EV por VO Alta com 2 – 3 dias nos casos não complicados Orientações sobre dieta, fumo, atividade física e outros fatores de risco
Prescrição do pcte IAM
1. Monitorização, oxigenio e acesso venoso
2. Morfina a. Diluir 1 ampola ( 1mg/ml) + 9ml = 1mg/ml 3. Oxigenio – 3l/mim 4. Nitrato a. Isordil ou monocoril SL 10mg 5. AAS a. 200mg VO 6. Beta-bloqueador a. Metoprolol EV ou propranolol VO 7. IECA 8. Clopidogrel a. 75mg VO para manutenção 9. Heparina se pcte não tiver contraindicação de trombolítico 10. Se Supra ST a. Trombolítico i. Indicação < 75 anos, não há contra-indicação, e < 12hs Medidas terapêuticas especificas o Terapia de recanalização ICP com angioplastia e comumente colocação de stent ou com terapia fibrinolítica. o Terapia fibrinolítica O principal risco é o sangramento – e a hemorragia cerebral é a complicação mais seria o Intervenção coronariana percutânea primaria ICP produz melhores resultados que a fibrinolise em todos os grupos etários quando ela é efetuada dentro de 1 – 2hs ACTP – angioplastia coronariana transluminal percutânea