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Administração e

Planejamento Social
Autora: Profa. Marina Helena Kaiser
Colaboradores: Profa. Amarilis Tudela Nanias
Profa. Maria Francisca S. Vignoli
Profa. Daniela Emilena Santiago
Professora conteudista: Marina Helena Kaiser

A professora Marina Kaiser é graduada em Letras e Linguística, com enfoque em Antropologia, pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, e mestra em Teoria Literária, com embasamento na área de História,
pela Universidade de São Paulo (USP). Fez, ainda, um curso de curta duração em gestão de empresas pela Universidade
Paulista – UNIP. Entre 1994 e 2004, foi professora do Ensino Médio regular e de cursos pré-vestibulares.

Desde 2004, ministra aulas nos cursos de Serviço Social, Administração, Ciências Contábeis e Ciências da
Computação na Universidade Paulista – UNIP. Além disso, é professora nas áreas de Sociologia e Língua Portuguesa e
também orienta os trabalhos de conclusão de curso dos alunos da modalidade de educação a distância.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

K13a Kaiser, Maria Helena

Administração e planejamento social / Maria Helena Kaiser. –


São Paulo: Editora Sol, 2012.
104 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-058/12, ISSN 1517-9230.

1. Administração. 2. Planejamento social. 3. Controle Social. I.


Título.

CDU 658.1

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Prof. Dr. Yugo Okida


Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Geraldo Teixeira Jr.
Simone Oliveira
Amanda Casale
Sumário
Administração e Planejamento Social

Apresentação.......................................................................................................................................................7
Introdução............................................................................................................................................................7

Unidade I
1 TEORIAS ADMINISTRATIVAS: ÊNFASES E PRINCIPAIS ENFOQUES...................................................9
1.1 A administração científica....................................................................................................................9
1.2 A teoria da burocracia..........................................................................................................................11
1.3 A teoria clássica..................................................................................................................................... 12
1.4 A teoria das relações humanas........................................................................................................ 14
1.5 A teoria estruturalista......................................................................................................................... 16
1.5.1 As organizações........................................................................................................................................ 17
1.5.2 O homem dentro da organização..................................................................................................... 17
1.5.3 Os níveis da organização...................................................................................................................... 17
1.6 A teoria dos sistemas........................................................................................................................... 18
1.7 A teoria do desenvolvimento organizacional............................................................................ 18
2 ÉTICA NA ADMINiSTRAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ADMINISTRADOR............... 21
2.1 Ética e moral........................................................................................................................................... 21
2.1.1 A ética nas relações humanas e nos negócios............................................................................. 23
2.1.2 O intuito, o propósito, o objeto e o sujeito do estudo da ética............................................ 24
2.1.3 A ética da convicção e a ética da responsabilidade.................................................................. 26
2.1.4 A ética do interesse próprio................................................................................................................ 27
2.1.5 A ética orientada para o outro: a ética de Aristóteles e a educação................................. 27
2.1.6 Códigos de ética....................................................................................................................................... 29
2.2 Ética e responsabilidade social........................................................................................................ 30
3 O PAPEL DA EMPRESA................................................................................................................................... 34
3.1 A livre iniciativa e a livre concorrência........................................................................................ 35
3.2 O papel social das organizações...................................................................................................... 36
3.2.1 Objetivos de empresas com responsabilidade social................................................................. 37
3.2.2 As ações....................................................................................................................................................... 38
3.2.3 Características da responsabilidade social nas empresas........................................................ 38
4 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...................................................................................................... 39
Unidade II
5 ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO........................................................................................................................ 47
5.1 Gestão pública e privada.................................................................................................................... 47
5.2 Administração pública......................................................................................................................... 48
5.2.1 A burocracia na administração pública.......................................................................................... 49
5.2.2 Prós e contras da administração pública....................................................................................... 50
5.3 O terceiro setor....................................................................................................................................... 51
5.4 A administração privada.................................................................................................................... 54
5.4.1 A burocracia na administração privada.......................................................................................... 55
5.4.2 Administração pública, administração privada, gestão pública e iniciativa privada..................55
5.5 Equilíbrio entre administração pública e privada.................................................................... 56
6 AUTOGESTÃO..................................................................................................................................................... 57
6.1 As 12 regras fundamentais para a autogestão......................................................................... 57
7 CONTROLE SOCIAL........................................................................................................................................... 58
7.1 Funções administrativas..................................................................................................................... 59
7.2 Instrumentos legais para o controle financeiro e orçamentário....................................... 63
7.2.1 O porquê do controle............................................................................................................................. 65
7.2.2 Sem controle.............................................................................................................................................. 66
7.2.3 Critérios de classificação dos controles.......................................................................................... 66
7.2.4 Orientações do modelo gerencial.................................................................................................... 71
7.3 Patrimonialismo..................................................................................................................................... 72
7.4 A corrupção............................................................................................................................................. 74
7.5 Como resolver?....................................................................................................................................... 76
7.6 O Brasil está preparado?..................................................................................................................... 77
7.7 Como acontece a accountability no Brasil?............................................................................... 80
8 PLANEJAMENTO SOCIAL................................................................................................................................ 81
Apresentação

A disciplina Administração e Planejamento Social é uma das disciplinas formadoras do curso e sua
existência visa à compreensão da administração como ciência humana.

A intenção do curso de uma forma geral é propiciar a compreensão do papel do profissional de


Serviço Social tanto nas funções de administração e de planejamento como nos órgãos públicos,
privados ou em outras organizações oriundas da sociedade civil. Além disso, há o objetivo de estimular
o aprofundamento e a análise das teorias organizacionais e administrativas e explicitar como se dá sua
utilização nos âmbitos públicos, privados e no terceiro setor.

Tais competências serão desenvolvidas a partir do exercício das seguintes habilidades: leitura
e interpretação de textos, e de comunicações orais por meio de meios convencionais e eletrônicos;
levantamento de informações bibliográficas pelos meios convencionais e eletrônicos; expressão do
raciocínio de forma clara, coerente e concisa por escrito e oralmente; e ampliação do campo cultural
com vistas a possibilitar o melhor entendimento da história da administração e do planejamento.

Introdução

Caro aluno, bem-vindo ao curso de Serviço Social e à disciplina Administração e Planejamento Social.
A finalidade desta disciplina é apresentar informações e reflexões para que, no decorrer de sua formação
profissional, seja possível reconhecer aspectos organizacionais a partir das teorias de administração
apresentadas.

Afinal, de que modo o conceito de linha de montagem, instituído por Henry Ford, deve ou não
ser adotado em uma empresa de pequeno, médio ou grande porte? As funções comerciais, técnicas,
financeiras ou de segurança de Henry Fayol contribuem para a ação do profissional da área de Serviço
Social? De que modo a abordagem sistêmica da administração altera intensamente a rotina de trabalho
do assistente social? Como a disciplina Administração e Planejamento Social aborda temas instigantes
como a ética nas relações humanas e nos negócios, de que modo isso pode tornar melhor aquele que,
ao final do curso, irá atuar na área?

As respostas a esses questionamentos serão alguns dos assuntos a serem discutidos neste livro-texto.

Bons estudos. Nos encontraremos nas videoaulas e também nos chats. Até lá!

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Administração e Planejamento Social

Unidade I
1 TEORIAS ADMINISTRATIVAS: ÊNFASES E PRINCIPAIS ENFOQUES

No início deste capítulo, apresentamos um quadro que elenca as diferentes teorias administrativas
cronologicamente, pois assim seus estudos e compreensão teórica ficam facilitados.

Quadro 1 – As teorias administrativas

Teorias/abordagens Variáveis consideradas Anos


Administração científica Tarefas 1903
Teoria da burocracia Estrutura 1909
Teoria clássica Estrutura 1916

Teoria das relações humanas Pessoas 1932

Teoria estruturalista Estrutura e ambiente 1947


Teoria dos sistemas Ambiente 1951

Teoria do desenvolvimento organizacional Pessoas e ambiente 1962

Fonte: CHIAVENATO, 2003.

A seguir, discorreremos sobre cada uma das teorias e abordagens administrativas expostas no quadro
anterior, analisando e expondo especificidades históricas e conceituais que permitam relembrá-las e
compreendê-las mais detidamente.

1.1 A administração científica

Criador da administração científica, Frederick Winslow Taylor (1856-1915) observou alguns


problemas nas operações fabris, visíveis em algumas empresas até hoje. Àquela época, não havia
uma noção clara na área de administração sobre a divisão de responsabilidades do trabalhador e
não havia incentivos para que ele melhorasse seu desempenho. Assim, muitos trabalhadores não
cumpriam suas responsabilidades, e as decisões dos administradores eram baseadas na intuição ou
no palpite.

Para resolver esses e outros problemas, Taylor desenvolveu um sistema de administração de


tarefas e de administração científica que ficou conhecido como taylorismo.

A administração científica economiza trabalho ao permitir maior produção em menos tempo.


Ela é dividida em três fases:
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Unidade I

Quadro 2 – Fases da administração científica

Fases Problemas, ações e soluções


Salários: pagamento por dia de trabalho e por peça produzida.
Estudo sistemático do tempo: divisão de cada tarefa com os trabalhadores
a fim de cronometrá-las e registrá-las para, então, definir tempos-padrão
Primeira para elementos básicos de cada tarefa.
Administração das tarefas: a administração conseguia controlar a produção
e padronizar o trabalho para torná-lo mais eficiente. Assim, tornou-se
possível uma precisão para a definição do valor do salário a ser pago.
Há a definição de princípios da produtividade do trabalhador, a fim
de aprimorar os métodos de administração do trabalho, como o shop
management (administração de operadores fabris) ou administração, que
marca uma distinção entre homem médio e homem de primeira classe. Assim,
homem de primeira classe é motivado e realiza o trabalho sem desperdiçar
tempo. Este também pode ser ineficiente caso faltem incentivos ou haja
Segunda pressão do grupo para reduzir a produção. Existe, inclusive, uma relação
informal entre trabalhador e patrão, o que garante um ambiente cordial
dentro da empresa.
Outros aspectos tratados por Taylor nesta fase são a padronização de
ferramentas, equipamentos, programação de operações e estudo dos
movimentos, bem como princípios de administração de uma empresa a fim
de conseguir o aumento da produção e dos lucros.
Para Taylor, pode-se observar nesta fase, entre outras características, a
síntese dos objetivos e princípios da administração, a consolidação
dos princípios desenvolvidos por Taylor, o desenvolvimento de uma
Terceira ciência para cada aspecto do trabalho em substituição ao velho método
empírico, a seleção dos trabalhadores a partir de treinamento, instrução e
desenvolvimento e, além disso, o trabalho deveria ser realizado de acordo
com os princípios da ciência que havia sido desenvolvida por Taylor.

Fonte: MAXIMIANO, 2000.

A administração científica fez com que a produtividade passasse a ser gerada pela eficiência
e inteligência de como se trabalha, não pela escravização do trabalhador. Além disso, foi tida
como uma revolução mental, pois fez com que as pessoas encarassem o trabalho de forma
mais cordial.

Desse modo, o taylorismo juntou-se à indústria e à linha de montagem de Henry Ford, cujo
princípio já era conhecido mesmo antes do nascimento da administração científica.

Inicialmente, a indústria de Ford trabalhava de maneira artesanal, ou seja, cada trabalhador


estava sempre na mesma área de montagem e tinha a responsabilidade de apanhar as peças no
estoque e levá-las para sua área de trabalho, uma ação de menor importância que consumia
tempo de produção.

Porém, com a criação da linha de montagem móvel, os trabalhadores permaneciam parados


enquanto o produto era deslocado ao longo de um percurso. O conceito da linha de montagem
móvel foi aplicado à fabricação de motores, radiadores e componentes elétricos e, em 1914, Ford
adotou a linha de montagem móvel mecanizada para a fabricação de chassis.

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Administração e Planejamento Social

Observação

Junto à criação de Ford, a administração científica – também


conhecida como escola da administração científica – passou a enfatizar
as tarefas e tentou eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas
pelas indústrias americanas.

Nesse cenário, por exemplo, verificou-se que o operário médio produzia muito menos do que era
potencialmente capaz. Taylor, por sua vez, assegurava que as indústrias de sua época padeciam de males
que poderiam ser agrupados em três fatores:

• vadiagem sistemática por parte dos operários, a qual se baseia em três causas determinantes:

— o erro em pensar que o maior rendimento do homem e da máquina terá como resultado o
desemprego de grande número de operários;
— o sistema defeituoso de administração que força os operários à ociosidade no trabalho a fim
de proteger melhor seus interesses;
— os métodos empíricos ineficientes com os quais o operário desperdiça grande parte de seu
esforço e de seu tempo.

• desconhecimento da gerência em relação às rotinas de trabalho e ao tempo necessário para a


realização de cada tarefa por parte do trabalhador;
• falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho.

A partir disso, Taylor apresentou seu shop management, no qual:

• o objetivo de uma boa administração era pagar altos salários e ter baixos custos;
• era necessário aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentos a fim de formular princípios
e estabelecer processos padronizados que permitissem o controle das operações fabris;
• os empregados tinham de ser colocados em serviços ou postos em que os materiais e as
condições de trabalho fossem cientificamente selecionadas para que as normas pudessem
ser cumpridas;
• uma atmosfera de cooperação íntima e cordial precisava ser cultivada entre a administração e os
trabalhadores, tendo por meta garantir a continuidade do bom ambiente de trabalho.

1.2 A teoria da burocracia

A teoria da burocracia desenvolveu-se na administração por volta dos anos de 1940, principalmente
em função dos seguintes aspectos:

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Unidade I

• havia a fragilidade e a parcialidade da teoria clássica e da teoria das relações humanas,


contraditórias entre si. Ambas revelavam dois pontos de vista extremistas e incompletos;
• havia a necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis
nele envolvidas e o comportamento dos membros dele participantes, além de ser um modelo
aplicável à fábrica e principalmente às empresas;
• o tamanho e complexidade das empresas exigiam modelos organizacionais mais bem
definidos. A teoria clássica e a teoria das relações humanas mostravam-se insuficientes
para responder à nova situação, que se tornava cada vez mais complexa;
• na sociologia da burocracia, criada pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), um
homem podia ser pago para agir e se comportar de certa maneira preestabelecida e que
deveria ser-lhe explicada com exatidão. Porém, suas emoções não deveriam interferir em
seu desempenho.

Na teoria da burocracia, baseada na sociologia de Max Weber, são identificados quatro fatores
principais que favorecem o desenvolvimento da burocracia moderna:

• o desenvolvimento de uma economia monetária na qual a moeda não apenas facilita, mas
racionaliza as transações econômicas;
• o crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas do Estado moderno;
• a superioridade técnica do tipo burocrático de administração;
• o desenvolvimento tecnológico fez com que as tarefas da administração tendessem
ao aperfeiçoamento. Assim, as grandes empresas passaram a produzir em massa, o que
sufocou as pequenas organizações. Além disso, começou a haver nas grandes empresas
uma necessidade crescente de controlar e obter cada vez mais a previsibilidade de seu
funcionamento.

1.3 A teoria clássica

A teoria clássica iniciou-se na França em 1916 e teve como fundador o francês Henri Fayol
(1841-1925), engenheiro que se baseava em técnicas e princípios para realizar seu trabalho. Nessa
época, nos Estados Unidos, Frederick Taylor já desenvolvia a teoria da administração científica
com ênfase nas tarefas e no operário em si. O objetivo principal das duas teorias era o mesmo: a
busca da eficiência das organizações (MAXIMIANO, 2000).

Paralelamente aos estudos de Frederick Taylor e baseado em sua experiência na alta administração,
Henri Fayol defendia princípios semelhantes aos de Taylor na Europa. Os métodos de Taylor eram
estudados por executivos europeus e os de Fayol surgiram quando Taylor publicou sua obra nos Estados
Unidos.

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Administração e Planejamento Social

Figura 1 – Henri Fayol

A teoria clássica, idealizada por Henri Fayol, caracterizava-se pela ênfase na:

• estrutura organizacional;
• visão do homem econômico;
• busca da máxima eficiência.

Em complemento aos princípios de Taylor, Fayol relacionou 14 fatores básicos de sua teoria clássica
e, desses, os sete mais relevantes são:

1. Divisão do trabalho – especialização dos funcionários, o que favorece a eficiência na produção.

2. Unidade de comando – um funcionário deve receber ordens de apenas um chefe, o que evita
contraordens.

3. Disciplina – regras de conduta e de trabalho válidas pra todos os funcionários. Ausência de


disciplina gera uma atmosfera de caos na organização.

4. Prevalência dos interesses gerais – os interesses gerais da organização devem prevalecer sobre os
interesses individuais.

5. Remuneração – deve ser suficiente para garantir a satisfação dos funcionários e da própria
organização.

6. Ordem – deve ser mantida em toda a organização, preservando um lugar pra cada coisa e cada
coisa em seu próprio lugar.

7. Espírito de equipe – o trabalho deve ser conjunto, facilitado pela comunicação dentro da equipe.
Os integrantes de um mesmo grupo precisam ter consciência de classe para que defendam seus
propósitos.
13
Unidade I

Assim, Fayol partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa e inaugurou
uma abordagem anatômica e estrutural, superando, portanto, a abordagem analítica e concreta
de Taylor.

Além dos fatores anteriormente expostos, a teoria clássica ainda apontava a divisão das funções
dentro da organização. Observe a seguir:

• funções técnicas: relacionadas com a produção de bens e serviços da empresa;


• funções comerciais: relacionadas com a compra, a venda e a troca de bens e serviços;
• funções financeiras: relacionadas com a procura e a gerência de capitais;
• funções de segurança: relacionadas com a proteção e a preservação dos bens e das pessoas da
organização;
• funções contábeis: relacionadas a inventários, registros, balanços, custos e estatísticas;
• funções administrativas: relacionadas às outras cinco funções e integrada a elas numa estrutura
hierárquica superior, cabendo, assim, ao administrador:

— prever: visualizar o futuro e traçar um programa de ação;


— organizar: constituir o organismo material e social da empresa;
— comandar: dirigir e orientar o pessoal;
— coordenar: unir e harmonizar todos os atos e esforços coletivos;
— controlar: verificar para que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e as ordens dadas.

1.4 A teoria das relações humanas

A teoria das relações humanas ou escola das relações humanas é um conjunto de teorias
administrativas que ganharam força com a Grande Depressão, surgida a partir da quebra da bolsa de
valores de Nova York em 1929 (BLOSFELD, s. d.).

A crise econômica desencadeada a partir de 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York,
reflete a crise mais geral do capitalismo e da democracia liberais (BLOSFELD, s. d.). No período entre o
final da Primeira Guerra Mundial e o início da Segunda Guerra Mundial (de 1919 a 1939), a economia
buscou caminhos para sua recuperação a partir do liberalismo de Estado, ao mesmo tempo em que o
capitalismo monopolista se consolidava (BLOSFELD, s. d.).

Quando o mercado consumidor estava em expansão, houve uma superprodução de produtos e


alimentos durante e depois da Primeira Guerra Mundial. Após a guerra e com o início da recuperação
do setor produtivo dos países europeus, a produção norte-americana entrou em declínio. Isso ocorreu
principalmente no setor agrícola (BLOSFELD, s. d.).

14
Administração e Planejamento Social

A especulação financeira na década de 1920 também alimentou a crise. As empresas obtinham


elevados lucros e as ações (na bolsa de valores) valorizavam-se. Foram criadas sociedades anônimas e
empresas responsáveis por gerir e investir tanto dinheiro (BLOSFELD, s. d.).

O inicio da crise ocorreu no campo, com os grandes proprietários endividados e falidos. Em


seguida, houve o desabastecimento de alimentos nas cidades e a quebra de instituições bancárias
(BLOSFELD, s. d.).

A crise espalhou-se rapidamente pelo mundo, por causa da interdependência do sistema capitalista
(BLOSFELD, s. d.).

Os EUA eram o maior credor tanto dos países europeus como, inclusive, dos países latino-americanos
e todos começaram a exercer forte pressão para receberem seus pagamentos (BLOSFELD, s. d.).

Na busca pelas causas dessa profunda crise, todas as verdades até então aceitas foram contestadas.
Desse modo, as ideias trazidas pela escola de relações humanas trouxeram uma nova perspectiva para a
recuperação das empresas de acordo com as preocupações de seus dirigentes.

Figura 2 – Interior da fábrica Ford River Rouge, em Michigan (EUA)

As três principais caraterísticas desse modelo são:

• o ser humano não pode ser reduzido a um ser cujo comportamento é simples e mecânico;
• o homem é, ao mesmo tempo, guiado pelo sistema social e pelas demandas de ordem biológica;
• todos os homens possuem necessidade de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e
autorrealização.

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Unidade I

Então, funcionários começam a participar das decisões. Dirigentes disponibilizam informações


acerca da empresa na qual trabalhavam. Começam a ver itens ligados à afetividade humana. Por fim,
como forma de regulamentação social, começaram a vigorar nas organizações os limites no controle
burocrático (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).

Críticas à teoria das relações humanas

Alguns estudiosos acreditam que a origem da crise esteja no fato de a teoria das relações humanas
ser um produto da ética e do princípio democrático próprio do perfil social, político e econômico dos
Estados Unidos (BLOSFELD, s. d.).

No princípio da produção de bens e obtenção de lucros, o bem-estar é justo, porém fica em segundo
plano. Em oposição à teoria clássica, todas as suas características são negadas na teoria das relações
humanas (BLOSFELD, s. d.).

Saiba mais

Para aprofundar sua visão sobre os assuntos aqui tratados, assista aos
filmes indicados a seguir:

CAPITALISMO, uma história de amor. Dir. Michael Moore. Estados


Unidos. 2009. 127 min.

TEMPOS modernos. Dir. Charles Chaplin. Estados Unidos. 1936. 87 min.

1.5 A teoria estruturalista

A partir da década de 1950, a teoria das relações humanas entrou em declínio. Se, por um lado, ela
combateu a teoria clássica, por outro, não conseguiu proporcionar as bases adequadas para substituí-la.

A oposição entre a teoria clássica (Taylor e Fayol) e a teoria das relações humanas (crise de 1929 e
quebra da Bolsa de Nova York) criou um impasse dentro da administração que até mesmo a teoria da
burocracia (Max Weber) não teve condições de resolver.

A teoria estruturalista apresenta-se como um desdobramento da teoria da burocracia e se aproxima


da teoria das relações humanas, pois também representa uma visão bastante crítica da organização
formal.

As origens da teoria estruturalista têm bases na necessidade de visualizar a organização como uma
unidade social grande e complexa na qual interagem grupos sociais que compartilham alguns dos
objetivos da organização, como sua viabilidade econômica ou o modo de distribuir os lucros, por exemplo.
Desse modo, existe um intercâmbio entre a teoria estruturalista e a teoria das relações humanas.
16
Administração e Planejamento Social

1.5.1 As organizações

A teoria estruturalista apresenta as organizações por sua estrutura interna e interação com outras
organizações.

As organizações são unidades sociais ou agrupamentos humanos constituídos para atingir objetivos
específicos. São exemplos de unidades sociais o exército, as escolas, os hospitais, as igrejas, as prisões etc.

As organizações são, inclusive, caracterizadas por um conjunto de relações sociais estáveis e


deliberadamente criadas com a intenção explícita de alcançar determinados propósitos.

Desse modo, a organização é uma unidade social dentro da qual as pessoas alcançam relações
estáveis entre si, o que facilita alcançar as metas (CHIAVENATO, 2003).

1.5.2 O homem dentro da organização

Figura presente dentro das organizações modernas e industrializadas, o homem organizacional


deve apresentar as seguintes características de personalidade para obter sucesso:

• flexibilidade: decorrente das constantes mudanças da vida moderna, marca a diversidade dos
papéis desempenhados nas organizações, que podem ser invertidos. Além disso, os desligamentos
bruscos e os novos relacionamentos devem ser considerados;

• tolerância às frustrações: isso evita o desgaste emocional decorrente do conflito entre as


necessidades organizacionais e individuais, que são mediadas por normas racionais, escritas e
exaustivas próprias da organização;

• permanente desejo de realização: demarca o acesso a posições dentro da organização. Esse


acesso se apresenta social e materialmente na carreira.

1.5.3 Os níveis da organização

Os diferentes níveis hierárquicos da organização são:

• nível institucional: é o nível mais elevado, composto, por exemplo, por dirigentes e altos
funcionários. Ele também é conhecido como nível estratégico, pois define os principais objetivos
e estratégias organizacionais a longo prazo;

• nível gerencial: nível intermediário que relaciona e integra os níveis institucional e técnico.
Uma vez tomadas as decisões no nível institucional, o nível gerencial torna-se responsável pela
transformação dessas decisões em planos e programas, a fim de que o nível técnico os execute;

• nível técnico: nível operacional no qual as tarefas são executadas, os programas são desenvolvidos
e as técnicas são aplicadas. Esse nível cuida da execução das tarefas a curto prazo e segue
programas e rotinas desenvolvidos pelo nível gerencial.
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Unidade I

1.6 A teoria dos sistemas

A teoria geral dos sistemas foi elaborada em 1937, por Ludwig Von Bertalanffy, biólogo alemão, para
preencher uma lacuna na pesquisa e na teoria da biologia.

Na teoria geral dos sistemas, a ênfase recai sobre a relação entre os componentes formadores de
um sistema em sua totalidade. Desse modo, os elementos não devem ser considerados isoladamente
(BERTALANFFY, 1975).

Segundo Bertalanffy (1975), sistema é:

• um todo organizado ou uma combinação de coisas ou partes formando um todo complexo;


• conjunto de objetos unidos interdependentemente;
• conjunto de partes diferenciadas que formam um todo organizado com alguma finalidade.

A teoria geral dos sistemas apresenta a seguinte classificação:

• sistema determinístico simples: constituído por poucos componentes que revelam um


comportamento dinâmico e previsível. Exemplo: jogo de bilhar;
• sistema determinístico complexo: apresenta um comportamento previsível. Exemplo:
computador;
• sistema determinístico excessivamente complexo: ainda não existe um sistema que possa ser
enquadrado nessa classificação;
• sistema probabilístico simples: é um sistema simples, mas imprevisível. Exemplos: o resultado
do ato de jogar uma moeda; o controle estatístico de qualidade;
• sistema probabilístico complexo: sistema que, mesmo completo, pode ser descrito. Exemplos:
estoque; lucratividade na indústria;
• sistema probabilístico excessivamente complexo: sistema tão complicado que não pode ser
descrito. Exemplos: cérebro humano; uma empresa.

1.7 A teoria do desenvolvimento organizacional

A organização

O conceito de organização é comportamentalista: pode ser apresentado como sistemas mecânicos


(pertencentes ao conceito tradicional de organização) e sistemas orgânicos (pertencentes à abordagem
do desenvolvimento organizacional) (CHIAVENATO, 2003).

A seguir, algumas diferenças entre os sistemas mecânico e orgânico:

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Administração e Planejamento Social

Quadro 3 – Diferenciação entre os sistemas mecânicos e orgânicos

Sistemas mecânicos Sistemas orgânicos


Ênfase exclusivamente individual e nos cargos Ênfase nos relacionamentos entre os grupos e
da organização dentro deles
Relacionamento que envolve autoridade e Confiança e crença recíprocas
obediência
Rígida adesão à delegação e à responsabilidade Interdependência e responsabilidade
dividida compartilhada
Rígidas divisões do trabalho e supervisão Participação e responsabilidade multigrupal
hierárquica
Tomada de decisões centralizada Tomada de decisões descentralizada
Amplo compartilhamento de responsabilidade e
Controle rigidamente centralizado de controle
Solução de conflitos por meio de repressão, Solução de conflitos por meio de negociação ou
arbitragem e/ou hostilidade de resolução de problemas

Fonte: CHIAVENATO, 2003.

Cultura organizacional

De acordo com Chiavenato (2003), cultura organizacional é a rotina que a organização exerce e é
formada pelas crenças, valores, tradições e relacionamentos sociais específicos existentes dentro de cada
companhia.

A cultura organizacional não deve ser estática, afinal, as alterações ocorridas dentro de cada
organização dependem das condições internas ou externas a ela.

Algumas organizações são dinâmicas e renovam com frequência sua cultura – sem perda de
personalidade ou da própria integridade. Porém, há aquelas que mantêm sua cultura ligada a padrões
já ultrapassados.

Além da cultura organizacional, existe o clima organizacional, que lida com a atmosfera psicológica
e com a satisfação das necessidades humanas dos participantes. Ele pode ser saudável ou doentio,
satisfatório ou insatisfatório (CHIAVENATO, 2003).

Não existe uma definição específica para clima organizacional porque as pessoas de uma empresa
podem percebê-lo de forma diferenciada. Tal diferença perceptiva acontece a partir do maior ou menor
grau de sensibilidade a cada uma de suas variações.

As organizações se distinguem por serem complexos sistemas humanos, com uma cultura interna
específica e, consequentemente, um clima organizacional próprio. Para que haja mudanças, é necessário
que haja uma capacidade inovadora que apresente algumas das características elencadas a seguir:

• adaptabilidade: capacidade de resolver problemas e de reagir de maneira flexível às exigências


inconstantes do meio. Para se adaptar, a organização precisa de:
19
Unidade I

— flexibilidade frente às novas atividades, integrando-as e adequando-as;


— receptividade e transparência em relação às novas ideias intra ou extraorganizacionais.

• identidade: conhecimento do passado e do presente da organização e também de suas metas.


Deve haver, inclusive, o comprometimento de todos a partir de uma:

— percepção realista, para diagnosticar e compreender o meio;


— integração entre os participantes, formando um todo orgânico.

Desse modo, é possível transformar a estrutura e também a cultura de uma organização.

Mudanças

As mudanças organizacionais iniciam-se a partir de forças externas à empresa ou de alguns de seus


setores. Essas forças são denominadas exógenas ou endógenas, respectivamente. A seguir, algumas
características dessas forças:

Quadro 4 – Forças que guiam as mudanças organizacionais

Forças exógenas Forças endógenas


Provêm do ambiente e podem surgir devido Provêm do conflito organizacional e podem
a novas tecnologias, mudanças de valores surgir da tensão nas atividades, nas interações
da sociedade e/ou novas oportunidades ou e/ou nos resultados de desempenho no
limitações do ambiente (econômico, político, trabalho
legal e social)
Criam uma necessidade de mudança Representam um equilíbrio já perturbado
organizacional dentro de um ou mais setores da organização
As mudanças internas devem ser planejadas
para não perturbar o equilíbrio estrutural da
organização

Fonte: CHIAVENATO, 2003.

Além disso, as mudanças organizacionais não devem ser aleatórias, mas precisam de planejamento
(CHIAVENATO, 2003).

Desenvolvimento

A tendência natural de toda organização é crescer e se desenvolver. Isso deve se dar com eficiência,
a fim de que a empresa possa se adaptar ao mercado e sobreviver dentro dele. Para tanto, a organização
deve fazer uso de diferentes estratégias de mudança, tais como:

• mudança evolucionária: costuma ser lenta e não transgride as expectativas daqueles que nela
estão envolvidos ou que por ela são afetados. As soluções eficientes são reforçadas, e as deficientes,
abandonadas;

20
Administração e Planejamento Social

• mudança revolucionária: costuma ser rápida e intensa e rejeita as antigas expectativas ao


apresentar novas que as substituam;

• desenvolvimento sistemático: os autores das mudanças a serem adotadas estruturam modelos


explícitos do perfil que precisa ser adotado pela organização. As tensões intelectuais e emocionais
criadas entre todos os responsáveis pelo planejamento estimulam a mudança, pois elas apresentam
bases sólidas de discernimento e comprometimento com esta.

2 ÉTICA NA ADMINiSTRAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL DO


ADMINISTRADOR

2.1 Ética e moral

Figura 3

É possível considerar a moral como se fosse “o conjunto de preceitos e normas que a generalidade
dos indivíduos de uma comunidade aceitam como adequados ou válidos” (FERNANDES; BARROS, 2003,
p. 106).

A ética, por sua vez, pode ser vista como:

[...] a reflexão teórica sobre as razões, o porquê de considerarmos válidos


— bons e justos — os costumes e as normas da comunidade ou do grupo
social a que pertencemos, assim como a reflexão sobre os princípios que
regem as diversas morais assumidas por pessoas de grupos e comunidades
diferentes da nossa (FERNANDES; BARROS, 2003, p. 106).

21
Unidade I

Ainda de acordo com Fernandes e Barros (2003), a ética é uma qualidade humana que não está nem
acima nem depois dos comportamentos morais, ela não está “suspensa” sobre eles. Isso deve-se ao fato
de que a ética pertence de modo intrínseco ao caráter do ser humano.

Logo, deve-se considerar que:

A dimensão ética das nossas ações [...] manifesta-se quando, no


decorrer da nossa vida cotidiana, [nos] deparamos com situações que
exigem uma decisão na qual estão em jogo as nossas noções de bem
e de mal, de justo e de injusto e outros valores da mesma natureza.
Nesses casos, é frequente colocarmo-nos perante dilemas morais
(FERNANDES; BARROS, 2003, p. 105).

Assim, quais comportamentos ou costumes são morais? Por qual motivo a decisão de fazer um
aborto levanta um problema moral e, em contrapartida, a decisão de colocar um prego na parede
não o faz? A resposta a esse questionamento encontra-se no pensar eticamente. Portanto, a
reflexão ética está nas decisões morais e não sobre elas. Existe, inclusive, a pretensão de se
distinguir ética de moral.

A ética aborda dois diferentes problemas:

• ética aplicada: refere-se a problemas morais concretos (aborto, eutanásia, direitos dos animais,
igualdade de oportunidades, discriminação etc.);
• ética normativa: com argumentos filosóficos, estabelece princípios gerais para um comportamento
ético.

Ética é uma palavra de origem grega e significa “modo de ser”, ”caráter” – sob a ótica de vida que o
homem adquire ou conquista (VÁZQUEZ, 1982).

Esse termo também pode ser definido como um conjunto sistemático de conhecimentos racionais e
objetivos a respeito do comportamento humano moral (VÁZQUEZ, 1982).

A ética pode ser confundida com a moral. Porém, são duas coisas diferentes:

• ética: teoria do comportamento moral dos homens em sociedade;


• moral: costume, isto é, conjunto de regras adquiridas com o passar do tempo.

A ética é o aspecto científico da moral. A ética e a moral pertencem ao campo da filosofia, da


história, da psicologia, da religião, da política, do direito, enfim, da estrutura social à qual pertence o
ser humano.

No campo profissional, é comum o uso da ética sob a ótica dos direitos humanos. Assim, existe uma
ordenação para servir de princípios ao bom convívio entre os seres humanos.
22
Administração e Planejamento Social

A moral é um conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos para qualquer tempo ou
lugar e é direcionada para grupos ou pessoas determinadas (FERREIRA, 2008).

Por conseguinte, a moral se constitui na formação do caráter de cada pessoa e tem como base os
ensinamentos aprendidos com os pais e, na maioria das vezes, na orientação espiritual que tiveram
(cristã, católica, budista, brahmanista, espírita etc.).

Um caráter bem formado apresenta características próprias da liberdade dos cidadãos. Aqui, o
conceito de liberdade deve ser entendido com as limitações que a própria lei natural impõe ao ser
humano (VÁSQUEZ, 1982).

Vale salientar que o conceito de liberdade não se relaciona ao de libertinagem. Afinal, este abrange
princípios como infidelidade conjugal, promoções obscenas e todo tipo de depravações que não edificam
os seres humanos.

Por fim, o que precisa ficar claro é que tanto ética como moral devem sempre caminhar juntas e
com liberdade.

2.1.1 A ética nas relações humanas e nos negócios

Questões referentes a posturas de profissionais de diferentes áreas – principalmente a dos


administradores – têm origem nas exigências de agências de controle social (mídia). Essas posturas
estão baseadas, inclusive, na necessidade que se impõe a cada dia de haver transparência na tomada
de decisões, bem como na qualidade dos produtos, considerando-se atualmente um mercado e um
consumidor cada vez mais exigentes.

Há também a presença do “jogo do poder” e das relações morais que se ocultam, a fim de garantir,
dentro de um universo competitivo, a manutenção da vida dentro das empresas.

Assim, existem administradores que, “praticantes de algumas dessas ações, sentem-se


justificados pela moral do oportunismo, de caráter egoísta e parasitário, que vige de maneira
oficiosa” (SROUR, 2000, p. 25).

Esses profissionais não assumem tal postura, o que se justifica pelo fato de serem conscientes de
que devem mantê-la secreta. Além disso, eles a justificam, muitas vezes, com discursos morais (ou
moralizadores).

Alguns exemplos dessa postura podem ser vistos quando se paga a conta do médico sem que haja
um recibo, o que indica sonegação de imposto; quando o administrador não emite notas fiscais para
escapar do fisco; quando se suborna o guarda etc.

A ética na década de 1990 apresentou princípios que estimularam os profissionais a valorizar sua
integridade pessoal. Houve, então, uma combinação entre a busca pelo lucro e o aspecto cooperativo
dentro de cada empresa.
23
Unidade I

Observação

A ética nos negócios é fundamental para a sobrevivência das empresas


no universo das transações comerciais.

Todo trabalho profissional está sujeito a avaliações morais diversas. Afinal, a presença da mídia e
uma denúncia infundada podem derrubar um profissional e sua empresa. Às vezes, a restauração moral
demora muito tempo. Em outras ocasiões, os danos são irreversíveis (SROUR, 2000).

Em ambientes competitivos, as empresas buscam resguardar sua marca e reputação. Hoje, as


organizações conseguem retaliar companhias que não sejam consideradas responsáveis ou idôneas.

Ética dos negócios é o estudo da forma pela qual normas morais pessoais se
aplicam às atividades e aos objetivos da empresa comercial. Não se trata de
um padrão moral separado, mas do estudo de como o contexto dos negócios
cria seus problemas próprios e exclusivos à pessoa moral que atua como um
gerente desse sistema (NASH, 1993, p. 6).

De acordo com o sociólogo alemão Max Weber, existe ainda o dualismo ético, que ocorre no plano
das instituições e das relações impessoais modernas racionalizadas e administradas.

2.1.2 O intuito, o propósito, o objeto e o sujeito do estudo da ética

A excelência moral se relaciona com as emoções e as ações, nas quais tanto o excesso como a falta
são uma forma de erro. O meio termo, no entanto, é tomado como um acerto (ARISTÓTELES, 2001).

Por  virtude, Aristóteles compreende uma prática. Para ele, a virtude é a forma mais plena da
excelência moral e, por tal razão, não poderia existir em seres incompletos ainda em formação, como é
o caso das crianças.

A excelência moral, revelada pela prática da virtude, seria, antes de tudo, uma disposição de caráter.
Para o exercício da virtude, seria necessário conhecer, julgar, ponderar, discernir, calcular e deliberar.

Ao contrário da tradição socrática e platônica, não seria o mero conhecimento do bem que poderia
dirigir a ação justa.

A virtude, como excelência moral, corresponderia à ideia de uma razão reta correspondente às
questões da conduta. Ora, tal disposição do caráter humano teria por suposto a precedência de uma
escolha dos atos a serem praticados e um hábito firmado pela repetição para conduzir à ação reta.

Nesse sentido, pode-se dizer que na obra  Ética a Nicômaco, Aristóteles aponta que a virtude é um
hábito construído pela contiguidade da relação entre potência e ato (ARISTÓTELES,  2001).

24
Administração e Planejamento Social

Em relação ao medo e à temeridade, pode-se considerar como meio termo a coragem. Já em


relação à fruição dos prazeres, haveria uma apropriada moderação entre a insensibilidade na falta e
a concupiscência no excesso.

Ser generoso, por sua vez, corresponderia ao ponto médio entre a prodigalidade e a avareza

Lembrete
Concupiscência é um grande desejo de bens ou gozos materiais;
apetite sexual.
Fruição é o ato ou efeito de aproveitar prazerosa e satisfatoriamente
alguma coisa.
Prodigalidade é a qualidade do que é pródigo, do que remete à fartura
e à generosidade.
Avareza é a qualidade ou característica de quem é avarento, tem apego
excessivo ao dinheiro e é mesquinho.

Ser irascível é um excesso e ser apático, uma deficiência; logo, o meio termo, no caso, seria a
amabilidade.

Aristóteles acredita que haja sabedoria na situação intermediária, a qual indica o justo meio. Às
vezes, a pessoa se inclina para o excesso e outras para a falta. Assim, algumas situações apresentam
por definição a maldade e a injustiça, como é o caso do despeito,  da inveja,  do adultério,  do roubo,
do  assassinato, entre outras. Para tais casos, o mal não residiria no excesso ou na deficiência, mas no
próprio ato. Essas ações serão sempre impróprias para a retidão da conduta (ARISTÓTELES, 2001).

Lembrete
Pretensão é o ato ou efeito de pretender, solicitar. Representa também
um desejo descabido, uma ambição, uma vaidade exagerada.
Pusilanimidade é a fraqueza de ânimo, o medo, a covardia, a falta de
decisão.
Magnanimidade é a qualidade do que é magnânimo e também
representa generosidade e bondade.
Irascível é a atribuição que se dá àquele que se irrita com facilidade ou
que frequentemente demonstra raiva e tem um gênio exaltado.
O apático é aquele que apresenta apatia e é indiferente e insensível.
Amabilidade é a qualidade ou característica de quem é amável,
atencioso, gentil e cortês.
25
Unidade I

Para Aristóteles, a felicidade corresponde ao exercício continuado da prática da virtude e da


prudência: “o melhor governo [é] aquele em que cada um melhor encontra aquilo de que necessita para
ser feliz” (ARISTÓTELES, s. d., p. 45).

Para o filósofo, ética e política são práticas que se definem pela ação. Com a ação ética, adquire-se
a prática da virtude. Além disso, a educação com correção transforma cada pessoa em educador, pois
educar supõe a mimesis (imitação de ações exemplares). De acordo com Aristóteles:

[...] segundo o caráter, as pessoas são tais ou tais, mas é segundo as ações
que são felizes ou o contrário. Portanto, as personagens não agem para
imitar os caracteres, mas adquirem os caracteres graças às ações. Assim, as
ações e a fábula constituem a finalidade da tragédia, e, em tudo, a finalidade
é o que mais importa (ARISTÓTELES, 1981).

2.1.3 A ética da convicção e a ética da responsabilidade

O sociólogo alemão Max Weber apresenta em sua obra uma forte marca de seus valores, como a
ética, por exemplo. A seguir, estão apresentados aspectos teóricos e explicitações referentes a cada um
desses valores.

[...] ao adotar-se a ética da responsabilidade, realizam-se análises de risco,


mapeiam-se as circunstâncias, sopesam-se as forças em jogo, perseguem-se
objetivos e medem-se as consequências das decisões que serão tomadas.

[...] toda atividade orientada pela ética pode subordinar-se a duas máximas
totalmente diferentes e irredutivelmente opostas. Ela pode orientar-se pela
ética da responsabilidade ou pela ética da convicção. Isso não quer dizer
que a ética da convicção seja idêntica à ausência de responsabilidade e a
ética da responsabilidade à ausência de convicção (WEBER apud SROUR,
2000, p. 50).

Weber evidencia o sentido de uma ética da convicção para nossa atualidade, pois os profissionais de
hoje não querem comprometimento algum. Por esse motivo, imputam dolo aos docentes, pesquisadores,
filósofos, entre outros, pois, além da responsabilidade, os referidos pensadores devem assumir e manter
o vínculo a uma possível derrocada (WEBER apud SROUR, 2000).

O sociólogo alemão afirma ainda que o partidário da ética da convicção não se sentirá responsável
senão pela necessidade de velar sobre a chama da pura doutrina, a fim de que ela não se extinga (por
exemplo, a chama que anima o protesto contra a injustiça) (WEBER apud SROUR, 2000).

Aos olhos de muitos, a ética da responsabilidade aparece como uma


indecência, o que ela não é, e não como é: uma ética menos ciosa de
princípios, mas que nem por isso leve de portar, porque é implacável com
quem não consegue gerar os efeitos prometidos. [...] a responsabilidade
26
Administração e Planejamento Social

impõe a obrigação do sucesso. Não há perdão para o fracasso. [...] um


político tem de estar preparado para a derrota e para o vazio que a ética da
responsabilidade produz à sua volta (RIBEIRO, 1998).

2.1.4 A ética do interesse próprio

Figura 4

A ética parece contrapor-se a interesses pessoais. Em contrapartida, consideram-se os atos


daqueles que declinam de oportunidades de ascensão profissional por escrúpulos éticos ou daqueles
que decidem doar seus bens a causas nobres como sacrifício de seus interesses em detrimento de
ditames da ética (SINGER, 2006).

2.1.5 A ética orientada para o outro: a ética de Aristóteles e a educação

Ética e política são termos praticamente contraditórios para os nascidos no Brasil a partir do século
XIX até os dias de hoje.

Considerar os bons princípios existentes tanto nos campos da ética como da política evidencia a
busca pela obtenção da virtude.

Por política compreendia-se, pois, a forma de vida que melhor corresponde


à condição humana, embora, paradoxalmente, a atividade superior resida no
campo da teoria pura: o sujeito da virtude é o homem público, posto que a
vida privada carece de interesse: é  idion, idiota. Os homens são, sobretudo,
cidadãos; encerrados em si próprios, não viveriam uma vida racional nem
humana (CAMPS, 1996, p. 93).

A ética aristotélica pede algumas reflexões que se fazem necessárias. Para Aristóteles, o objetivo da
ética era a felicidade, isto é, a própria dignidade. Desse modo, ética – ou felicidade – representava uma
vida digna. Assim, havia uma subordinação da ética à política (RUSS, 1997).

27
Unidade I

Aristóteles pertenceu à Academia de Platão (outro filósofo grego da época) e lá estudou por 20 anos.
Foi convidado pelo Rei Filipe, da Macedônia, para educar seu filho, Alexandre (O Grande) (CHAUÍ, 2002).

Para Aristóteles, os conceitos básicos eram virtude, discernimento, amizade, justo meio (equidistância
entre dois extremos) e equidade (CHAUÍ, 2002).

Após a morte de Alexandre, Aristóteles passou a viver no lado bizantino do Império Romano. Assim,
seus textos ficaram conservados e foram lidos e traduzidos pelos pensadores árabes. Foi por intermédio
da presença dos árabes no Ocidente que grande parte do pensamento aristotélico chegou até nós
(CHAUÍ, 2002).

Saiba mais

Assista aos filmes indicados a seguir:

A ALUCINAÇÃO de Ulisses. Dir. Joseph Strick. Estados Unidos/Grã-


Bretanha. 1967. 

A DESTRUIÇÃO de Corinto. Dir. Mario Costa. França/Itália. 1962. 

ALEXANDRE. Dir. Oliver Stone. Estados Unidos. 2004. 

TROIA. Dir. Wolfgang Petersen. Estados Unidos. 2004. 

Figura 5

28
Administração e Planejamento Social

Saiba mais

Para saber mais sobre quem foi o filósofo grego Aristóteles (384 a. C.-322 a. C.),
leia:

CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a


Aristóteles. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

2.1.6 Códigos de ética1

O mundo atual pede mais ética a cada dia. Empresas nacionais e multinacionais do setor público e
privado criaram seus códigos de ética, que demarcam as proibições de condutas consideradas imorais.

Renato Janine Ribeiro (s. d.) apresenta alguns exemplos de comportamento antiético, como as
relações sem medida entre um funcionário público e uma empresa que ele fiscaliza.

Está errado utilizar-se de informações privilegiadas das decisões do governo (muitas vezes sigilosas)
para beneficiar uma empresa em particular, por qualquer que seja o motivo.

Está errado, inclusive, receber presentes pessoais que possam influenciar o referido funcionário em
suas decisões.

Com relação à empresa privada, a postura não deve ser outra. Isto é, se o funcionário é chefe do
setor de compras de uma empresa, ele deve evitar contatos suspeitos com os fornecedores.

Deve-se ficar atento ainda aos códigos de ética das empresas e, a partir disso, considerar as relações
pessoais. É inadmissível, por exemplo, o assédio sexual, principalmente envolvendo um funcionário
hierarquicamente superior a outro.

Além disso, é igualmente inadmissível negar emprego a alguém por diferenças étnicas.

Desse modo, as empresas e o setor público vão além em sua busca por mais respeito entre os novos
patrões e empregados.

Existe um princípio básico da ética moderna: a preocupação com a verdade. Os códigos de ética
são leis disfarçadas, denominadas leis light, promulgadas por quem não tem poder para legislar (por
exemplo, uma empresa, uma associação  profissional), mas que se preocupa com o caráter ético das
pessoas.

No entanto, vale salientar que nenhum código de ética tornará uma pessoa ética.

1 
Adaptado de: <http://www.renatojanine.pro.br/Etica/codigos.html>.
29
Unidade I

É difícil indicar se uma ação é ética ou não porque essa classificação depende de seu contexto e,
principalmente, das intenções do agente. Este é o grande alerta para as questões éticas nos dias atuais.

Para que uma pessoa seja ética, ela precisa recorrer à própria consciência social.

2.2 Ética e responsabilidade social2

Figura 6

Empresas acostumadas apenas a obter cada vez mais lucros tiveram seu comportamento
significativamente alterado em função das profundas transformações socioeconômicas que o mundo
atravessou nos últimos trinta anos.

O setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza e sua responsabilidade
e poder crescem a cada dia. Isso se dá em função da capacidade criativa existente e dos recursos
financeiros e humanos já disponíveis. É por esse motivo que as empresas apresentam uma intrínseca
responsabilidade social.

Em decorrência das novas demandas e da maior pressão por transparência nos negócios, as empresas
sentiram-se forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações.

Ainda existe os que podem confundir o conceito de responsabilidade social com o de filantropia.
Porém, o que move o novo paradigma é o bem-estar social e, principalmente, um melhor desempenho
nos negócios, o que consequentemente gera uma maior lucratividade.
2
Adaptado de: <http://www.responsabilidadesocial.com/>.
30
Administração e Planejamento Social

A busca pela responsabilidade social corporativa é formada pelas características apresentadas no


quadro a seguir.

Quadro 5 – Características próprias da responsabilidade social corporativa

As empresas não devem satisfações apenas a seus acionistas, mas


também precisa prestar contas a seus funcionários, à mídia, ao setor não
Ser plural governamental e ambiental, ao governo e às comunidades com quem opera.
Um diálogo mais participativo representa mudanças no comportamento das
empresas e uma maior legitimidade social.
O produto final deve ser avaliado por fatores ambientais ou sociais e seu
conceito deve ser difundido ao longo do processo produtivo.
Ser distributiva
Os consumidores e as empresas são responsáveis pelos fornecedores que
aplicam códigos de ética aos produtos e serviços usados.
A associação entre responsabilidade social e o conceito de desenvolvimento
sustentável demarca uma atitude responsável com o ambiente e a sociedade
e garante a não escassez de recursos e a ampliação do referido conceito.
Ser sustentável O desenvolvimento sustentável e o fortalecimento de parcerias duráveis
promovem a imagem da empresa e auxiliam no crescimento orientado.
Uma postura sustentável é preventiva e evita riscos futuros, como impactos
ambientais ou processos judiciais.
A globalização pede transparência.
As empresas devem divulgar sua performance social e ambiental, os
impactos de suas atividades e as medidas de prevenção ou compensação de
Ser transparente acidentes tomadas.
As empresas são obrigadas a publicar relatórios anuais com o desempenho
aferido em diferentes modalidades. Várias delas já atuam nesse sentido
voluntariamente e há a previsão de que, futuramente, tais relatórios
socioambientais venham a ser compulsórios.

Fonte: portal Responsabilidade Social.

O Brasil caminha com rapidez para uma profissionalização no setor de responsabilidade social e para
uma busca constante por estratégias de inclusão social via setor privado. Além disso, o debate sobre a
responsabilidade social empresarial ocorre em âmbito mundial.

Como a responsabilidade social é um tema do universo dos negócios, as empresas brasileiras buscam
não apenas compreender seu conceito, mas também incorporá-lo às suas realidades3.

Existem diferentes iniciativas nessa direção. As organizações estruturaram projetos voltados para uma
gestão socialmente responsável e buscaram investir cada dia mais numa relação ética e transparente,
com um aumento significativo na qualidade junto a todos os seus parceiros de relacionamento.

Mesmo com os resultados positivos apresentados, é possível observar tanto ações pontuais como
desconectadas do planejamento estratégico da empresa. Por esse motivo, as referidas ações pontuais
não expressam um compromisso efetivo no desenvolvimento sustentável.

3
A partir deste trecho até o tópico “O papel da empresa”, a seguir, o texto foi adaptado de: <www.ethos.org.br>.
31
Unidade I

Vale destacar que, mesmo igualmente importantes, a responsabilidade social e a ação social
são diferentes. Muitas empresas brasileiras estabeleceram uma associação entre ambas tanto pelo
investimento social privado como pelo estímulo ao voluntariado.

Quadro 6 – As diferenças entre responsabilidade social e ação social

Responsabilidade social Ação social


Trabalha com a gestão dos impactos É relevante, e seu foco de ação está fora
ambientais, econômicos e sociais (provocados da empresa. Não apresenta alcance para
por decisões estratégicas) e também com influenciar a comunidade empresarial a outro
as práticas de negócios e as de processos tipo de contribuição.
operacionais.

Fonte: Instituto Ethos.

Em alguns casos e momentos, os conceitos de responsabilidade social e sustentabilidade empresarial


são utilizados como se fossem apenas um. Porém, o Instituto Ethos aponta distinções entre eles.

Quadro 7 – As diferenças entre sustentabilidade empresarial e responsabilidade social

Sustentabilidade empresarial Responsabilidade social


Forma de gestão que se define pela relação
Busca assegurar o sucesso do negócio a longo ética e transparente da empresa com todos
prazo e, ao mesmo tempo, busca contribuir aqueles com os quais se relaciona e pelo
para o desenvolvimento econômico e social da estabelecimento de metas empresariais
comunidade num meio ambiente saudável e compatíveis com o desenvolvimento
numa sociedade estável. sustentável da sociedade.
Pressupõe que a empresa cresça, seja rentável, Preserva recursos ambientais e culturais para
gere resultados econômicos e contribua para as gerações futuras, respeita a diversidade e
o desenvolvimento da sociedade e para a promove a redução das desigualdades sociais.
preservação do planeta.
Tal postura ilustra que há uma relação entre a
empresa e seus diversos públicos de interesse.

Fonte: Instituto Ethos

O que se espera com isso é uma conscientização por parte das empresas a fim de que reconheçam os
impactos ambientais, econômicos e sociais causados por elas para que, assim, construam relacionamentos
de valor com seus parceiros profissionais (público interno, fornecedores, clientes, acionistas, comunidade,
governo, sociedade etc.).

A inclusão da sustentabilidade e da responsabilidade social às práticas diárias de gestão de muitas


empresas até agora representa um grande desafio para a maior parte das organizações brasileiras.

O compromisso de associar esses conceitos à gestão dos negócios (a começar pelo público
interno) traduz a qualidade do tema na cultura organizacional, que pertence a todos os escalões
da empresa de forma permanente e estruturada. Desse modo, uma organização consegue ratificar
sua identidade.

32
Administração e Planejamento Social

É por esse motivo que a sustentabilidade e a responsabilidade social empresarial não podem ser
atribuídas apenas à instituição, mas devem ser ratificadas por seu público interno, já que este reconstruirá
o contexto organizacional inclusivo.

A nova postura de uma organização pressupõe profundas transformações na cultura organizacional


e, também, nos processos, produtos e modelos de negócio.

Às vezes, a diretoria está comprometida com a sustentabilidade empresarial, porém não encontra
mecanismos para que esse conceito seja assimilado pelos demais e, assim, haja a mudança em sua
postura.

Em outros momentos, a lógica de mercado impõe limites e pressiona pela minimização de custos/
maximização de resultados a curto prazo, o que impede uma reflexão a respeito da função social em
cada negócio.

Sustentabilidade empresarial solidificada na cultura organizacional

Os conceitos referentes à sustentabilidade empresarial devem estar, necessariamente, integrados


aos rituais de planejamento da empresa. Desse modo, evidencia-se o diagnóstico de oportunidades e
ameaças existentes e isso alimenta o diagnóstico de planejamento estratégico da organização.

A partir das referidas evidências, faz-se necessária a adoção de ações e medidas a ser implementadas
que devem ser pensadas simultaneamente às ações designadas no planejamento estratégico.

Desse modo, a fim de que haja mudança na organização, faz-se necessário que o princípio da
sustentabilidade esteja, sim, totalmente integrado aos processos já existentes dentro da empresa e não
venham a acontecer paralelamente.

É possível notar que esse processo, inicialmente trabalhoso, apresenta posteriormente bons
resultados. Estruturar a empresa para essa mudança exige esforços de toda a corporação. Os esforços,
por sua vez, resultam em recompensas para a organização, a saber:

• os dirigentes organizacionais percebem que incorporar os conceitos de responsabilidade social nas


relações com funcionários, fornecedores e clientes melhora o desempenho da própria empresa;
• com relação ao público interno (a grande vantagem competitiva das empresas), observa-se um
maior nível motivacional e uma maior atração de novos talentos;
• com relação à cadeia de fornecedores, há a possibilidade de geração de parcerias duradouras a
partir das quais exista uma visão compartilhada do negócio.

Uma empresa ambientalmente responsável reduz o uso de materiais, reutiliza-os e recicla-os mais
amplamente. Com isso, o impacto na ecoeficiência torna-se significativo, o que inclusive pode suscitar
ambientes participativos e mais criativos na busca pelo uso de alternativas inteligentes de consumo.

33
Unidade I

Vale considerar também que uma gestão socialmente responsável agrega valores positivos à marca,
transcende a tangibilidade do produto e associa a imagem da empresa a qualidades valorativas. Essa
configuração faz com que os relacionamentos com os parceiros e consumidores se tornem mais duradouros, o
que potencializa o impacto da imagem da empresa e, consequentemente, amplia as vendas.

O principal conceito mostra, entre outras características anteriormente apresentadas, que uma gestão
socialmente responsável minimiza causas e impactos que possam afligir a sociedade contemporânea,
como é o caso da geração de empregos, da educação, da melhoria na distribuição de renda, da erradicação
do trabalho infantil, entre outras.

A ideia presente nos conceitos apresentados pretende, portanto:

• contribuir para a formulação e o controle de políticas públicas;


• integrar grupos de trabalho com diferentes atores sociais;
• colaborar complementarmente com as competências corporativas disponíveis.

Figura 7

3 O PAPEL DA EMPRESA

Até o final da década de 1990, existiam dois sistemas econômicos amplamente utilizados pelas
economias da maior parte dos países do mundo: o capitalismo e o socialismo (CARVALHO, 2009).

[...] no mundo atual há dois sistemas básicos que orientam a organização da vida
econômica. O sistema capitalista é o primeiro, fundamentado na propriedade
privada de bens de produção, na livre concorrência, na iniciativa privada,
funcionando de um modo geral nos Estados que não se orientam pelo tipo
de economia coletivizada. O outro sistema é o socialista, fundamentado na
propriedade coletiva dos meios de produção, implantado na URSS e na China, e
durante muito tempo no Leste europeu (FERREIRA, 1991, p. 577).

Porém, analisando a Constituição Federal Brasileira de 1988, é possível verificar que a dicotomia entre
socialismo e capitalismo está superada e transformada em um sistema liberal com princípios sociais.
34
Administração e Planejamento Social

Desse modo, o Estado Democrático de Direito deve garantir o modelo econômico e a participação de
todos na economia de livre iniciativa (CARVALHO, 2009).

3.1 A livre iniciativa e a livre concorrência

A livre iniciativa pressupõe o quanto é provável que qualquer pessoa interessada exerça livremente
alguma atividade econômica. Logo:

[...] livre iniciativa é um termo de conceito extremamente amplo. Não


obstante, a inserção da expressão no art. 170, caput, tem conduzido à
conclusão, restrita, de que toda a livre iniciativa se esgota na liberdade
econômica ou de iniciativa econômica (GRAU, 2005, p. 200).

A livre iniciativa transfere das mãos do Estado para as empresas particulares o direito de exercer
alguma atividade econômica, excetuando-se aquelas enumeradas no artigo 173 da Constituição Federal:

[...] ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta


de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária
aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
conforme definidos em lei (BRASIL, 1988).

Desse modo, a livre iniciativa admite a livre exploração das atividades empresariais não reservadas
ao Estado (BRASIL, 1988, artigo 173). Isso independe da autorização do Estado, conforme parágrafo
único do artigo 170 da Constituição Federal:

[...] é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,


independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
previstos em lei (BRASIL, 1988).

Com a finalidade de impedir que ocorram atos de concentração de mercado, e que, consequentemente,
se crie um poder econômico capaz de impossibilitar a permanência de outras empresas no mercado já
existente ou de impedir a entrada de novas, nasce, então, a necessidade de se garantir a livre iniciativa das
organizações. Vale considerar, ainda, que a livre concorrência é mais um princípio da ordem econômica.

Cabe ao Estado oferecer condições para que o exercício da atividade econômica empresarial
transcorra dentro dos limites aceitáveis para uma saudável competição. Com tais ações, o Estado
apresenta condições sociais adequadas para diferentes finalidades, tais como:

• maior produção de riquezas (tanto produtos como serviços);


• oferta de empregos diretos e indiretos;
• considerável melhora na qualidade de produtos e serviços em oferta;
• redução de preços em razão da alta competitividade de mercado;
• geração de renda.
35
Unidade I

O Brasil adotou o regime econômico capitalista a partir de um modelo econômico-social que garanta
a defesa da concorrência. Com essa postura, o país defende a manutenção das empresas no mercado e
evita a possibilidade de abusos de poder econômico ou de atos de concentração de mercado.

[...] no mercado, por outro lado, verifica-se que em muitos segmentos há a


ocorrência do fenômeno da concentração do poder econômico, que fica,
por assim dizer, assenhorado nas mãos de uns poucos, com ofensa à livre
iniciativa, invocando a necessidade de tutela e intervenção do Estado, sob
pena de aquela, literalmente, sucumbir. Então, ao contrário do que poderia
se imaginar, a intervenção do Estado no domínio econômico (CF, art. 174),
muito antes de limitar a iniciativa e a liberdade do particular, tem por fim,
mesmo, preservá-la (PETTER, 2005, p. 161).

Livre iniciativa é a exploração de modos privados de produção (como as empresas privadas, por
exemplo) dentro de um modelo econômico que possa garantir direitos sociais. Com isso, o legislador
baseia a ordem econômica em diferentes aspectos sociais, tais como:

• valorização do trabalho;
• redução das desigualdades sociais;
• existência digna;
• busca do pleno emprego;
• defesa do meio ambiente;
• proteção da soberania nacional;
• justiça social;
• tratamento favorável para micro e pequenas empresas;
• defesa do consumidor (PETTER, 2005).

Assim, a livre iniciativa transcende uma exploração privada dos meios de produção e estabelece a
liberdade da empresa dentro do modelo econômico adotado. Além disso, ela garante oportunidades de
exercício de uma atividade econômica a todos os interessados.

3.2 O papel social das organizações

Hoje, os desafios econômicos são bem diferentes daqueles vividos por Tylor ou Ford. As empresas
preocupadas apenas com a lucratividade a qualquer custo e as que ainda acreditam que a sociedade e
os empregados são apenas unidades econômicas de produção perdem credibilidade e clientela.

Nos dias atuais, nota-se uma preocupação nas organizações com a promoção de ações dentro do
universo do desenvolvimento sustentável. A partir dessa preocupação, há investimentos nas pessoas e,
consequentemente, na sociedade.
36
Administração e Planejamento Social

É visível que empresas atentas ao investimento em responsabilidade social adquirem mais


credibilidade e maior poder de competição. Com tais atitudes, elas agregam valor aos seus produtos e
serviços e transformam-se em referências na sociedade (CARVALHO, 2009).

No momento em que as organizações adotam posturas éticas e compromissos sociais com


a comunidade, esse quesito se torna, num prazo mais estendido, um diferencial competitivo e
também um indicador de rentabilidade e sustentabilidade.

[...] entre uma empresa que assume uma postura de integração social
e contribuição para a sociedade e outra voltada para si própria e
ignorando o resto, a tendência do consumidor é ficar com a primeira
(CHIAVENATO, 1999, p. 447).

A responsabilidade social empresarial é de interesse das organizações e dos altos executivos.


Entidades como o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) e o Instituto Ethos de Empresas
e Responsabilidade Social, criados em 1995 e 1998, respectivamente, reúnem empresas preocupadas
em desenvolver ações voltadas para a comunidade e em praticar seus negócios de maneira ética e
socialmente responsável. Esse assunto ganha cada vez mais espaço na mídia, nos debates, nos seminários,
nos prêmios e nas publicações a respeito do tema.

3.2.1 Objetivos de empresas com responsabilidade social

A prática da responsabilidade social nas empresas apresenta os seguintes objetivos e benefícios:

Quadro 8 – Objetivos e benefícios de empresas com práticas sociais

Objetivos Benefícios
Proteger e fortalecer a imagem da marca e sua reputação. Credibilidade e diferencial competitivo da empresa.
Diferente dos concorrentes. Diferencial caracterizador da empresa.
Visão positiva da empresa. Satisfação de acionistas e consumidores.
Mídia espontânea. Mercado futuro.
Há crescimento da comunidade. Futuros consumidores.
Fideliza clientes. Alcança o cliente.
Profissionais respeitados que buscam atingir os objetivos
Profissionais valorizam empresas que os valorizam. da empresa.
Investidores buscam empresas socialmente responsáveis e
Atração de investidores. há retorno garantido.
Valor utilizado em atividades sociais pelas empresas,
Dedução fiscal. abatido no imposto de renda.
Proteger e fortalecer a imagem da marca e sua reputação. Credibilidade e diferencial competitivo da empresa.
Diferente dos concorrentes. Diferencial caracterizador da empresa.
Visão positiva da empresa. Satisfação de acionistas e consumidores.
Mídia espontânea. Mercado futuro.

Fonte: CARVALHO, 2009.

37
Unidade I

3.2.2 As ações

As ações de uma empresa que pratica a responsabilidade social e ambiental podem ser as
elencadas a seguir:

• interação e comprometimento com stakeholders, empregados, consumidores, fornecedores,


comunidade, meio ambiente e com os próprios acionistas;
• compromisso com a promoção do desenvolvimento pessoal de todos, direta ou indiretamente;
• equilíbrio entre lucros e ética, o que significa:

— recompensar empregados afastados de ações comprometedoras;


— considerar questões éticas no processo seletivo;
— incentivar aqueles que possam orientar moralmente os empregados (CARVALHO, 2009).

A corporação amoral é uma empresa que considera empregados como meras unidades econômicas
de produção, violam normas e valores sociais e buscam o sucesso a qualquer custo. Esse tipo de
organização com certeza tem perdido credibilidade no mercado. Com isso, o que se pode notar no
mercado atual é que a ausência de tais preocupações reflete direta e rapidamente nos lucros de uma
empresa (CARVALHO, 2009).

Toda iniciativa socialmente correta por parte das organizações deve ser incentivada. Apesar de
as ações empresariais no Brasil ainda não serem suficientes para resgatar a dívida social, o tema
está em discussão desde o início da década. Entretanto, o que se percebe é apenas uma tímida
mudança da parte dos empresários.

3.2.3 Características da responsabilidade social nas empresas

A responsabilidade social nas empresas apresenta as seguintes características:

• planejamento estratégico das organizações:


— investimento em valores éticos que agregam à marca e alcançam resultados satisfatórios.
• qualidade de vida e da produção:
— existe o cuidado com a qualidade dos relacionamentos interpessoais dentro da empresa;
— os empresários sabem que o esforço para solucionar dificuldades resulta em melhores
relacionamentos, estímulos a inovações, incremento à maturidade e produtividade;
— existe o cuidado com o cumprimento dos requisitos legais relacionados à saúde e segurança
dos trabalhadores;
— existe, ainda, o cuidado para evitar danos ao meio ambiente e economizar energia e reservas
naturais durante o ciclo de produção.
38
Administração e Planejamento Social

• empresários e empresa:
— os empresários, com base em critérios próprios de uma gestão correta e participativa, criam
estratégias, objetivos e planos empresariais;
— os empresários valorizam o ser humano e não o capital, adotam medidas de apoio aos
funcionários com dificuldades e valorizam os talentos individuais.

• liberdade de participação:
— experiência de liberdade;
— empresários decidem livremente o destino dos lucros:
- crescimento da empresa;
- auxílio das pessoas em dificuldades econômicas;
- difusão da cultura (CARVALHO, 2009).

Desse modo, uma empresa socialmente responsável tem seus interesses voltados para a
comunidade incorporada aos negócios, pois organizações com responsabilidade social apresentam
projetos sociais bem administrados, atuam junto a entidades da sociedade civil e do poder público
e contribuem para a busca de alternativas que melhoram da qualidade de vida a partir do uso da
criatividade e do bom gerenciamento (CARVALHO, 2009).

Por esse motivo, as empresas são beneficiadas com a consolidação de uma imagem moderna
e, além disso, questões relacionadas à produtividade e à competitividade estão diretamente
relacionadas à qualidade de vida da comunidade na qual a organização está inserida.

Assim, as empresas desenvolvem projetos voltados tanto à educação empresarial e à interação


da sociedade como à formação de pessoas e de empresas sólidas, competitivas, socialmente
responsáveis e promotoras da sustentabilidade econômica.

4 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Figura 8

39
Unidade I

A atual política de economia globalizada gerou um crescimento econômico com muitos


desequilíbrios econômicos, sociais e políticos. Dentre os fatores econômicos, pode-se dizer que
nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo. Em contrapartida, é notório o crescente aumento da
degradação ambiental, da miséria humana e também da poluição (CAVALCANTI, 1995).

Nesse contexto, a ideia de desenvolvimento sustentável (DS) mostra-se como necessária, pois ela
busca a conciliação entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental como meta de se
chegar ao fim da pobreza no mundo (CAVALCANTI, 1995).

Isso é reiterado pela assertiva oriunda do documento Agenda 21, no qual pode-se ler:

A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma


sustentável, entretanto é preciso garantir as necessidades do presente
sem comprometer as habilidades das futuras gerações em encontrar suas
próprias necessidades (Agenda 21) (CAVALCANTI, 1995).

A seguir, o texto de apresentação do referido documento:

A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos,


que   constitui a mais ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em
escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de
proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e


instituições da sociedade civil de 179 países num processo preparatório que
durou dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), em 1992, no Rio
de Janeiro, também conhecida por ECO-92.

Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a


Declaração do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas,
o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças
Climáticas.4

Saiba mais
Para saber mais sobre a Agenda 21, acesse: <http://www.ecolnews.com.
br/agenda21/>. Acesso em: 2 abr. 2012.

Desse modo, o desenvolvimento sustentável precisa ser entendido como componente necessário
para todo o tipo de desenvolvimento.
4 
O documento em questão está disponível no site: <http://www.ecolnews.com.br/agenda21/>.
40
Administração e Planejamento Social

A seguir, apresentamos as diferenças existentes entre crescimento e desenvolvimento:

Quadro 9 – Diferenças entre crescimento e desenvolvimento

Crescimento Desenvolvimento
Não conduz à igualdade nem à justiça Considera apenas o acúmulo de riquezas (retido nas mãos de alguns
sociais. poucos indivíduos da população) e desconsidera a qualidade de vida.
Sua preocupação se concentra na Tem por objetivos distribuir as riquezas, melhorar a qualidade de vida
geração de riquezas. da população e considerar a qualidade ambiental do planeta.

Fonte: MENDES, s. d.

O desenvolvimento sustentável apresenta, ainda, seis aspectos prioritários que devem ser entendidos
como metas:

• satisfazer às necessidades básicas da população, que correspondem ao acesso à educação, à


alimentação, à saúde e ao lazer;
• ser solidário com as gerações futuras e preservar o meio ambiente a fim de que elas possam viver nele;
• buscar a participação da população, envolvendo-a, afinal, todos devem conhecer a necessidade
de conservar o meio ambiente;
• preservar os recursos naturais, tais como água, oxigênio e plantas;
• elaborar um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas e
erradique a miséria, o preconceito e o massacre de populações oprimidas;
• efetivar os programas educativos (MENDES, s. d.).

Vale lembrar, inclusive, que a educação ambiental é parte fundamental para o desenvolvimento
sustentável. Somente com a participação efetiva da população será possível atingir, no mínimo, uma
das seis metas apresentadas.

Figura 9 – Geração de energia eólica colaborando para o desenvolvimento sustentável

41
Unidade I

Figura 10 – Geração de energia solar colaborando para o desenvolvimento sustentável

Figura 11 – Usina geotérmica: produção de energia elétrica a partir do calor da Terra

Os homens formadores das sociedades atuais estão destruindo o meio ambiente. O crescimento
das cidades, as indústrias e os veículos estragam a qualidade do ar, do solo e das águas.
(SUA PESQUISA, s. d.).

O desenvolvimento é necessário, porém não se tem respeitado o meio ambiente. Todos dependem dele
para a sobrevivência. Por esse motivo, o Desenvolvimento sustentável pretende obter o desenvolvimento
econômico e, garantir, assim, o equilíbrio ecológico.

A seguir, apresentamos algumas sugestões para o desenvolvimento sustentável:

42
Administração e Planejamento Social

• coleta seletiva de lixo;


• reciclagem de diversos tipos de materiais: papel, alumínio, ferro, vidro, plástico, borracha etc.;
• tratamento de esgotos industriais e domésticos, que não mais seriam jogados em rios, lagos,
córregos e mares;
• descarte de baterias de celulares e outros equipamentos eletrônicos em locais especializados;
• geração de energia por meio de fontes não poluentes (eólica, geotérmica e solar);
• substituição de sacolas plásticas pelas de papel;
• uso racional de recursos da natureza (água);
• diminuição da utilização de combustíveis fósseis como gasolina e diesel, que poderiam ser
substituídos por biocombustíveis;
• substituição gradual dos meios de transporte individuais (carros particulares) por coletivos
(metrô, ônibus, trem etc.);
• técnicas agrícolas que não prejudiquem o solo;
• criação de sistemas urbanos (ciclovias) eficientes e seguros;
• implantação do transporte solidário (um veículo com várias pessoas);
• combate rigoroso ao desmatamento ilegal;
• combate à ocupação de regiões de mananciais;
• criação de áreas verdes nos grandes centros urbanos;
• manutenção e preservação dos ecossistemas;
• produção e consumo de alimentos orgânicos;
• implantação da técnica do “telhado verde” (SUA PESQUISA, s. d.).

Saiba mais

Para saber mais sobre a energia eólica, geotérmica e solar, acesse:

• <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_eolica.htm>;

• <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_solar.htm>;

• <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_geotermica.htm>.
Acesso em: 3 abr. 2012.

43
Unidade I

Saiba mais

Para saber mais sobre os biocombustíveis e o “telhado verde”, acesse:

• <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/biocombustiveis.htm>;

• < http://www.envec.com.br/django/wwwx1/>. Acesso em: 3 abr. 2012.

Resumo

Como foi possível notar nesta unidade, o trabalho profissional está


sujeito a todo tipo de avaliação moral, pois a mídia e/ou uma denúncia
infundada podem derrubar tanto profissionais quanto empresas. Às vezes,
a restauração da reputação demora muito tempo para ocorrer. Em outros
casos, os danos são irreversíveis.

Por esse motivo, considerar os bons princípios existentes tanto nos


âmbitos da ética como da política evidencia a busca pela obtenção da
virtude.

Para uma pessoa ser ética, ela depende somente dela mesma, de sua
própria consciência. Quanto maior o grau de insegurança, mais clara ficará
a distinção entre a noção de um bom caráter, ético, e a ação a ser praticada
(ou não praticada).

Assim, responsabilidade social e ação social são campos diferentes e


importantes. Muitas foram as empresas brasileiras que estabeleceram tal
associação, tanto pelo caminho do investimento social privado, como pela
via do estímulo ao voluntariado.

Por esse motivo, uma gestão socialmente responsável agrega valores


positivos à marca, transcende a tangibilidade do produto e associa
qualidades valorativas à imagem da empresa. Com isso, os relacionamentos
com os parceiros e consumidores tornam-se mais duradouros, pois o
impacto na imagem da empresa é ampliado, o que gera uma consequente
melhora nas vendas.

Nos dias atuais, além do lucro, a promoção de ações dentro do


universo do desenvolvimento sustentável também é uma preocupação
das organizações. Com isso, elas investem nas pessoas e, como resultado,
na sociedade.
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Administração e Planejamento Social

Desse modo, o desenvolvimento sustentável precisa ser entendido como


componente necessário para todo aprimoramento. Além disso, é preciso
salientar que existem diferenças entre o crescimento e o desenvolvimento
e que a educação ambiental é fundamental para a sustentabilidade.
Afinal, para se obter o progresso econômico, é preciso garantir o equilíbrio
ecológico.

Exercícios

Questão 1. (FCC-2010-TRE-AM – Analista Judiciário) As funções administrativas formuladas por


Henri Fayol são basicamente quatro: planejar, organizar, dirigir e controlar. A respeito delas, é possível
afirmar que:

A) Nem todas as funções administrativas concorrem para a continuidade da empresa ou instituição.


B) A função controlar é vista atualmente como aquela que abrange as atividades de liderança.
C) Todas as funções devem ser executadas separadamente, ou seja, não podem ser trabalhadas em
conjunto.
D) A função organização consiste em designar as atividades específicas necessárias para fazer
acontecer o que foi planejado.
E) Em bibliotecas, devido às características dos produtos informacionais, a função organização ocorre
antes da função planejamento.

Reposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: para Fayol, todas as subfunções dispostas dentro das funções administrativas são
igualmente importantes e necessárias para a manutenção ou continuidade da empresa ou instituição,
pois elas irão auxiliar no sentido de uma gestão eficaz.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: para Fayol, a função controlar não está restrita apenas a pessoas com cargos de liderança,
mas sim a pessoas que, dentro da empresa ou organização, desempenhem a função de controle. Segundo
o autor, compete ao dirigente adotar todas as medidas necessárias ao bom andamento da empresa, e
não apenas exercer o controle, a fiscalização.

C) Alternativa incorreta.

45
Unidade I

Justificativa: para o autor, essas funções não podem ser desenvolvidas separadamente, já que o seu
desempenho conjunto irá orientar a empresa ou o órgão administrado para a finalidade desejada. Para
Fayol, essas funções estão inter-relacionadas.

D) Alternativa correta.

Justificativa: segundo Fayol, é durante o processo de organização que serão definidas quais as
atividades ou ações que devem ser realizadas para que seja possível alcançar o que foi planejado.
Durante essa fase ou estágio, será necessário ao administrador ter a correta noção do organismo social
e material da empresa e dos esforços necessários a serem empreendidos no sentido de atender ao que
fora planejado.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: ver justificativa da alternativa D.

Questão 2. (ESAF – 2010 – MPOG- Analista de Planejamento e Orçamento) O estudo da evolução do


pensamento administrativo permite concluir, acertadamente, que:

A) As teorias científicas e das relações humanas são abordagens de sistemas abertos.


B) A teoria das relações humanas despreza os objetivos organizacionais.
C) A teoria da contingência enfatiza a importância da tecnologia e do ambiente.
D) As teorias estruturalista e dos sistemas refletem uma abordagem prescritiva e normativa.
E) A teoria comportamental concebe o funcionário como um homem social.

Resolução desta questão na plataforma.

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