LÍNGUA PORTUGUESA
PROFA. ARIANE QUEIROZ
NOTA DE AULA 1
1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
EXERCÍCIO:
Transforme de Linguagem Não-Verbal para Linguagem Verbal.
2 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
Para que haja comunicação, alguns elementos são essenciais. São eles:
Exemplo:
Pense, por exemplo, na situação comunicativa na sala de aula. O professor é
o emissor quando está explicando o conteúdo, os alunos são os receptores dessa
mensagem, isto é, da matéria explicada. O código utilizado é a língua escrita, a
falada e a não verbal, pois o professor pode escrever, falar e usar gestos e imagens
para discutir os conceitos, e o canal pode ser o ar, o quadro, os slides. O referente é
a situação: alunos e professor na sala de aula.
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EXERCÍCIO 1: Identifique cada um dos elementos nas situações seguintes: leitura de uma
revista ou jornal; b) conversa com um amigo; c) ouvir uma música no rádio.
3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Exemplos:
O tempo amanhã será nublado/ Ela abriu a porta, entrou, sentou-se na poltrona e
sorriu.
Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã
verde, uma maçã vermelha e uma pêra.
Exemplos:
Estou muito feliz.
Nós o amamos muito, Romário!!
Função metalinguística
Exemplos:
Verbetes de dicionário.
Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as idéias para o papel, sinto-me
realizada...
Função fática.
Função conativa
Exemplos:
Pedrinho, vá para casa/ Não deixe de ver aquele filme.
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Exemplo:
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
ITEM 1:
As microondas se distribuem no interior do forno de várias maneiras. Alguns modelos
possuem um difusor de ondas e um prato giratório; em certos fornos, o prato giratório
pode ser desligado ou até removido para limpeza. Os modelos dotados de painel
digital, com teclas de controle eletrônico, são mais precisos do que os que possuem
controle mecânico, do tipo botão giratório.
ITEM 2:
Desarmonia [de dês + harmonia]
s.f. l. Falta de harmonia; 2. Fig. Discordância. 3. Desproporção ou má disposição das
partes de um todo.
ITEM 3:
"Alo, quem está falando?"
"Boa tarde!"
"Olá, como vai? Tudo bem?"
"Ah, é, é!"
"Olha, seria bom se..."
"Não diga!..."
"Hum... num..."
ITEM 4:
“ Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
Como a palmeira confia no vento,
Como o vento confia no ar. Como o ar confia no campo azul do céu.
O homem confiará no homem
Como um menino confia em outro menino.”
(Artigo 4 – Estatutos do Homem – Thiago de Mello)
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No processo de comunicação, produz-se uma mensagem, para que ela seja recebida (lida
ou ouvida) por alguém. Na fala, o texto é recebido pelo outro, enquanto vai sendo produzido;
na escrita, a recepção ocorre depois da produção. Naquela, o interlocutor vai ouvindo o
texto, à medida que ele é composto. Nesta, o texto é lido depois que está pronto. Dai
decorrem as seguintes diferenças:
A língua falada se concretiza por meio da emissão dos sons da língua, os fonemas.
Na escrita, utilizam-se as letras, que não mantêm uma correspondência exata com os
fonemas: há letras que representam fonemas diferentes (a letra x, por exemplo, em exame,
xadrez e sintaxe); há fonemas representados por mais de uma letra (/J/em chave, por
exemplo); há até casos em que a letra não representa nenhum fonema (h em homem, por
exemplo).
O código oral conta com elementos de expressividade que o código escrito não
consegue reproduzir com muita eficiência. Destaca-se a acentuação e a entonação,
capazes de modificar completamente o significado de certas frases e que só são
parcialmente recuperáveis por certas construções da língua escrita.
A fala se dá dentro de uma dada situação de interlocução; a escrita ocorre fora dela.
Na fala, quando se diz eu, aqui, agora, por exemplo, o ouvinte sabe quem está falando, que
lugar é aqui ou quando é agora. Além disso, entende as frases que se referem à situação.
Se alguém está jantando e diz que a cozinheira está sem paladar, seu interlocutor
compreende que ele quer dizer que falta tempero ou que há tempero em excesso na
comida. Na escrita, é preciso explicar a situação, para que o leitor saiba, por exemplo, quem
está falando, que dia é, quando alguém diz hoje, e para que compreenda os sentidos
relacionados à situação (assim, no caso da frase acima é preciso explicar que os
interlocutores estavam jantando e que um, quando pôs uma colher de sopa na boca, disse
que a cozinheira estava sem paladar).
Na fala, os períodos são mais curtos e simples. Na escrita, mais longos e complexos.
O texto escrito divide-se em parágrafos, capítulos etc., que contêm unidades de sentido. O
texto falado é recortado em turnos, isto é, cada intervenção de cada interlocutor, e em tó-
picos, ou seja, assuntos de que se fala.
Exemplo:
— Onde ele caiu?
— Ele caiu aqui.
5 NÍVEIS DA LINGUAGEM
Para que se efetue a comunicação, é necessário haver um código comum. Diz-se que é
preciso "falar a mesma língua": o português, por exemplo, que é a língua que utilizamos.
Mas trata-se de uma língua portuguesa ou de várias línguas portuguesas? O português da
Bahia é o mesmo português do Rio Grande do Sul? Não está cada um deles sujeito a
influências diferentes - linguísticas, climáticas, ambientais? O português de um médico é
igual ao de seu cliente? O ambiente social e o cultural não determinam a língua? Estas
questões levam à constatação de que existem níveis de linguagem. O vocabulário, a sintaxe
e mesmo a pronúncia variam segundo esses níveis.
É chamada de dialeto a variedade de uma língua própria de uma região ou território. Devem
ser consideradas também as diferenças linguísticas originadas em virtude da idade dos
falantes, sexo, classes ou grupos sociais e da própria evolução histórica da língua.
Variações sociais (diastráticas) são as que ocorrem de acordo com os hábitos e cultura de
diferentes grupos sociais. Este tipo de variação ocorre porque diferentes grupos sociais
possuem diferentes conhecimentos, modos de atuação e sistemas de comunicação.
Exemplos de variações sociais: Gírias próprias de um grupo com interesse comum, como
os skatistas; Jargões próprios de um grupo profissional, como os policiais, médicos,
profissionais da informática, dentre outros; um orador jurídico e um morador de rua.
O registro culto, chamado de norma culta, linguagem formal e registro formal, é usado na
linguagem escrita, na escola e no trabalho, na comunicação social, em situações que
requerem uma maior seriedade, quando não há familiaridade entre os interlocutores da
comunicação.
Exemplo:
Um homem magro, de bigodinho e cabelo glostorado, apareceu:
"Ah, comissário Pádua... Que prazer! Que alegria!"
"Não quero papo-furado, Almeidinha. Quero falar com dona Laura."
"Ela no momento está muito ocupada. Não pode ser comigo?"
"Não, não pode ser com você. Dá o fora e chama logo a Laura."
"Vou mandar servir um uisquinho."
"Não queremos nenhum uisquinho. Chama a dona.”
Rubem Fonseca. Acorro. São Paulo. Companhia da Letras 1990. p 64
Um falante que saiba adaptar o seu discurso às diferentes situações comunicativas e aos
diferentes interlocutores irá usar, necessariamente, a linguagem culta e a linguagem
coloquial no seu dia a dia, como linguagens complementares. Este é um exemplo de
variação situacional, ou seja, uma variação linguística em função do contexto.
ANTIGAMENTE, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram pegados
com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo
amassou, lá onde Judas perdeu as botas. Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E
alguns ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda,
tinham conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde
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que o moleque do tabuleiro, quase sempre um cabrito, não tivesse catinga. Acolhiam com
satisfação a visita do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou
seja, da Corte do Rio de Janeiro. Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao
dono da casa um canivete roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para
vê-lo apear do macho faceiro. Infelizmente, alguns eram mais do que velhacos: eram
grandessíssimos tratantes.
FONTE: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond07.htm
ANEXO 2: TEXTO Como ser brasileiro em Lisboa sem dar (muito) na vista
Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Lisboa sem um bom
domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis águas de bacalhau. Está vendo?
Você já começou a não entender. O fato é que como dizia Mark Twain a respeito da
Inglaterra e os Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela
mesma língua. Se não acredita, vejá só esses exemplos. (...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranqüilamente pela estrada
Lisboa–Porto, quando deu de cara com um aviso: "Cuidado com as bermas". Eles ficaram
assustados — que diabo seria uma berma? Alguns metros à frente, outro aviso: "Cuidado
com as bermas". Não resistiram: pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que
era uma berma e só respiraram tranqüilos quando souberam que berma era o acostamento.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas
sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os ternos — peça para ver os
fatos. Paletó é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisol — mas não se assuste, porque
calcinhas femininas são cuecas. (Não é uma delícia?) Pelo mesmo motivo, as fraldas de
crianças são chamadas cuequinhas de bebê. Atenção também para os nomes de certas
utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo — deve-se dizer pensos. Pasta de
dente é dentifrício. Ventilador é ventoinha. E no caso (gravíssimo) de você ter de tomar
injeção na nádega, desculpe, mas eu não posso dizer porque é feio.
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro.
Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele
achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunto-lhe onde se pode
petiscar.
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Para se entender as crianças em Portugal, pedagogia não basta. É preciso traçar também
uma outra lingüística. Para começar, não se diz criança mas miúdos. (Não confundir com
miúdos de galinha, que lá são chamados de miudezas. Os miúdos das galinhas portuguesas
são os pintos.) Quando o guri inferniza a vida do pai, este não o ameaça com o tradicional:
"Dou-te uma coça" mas com "Dou-te uma tareia", ou então com o violentíssimo: "Eu chego-
te a roupa à pele".
Mas o pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do meu quarto de
hotel e eu telefonei para a portaria: "Podem me mandar um bombeiro para consertar a
descarga da privada?" O homem não entendeu uma única palavra. Eu devia ter dito: "Ó pá,
manda um canalizador para reparar o autoclisma da retrete."
CASTRO, Ruy. Viaje bem. Revista de bordo da Varig. Ano VIII o 3/78
FONTE: http://www.ensjo.net/etc/brasileiro-lisboa.html