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Patricia Braun
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Juliana de Oliveira
Cristiane Silvestre de Paula
Universidade Presbiteriana Mackenzie
ABSTRACT
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Universidade Presbiteriana Mackenzie
CCBS – Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento
Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.12, n.1, p. 53-65, 2012
ISSN 1809-4139
Breve discussão sobre o impacto de se ter um irmão com Transtorno do Espectro do Autismo
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Breve discussão sobre o impacto de se ter um irmão com Transtorno do Espectro do Autismo
trabalho (esse procedimento tem sido O princípio fundamental desta “Linha de Ação”
denominado como busca da grey literature). é de que as escolas devem acolher todas as
Nesta nova estratégia foi possível selecionar crianças, independentemente de suas condições
mais 1 dissertação de mestrado e duas teses físicas, intelectuais, sociais, emocionais,
brasileiras de doutorado tratando do tema de linguísticas ou outras. Devem acolher crianças
interesse do presente estudo. com deficiência e crianças bem dotadas;
crianças que vivem nas ruas e que trabalham;
Em resumo, com todas essas estratégias, foram
crianças de populações distantes ou nômades,
identificados dois artigos, uma dissertação de
crianças de minorias linguísticas, étnicas ou
mestrado e duas teses de doutorado brasileiras
culturais e crianças de outros grupos ou zonas
sobre o tema, sendo três resultados de estudos
desfavorecidos ou marginalizados. Todas essas
de caso (SUPLINO, 2007; SERRA, 2008;
condições levaram uma série de desafios para os
FARIAS; MARANHÃO; CUNHA, 2008), uma
sistemas escolares (UNESCO, 1994, p.3).
pesquisa etnográfica (MARTINS, 2007) e
apenas um trazendo uma amostra expressiva, Após a Declaração de Salamanca surge uma
com uma abordagem descritiva e enfoque nova diretriz acerca dos direitos das pessoas
quanti-qualitativo (GOMES; MENDES, 2010). com deficiência em 1999, a Declaração de
Guatemala ou Convenção Interamericana para a
Eliminação de Todas as Formas de Preconceito
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO contra as Pessoas Portadoras de Deficiência,
configurando-se outro importante documento
nesse cenário. Seu princípio central, apoiado em
Primeiramente será feito um breve percurso outros documentos, foi reafirmar a igualdade
sobre os documentos mais relevantes no cenário entre todas as pessoas e a garantia do respeito
da Educação Especial os quais subsidiaram a sem qualquer distinção (CP/OEA, 1999). Esses
formulação de políticas públicas no âmbito documentos refletiram na elaboração de muitas
nacional. Posteriormente serão expostos estudos portarias, decretos e leis no Brasil tais como: a
teóricos que tecem uma discussão controversa Constituição Federal (1988); o Estatuto da
acerca dessa temática. Criança e do Adolescente (1990); a Lei de
O Brasil possui um arcabouço legal no que Diretrizes e Bases da Educação - LDBEN
tange as políticas de educação inclusiva de (1996), a Política Nacional de Educação
indivíduos com NEE que derivaram de Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
importantes documentos internacionais dentre (2008) culminando no novo Decreto 7611
os quais se destacam: a Declaração Universal assinado no Brasil em 2011.
dos Direitos Humanos (1948); a Declaração A LDBEN (Lei 9394/1996) é o principal
Mundial de Educação para Todos (1990); a documento nesse campo e dentre outras coisas
Declaração de Salamanca (1994); a Declaração estabelece as diretrizes e bases da educação
de Guatemala (1999) e a Convenção dos nacional, expondo em seu artigo 1 que a
Direitos da Pessoa com Deficiência (2006). A educação deve abranger “os processos
Declaração de Salamanca (1994) foi o formativos que se desenvolvem na vida familiar,
documento de maior relevância no âmbito da na convivência humana, no trabalho, nas
Educação Inclusiva. Dentre outras coisas, neste instituições de ensino e pesquisa, nos
documento fica acordado o princípio do direito movimentos sociais e organizações da sociedade
a educação de qualidade às pessoas com civil e nas manifestações culturais” (BRASIL,
deficiência ou NEE, atendendo as suas 1996, Art. 1).
limitações. Segundo essa Declaração, o papel
das escolas é combater a discriminação, Esse documento também estabelece a
relatando que: preferência da educação especial na rede regular
e ao mesmo tempo, recomenda
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Breve discussão sobre o impacto de se ter um irmão com Transtorno do Espectro do Autismo
escolas regulares, apesar de não conseguirem se Os principais resultados daquele estudo sugerem
socializar e aqueles cuja inteligência é mais que: (i) ocorreram diferenças expressivas, entre
comprometida têm mais possibilidades em as professoras, em termos da quantidade de
escolas especiais (ALVES; LISBOA; LISBOA, episódios de interação entre as professoras e a
2010). criança com autismo, já que a professora
Carmem interagiu com seu aluno em 111
Nesse paradoxo em que vive atualmente a
episódios de interação e a professora Marta
educação inclusiva é importante considerar a
apresentou apenas 7 episódios interativos; (ii)
particularidade e a especificidade de cada aluno
no que se refere à atuação e prática profissional,
com TEA antes de inseri-los nas escolas
os relatos verbais das professoras foram
regulares apenas para cumprir uma
diferentes tanto para os motivos que as levaram
determinação legal. Em outros termos, nesse
a trabalhar com educação inclusiva, como
cenário dicotômico em que se traduz a educação
quanto a sua satisfação com esse tipo de
inclusiva no Brasil, é importante considerar se a
trabalho. A professora Carmem mencionou nas
inclusão é de fato benéfica para todos os alunos
entrevistas que se sentia “feliz” em lecionar para
com TEA (SERRA, 2008).
o aluno com autismo e relatou identificar-se
A seguir serão apresentados detalhadamente os com o trabalho com crianças com
estudos identificados segundo as três estratégias deficiência, enquanto que a professora Marta
de revisão sistemática descritas acima. declarou estar insatisfeita por ter em sua turma
Um dos estudos selecionados na busca tinha uma criança com autismo e afirmou que atuava
como objetivo geral discutir a prática por obrigação da escola. (iii) Para a descrição do
profissional de duas professoras (identificadas aluno, a professora Carmem adotou uma
segundo os nomes fictícios: “Carmem” e perspectiva mais positiva, apontando os seus
“Marta”) e suas crianças com autismo em ganhos, enquanto a professora Marta descreveu
classes de educação infantil. Esse estudo fora o aluno negativamente, tecendo comparações no
conduzido em uma escola particular de que tange ao aspecto afetivo e social com alunos
Educação Infantil na zona Sul do Rio de Janeiro com Síndrome de Down que já tivera em sua
e teve como participantes duas crianças com carreira. (iv) Com relação às questões relativas à
autismo com média de 3 anos de idade e duas inclusão educacional, no que se refere à
professoras, com média de idade de 35 anos e obrigatoriedade legal da inclusão, a professora
com tempo médio de 14 anos de experiência Carmem relatou que não precisaria ter uma lei,
profissional como educadoras. mas que concorda com a medida. Já a
professora Marta foi além e mencionou a
Os autores tinham como proposta principal necessidade da escola estar preparada para isso.
verificar o preparo de professores de educação (v) Quanto à capacitação para o exercício da
inclusiva para promoção do desenvolvimento inclusão educacional, ambas as professoras
cognitivo de crianças autistas em idade pré- afirmaram ser necessária e quanto às estratégias
escolar, utilizando a Escala de Avaliação da de capacitação que as escolas deveriam adotar
Experiência de Aprendizagem Mediada para promover inclusão, ambas as professoras
(Mediated Learning Experience Rate Scale - relataram que a instituição em que trabalhavam
MLE Scale), desenvolvida por Cunha (2004). oferecia cursos e reuniões de orientação e ambas
Além disso, objetivavam investigar concepções acreditavam que isso era muito válido
dos professores acerca da inclusão inclusiva, da (FARIAS; MARANHÃO; CUNHA, 2008).
sua formação profissional e das políticas
públicas de educação especial e inclusão, O estudo mais completo concluído até o
particularmente a LDB 9394/96 por meio de momento foi de Gomes e Mendes (2010), o qual
entrevista semiestruturada. contou com trinta e três professores da rede
regular de ensino do município de Belo
Horizonte que tinham contato direto e diário
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Breve discussão sobre o impacto de se ter um irmão com Transtorno do Espectro do Autismo
com alunos com autismo. O objetivo geral do 1.2. Acompanhamento por profissional
estudo era caracterizar os alunos com autismo extraescolar - aproximadamente 60% dos alunos
matriculados em escolas municipais regulares da educação infantil, 70% do 1º ciclo e 100% do
de Belo Horizonte - MG e descrever a maneira 2º e 3º ciclo eram acompanhados por
pela qual essa escolarização vem ocorrendo nas profissionais especializados fora do ambiente
escolas regulares na visão de seus professores. escolar.
Para tanto se constituiu como objetivos
1.3. Escolarização especializada - apenas um
específicos do estudo traçar as características
aluno do 1º ciclo frequentava escola especial,
básicas dos alunos, analisar os caminhos para a
além da escola regular.
efetivação da matrícula desses nas escolas
regulares, descrever os programas/profissionais (2) Dinâmica escolar do aluno no que concerne
de suporte existente nas escolas estudadas, bem a:
como levantar informações sobre a 2.1. Frequência e permanência na sala de aula -
aprendizagem dos conteúdos pedagógicos. o estudo indicou que a maioria deles
Como instrumentos de rastreamento para apresentava poucas faltas sendo que 80% na
estabelecimento de TEA foi utilizada a escala educação infantil, 60% no 1º ciclo e 90% no 2º e
Childhood Autism Rating Scale (CARS) que foi 3º ciclos. Com relação à permanência em sala,
preenchida pelos professores. Além da CARS, 80% dos alunos da educação infantil, 40% do 1º
as autoras elaboraram um questionário semi- ciclo e 60% do 2º e 3º ciclos permaneciam em
estruturado para ser respondido pelos sala de aula durante todo o tempo da jornada
professores contendo questões que abarcavam: escolar; o restante dos alunos não permanecia
(i) tipos de suporte educacional recebido pelo em sala de aula ou permanecia “às vezes”.
aluno e pelo professor; (ii) dinâmica escolar do
aluno, incluindo frequência, participação nas 2.2. Participação e realização das atividades
atividades escolares e procedimentos de escolares – o estudo constatou que a realização
avaliação da escola; (iii) aspectos sobre a frequente de atividades em todas as etapas
comunicação e a aprendizagem do aluno; (iv) escolares é baixa, variando de 10% a 50% dos
dados sobre os comportamentos do aluno na alunos. Esse estudo também procurou verificar
escola e (v) participação da família no processo se a participação do aluno com autismo é
de escolarização. Os principais resultados deste alterada mediante ao tipo de atividade proposta,
estudo foram: sendo ela: idêntica ou diferenciada dos demais
alunos. Nesse sentido, observou-se que na
(1) Suporte à escolarização dos alunos - foram educação infantil não há diferença entre estes
identificados três tipos de apoios: auxiliar de dois tipos de atividades. Já no 1º ciclo, a
vida escolar (estagiário que acompanhava a porcentagem de alunos que realizava atividades
criança dentro da escola no período escolar), diferenciadas é maior do que a porcentagem
acompanhamento de profissionais daqueles que realizavam atividades idênticas;
especializados extraescolar e escolarização observa-se também nesse ciclo que a
especializada, ofertada no contra turno à porcentagem de alunos que “nunca” realizava
frequência da classe comum da escola regular. atividades idênticas às dos colegas é de 60%.
Com relação a: Nos 2º e 3º ciclos, a situação se inverte e a
1.1. Auxiliar de vida escolar - o estudo porcentagem de alunos que realizava atividades
constatou que cerca de 40% dos alunos da diferenciadas é menor do que a porcentagem
educação infantil, 90% do 1º ciclo e 40% do 2º e dos alunos que realizavam atividades idênticas
3º ciclos possuíam um auxiliar de vida escolar. às dos colegas.
Os auxiliares de vida escolar, em todos os casos, 2.3. Procedimentos de avaliação do aluno com
eram estudantes que estavam cursando, em sua autismo – o estudo mostrou que a avaliação era
maioria o ensino médio (76,5%). predominantemente idêntica à dos colegas na
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contribuições para o processo de escolarização (2) Família de quatro autistas – foi possível
dessas crianças. constatar que os pais desconfiam da inclusão
escolar e acreditam que serão punidos
(4.3) Outro dado importante presente na
legalmente caso não levem seus filhos para
concepção dos professores entrevistados foi que
escola. Nos relatos verificou-se que apesar de
a maioria reconhece a necessidade e a
considerarem a inclusão na prática bem
importância de adaptações curriculares e
diferente do que preconiza a teoria, os pais têm
avaliações diferenciadas que atendam as
a esperança de que a escola consiga deixar seu
necessidades dos seus alunos e mencionaram
filho como os demais (“normalização da
que já as realizam. (MARTINS, 2007).
criança”). Outra requisição frequente dos pais
A pesquisa liderada por Serra (2008) teve como foi por salas menos numerosas e pela presença
objetivo analisar o processo de inclusão de de um auxiliar de classe. Além disso,
alunos com autismo em escolas públicas de dois queixaram-se não sentirem reciprocidade dos
municípios da Baixada Fluminense. Este estudo profissionais da escola, quando oferecem ajuda.
de casos, contou com quatro alunos com Finalmente, os pais reconhecem que a inclusão
diagnóstico de autismo com idades entre 7 a 13 de seus filhos autistas se resume à convivência
anos incluídos em quatro diferentes escolas deles com os demais alunos, sem expressiva
regulares de dois municípios do Rio de Janeiro, participação dos mesmos nas atividades
seus respectivos familiares, professoras e pedagógicas.
colegas de classe. O instrumento utilizado foi
(3) 4 colegas de quatro autistas – através dos
uma entrevista semi-estruturada aplicada aos
relatos dos colegas de sala constatou-se que a
familiares, professores e colegas desses alunos.
maioria desconhecia o que é o autismo e a
Segundo cada tipo de informante, os principais
maioria trazia expectativas de “cura” e
resultados da pesquisa foram:
sentimentos de estranheza com relação aos
(1) Quatro professores - uma importante comportamentos apresentados pelos colegas
constatação do estudo foi a reivindicação dos autistas, principalmente com relação à interação.
mesmos por formação sólida e específica sobre Para alguns eles, inclusão é “estudar junto”, ao
autismo. Os professores relataram que devido a mesmo tempo em que sugerem que os autistas
falta de um adequado conhecimento sobre os deveriam frequentar salas especiais (SERRA,
casos, consideravam não realizar um trabalho 2008).
pedagógico efetivo com estas crianças,
O último estudo identificado em nossa revisão
considerando-se predominantemente cuidadores
da literatura se trata de outro estudo de casos
das mesmas. Além disso, queixam-se da falta de
tendo como resultado a tese de doutorado de
conhecimento para propor práticas pedagógicas
Suplino (2007). Esta teve como objetivo
eficazes aos alunos com autismo, bem como de
analisar o processo de inclusão de alunos com
realizar atividades concomitantemente com os
autismo em classes regulares, a partir da análise
demais.
das interações entre esses e os demais membros
Foi constatado nesse estudo que todas as da comunidade escolar, tanto na sala de aula
professoras trabalham sem a ajuda de um quanto em outros espaços. Os participantes do
facilitador e não tiveram o número de alunos estudo foram duas crianças do sexo masculino
das turmas reduzidos. As professoras também com diagnóstico de autismo, ambas com 5 anos
relataram se sentir cobradas demasiadamente de idade que estavam incluídas em classes
pelos responsáveis quanto aos resultados e que regulares de Educação Infantil em duas escolas
de forma geral, não consideravam positiva a privadas do Rio de Janeiro. Segundo abordagem
inclusão de alunos autistas na escola regular, qualitativa, a pesquisadora utilizou a observação
sugerindo o retorno dos mesmos às classes participante e anotações de campo (registro livre
especiais. de fatos que chamavam a atenção), além de
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Tabela 1: Descrição dos estudos conduzidos no Brasil sobre a Escolarização Inclusiva de alunos com
TEA
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O presente artigo trouxe, de forma original, uma para elaboração de políticas públicas mais
compilação da literatura atual no que concerne o eficazes.
processo de inclusão escolar dos TEA no Brasil,
tanto numa perspectiva científica quanto legal.
Contudo, algumas limitações devem ser 5- REFERÊNCIAS
apontadas. A principal limitação do estudo
decorre do fato de terem sido consultadas
apenas algumas bases de dados, portanto ALVES, M. M. C; LISBOA, D. O; LISBOA, D.
trabalhos publicados em outras bases não foram O. Autismo e inclusão escolar. In: IV Colóquio
contemplados, como por exemplo, o Banco de Internacional Educação e Contemporaneidade.
Teses do Portal CAPES. Outra limitação desse Laranjeiras - SE. 2010. Disponível em:
estudo refere-se ao fato de terem sido excluídos http://www.educonufs.com.br/ivcoloquio/cdcolo
estudos realizados em outros países. Finalmente, quio/eixo_11/e11-25a.pdf Acesso em: 22 mar.
o número reduzido de trabalhos brasileiros, 2012.
sendo a maioria baseada em estudos de casos, APA - American Psychiatric Association.
limita a interpretação do cenário nacional no Manual diagnóstico e estatístico de
campo da inclusão dos TEA (SAMPAIO; transtornos mentais: DSM-IV. 4. ed. Porto
MANCINI, 2007). Alegre: Artes Médicas, 2003.
BEYER, H. O. Inclusão e avaliação na escola:
4- CONCLUSÕES de alunos com necessidades educacionais
especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
BIREME. DeCS: Descritores em ciências da
O objetivo desse trabalho foi descrever como saúde. São Paulo: Bireme, 2012. Disponível
tem sido estruturado legalmente o processo de em: http://decs.bvs.br/P/decsweb2012.htm
inclusão escolar de indivíduos com NEE, Acesso em: 21 mai. 2012.
incluindo os TEA no Brasil e investigar o
cenário atual da produção científica referente à BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
inclusão escolar de crianças com TEA no Brasil. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União,
Há quase duas décadas a política de Educação Brasília, DF, 20 dez. 1996. Disponível em:
Especial vem tecendo os caminhos da http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394
escolarização inclusiva de alunos com NEE, .htm Acesso em: 28 mar. 2012.
porém o cenário é ainda polêmico e controverso
onde pesquisadores discutem o melhor modelo a BRASIL. Decreto n. 7611, de 17 de Novembro
ser seguido. Quando se trata de alunos com de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o
TEA o desafio de escolarização torna-se maior atendimento educacional especializado e dá
em virtude das manifestações comportamentais outras providências. Diário Oficial da União,
presentes. Concomitantemente, nota-se uma Brasília, DF, 17 nov. 2011 Disponível em:
carência de pesquisas com dados na área da http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
escolarização de crianças com TEA 2014/2011/Decreto/D7611.htm Acesso em 13
representada pelo predomínio de estudos com de ago. 2012.
poucos participantes, como por exemplo, os CAMARGO, S. P. H.; BOSA, C. A.
estudos de casos. Por isso, faz-se necessária a Competência social, inclusão escolar e autismo:
realização de estudos brasileiros com dados revisão crítica da literatura. Psicologia &
empíricos que abordem a inclusão escolar Sociedade, Florianópolis, v.21, n.1, p.65-74,
desses alunos sob a perspectiva dos pais e dos 2009.
professores, usando amostras robustas e
metodologias mais complexas, contribuindo
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