Recapitulando a última aula, a gente verificou que existem basicamente duas
formas de iniciar um fenômeno de solidificação: se a gente preencher um determinado
molde com metal líquido a gente vai ter crescimento a partir das paredes do molde, crescimento direcional que a gente denominou de crescimento heterogêneo, e a gente pode ter a nucleação, crescimento, dos cristais lá no interior do núcleo, lá no meio do núcleo, a gente pode ter o crescimento de pequenos cristais que vão solidificar, que vão preencher o interior do molde e a gente vai ter a solidificação completa e essa forma de crescimento a gente chamou crescimento homogêneo. A gente verificou que de acordo com a variação da energia liquida, variando de acordo com o processo termodinâmico de solidificação é muito mais fácil e simples de ocorrer a solidificação de forma heterogênea do que homogênea. Porquê? Porque a gente precisa de um menor super-resfriamento. Super-resfriamento, lembrando, é a diferença entre a temperatura de vazamento do líquido e a temperatura de início da solidificação. Quanto maior for esse super-resfrimento, ou seja, quanto mais baixo for a temperatura do líquido, mais energia a gente tem disponível para executar a solidificação. Se a gente tem o Delta T muito pequeno então a gente vaza o metal líquido no molde muito próximo da temperatura de fusão do material, a gente vai ter um pequeno Delta T, a gente vai ter pouca energia para iniciar, então basicamente o processo vai se dar por forma heterogêneo e não homogêneo. Eu só consigo trabalhar com esse processo aqui se eu trabalhar com um Delta T maior. Isso aqui é a gerada dendrita, que vai ter um braço central, como se fosse um tronco e os braços secundários de crescimento e a gente pode ter inclusive braços terciários, que seria o crescimento de braços a partir dos braços secundários. Aqui a gente tem o processo de solidificação de uma liga de alumínio, então a gente tá vendo aqui seria o metal líquido e aqui então o crescimento do sólido, então a gente verifica o crescimento das dendritas. O braço primário, braços secundários em direção perpendicular a frente de solidificação e aqui da pra ver a partir do braço secundário, o crescimento do braço terciário. A ideia aqui seria basicamente a gente entender o seguinte: a gente verificou que na nucleação, quando se forma o núcleo do material sólido, lembrando sempre, que quando a gente fala de metais a gente tá falando de sólidos cristalinos e não amorfos. A gente precisa daquela estrutura atómica, aquele arranjo atómico para o crescimento do sólido. Porque que então a frente de solidificação e os cristais que estão no interior não crescem da forma simples, com uma área superficial mais baixa? Porque que esses cristais aqui tendem a formar pontas? Porque que os cristais que nascem a partir do molde em uma frente plana de solidificação? Porque eles apresentam essas estruturas complexas? Se eu tenho um determinado super-resfriamento, então eu já tenho uma energia acumulada para fazer esse processo. Porque ele vai gerar uma forma mais complexa e não uma forma simples de solidificação? Tem a ver com a temperatura. Tem a ver com a taxa de resfriamento. Mas basicamente, se a gente for entender a natureza, a gente vai ver que existem semelhanças entre diferentes estruturas, diferentes situações a gente vê coisas semelhantes. Partindo pra biologia, porque uma árvore essa estrutura semelhante, vocês conseguem reparar a semelhança entre uma dendrita cristalina e um pinheirinho. Qual é a ideia porque a gente tem várias ramificações a partir do tronco da árvore. Que que a árvore faz para poder crescer? Ela precisa fazer uma troca gasosa, ela absorve CO2 e libera Oxigênio, fazendo isso ela sequestra o carbono necessário para o próprio crescimento. Além disso, as folhas (área superficial da planta) precisa estar em contato direto com a luz solar para fazer a síntese da clorofila, então para que o processo de crescimento dessa árvore ocorra da forma mais rápida possível a gente precisa ter uma maior área superficial. Se eu tivesse menos ramificações, menos galhos, menor área superficial o crescimento ainda irá ser espontâneo, porém seria bem mais devagar. Nessa situação da solidificação dos cristais, é rigorosamente a mesma coisa, só que claro a natureza da troca vai ser diferente. Os cristais basicamente se solidificam na forma dendrítica, mais complexa, por causa de dois fatores: a troca térmica entre o sólido e o líquido e isso vai valer para basicamente metais puros e o outro é a troca química, por exemplo, na solidificação de ligas a gente vai ter a troca, liberação do soluto no sólido e incorporação no soluto. O crescimento dendrítico vai depender basicamente desses dois fatores. Primeiramente a gente vai solidificar o metal puro com líquido super-aquecido. Então vamos imaginar que eu tenho um molde, e que vou preencher ele com o metal em estado líquido, cuja temperatura de vazamento é maior que a temperatura de fusão do material, então se eu estiver com Alumínio, a temperatura de fusão é 660, nesse caso a temperatura de vazamento poderia ser 700 graus, o que significa que o líquido vai estar em uma temperatura mais alta que a temperatura de início da solidificação. Imaginando que apenas o molde vai fazer a troca térmica, apenas o molde vai extrair calor do líquido, vamos ter o crescimento a partir da parede, crescimento heterogêneo. A gente vai ter a parede do molde e o início da solidificação. Nesse caso, se eu for avaliar a questão da temperatura, o meu sólido só é estável na fase sólida com temperatura igual ou abaixo da temperatura de fusão então é razoável eu dizer que o meu sólido abaixo da temperatura de fusão bem na superfície e que conforme eu me desloco no molde essa temperatura tende a cair. A frente do sólido eu vou ter o material líquido, cuja a temperatura lá no infinito vai ser a temperatura de vazamento. Se eu for medir a temperatura, se eu fizer vários pontos de medição de temperatura, que varia conforme a posição x, temperatura em função de x. Inicialmente eu vou ter uma variação da temperatura e depois essa temperatura, a gente muda a inclinação. Nesse ponto de inclinação, é exatamente a interface entre o sólido e o líquido, onde eu vou ter a mais alta temperatura possível do sólido, obviamente a temperatura de fusão, e a mais baixa do líquido e lá no infinito eu vou ter a temperatura de vazamento. A partir da interface sólido-líquido, a gente tem um acréscimo de temperatura, o meu líquido está super-aquecido, tem mais energia térmica que o sólido. A equação nesse caso da extração de calor que nesse caso vai sair do líquido para o sólido, vai ser dado por Ks(caderno). A troca térmica no sólido líquido vai basicamente depender do coeficiente de condutividade térmica do metal, no estado sólido, vezes o gradiente térmico que a gente tem no sólido, então o que acontece, quanto mais alto foi o gradiente, maior é a troca térmica, maior é a condução do calor da frente de solidificação para o molde. O que seria o gradiente térmico mais baixo? Seria uma reta quase plana. No líquido, a gente vai ter dois fatores, um é equivalente o primeiro, a condutividade do líquido vezes o gradiente térmico e a gente vai ter um segundo fator relacionado ao calor latente de fusão. Lembrando: o material quando passa do estado líquido para o sólido, ele libera calor. Processo de solidificação tende a acontecer em temperatura constante e então ele vai sólido ao solidificar ele vai liberando o calor e esse calor que é liberado é o calor latente. Cada metal tem o seu valor de calor latente. E a gente vai considerar a taxa de crescimento do sólido, então quanto mais rápido for a taxa de crescimento, mais rápido, mais efetivo é a troca térmica. Sólido ao crescer, libera calor. Se esse crescimento for muito lento, o calor liberado vai ser lento. É proporcional. A equação tende a estar em equilíbrio. A condução de calor para o sólido, o calor está entrando no sólido e a gente tem um coeficiente que tende a ser positivo, a gente tem um gradiente térmico positivo e um coeficiente positivo, esse fator tende a ser positivo. Do outro lado, coeficiente de condução, condutividade térmica no líquido, e gradiente térmico crescente, também positivo. Taxa de crescimento, essa também positiva, porém o calor latente de fusão, ou solidificação que é o inverso, e como vamos usar o de solidificação, tende a ser negativo. Qual seria o resultado disso na prática? A frente de solidificação crescendo em direção ao líquido a gente tem o calor que está sendo conduzido da interface em direção ao molde, que é esse fator aqui KS DT DX S, calor que está entrando no sólido e o calor que está sendo absorvido no líquido e a gente tem o calor que está sendo liberado pelo sólido, que vai estar na direção oposta. O processo de solidificação só vai ocorrer nessas situação aqui se o fator do calor conduzido do líquido pro sólido for maior que o calor liberado, então se eu tiver um líquido com uma temperatura tão alta que ele consiga ter mais calor que o calor liberado pelo sólido, porque se eu tenho um líquido muito próximo da temperatura de fusão eu tenho um gradiente tende a um valor muito pequeno e eu tendo a zerar esse fator aqui e a solidificação tende a não ocorrer. O fluxo líquido de calor no processo vai sair do líquido para o sólido. Na minha interface sólido- líquido o calor vai estar passando do líquido para o sólido. O sólido vai estar recolhendo calor do líquido. Podemos trabalhar com duas hipóteses: a interface se manter plana ou o surgimento de uma protuberância, com raio maior ou igual ao raio crítico, que é o raio mínimo necessário para o crescimento acontecer. Vai ter maior área superficial. O calor que está sendo introduzido no material vai ser absorvido com mais rapidez, porém o calor que está sendo liberado também vai ser favorecido, então o aumento da área superficial não vai contribuir nem pra um nem pra outro. Para gerar uma protuberância com essa aqui, a minha taxa de crescimento tem que subir. Se eu tenho um crescimento exagerado em uma região eu vou liberar o calor latente de forma mais rápida, então o calor total passado do líquido para o sólido tende a aumentar ou diminuir? Tende a diminuir. Portanto o surgimento de uma protuberância não vai favorecer o crescimento contínuo do sólido. Resultado, se surgir essa protuberância, exatamente nessa região o crescimento e a troca térmica irão ser prejudicado e a gente vai retornar para uma interface plana. Para um metal puro, com líquido na temperatura de vazamento maior que a temperatura de fusão(super- aquecimento) a forma mais estável de crescimento é do tipo plana. Metal puro, com líquido super-resfriado: A temperatura mais alta que o sólido pode apresentar é a temperatura de fusão e no infinito a gente vai ter a temperatura de vazamento utilizada. A gente vai ter nessa situação, uma diferença então de temperatura de vazamento de solidificação do material, um delta t, um grau de super-resfriamento. A equação é a mesma. O calor latente de solidificação vai ser negativo. O sólido vai liberar esse calor latente para que haja o crescimento. Agora a gente vai ter um gradiente térmico no líquido trabalhando no sentido contrário, um gradiente térmico negativo, partindo da interface do interior do líquido o interior do líquido o material está numa temperatura mais baixa, o fator tende a ser negativo e se os 2 são negativos o calor no sólido também vai ser negativo e significa que nessa situação o sólido vai liberar calor para o líquido. Situação oposta a anterior. Quando eu deposito o metal líquido dentro de um molde, eu tenho uma certa quantidade de calor. Se tratando de um metal puro, a única função desse calor é a transformação do líquido para o sólido. Em determinado instante, temperatura por tempo, a gente vai ver que em determinado instante a temperatura permanece constante, ou seja, não há troca térmica entre o molde e o material. Basicamente ao fazer a deposição de um líquido super-resfriado eu já tenho o calor necessário para executar o processo de solidificação e quanto maior for o grau de super-resfriamento mais rapidamente, mais energia termodinâmica eu tenho para fazer esse processo. Sólido libera calor para o líquido nesse processo. Ao surgir uma protuberância com raio maior que raio crítico, a protuberância vai ser dissolvida ou vai crescer? Nesse caso as condições favorecem o crescimento. Fluxo unidirecional de calor do sólido para o líquido e a transferência de calor se dá pela interface, e se aumentar a área superficial, tende a acontecer a troca mais rapidamente e a minha taxa de crescimento do sólido tende a aumentar. Protuberância tende a crescer para o interior do líquido. Portanto a frente plana de solidificação é instável. No início pode até começar plana, mas assim que surgir uma protuberância, vai desestabilizar e a protuberância vai continuar a crescer. Como eu tenho uma liberação unidirecional do sólido para o líquido, o surgimento de uma ou mais protuberância, aumenta a área superficial, e favorece a troca térmica e a frente de solidificação, portanto quanto mais complexa a frente de solidificação, mais área superficial eu tenho e mais rapidamente o calor é liberado. Então o surgimento das dendritas favorece a liberação do calor, ou seja, quanto mais complexa a forma, mais rápido eu consigo fazer o processo de solidificação. Esse fator do gradiente térmico no líquido ele vai ser aproximado ao grau de super-resfriamento que a gente vai ter em função do raio. O que a gente tem na equação? A taxa de crescimento do sólido, que é justamente o que eu quero maximizar. Essa taxa de crescimento vai ser proporcional ao coeficiente de condutividade térmica no líquido, ou seja, quanto mais rápido o calor atravessa o líquido mais rapidamente eu faço a troca térmica e mais rapidamente eu tenho o crescimento do sólido. Delta T, grau de super-resfriamento, quanto maior o delta t, maior é o gradiente térmico e mais favorecida é a troca térmica e mais rapidamente eu tenho o crescimento. Calor latente de solidificação, se o sólido parar crescer, precisa liberar muito calor, o crescimento tende a ser retardado. Se eu tenho muito calor para ser liberado, o crescimento não vai acompanhar isso. O raio, é inversamente proporcional, se eu trabalhar com um raio de arredondamento muito alto, eu não posso trabalhar, eu vou ter um valor máximo. O aumento do raio de arredondamento tende a diminuir a taxa de crescimento. Equação raio crítico última aula. A gente vai combinar as duas equações. Se eu pegar r, e tender ao infinito, raio de arredondamento bem alto, esse valor tende ao infinito, zera esse fator, porém eu tenho ele aqui também. Portanto, se eu trabalhar com um raio muito elevado, a taxa de crescimento tende a zero. Vamos tentar usar um raio menor que o raio crítico, então, esse valor tende a ser maior que 1, portanto a minha taxa de crescimento tende a ser negativo. Ou seja, esse sólido com raio de arredondamento pequeno, tende a se dissolver. E se eu pegar o raio e aproximar ao raio crítico? Se esses 2 são iguais, esse fator dá 1, zera a taxa de crescimento. Então, nenhuma dessas situações aqui favorece o crescimento da frente de solidificação. O valor será máximo quando r=2rc, aí teremos a máxima taxa de crescimento. Na equação de crescimento do sólido, o único fator que a gente realmente mexe é o Delta T, a gente não consegue determinar o raio. O raio vai aparecer em função do delta t que foi colocado. A único fator que está sob controle é a temperatura de vazamento, ou seja, o grau de super- resfriamento. Primeiramente vamos trabalhar com um grau de super-resfriamento mais baixo, com uma temperatura de vazamento ligeiramente maior que a temperatura de fusão. A tendência do surgimento de várias protuberâncias, a interface plana a gente já sabe que não é estável, e a minha taxa de crescimento vai ser máxima quando o raio dessas protuberâncias se aproximar de 2 vezes o raio crítico. Se isso acontecer, eu vou ter um avanço rápido da frente de solidificação. A gente vai ter o surgimento de interfaces. Vários cristais crescendo no plano, na seção em corte. Várias colunas crescendo paralelamente em 3D. Portanto, a solidificação de um metal puro em um líquido super- resfriado a estrutura mais estável de crescimento que a gente tem é a do tipo celular. Se eu aumentar o grau de super-resfriamente e trabalhar com um valor elevado de Delta T, novamente eu vou ter o surgimento de uma superfície rugosa. Todos vão ter um raio. Todas as superfícies irão ser rugosas nas 4 direções principais. Ou seja, quando eu trabalho com um delta t muito alto, não vai ser plano, a qualquer momento eu vou ter um surgimento de uma rugosidade e se essa rugosidade estiver alinhada com uma das 6 direções preferenciais de crescimento eu vou ter o crescimento espontâneo. Portanto quanto maior for o delta t que eu estiver usando, mais facilmente o calor latente vai ser liberado do sólido para o líquido, porque eu tenho uma diferença de temperatura entre o sólido e o líquido e quanto maior for essa diferença, mais rapidamente esse calor é liberado do líquido. A forma mais eficiente de liberar calor rapidamente é quando a interface tiver a maior área superficial possível. Aqui temos uma área muito maior que a estrutura celular, que por sua vez, é muito maior que a planar. Então, o surgimento de uma estrutura dendrítica está relacionado com esses dois fatores: grau de super- resriamento(temperatura de vazamento abaixo da temperatura de solidificação) e a quantidade de calor latente que tem que ser liberado. Isso para metais puros. A troca térmica do calor latente é o que leva ao surgimento das dendritas no metal puro, ou seja, podem ser chamadas de dendrítas térmicas.