1 1
Helaine
Reis ,
Jofre
Vitalino
1
Pós-‐graduação
em
Educação
Profissional
Tecnológica
do
Instituto
Federal
do
Espírito
Santo,
Brasil.
helaine@ifes.edu.br;
jofre.jcv@gmail.com
Resumo.
Este
estudo
faz
uma
Análise
Qualitativa
Comparativa
(AQC)
entre
o
método
de
ensino-‐
aprendizagem
Aprendizagem
baseada
em
problemas/Problem
based
learning
(ABP/PBL)
e
o
Método
Tradicional,
na
Educação
Profissional
e
Tecnológica
de
Nível
Médio
do
Instituto
Federal
do
Espírito
Santo
no
campus
Vitória.
Os
procedimentos
metodológicos
envolveram
a
Pesquisa
de
Campo
e
a
aplicação
da
técnica
de
Grupo
Focal,
tendo
como
sujeitos
os
alunos
da
Educação
de
Jovens
e
Adultos.
Os
instrumentos
utilizados
foram
o
questionário,
diário
de
bordo,
material
de
aula
e
caderno
de
atividades
com
simulacros
em
Laboratório
Virtual
de
Química
em
3D.
Os
resultados
em
categorias
de
análise
mostraram
que
as
estratégias
do
PBL
potencializaram
o
ensino-‐aprendizagem
dos
alunos,
promoveram
sua
autonomia,
interação
e
pensamento
crítico-‐reflexivo
e
motivaram
os
estudos.
Na
visão
discente,
os
seus
professores
utilizam
mormente
o
Método
Tradicional,
com
poucas
aproximações
ao
PBL,
conquanto
seu
aprendizado
por
esse
método
se
torna
mais
eficiente.
Palavras-‐chave:
Aprendizagem
baseada
em
problemas;
Educação
Profissional
Tecnológica;
Educação
de
Jovens
e
Adultos;
Análise
Qualitativa
Comparativa.
Comparative
Qualitative
Analysis
between
the
PBL
Method
and
the
Traditional
Method
in
Higher
Education
Professional
Technological
Education
for
Young
People
and
Adults
Abstract.
This
study
makes
a
Comparative
Qualitative
Analysis
(CQA)
between
the
teaching-‐learning
method
Aprendizagem
Baseada
em
Problemas/Problem-‐Based
Learning
(ABP/PBL)
and
the
traditional
Method
in
the
Middle
Level
of
Technological
Professional
Education
at
the
“Instituto
Federal
de
Educação,
Ciência
e
Tecnologia
do
Espírito
Santo”
in
campus
Vitória-‐ES. The methodological procedures involved Field Research
and the application of the Focal Group technique, with students of Youth and Adult Education.
The
instruments
used
were
the
quiz,
daily
board,
classroom
materials,
activities
notebook
and
exercises
with
simulacra
in
Chemistry
Virtual
Laboratory
in
3D.
The
results
in
categories
of
analysis
showed
that
PBL
strategies
potentiate
the
teaching
and
learning
of
students,
promote
their
autonomy,
interaction,
critical
and
reflective
thinking
and
motivates
the
studies.
In
view
students,
their
teachers
mainly
use
the
traditional
Method,
with
few
approaches
to
PBL,
though
their
learning
by
this
method
become
more
efficient.
Keywords:
Problem
Based
Learning;
Technological
Professional
Education;
Youth and Adult Education,
Comparative
Qualitative
Analysis.
1 Introdução
A
prática
pedagógica
tradicional
ainda
convive
em
um
mesmo
contexto
escolar
com
outras
práticas
de
apreensão
crítica
dos
conteúdos,
apesar
de
que
análises
contrárias
ao
papel
passivo,
com
ação
minimizada,
assumido
pelo
aluno,
estejam
há
décadas
em
pauta,
em
um
planejamento
educacional
pouco
propício
à
execução
de
atividades
que
o
auxiliem
em
trajetórias
futuras.
Vê-‐se
evidente
distanciamento
entre
o
conteúdo
que
é
estudado
em
sala
de
aula
e
o
que
é
vivenciado
pelo
aluno
em
sua
realidade,
dificuldades
em
se
implementar
um
currículo
interdisciplinar
e
também
incoerência
no
lugar
do
professor
como
provedor
do
conhecimento
na
escola
tradicional
em
detrimento
de
aulas
mais
participativas
pelo
alunado.
“A
referida
escola,
além
de
não
conseguir
realizar
seu
desiderato
de
universalização
...
ainda
teve
de
curvar-‐se
ante
o
fato
de
que
nem
todos
os
bem-‐sucedidos
se
ajustavam
ao
tipo
de
sociedade
que
se
queria
consolidar”
(Saviani,
2012,
p.
6).
Nesse
cenário
escolar,
por
sua
vez,
o
professor
fica
refém
de
um
currículo
fechado,
conteudista,
com
horários
arrochados,
o
que
acarreta
poucas
oportunidades
para
realizar
um
trabalho
antagônico
à
homogeneização
do
ensino
e
avesso
à
transmissão
e
repetição
de
informações
predefinidas.
Tais
questões,
que
vão
em
direção
à
reflexão
sobre
a
diversidade
naturalmente
traçada
nas
raízes
do
alunado
das
escolas,
sobretudo
das
públicas,
e
ao
caráter
aberto
do
currículo,
exigem
o
pensamento
crítico-‐reflexivo
praticado
pelo
sujeito
dentro
do
processo
e
não
como
quem
o
olha
da
superfície,
como
mero
observador.
Portanto,
cabe
à
escola
a
responsabilidade
de
oportunizar,
promover
e
realizar
essa
educação.
Mas,
como?
Essa
pergunta
conduziu
para
o
problema
desta
pesquisa:
quais
medidas
pedagógicas
podem
ser
tomadas
para
potencializar
o
ensino-‐aprendizagem
dos
alunos
da
Educação
Profissional
e
Tecnológica
(EPT)
de
Nível
Médio
no
Instituto
Federal
do
Espírito
Santo
(Ifes),
campus
Vitória,
principalmente
aqueles
do
Programa
Nacional
de
Integração
da
Educação
Profissional
com
a
Educação
Básica
na
Modalidade
de
Educação
de
Jovens
e
Adultos
(Proeja)
matriculados
no
Curso
Técnico
Integrado
em
Segurança
do
Trabalho?
Nessa
tessitura,
destaca-‐se
o
Método
Aprendizagem
baseada
em
problemas/Problem
based
learning
(ABP/PBL),
que
se
propõe
a
debater,
em
sala
de
aula,
problemas
constituídos
por
situações
reais,
que
propiciem
a
reflexão
crítica
pelo
ensino-‐aprendizagem
centrado
no
aluno,
em
que
o
professor
os
estimula
à
reflexão,
à
pesquisa,
ao
diálogo,
ao
questionamento
e
à
interação,
conforme
os
estudos
de
Ribeiro
e
Mizukami
(2004)
e
Melo
(2013).
Na
EPT
de
Nível
Médio,
portanto,
vislumbra-‐se
que
o
ensino-‐aprendizagem
juntamente
com
as
estratégias
do
Método
PBL
em
processos
ativos,
integrados,
construtivos
e
influenciados
por
fatores
sociais
e
contextuais
criem
caminhos
para
o
aluno
participar
do
processo
ativamente
e
desenvolver
sua
reflexão
crítica
na
solução
de
problemas
(Stanford
University,
2001).
Com
isso,
esta
pesquisa
propôs
analisar
o
ensino-‐aprendizagem
na
EPT
de
Nível
Médio,
com
simulacros
em
Laboratório
Virtual
de
Química
em
3D
(LVQ3D)
no
locus
investigado,
tomando
como
abordagem
a
análise
Qualitativa
Comparativa
(AQC)
entre
o
Método
PBL
e
o
Método
Tradicional,
a
fim
de
estabelecer
relações
de
causalidade
e
levantar
as
que
resultam
em
bons
direcionamentos
em
potencializar
o
ensino-‐aprendizagem
no
ambiente
estudado.
No
PBL,
o
conhecimento
em
construção,
ao
longo
do
tempo,
mescla
conceitos,
habilidades
e
atitudes
por
meio
de
descobertas
realizadas
pelo
aluno
com
suporte
da
equipe.
Nesse
sentido,
os
alunos
aprendem
com
a
prática
e
assimilam
melhor
ao
descobrirem
por
si
mesmos
(Gentry,
2015),
de
forma
diferente
dos
métodos
tradicionais,
cuja
prática
é
a
transmissão/recepção
de
conhecimentos
“imutáveis”,
entregues
prontos
e
acabados
para
simples
memorização,
guarda
e
arquivamento,
o
que
a
pedagogia
freiriana
chamou
de
“educação
bancária”
(Freire,
1991).
Para
Ribeiro
e
Mizukami
(2004)
e
Melo
(2013),
o
PBL
busca
a
problematização
e
o
diálogo,
com
vistas
à
formação
do
pensamento
crítico,
diferindo-‐se
também
de
pedagogias
contrárias
à
pedagogia
tradicional,
como
as
escolanovistas,
e
outras
classificadas
como
pedagogias
do
“aprender
a
aprender”,
como
o
construtivismo,
a
pedagogia
das
competências,
a
pedagogia
dos
projetos,
a
teoria
do
professor
reflexivo
e
o
multiculturalismo,
que
dizem
respeito
ao
currículo
regulado
em
princípios
relativistas
e
não
universais
(Duarte,
2008).
Isso
nos
permite
a
reflexão
de
que
o
conhecimento
contextualizado
aprendido
na
escola,
em
aplicações
teórico-‐práticas
motivadas
pelo
quotidiano,
exige,
nas
pedagogias
dominantes,
a
validação
de
contextos
específicos,
pontuais,
práticos
ou
mergulhados
no
indeterminismo
cultural
dos
conteúdos
curriculares;
então,
significa
dizer
que
Em
primeiro
lugar
trata-‐se
de
um
relativismo
epistemológico:
o
conhecimento
seria
sempre
dependente
do
ponto
de
referência
espacial
e
temporal
a
partir
do
qual
o
sujeito
procura
compreender
os
fenômenos
naturais
e
sociais.
Se
o
ato
de
conhecer
depende
inteiramente
das
particularidades
do
ponto
de
referência
no
qual
se
situa
o
sujeito
cognoscente
e
se
é
impossível
situar-‐se
para
além
dessas
particularidades,
então
estariam
inevitavelmente
comprometidas
a
universalidade
e
a
objetividade
do
conhecimento.
Em
segundo
lugar
trata-‐
se
de
um
relativismo
cultural.
(Duarte,
2008,
p.
2)
Apesar
dessas
pedagogias
combaterem
algumas
práticas
tradicionais
de
ensino,
elas
o
fazem
dentro
de
um
pragmatismo
induzido,
sem
criticidade;
são,
por
essa
razão,
incapazes
de
transpor
as
condições
impostas
pela
Educação
Tradicional.
O
PBL,
porém,
projeta
mudanças
quanto
ao
currículo,
organização
das
aulas,
aos
atores
e
ao
uso
de
tecnologia
(Melo,
2013),
conforme
indicado
comparativamente
ao
método
tradicional
na
Tabela
1.
É
importante
esclarecer
que
a
apropriação
dos
instrumentos
e
dos
meios
de
produção
desenvolve,
também,
um
amplo
conjunto
de
capacidades
nos
indivíduos,
mas
para
utilizarmos
o
método
em
uma
pedagogia
crítica
é
preciso
entender
que
o
alvo
pedagógico
não
está
nas
relações
professor-‐aluno
ou
aluno-‐aluno,
“a
questão
central
da
pedagogia
está
nas
relações
que
professor
e
alunos
estabelecem
com
o
conhecimento
objetivado
nos
produtos
intelectuais
da
prática
social
humana
em
sua
totalidade”
(Duarte,
2008,
p.
9).
3 As Perspectivas do Método PBL na EPT e no Proeja com o Laboratório Virtual
O
conjunto
de
procedimentos
necessários
para
aplicar
o
Método
PBL
a
uma
formação
mais
crítica
dos
sujeitos
ante
os
problemas
a
eles
apresentados
pela
escola,
pelo
trabalho
e
pela
vida,
em
práticas
de
pesquisa,
resolução
de
problemas
e
discussão
do
método
proposto,
para
possíveis
melhorias
no
processo
de
ensino-‐aprendizagem
na
EPT
de
Nível
Médio
no
Ifes,
campus
Vitória,
compõe
a
metodologia
desta
investigação.
Desta
forma:
a)
levantaram-‐se
as
estratégias
de
aula
utilizadas
pelo
Método
PBL
a
serem
aplicadas
a
situações-‐problema
simuladas
no
LVQ3D;
b)
foram
elaborados
o
planejamento
das
aulas,
o
caderno
de
aula
e
de
atividades
para
os
alunos;
e
c)
aplicou-‐se
o
Método
PBL
no
LVQ3D
com
especificidades
do
grupo
de
alunos
participantes.
Em
um
grupo
focal
d)
pontuaram-‐se
as
diferenças
do
Método
Tradicional
e
PBL
como
também
e)
levantaram-‐se
opiniões
do
grupo
sobre
o
contexto
vivenciado/discutido
pela
tática
de
informar,
refletir
e
questionar.
Por
fim,
f)
categorizaram-‐se
as
opiniões;
g)
e
para
sua
análise,
optou-‐se
por
uma
abordagem
pertinente
com
a
AQC,
tomando
por
base
os
critérios
comparativos
entre
o
Método
Tradicional
e
o
PBL
dados
pela
revisão
de
literatura
como
variáveis
qualitativas
relevantes
ao
problema,
de
forma
a
ser
possível
construir
relações
de
causalidade
entre
essas
e
os
fenômenos
sociais
(Dias,
2011).
Segundo
Rangel
e
Matta
o
AQC
analisa
a
realidade
social
na
perspectiva
de
que
os
dados
obtidos
criteriosamente
nas
investigações
traduzem-‐se
“em
registros
de
pertencimento
a
um
determinado
grupo;
as
relações
entre
os
fenômenos
sociais
são
modeladas
em
termos
de
relações
entre
conjuntos;
e
os
resultados
são
apontados
em
termos
de
condições
de
necessidade
e
suficiência,
com
ênfase
na
complexidade
causal
(2016,
p.
8).
Utilizou-‐se
procedimentos
técnicos
e
científicos
da
Pesquisa
de
Campo
na
coleta
de
dados,
a
partir
das
aulas
no
laboratório
de
informática
em
aplicação
do
PBL
no
LVQ3D,
como
também
observação
direta,
registro
em
diário
de
bordo
e
respostas
dos
alunos
no
questionário
de
informações
pessoais
básicas
e
no
caderno
de
atividades,
assim
como
na
transcrição
e
análise
das
discussões
geradas
a
partir
da
técnica
de
grupo
focal
com
alguns
dos
alunos
participantes.
As
atividades
contextualizadas
no
conteúdo
curricular
aplicado
na
escola
e
motivadas
por
interesses
provenientes
da
prática
cotidiana
e
profissional
ancoraram
a
investigação
sob
o
ponto
de
vista
da
pedagogia
crítica,
para
a
formação
de
sujeitos
capazes
de
analisar
a
realidade
vigente,
o
que
exigiu
estudos
prévios
e
sistemáticos
sobre
o
Método
PBL,
que
possibilitassem
o
planejamento
das
aulas
com
situações-‐problema
simuladas
no
LVQ3D.
Essas
ações
foram
norteadas
pela
hipótese
de
que,
se
implementássemos
o
Método
PBL
nesse
arranjo,
potencializaríamos
o
ensino-‐aprendizagem
dos
alunos
na
EPT
de
Nível
Médio,
mesmo
aqueles
com
características
específicas
e
com
maior
dificuldade
de
aprendizado. “As
hipóteses
traçadas
pela
pesquisa,
tratadas
como
sentenças
verbais
das
variáveis
analisadas,
após
coletas
dos
dados,
são
transformadas
em
termos
de
conjuntos
como
pertencentes
ou
não
aquele
grupo”
(Rangel
&
Matta,
2016,
p.
8).
Nesta
pesquisa,
escolheu-‐se
a
AQC
mais
simples,
a
saber,
a
"crisp
set".
Assim,
os
sujeitos
convidados
para
a
pesquisa
foram
alunos
do
programa
Proeja,
vinculados
ao
Curso
Técnico
Integrado
em
Segurança
do
Trabalho,
matriculados
no
2º
módulo,
por
estarem
retornando
à
escola
após
terem
perdido
o
tempo
regular
de
ensino,
por
questões
familiares,
sociais
e/ou
financeiras.
No
universo
de
32
alunos
convidados
para
a
aula
no
LVQ3D,
um
grupo
amostral
de
14
estudantes
aceitou
participar
das
aulas
voluntariamente
e
sete
deles,
do
grupo
focal.
As
aulas
foram
elaboradas
para
vivenciar
com
os
alunos
um
modelo
de
condução
do
ensino-‐
aprendizagem
segundo
o
Método
PBL,
cujo
planejamento
pedagógico
envolveu
o
conteúdo
programático
curricular
de
condutividade
de
compostos
iônicos,
covalentes
e
metálicos,
em
três
aulas
de
50
minutos.
Essa
planificação
incorporou
objetivos
de
aprendizagem,
para
além
do
conteúdo,
abrangendo
aspectos
desse
método,
como:
identificar
de
modo
contextualizado
os
conceitos
básicos
do
conteúdo
estudado;
vincular
teoria
e
prática;
desenvolver
habilidades
de
pesquisa
e
de
trabalho
em
equipe;
exercitar
o
registro
de
atividades
em
relatório;
praticar
autoavaliação
e
avaliação
aos
pares.
A
primeira
aula
se
caracterizou
pela
apresentação
do
problema,
prática
de
pesquisa,
uso
de
tecnologia
no
LVQ3D,
uso
do
caderno
de
atividades
e
trabalho
em
equipes.
A
segunda
aula
se
distinguiu
com
o
compartilhamento
das
descobertas
sobre
a
solução
do
problema,
com
interação
e
diálogo
dentro
do
grupo,
e
oportunizou
ao
professor
a
verificação
de
alcance
de
resultados,
ajustes
e
orientação,
exercendo
o
seu
papel
de
facilitador.
A
terceira
aula
trouxe
o
encerramento
das
atividades,
com
debates,
exposição
da
teoria
e
realização
das
avaliações.
Em
um
modelo
dinâmico,
o
próprio
processo
de
elaboração
do
caderno
de
atividades
retroalimentou
o
planejamento
pedagógico
das
aulas,
em
troca
recíproca
nas
bases
da
metodologia
PBL.
A
escolha
da
experiência
no
LVQ3D,
exigiu
cobrir
todas
as
lacunas
dos
objetivos
educacionais
em
frente
a
uma
lista
com
137
experiências
on-‐line
e
56
em
diretório
local,
considerando
o
currículo
do
curso
para
a
matéria
Química,
pois
o
PBL
deve
ser
trabalhado
integrado
ao
currículo.
Assim,
a
experiência
escolhida
fomentou,
junto
aos
alunos,
o
conhecimento
aplicado
de
Química,
dentro
de
problemas
discutidos
no
reduto
do
técnico
em
Segurança
do
Trabalho,
sobre
riscos
no
ambiente
de
trabalho.
Nessa
conjuntura,
utilizando
o
LVQ3D,
os
alunos
deveriam:
verificar
os
compostos
que
conduzem
ou
não
eletricidade
e
as
condições
dessa
condução;
identificar
possíveis
riscos
para
os
empregados
de
dada
empresa;
criar
orientações
que
previnam
acidentes
no
manuseio
e
armazenamento
desses
compostos;
e
responder
à
pergunta-‐problema:
“Quais
as
orientações
para
prevenção
de
acidentes
no
manuseio
e
armazenamento
de
compostos
covalentes,
iônicos
e
metálicos
diante
dos
riscos
encontrados
para
o
trabalhador?
(Figura
1).
Fig.
1.
Figura
comparativa
do
software
Yenka
Chemestry
(à
esquerda)
e
estudos
de
Física
(à
direita).
Após
as
aulas,
foi
realizado
o
grupo
focal,
que
trouxe
aos
participantes
da
pesquisa
informações
do
Método
PBL,
em
comparação
com
o
Método
Tradicional,
a
partir
da
vivência/sensibilização
das
aulas
no
LVQ3D,
e
motivou
o
debate
por
um
tempo
médio
de
1h40min
de
trabalho,
em
que
a
discussão
somente
se
esgotou
quando
todos
os
participantes
se
manifestaram
sobre
os
tópicos
abordados.
O
grupo
pesquisado
era
composto
de
maioria
feminina,
seis
alunas
e
um
aluno,
e
a
grande
diferença
de
idade,
de
19
a
52
anos,
e
tempo
de
itinerário
interrompido,
de
zero
a
30,
mostra
que
a
instituição
deve
ser
capaz
de
balizar
a
formação
desses
sujeitos,
considerando
a
diversidade
existente,
nas
variadas
experiências
de
vida,
vivências
escolares
e
ritmos
de
aprendizagem
no
mesmo
ambiente.
Tais
sujeitos
debateram
as
categorias
de
análise,
definidas
pelo
pesquisador
no
planejamento
tático
"Informar
–
refletir
–
questionar”,
e
foram
motivados
a
tecer
opiniões
sobre
o
seu
aprendizado
pelo
Método
PBL
em
comparação
com
o
Método
Tradicional
para:
1)
o
problema;
2)
a
organização
da
sala
de
aula;
3)
as
relações
aluno-‐aluno
e
aluno-‐professor;
4)
a
avaliação
e
encerramento
das
atividades;
5)
as
conclusões
sobre
o
método
e
para
além
do
método
(Tabela
2).
Tabela 2. Categorias de análise balizadas pela discussão do grupo focal
Tabela 3. Tabela Verdade Comparativa dos métodos PBL e Tradicional balizadas pela discussão do grupo focal
Aluno
Método
Critério
A
Critério
B
Critério
C
Critério
D
Critério
E
Produto
Respostas
Suficiência
problema
organização
relações
avaliação
e
conclusões
F
positivas
(R)
(R/Ncritérios)
da
sala
interpessoais
encerramento
PBL
1
1
1
0
1
1
4
0,8
1
Tradicional
0
1
1
0
0
0
2
0,4
PBL
1
1
1
0
1
1
4
0,8
2
Tradicional
0
0
0
0
0
0
0
0,0
PBL
1
1
1
1
1
1
5
1,0
3
Tradicional
0
0
1
0
0
0
1
0,2
PBL
1
1
1
1
1
1
5
1,0
4
Tradicional
1
0
0
0
1
0
2
0,4
PBL
1
1
1
1
1
1
5
1,0
5
Tradicional
0
0
0
0
0
0
0
0,0
PBL
1
1
1
1
1
1
5
1,0
6
Tradicional
0
0
0
0
0
0
0
0,0
PBL
1
0
0
0
0
0
1
0,2
7
Tradicional
0
0
0
0
0
0
0
0,0
Nota.
Elaborada
pelos
autores.
A
TVC
deve
refletir
suas
condições
de
“necessidade”
e
“suficiência”,
com
ênfase
na
complexidade
causal.
As
condições
de
necessidade
de
cada
variável,
em
conjunto
e/ou
isoladamente,
foram
avaliadas
e
elencadas
aquelas
referentes
ao
produto
F=1
com
consistência
de
pelo
menos
90%
dos
casos
quando
o
critério
foi
igual
a
1
(um),
conforme
orientações
de
Marx,
Rihoux
e
Ragin
(2013,
p.
6).
Nesse
problema,
a
consistência
implicou
na
coerência
da
fala
de
cada
aluno
sobre
dado
critério.
Ao
verificar
a
consistência
é
possível
delinear
em
dada
combinação
de
condições
a
sua
suficiência,
“o
grau
ao
qual
uma
combinação
de
condições
constitui
um
subconjunto
de
um
resultado"
(MARX,
RIHOUX
e
RAGIN,
2013,
p.
12),
o
que
se
representou
pela
razão
entre
o
total
de
respostas
positivas
(R)
e
o
total
de
critérios
analisados
(Ncritérios).
A
combinação
de
critérios
deve
ser
consistente
e
suficiente
para
a
ocorrência
de
um
resultado
de
interesse
e
embora
os
extremos
0
e
1
sejam
totalmente
consistentes
e
0,5
totalmente
inconsistente,
recomenda-‐se
apenas
valores
superiores
a
0,8
para
demonstrar
suficiência,
segundo
Marx,
Rihoux
e
Ragin
(2013)
e
Rangel
e
Matta
(2016).
No
grupo
investigado,
85,7%
dos
alunos
(1,
2,
3,
4,
5
e
6)
acreditam
que
os
critérios
do
Método
PBL
reforçam
o
ensino-‐aprendizagem
dos
alunos
do
Proeja,
em
resultados
com
suficiência
maiores
ou
iguais
a
0,8,
embora
42,9%
deles
também
enfatizassem
pontos
positivos
no
Método
Tradicional.
O
Documento
Base
do
Proeja
expõe
a
“EJA
como
um
campo
de
conhecimento
específico”,
onde
se
devem
investigar
“as
reais
necessidades
de
aprendizagem
dos
sujeitos
alunos
...
como
produzem/produziram
os
conhecimentos
que
portam,
suas
lógicas,
abordagens
e
táticas
de
resolver
situações
e
enfrentar
desafios”
(Brasil,
2007,
pp.
35-‐36).
Ao
investigar
e
aplicar
métodos
mais
adequados
às
experiências
dos
alunos,
como
os
desta
análise,
que
potencializaram
o
ensino-‐
aprendizagem
no
recorte
estudado
e
motivaram
a
continuidade
do
estudo,
procura-‐se
minimizar
conflitos
e
introduzir
métodos
apropriados
a
uma
realidade
concreta
e
não
abstrata.
6 Conclusões
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