3 A 6 DE SETEMBRO DE 1993
SANTOS - SP
1ª Parte
1. Introdução
Isso fica muito claro quando afirmou Allan Kardec: “No estado de
imperfeição de nossos conhecimentos, o que hoje nos parece falso
pode amanhã ser reconhecido como verdade, devido à descoberta de
novas leis. Isto acontece na ordem moral como na ordem física. É
contra essa eventualidade que a Doutrina nunca pode estar
desprevenida. O princípio progressivo que inscreveu em seu código
será a salvaguarda de sua perpetuidade. E sua unidade será mantida
precisamente porque ela não repousa sobre o princípio da
imobilidade” (Constituição do Espiritismo – II Dos Cismas, Obras
Póstumas, página 260, Edicel).
Temos que Ter em mente, sempre, que esse movimento deve procurar:
a) A consolidação dos princípios básicos;
b) A revisão de conceitos e interpretações específicas, próprias do tempo
de Kardec e que perderam alguma significação, no decorrer do tempo;
c) A análise da mentalidade ciada pelo movimento espírita, influência
culturais, idiossincrasias de dirigentes, médiuns e Espíritos que, sob
muitos aspectos deformaram a formulação conceitual da doutrina.
Certamente muitas coisas são imutáveis, mas mesmo assim não estáticas.
A imortalidade da alma, por exemplo, é uma idéia imutável, mas dinâmica,
na medida em que pode ser enriquecida, expandida, revista em sua
operacionalidade. A idéia de Deus, central para a Doutrina, é das que será
fruto de constante mutação, pelo fato de não sabermos nada sobre a
natureza divina e que a imagem que dela temos decorre, em grande parte,
da estrutura doutrinária que herdamos dos judeus e seu velho testamento.
Trata-se, todavia, de consolidação pela expansão do entendimento e
nenhum questionamento sobre sua validade.
1. Critérios básicos
Por isso, preveniu contra as utopias. Não aderir a nenhuma fórmula dou
forma de ver as coisas dentro de um viez místico, esdrúxulo, exótico. Não
sair do que é prático, quer dizer, do factível, do provável, do que se pode
investigar, senão empiricamente, mas pela lógica, pelo raciocínio e que
suporte comparações positivas.
6. Não imobilizar-se.
“A imobilidade, em lugar de seu uma força, torna-se causa de
fraqueza e ruína para os que não seguem o movimento geral. Rompe a
unidade, porque os que desejam ir para frente separar-se dos que se
obstinam em ficar para trás”, afirmou Kardec (idem página 292).
2. Sequência metodológica
a) Período de turbulência
Caracterizam-se pelo impacto que causa o surgimento as novas ideias.
Como é compreensível qualquer sistema tenta manter-se coeso e com isso
cria defesas e rejeita, em princípio, qualquer tentativa de revisão do que já
está posto e consagrado.
b) Período de maturação
É o tempo necessário para a discussão de novas idéias. Deve-se dar
tempo para que elas tenham certo curso, uma vez que, não raro, provocam
certo impacto ao início e, entretanto, posteriormente, podem ser mais bem
compreendidas.
c) Período conclusivo
Após o período mais ou menos longo de maturação a idéias é rejeitada ou
aceita, Totalmente ou em parte. Nesse caso, produzirá inevitáveis
alterações nos conceitos atingidos ou na globalidade do entendimento,
conforme o caso.
TIPO DE ASSIMILAÇÃO
MODIFICAÇÕES POSSÍVEIS
Problemas e Resistências
A que nos leva isso? Ao que ele estabeleceu no Capítulo I, do seu livro A
Gênese:
Isso não quer dizer que sua obra seja desprezível. Ao contrário. Quer dizer
apenas que deve ser analisada, colocada em discussão e não
simplesmente aceita, como em geral é feito. E que, de modo geral, e
“concordância” encontrada em outros médiuns não possui, dadas as
circunstâncias, o valor comprobatório.
Instâncias Hierarquizadas
Kardec atribuiu aos Congressos periódicos, de estrutura mundial, a tarefa
de atualizar a Doutrina. Nesses Congressos seriam pautadas para estudo,
as hipóteses que os estudiosos apresentariam.
Eis alguns pontos que, a meu ver, definem o movimento espírita brasileiro:
a) Utilizou-se do fato de Kardec afirmar que o Espiritismo não era obra
dele, mas dos Espíritos, para diminuir o seu papel na doutrina que ele
mesmo fundara;
b) A obra de Kardec, sem a qual não existiria o Espiritismo foi desprezada
e o Evangelho, na sua expressão moralista, foi exaltado. Os oradores,
médiuns, Espíritos, passaram à condição de pregadores, a exemplo dos
padres e pastores das igrejas.
c) Somado à incultura geral do país e seu misticismo miscigenado,
deixou-se de lado qualquer precaução quanto a validade dos ditados
mediúnicos, generalizados como mensagens sagradas enviadas por
Espíritos Superiores sem a criteriosa isenção, recomendada por
Kardec.
d) Além disso, os criadores de centros espíritas usaram critérios próprios e
deformaram, não raro, os princípios do Espiritismo, porque jamais
estudaram a obra de Kardec. Ouviram Espíritos ignorantes e partidários
que se impuseram à pieguice e à vaidade de muitos, criando bolsões
antidoutrinários.
e) De modo geral desacreditou-se o estudo sério, repudiou-se a
intelectualidade devido ao estratagema de Espíritos e dirigentes que, na
ânsia de poder ou no sentido de deturpar o Espiritismo, passaram a
exigir a “reforma íntima” dos adeptos, tornando a Doutrina uma seita
salvacionista, em curto prazo.
Conclusão