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Ciência e Saneamento do Ambiente

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OCORRÊNCIA DA ÁGUA NA NATUREZA

O organismo humano necessita de uma quantidade variada de elementos


indispensáveis para manter a vida, tais como: carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio,
cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro, magnésio, entre outros, os quais compõem a
base química do protoplasma e participam dos processos metabólicos vitais. Igualmente, o
organismo necessita, em quantidades muito pequenas, de elementos denominados traço, como
cromo, cobalto, cobre, estanho, ferro, iodo, manganês, molibdênio, selênio, zinco e flúor.
Outros elementos provavelmente são necessários ao ser humano, porém, sem importância
confirmada, como arsênio, bário, bromo, estrôncio, níquel, silício e vanádio. Neste contexto,
as águas naturais contêm grande parte desses elementos vitais que podem ser facilmente
absorvidos pelo organismo na ingestão, constituindo, portanto, fonte essencial para o
desenvolvimento humano. No entanto, ás águas naturais também podem conter organismos,
substâncias, compostos e elementos prejudiciais à saúde, devendo ter seu número ou
concentração reduzidos (ou eliminados) para fins de abastecimento público.

A ÁGUA NA NATUREZA

A água abrange quase 4/5 da superfície terrestre; desse total, 97,0% referem-se aos
mares e os 3% restantes às águas doces. Dentre as águas doces, 2,7% são formadas por
geleiras, vapor de água e lençóis existentes em grandes profundidades (mais de 800 m), não
sendo economicamente viável seu aproveitamento para o consumo humano.
Em conseqüência, constata-se que somente 0,3% do volume total de água do planeta
pode ser aproveitado para nosso consumo, sendo 0,01% encontrada em fontes de superfície
(rios, lagos) e o restante, ou seja 0,29%, em fontes subterrâneas (poços e nascentes).
A água subterrânea vem sendo acumulada no subsolo há séculos e somente uma fração
desprezível é acrescentada anualmente através das chuvas ou retirada pelo homem. Em
compensação, a água dos rios é renovada cerca de 31 vezes, anualmente. A precipitação
média anual, na terra, é de cerca de 860 mm. Entre 70 e 75% dessa precipitação voltam à
atmosfera como evapotranspiração (Figura 1).

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Figura 1 – Distribuição da Água na Natureza

O Brasil possui grande quantidade de água em seu território, com 12% de água doce
disponível no mundo e 28% do total presente no Continente Americano. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente (MMA 2007), o país é considerado rico em termos de vazão
média por habitante com, aproximadamente, 33 x 103 m3/hab.ano, mas apresenta uma grande
variação espacial e temporal das vazões. A região hidrográfica amazônica, por exemplo,
detém 74% dos recursos hídricos superficiais e é habitada por menos de 5% da população
brasileira. O restante do país, com 95% da população, dispões de somente 26% da água doce.
Com relação a distribuição de recursos hídricos renováveis no planeta, o Brasil,
juntamente com a Rússia e o Estados Unidos da América, detêm maiores potenciais hídricos.
O consumo médio de água no planeta é extremamente variável, entre 40 m3/hab.ano
(Etiópia) e 2.000 m3/hab.ano (EUA). Esse consumo no Brasil é da ordem de 35 m3/hab.ano.
Do consumo de água no planeta, aproximadamente 69% destinam-se ao setor agrícola, 29%
ao industrial e apenas 10% ao doméstico.
A Figura 2 apresenta a disponibilidade hídrica social no Brasil, verificando-se a
existência de algumas regiões pobres de água ( < 1.000 m3/hab.ano) e outras em situação
crítica ( < 500 m3/hab.ano). Na porção semi-árida das regiões com pouca disponibilidade
hídrica, a presença de açudes para o armazenamento de água e a regularização das vazões dos
rios intermitentes são fundamentais e estratégicas para o abastecimento público,
dessedentação de animais, irrigação e demais usos.
A distribuição relativa do consumo de água no Brasil, referente às principais
atividades desenvolvidas, está relacionado abaixo:
• Irrigação – 46 %
• Animal – 6 %
• Indústria – 18 %

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• Humana rural – 3 %
• Humana urbana – 27 %

Figura 2 – Disponibilidade hídrica social no Brasil ( Borghatti et al., 2008)

Observa a supremacia do uso da água para irrigação, resultado das atividades


agrícolas. Já com relação ao consumo total de água nas diferentes regiões do Brasil, a
distribuição é a seguinte:
• Região sudeste – 44 %
• Região Norte – 2 %
• Região Sul – 31 %
• Região Centro Oeste – 4 %
• Região Nordeste – 19 %
Nota-se que os maiores valores são encontrados nas regiões Sul e Sudeste, decorrentes
principalmente das intensas atividades agroindustriais e dos costumes da população.
Com relação aos principais aquíferos brasileiros, o Guarani têm sido considerado
como a grande reserva de água para o futuro. É o maior manancial de água doce subterrânea
do mundo, e segundo a ANA (2009), distribui-se em uma área de aproximadamente
1.195.000 km2 (com cerca de 2.000 km de comprimento no sentido nordeste-sudoeste e 800
km de largura) no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil esses sistema ocorre no

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subsolo dos estados de: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O aquífero tem espessura entre 200 e 800 m,
com valor médio de 250 m. A reserva renovável do aquífero corresponde a aproximadamente
800 m3/s, da qual 160 m3/s podem ser explorados. A Figura 3 demonstra a localização do
aquífero Guaraní na América do Sul.

Figura 3 – Localização do aquífero Guaraní na América do Sul.

O Brasil é o país com maior área do aquífero Guaraní (70,2 %), seguido pela
Argentina (18,9), Paraguai (6,0 %) e Uruguai (4,9 %). O aquífero Guaraní se encontra, em
várias regiões, compartimentado por falhas geológicas e por intrusões de rochas, constituindo
diques, que funcionam como barreiras hidráulicas, segmentando o aquífero e afetando o
escoamento subterrâneo e a qualidade da água. Essa pode ser a principal explicação para que
algumas cidades do estado de São Paulo, localizadas a menos de 200 km entre si, tenham
poços com água de qualidade distinta. Os tipos de culturas desenvolvidas em cada região do
aquífero Guaraní justificam o grande potencial de contaminação da água subterrânea, devido,
principalmente, ao uso de herbicidas.
Ao falar, por exemplo, em uma região de plantação de cana de açúcar situada na
região de recarga de um aquífero, onde existem poços para captação de água destinada ao
consumo humano, têm-se, evidentemente, uma situação indesejável, pois na cultura da cana-
de-açúcar são usados herbicidas que podem infiltrar no solo e contaminar a água subterrânea.
Alguns herbicidas à base de diuron e hexazinona além de possivelmente tóxicos ao ser

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humano podem contribuir para a formação de subprodutos halogenados quando a água é


desinfetada com o uso do cloro.
A Figura 4 mostra um esquema geral de um sistema de abastecimento de água, no qual
tanto água superficial quanto subterrânea é usada para consumo humano. Na atualidade, têm
sido observados sistemas com essa configuração, especialmente nas comunidades com
populações superiores a 100.000 habitantes. Em comunidades com populações menores (até
25.000 habitantes), é comum o abastecimento de água utilizando poços ou mananciais
superficiais. As águas superficiais e subterrâneas podem apresentar características muito
diferentes, assim, alguns cuidados especiais são exigidos no tratamento, principalmente em
relação ao pH para evitar problemas de corrosão, incrustação, sabor e odor na água.

Figura 4 – Esquema geral típico de um sistema de abastecimento com uso de água superficial
e subterrânea.

CARACTERÍSTICAS DAS ÁGUAS


O conhecimento profundo das características da água de estudo é muito importante,
especialmente na avaliação de ETA’s existentes. A consulta aos registros operacionais pode
fornecer informações sobre a variação da qualidade da água do manancial que permitirá, após
a elaboração de estudos estatísticos, a preparação de amostras de água com qualidade
representativa de diferentes épocas do ano. A partir dos estudos dos registros de operação,
correspondentes ao período de pelo menos um ano da água do manancial, pode-se fixar o

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número de amostras diferentes de água, para os quais são otimizados os parâmetros de


operação.
A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros, que
traduzem as suas principais características físicas, químicas e biológicas. Vale salientar a
necessidade da visão integrada da qualidade da água, sem uma separação estrita entre suas
diversas aplicações. Por isso, segue abaixo a descrição dos conceitos dos principais
parâmetros:

PARÂMETROS FÍSICOS

Cor Verdadeira e Cor Aparente

Define-se como cor verdadeira aquela que não sofre interferência de partículas
suspensas na água, sendo obtida após a centrifugação ou a filtração da amostra. A cor
aparente é aquela medida sem a remoção das partículas suspensas na água.
Nas estações, em geral, são usados métodos de comparação visual ou
espectrofotometria para medir a cor da água. A cor devida à presença de substâncias húmicas,
pode ser decorrente a existência de turfa no solo em contato com a água ou da decomposição
da vegetação submersa, denominadas substâncias húmicas aquáticas, que são as principais
causadoras de cor nas águas naturais.

 Os sólidos dissolvidos são os constituintes responsáveis pela coloração da mesma


 Resíduos industriais (ex: tecelagem, curtumes) e esgotos domésticos são suas
principais fontes antropogênicas
 A cor de origem natural não representa risco direto à saúde e a de origem industrial
pode ou não apresentar toxicidade
 Parâmetro normalmente utilizado na caracterização de águas de abastecimento brutas
e tratadas

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 Cor aparente deve ser distinguida da cor verdadeira → no valor da cor aparente por
estar incluída uma parcela devida à turbidez da água, que pode ser removida por
centrifugação ou filtração

Turbidez

A turbidez é a interferência da concentração das partículas suspensas na água, medida


por meio do efeito da dispersão da luz que elas causam. As águas superficiais têm turbidez
que varia, geralmente, entre 1 e 1000 uT, dependendo de diversos fatores relacionados,
principalmente, às características da bacia hidrográfica. A turbidez pode ser causada por:
areia, argila, matéria orgânica, silte, partículas coloidais, plâncton, etc. É interessante observar
que águas que apresentam a mesma turbidez podem conter partículas de tamanhos e
quantidades diferentes alterando as condições da coagulação, devendo-se tomar cuidados
adicionais quando se comparam águas de mananciais diferentes. Também em função do
tamanho das partículas, a tecnologia da filtração direta descendente pode ou não necessitar da
floculação antes da filtração.
No mercado existem equipamentos para medição contínua do tamanho e da
distribuição de tamanho das partículas na água filtrada (Figura 5), obtendo-se um parâmetro
indireto da presença ou ausência de alguns organismos como protozoários (Giardia e
Cryptosporidium). Caso não seja detectada a presença de partículas nas faixas de tamanho
desses organismos, pode-se afirmar que os mesmos não se encontram presentes na água.
A turbidez, do ponto de vista sanitário, pode gerar risco indireto à saúde dos
consumidores porque é possível que as partículas presentes na água protejam os micro-
organismos da ação do desinfetante, por isso, a Resolução CONAMA 357/2005 regulamenta
padrões de turbidez com o intuito de garantir a qualidade microbiológica das águas de
consumo. A turbidez também pode estar associada às substâncias orgânicas e inorgânicas que
geram risco á saúde.

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Figura 5 – tamanhos das partículas suspensas, dos colóides, dos microorganismos e das
moléculas presentes na água

Sabor e odor

O sabor é a interação entre o gosto (salgado, doce, azedo e amargo) e o odor (sensação
olfativa). São características de difícil avaliação por serem de sensação subjetiva.
Normalmente decorrem de matéria excretada por algumas espécies e de substâncias
dissolvidas, e em alguns casos, do lançamento de despejos nos cursos d’água. Para sua
remoção, normalmente aplica-se aeração, além da aplicação de um oxidante e de carvão
ativado, para a adsorção dos compostos causadores. Seus componentes são os sólidos em
suspensão, sólidos dissolvidos e gases dissolvidos. Apesar de não representarem riscos à
saúde, mas por transmitir não confiabilidade geram reclamações dos consumidores, e, por
este mesmo motivo, são parâmetros normalmente utilizados na caracterização de águas de
abastecimento, brutas ou tratadas.

Temperatura

A água quente é desagradável ao paladar se comparada à água fria, mostrando


influência organoléptica. Este parâmetro acelera ou retarda a atividade biológica,

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fomentando proliferação de microorganismos e de algas. A solubilidade do oxigênio e do


dióxido de carbono na água e as precipitações de alguns compostos são alterados pela
temperatura.
Alguns tratamentos de água também são alterados pela temperatura, tais como:
• desinfecção, por alteração da faixa de atuação do desinfetante;
• coagulação, pois pode exigir um coagulante diferente do sulfato de alumínio,
como, por exemplo, um polímero;
• flotação, pois um acréscimo na temperatura causa redução no volume de ar a ser
dissolvido na água;
• filtração poderá ter sua eficiência reduzida, pois a atividade biológica nos meios
granulares pode ser alterada.
A alteração da temperatura na água pode ser causada por radiação ou condução
(origem natural) ou por águas de torres de resfriamento e despejos industriais (origem
antropogênica).

Condutividade Elétrica

A condutividade elétrica é a medida da capacidade que tem a água de conduzir


corrente elétrica devido aos minerais nela presentes. Sua determinação permite estimar, de
modo rápido, a quantidade de sólidos dissolvidos totais presentes na água.

PARÂMETROS QUÍMICOS

pH

O pH é utilizado para expressar a acidez de uma solução, por isso trata-se de um


parâmetro importante, principalmente nas etapas de coagulação, filtração, desinfecção e
controle da corrosão. Nos sistemas de abastecimento, águas com valores baixos de pH tendem
a ser corrosivas ou agressivas a certos metais e paredes de concreto, no entanto, águas com

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valor elevado de pH tendem a formar incrustações. Os valores de pH em águas naturais,


frequentemente, variam entre 5,5 e 9,5.
O pH pode gerar efeitos negativos na saúde do consumidor. Indivíduos expostos a
valores de pH inferiores a 4 ou superiores a 11 apresentam irritação nos olhos, na pele e nas
mucosas. Esses valores extremos são raros em corpos d’água, mas pode acontecer em casos
de grave contaminação. O pH também pode afetar indiretamente a saúde do consumidor ao
influenciar o grau de corrosão dos metais, bem como, a eficiência da desinfecção ao
determinar o composto de cloro dominante, sendo mais ou menos efetivo no controle dos
microorganismos.
Dissolução de rochas, absorção de gases da atmosfera, oxidação da matéria orgânica e
fotossíntese são os causadores de alterações de origem natural. Despejos domésticos e
industriais são os responsáveis antropogênicos. Pode ser utilizado em: caracterização de águas
de abastecimento brutas e tratadas, caracterização de água residuária bruta, controle da
operação de estações de tratamento de água e esgoto e caracterização de corpos d`água.

Alcalinidade

A alcalinidade pode ser entendida como a capacidade da água de neutralizar ácidos e a


acidez como a capacidade da água de neutralizar bases.
A quantificação da alcalinidade é usualmente feita por meio de titulação com ácido
padronizado, sendo os resultados expressos em termos de carbonato de cálcio (CaCO3). O
parâmetro não tem significado sanitário, a não ser que seja devido a hidróxidos o que
contribui, de modo acentuado, na quantidade de sólidos totais. A alcalinidade influi
consideravelmente na coagulação química, uma vez que os principais coagulantes comumente
utilizados no Brasil tem sua atuação função da faixa de pH.
Quando de origem natural pode ser causado por dissolução de rochas ou reação do
CO2 com a água, se de origem antropogênica, e causada por despejos industriais. Não tem
significado sanitário para a água potável, mas em elevadas concentrações confere um gosto
amargo para a água.

Acidez

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A acidez da água depende do pH, porque é devido ao CO2, que estará presente
somente para pH entre 4,4 e 8,3, pois abaixo do valor mínimo, a acidez decorre da presença
de ácidos fortes, os quais são incomuns nas águas naturais. Embora de pouco significado
sanitário, há interesse em se conhecer a acidez, porque o condicionamento final da água, em
uma ETA, pode exigir a adição de alcalinizante para manter a estabilidade do carbonato de
cálcio e evitar problemas relacionados à corrosão no sistema de abastecimento de água. As
causas são o CO2 (absorvido da atmosfera ou resultante da decomposição da matéria orgânica)
e gás sulfídrico, que são de origem natural e despejos industriais (ácidos minerais ou
orgânicos) e a passagem da água por minas abandonadas de origem antropogênica
A acidez também é expressa em termos de carbonato de cálcio e pode ser determinada
por titulação utilizando uma base para neutralizar o CO2 presente.

Dureza

A dureza é definida, geralmente, como a soma de cátions polivalentes presentes na


água e é expressa em termos de uma quantidade equivalente de CaCO3. Os principais íons
metálicos que conferem dureza à água são: cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+)e, em menor grau,
estrôncio (Sr2+), ferro (Fe2+) e manganês (Mn2+). Embora não existam níveis definidos para
água branda e dura, considera-se que a água é branda quando possui menos de 75 mg
CaCO3/L e é dura, quando possui mais de 150 mg CaCO3/L.
Na maioria dos casos, a dureza é decorrente do cálcio associado ao bicarbonato, o qual
se transforma em carbonato (pouco solúvel) por aquecimento ou elevação do pH, tendo-se,
nesse caso, a denominada dureza temporária. A dureza devida a cátions associados a outros
ânios é denominada dureza permanente. Nas estações de abrandamento (redução da dureza)
podem ser empregadas resinas específicas para troca de cátios ou, também, elevar-se o pH
para causa a precipitação, principalmente, de sais ou de hidróxidos de cálcio e de magnésio.
No caso de indústrias, o uso de águas duras pode gerar incrustações nos sistemas de
resfriamento e de calefação, consumindo tempo e dinheiro nas atividades adicionais de
manutenção. Nas atividades domésticas e até industriais, o uso de águas duras também

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interfere no consumo de detergentes utilizados no processo de limpeza, considerando a


dificuldade que tem a água dura em formar espuma, Não existem evidências que associem a
dureza da água a efeitos adversos à saúde, ao contrário, alguns estudos epidemiológicos
sugerem que esse parâmetro pode proteger o homem de algumas doenças cardiovasculares e
de câncer, porém, alguns dados sugerem que águas muito brandas podem gerar efeitos
adversos no equilíbrio de minerais no corpo.

Ferro e manganês

O ferro é um elemento essencial para a nutrição humana, encontrado na natureza


geralmente nas formas de Fe2+ e Fe3+ . É um metal abundante na crosta terrestre, em solos e
em minerais, principalmente, como óxido férrico insolúvel. Na ausência de oxigênio
dissolvido (ex: água subterrânea ou fundo de lagos), eles se apresentam na forma solúvel
(Fe2+ e Mn2+). Caso a água contendo as formas reduzidas seja exposta ao ar atmosférico (ex:
na torneira do consumidor), o ferro e o manganês voltam a se oxidar às suas formas insolúveis
(Fe3+ e Mn4+), o que pode causar cor na água, além de manchar roupas durante a lavagem.
Os minerais contidos nas rochas responsáveis pela dissolução de ferro na água são:
hematita, siderita, faiolita, pitira, pirolita, hematita, limonita e magnetita, entre outros.
Quando as águas subterrâneas contêm quantidades apreciáveis de gás carbônico dissolvido, os
carbonatos podem ser dissolvidos, formando bicarbonato ou sulfato ferroso. Os corpos de
água, geralmente, têm concetrações de ferro menores que 0,7 mg/l, no entanto, existem
estudos que indicam valores superiores a 50 mg/l em águas subterrâneas anaeróbias. As
concentrações altas são encontradas em:
• águas subterrâneas agressivas n(pH ácido);
• águas poluídas.
A matéria orgânica natural, representada principalmente por substâncias húmicas,
associa-se facilmente aos metais e óxidos para formar complexos, modificando as espécies
metálicas em solução, geralmente reduzindo os íons metálicos livres. A remoção dos
complexos de ferro da água é uma tarefa difícil e normalmente é conseguida por meio da

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oxidação do ferro solúvel com formação do precipitado ou pela coagulação em valores de pH


superiores a 8.
O uso da água contendo ferro oxidado gera os seguintes inconvenientes:
• formação de precipitado coloidal que se incrusta no interior das tubulações de água,
gerando redução de sua capacidade de transporte, o que causa grandes perdas de carga
na rede ou, até mesmo, necessidade de substituição de alguns trechos quando estes se
encontram totalmente obstruídos;
• proliferação de microorganismos chamados ferrobactérias, os quais aumentam a
demanda de desinfetante;
• alteração das características organolépticas da água, mudando o gosto para amargo e
adstringente, além de levemente turva e colorida;
• formação de manchas nas instalações sanitárias, louças, azulejos e roupas;
• geração de interferência em processos industriais de fabricação de papel, tecido,
tinturarias e bebidas.

Cloretos

Todas as águas naturais, em maior ou menor escala, contêm íons resultantes da


dissolução de minerais. O cloreto é amplamente encontrado na natureza em sais de sódio
(NaCl), de potássio (KCl) e de cálcio (CaCl2). Sua ocorrência na água pode ser natural
(conforme geologia local ou antrópica), pelo escoamento superficial de áreas cultivadas ou
lançamentos de águas residuais domésticas e industriais no corpo d’água. A principal via de
exposição de humanos ao cloreto é a adição de sal à comida. Já a toxicidade pelo consumo de
água com cloreto não tem sido observada em humanos, exceto em casos especiais de
dificuldades de metabolizar o cloreto de sódio dentro do organismo.
O cloreto aumenta a condutividade elétrica da água e a capacidade de corrosão dos
metais nas tubulações do sistema de distribuição, dependendo da alcalinidade da água. Com
isso, pode haver incrementação da concentração de metais na água de consumo, gerando risco
indireto à saúde do consumidor. Em determinadas concentrações imprime um sabor amargo à
água.

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Nitrogênio

O nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato, nos corpos d’água, são indicadores de


poluição ou contaminação por matéria orgânica. Quando as águas são recentemente poluídas,
a maior parte do nitrogênio presente está na forma orgânica e amoniacal, sendo que com o
tempo, estes compostos se transformam em nitrito e nitrato. O nitrogênio orgânico na água
normalmente se apresenta com concentrações inferiores a 100 µg/l, porém, em alguns lagos
contaminados, alcança 20 mg/l.
O nitrogênio amoniacal pode apresentar concentrações baixas (< 0,2 mg/l) em fontes
subterrâneas porque é adsorvido pelas partículas do solo. Em fontes superficiais, sua
concentração pode atingir 12 mg/l. O nitrato geralmente aparece em baixas concentrações (<
0,2 mg/l) em águas superficiais como lagos e reservatórios, entretanto, atinge valores altos em
águas subterrâneas (até 20 mg/l), dependendo da contaminação presente, tipo de solo e da
situação geológica. O nitrito é um estado intermediário de oxidação do nitrogênio amoniacal
para nitrato, por natureza é instável e se apresenta em baixos valores. O nitrogênio amoniacal
e o nitrogênio orgânico estão sujeitos à degradação microbiana, formando rapidamente nitrito
e nitrato e, por isso, estas duas formas não se apresentam em concentrações altas na água
potável.
Os nitritos, no sistema de distribuição, podem gerar problemas de odor e gosto na
água, além de corrosão e interferências na remoção do manganês, além de apresentar efeitos
tóxicos em humanos quando são ingeridas altas concentrações. O consumo de água com
concentrações altas de nitrato e nitrito podem gerar oxidação da hemoglobina a
metaemoglobina, causando incapacidade de transportar oxigênio aos tecidos, causando a
doença metaemoglobinemia ou “síndrome do bebê azul” e afeta, principalmente, crianças com
idade inferior a 3 meses.
No Brasil, a contaminação das fontes de abastecimento por compostos nitrogenados é
comum, principalmente pela falta de tratamento das águas residuais e pelo uso indiscriminado
de agroquímicos. A remoção dos compostos nitrogenados da água é complicada e onerosa,
porque os tratamentos comumente utilizados nas ETA’s não são eficientes. Técnicas como

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troca iônica e osmose reversa podem ser usadas. É um elemento indispensável para o
crescimento de algas e, quando em elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir
a um crescimento exagerado desses organismos (eutrofização).

Fósforo

O fósforo na água apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato (diretamente


disponível para o metabolismo), polifosfato (moléculas mais complexas, como 2 ou mais
átomos de fósforo) e orgânico. Sua origem natural e em dissolução de compostos do solo e
decomposição de matéria orgânica e sua origem antropogênica é em despejos domésticos e
industriais, detergentes, excrementos de animais e fertilizantes.
Não apresenta problemas de origem sanitária nas águas. É indispensável para o
crescimento das algas mas quando apresentado em lagos e represas pode conduzir a um
crescimento exagerado desses organismos. O fósforo é um nutriente essencial para o
crescimento dos microrganismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica.

Oxigênio dissolvido

O Oxigênio dissolvido (OD) é de essencial importância para os microrganismos


aeróbios. Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias fazem uso do oxigênio nos
seus processos respiratórios, podendo vir a causar redução da sua concentração no meio.
Dependendo da magnitude deste fenômeno, podem vir a morrer diversos seres aquáticos,
inclusive os peixes. Caso o oxigênio seja totalmente consumido, tem-se a formação de
condições anaeróbias, com geração de maus odores.
Os níveis de oxigênio dissolvidos na água dependem das características físicas,
químicas e biológicas, sendo quantificado principalmente para avaliar a poluição dos corpos
d’água, determinar a eficiências de processos de tratamento por aeração e estabelecer o grau
de corrosão nos sistemas de distribuição.

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É utilizado no controle operacional de estações de tratamento de esgotos e na


caracterização de corpos d`água, pois, concentrações de oxigênio dissolvido inferiores a 85%
da saturação, podem fomentar queixas dos consumidores pela presença de cor na água,
resultado da corrosão das tubulações.

DBO5,20 e DQO

A DBO5,20 é a medida da quantidade de oxigênio dissolvido utilizado pelos


microorganismos na estabilização da matéria orgânica biodegradável, sob condições aeróbias,
em 5 dias a 20ºC. A DQO é um parâmetro analítico de poluição da água que quantifica a
matéria orgânica biodegradável, além das substâncias orgânicas e inorgânicas oxidadas
quimicamente. Esses parâmetros, implicitamente, indicam a presença, na água de consumo,
de microorganismos possivelmente patogênicos, que podem representar risco à saúde do
consumidor, além da presença de substâncias de interesse sanitário.

Alumínio

O alumínio pode estar presente nos corpos d’água como consequência da lixiviação de
rochas ou como resultado de atividades industriais. As concentrações desse metal
normalmente são baixas, porém, valores superiores a 0,2 mg/l podem gerar gosto
desagradável à água. Os sais de alumínio, utilizados como coagulante no tratamento podem
causar residuais de Al na água de consumo, neste caso, sua concentração depende das
características da fonte de abastecimento, da quantidade do coagulante empregado, do pH da
água tratada e do desempenho da ETA. Quando o residual de alumínio é alto e encontra-se
dissolvido pode haver formação de precipitado, causando a formação de incrustações nas
paredes internas das tubulações da rede de distribuição.
O alumínio tem sido vinculado a doenças neurológicas graves como a doença de
Parkinson e Alzheimer. Nos dois casos o alumínio é um dos inúmero fatores responsáveis

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pelos males. Técnicas como troca iônica e tratamento por membranas podem ser eficientes na
remoção de alumínio na água de consumo, entretanto, várias medidas podem ser tomadas para
reduzir sua concentração como otimização da coagulação floculação e filtração na ETA.

Chumbo

O chumbo não é comum nos corpos d’água, no entanto, aparece pela combinação por
descargas industriais ou contribuição atmosférica. A concentração de chumbo na água de
consumo depende da ocorrência do metal nas tubulações, o que é dependente do pH e da
temperatura. A importância sanitária do chumbo está associada aos efeitos adversos que ele
pode gerar na saúde, especialmente considerando que esse metal é biocumulativo. Em
humanos, sinais de distúrbios mentais, trmos muscular, dor abdominal e danos aos rins são
efeitos típicos de intoxicação por chumbo, entretanto, esses efeitos agudos são extremamente
raros. No Brasil, algumas cidades que possuam atividades de mineração, apresentaram
contaminação por chumbo em suas águas.
Não existe uma te´cnica economicamente viável para reduzir altas concentrações de
chumbo na água, assim, alternativas como osmose reversa, precipitação química e troca iônica
devem ser avaliadas antes de serem utilizadas no tratamento da água para consumo.

Mercúrio

O mercúrio pode ocorrer nos corpos d’água de forma natural ou como consequência
das atividades humanas. Em fontes superficiais, as concentrações têm sido naturalmente
inferiores a 0,05 µg/l, porém, em fontes subterrâneas, há relatos de valores de até 5,5 µg/l. Na
água de consumo geralmente sua concentração é inferior a 25 µg/l.
Nas células o mercúrio é potente desnaturalizador de proteínas e inibidor de
aminoácidos, interferindo nas funções metabólicas celulares. o metal causa sérios danos à
membrana celular ao interferir em suas funções e no transporte através da membrana,

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especialmente, nos neurotransmissores cerebrais. O metal pode causar risco agudo causando
rompimento de tecidos, distúrbios neurológicos e renais.
No Brasil, concentrações altas de mercúrio foram encontradas em peixes e na região
ribeirinha do Rio Negro, verificando que 90% das pessoas estavam contaminadas, sendo 17%
em estado grave. A análise da situação revelou que o solo da região apresentava naturalmente
valores elevados do metal, contaminando o rio em níveis comparáveis com regiões
industrializadas. No caso do Rio Negro provou-se que a contaminação é natural, porém, em
outros casos, é comum a contaminação pelo garimpo.
A remoção de compostos nitrogenados da água é complicada e onerosa, porque os
tratamentos comumente utilizados nas ETA’s não são eficientes. Técnicas como troca iônica e
osmose reversa podem ser usadas.

PARÂMETROS BIOLÓGICOS

As características das águas são obtidas por meio de exames bacteriológicos e


hidrobiológicos. Os hidrobiológicos visam identificar e quantificar as espécies de organismos
presentes na água, que, em geral, são organismos microscópicos. Quando feitos regularmente,
constituem elemento auxiliar na interpretação de outras análises.
As Tablas 1 e 2 apresentam, respctivamente, dados sobre os principais agentes
infecciosos encontrados nas águas destinadas ao abastecimento público e a respeito da
contaminação da água por organismos patogênicos provenientes de fezes.

Tabela 1 – Principais agentes infecciosos em água contaminada para abastecimento público

Tabela 2 – Contaminação de água por organismos patogênicos de fezes via esgoto

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A presença de microorganismos na água de consumo deve ser controlada devido ao


impacto agudo que pode gerar à saúde da população, assim, algumas bactérias, protozoários e
vírus podem ser monitorados em função do padrão de potabilidade vigente e das necessidades
dos órgãos reguladores. Devido aos efeitos causados pela presença de microalgas e
cianobactérias na água de consumo tem tornado indispensável ser monitoramento,
especialmente, quando são utilizadas fontes eutrofizadas.

Coliformes Totais

Os coliformes totais possuem simplicidade de processamento e ampla documentação


que permitem que esses microorganismos sejam utilizados na avaliação da eficiência do
tratamento. isso porque os coliformes totais se encontram em situações nas quais outros
organismos do grupo coliforme estão ausentes e apresentam taxa de inativação similar ou
superior aos coliformes termotolerantes e Escherichia coli. No entanto, os coliformes totais
apresentam limitações como referência de poluição nas águas porque sua presença não
necessariamente determina contaminação fecal.

Escherichia coli

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Bactéria do grupo coliforme, habitante normal do intestino e a maioria não é


patogênica, embora, alguns subtipos possam causar doenças gastrointestinais. Quando
presente na água sempre indica contaminação potencialmente perigosa, requerendo atenção
imediata quando detectada na água de consumo, entretanto, esse microorganismo é sensível
aos desinfetantes comumente utilizados nas ETA’s.
A determinação de bactérias a 22ºC não tem muito valor sanitário, mas são utilizadas
para avaliar a eficiência do tratamento, especialmente, da coagulação, filtração e desinfecção,
além de também serrem utilizadas para avaliar a limpeza e integridade dos sistemas de
distribuição. Aquelas determinadas a 37ºC podem ser indicadores de poluição recente. A
Tabela 3 representa as formas indicadas de remoção dos microorganismos.

Tabela 3 – Remoção dos coliformes na água de consumo

Protozoários e vírus

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Os principais protozoários que podem ser transmitidos pela ingestão da água


contaminada são dos gêneros Giardia e Cryptosporidium. A Giardíase tem transmissão fecal-
oral, sendo comum em países em desenvolvimento nos quais são precárias a educação em
higiene e o saneamento. O período de incubação varia entre 1 e 75 dias, podendo ou não o
infectado apresentar sintomas. A doença pode causar diarreia, flatulência, sangramento,
fraqueza, anorexia, náuseas, perda de peso, vômito e até intolerância à lactose. A fonte de
poluição foi associada ao lançamento de esgotos domésticos nas fontes de abastecimento e/ou
criação de animais perto dor corpos d’água. O Cryptosporidium é um protozoário entérico que
se desenvolve no epitélio da mucosa intestinal ou gástrica de diversos vertebrados, causando
gastrenterites e diarréia em indivíduos sadios e infecções crônicas em imunodeficientes. Seu
contato é fecal-oral e o indivíduo quando infectado pode ou não apresentar sintomas, que são:
diarréia, dor abdominal, febre, indisposição, fraqueza, fadiga, perda de apetite e de peso,
náusea e vômito. Nos dois casos, o controle é limitado pela alta resistência dos
microorganismos à desinfecção com cloro, tornando sua eliminação primordial pela
decantação e filtração.
Os vírus presentes na água de consumo são responsáveis pela transmissão de doenças
infecciosas. A porta de entrada desses microorganismos aos corpos d’água é a descarga de
águas residuais sem tratamento adequado

Algas e cianobactérias

As algas diferem dos demais microorganismos devido à presença de um pigmento


interno verde (Clorofica), que as tornam capazes de realizar a fotossíntese. As algas de maior
interesse no tratamento de água são as algas verdes (clorifíceas), as diatomáceas
(bacilariofíceas) e as cianobactérias.

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Na natureza, as toxinas associadas às cianobactérias ocorrem associadas às florações


(crescimento exagerado) das cianobactérias no ambiente aquático. Na maioria dos corpos
d’água, a concentração de cianobactérias é baixa, porém, condições ambientais favoráveis
podem contribuir para sua floração. As toxinas por elas produzidas, normalmente
denominadas cianotoxinas, podem ser dividias em três tipos:

• alcaloides de ação rápida – causam a morte por parada respiratória em poucos minutos
após sua ingestão;

• alcaloides hepatotóxicos – possui ação mais lenta e afeta principalmente o fígado;

• lipossacarídeos – causam irritação e contato (dermatites).

As algas, em geral, podem causar sérios problemas operacionais nas estações, podendo
flotar nos decantadores, sendo carreadas para os filtros, obstruindo-os em poucas horas de
funcionamento, além de poderem liberar cianotoxinas nas águas.

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