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CONTROLE TOTAL DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Roberto José Falcão Bauer

Esta palestra tem como objetivo alertar a Indústria da Construção Civil da necessidade
imediata da aplicação do controle total da qualidade visando a redução do custo da
construção e principalmente aumentar a durabilidade das obras.

O controle total da qualidade já é adotado em vários ramos da indústria


(automobilístico, aeronáutico, naval, eletroeletrônico, mecânica e outros segmentos),
com graus variáveis de intensidade.

Como é possível que o mesmo brasileiro, que faz a escola do ITA, em São José dos
Campos, é capaz de fazer um avião que vença em concorrência de qualidade e preço a
indústria aeronáutica da França, Israel e Canadá, fornecendo para os Estados Unidos e
Inglaterra, e o mesmo brasileiro, que cursou uma escola de engenharia civil, não é
capaz de fazer uma laje de cobertura impermeabilizada que não vaze.

Apresentamos a seguir alguns casos gritantes de falta de qualidade:

▪ Ferrovias do Aço e Norte-Sul, colocadas em concorrências sem planos


definidos, custo básico, e sem estudos econômicos.

▪ O plano de energia nuclear, com suas 4 empresas e milhares de empregados,


estagnado.

▪ Conjuntos populares construídos sem infraestrutura (água, luz, esgoto,


escolas, transporte) e principalmente sem a qualidade e durabilidade mínimas
compatíveis com o prazo de financiamento e com alta manutenção.

COMO FAZER COM QUALIDADE?

As companhias gastam pelo menos 20% de seu faturamento refazendo coisas ou


tentando reparar seus erros. Melhorar a qualidade custa muito menos do que pagar
pelo erro. Qualidade não é fazer de cada Gol ou Fiat Uno, uma Mercedez Benz, mas,
entre os dois primeiros, fazer o melhor para o proprietário ou usuário.

Não é transformar em palacete uma casa de interesse social, mas construir a casa,
pelo menos, com estabilidade estrutural, conforto, durabilidade e baixo custo.

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O QUE É QUALIDADE?

▪ “Qualidade é adequabilidade ao uso” – Juran 1986.

▪ “Qualidade é o conjunto de melhores características, de um produto ou serviço,


para certas condições de consumo ou utilização” – Profº Calegare (Poli - USP).

Ou seja, a qualidade é adequar ao usuário e à sua utilização.

▪ “Qualidade é a satisfação de todos” – Japonenes 1992.

CONTROLE DA QUALIDADE

O controle da qualidade acompanhou a evolução da industrialização. Podemos de


maneira simples, para melhor compreensão de seu aprimoramento, coloca-lo em
estágios separados, ao longo do tempo, em intervalos de 20 anos.

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Na primeira etapa, até o início do século, a qualidade era estipulada e controlada pelo
próprio artesão, ou seja, se nossos avós desejavam um bom produto, procuravam um
bom artesão que, pelo orgulho do que fazia, ou conhecimento, procurava fazer o melhor
possível, melhor que seus concorrentes, Seu nome era a garantia do produto.

Na segunda etapa, surgiu a figura do mestre ou supervisor, garantindo que um


conjunto de operários qualificados produzisse um bom produto, pela supervisão
adequada de um melhor artesão, com sua experiência e, principalmente, sua liderança.

Na terceira etapa apareceu, com a produção fabril e industrial, um grupo de operários


semi-qualificados, mas com equipamentos, e cujo grupo se reportava a vários mestres,
que por sua vez, eram dirigidos por inspetores.

Na quarta etapa, conseqüência da Segunda Guerra Mundial, a produção foi


massificada, tendo levado a produção pelo controle estatístico gráfico, passando pela
tabela de amostragens, etc.

Na quinta etapa é a de Garantia Total da Qualidade, introduzida pelo Japão que, em


vista da concorrência mundial e da sua situação físico-geográfica-populacional,
modificou totalmente sua forma de obter qualidade, para vencer industrialmente, no
período atual de computação, automação, e alta competição mundial.

É a qualidade que vem de cima para baixo, da vontade do Presidente da Empresa para
a Direção, e, desta, para a linha de produção é a Garantia Total da Qualidade (GTQ).

Diríamos mesmo, que o processo foi sabiamente escondido, como o sabem fazer os
orientais, fazendo com que o mundo industrial partisse por um processo oposto, isto é a
qualidade. Supunha-se que esta poderia ser obtida pelos Círculos de Controle de
Qualidade (CQQ), onde os operários, reunidos ao fim da jornada de trabalho, em
grupos, procuravam meios, métodos e especificações para melhorar a qualidade do
produto. Ledo engano, pois, a indústria japonesa conseguia, com sua qualidade total,
colocar no mercado americano de automóveis, em 1984 (segundo Lee Yacocca), 8
milhões de carros japoneses, contra 7 milhões de carros americanos. Isso aconteceu
nos Estados Unidos da América do Norte.

A automação da indústria trouxe mais problemas de qualidade, antes do início da


produção, pelas especificações mais precisas de Matéria Prima, da Metrologia, de Mão-
de-obra, das Máquinas (são os 4 M´s). Mas esse processo de nada valerá se não tiver
origem na vontade do Presidente da Empresa, que quer ser o melhor que seus
concorrentes, em todos os ramos, em todas as classes de produtos. É o que nos ensina
Akio Morita, Presidente da SONY, em seu livro “Made in Japan”, quase resposta ao
desafio de Lee (Lino) Yacocca, em sua bibliografia.

Com um país reconhecido, na década de 1920, como o país da indústria do celulóide


(brinquedos e bolas de ping-pong), reconhecido pela falta de qualidade de seus
produtos, pode chegar a ter equipamentos fotográficos melhores e mais baratos que os
alemães, relógios melhores e mais baratos que os suíços, e automóveis melhores e
mais baratos que os americanos? Somente pela vontade férrea de Presidentes de

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Indústrias, que se recusam a fazer qualquer produto que não seja superior ao de seu
concorrente.
Finalmente, a sexta etapa é a Garantia Total da Qualidade agregando os valores
relacionados a seguir.

O diferencial entre empresas que atingiram a GTQ será a satisfação do cliente interno
(funcionários), que sentirão orgulho de trabalharem na empresa, e saberem como
encantar o cliente externo (consumidores).

CONTROLE DA QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Agora, procuramos aplicar na Indústria da Construção os mesmos princípios.

É evidente, que necessitamos conhecer a Indústria, suas características de


nomadismo, descontinuada, com deficiência de mão-de-obra qualificada e de mestria,
para adapta-la a esses novos conceitos.

Pularemos etapas, já que agora, salvo em grandes obras e centrais de concreto, a


qualidade do concreto é controlada, apenas, com a ruptura de amostras (corpos de
prova), 28 dias após a concretagem da estrutura da obra. Realmente, isto não é
controle de qualidade. Já dizia o Profº Neville, da Inglaterra, em 1986, em conferências
no Brasil, “Qualquer imbecil pensa que sabe fazer concreto... e o pior é que ele faz!!!”

Já se tem, sobejamente, afirmado e insistido que o controle do concreto deve ser


efetuado ANTES de serem colocadas as matérias primas (cimento, areia, pedra, água,
e aditivos) na betoneira, pois a partir daí, a sorte ou azar já estarão lançados.

Precisamos nos concientizar de que a Qualidade da construção nasce com os projetos


e especificações (que constituem mais de 40% das causas das falhas, segundo
levantamento efetuado por Messeguer, da Espanha, em países europeus). O problema
aumenta de proporção com o errado processo adotado pelos Órgãos Governamentais,
os quais abrem licitações que favorecem o empreiteiro que oferecer o menor preço,
mesmo que seu projeto e especificação sejam deficientes. Como obter qualidade de o
“erro” do orçamento, para menos, é o fator que decide o ganhador?

Outro fator de grande importância consiste na falha e/ou desconhecimento de


especificações e normas, pelo empreiteiro e Engenheiro Fiscal. O que executar e o que
fiscalizar? “é tudo de acordo com as normas da ABNT, e temos dificuldade de obtê-las,
sendo proibido reproduzi-las”.

Ainda são colocados tubos galvanizados, embutidos em alvenarias e concreto, sem


medida prévia de sua espessura ou massa, por metro. Esses são submetidos à
pressão interna, para verificação da solda longitudinal, sem medida da espessura de
galvanização. Tudo isso é concretado nas lajes e vigas dos edifícios, que devem durar
dezenas de anos.

Os eletricistas colocam, em geral, por empreitada, fios, cuja pureza do cobre, seção e
espessura de plástico de proteção elétrica e térmica nunca são verificados.
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Tudo nos leva a crer, e a experiência em todo o Brasil nos demonstra, que a Indústria
da Construção não pode continuar a executar milhares e milhares de habitações (e
necessitamos de milhões para os próximos anos), sem o controle da qualidade, ou sem
que a Garantia Total da Qualidade seja imediatamente implantada. E essa Garantia
Total da Qualidade só poderá ser implantada de cima para baixo, ou seja, só será
válida se os empresários da Construção se conscientizaram de que o controle deve ser
estendido, pelo menos, em primeira etapa, aos materiais cuja durabilidade e resistência
sejam essenciais à obra.

Se lembrarmos dos 6 M´s da qualidade veremos que há facilidade de estimular a


economia, diminuir o desperdício e, até mesmo, elevar e melhorar a imagem do
empreiteiro de obras públicas e da Construção Civil em geral.

Mão-de-obra
Metodologia
6 M´s Máquinas
Material
Meio ambiente
Metrologia

Mão-de-obra – É preciso assumir a responsabilidade social, econômica e cristã, de que


é dever da própria indústria preparar, treinar, alimentar e tornar os seus colaboradores
ou parceiros que trabalham nas obras.

“A qualidade começa pela educação e acaba na educação. Uma empresa que progride
em qualidade é empresa que aprende, que aprende a aprender” Kaoru Ishikawa.

Educação é informação, treinamento, autovalorização, participação, delegação de


responsabilidades.

Metodologia – É necessário introduzir o uso de Normas Técnicas (da ABNT ou de


outras que o CONMETRO credencie) na aquisição e emprego de materiais, na
contratação de serviços e na construção em geral.

Na falta de Normas Nacionais, por que não adotar as Normas do Mercado Comum
Europeu, já que foram ou estão sendo unidas às Normas Internacionais (ISO), com as
Alemãs (DIN), Francesas (AFNOR), Inglesas (BS) e até mesmo americanas(ASTM)?

No mundo da modernidade não há normas regionais. O mundo é. Hoje, um só (já


estamos na terceira onda de Alvim Toffler).

O art. 39, item VIII do Código de Defesa do Consumidor, diz, resumindo, que “é vedado
ao fornecedor de produtos ou serviços em desacordo com as Normas da ABNT ou de
outra entidade credenciada pelo CONMETRO”.

Máquina – É indispensável colocar, imediatamente, máquinas simples à disposição dos


operários.

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Será que continuaremos a usar o serrote manual, desafiado, movido à energia
muscular, consumindo como combustível o feijão tão caro e de baixo rendimento,
enquanto pequenas serras manuais custam poucos meses de salário de carpinteiro e
produzem vinte vezes mais?

Por quanto tempo ainda nossos pedreiros continuarão a assentar tijolos, fazendo 25
movimentos por tijolo, quando Taylor e Fayol já nos ensinaram que é possível faze-lo
com 8 movimentos? Será que a caixa de argamassa não poderia estar à alturade 0,80
m, ergonomicamente colocada, diminuindo a energia gasta em movimentos inúteis e
cansativos?

A máquina humana deve ser cada vez, mais inteligentemente utilizada.

Os equipamentos utilizados nos processos construtivos, verificações de serviços, e


ensaios deverão estar conforme procedimento e devidamente calibrados.

Material - A aquisição de material de construção tem que ser precedida de tomada de


preço, à qual será anexado, até mesmo para aprendizagem, a Norma e completa
especificação do fornecedor e para estar de acordo com o Código do Consumido. Da
mesma maneira, o pedido de compra e a recepção na obra. Será que pode a
Construção Civil subsistir comprando aço desbitolado, perdendo até mesmo 20% (vinte
por cento), por excesso de peso, em cada metro utilizado? Será que uma escala
métrica e uma balança não deveriam estar disponíveis em cada obra para uso do
mestre, do almoxarife e do engenheiro? Será que a argamassa tem que ser despendida
até 100% da quantidade prevista em orçamento, por falta de qualidade dos tijolos ou,
para não dizer, da falta de prumo e de nível das alvenarias.

Meio Ambiente – É necessário dizermos, claramente, que o lixo das cidades não pode
continuar a ser constituído de entulho de obra. Melhor dizendo: desperdício, que cria
junto com o lixo domiciliar, esconderijo, alimentação, ambiente propício para a criação
de roedores, de insetos, e de agentes transmissores de doenças infecto-contagiosas.

Será que moer os resíduos de tijolo e argamassas, embora custe apenas vinte por
cento do custo de areia, terá que ser obrigatório por lei, ou pela prisão ou multa dos
responsáveis, ao invés de assumido conscientemente pelos construtores?

Devemos na fase de projeto atentar para preservamos o meio ambiente sem


comprometimento da qualidade da vida do cidadão e do mundo.

Metrologia – Os instrumentos de medição deverão estar devidamente calibrados, e


adequados às grandezas a serem medidas/determinadas.

Os equipamentos utilizados nos procedimentos construtivos, em verificação de serviços


e ensaios, deverão ser operados conforme procedimentos, e os operadores treinados e
adequadamente capacitados.

Qual o custo desse controle? É a pergunta que todos fazem. Para a Construção Civil,
não representa mais que três por cento do custo da obra, propiciando, ainda, uma

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economia de, pelo menos, dez por cento, pela redução de perdas, da manutenção e
atendimento às reclamações pelos famosos cinco anos de responsabilidade, ditados
pelo Código Civil, At. 1245, conferindo melhor conceito ao nome da Construtora.

Deveremos realizar todos os ensaios para reduzir o risco a zero? Não! São muitas as
causas possíveis de falha, em cada material ou serviço. No entanto, se classificarmos
essas causas, pela sua freqüência de ocorrência, veremos que poucas causas,
somadas, perfazem, em geral, cerca de 90% delas.

Assim, se analisarmos em cada serviço ou material, as causas de ocorrências de


falhas, e suas freqüência, poderemos determinar os poucos ensaios que,
obrigatoriamente, devem ser realizados, para reduzirmos rapidamente as causas das
citadas falhas. É a econômica e a famosa Lei de PARETO, reproduzida, para melhor
compreensão, no gráfico a seguir:

Portanto se colocamos pequeno esforço no controle de duas ou três causas, ou tipos


de defeitos, em cada material ou serviço, poderemos reduzir cerca de noventa por
cento deles.

Para tomar a Garantia da Qualidade econômica cumpre:

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1. Determinar em cada fase, do projeto, especificação, suprimento, mão-de-obra,
execução, controle, serviço, operações e manutenção os 4 ou 5 itens de maior
incidência de erros (80 a 95% de freqüência – Lei de Pareto);

2. Exercer sobre estes itens 95% dos esforços deixando para os demais itens 15 a
20, apenas 5% dos esforços;

3. Reavaliar permanentemente a curva de custo-benefício do controle da qualidade;

4. Saber que a baixa qualidade ou excesso de qualidade dão prejuízo;

5. Determinar o ponto que a garantia da qualidade oferece o máximo lucro, não


esquecendo nunca que Qualidade é a melhor forma de atender aos desejos do
consumidor e depende da utilização e preço.

O desafio da modernidade só pode ser vencido através de seriedade, competência e


dignidade.

SERIEDADE – fator psicológico ou mental


COMPETÊNCIA – fator técnico
DIGNIDADE – fator moral

Fonte:

▪ Controle Total da Qualidade ou Falência da Construção Civil – autor Luiz


Alfredo Falcão Bauer.
▪ A Garantia da Qualidade para o Desenvolvimento Industrial – autor Luiz
Alfredo Falcão Bauer
▪ Como se Prevenir Contra Materiais fora de Norma - autor Luiz Alfredo
Falcão Bauer
▪ Controle de Qualidade para Analfabetos - autor Luiz Alfredo Falcão Bauer
▪ Qualidade e Produtividade na Construção Civil - autor Luiz Alfredo Falcão
Bauer
▪ Controle da Qualidade na Indústria da Construção Civil, Produtividade o
Código de Defesa do Consumidor - autor Luiz Alfredo Falcão Bauer.
▪ Qualidade, por que não funciona? Artigo publicado na Revista Inovação nº
12, mês de maio de 1993 – autor Philip Crosby.

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