INTRODUÇÃO
Difícil ocorrer uma situação em que você se depare com duas peças ou
equipamentos, em que uma custe o dobro da outra e não lhe traga o dobro das vantagens. A
única questão é se você pode ou quer arcar com o ônus e se aquela determinada vantagem
lhe é interessante no momento.
Uma das perguntas mais freqüentes que os iniciantes fazem, é quanto tempo se
demora para aprender a pilotar o modelo. A resposta é a seguinte: Depende muito da pessoa
e do treinamento teórico que se tem.
Há casos de pessoas que saem voando após 5 ou 6 vôos, e há pessoas que levam um
ano para fazer o vôo pairado. Mas apenas como média, pode-se dizer que cerca de 15 vôos
serão suficientes para se pairar com uma certa segurança e ensaiar os primeiros vôos.
Esta apostila é uma tentativa de auxiliá-lo a galgar por entre caminhos nem sempre
muito animadores, mas cuja transponência se faz necessária para a obtenção de êxito. Saiba
que a quebra faz parte do aprendizado, mas por você estar iniciando, cheio de vontade e
curiosidade, deve evitar ao máximo que uma “lenha” ocorra. Mas se ocorrer - e é bem
possível, não desanime.
Com os aeromodelos gastamos parte preciosa de nosso tempo e dinheiro, sendo que
nenhum de nós o faz para jogar fora e nem espera que isso aconteça tão cedo.
Se você quebrou seu trainer recém comprado ou aquele modelo um pouco mais
avançado que tanto queria e está decepcionado, imagine a sensação de um campeão ao ver
seu avançadíssimo modelo milimetricamente trimado indo para o chão! Não é fácil, mas faz
parte.
Esta situação, quando ocorre, tem de ser encarada como uma fase, um degrau, que
mesmo não sendo gostoso, deve ser superada como condição inevitável e inerente à prática
do hobby.
Para aqueles que estão começando, os manicacas, vale dizer que o risco de quebra
aumenta proporcionalmente à situação de abuso, de ousadia com que se voa. Aqueles
extremamente cautelosos tendem a ter o modelo por mais tempo. Entretanto, quem não
arrisca não aprende e mais cedo ou mais tarde o modelo quebra, seja por erro do piloto, seja
por uma falha qualquer. Então o risco e a necessidade de aprendizado devem ser colocados
na balança, com cada um extraindo a razão que mais lhe convém.
Toda manobra nova pode ser realizada com segurança, e com um planejamento
cuidadoso, o que inclui altura, comandos a serem dados, treino em simulador, modelo
escolhido, etc... Os conselhos de modelista mais experientes sempre são válidos.
AINDA EM CASA
Assim sendo, se, por exemplo, o modelo está se movendo para a esquerda e você
deseja que ele vá para a direita, é necessário dar um tanto de comando suficiente para frear
o movimento à esquerda, mais o comando para a direita, sendo necessário começar a
neutralização dos comandos antes que o modelo pare, ou ele irá começar a se mover no
sentido oposto. A analogia que se pode fazer a este retardo é a de um carro correndo e
realizando curvas na lama.
A TEORIA DE VÔO
Por ser o helicóptero uma máquina complexa, creio que a maneira mais prática de se
iniciar o aprendizado, é com uma leve introdução à teoria de vôo. A experiência tem
demonstrado que aqueles que têm as noções básicas de vôo multiplicam suas chances de
êxito durante o aprendizado e reduzem seu tempo. Assim sendo, procure apreender as
informações que a seguir se expõe, otimizando seu tempo.
A impressão que a maioria das pessoas tem antes dos primeiros contatos com
helicópteros, é a de que eles pairam no ar por si sós, ficando inertes. Mera impressão. Na
realidade, sempre que se vê um helicóptero totalmente pairado no ar, o piloto está mexendo
nos comandos o tempo todo.
Isto ocorre devido à própria instabilidade do ar, que ao ter densidades, velocidades e
temperaturas diferentes, altera naturalmente a atitude do modelo, seja para os lados, frente e
trás, ou até mesmo para cima e baixo, resultando em movimento.
Agora, imagine que um modelo está pairado, sem subir nem descer. Para que ele se
sustente em vôo, é necessário que a sustentação do rotor vença a força da gravidade.
Suponhamos, por razões didáticas, que a potência utilizada para a sustentação do
vôo pairado seja 50%. Isto significa dizer que, ao se acelerar o modelo até 49% ele não se
sustentará em vôo pairado, certo? Certo.
Agora, imagine, que o modelo paira com seus 50% de potência a aproximadamente
1 metro do solo. Agora, você começa a picar suave e singelamente o modelo, pouco a
pouco. Ele começará a escorregar e ganhar velocidade para frente e, mesmo sem que se
aumente a potência, ele irá correr e ganhar altura, num vôo normal e corrido. Por que será
que isto ocorre?
Isto posto, é de se concluir que, se o modelo tiver potência para pairar (sair do
chão), certamente terá potência para voar. Mas não é tudo, esta teoria vai muito além...
Você certamente utilizará estes conceitos básicos em todos os vôos, notadamente nos
pousos e situações de emergência como perda e ou redução de potência e auto rotações, isto
sem mencionar quando você começar a realizar manobras, vôos de Hot Dog, e etc.
No exemplo supra, demos a altura de um metro para que observássemos tais efeitos.
Esta altura não foi escolhida ao acaso. Foi escolhida por ser próxima do que você tentará
ensaiar em seus vôos. Vale lembrar que, quanto mais sutil for este trabalho de “troca” de
picada por velocidade, menos altura se perde.
Idéia oposta a essa, é a que se utiliza durante o “flare” (troca de velocidade por rotação de
rotor e frenagem), nos pousos e auto-rotações. Nestas situações o que se faz é trocar a
velocidade por disparo do rotor e sustentação, fazendo uso dos meios que se tem
disponíveis, excluindo-se a potência, senão vejamos:
Tomemos por exemplo um modelo em vôo reto horizontal estabilizado com toda
potência a uma velocidade de 80Km/h. Em dado momento se reduz a potência para 20%. O
modelo começa a descer devido à redução do passo. Com a aproximação do solo, você
cabra, o que até certo ponto atenua a descida e ao mesmo tempo diminui a velocidade.
Ótimo, pois para um pouso seguro deve-se pairar o modelo (velocidades verticais e
horizontais iguais à zero). A seguir aplica-se coletivo novamente, sustentando-se o pairado,
ou pousando. A velocidade - que ao se cabrar foi trocada por sustentação e rotação -
somente sustenta o modelo até o ponto em que o arrasto frontal oferecido pela inclinação
do disco do rotor for maior do que o peso resultante da diferença da potência mínima de
vôo pairado pela potência ainda oferecida. Ou seja, 50% necessário para se pairar - 20%
potência a que se reduziu o motor = 30% sustentação mínima necessária para se manter a
altitude que deve ser conseguida com o aumento do ângulo de ataque do modelo ao se
realizar o flare.
A partir do ponto em que por mais que se cabe não se consegue manter a altura, o
único recurso disponível é o de se aumentar a potência (até 50%) - que aumenta
automaticamente o passo - e picar o modelo até nivelá-lo. Se não se nivelar o modelo, e o
passo for aumentado (stick da potência), o modelo irá se mover em marcha-à-ré, além de
perder rotação e sustentação.
Os helicópteros são máquinas incríveis, com uma teoria vasta, mas quando se
dominam as regras do seu vôo, os resultados são ilimitados. Por didática, não me
aprofundarei mais, por enquanto.
Todos nós temos uma primeira vez... Uma primeira vez para tudo, eis que quando
nascemos, nada sabemos, salvo nossos instintos. Com os helimodelos a estória se repete.
Por alguma razão parece ser quase indecifrável a linguagem proposta pela maioria
das fontes de informação da matéria e, os manuais, via de regra parecem fazer questão de
complicar e dissuadir a compreensão do iniciante ao invés de auxiliá-lo.
Para início de conversa é bom dizer que para uma convivência pacífica com seu
heli, sem sustos indesejados, nos primeiros vôos de um modelo novo é necessário que
você padronize uma determinada sequência de checagem de seus componentes, como
segue:
2) Partida: O trimer do motor deverá estar na posição correta para partida e ou se for
o caso de seu controle remoto, que a chave do “throttle cut” -que desliga o motor- esteja
desativada.
3) Vôo pairado: Verifique se a regulagem está correta, se não estiver, corrija-a. Para
os primeiros vôos pairados deve-se regular o passo do pairado, juntamente com a curva
do motor, e após, a curva da cauda. Não se esqueça da agulha motor, que se for novo,
deverá estar um pouco mais aberta que o normal para até que se dê o amaciamento
completo das partes móveis.
5) Agora que o mínimo para que se sustente o vôo pairado está feito é hora de se
regular os passos máximo e mínimo, bem como através das curvas de motor e passo,
certificar-se de que o modelo paira à meio stick de potência. O passo máximo é
reconhecido como aquele ponto em que apesar de se aplicar de uma vez toda a potência
em vôo pairado, o motor mantém seu fôlego com a rotação do cabeçote elevada.
6) Regulagem fina da curva do passo: É com essa regulagem que se torna possível
realizar um vôo pairado bem estável, sem oscilações de altura. É conseguida por meio de
pontos com pouca diferença de altura entre si.
7) Ajuste do throttle hold. É aquela chave que uma vez acionada mantém o motor na
marcha lenta independentemente da posição do stick do coletivo. Isto deverá ser
realizado ainda no solo e de preferência no local da partida, já que para tanto o motor
poderá morrer algumas vezes. Após o ponto da lenta ajustado, deve-se proceder às
regulagens de passo máximo e mínimo no throttle hold. Note-se que algumas destas
regulagens podem não ser disponíveis nos rádios mais simples.
8) Iddle up: É aquela chave de condição que usa para realizar manobras acrobáticas,
como loopings, rolls, dorso, etc... Para tanto, o motor deverá acelerar nas duas
extremidades do stick quando a chave estiver acionada, bem como a cauda deverá
compensar o torque também nos dois extremos do curso do stick. Os passos máximo e
mínimo deverão ser os mesmos da condição normal.
De forma geral, a cada vôo devem ser rechecados todos os parafusos quanto ao seu
aperto e ou eventuais folgas anormais.
Em modelos usados, devem ser corrigidas todas as folgas nos links, bailarina,
comandos, balancins, eixos, rolamentos, etc. Lembre-se que folgas tiram toda a precisão,
rapidez e eficácia das respostas dos helimodelos, representando verdadeiro perigo à sua
operação. Se um link do cabeçote se desprender, poderá ocorrer um acidente de
proporções desastrosas...
Em modelos novos, deve-se ter cuidado redobrado com a operação do motor, pois
muitas vezes durante os vôos de amaciamento podem ocorrer cortes súbitos, causando a
necessidade de se realizar auto-rotações em caráter de emergência. Bem por isso, evite
voar na “curva do homem morto”, que é aquela situação em que a altura e a velocidade
linear são insuficientes para se realizar auto-rotações com êxito. Para manter-se fora
desta crítica condição, procure voar com sobra de altura e velocidade. Quando tiver de
baixar o modelo, procure fazê-lo com velocidade, deixando para frear apenas à cerca de
um metro de altura. Esta mesma altura deverá ser mantida para os vôos pairados.
Em assim sendo, quando for realizar aquelas subidas abruptas para regular o passo
máximo (item 5 supra), faça-o com sobra de altura inicial e aos poucos, tornando
possível eventuais picadas à frente para se ganhar velocidade linear no caso de eventuais
auto-rotações.
Numa palavra final sobre o assunto, lembre-se que a maior parte dos defeitos e
falhas mecânicas pode ser evitada através de uma criteriosa revisão prévia, mesmo porque,
via de regra eles se fazem anunciar, seja por vibrações aparentes ou ruídos característicos...
Sempre que você desconfiar que algo está errado, pare e cheque o modelo, não insista em
voar um modelo ruim, ou com sinais de falha. Helimodelos não admitem desleixo por parte
da manutenção, tanto prévia como corretiva.
Ainda, no caso de um primeiro modelo que você montou, mais vale levá-lo a algum
modelista mais experiente para certificar-se de que tudo está correto, do que arriscar
tomar um prejuízo e um susto.
NO CAMPO DE VÔO
O ponto crítico do controle da cauda, é que se o modelo está à sua frente e virado
para o seu lado direito, e você der comando de cíclico para a sua direita, o modelo virá para
cima de você. Esta situação ilustra a inversão de comandos que ocorre sempre que o
modelo muda de proa. No começo parece meio complicado, mas com o tempo isto é que
será divertido em se pilotar helimodelos.
Desta forma, sempre que a cauda quiser “escapar”, procure controlá-la, mantendo o
modelo sempre de ré para você. Isto é muito importante quando se ensaia os primeiros
vôos. O primeiro eixo que você deve se preocupar em controlar é o vertical (comando de
leme)!
Com seus primeiros vôos, o mais importante é sentir a eficiência dos comandos, sua
intensidade, sensibilidade. Assim, o que se deve fazer, é, com o modelo de “costas” para
você, elevá-lo cerca de 10 a 15 cm do solo. Caso a cauda ou modelo todo escorregue e você
não consiga controlá-lo, abaixe o stick da potência suavemente para que ele volte ao solo.
Desta forma, o modelo pousa, sendo possível colocá-lo novamente no ponto de partida
carregando-o.
Como já dito, o helicóptero é uma máquina inercial, então aplique comandos leves e
contínuos. Desta maneira, o vôo fica mais bonito e controlado. Especialmente em modelos
com motor 0.30, a ação de comandos bruscos gera mais danos que benefícios, devido à sua
reduzida potência. Além disso, com comandos suaves, o tempo para eventuais correções é
maior, gerando mais segurança. Um comando errado dado de forma suave e proporcional é
mais fácil de ser corrigido. Não são admissíveis comandos bruscos em helimodelos quando
se está aprendendo.
Antes de cada dia de vôo, procure passar e repassar mentalmente cada comando a
ser dado e como as coisas ocorrem teoricamente. Este trabalho mental é de suma relevância
para se apurar os reflexos. Vale frisar que durante todo o tempo, a calma deve ser mantida,
pois o pânico causa apenas comandos errôneos e eventualmente a ausência de qualquer
comando, podendo resultar em acidentes.
Quem não tenta, não aprende. Quem não aprende, quebra por não saber...
A MANUTENÇÃO PREVENTIVA
O Equipamento e a Preparação
Os Links:
Cada tipo de Link do seu helicóptero tem um comprimento diferente e cada grupo
tem que ter comprimentos rigorosamente iguais.
Se não sabe as medidas e não tem o manual, peça um a quem lhe vendeu o modelo
ou copie de algum amigo que tenha um modelo igual.
Se for difícil enroscar as peças, agarre o eixo pelo meio com um alicate, protegendo-
o com um pedaço de pano ou de papel.
Nunca utilize, seja que peça for, dentro dos furos para ajudar a manobra. Pode
estragar o plástico (existem ferramentas específicas para esse trabalho em lojas
especializadas).
Não se preocupe com a medida. Tire a peça e deixe o paquímetro como está.
Os outros links que tenham que ser do mesmo comprimento, serão trabalhados até
entrarem precisamente onde esteve o primeiro.
O Flybar
Pegue num dos Paddles (as peças plásticas do Flybar) e aperte duas ou três voltas no
eixo.
Agarre o eixo com um alicate protegido por um pano e aperte o Paddle até que a
rosca entre totalmente. Continue a apertar mais duas ou três voltas.
O bordo de ataque deve ficar virado para o lado do sentido de rotação do rotor (hoje
a maioria dos modelos tem o sentido de rotação horário, neste caso, o bordo de ataque deve
ser virado para o lado que você vê na imagem).
Afinar a Cabeça
O Medidor de Passo
Esta é uma simples, mas muito eficiente ferramenta que vai nos servir para medir os
ângulos de ataque (o passo) das pás do rotor principal.
Vai ter mesmo que a comprar. Você pode encontrá-la com facilidade nas boas casas
de aeromodelismo.
Recapitulando:
DICA:
Como você é um principiante, convém-lhe que a cabeça do rotor esteja afinada para
ângulos de ataque entre DOIS graus NEGATIVOS (-2º) e um máximo de DEZ graus
POSITIVOS (10º).
Neste caso e a meio do curso (nos 4º) os braços dos servos devem estar também a
meio do curso, ou seja, com um angulo de 90º em relação à vertical (veja imagem abaixo).
Se for um piloto experiente e já voar (por exemplo) com passos entre os 5º negativos e
os 9º positivos, então, e se a matemática não me falha, o meio do curso terá que ser nos
2º positivos.
Prenda o Medidor de Passo em uma pá, acerte e fixe o cursor nos 4 graus positivos. Agora
retire o espaçador e ligue a eletrônica ( transmissor primeiro e depois o receptor )
Verifique se:
Solte os braços dos servos tendo o cuidado de não deslocar o prato cíclico. Agora já
tem a certeza que com o coletivo a meio, os servos estão perfeitamente a meio curso.
Encaixe os braços dos servos e aperte firmemente os parafusos.
A Eletrônica no Helicóptero
Os comandos A programação
Aqui é que a coisa começa a ficar complicada e com certeza muito importante para
o sucesso de seu helimodelo. Não que seja qualquer coisa de difícil, mas não sei bem por
onde começar. Talvez começando por lhe apresentar o Transmissor, o Receptor e fazer uma
descrição da multidão de comandos que tem à sua disposição e isto na perspectiva de que é
um principiante e ainda não necessita de comandos avançados. Chegaremos lá mais tarde.
Transmissor
Receptor
Como temos que começar por qualquer lado, vamos aos STICKS:
STICK G Atua no prato cíclico inclinando-o para os lados, para a frente e para trás.
(setas verdes)
Os Botões
Usa-se para afinar a potência ligeiramente antes, durante e depois do meio (o ponto
de pairado) canal 3 (motor)
Botão Q Ajuste do passo no pairado. Este botão opera da mesma maneira que o
controle do acelerador para o pairado e permite um retoque externo no ajuste do passo para
o pairado (cerca de 5º positivos). Tal como o do acelerador (botão A), opera nos dois
quartos intermediários da curva de passo.
Deve estar a ZERO quando das afinações gerais e apenas deve ser retocado para
acertar de uma forma "fina" o regime de rotações que o fabricante da máquina indica
para o pairado. canal 6 (pitch)
Os Interruptores
COMANDO DESCRIÇÃO
1 - Se tiver o cabo trainer (cabo para treinamento) ligado, serve para o instrutor
passar os comandos ao aluno.
2 - Serve para desligar o motor (throttle cut) quando o motor está em marcha lenta.
Interruptor P - Trottle Hold - Quer dizer acelerador preso e faz isso mesmo. Retira a
função aceleradora do stick (L) mantendo apenas a função de controle do coletivo e prende
o acelerador numa dada posição predefinida pela programação.
SERVOS
Isso soa a chatice, mas se gastar alguns minutos para perceber como funcionam,
pode evitar uma grande quantidade de tempo desperdiçado ao tentar afinar um helicóptero.
Claro que os sistemas de linkagem do seu modelo podem ser muito mais complexos
que estes esquemas simplificados. Para começar, o servo e os braços de controle podem
girar em planos diferentes o que torna mais difícil perceber como o conjunto deve
funcionar. O controle pode passar através de vários links e braços antes de chegar à peça
que queremos controlar.
Como primeira regra temos que, com o servo no meio de seu curso, as varetas dever
fazer ângulos retos (90º) com os braços.
Não há nenhuma desculpa para não colocar o braço no servo perfeitamente direito.
Os braços permitem um ajuste realmente fino. Examinando um servo da JR por exemplo,
vemos que têm um encaixe ranhurado para o braço, com 25 dentes no veio de saída. Vamos
supor que necessitamos de usar uma estrela de seis braços no servo. Se você mover a
estrela uns quatro pontos na ranhura você move-a 4/25 de uma volta, ou seja, 57,6 graus. Já
que os braços são separados 60 graus o movimento eficaz da estrela é apenas de 60-57,4 ou
2,4 graus. Isto é somente 3% do movimento total do servo. O fator principal ao selecionar o
comprimento do braço do servo é naturalmente o movimento que necessitamos que ele
faça.
Escolha braços com o maior comprimento que possa usar. Isto significa que as
forças exercidas sobre todas as varetas, esferas de ligação e nos rolamentos de saída do
servo serão minimizadas. Usando braços longos você também minimiza o desgaste dos
rolamentos ou dos links e diminui a flexão na estrutura do helicóptero. Assim, mesmo no
caso do link do acelerador use o furo mais distante do centro.
Claro que o ajuste dos seus links dependerá completamente das potencialidades do
seu rádio. Os rádios computadorizados têm as facilidades que tornam a vida mais fácil, mas
um rádio poderoso não deve ser visto como um substituto de um trabalho cuidadoso no
ajuste dos links. Penso que o melhor caminho é ajustar os seus links mecanicamente com o
rádio nas posições centrais e depois usar as potencialidades do rádio para os ajustes finos.
Se você tiver um rádio computadorizado, com grandes possibilidades de afinação como
"travel" (controle de fins de curso) trimmers e outras bruxarias, poderá fazer um ajuste
extremamente fino e independente para cada servo e com qualquer comprimento de braço.
A possibilidade de controlar o movimento do servo de uma forma "exponencial" pode ser
usada para compensar quaisquer não linearidades do sistema.
O "exponencial" também pode ser usado para suavizar os comandos na parte central
do curso e torná-los rápidos e ríspidos nos extremos, mas não há nada como ter o
helicóptero com a melhor afinação possível em termos mecânicos e usar a eletrônica para
os ajustes muito finos.
GIROSCÓPIOS (GYROS)
Para qualquer ação existe uma reação de igual força e de sentido contrário.
E que diabo quer dizer isso? - Quer dizer que sem esse fenômeno não podíamos ter
aviões a jato, ou seja, aviões a reação. Não podíamos ter isso nem muitas outras coisas.
Provavelmente nem podíamos ter universo... Você pode experimentar facilmente as
conseqüências dessa lei de uma forma muito simples.
- Faça assim: Antes de ligar a sua furadeira elétrica à tomada de energia elétrica,
ligue e trave o gatilho. Coloque-a em cima de uma mesa e sem a segurar ligue o plug na
tomada. Surpresa... A furadeira desatou a rolar aos saltos pela mesa à fora.
Aí está a terceira lei de Newton a trabalhar. Se o corpo da furadeira não estiver fixo‚
é impossível fazer com que a broca abra um furo. Se não acredita, pergunte a um
mergulhador ou a um astronauta a complicação que é abrir um buraco com uma furadeira
que está agarrada por um corpo, preso a nada. Se, pelo contrário, tiver uma furadeira
poderosa, o corpo bem firme,, mas a broca prender no furo que está abrindo, a terceira lei
de Newton poderá quebrar-lhe um pulso.
Experimente tirar uma das rodas da bicicleta. Coloque um varão a servir de eixo,
agarre-o com as duas mãos de forma que a roda fique vertical e peça a alguém para girá-la.
Experimente então deslocá-la para a horizontal. Quanto maior for a rotação, ou maior for o
peso (a massa) da roda, mais força vai ter que fazer. Aí tem o efeito giroscópico.
Um corpo em rotação resiste a que lhe alterem a posição.
Bem, um helicóptero é uma espécie de furadeira elétrica, só que em vez de ter uma
broca aplicada ao motor, tem um rotor, que é um conjunto de pás a que se pode variar o
ângulo de ataque ao ar, ou seja, pode-se variar a pressão que essas pás fazem contra o ar.
O rotor de cauda.
Vamos supor que o nosso helicóptero está parado em pleno ar, e que para isso
estamos aplicando ao rotor principal uma força de 3 quilos. Isso quer dizer que o corpo da
máquina está sujeito a uma força de torque de três quilos e que temos que a contrariar com
o rotor de cauda.
Não há problema algum. É só fornecer força ao rotor de cauda de forma que este
desloque uma coluna de ar com três quilos. O motor e umas engrenagenzinhas conseguem
isso com toda a facilidade. Depois é só acertar o ângulo com que as pás fazem força no ar
(o passo) de forma a conseguir os três quilos na direção em que estão fazendo falta.
Aí está a nossa máquina no ar, imóvel com a cauda apontada para nós, ou seja, está
em vôo pairado.
O problema é que, a seguir, vamos ter que subir ou descer a máquina. Para
conseguir isso, variamos o passo do rotor principal e com ele variamos o torque e aí está o
corpo da maquineta a rodar no ar. Se subirmos o helicóptero o corpo roda para um lado se o
descermos, roda para o outro.
É aborrecido, mas tem solução. Tal como fizemos no rotor principal, temos que
controlar o passo do rotor de cauda. Até é útil, pois assim podemos dar direção ao nosso
helicóptero que antes disso não a tinha.
(Se alguém lhe disse que um helicóptero é uma máquina fácil, enganou-o).
O primeiro problema é que só temos duas mãos. Nos helicópteros grandes o passo
do rotor de cauda é controlado com os pedais, mas no nosso caso precisamos dos pés para
os manter imóveis no campo de vôo, e já temos as mãos bastante ocupadas. O segundo
problema é que, a máquina vira-se e revira-se no ar rápida que nem um relâmpago e fica
quase perfeitamente incontrolável.
É aqui que entra o nosso giroscópio. Os modelos mais antigos, eram
mecânico/eletrônicos e funcionavam com um pequeníssimo motor que fazia girar umas,
também pequeníssimas, “rodas de bicicleta” que, através da parte eletrônica, enviava
informações para os servos que controlam o passo da cauda.
Os giroscópios mais simples apenas param a rotação, mas não repõem a máquina na
direção anterior. No entanto já há giroscópios totalmente eletrônicos que o fazem, tornando
a máquina perfeitamente insensível aos efeitos direcionais do vento, são os chamados
“Heading Lock” ou “trava-cauda” ou ainda “trava-proa”.
A montagem do Kit
Dicas
1. Leia cuidadosamente todo o manual antes de começar a tirar as peças dos sacos.
2. Assegure-se que todas as peças vieram na caixa e nos sacos. Verifique se você
tem as ferramentas próprias para a montagem.
4. Passe Loctite Azul (torque médio) em todos os parafusos que apertem em metal
(não é necessário exagerar na quantidade de cola (trava rosca)).
5. Tenha muito cuidado para que rolamentos e partes móveis não sejam
contaminados com a cola (trava rosca).
11. Não lubrifique os eixos do Rotor Principal e do Rotor de Cauda. O óleo vai fixar
poeira e provocar arrasto das peças. Limpe-os bem com um pano embebido em álcool.
13. Verifique se o tubo do Rotor de Cauda (Tail Boom) está bem fixo nas duas
extremidades e que tem os parafusos de segurança apertados.
15. Monte o giroscópio com fita dupla face de 2 mm, o mais próximo possível do
eixodo Rotor Principal. Verifique se nada toca no giroscópio e deixe uma boa folga nos fios
para que estes não tenham possibilidade de ficar esticados.
16. Monte o receptor com os mesmos cuidados que usou com o giroscópio.
17. Verifique duas vezes todos os passos da montagem para procurar eventuais
erros.
18. Retire os braços dos servos, ligue a eletrônica e verifique se tudo se move
livremente, sem esforço e na direção devida.
19. Com a eletrônica ligada, assegure-se que todos os braços dos servos estão
rigorosamente a 90º quando os comandos da cabeça e da cauda estiverem na posição neutra
e o do acelerador a meio curso e aperte-os nos servos.
20. Quando tiver tudo montado e afinado, encha o tanque de combustível e levante
helicóptero pelo Flybar pegando-lhe pelos dois lados junto à cabeça. Verifique se a máquina
está equilibrada, com uma ligeira tendência para pôr o “nariz” em baixo. Se não estiver,
modifique a posição da bateria até conseguir esse equilíbrio. Em casos extremos ponha
pesos.
Vibrações e colas:
Mesmo que não veja qualquer vibração quando a sua máquina estiver voando, ela
está lá e a pior é aquela que não se vê. É a maldita vibração de alta freqüência e, pode
acreditar que, mais cedo ou mais tarde (provavelmente mais cedo), um ou vários parafusos
vão desapertar-se e muito possivelmente desaparecer, portanto:
1 - Todos os parafusos que enrosquem em metal têm que levar cola trava rosca
(Loctite) quando são apertados.
2 - Todas as porcas que não sejam auto-travantes têm que ser coladas com Loctite.
Em termos de colas, a marca mais usada é sem dúvida a Loctite. Para comprá-la use como
referência às cores das colas.