A Rede DLIS
A Rede tem como missão “Afirmar os direitos humanos como estratégia de luta por
políticas públicas com participação popular para o desenvolvimento local.” E sua visão
compreende a construção “Um território onde sujeitos de direitos afirmam
cotidianamente direitos humanos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, usufruem
plenamente do direito à cidade, e valorizam sua trajetória de lutas permanentes,
pautadas na autonomia política e na emancipação humana.”
Princípios e Valores que Orientam Nossa Prática: Solidariedade: agir com base no
respeito, na sensibilidade e no apoio às causas coletivas, sociais e comunitárias, no
Grande Bom Jardim e outros territórios da cidade; Respeito à diversidade: fazer com
que as diferenças não sejam empecilhos para o diálogo, para a construção de relações
éticas, democráticas e para a participação social, independente de raça/etnia, gênero,
orientação sexual, credo e opção partidária; Participação Democrática: exercitar
constantemente o direito de participar das decisões políticas fundamentais que afetam
nossa vida. Autonomia Política: Reconhecer-se como sujeito político frente a outros
sujeitos políticos da cidade, seja no âmbito do Estado, seja na sociedade civil,
reafirmando nossa autonomia na afirmação de nossas posições políticas em defesa dos
direitos humanos. Transparência: estabelecer relações claras, públicas, tanto no
processo político como no uso dos recursos.
Anunciando seus valores que orientam as práticas e a atuação política da Rede, e tendo
em vista o período eleitoral e nossa missão de propor e monitorar políticas públicas, a
Rede volta-se aos/às candidatos/as, que se alinhem a estes valores e defesas, no sentido
de se comprometerem com a agenda aqui proposta. Os que de acordo estão e não atuam
politicamente orientados contra eles, estão aptos e convidados a serem signatários deste
documento.
Compromissos fundamentais
Pela vida das crianças, adolescentes e jovens, com dignidade, cidadania e sem
violência
Por estar de acordo com presente Agenda, comprometo-me, sendo eleito (a), a agir
politicamente, a partir das prerrogativas do cargo ao qual pleiteio, com especial atenção
nos processos legislativos e na elaboração dos orçamentos públicos, a promovê-la e
realiza-la em constante diálogo com a Rede DLIS e outros atores da sociedade civil.
Assinatura:_____________________________________________________________
Nome:_________________________________________________________________
Cargo:_________________________________________________________________
O Grande Bom Jardim (GBJ) possui uma vida intensa, uma população jovem
ativa e participante que expressa a ampla diversidade que é a cidade de Fortaleza. Os
bairros da região são lugares de gente trabalhadora, que constroem a Fortaleza e o Ceará
a cada dia, com firmeza e muito esforço. Estes bairros possuem uma ampla população,
sobretudo de jovens, gente ativa e criativa, que inventa política, cultura, arte e esporte
mesmo sem possuir as oportunidades a que tem direito.
Mesmo com toda a vida que pulsa e resiste o Grande Bom Jardim sempre foi
castigado com os efeitos e o peso da desigualdade que marca a realidade brasileira, e
com acentuada expressão da cidade de Fortaleza. Dos 10 bairros com menor renda da
cidade, cinco estão no GBJ.
As doenças mais recorrentes no Grande Bom Jardim são incluídas no rol do que
as instituições internacionais chamam de “doenças de pobreza”, ou seja, doenças
ligadas a privações que uma população pobre pode ter, em razão, em grande medida, da
baixa qualidade do acesso a condições ambientais e infraestruturais nas grandes cidades.
Para o UNICEF, a difteria, hanseníase, coqueluche, tétano, sarampo, paralisia infantil e
tuberculose são consideradas doenças da pobreza, algumas destas, com ocorrência
significativa na parcela infantojuvenil da população e se manifestam com mais
frequência nos bairros da região.
A educação é outra área que merece atenção de todos nós. Temos altas taxas de
analfabetismo, variando entre 12% a quase 15% da população com 05 anos ou mais. A
qualidade da infraestrutura das escolas, da merenda escolar, o projeto pedagógico pouco
atrativo e a grande evasão escolar são igualmente preocupantes.
Ao longo das últimas duas décadas, o GBJ também passou a ser território
periférico exemplar para práticas e políticas públicas de segurança. Foram três políticas
públicas testadas no território sem a produção de efeito capaz de frear o crescimento dos
homicídios. As políticas foram: Ronda do Quarteirão, Pronasci – Território de Paz e
Ceará Pacífico.
O território possui 8,3% da população da cidade e acumulou uma porcentagem
de homicídios maior proporção da população geral de Fortaleza. De 2007 a 2017,
estima-se mais de 1800 homicídios na região, uma tragédia sem precedentes, um
verdadeiro campo aberto de conflitos armados. Vitimando mais adolescentes e jovens,
destes, quase 60% encontravam-se entre 10 e 29 anos, a maioria do sexo masculino e de
negros. Enquanto a Organização Mundial de Saúde parametriza que 10 homicídios por
100 mil habitantes é epidêmico, em 2014 a taxa de Fortaleza era 78,8 por 100 mil/hab,
enquanto a do GBJ era de 118 por 100mil/hab.
Ao logo dos anos, a cidade olha para o Grande Bom Jardim com grande estigma
e desvalorização, como se o território e seus moradores só pudessem ser vistos sob o
signo da violência, do crime e da ameaça. Esta percepção parece que também atingiu o
poder público, que ao invés de cuidar e implementar uma intensa agenda para enfrentar
as desigualdades e todas as condições de empobrecimento e precariedade expostos nas
informações acima, só tem sido capaz de responder com o aumento da polícia ostensiva.
Com isto, vimos nos últimos anos uma grande quantidade de ataques e casos de
violações cometidas pela polícia às manifestações de jovens nas ruas e praças, como
também aumentar os casos de mortes por intervenção policial.