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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – RS

Centro de Ciências da Saúde


Departamento de Microbiologia e Parasitologia

Livro didático – 2ª edição - 2007

Dra. Sílvia Gonzalez Monteiro


Professora de Parasitologia Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Microbiologia e Parasitologia

Este livro didático tem a finalidade de auxiliar os alunos em Medicina Veterinária no


estudo dos parasitas dos animais domésticos.
INDICE:

• Conteúdo Programático 13

• Conceitos em Parasitologia 17

• Tipos de Parasitos 17

• Tipos de Hospedeiros 18

• Tipos de Ciclo dos Parasitos 18

• Especificidade dos Parasitos 18

• Ação do Parasito sobre o Hospedeiro 18

• Períodos de Parasitismo 19

• Classificação dos Seres Vivos 19

• Regras Internacionais de Nomenclatura Zoológica 20

• Filo Arthropoda 22

• Classe Arachnida 23

• Ordem Acari (Acarina) 24

• Subordem Mesostigmata 24

• Família Dermanyssidae 24

o Gênero Dermanyssus 24
• Família Macronyssidae
25
o Gênero Ornithonyssus
26
• Família Laelapidae
26
o Gênero Laelaps
26

• Família Macrochelidae 27

o Gênero Macrocheles 27

• Família Varroidae 28

o Gênero Varroa 28

• Família Raillietidae 29

o Gênero Raillietia 29

• Subordem Metastigmata (Carrapatos) 30


• Família Ixodidae (carrapatos duros) 30

o Gênero Rhipicephalus 33

o Gênero Boophilus 35

o Gênero Amblyomma 37

o Gênero Anocentor 38

• Família Argasidae (carrapatos moles) 38

o Gênero Argas 39

o Gênero Ornithodorus 40

o Gênero Otobius 41

• Pôster Carrapatos 42

• Subordem Astigmata (sarnas) 43

• Morfologia das Sarnas 44

• Família Sarcoptidae 45

o Gênero Sarcoptes 45

o Gênero Notoedres 45

• Família Cnemidocoptidae 46

o Gênero Cnemidocoptes 46

• Família Psoroptidae 47

o Gênero Psoroptes 47

o Gênero Otodectes 48

o Gênero Chorioptes 48

• Subordem Actinedida (Prostigmata) 54

• Família Cheyletidae 54

o Gênero Cheyletiella 54

• Família Myobiidae 54

o Gênero Myobia 54

• Família Demodecidae 55

o Gênero Demodex 55

• Família Trombiculidae 57
o Gênero Trombicula, Eutrombicula 57

• Subordem Cryptostigmata 58

• Família Oribatidae 58

• Classe Insecta 59

• Classificação dos insetos 64

• Ordem Phthiraptera (Piolhos) 65

• Subordem Amblycera (Antenas escondidas) 66

o Gênero Menopon 67

o Gênero Menacanthus 67

o Gênero Heterodoxus 68

• Subordem Ischnocera (Antenas livres) 68

o Gênero Trichodectes 68

o Gênero Bovicola 69

o Gênero Felicola 69

o Gênero Goniodes 69

o Gênero Lipeurus 70

• Subordem Anoplura (Picadores - Sugadores) 70

o Gênero Pediculus 70

o Gênero Pthirus 72

o Gênero Haematopinus 73

o Gênero Linognathus 74

• Pôster Piolhos 76

• Ordem Hemiptera 77

o Família Reduviidae (Barbeiros) 77

• Gênero Panstrongylus 78

• Gênero Triatoma 78

• Gênero Rhodnius 79

o Família Cimicidae (Percevejos) 79

• Gênero Cimex 79
o Gênero Ornithocoris 80

• Ordem Siphonaptera (Pulgas) 82

o Gênero Tunga 83

o Gênero Ctenocephalides 84

o Gênero Pulex 85

o Gênero Xenopsylla 85

• Pôster Pulgas 87

• Ordem Diptera 88

• Classificação dos Diptera 89

• Subordem Nematocera - Classificação 91

• Subordem Nematocera (Mosquitos) 92

o Gênero Anopheles 92

o Gênero Aedes 93

o Gênero Culex 94

o Gênero Culicoides 96

o Gênero Lutzomyia 98

• Gênero Simulium 100

• Subordem Brachycera Tabanomorpha (Mutucas) 102

o Gênero Chrysops 104

o Gênero Tabanus 105

• Subordem Brachycera Cyclorrapha (Moscas) 107

o Gênero Musca 108

o Gênero Fannia 109

o Gênero Stomoxys 109

o Gênero Haematobia 110


o Gênero Cochliomyia
111
o Gênero Chrysomyia
113
o Gênero Phaenicia
114
o Gênero Sarcophaga
114
• Gênero Oestrus
115
• Gênero Dermatobia
116
o Gênero Gasterophilus
118
• Seção Pupipara
119
• Família Hippoboscidae
119
o Gênero Hippobosca
119
o Gênero Pseudolinchia
119
o Gênero Lipoptena
120
o Gênero Melophagus
120

• Filo Protozoa – Chave de Classificação 121

• Filo Protozoa (Unicelulares) 122

• Subfilo Sarcomastigophora 123


• Classe Mastigophora – Locomoção por Flagelos
124
o Gênero Tritrichomonas
125
o Gênero Giardia
126
o Gênero Histomonas
127
o Gênero Trypanosoma
128
o Gênero Leishmania
131

• Subfilo Apicomplexa 134

• Classe Sporoazida ou Coccidia 134


o Gênero Eimeria
136
o Gênero Isospora
137
o Gênero Cryptosporidium
138
o Gênero Toxoplasma
139
o Gênero Cystoisospora
137
o Gênero Neospora
140
o Gênero Hepatozoon
142

• Classe Piroplasmasida 144

o Gênero Babesia 144


• Ordem Rickettsias 147

o Gênero Ehrlichia 147

o Gênero Anaplasma 149

• Helmintologia (Metazoários) 151

• Filo Plathelmintos (Vermes Achatados) 151

• Classe Trematoda (Vermes em forma de folha) 152

o Gênero Fasciola 153

o Gênero Eurytrema 154

o Gênero Paramphistomum 156

o Gênero Schistosoma 156

• Classe Cestoda (Vermes segmentados) 159

o Gênero Taenia 161

o Gênero Echinococcus 163

o Gênero Davainea 165

o Gênero Raillietina 165

o Gênero Dipylidium 166

o Gênero Amoebotaenia 167

o Gênero Anoplocephala 168

o Gênero Paranoplocephala 168

o Gênero Moniezia 170

o Gênero Thysanosoma 171

• Filo Nemathelminto (Vermes redondos) – Chave de 173


Classificação

• Classe Nematoda 174

• Ordem Rhabditida 176

o Gênero Strongyloides 176


• Ordem Oxyurida
178
o Gênero Oxyuris
178

• Ordem Ascaridida 179

o Gênero Heterakis 179


o Gênero Ascaridia 180

o Gênero Ascaris 180

o Gênero Parascaris 181

o Gênero Neoascaris 182

o Gênero Toxocara 182

o Gênero Toxascaris 183

• Ordem Strongylida 184

o Gênero Strongylus 185

o Gênero Triodontophorus 188

o Gênero Syngamus 189

o Gênero Stephanurus 190

o Gênero Oesophagostomum 192

o Gênero Ancylostoma 194

o Gênero Bunostomum 196

o Gênero Trichostrongylus 198

o Gênero Haemonchus 199

o Gênero Cooperia 201

o Gênero Ostertagia 202

o Gênero Hyostrongylus 203

o Gênero Dictyocaulus 205

o Gênero Nematodirus 206

• Ordem Spirurida 207

o Gênero Habronema 207

o Gênero Draschia 208

o Gênero Dipetalonema 209

o Gênero Dirofilaria 210

• Ordem Enoplida 211

o Gênero Trichuris 211

o Gênero Capillaria 213


o Gênero Dioctophyma 213

• TÉCNICAS 215

• Coleta e montagem de endoparasitas 215

• Pesquisa de ectoparasitas 217

• Pesquisa e coletade ácaros produtores de sarna 220

• Técnicas helmintológicas 221

• Técnica de Willis 222

• Técnica de Hoffman 222

• Técnica de Baermann 223

• Técnica de Sedimentação pelo acetato de etila 224

• Técnica de centrífugo-flutuação 225

• Técnica de Mac Master 225

• Exame direto de fezes 227

• Coprocultura 227

• Esfregaço direto de fezes 228

• Método da gota espessa 228

• Fórmulas 230

• Exame de fezes de cão e gato 232

• Exame de fezes de ruminantes 238

• Exame de fezes de suínos 246

• Exame de fezes de equinos 251

• Exame de fezes de aves 257

• Diagnóstico dos principias protozoários 261

• Principais artefatos encontrados em exame de fezes 271


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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Os ectoparasitos devem ser entregues em


álcool 70oC, identificados com nome do
Disciplina: Parasitologia Veterinária espécime, data e local da coleta. A etiqueta
Curso: Medicina Veterinária deve ser escrita em papel de seda à lápis e
Departamento: Microbiologia e Parasitologia imersa dentro do vidro onde está o parasito.
Horas/aula: 90
Validade: a partir de 2002 Os endoparasitos devem ser fixados em Railliet-
Henry (ácido acético+formol+água),
EMENTA: Estudo morfológico, ecológico, identificados com nome do espécime, data e
biológico e sistemático dos principais parasitas local da coleta. A etiqueta deve ser escrita em
dos animais domésticos. Estudo do controle e papel de seda a lápis e imersa dentro do vidro
diagnóstico. onde está o parasito.

OBJETIVOS: PROGRAMA DA DISCIPLINA:


Oferecer aos estudantes do Curso de Medicina
Veterinária: UNIDADE I
Conhecimentos sobre taxonomia, nomenclatura,
sinonímias, morfologia, fisiologia, localização e INTRODUÇÃO A PARASITOLOGIA
hospedeiros dos parasitos dos animais - Conceito
domésticos. - Definição de Parasito
Conhecimentos sobre o ciclo evolutivo, a - Tipos de parasito
epidemiologia e a importância econômica dos - Tipos de Hospedeiro
parasitos dos animais domésticos. - Tipos de ciclos do parasito
Aplicação das técnicas de diagnóstico - Especificidade dos Parasitos
parasitológico para identificação dos parasitas - Ação do parasito sobre o hospedeiro
dos animais domésticos. - Períodos de Parasitismo

MATERIAL PARA AULAS PRÁTICAS: REGRAS INTERNACIONAIS DE


Jaleco, Agulha histológica, pinça. NOMENCLATURA
-Classificação dos seres vivos
AVALIAÇÕES: -Classificação das Espécies, Gêneros, Famílias,
Os alunos serão avaliados através de duas -Ordem e Classes.
provas (práticas, escritas e/ou orais) e
apresentação de coleção de parasitas. UNIDADE II
FILO ARTHROPODA
COLEÇÃO: 1.1-CLASSE ARACHNIDA
A coleção é composta por seis alunos. 1.1.1-Ordem Acarina
Subordem Mesostigmata
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-Família Dermanyssidae - Família Pediculidae


-Família Macronyssidae
-Família Laelapidae 1.2.2. – Ordem Hemiptera
-Família Macrochelidae a- Sub-Ordem Gymnocerata
-Família Varroidae - Família Reduviidae
-Família Raillietidae - Família Cimicidae

Sub-Ordem Metastigmata 1.2.3. – Ordem Siphonaptera


- Família Ixodidae a- Sub-Ordem Fracticipta
- Família Argasidae - Família Hystrichopsyllidae

Sub-Ordem Astigmata b- Sub-Ordem Integricipta


- Família Sarcoptidae - Família Hectopsyllidae
- Família knemidocoptidae - Família Pulicidae
- Família Psoroptidae
1.2.4. –Ordem Diptera
Sub-Ordem Prostigmata a- Sub-Ordem Nematocera
Famílias: - Família Culicidae
- Demodecidae- Demodex - Família Ceratopogonidae
- Myobiidae- Myobia - Família Simulidae
-Cheyletidae- Cheyletiella - Família Psychodidae
-Trombiculidae- Trombicula
b- Sub-Ordem Brachycera Tabanomorpha
Sub-Ordem Cryptostigmata
- Família Tabanidae
- Família Oribatidae

c- Sub-Ordem Brachycera Cyclorrhapha


1.2.- CLASSE INSECTA
- Família Muscidae
1.2.1. – Ordem Phthiraptera
- Família Calliphoridae
a- Sub-Ordem Amblycera
- Família Sarcophagidae
- Família Menoponidae
- Família Oestridae
- Família Boopidae
- Família Cuterebridae
- Família Gasterophilidae
b- Sub-Ordem Ischnocera
- Família Hippoboscidae
- Família Trichodectidae
- Família Philopteridae
UNIDADE III
Protozoários
c- Sub-Ordem Anoplura
- Conceito. Morfologia Geral
- Família Haematopinidae
- Endamoebidae, Trichomonadidae
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- Hexamitidae, Mastigoamoebidae - Trichuriidae


- Trypanosomatidae
- Eimeridae AULAS PRÁTICAS
- Sarcocystidae
- Plasmodidae, Haemoproteidae, - Coleta e conservação de Artrópodes
- Hepatozoidae - Mallophaga e Anoplura
- Babesiidae, Theileridae - Diptera
- Anaplasmataceae e Rickettsiaceae - Culicidae,Ceratopogonidae, Psychodidae e
Simulidae
UNIDADE IV - Brachycera e Muscidae
Trematoda - Calliphoridae, Sarcophagidae, Oestridae,
- Conceito. Morfologia Geral Cuterebridae, Gasterophilidae
- Fasciolidae, Dicrocoelidae - Acari, Gamasida e Oribatida
- Paramphistomatidae - Ixodida e Acaridida
- Schistosomatidae - Coleta e conservação de Helmintos
- Técnicas de exames de fezes - Técnicas de exame de fezes
- Morfologia de ovos e oocistos
UNIDADE V - Diagnóstico de Hemoparasitos
Cestoda - Identificação de larvas de Trichostrongylidae
- Conceito. Morfologia Geral - Morfologia de Nematódeos
- Taeniidae. - Morfologia de Cestódeos
- Davaineidae, Hymenolepidae - Morfologia de Trematódeos
- Dilepididae, Anoplocephalidae. - Morfologia de Protozoários

UNIDADE VI BIBLIOGRAFIA
Nematoda BARRIGA, O. O. 2002. Las Enfermedades
- Conceito. Morfologia Geral Parasitarias de los animales domésticos em la
- Rhabditidae, Strongyloididae américa latina. Editorial Germinal, Santiago do
- Oxyuridae Chile. 1a edição. 247 p.
- Ascaridae, Subuluridae, Heterakidae
- Ancylostomatidae, Syngamidae, CARRERA, M. 1991. Insetos de Interesse
- Stephanuridae. Médico-Veterinário. Editora UFPR. 1a edição
- Trichostrongylidae. 228 p.
- Protostrongylidae, Dioctophymatidae.
- Spiruridae, Ascaropidae. COSTA LIMA, A 1960. Insetos do Brasil – vols.
- Physalopteridae. 1, 2 e 4. Ed. ENA/UFRRJ.
- Acuriidae, Tetrameridae, Thelazidae.
- Dipetalonematidae, Filariidae,
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FLECHTMANN, C. H. W. 1975. Elementos de REY. L. 2002. Bases da Parasitologia Médica.


Acarologia. Editora Nobel. 344p. Editora Guanabara-Koogan. Segunda edição.
380 p.
FORATINI, O. P. 1973. Entomologia Médica.
Volume 1-4 1a edição Universidade de São SLOSS, M. W. 1999. Parasitologia clínica
Paulo, 535 p. veterinária. 60edição. Editora Manole. 208 p.

FORTES, E. 1987. Parasitologia Veterinária – SOULSBY, E. J. L. 1977. Helminths, Arthropods


Editora Sulina 453 p. & Protozoa of Domestic Animals. 6aed. Lea &
Febiger 824 p.
FREITAS, M. G. et al – 1982. Manual de
Acarologia Médica e Veterinária 6a edição URQUART,G.M.; ARMOUR, J.; DUNCAN, J. L.;
UFMG, 252 p. DUNN, A. M.; JENNINGS, F. W. 1998.
Parasitologia Veterinária. Segunda edição.
GEORGI, J.R. Parasitologia veterinária. Editora Guanabara koogan. 273 p.
Philadelphia. Portuguesa, Saunders. 1980.

E-mail: sgmonteiro@uol.com.br
HARDWOOD, R. F. & JAMES, M. T. 1979.
Homepage: http://w3.ufsm.br/parasitologia
Entomology in Human and Animal Health, 548 p
E-mail laboratório:parasito@w3.ufsm.br
HOFFMANN, R. P. 1987. Diagnóstico de
Parasitismo Veterinário. Editora Sulina. 156 p.

NEVES, J. 1983. Diagnóstico e Tratamento das


Doenças Infecciosas e Parasitárias. Rio de
Janeiro, Guanabara Koogan. 1248p.

PESSOA, S. B. 1978. Parasitologia Médica –


10a edição Guanabara Koogan. Rio de Janeiro.
851 p.

PINTO, C. 1938. Zooparasitos de Interesse


Médico Veterinário. Pimenta de Mello & Cia, Rj.
375 p.

REY, L. 2001. Parasitologia. 3a ed. Rio de


Janeiro: Guanabara-Koogan. 856 p.

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CAPÍTULO I
Conceitos e Classificação
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I - CONCEITOS EM PARASITOLOGIA utilizado para endoparasitos (pode ocorrer


infecção sem haver manifestação de doença).
1) PARASITO:
Origem grega significa ser que se alimenta de 5) INFESTAÇÃO:
outro (hospedeiro). É o estado ou condição de ser infestado,
Indivíduo que necessita outro ser para ter restrito à presença de parasitas externos.Termo
abrigo, alimento, para reproduzir e perpetuar a utilizado para ectoparasitos.
espécie. A relação parasita - hospedeiro é muito
importante, por exemplo:
- Acantocéfalos e cestóides: têm uma II - TIPOS DE PARASITOS:
dependência de 100 % do hospedeiro, pois 1) OBRIGATÓRIO:
necessitam deles para sua nutrição. Aquele que precisa de um hospedeiro para
- Nematóides: têm uma dependência menor, sobreviver. Ex: Toxoplasma.
pois possuem tubo digestivo e obtêm seu O2 no
próprio habitat. 2) FACULTATIVO:
Aquele que pode ou não viver parasitando, ou
2) ENDOPARASITOS: seja têm fase de vida livre. Ex.: Sarcophagidae
São aqueles que têm contato profundo com (As moscas são atraídas pelo exsudato das
tecidos e órgãos dos hospedeiros. Ex: helmintos lesões, botam ovos, eclodem as larvas que se
e protozoários. alimentam do tecido necrosado. Normalmente
essas larvas são encontradas em animais em
3) ECTOPARASITOS: putrefação.
São aqueles que têm contato com a pele dos
hospedeiros. Ex: artrópodes (ácaros e insetos) 3) ACIDENTAL:
como berne, carrapatos, pulgas. Acidentalmente entra em contato com o
hospedeiro porém não evolui nele. Aquele que
4) INFECÇÃO: vai a outro lugar que não o ideal e fica por
Invasão de um hospedeiro por organismos acaso. Ex.: Dipylidium.
(vírus, bactérias, protozoários, helmintos).Termo
4) TEMPORÁRIO:
Procura o hospedeiro somente para se
alimentar. Ex.: pulgas e mosquitos.

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5) PERMANENTE: berne ovipõe na mosca de estábulo e passa de


Permanece no hospedeiro em todas suas fases. ovo à larva.
Ex.: sarnas.
IV - TIPO DE CICLO DO PARASITO
6) PERIÓDICO:
Apenas em uma determinada fase de sua vida 1) MONOXENO:
é parasito. Aquele que parasita por tempo Infesta ou infecta diretamente seu HD, sem
determinado. Ex: carrapato, berne, miíase. necessitar de HI. Ex: Haemonchus.

III - TIPOS DE HOSPEDEIROS 2) HETEROXENO:


Quando existe um ou mais HIs ou HDs . Ex:
1) DEFINITIVO (HD): Ciclo de Dipylidium, Fasciola.
É aquele onde o parasito é encontrado na sua
forma adulta. Em protozoários, ele se encontra V - ESPECIFICIDADE DOS PARASITOS
na fase sexuada.
1) ESTENOXENOS:
2) INTERMEDIÁRIO (HI): Quando são muito específicos, só aceitam
É aquele onde se encontra a forma imatura do aquele hospedeiro. Ex: Plasmodium .
parasito. Em protozoários, ele se encontra na
fase assexuada. Ex: Anopheles (HI do 2) EURIXENOS:
Plasmodium). Quando são pouco específicos, tendo uma
variedade de hospedeiros. Ex: Toxoplasma .
3) PARATÊNICO:
Hospedeiro de transporte. É aquele que alberga VI - AÇÃO DO PARASITO SOBRE O
o parasito. É quase indispensável, entra no ciclo HOSPEDEIRO
por acidente. Ex: Heterakis (no ciclo do
Histomonas). 1) AÇÃO MECÂNICA:
A) Obstrução: como a de Ascaris, formam
4) VETOR: bolos de vermes no intestino e o obstruem.
Usado para Artrópodes.
Podem ser: B) Compressão: como a do cisto hidático,
- Mecânico: que conforme vai crescendo vai comprimindo os
Mero transportador. Ex: o ácaro Macrocheles orgãos.
usa o besouro para se transportar.
- Biológico: 2) AÇÃO ESPOLIADORA:
É como um HI, pois vai haver um Seqüestram nutrientes e fluidos do hospedeiro.
desenvolvimento do parasito. Ex: a mosca do Ex: Haemonchus.

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3) AÇÃO INFLAMATÓRIA/ IRRITANTE:


Penetração ativa de larvas na pele. Ex: CLASSIFICAÇÃO ARTIFICIAL:
Strongyloides papillosus. Apoia-se em caracteres de certos órgãos
estudados pelo especialista e por ele escolhidos
4) AÇÃO DE TRANSMISSÃO: arbitrariamente.
Transmitem agentes patogênicos. Ex: Carrapato
transmitindo Babesia. DIVISÕES:

VII - PERÍODOS DE PARASITISMO ESPÉCIE - é a reunião de indivíduos que


possuem características semelhantes e que ao
1) PERÍODO PRÉ-PATENTE (PPP): reproduzirem-se transmitem a sua descendência
Do momento da infecção até a maturidade esses mesmos caracteres, dando origem assim
sexual. a novos indivíduos igualmente semelhantes.
A espécie distingue-se pelos seus caracteres
2) PERÍODO PATENTE (PP): próprios, porém podem possuir certo número de
Da fase adulta até a fase de fim da vida dos caracteres comuns com outros organismos que
parasitos ou fim da infecção. Em protozoários, é lhes são vizinhos. Descendência comum: Graus
a fase de reprodução sexuada. de variação quase que imperceptíveis; até em
indivíduos da mesma geração, há grande
CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS semelhança entre eles. Cada grupo de
indivíduos representante da unidade zoológica
-NECESSIDADE: constitui uma espécie. São tão semelhantes
Distribuição dos seres em grupos formados entre si como os descendentes de um só
segundo as afinidades mais ou menos íntimas e indivíduo, tendo traços comuns a todos eles e
que pareçam evidentes para o especialista. que são denominados de caracteres
específicos.
CLASSIFICAÇÃO NATURAL:
Apoia-se em dados filogenéticos (estuda a VARIEDADE E RAÇA:
evolução de um grupo ou espécie de plantas ou Na mesma espécie podem ocorrer um ou mais
animais, estudo da evolução das espécies), grupos com uma ou várias pequenas diferenças
ontogênicos (estudo da origem e da forma específica típica, e que se perpetuam
desenvolvimento desde o nascimento até na geração. Este grupo ou grupos recebem o
adulto) e biogeografia procurando evidenciar as nome de variedade ou raça.
diferenças e as relações de parentesco entre os Pode desaparecer ao modificar o meio em que
pontos extremos da árvore genealógica dos vivem.
seres vivos e que representam as espécies
atuais conhecidas. Desta forma procura-se SUB-ESPÉCIE:
esclarecer a história da evolução destes seres.
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Formas intermediárias entre espécie e Ramo ou Filo – Conjunto de Classes.


variedade. Grupo de indivíduos que apresenta Os diversos ramos ou filos pertencem ao Reino
dentro da espécie alguma característica animal ou ao Reino vegetal.
particular que se transmite por herança. Ex:
Felis catus domesticus. TERMOS INTERMEDIÁRIOS:
Há necessidade, em diversos casos, de
GÊNERO: fazermos grupamentos intermediários entre os
A reunião de espécies chama-se de GÊNERO. diversos grupos, antepondo-se prefixos sub ou
Muitos gêneros, além dos caracteres que lhes super conforme o grupamento situar-se
são peculiares, apresentam (em comum com respectivamente abaixo ou acima de um certo
outros gêneros) certo número de caracteres grupo. Desta forma, podemos Ter: FILO – sub-
também semelhantes, e a reunião desses filo, CLASSE – sub-classe.
grupos todos constituem um conjunto mais vasto ORDEM – sub-ordem – super-família – FAMÍLIA
que se denomina FAMÍLIA. – sub-família – Tribu.
Grupos de espécies consideradas próximas GÊNERO – sub-gênero – ESPÉCIE – sub-
entre si pela comunidade de certos caracteres espécie – variedade.
denominados genéricos, recebendo cada grupo
o nome de gênero (genus). A validade dos REGRAS INTERNACIONAIS DE
caracteres genéricos apoiados em poucos NOMENCLATURA ZOOLÓGICA
caracteres podem carecer de base, pois a
descoberta de grupos intermediários de Código que visa impedir confusões na
espécies nas quais estes aspectos apresentam designação científica dos animais
grande gama de variação, levam o especialista uniformizando-a. Tem como ponto de partida a
a agrupar vários gêneros sob uma designação classificação de Linnaeus 1758.
única.
Nomenclatura Zoológica é o sistema de nomes
GRUPOS SUPERIORES AO GÊNERO: científicos aplicados aos animais vivos ou
Família – Terminam sempre em idae. Conjunto fósseis. A nomenclatura zoológica é
de gêneros que mantêm entre si grandes independente de outros sistemas.
afinidades, oferecendo certo número de traços
comuns. No caso da existência de famílias Uma só palavra (uninominal):
também com certo número de características O nome de um grupo superior à espécie. Ex:
comuns com outras famílias, sua reunião vai se Necator (gênero), Ancylostomidae (família),
constituir numa ORDEM. Strongyloidea (superfamília), Nematoda
Ordem – Conjunto de Famílias. As diversas (Classe).
ORDENS do mesmo modo podem reunir-se
formando uma CLASSE. Duas palavras (binominal):
Classe – Conjunto de Ordens.
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O nome de espécie. Ex: Necator americanus,


Ancylostoma caninum.

Três palavras (trinominal):


O nome de subespécie. Ex: Hymenolepis nana
fraterna, Trypanosoma vivax vienes.

Parênteses:
O nome de um subgênero é escrito dentro de
parênteses, entre o nome genérico e o nome
específico. Ex: Heterakis (Heterakis) gallinarum,
Oesophagostomum (Bovicola) radiatum.

A nomenclatura deve ser em latim ou latinizada;


se for uma combinação arbitrária de letras deve
ser formado de modo a ser tratado como palavra
latina.

O nome genérico (gênero) deve ser empregado


como substantivo no nominativo singular e
sempre escrito com a primeira letra maiúscula.
Ex: Oxyuris equi, Babesia caballi.

O nome específico (espécie) deve ser sempre


escrito em letra minúscula. Um nome específico
dedicado a uma mulher deve terminar em ae e
se for para homem em i. Ex: cuvieri – ruthae.

-O nome de uma sub-família é formado


acrescentando-se inae. Ex: Culicinae

-O nome de família é formado acrescentando-se


idae. Ex: Eimeriidae

-O nome de uma superfamília deve ter a


terminação oidea. Ex: Strongyloidea

-Tribo deve terminar em ini. Ex: Anophelini


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CAPÍTULO II
Artrópodes
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FILO ARTHROPODA (ARTHRON=


ARTICULAÇÃO, E PODOS=PÉS)
- Tubo digestivo completo.
CARACTERÍSTICAS: - Sistema circulatório aberto (a hemolinfa não
- Apêndices articulados. está contida em vasos, é transparente, contém
- Simetria bilateral. hemócitos e circula entre os órgãos).
- Corpo geralmente segmentado (somitos, - Respiração por traquéias, brânquias e/ou
metâmeros) e articulado exteriormente. pulmões.
- Cabeça, tórax e abdômen diferenciados - Fecundação interna.
(insetos) ou fusionados (ácaros). - Presença de órgãos de sentido como antenas,
- Exoesqueleto endurecido (quitina). pêlos sensitivos.
- Fazem mudas. - Reprodução sexuada.

CLASSES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRI A:

Classes ARACHNIDA INSECTA PENTASTOMIDA


Exemplos Aranha, escorpião, Piolho, pulga, mosca, Linguatul ídeos.
carrapato e sarna. mosquito.
Regiões do corpo Cefalotórax, abdômen Cabeça, tórax, abdômen Corpo lanceolado
Peças bucais Quelíceras, palpos Labro, mandíbulas, Dois pares de ganchos
maxilas e lábio
o
N de Antenas Áceros Díceros Áceros
Pares de patas 4 pares patas 3 pares patas Ápodes
Ciclo evolutivo Direto, exceto acarinos indireto Indireto

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CLASSE ARACHNIDA
Ordem Acarina (Acari)

MESOSTIGMATA METASTIGMATA PROSTIGMATA ASTIGMATA ORIBATIDA


o o
(sem dentes no hipostômio) (Estigma entre o 3 e 4 par (estigma situado (sem estigma respiratório) Cryptostigmata
o
de patas ou atrás do 4 par anteriormente) (respiração
de patas e hipostômio com cutânea)
dentes recurrentes)

Dermanyssidae -Dermanyssus Argas Demodecidae- Demodex Notoedr es Oribatuloidea


Argasidae- Ornithodorus Sarcoptidae - Sarcoptes
Macronyssidae- Ornythonissus Otobius
Myobiidae- Myobia Knemidocoptidae- Knemidocoptes
Laelapidae- Laelaps
Ixodidae- Rhipicephalus Cheyletidae - Cheyletiella Psoroptidae- Psoroptes
Varroidae- Varroa Boophilus Otodectes
Amblyomma Chorioptes
Trombiculidae- Trombicula
Macrochelidae - Macrocheles Anocentor
(só a larva é parasita, com
3 pares de patas)
Railletidae- Railletia Myocoptidae- Myocoptes

Analgidae- Megninia

Acaridae - Ácaros da poeira

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Ácaros - Mesostigmata
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PARTE I
Mesostigmata
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FILO ARTHROPODA GÊNERO: Dermanyssus


CLASSE ARACHNIDA ESPÉCIE: Dermanyssus gallinae

ORDEM ACARI (ACARINA) CARACTERÍSTICAS:


CARACTERÍSTICAS: - Escudo dorsal redondo.
- Ácaros de pequeno porte. - Quelíceras que terminam em quelas
- Quelíceras modificadas e palpos curtos. (bifurcação).
- Cefalotórax e abdômen fusionados. - Todas as patas com garras e carúnculas.
- Corpo coberto por placas dorsais e ventrais. - Escudos truncados posteriormente.
- Larvas com três pares de patas. - Chamado vulgarmente de piolhinho, ácaro
- Ninfas e adultos com quatro pares de patas. vermelho das aves).
- Respiração cutânea ou traqueal. - Passa a maior parte do tempo fora do
hospedeiro, em frestas e gaiolas. Quando no
SUBORDEM MESOSTIGMATA (Gamasida) hospedeiro, preferem a região da cloaca.
(meso - mediano; stigmata - espiráculo) - Especificidade baixa e ciclo rápido (45 dias).

CARACTERÍSTICAS: HOSPEDEIROS:
- Um par de estigmas respiratórios ao nível da Parasita de galinhas e outras aves
coxa II e III abrindo-se em peritremas (principalmente canários).
alongados.
- Presença de escudo dorsal. CICLO:
- Hipostômio desprovido de dentes recurrentes.
- Podem ser de vida livre ou parasitas internos
(vias respiratórias) ou externos de répteis,
aves e mamíferos.
- Podem ser vetores de agentes patogênicos,
provocar reações cutâneas e alguns podem
causar anemia.
- Ciclo: ovo - larva - protoninfa - deutoninfa -
adultos

FAMÍLIA DERMANYSSIDAE
Figura 1. Visão dorsal do ácaro das aves,
Dermanyssus sp.

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Ácaros - Mesostigmata
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desenvolvimento das aves jovens.


- Pode atacar o homem causando dermatites.
- Podem ser vetores de agentes patogênicos
(vírus, bactérias).
- A anemia pode levar a morte dos animais.

- CONTROLE:
- Remoção dos ninhos das aves.
- Limpeza dos galinheiros, gaiolas.
- Aplicação de acaricidas nas paredes e pisos
das instalações.
- Higiene e isolamento das aves parasitadas.
- Aquisição de aves livres de ácaros.
Figura 2. Dermanyssus sp. montado em
lâmina
FAMÍLIA MACRONYSSIDAE
A fêmea desse ácaro inicia a postura 12 a 24
GÊNERO Ornithonyssus
horas após se alimentar de sangue no
ESPÉCIES: Ornithonyssus bursa,
hospedeiro. Ovos são depositados em fendas
Ornithonyssus sylviarum
ou detritos acumulados no galinheiro, ninhos
das galinhas ou de outras aves. As fêmeas
CARACTERÍSTICAS:
fazem várias posturas sucessivas, sendo cada
- Escudo dorsal pontiagudo.
postura precedida de uma alimentação de
- Quelíceras finas e longas.
sangue. 48 a 72 horas após a postura há a
- Especificidade baixa e ciclo rápido.
eclosão das larvas (estas não se alimentam) e
- Geralmente passa todo o ciclo sobre a ave.
em 24 a 48 horas passam a protoninfa. 24 a 48
- Hematófago.
horas passam a deutoninfa (estas se alimentam)
- Fora do hospedeiro pode sobreviver até dois
e em mais 24 a 48 horas passam a adultos.
meses sem alimentação.
O ciclo todo pode ser completado em 7 dias.
- Localização preferida é na cloaca que fica com
Adultos podem sobreviver até 4 a 5 meses no
aparência de suja (escura), mas em grandes
ambiente sem alimentação.
infestações é encontrado em todo o corpo da
O hábito alimentar é noturno. De dia são
ave.
encontrados nos ninhos e frestas dos
galinheiros.
HOSPEDEIROS:
Galinhas e outras aves domésticas (perus,
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA
patos) e silvestres (pombos, pardais).
E SAÚDE PÚBLICA:
- Provoca diminuição da postura, perda de
ESPÉCIE: Ornithonyssus bacoti
peso, irritação, anemia, influencia no

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Ácaros - Mesostigmata
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animais devem ser tratados com acaricidas.


CARACTERÍSTICAS:
- Parasita de ratos silvestres, podendo parasitar FAMÍLIA LAELAPIDAE
ratos brancos e camundongos, pois podem GÊNERO Laelaps
entrar em laboratórios. ESPÉCIES: Laelaps nuttalli, Echinolaelaps
echidninus
CICLO:
As fêmeas fazem a postura sobre o hospedeiro - O 1o par de patas é em forma de S e projeta-
ou nos ninhos, sendo grande o número de ovos se anteriormente.
nas plumas das aves - As larvas eclodem em - Placa genito-ventral ou placa epiginial em
cerca de três dias (não se alimentam) - em 17 forma de gota e escavada posteriormente.
horas passam a protoninfas que se alimentam - - Presença de cerdas no corpo.
mais 1 a 2 dias passam a deutoninfas - mais 1 a - Placa dorsal não é dividida e cobre quase todo
2 dias à adultos. o dorso.
Ciclo pode ser completado em 7 dias.

Figura 4. Ácaro Laelaps sp.

HOSPEDEIROS:
Ratos

Figura 3. Ornithonyssus adulto.


CICLO:
São ovovivíparos. A fêmea dá nascimento a
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA
larvas que não se alimentam após 10 a 12 horas
E SAÚDE PÚBLICA:
da fecundação - em 3 a 8 dias passam a
Mesmo do gênero Dermanyssus.
protoninfa - em 3 a 8 dias passa a deutoninfa - e
em mais 5 a 6 dias a adultos.
CONTROLE:
Habitam os ninhos dos ratos.
Mesmo do gênero Dermanyssus, porém os

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Ácaros - Mesostigmata
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HOSPEDEIROS:
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA Moscas (principalmente Musca domestica) e
E SAÚDE PÚBLICA: outros insetos.
Tem importância em animais de laboratório. O
Echinolaelaps serve de hospedeiro definitivo de CICLO:
um protozoário (Hepatozoon muris) que se aloja As fêmeas deste ácaro utilizam-se das moscas
no fígado dos ratos. e outros insetos para dispersão e efetuam a
Os ácaros adquirem o protozoário ao postura nos locais de criação de mosca (fezes).
parasitarem ratos infestados. O rato ao ingerir o As larvas eclodem em 6 a 10 horas apresentam
ácaro adquire a infecção. 3 pares de patas e não se alimentam. Em 6 a 11
O Echinolaelaps pode provocar dermatite no horas mudam para protoninfas, em 13 a 24
homem. horas para deutoninfas e levam quase 24 horas
da fase de deutoninfa à adultos.
CONTROLE:
Limpeza das gaiolas, esterilizá-las com calor,
vapor, acaricidas.
Aplicação de acaricida nos ratos.

FAMÍLIA MACROCHELIDAE
GÊNERO Macrocheles
ESPÉCIE Macrocheles muscaedomesticae

CARACTERÍSTICAS:
- Quelíceras queladas fortemente. Figura 5. Ácaro Macrocheles sp.
- Placa dorsal única.
- Primeiro par de patas mais fino, mais longo e
sem carúnculas e garras que os demais.
- Escudo ventral e genital separados.
- Encontra-se em fezes de ruminantes, eqüinos
e aves de postura.
- Alimentam-se de larvas de moscas e
nematóides.
- Funciona como controle biológico dos outros,
pois os insetos carregam agentes patogênicos
(bactérias).
- Parasita outros artrópodes.
Figura 6. Ácaro Macrocheles parasitando
Musca domestica.

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Ácaros - Mesostigmata
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O ciclo é completado em 2 a 3 dias. CARACTERÍSTICAS:


Enquanto a mosca completa 1 geração o ácaro - Escudos desenvolvidos e bastante
completa 3 gerações. quitinizados (ex: escudo metapodal ou
As fêmeas podem ficar ovipositando por até 24 metapodossomal).
dias e cada uma coloca um total de 90 ovos. - Patas bem desenvolvidas com ventosas.
- Corpo mais largo do que longo.
IMPORTÂNCIA: - A larva da abelha morre ou tem disfunção de
- Os adultos são predadores dos ovos e larvas alguma estrutura devido à alimentação do
o
de 1 ínstar de moscas, enquanto que as ácaro com hemolinfa.
ninfas alimentam-se mais comumente de
nematóides promovendo um controle
biológico.
- É problemático em insetos criados em
laboratório.

CONTROLE:
- Por ser um problema em laboratórios,
recomenda-se o uso de telas nas janelas e
portas para impedir o acesso de moscas, já
que estas podem estar dispersando os ácaros.
- Pulverizar as fezes para controlar as larvas
(não é ideal porque mata também os
predadores e passada a ação do inseticida há
uma superpopulação de larvas) e pulverizar o
ambiente (instalações).

CONTROLE BIOLÓGICO:
É complicado por requerer ambiente úmido,
porém não fluído e não se alimentam de larvas
de 2o e 3o ínstar, consomem em média dez Figura 7. Visão ventral (acima) e dorsal de
Varroa jacobsoni.
presas por dia, não são muito longevos (a fêmea
vive em média três semanas).
HOSPEDEIROS:
FAMÍLIA VARROIDAE Abelhas.
GÊNERO Varroa
ESPÉCIE Varroa jacobsoni CICLO:
Pouco conhecido. Alguns estudos relatam a

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Ácaros - Mesostigmata
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preferência desse ácaro por zangões, pois estes ouvido externo do animal, as proto e deutoninfas
têm livre acesso a outras colméias, levando a no meio ambiente. As fêmeas dão nascimento
dispersão do ácaro. as larvas (ovovivíparas) que não se alimentam.
Esse ácaro provoca escarificação da pele do
IMPORTÂNCIA: animal ao fixar-se (o pedicelo possui garras) o
Ocorrem grandes prejuízos em apiários, que leva a uma otite bacteriana subclínica
principalmente em regiões frias pelo estresse, o (facilita a penetração das bactérias). Os
ácaro parasita principalmente larvas e pupas, o zebuínos são mais sensíveis a esse ácaro do
que causa má formação dos insetos ou morte. que o gado europeu, e a presença do ácaro no
Quando os insetos adultos são ouvido é comum nos animais (20-40 ácaros por
parasitados eles tem diminuição na sua ouvido).
produção e no caso de zangões há o perigo do
ácaro alastrar-se para IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA
outras colméias E SAÚDE PÚBLICA:
Os prejuízos maiores são em colméias puras Tem importância apenas como porta de entrada
onde os insetos são mais sensíveis (Europa, para bactérias e conseqüentemente otites
EUA), no Brasil com os bacterianas.
cruzamentos das espécies melíferas, estas
adquirem maior resistência a esse ácaro. CONTROLE:
Limpeza e aplicação de acaricida no conduto
FAMÍLIA RAILLIETIDAE auditivo, pois a presença do ácaro pode levar a
GÊNERO Raillietia otite.

CARACTERÍSTICAS:
- Parasita o conduto auditivo externo.
- Escudo dorsal sem forma.
- Presença de placa anal.

ESPÉCIES Raillietia flecthmanni, Raillietia


auris, Raillietia caprae.

HOSPEDEIROS:
Raillietia flecthmanni - búfalos e bovinos
Raillietia auris - bovinos
Raillietia caprae - caprinos (principal) e ovinos

CICLO:
As fêmeas, machos e larvas localizam-se no

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Carrapatos - Metastigmata
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PARTE II
Carrapatos
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FILO ARTHROPODA
CLASSE ARACHNIDA

ORDEM ACARI (ACARINA)


CARACTERÍSTICAS:
- Ácaros de pequeno porte.
- Quelíceras modificadas e palpos curtos.
- Cefalotórax e abdômen fusionados.
- Corpo coberto por placas dorsais e ventrais.
- Larvas com três pares de patas.
- Ninfas e adultos com quatro pares de patas. Figura 9. Teleógina de carrapato.
- Respiração cutânea ou traqueal. - Fêmeas com área porosa na base do capítulo.
- Hipostômio com dentes recurrentes.
SUBORDEM METASTIGMATA (carrapatos) - Carrapatos com escudo dorsal cobrindo toda a
(meta - atrás; stigmata - espiráculo) face dorsal no macho e somente 1/3 face
dorsal da fêmea, ninfa e larva.
FAMÍLIA IXODIDAE - Podem ser vetores de agentes patogênicos,
provocarem reações cutâneas e causarem
anemia.
- Dimorfismo sexual nítido.
- Ciclo: ovo - larva - ninfa – adultos.

CICLO GERAL DOS IXODÍDEOS:


As fêmeas após se destacarem dos hospedeiros
procuram um abrigo próximo ao solo, onde
Escudo põem grande quantidade de ovos.
O período de ovipostura é de vários dias.

Figura 8. Escudo incompleto na fêmea e Terminada a oviposição as fêmeas morrem.


completo no macho de Ixodidae. Os ovos são castanhos, esféricos e pequenos.
O desenvolvimento do ovo até adulto depende
CARACTERÍSTICAS: muito das condições de temperatura. As baixas
- Possuem um par de estigmas respiratórios ao temperaturas prolongam os estádios de
nível da coxa IV abrindo-se em peritremas desenvolvimento.
curtos.
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Carrapatos - Metastigmata
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alguns dias, a larva sofre muda da cutícula e se


transforma em ninfa. Esta que é octópoda
espera alguns dias para o enrijecimento da
cutícula, ingurgita-se de sangue e muda
novamente de cutícula para se transformar em
adultos (macho ou fêmea).
As fêmeas repletas de sangue se desprendem
do hospedeiro e no solo após um período de
descanso, iniciam a ovipostura.

Figura 10. Postura de Ixodidae. Os machos permanecem mais tempo no


hospedeiro. A cópula usualmente ocorre sobre o
Durante o desenvolvimento os ixodídeos
hospedeiro.
passam pelos estádios de larva hexápoda, ninfa
octópoda e adulto.
CLASSIFICAÇÃO DO CICLO DE ACORDO
Larvas eclodidas sobem pelas gramíneas e
COM O NÚMERO DE HOSPEDEIROS:
arbustos e esperam a passagem do hospedeiro
1- Monoxeno - Carrapato de um só hospedeiro
para os quais se transferem.
– É quando todos os três estádios (larva, ninfa e
Após sugar o sangue dos hospedeiros durante
adulto) se alimentam no mesmo hospedeiro,

Figura 11. Ciclo de Boophilus microplus.


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Carrapatos - Metastigmata
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onde também realizam as mudas.


3- Trioxeno – Carrapato de três hospedeiros –
2- Dioxeno – Carrapato de dois hospedeiros – Para cada estádio há um hospedeiro, todas as
Os estádios de larva e ninfa são no mesmo mudas são feitas fora do hospedeiro.
hospedeiro, onde também é realizada a primeira
ecdise. A segunda ecdise se realiza no solo e o
ixodídeo adulto procura um segundo
hospedeiro.

Figura 12. Ciclo de um carrapato monoxeno.

Amblyomma (Trioxeno)

1- Larvas se alimentam no animal


e ingurgitam.
2- Larva muda para ninfa no solo.
3- Ninfa se alimenta, ingurgita e
deixa o animal.
4- Ninfa muda para macho ou
fêmea
5- Machos e fêmeas copulam e se
alimentam no animal.
6- Fêmea vai ao solo fazer
postura.

Figura 13. Ciclo de um carrapato trioxeno.


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Carrapatos - Metastigmata
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Chave para identificação dos gêneros da família Ixodidae encontrados no Brasil


1- Escudo sem ornamentação 2
Escudo com ornamentação 4
2- Olhos ausentes 3
Olhos presentes 4
3- Festões ausentes e sulco anal anterior ao ânus Ixodes
Festões presentes, sulco anal posterior ao ânus, segundo artículo dos palpos angular Haemaphysalis
lateralmente
4- Festões presentes 5
Festões ausentes 6
5- Com 11 festões e olhos presentes Amblyomma
Com 7 festões e olhos presentes Anocentor
Festões presentes somente nos machos, escudo usualmente sem ornamentação, coxa I Rhipicephalus
com 2 espinhos longos, com 4 placas adanais ventrais (2 pouco desenvolvidas)
6- Sulco pós-anal ausente nas fêmeas e pouco evidente nos machos, Coxa I com dois Boophilus
espinhos curtos em ambos os sexos, com 4 placas adanais bem desenvolvidas

OBS:
Larvas – Possuem 3 pares de patas e escudo incompleto.
Ninfas – Possuem 4 pares de patas e escudo incompleto.
Fêmeas – Possuem 4 pares de patas e aparelho genital.
Machos- Possuem 4 pares de patas, escudo completo e aparelho genital.

GÊNERO: Rhipicephalus - Base do gnatossoma geralmente hexagonal.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Palpos e rostro curtos.

Base do
capítulo
hexagonal

Placas adanais

Figura 14. Ninfa de Rhipicephalus sanguineus. Figura 15. Macho de Rhipicephalus


sanguineus.

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Carrapatos - Metastigmata
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- Escudo sem ornamentação; olhos e festões


presentes, coxa I bífida.
- Machos com um par de placas adanais
desenvolvidas e um par rudimentar.
- Peritremas em forma de vírgula acentuados no
macho e pouco acentuados na fêmea.

ESPÉCIE: Rhipicephalus sanguineus

HOSPEDEIROS: - Parasita de cães, mas pode


parasitar também gato e carnívoros silvestres.

CICLO: É um carrapato que exige três Figura 16. Cão parasitado por Rhipicephalus
hospedeiros para completar o ciclo (trioxeno), sanguineus.

pois todas as mudas são feitas fora dos As fêmeas põem de 2000 a 3000 ovos em toda

hospedeiros. sua vida.

PARÂMETROS BIOLÓGICOS
PERÍODO DIAS
Pré- postura 3
Incubação 17-60
Sucção da larva 2-7
Muda da larva 5-23
Sucção da ninfa 4-9
Muda da ninfa 11-73
Sucção da fêmea 6-30

SOBREVIVÊNCIA Altas infestações provocam desde leves


As larvas não alimentadas podem sobreviver até irritações até anemia por ação espoliadora.
oito meses e meio. O carrapato pode atacar qualquer região do
As ninfas seis meses. corpo, porém é mais freqüente nos membros
Adultos até 19 meses. anteriores e nas orelhas. É considerado o
principal transmissor da babesiose canina; a
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA transmissão pode ser transovariana ou
E SAÚDE PÚBLICA: transestadial, pode também transmitir vírus e
Este carrapato é comum em cães.
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Carrapatos - Metastigmata
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bactérias. Pode atacar o homem causando


dermatites.

CONTROLE:
-Aplicação de banhos carrapaticidas nos cães,
repetindo-se o tratamento duas ou três vezes
com intervalos de 14 dias.
-Limpeza dos canis.
-Aplicação de acaricidas nas paredes, teto e
piso das instalações.
-Higiene e isolamento dos cães. Figura 18. Macho de Boophilus microplus.

GÊNERO Boophilus ou - Festões ausentes.


- Peritremas arredondados ou ovais.
Rhipicephalus
- Machos com dois pares de placas adanais
Atualmente, após sequenciamento genético o
desenvolvidas e geralmente com
gênero Boophilus passou a ser subgênero de
prolongamento caudal.
Rhipicephalus, passando então a se chamar
Rhipicephalus (Boophilus) microplus.
ESPÉCIE Rhipicephalus (Boophilus)
microplus

HOSPEDEIROS:
Bovídeos, pode ser encontrado em outros
hospedeiros domésticos e silvestres.

CICLO:
O R.(B.) microplus é um carrapato de um só
hospedeiro (monoxeno).
As fêmeas ingurgitadas (denominadas
Figura 17. Gnatossoma de teleóginas) e prestes a darem início a
Rhipicephalus (Boophilus) microplus ovoposição desprendem-se naturalmente do
hospedeiro e no solo procuram um lugar
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: apropriado para a ovipostura.
- Rostro e palpos curtos, achatados, rugosos A oviposição pode durar vários dias. As
lateral e dorsalmente. teleóginas realizam a postura de 3000 a 4000
- Base do gnatossoma hexagonal. ovos que permanecem aglutinados. Terminada
- Escudo sem ornamentação. a ovoposição a fêmea morre.
- Olhos presentes.

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Carrapatos - Metastigmata
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A duração do ciclo não parasitário varia muito *NAS PASTAGENS:


dependendo das condições climáticas, sendo 27 a)Limpeza das pastagens
0
C e 80% umidade as condições ideais para o Mudança de vegetação através de drenagem,
desenvolvimento do ciclo. calagem e gradagem do solo diminui
consideravelmente a quantidade de larvas na
pastagem.
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA: A limpeza, com corte de pastos, de arbustos
1- Dano direto causado pela picada do (abrigos naturais das larvas) contribui para
carrapato, com irritação local e perda de sangue diminuição da infestação dos rebanhos.
-A picada do carrapato provoca irritação e
predispõe o animal a ataques de moscas – b)Rotação das pastagens
miíases. Consiste na mudança dos rebanhos para novas
-A pele irritada serve de via de acesso para pastagens em épocas estratégicas, de acordo
infecções secundárias. com a biologia do carrapato.
-Cada fêmea suga em toda a sua vida 1,5 ml de A pastagem deve permanecer em descanso por
sangue, o que provoca anemia e perda na determinado tempo até que as larvas morram
produtividade de carne e leite. por falta de alimentação.
-Desvio de energia: Há um enorme esforço do
animal para compensar os danos causados pelo c)Queima das pastagens
carrapato o que representa um desvio de É um método bastante utilizado no Brasil, porém
energia que seria convertida para produção. pouco eficaz, pois algumas larvas não morrem
-Desvalorização dos couros e diminuição na porque penetram no solo ou nas partes mais
produção das vacas leiteiras. profundas da vegetação.

2- Inoculação de toxinas d)Tratamento das pastagens com


-Durante a sucção eles injetam substâncias carrapaticida
tóxicas prejudiciais a saúde dos bovinos. Não compensa, é uma operação difícil e
-As picadas podem produzir uma paralisia que onerosa.
se inicia nos membros anteriores e em poucos
dias atinge todos os órgãos. Não se tem notícia *CONTROLE NO HOSPEDEIRO
disso no Brasil. a)Banho de Imersão
É o método preferido há vários anos.
3- Transmissão de doenças Utilizado para propriedades com grande número
-Transmite a Babesia e o Anaplasma agentes de animais, pois o custo das instalações e gasto
causadores da tristeza parasitária bovina. com produtos químicos é alto.
-Pode transmitir também viroses e bactérias.
b)Aspersão ou spray
CONTROLE:
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Carrapatos - Metastigmata
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É econômico e prático, utilizado em pequenas não deixar que entrem em açudes após o
propriedades. banho.
Os resultados dependem muito da habilidade e - Enviar ao laboratório se preciso, amostras do
do cuidado do operador. banho para medir concentração do
O jato de deve molhar o animal no sentido medicamento.
oposto a implantação do pelos.
É mais seguro que o de imersão para animais GÊNERO Amblyomma
novos e vacas gestantes.
Deve-se seguir a risca as instruções dos CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
fabricantes dos carrapaticidas. - Palpos e hipostômio longos.
- Geralmente ornamentado.
RECOMENDAÇÕES NA APLICAÇÃO DOS - Olhos e festões presentes.
BANHOS: - Base do gnatossoma de formas variadas.
- Verificar o nível da suspensão ou emulsão no - Placas adanais ausentes no macho.
tanque carrapaticida, ajustando o volume com - Peritremas em forma de vírgula ou triangular.
adição de água ou de carrapaticida.
- Homogeneizar a emulsão ou suspensão,
revolvendo o sedimento antes de banhar o
gado.
- Fazer a recarga do banheiro de acordo com as
instruções do fabricante.
- Banhar os animais descansados e sem sede.
- Banhar os animais nas horas mais frescas do
dia.
- Evitar exposição dos animais ao sol quente.
- Evitar banhar os animais em dias de chuva, e

Figura 20. Carrapato Amblyomma sp.

ESPÉCIE Amblyomma cajennense

HOSPEDEIROS:
- Parasita a maioria dos animais domésticos e
alguns silvestres.
- Pode parasitar o homem.

Figura 19. Peritrema de Amblyomma.


CICLO:

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Carrapatos - Metastigmata
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É um carrapato que exige três hospedeiros para


completar o ciclo (trioxeno), pois todas as ESPÉCIE Anocentor nitens
mudas são feitas fora dos hospedeiros.
A fêmea põe de 6000 a 8000 ovos em toda sua HOSPEDEIROS: Eqüídeos.
vida.
LOCALIZAÇÃO: Principalmente no pavilhão
IMPORTÂNCIA: auricular.
Pode transmitir vários agentes patogênicos,
como Borrelia, agente da doença de Lyme e CICLO:
Rickettsia rickettsi causadora da febre Monoxeno.
maculosa. As fêmeas põem em média 3000 ovos no solo.
A sua picada pode originar ferimentos na pele As larvas podem resistir até 71 dias sem se
de cura demorada. alimentar quando as condições são favoráveis.

CONTROLE: IMPORTÂNCIA:
Mesmo do Rhipicephalus. Pode transmitir vários agentes patogênicos
como Babesia.
GÊNERO Anocentor A sua picada pode originar ferimentos na pele

. com até perda da orelha.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Favorece miíases.

- Rostro e palpos relativamente curtos.


- Peritremas circulares (parece um dial de
telefone).

- Escudo sem ornamentação.


- Com sete festões.
- Coxas IV muito maiores que as demais.
- Sem placas adanais.

Figura 22. Fêmea de A. nitens

FAMÍLIA ARGASIDAE
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Não possuem escudo.
- Gnatossoma ventral nos adultos e nas ninfas e
Figura 21. Peritrema de Anocentor anterior nas larvas.
nitens

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Carrapatos - Metastigmata
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- Palpos livres.
- Orifício genital entre as coxas I e II.
- Fêmeas sem áreas porosas na base do
capítulo.
- Tegumento coriáceo, rugoso e granuloso.
- Peritrema entre o 3 e 4 par de coxas.
- Dimorfismo sexual pouco acentuado.

GÊNEROS DE IMPORTÂNCIA:
Argas, Ornithodorus e Otobius.

GÊNERO Argas
CARACTERÍSTICAS MORFOLOGICAS:
- Face dorsal separada da ventral por um bordo
lateral nítido.
- Achatado dorso-ventralmente.
- Aparelho bucal na face ventral.

Figura 24. Face dorsal e ventral de Argas sp..

− Durante o dia os adultos permanecem


escondidos em buracos e frestas, sob cascas de
árvores, lugares protegidos da luz.
− À noite saem dos esconderijos e sobem nas
aves para sucção que dura em média 30
minutos.
− Após a alimentação as ninfas e adultos
voltam para os esconderijos e as fêmeas se
preparam para postura.
− Cada sucção corresponde a uma postura de
Figura 23. Carrapato Argas sp. 120 a 180 ovos.
− A fêmea põe ao todo uns 600 ovos.
− O período de incubação dos ovos é de três
HOSPEDEIROS:
semanas dependendo da temperatura e
Galinha, peru, pombo e outras aves. Carrapato
umidade.
comum em galinheiros.
− A larva hexápoda ataca as aves, fixando-se
geralmente na pele do peito e sob as asas onde
CICLO:

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Carrapatos - Metastigmata
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suga durante 5 a 10 dias, depois disso ela − Os adultos copulam fora do hospedeiro, nos
retorna ao esconderijo. esconderijos, e as fêmeas só realizam postura
− Depois de ingurgitada ela volta ao após o repasto sangüíneo.
esconderijo onde muda a cutícula
transformando-se na N1 (ninfa 1 ou protoninfa). IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA
− Esta procura o hospedeiro e alimenta-se por E SAÚDE PÚBLICA:
30 a 60 min. -Tem importância pela sua ação espoliadora
− Regressa ao abrigo e muda para N2. levando à anemia e mortalidade de aves,
− Esta também procura o hospedeiro se principalmente as jovens.
alimenta e muda. - Há lesões hemorrágicas na pele.
− Após a muda aparecem os adultos. -Os carrapatos irritam as aves, estas bicam a

− Ciclo biológico em condições favoráveis de pele e conseqüentemente há diminuição da

temperatura e umidade se completa em 2 postura.

meses. -Há desenvolvimento retardado das aves novas.


-Serve como transmissor de microorganismos
(Borreliose).

DIAGNÓSTICO:
Procurar os ácaros à noite, larvas a qualquer
hora do dia principalmente embaixo das asas.

GÊNERO Ornithodorus
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
-Argasidae sem limitação das faces dorsal e
ventral.
- Formato de corpo retangular.
Figura 25. Ciclo do carrapato de aves Argas.
-Hipostômio bem desenvolvido nos adultos.
1- Adultos ingurgitam sobre a ave.
2- Fêmea cai e faz postura dos ovos.
HOSPEDEIROS:
3- Larvas fixam-se na ave.
Homem e animais domésticos.
4- Larvas ingurgitam.
5- Larvas caem e fazem ecdise.
6- Ninfas 1 fixam-se na ave e ingurgitam. CICLO:
7- Ninfas 1 caem e fazem ecdise para Ninfas 2 Vivem em solo arenoso, em áreas sombreadas,
8- Ninfas 2 sobem na ave e ingurgitam. ao redor de árvores.
9- No solo as N2 passam a adultos, macho e fêmea. Muito parecido com o anterior, só mudam os
10- Adultos sobem na ave e alimentam-se. hospedeiros e passam por duas ou mais fases
de ninfa antes de chegarem a adultos.

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Carrapatos - Metastigmata
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HOSPEDEIROS:
- Eqüinos.
- Ruminantes.
- Suínos.
- Caninos.
- Homem.

ESPÉCIE: Otobius megnini

CARACTERÍSTICAS:
- Vive nos estádios larvais e ninfais nas orelhas
de eqüídeos, bovinos, ovinos e outras
espécies.
- Os adultos não são parasitos.
- Todas as mudas são realizadas no
hospedeiro.
Figura 26. Vista dorsal e ventral de - Os parasitos sugam sangue e causam
Ornithodorus sp.
irritação que resulta em inflamações.
- As larvas e ninfas localizam-se na orelha.
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA - Os adultos vivem em esconderijos como
E SAÚDE PÚBLICA: galhos de árvores onde ocorre a cópula e a
-Transmissor da Borrelia causadora da doença postura (adultos não se alimentam).
de Lyme. - As larvas eclodem, vão até o hospedeiro
-São hematófagos e provocam grande irritação. (orelha) em 5 a 15 dias passam a ninfa1 –
ninfa2 – podem ficar até seis meses na orelha
CONTROLE: – deixam o hospedeiro e vão para lugares
Destruição dos esconderijos, aplicação de altos e secos onde se transformam em
acaricidas. adultos.

GÊNERO Otobius DIAGNÓSTICO:

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Otoscopia para visualizar larvas e ninfas.

- Argasidae com tegumento granuloso no


estádio adulto.
- Olhos ausentes.
- Hipostômio bem desenvolvido na ninfa e
vestigial nos adultos.

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Carrapatos - Metastigmata
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Laboratório de Parasitologia Veterinária da UFSM


Responsável: Dra Silvia Gonzalez Monteiro
Principais Carrapatos de Importância Médica Veterinária

Amblyomma

Amblyomma (peritrema)

Anocentor

Anocentor (peritrema)

Boophilus

Boophilus (peritrema)

Rhipicephalus
Rhipicephalus (Peritrema)

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Sarnas - Astigmata
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PARTE III
Sarnas
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SUBORDEM: SARCOPTIFORMES OU um hospedeiro susceptível. Contato direto entre


ASTIGMATA os animais e fômites.

CARACTERÍSTICAS: PERÍODO DE INCUBAÇÃO:


-Ácaros sem estigmas respiratórios (trocas Varia com a espécie, susceptibilidade do
gasosas pela pele). hospedeiro, número de ácaros transferidos e
-Coxas fundidas a face ventral do corpo. local de transferência. Varia de 2 a 6 semanas.
-Quelíceras com quelas.
-Corpo pouco quitinizado. ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO:
-Tarsos com empódio unciforme ou em forma de Ovos, larvas, duas gerações de ninfas e adultos.
ventosa.
-Olhos ausentes. CICLO COMPLETO
-Psoroptidae: 8 a 20 dias / -Sarcoptidae: 10 a
TRANSMISSÃO: 20 dias.
Ocorre quando os ácaros são transferidos para

Família Gênero Hospedeiro Vertebrado Espécie


Sarcoptidae Sarcoptes Homem Sarcoptes scabiei
(Ácaros escavadores) Eqüinos S. scabiei var. equi
Cães S. scabiei var. canis
Suínos S. scabiei var. suis
Bovinos S. scabiei var. bovis
Ovinos S. scabiei var. ovis
Caprinos

Notoedres Gatos, coelhos,rato Notoedres cati, N. cuniculi, N. muris


Cnemidocoptidae Cnemidocoptes Galiformes Cnemidocoptes gallinae
(Ácaros escavadores) (sarna podal das aves) Galiformes Cnemidocoptes mutans
Periquito Cnemidocoptes pilae
Eqüinos Psoroptes equi
Coelhos Psoroptes cuniculi
Psoroptes Ovinos Psoroptes ovis
Psoroptidae Bovinos Psoroptes natalensis
(Ácaros superficiais) Psoroptes bovis
Psoroptes caprae

Chorioptes Ruminantes, eqüinos e coelhos Chorioptes ovis, Chorioptes bovis, Chorioptes


equi, Chorioptes cuniculi
Otodectes Cão, Gato, e outros carnívoros Otodectes cynotis
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Sarnas - Astigmata
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MORFOLOGIA DAS SARNAS:

Figura 27. Sarcoptes sp.

Figura 30. Psoroptes sp

Figura 28. Notoedres sp.

Figura 31. Chorioptes sp.

Figura 29.
Cnemidocoptes sp.
Figura 32. Otodectes sp.

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Sarnas - Astigmata
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1-FAMÍLIA SARCOPTIDAE: (ESCAVADORES)


- Escavam galerias na pele (intradérmicas) na CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
qual penetram profundamente provocando um - 0,2 a 0,5 mm
espessamento da pele, sem formação de - Gnatossoma cônico, tão longo quanto largo.
crostas. - Corpo estriado com áreas escamosas e
- Corpo globoso. espinhos curtos e grossos na face dorsal.
- Rostro curto e largo. - Machos com ventosas nas patas I, II, e IV.
- Patas curtas e grossas - Fêmeas com ventosas nas patas I e II.
- Patas posteriores encaixadas total ou - Ânus terminal.
parcialmente no idiossoma (parte final do - Pedicelo longo e simples
corpo). - Corpo globoso.
- Machos sem ventosas copuladoras adanais. GÊNERO: Notoedres
- Gêneros: Sarcoptes, Notoedres. ESPÉCIE: Notoedres cati (gato), muris(rato)

Figura 33. Túneis escavados por Sarcoptes e


Notoedres na epiderme.

GÊNERO: Sarcoptes
ESPÉCIE: Sarcoptes scabiei: var. equi, var. Ânus dorsal
canis, var. suis.

Figura 35. Sarna do gênero


Notoedres

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Sarna da cabeça do gato.
- Ânus dorsal.
Presença de - Corpo globoso.
espinhos
- 0,1 a 0,25 mm.
- Machos com ventosas nas patas 1, 2 e 4.
Figura 34. Sarna do gênero Sarcoptes sp. - Fêmeas com ventosas nas patas 1 e 2.

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- Face dorsal com escamas rombas. - Corpo estriado, face dorsal com saliências
mamelonadas.
CICLO BIOLÓGICO: - Gnatossoma mais largo do que longo.
GÊNERO Sarcoptes e Notoedres - Fêmeas sem ventosas nas patas.
Em seu ciclo evolutivo passam pelas fases de - Machos com cerdas longas e ventosas em
ovo, larva, duas fases de ninfa, macho, fêmea todas as patas.
imatura e fêmea adulta ou ovígera. A - Pedicelos não segmentados.
transformação da fêmea imatura em adulta - Ânus terminal
ocorre após a fertilização. A fêmea fertilizada - Apresentam duas cerdas ao lado do ânus
escava galerias na epiderme, onde se nutre de
linfa. À medida que escava seu túnel, vai
efetuando a postura dos ovos. Esses vão
surgindo com 2 a 3 dias de intervalo e se
sucedem durante dois meses, ficando para trás Gnatossoma mais
largo que longo
os mais velhos. A fêmea gasta cerca de meia
hora para atravessar a camada córnea da pele.
O trajeto das galerias pode ser reconhecido pelo
aspecto irritativo e pelas excreções enegrecidas
que a fêmea vai deixando. Os ovos dão
nascimento, em cerca de cinco dias, a larvas
hexápodes que passam para a superfície da
pele onde procuram alimento, abrigo e passam
por uma ecdise, surgindo as ninfas, octópodes.
Após nova muda de pele, surgem os machos e
as fêmeas imaturas; o primeiro procura essas
últimas para a fertilização. Passados alguns
dias, a fêmea imatura, já fertilizada, passa por
nova ecdise resultando na fêmea adulta, que
procura penetrar na pele recomeçando o ciclo.
Assim, o ciclo se completa em 10 a 14 dias.
Figura 36. Sarna do gênero Cnemidocoptes

2- FAMÍLIA CNEMIDOCOPTIDAE
Ciclo biológico do gênero Cnemidocoptes
GÊNERO Cnemidocoptes
As fêmeas não praticam galerias como fazem as
ESPÉCIE Cnemidocoptes mutans
do gênero Sarcoptes; elas permanecem
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
sedentárias e sua presença determina uma
- Sarna podal dos galináceos.
proliferação epidérmica acompanhada de
- Não possuem espinhos na face dorsal.
aumento da substância córnea. Essa

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proliferação é bem marcada nas excrescências em que se desenvolve o tecido esponjoso, não
das patas, resultado de um tecido alveolar se nota mais qualquer sinal de inflamação.
tomado de numerosas pequenas câmaras,
repletas de ácaros em todos os estágios do 3- FAMÍLIA PSOROPTIDAE – ácaros não
desenvolvimento. O ácaro invade ativamente a escavadores
epiderme, penetrando no folículo plumoso ou - São ácaros superficiais, produzem formação
atravessando diretamente a camada córnea de crostas espessas.
epidérmica, Instala-se nas camadas superficiais - Corpo ovóide.
da epiderme, danificando-a em direção à derme. - Face dorsal sem espinhos.
Ao mesmo tempo os bordos da depressão por - Rostro longo e cônico.
onde penetrou reagem produzindo uma - Machos com ventosas (copuladoras) adanais.
abundante quantidade de substância córnea que - Patas longas e espessas, 40 par de patas nos
vai recobrir totalmente a depressão, machos é menor que o terceiro.
transformando-a em uma pequena bolsa - Gêneros: Psoroptes, Chorioptes, Otodectes.
fechada. No estágio seguinte as células
epidérmicas entram em proliferação, englobando GÊNERO Psoroptes
o ácaro. No interior da câmara o ácaro CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
permanece separado do estrato por germinativo - Corpo ovóide.
da pele por uma fina camada de queratina. - Parasitas de eqüídeos, bovinos, ovinos,e
Pouco a pouco a câmara vai se aprofundando coelhos.
na derme. Parece que todo o desenvolvimento - 0,5 a 0,8 mm.
do ácaro se verifica no interior dessas bolsas.
Em certo momento a bolsa primitiva dará
origem, por meio de um mecanismo semelhante
ao brotamento, a uma bolsa secundária que
acaba por se separar da bolsa mãe. A repetição
do mecanismo conduz finalmente à produção de
um tecido esponjoso.
Apenas na fase inicial da invasão das camadas
superficiais da epiderme pelo ácaro estabelece-
se uma reação inflamatória; esta consiste em
uma necrose focal da parte da derme ou
epiderme imediatamente subjacente ao ponto de
penetração do ácaro. Observa-se também a
presença de um exsudato inflamatório. Logo que
o ácaro se instala mais profundamente na Pedicelo triarticulado

epiderme, essas manifestações inflamatórias Figura 37. Sarna do gênero Psoroptes


desaparecem e durante os estágios seguintes,
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- Gnatossoma mais longo que largo. - Machos com ventosas nas patas I, II, III e IV.
- Patas grossas e longas terminando em longos - Machos sem tubérculos abdominais.
pedicelos tri-segmentados
- Machos com ventosas nas patas I, II e III. GÊNERO Chorioptes:
- Fêmeas com ventosas nas patas I, II e IV. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Machos apresentam duas ventosas - Sarna de ovinos, bovinos, caprinos e eqüinos.
copulatórias ao lado do ânus - 0,3 a 0,6 mm.
- Machos com 40 par de patas bem reduzido. - Gnatossoma tão longo quanto largo.
- Ânus terminal. - Machos com ventosas nas patas I, II, III e IV.
- Fêmeas com ventosas nas patas I,II e IV.
GÊNERO Otodectes - Pedicelo curto e simples, sem segmentação.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Peças bucais arredondadas.

- Sarna auricular de cães e gatos. - Machos com tubérculos abdominais.

- 0,3 a 0,5 mm.


Pedicelo curto
- Ventosas com pedicelos curtos e simples,
sem segmentação.
- Corpo ovóide. Ápódemas
0 divergentes
- O 4 par de patas das fêmeas é muito
pequeno.
- Gnatossoma em forma de cone.
- Fêmeas com ventosas nas patas I e II.

Figura 39. Ácaro Chorioptes sp.

Ciclo biológico dos gêneros Psoroptes,


Ápódemas Otodectes e Chorioptes
convergentes As sarnas psorópticas são produzidas por
ácaros dos gêneros Psoroptes, Otodectes e
Chorioptes, da família Psoroptidae dos ácaros
Astigmata parasitos. Caracterizam-se por serem
sarnas não penetrantes, superficiais, em que o
agente causal não pratica galerias dentro da

Figura 38. Macho de Otodectes sp.


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pele do hospedeiro, e se desenvolve nas regiões intermamário, escroto, regiões glúteas, podendo,
lanosas ou bem dotadas de pêlos dos animais. no entanto, estender-se por todo o corpo, sendo
Elas apresentam as mesmas fases evolutivas raro no rosto. O papel patogênico não reside
em seu ciclo que Sarcoptes scabiei, no entanto, somente na lesão produzida pelo ácaro mas
não praticam galerias no interior da pele. Esses também na contaminação secundária desta ou
ácaros picam a pele causando irritação, das escoriações provocadas pelo indivíduo ao
descamação e exsudação de soro, vivem e se se coçar.
multiplicam sob a descamação provocada e a Ácaros das sarnas sarcópticas dos animais
sua contínua atividade provoca o agravamento domésticos podem infestar o homem, porém a
da lesão. Alastra-se de preferência nas regiões de origem animal é muito menos grave do que a
bem dotadas de pêlos do corpo do animal. humana, porque os ácaros não escavam a pele
e não se multiplicam. Ocorre apenas uma
DIAGNÓSTICO DAS SARNAS: erupção papular avermelhada, com prurido que
Detecção dos ácaros nas galerias (extração desaparece em poucas semanas.
mediante agulhas) ou em raspados de pele. A Os ácaros que causam a sarna sarcóptica dos
verificação dos túneis, das vesículas que se animais domésticos são estruturalmente
formam na parte terminal desses e a distribuição semelhantes à espécie que causa a escabiose
zonal das lesões são elementos para o humana, mas representam subespécies de S.
diagnóstico. A sua confirmação é obtida scabiei, pois não são facilmente transferidas de
fazendo um raspado do material cutâneo para a um hospedeiro para outro.
obtenção de exemplares do ácaro e observação
microscópica. SINTOMAS:
Família Sarcoptidae:
EPIDEMIOLOGIA DA SARNA SARCÓPTICA: Pus, crostas e escamas, alopecia, prurido e
A sarna sarcóptica humana é conhecida desde engrossamento da pele.
remota antigüidade. A infecção alastra-se Uma das características principais dessa
rapidamente em grupos de pessoas como em parasitose é o prurido que vem sobretudo à
hospitais, escolas, estabelecimentos comerciais noite, quando o indivíduo deita para dormir. A
etc., causando sérios inconvenientes. O lesão cutânea é típica: observam-se áreas
contágio se realiza quando as fêmeas do ácaro eritematosas, pápulas foliculares e vesículas nas
passam do indivíduo atacado para o indivíduo regiões afetadas.
sadio; é favorecido pelo uso de roupas de cama A maioria dos sintomas cutâneos é devida a
ocupados anteriormente por pessoas infestadas, infecções secundárias. Há indicações de que a
peças do vestuário e quase sempre é noturno. O primeira infestação pelo ácaro não determina
contágio é facilitado pela falta de higiene e coceira imediata; depois de cerca de um mês
promiscuidade. O ácaro localiza-se na epiderme, aparece o prurido e então se instala a coceira - o
sob a camada córnea, predominantemente nos paciente tornou-se agora sensível ao ácaro.
espaços interdigitais, cotovelos, axilas, sulco Após ter sido infestado uma vez, ao se
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reinfestar, a inflamação tem lugar em poucas escamas semelhantes às da caspa. Não sendo
horas. Uma pessoa já sensibilizada começa a se tratada, a sarna sarcóptica prejudica muito a
coçar imediatamente e freqüentemente remove saúde dos animais que passam por um período
o ácaro, terminando a infecção, enquanto que de desnutrição progressiva terminando com a
na pessoa não sensibilizada o parasita se morte do animal.
desenvolve por cerca de um mês antes que o
hospedeiro tome conhecimento. - A sarna sarcóptica do carneiro e ovelhas se
desenvolve nas partes não recobertas de lã,
- Na cabra a sarna sarcóptica geralmente se portanto, na cabeça do animal. Provoca coceira
inicia pela cabeça e orelhas, podendo intensa, determinando o ato de coçar
generalizar-se e invadir o corpo e membros. ocasionando lesões cutâneas; freqüentemente
Caracteriza-se pela formação de crostas há infecção nos olhos que podem conduzir à
acompanhada de coceira, perda de pêlos e perda da visão.
espessamento da pele.
- Na sarna sarcóptica dos cavalos, as primeiras
- No cão a sarna sarcóptica manifesta-se no lesões visíveis ocorrem na cernelha e em torno
início por um prurido ou coceira que coincide da cabeça, podendo também se iniciar pelo
com o aparecimento de pequenos pontos peito e pelos flancos. A intensa coceira obriga o
vermelhos na pele, semelhantes a picadas de animal a se esfregar fortemente contra objetos
pulgas, que se localizam inicialmente na cabeça, que o rodeiam. A presença e a atividade dos
focinho, ao redor dos olhos e principalmente na ácaros causa intensa irritação; a pele inflama-se,
margem da orelha, mais tarde as máculas são aparecendo vesículas em torno do ponto de
substituídas por vesículas (pequenas bolsas penetração dos ácaros. As vesículas, sendo
cheias de líquido). Os pêlos caem rompidas, libertam o seu conteúdo que,
progressivamente e com o ato de coçar há secando, dá origem às crostas. Nas áreas
exsudação de soro que, secando, origina afetadas os pêlos mantêm-se eretos e muitos
crostas salientes que se iniciam, sobretudo no caem. Do ato de coçar resulta injúria mecânica
bordo posterior da orelha. Quando se desconfia com a formação de grandes crostas firmemente
que um cão está atacado por sarna sempre se aderentes aos tecidos subjacentes. Com a
deve examinar a parte inferior da margem movimentação do animal podem romper-se e o
posterior das orelhas. Nessa região a sarna soro e sangue conferem uma coloração amarelo
provoca um grande número de pequenas - avermelhada às lesões. A parasitose pode ter
saliências no tamanho de grãos de areia de curso rápido e ser até mortal. A sarna sarcóptica
modo que, quando se aperta e se passa essa eqüina é geralmente transmitida por contato
região entre os dedos, se tem uma sensação de direto entre os animais; no entanto, arreios,
aspereza semelhante à uma superfície selas e outros também podem ser responsáveis
granulosa”. Nos cães novos as lesões se pelo contágio.
manifestam pelo desprendimento de pequenas
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Sarnas - Astigmata
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- No coelho a sarna sarcóptica manifesta-se no


focinho, lábios, queixo, base das unhas, orelhas
e planta dos pés. É acompanhada de intensa
coceira e de formações crostosas. Dissemina-se
facilmente nas criações e quando não tratada é
mortal.

- No gado bovino a sarna sarcóptica é pouco


freqüente; geralmente se inicia na parte interna
das coxas, na face inferior do pescoço e na base
da cauda, de onde pode alastrar-se para todo o
Figura 40. Lesão de sarna notoédrica em
corpo. gato.

formando cadeias, principalmente na borda das


- Também o porco é um animal sujeito ao
orelhas, deformando o contorno destas; em
ataque por S. scabiei, onde a sarna se instala de
seguida aparecem crostas cinzentas-
início na cabeça, principalmente nas orelhas e
amareladas, provocando a queda dos pelos.
ao redor dos olhos, de onde pode alastrar-se por
todo o corpo. Manifesta-se por intensa coceira e
Sarna Cnemidocóptica:
pela formação de crostas, sendo mais severa
Aves andam com dificuldade, prurido moderado,
em leitões.
patas com aspecto engrossado e descamação
da pele, má formação das patas.
Sarna Notoédrica:
- Em gatos localiza-se principalmente nas
Sarna Psoróptica:
orelhas e na cabeça do animal, podendo
- Psoroptes bovis (Gerlach, 1857) é a causadora
estender-se para outras partes do corpo,
da sarna psoróptica em bovinos, cujos
sobretudo em torno dos órgãos genitais. Os
primeiros sintomas são coceira intensa da pele
sintomas incluem coceira, formação de crostas
na cernelha, na base da cauda ou nas partes
que se espessam, endurecem e se desenvolvem
látero - dorsais do pescoço. Dessas regiões
à custa de exsudações de soro e
pode alastrar-se pelo dorso e flancos do animal,
extravasamento de sangue. Eventualmente
atingindo eventualmente todo o corpo. À medida
pode se transferir para o homem.
que os ácaros se multiplicam, infligem uma série
de pequenos ferimentos a pele, seguidos de
- Em coelhos ocorre prurido nos lábios e região
coceira, formação de pápulas, inflamação e
nasal. Essa sarna é cefálica, iniciando-se nas
exsudação de soro. O soro que vem a superfície
orelhas e depois descendo pela parte ventral do
mistura-se com sujeira e solidifica-se formando
pescoço, podendo estender-se às patas e região
escamas amarelo - acinzentadas,
dos órgãos genitais. As lesões iniciais
freqüentemente mostrando também manchas de
constituem-se de pequenas pápulas que vão
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Sarnas - Astigmata
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sangue. Inicialmente as escamas têm cerca de infestação são indicadas por hiperemia (excesso
0,5 cm de diâmetro; à medida que os ácaros vão de fluxo sangüíneo na superfície do corpo) e
passando para a pele sadia circunjacente, a pela formação de crostas vermelho castanhas
lesão gradativamente aumenta. Com o avançar próximo da base do pavilhão auricular; com o
da parasitose, extensas áreas ficam desnudas e avançar da parasitose, pode afetar toda a
cobertas de crostas. A pele espessa-se, a superfície interna da orelha. A complicação mais
coceira é intensa e o animal é constantemente séria é a infecção piogênica do ouvido médio
irritado. que pode se estender ao ouvido interno. A
invasão das lesões por bactérias pode levar à
- Psoroptes caprae causa a sarna psoróptica em formação de ulcerações. A presença de ácaros
cabras, tendo a parasitose desenvolvimento no ouvido médio resulta também em distúrbios
idêntico à observada na espécie bovina, nervosos; os animais assim atacados
podendo aparecer em qualquer parte do corpo; freqüentemente sacodem a cabeça e raspam
parece haver tendência a se limitar às orelhas com as unhas a base do pavilhão auditivo
da cabra, determinando sarna auricular que produzindo ferimentos que ainda mais
embora rara, pode causar surdez, perda de intensificam as dores.
apetite e, em casos extremos, a morte do
animal. Sarna Otodécica:
Essa espécie determina irritação no conduto
- Psoroptes ovis é a responsável pela sarna auditivo de cães e gatos; não pratica galerias
psoróptica de carneiros e ovelhas, em que no tegumento, mas alimenta-se de fluidos
provoca desmerecimento do couro e da lã, e tissulares na profundidade do canal auditivo,
assume tal aspecto de gravidade que chega a próximo do tímpano. Da porção média do
determinar a morte dos animais parasitados. A conduto auditivo para o tímpano aparecem
irritação é severa e freqüentemente se observa crostas; o tímpano pode mostrar-se
os animais infestados coçarem-se e mesmo se hemorrágico. Em virtude da intensa irritação
morderem. provocada pelo ácaro, o canal vai acumulando
produtos inflamatórios, cera alterada e ácaros.
- Psoroptes equi, a sarna psoróptica em cavalos Freqüentemente ambos os ouvidos são
é semelhante àquela descrita para bovinos, afetados.
sendo as primeiras lesões observadas na Em casos de parasitoses intensas os animais
cabeça. mostram sinais de distúrbios nervosos,
freqüentemente se movendo em círculos ou
- Psoroptes cuniculi ataca coelhos, restringindo- sacudindo a cabeça. O ato de coçar muitas
se geralmente ao pavilhão da orelha (sarna vezes conduz ao aparecimento de hematomas
auricular não penetrante); pode expandir-se na orelha. Infecções bacterianas secundárias as
infestando outras partes da cabeça, pescoço e vezes resultam em inflamações do ouvido
mesmo as patas. As primeiras manifestações da médio e mesmo das meninges.
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Sarnas - Astigmata
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O. cynotis também ataca o furão. Separação dos animais infestados, alimentação


adequada, condições de higiene do recinto
Sarna Chorióptica: satisfatórias, esterilizar o material de uso nos
- Chorioptes ovis, parece ser a única espécie do animais (arreios, coleiras) com acaricida sendo
gênero assinalada no Brasil (Freire, 1955), melhor não utilizá-los antes de 14 à 17 dias.
causa a sarna chorióptica em carneiros e
ovelhas, localizando-se principalmente nas
rugas da bolsa escrotal dos carneiros, e que não
invade as partes do corpo revestidas de lã
comprida. Por esse motivo foi também
designada de sarna das partes baixas. Ataca
também os pés e os membros, subindo até a
face interna das coxas, região escrotal dos
carneiros e da mama das ovelhas. As regiões
parasitadas se recobrem de crostas e produzem
prurido bastante intenso. Parece não atacar a
cabeça e demais partes do corpo.

- Chorioptes cuniculi determina em coelhos uma


parasitose quase indistinguível da sarna
auricular não penetrante, causada por
Psoroptes, no entanto, é bem menos séria.

- Chorioptes equi determina uma parasitose


semelhante àquela causada por Psoroptes, mas,
as lesões estão geralmente confinadas às partes
inferiores das patas, notadamente do boleto,
sendo por isso também denominada sarna das
patas dos cavalos.

- Chorioptes bovis é responsável pela sarna


chorióptica do gado bovino, bastante
semelhante a sarna psoróptica, porém
localizada e menos séria. Geralmente restringe-
se à cauda e aos boletos das patas anteriores e
posteriores e via de regra não se alastra.

PROFILAXIA:
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Ácaros - Prostigmata
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PARTE IV
Prostigmata
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FILO ARTHROPODA
CLASSE ARACHNIDA ESPÉCIES:
-Cheyletiella yasguri – Comumente encontrada
ORDEM ACARI (ACARINA) em cães.
-Cheyletiella blakei – Comumente encontrada
SUBORDEM ACTINEDIDA (PROSTIGMATA) em gatos.
-Cheyletiella parasitovorax – Comumente
CARACTERÍSTICAS:
encontrada em coelhos.
- Estigmas respiratórios quando presentes,
Todas as espécies podem ser transmitidas para
situados anteriormente.
outros animais e ao homem.
- Ovo –Larva – Protoninfa – Deutoninfa –
Adultos.
CARACTERÍSTICAS:
- Famílias: Cheyletidae, Myobiidae,
Demodecidae e Trombiculidae. - Os ácaros são grandes (385 µm ), vivem sobre
a superfície da pele e seus ovos ficam presos
FAMÍLIA CHEYLETIDAE
em fios do pêlo.

GÊNERO Cheyletiella CICLO:

HOSPEDEIROS: - O ciclo desses ácaros é em média de 21 a 35

Coelhos, cães e gatos. dias sobre o hospedeiro, mas adultos podem


sobreviver fora do hospedeiro por 2-14 dias, por
isso a infestação pode ser adquirida do
ambiente (Ex: cama) ou por contato direto.

PATOGENIA:
- Provoca caspa, dermatite descamante.
- No homem causa irritação na pele e coceira.
- O grande número de ácaros brancos movendo-
se sobre a superfície da pele é chamado de
“caspa ambulante”.

FAMÍLIA MYOBIIDAE
GÊNERO Myobia
Figura 41. Adulto de Cheyletiella
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Ácaros - Prostigmata
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CARACTERÍSTICAS:
- Causa sarna em camundongos, com coceira e
perda de pêlo.
o
- 1 par de patas modificado.
- Alargamento na lateral do corpo.
- Cerdas na extremidade posterior.

Figura 43. Ácaro Demodex humano


(acima) e de cão (abaixo).

- Dois estádios ninfais.


- Corpo dividido numa parte anterior curta e uma
posterior alongada e com estriações.
ESPÉCIES:
-Demodex canis (cão)
-D. phylloides (suino)
-D. pholiculorum (homem)
Figura 42. Ácaro de roedores
Myobia sp.
CARACTERÍSTICAS:
- Sarna profunda, que vive no folículo piloso,
CONTROLE
glândulas sebáceas e sudoríparas por isso tem
Higiene, manutenção adequada alimentar, tratar
o corpo alongado. Podem viver em linfonodos e
o animal doente e evitar contato com outros
outros órgãos internos como o rim, fígado.
animais e fômites.
- O estabelecimento da doença está relacionado
à imunidade. Normalmente atinge filhotes de 3 a
FAMÍLIA DEMODECIDAE
6 meses.
GÊNERO Demodex - Aparecem áreas circunscritas de alopecia na
ESPÉCIES: Demodex canis (cão), D. cabeça, ao redor dos olhos e na parte inferior da
phylloides(suino), D. pholiculorum (homem) pata (projeções ósseas nas extremidades).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Patas curtas.
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Ácaros - Prostigmata
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ninfal chamada protoninfa e após para


deutoninfa, ocorre a diferenciação para machos
e fêmeas, que vão para a superfície da pele a
fim de copularem (fase de contaminação). Após
a cópula as fêmeas ovígeras (já fecundadas) e
os machos voltam para o folículo piloso. Pode
ocorrer o rompimento do folículo e o ácaro
mover -se para outros órgãos (ex. fígado) mas
não há danos.

CONTROLE:
Como é uma sarna de ocorrência natural na
pele que produz doença em imunodeprimidos,
Figura 44. Lesões de sarna demodécica.
deve-se pesquisar a causa da imunodepressão
- Há formação de crostas, pontos vermelhos, (mudança de casa, na alimentação, stress) e
queda acentuada de pêlos. Não há evidência de
evitar contato da mãe doente com a ninhada.
prurido.
* D. foliculorum e D. brevi atingem humanos,
- Tipos: Úmido, quando tem pus (infecção sendo que a primeira nos folículos pilosos do
secundária-imunodepressão). rosto e a segunda nas glândulas sebáceas do
Seco, com prurido intenso e crosta mesmo.
superficial. Geralmente inicial e passa para o
estado úmido. DIAGNÓSTICO CLÍNICO - Através da coleta de
- Atacam mais os animais jovens e de pêlo material:
curto. Animais sadios podem ter mesmo sem 1)Para ácaros que penetram profundamente,
apresentar a doença. como Sarcoptes, Notoedres e Demodex.
- A maioria dos casos é branda e a recuperação
? Mergulhe a lâmina de bisturi em óleo mineral,
espontânea, mas em alguns casos pode levar
pegue uma prega de pele e raspe mantendo um
até a morte (nesses casos os pêlos se tornam
ângulo reto com a pele até produzir um leve
esparsos sobre regiões cada vez maiores e a
sangramento.
pele se torna áspera e seca - é a sarna
2)Cnemidocoptes.
vermelha).
? Amoleça as crostas com água morna e óleo
mineral. Remova as crostas mais soltas, macere
CICLO:
e olhe no microscópio.
Ácaros dentro do folículo piloso, glândulas
3)Sarnas superficiais (Psoroptes, Chorioptes e
sebáceas e glândulas sudoríparas (no cão
Otodectes).
principalmente no folículo piloso e glândulas
? Raspe as crostas soltas e guarde em pote
sudoríparas). Ocorre a eclosão das larvas
bem fechado. Macere algumas crostas com óleo
dentro do folículo, estas passam para a fase

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Ácaros - Prostigmata
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mineral, coloque em uma lâmina e olhe no requerer de dois meses a um ano, sendo que 1
microscópio com objetiva de 10X. a 5 gerações podem ser produzidas por ano,
fato esse que vai depender da temperatura,
FAMÍLIA TROMBICULIDAE umidade, e localização. As larvas ficam 15 dias

GÊNERO Eutrombicula, trombicula no hospedeiro e caus am dermatite intensa, pois


inoculam saliva tóxica que lesa as células . As
larvas se alimentam-se de linfa.
CARACTERÍSTICAS:
- Hematófaga.
- Conhecida como micuim.
- Escudo com cerdas ramificadas.
- Febre fluvial é transmitida pelos
trombiculídeos.
-Transmitem Rickettsia a roedores silvestres que
não desenvolvem a doença, mas podem mais
tarde transmitir ao homem.
- Saliva tóxica – Causa prurido
- Cheio de cerdas nas patas.
- Quelíceras pontiagudas

CICLO BIOLÓGICO:
São ácaros de vida livre, ninfas e adultos vivem
e alimentam-se em matéria orgânica. No solo as
fêmeas põem os ovos em áreas abrigadas, em
uma semana eclodem as larvas que possuem
três pares de patas e é a fase parasitária.
Quando um animal ou homem se aproxima as
larvas laranja-amarelada ou laranja-
avermelhada rastejam na superfície de terra
ativadas pelo CO2 da respiração, fixam-se,
alimentam-se no animal e após vão ao solo
onde mudam para ninfas e posteriormente para
adultos. Adultos normalmente vivem em lugares
protegidos e ficam mais ativos na primavera. A
ninfa, como o ácaro adulto, tem oito patas. Os
corpos são normalmente cabeludos. As ninfas e
adultos alimentam de insetos pequenos ou
outros organismos. O ciclo de vida inteiro pode

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Ácaros - Cryptostigmata
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PARTE V
Cryptostigmata
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FILO ARTHROPODA Vivendo no solo, sobem pelas hastes do capim


CLASSE ARACHNIDA onde são ingeridos pelos animais; no trato
digestivo dos animais ocorre a libertação do
ORDEM ACARI (ACARINA) cestóide que vai parasitar o bovino (eqüino).

SUBORDEM CRYPTOSTIGMATA OU IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRI A


ORIBATIDA E SAÚDE PÚBLICA:
É importante por agir como transporte de
SUPER FAMÍLIA GALUMNOIDEA
cestóides para os animais.
FAMÍLIA GALUMNIDAE

CONTROLE:
SUPER FAMÍLIA ORIBATULOIDEA
Não se tem medidas adequadas para o controle
FAMÍLIA ORIBATIDAE
no pasto.

CARACTERÍSTICAS:
? Os ácaros incluídos na subordem Oribatei ou
Cryptostigmata constituem um dos mais
numerosos grupos de artrópodes do solo,
tanto em número de espécies quanto em
número de indivíduos. Eles têm um papel
importante na decomposição de substâncias
orgânicas no solo.
? Respiração por tubos traqueais que se abrem
em estigmas respiratórios na base das patas.
Figura 45. Ácaro Cryptostigmata.
HOSPEDEIROS:
Não possuem, são ácaros de vida livre.

CICLO:
Ovo - larva - 3 fases ninfais (protoninfa,
deutoninfa e tritoninfa) e adultos.
Habitam as camadas superficiais do solo, onde
alimentam-se de fezes (coprófagos) podendo
desse modo adquirir os ovos de cestóides.

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CLASSE INSECTA • Cada par de patas é inserido em um segmento


torácico.

MORFOLOGIA EXTERNA: • A pata se divide em coxa, trocanter, fêmur,


• Os insetos são artrópodes com o corpo dividido tíbia e tarsos.
em três regiões bem distintas: cabeça, tórax e • Os tarsos são divididos em três a cinco
abdômen. segmentos e nesses estão as garras e
• Com um par de antenas. estruturas membranosas chamadas empódio

• Com três pares de pernas; É também que podem ou não ter dois apêndices

conhecida por classe hexápoda. posteriores chamados de pulvilo.

• Adultos geralmente, com um ou dois pares de


asas. ASAS

• Respiração traqueal. Os insetos podem ser ápteros (sem asas -


pulgas e piolhos) ou dípteros (com 1 ou 2 pares
• Orifício genital situado na extremidade
de asas).As asas são estruturas membranosas
posterior do abdome.
com escamas, cerdas ou espinhos. São
• Simetria bilateral.
compostas por nervuras ou veias e suas
• As antenas são divididas em escapo (parte
características identificam famílias ou gêneros.
articulada na cabeça), pedicelo e flagelo (1 a 10
1. Nervura Costa (C) - completa ou incompleta
segmentos). Pode ou não existir arista nos
2. Nervura Subcosta (SC)
flagelos.
3. Nervura Radial (R)
• Os olhos compostos (omátides) são formados
4. Nervura Mediana (M) - bifurcação da nervura
por centenas de omatídeos. Visão bastante
Radial
ampla para o inseto.
5. Nervura Cubital (Cu)
• Dois a três ocelos, auxiliares na parte dorsal da
6. Nervura Anal (A)
cabeça, entre os olhos compostos.
OBS: Cada área delimitada por nervuras chama-
• Aparelho bucal com um par de mandíbulas, 1
se célula. Essa pode ser apical e fechada ou
par de maxilas (pode ter palpos maxilares), 1
discal. As nervuras costa e subcosta não se
labro dorsal, 1 lábio ventral e 1 hipofaringe.
ramificam.
• Na extremidade da probóscida existe um par
de labelas, que varia de tamanho com o tipo de
ABDÔMEN
aparelho bucal (mastigador: mandíbulas
Segmentos em anéis, sem apêndices e com
desenvolvidas ou picador: estiletes perfurantes)
cerdas. É onde aparece a abertura genital.
• O tórax é dividido em 3 segmentos: Protórax,
Apresenta na região pleural (lateral) os estigmas
Mesotórax e Metatórax e cada um desses é
respiratórios ou espiráculos. Essa região é
dividido em 4: um segmento dorsal (noto), dois
menos quitinizada para permitir a distensão
segmentos laterais (pleura) e um segmento
abdominal. Os três últimos anéis não
ventral (esterno).

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apresentam espiráculos. Há insetos com Funções: Digestão e absorção dos alimentos.


espiráculos no tórax. Em alguns insetos há divertículos, geralmente
situados na parte anterior do estômago,
MORFOLOGIA INTERNA DOS INSETOS denominados cecos gástricos.

1.Sistema Digestivo – Proctodeu,


Nos insetos o canal alimentar consiste de um Freqüentemente, está dividido em três partes:
tubo quase reto, que se estende da boca, - Intestino delgado ou íleo.
situada na extremidade anterior, até o ânus, - Intestino grosso ou cólon.
situado posteriormente. - Reto.
Este tubo é diferenciado em três regiões O íleo é tubular, o colo é dilatado e o reto
distintas: globular ou piriforme. Este possui número
- Intestino anterior ou estomodeu. variável de papilas - chamadas papilas retais - e
- Intestino médio ou mesêntero. termina pelo ânus.
- Intestino posterior ou proctodeu.
Glândulas salivares:
Estomodeu: Ao nível da cavidade bucal abre-se o duto das
Inicia na boca ou cavidade bucal e está dividido glândulas salivares situadas no tórax ou se
nas seguintes porções: faringe, esôfago, papo e prolongam até o abdome.
proventrículo. As glândulas salivares variam nos diferentes
- A faringe, nos insetos sugadores, possui insetos, podendo ser simples ou lobadas,
musculatura poderosa, e funciona como uma colocadas simetricamente uma de cada lado do
bomba de sucção. corpo do inseto.
- O esôfago é um tubo simples que se prolonga De cada lado sai um duto salivar que se reúnem
até o tórax; sua porção posterior se dilata, em para formar um canal coletor único, por onde se
alguns insetos, para formar o papo. Ao papo escoa a secreção salivar.
segue-se o proventrículo que se caracteriza pela
forte musculatura das suas paredes e pela Natureza da secreção salivar
presença de dentes e espinhos. Varia muito nos vários grupos de insetos; as
espécies que se alimentam de sangue de
Função do estomodeu: vertebrados, freqüentemente produzem
É armazenar os alimentos e triturá-los; aí secreção salivar que contém uma substância
começa também a digestão, graças às enzimas anticoagulante.
de várias naturezas que variam de acordo com o A inoculação da secreção salivar por insetos
tipo de alimentação do inseto. hematófagos, durante o ato de alimentação,
provoca nos hospedeiros uma reação cutânea
Mesêntero: variável de intensidade, de quase imperceptível
Varia de forma segundo o grupo dos insetos. até severa.
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Alguns insetos aquáticos possuem brânquias.


2. Sistema Excretor –
Ao nível da junção do mesêntero com o 4. Sistema Circulatório –
proctodeu abrem-se os tubos de malpighi, de Os insetos têm circulação aberta.
função excretora. Há apenas um vaso que se estende
A excreção nos insetos se realiza, dorsalmente do tórax ao abdome, acima do
principalmente, pelos tubos de Malpighi, que aparelho digestivo, e que se chama vaso dorsal.
funcionam corno se fossem rins.
Os tubos de Malpighi, cujo número e tamanho Coração:
variam de inseto para inseto, consistem de É a porção dilatada do vaso dorsal, constituída
vários túbulos alongados fechados na de várias câmaras, situada posteriormente.
extremidade livre e que se abrem na luz A porção mais delgada, situada anteriormente, é
intestinal pela outra extremidade. a aorta dorsal.
A urina, que é filtrada através das células que O sangue penetra pelos ostíolos, e daí pela
forram internamente os túbulos, cai na luz contração do coração é impulsionado para a
destes túbulos e escoa para o intestino, onde é aorta dorsal.
misturada com as fezes. Antes de ser eliminada O sangue ou hemolinfa sai da aorta para banhar
pelo ânus, uma grande quantidade de água é os vários órgãos internos, situados na
reabsorvida pelas glândulas retais e retida no hemocele, deslocando-se no sentido antero-
organismo do inseto. Este poder de retenção da posterior.
água varia com o inseto e com seu estádio de
desenvolvimento. Hemolinfa:
É um líquido claro, esverdeado ou amarelado,
3. Sistema Respiratório – raramente vermelho, que serve de meio de
- Os insetos possuem um sistema de tubos trocas químicas necessárias ao funcionamento
denominados sistema traqueal . dos tecidos e órgãos.
- As traquéias se abrem para o exterior através - A hemolinfa contém numerosas células
de orifícios, localizados lateralmente nos denominadas hemócitos.
segmentos torácicos e abdominais, chamados
estigmas ou espiráculos respiratórios.
- Os estigmas possuem estruturas destinadas a
regularizar a entrada e saída do ar no corpo do
inseto.
Regra geral existem 10 pares de estigmas; nas
formas típicas há um par no mesotórax, um na
margem anterior do metatórax e um par em
cada um dos primeiros sete ou oito segmentos
do abdome.
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gânglios. Desse conjunto partem fibras que


inervam as várias partes do corpo. Este conjunto
constitui o sistema nervoso periférico.
Na frente do cérebro há um gânglio que constitui
Hemolinfa
o sistema nervoso simpático e que inerva as
vísceras do inseto.
Nos insetos os órgãos dos sentidos são muito
desenvolvidos. Há várias células situadas em
várias partes do corpo, que estão associadas a
pelos e cerdas.
Figura 46 . Pata de carrapato seccionada mos- Os insetos possuem órgãos especiais dos
trando a hemolinfa.
sentidos da visão, da audição, da gustação, do
olfato, etc. O complexo das células sensoriais é
Função da hemolinfa: conhecido por "sensilia".
Consiste no transporte do material nutritivo para
os tecidos e recolher os produtos de excreção Pêlos do corpo dos insetos
para os órgãos excretores. Funcionam como órgãos sensoriais que captam
vários estímulos mecânicos e químicos.
Hemócitos: Percevejos e as pulgas - possuem órgãos que
Funções: a mesma dos leucócitos dos detém pequenas alterações na temperatura,
mamíferos. orientando-os para os seus hospedeiros.
Alguns fagocitam células estranhas ao Piolhos - possuem órgãos receptores da
organismo e são, especialmente ativos nos umidade.
processos de mudas e metamorfoses.
Às vezes, os hemócitos se congregam ao redor 6. Sistema Reprodutor –
de corpos estranhos ou de larvas de filarídeos. Os insetos, regra geral, são artrópodes de sexos
separados.
5. Sistema Nervoso – Há raros casos de hermafroditismo. Em algumas
Cérebro: espécies a ocorrência de partenogênese é
Situado na região do esôfago encontra-se o normal.
gânglio supra-esofageano, também chamado Nos insetos de vida social, como as abelhas, as
cérebro. formigas e os cupins, algumas formas - as
Do cérebro parte uma dupla cadeia de gânglios operárias - são incapazes de se reproduzirem.
ventrais que se dirige para a extremidade
posterior do corpo. Os gânglios se a. Aparelho Genital Feminino –
intercomunicam com o cérebro por meio de É constituído de dois ovários que por sua vez
conexões longitudinais. Usualmente para cada são formados de vários ovaríolos, onde se
segmento abdominal corresponde um par de originam as células germinais.
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Os ovaríolos se reúnem e formam os ovidutos, Alguns ovos possuem espinhos ou outras


um de cada ovário; estes vão constituir o oviduto estruturas características na casca.
comum, cuja parte posterior é a vagina.
Associada à vagina, na sua extremidade Postura:
posterior, há uma câmara genital, em forma de É realizada, geralmente, em lugares que
saco, que é a espermateca ou receptáculo oferecem condições adequadas ao
seminal onde se armazenam os desenvolvimento das formas jovens. Algumas
espermatozóides. Ainda anexas à vagina estão espécies põem ovos isolados uns dos outros,
as glândulas anexas, que fornecem o material enquanto outras põem os ovos aglomerados.
para o revestimento do ovo.
Mudas:
b. Aparelho Genital Masculino – Durante o desenvolvimento do ovo até o estádio
O aparelho genital masculino é formado de dois adulto o inseto sofre uma série de
testículos, um de cada lado do canal alimentar, transformações nas suas estruturas, com
dos quais originam-se os dutos eferentes. Estes eliminação e renovação da cutícula, cujo
se reúnem para constituírem o duto ejaculatório fenômeno é conhecido por metamorfose dos
que se abre para o exterior. Cada duto eferente insetos.
se dilata para formar uma vesícula seminal,
onde se alojam os espermatozóides, antes de Exsúvia:
serem injetados na fêmea. Associadas ao A cutícula eliminada é denominada exsúvia.
aparelho genital masculino existem as glândulas Antes de atingir a fase adulta, o inseto muda
acessórias que lançam no duto ejaculatório o várias vezes de cutícula.
fluido seminal destinado a acompanhar os
espermatozóides. O duto ejaculatório termina Estádio:
pelo edeago que é o órgão copulador. É a forma dos insetos entre duas mudas. O
Externamente a genitália masculina está crescimento do inseto somente se realiza na
relacionada com a copulação e transferência do ocasião da muda, pela ruptura da cutícula do
esperma para os órgãos genitais femininos. estádio anterior.
A cutícula nova, pela ação do ar, vai aos poucos
DESENVOLVIMENTO E METAMORFOSE adquirindo consistência e assumindo a
coloração natural dos insetos.
Os insetos são, na maioria, ovíparos.
Excepcionalmente existem algumas espécies Ametabolia:
vivíparas. Quando os insetos se desenvolvem sem
Geralmente os ovos são ovais, esféricos ou apresentarem transformações substanciais. As
alongados, mas há fêmeas que põem ovos em formas jovens são semelhantes às formas
forma de tonel ou de disco. A casca que envolve adultas, diferindo apenas pela dimensão. Este
o ovo varia muito, em espessura, forma e cor. tipo de desenvolvimento é chamado de
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ametabolia e os insetos são chamados de A pupa não se alimenta.


ametábolos. Os insetos deste tipo são conhecidos por
holometábolos ou holometabólicos. Neste grupo
Tipos fundamentais de formas imaturas: incluem-se os insetos das ordens Diptera e
As ninfas e as larvas. As ninfas diferem dos Siphonaptera (Pulgas).
adultos pela ausência de órgãos genitais e pelos
rudimentos de asas. As larvas, entretanto, são CLASSIFICAÇÃO
muito diferentes dos adultos, tanto sob o
aspecto morfológico como biológico. A A classe Insecta compreende 26 ordens, das
passagem do estádio de larva para adulto se dá quais as seguintes incluem espécies de
através de um estádio intermediário que é a interesse na patologia médica e veterinária:
pupa.
Dois tipos fundamentais de metamorfose podem • Ordem Diptera (moscas e mosquitos)
ocorrer no desenvolvimento dos insetos: • Ordem Hemiptera (barbeiros e percevejos)
(1) - metamorfose incompleta ou hemimetabolia • Ordem Siphonaptera (pulgas)
(2) - metamorfose completa ou holometabolia • Ordem Phtiraptera (piolhos)

(1) Metamorfose incompleta - hemimetabolia.


Neste tipo de metamorfose os estádios jovens,
que são ninfas, são semelhantes aos adultos.
As principais diferenças observadas entre as
formas imaturas e os adultos são o tamanho e
proporções do corpo, o tamanho das asas,
desenvolvimento dos ocelos, quando presentes,
formas das antenas e peças bucais.
Inclui-se neste tipo de metamorfose os insetos
das ordens Hemiptera e Phtiraptera.
Os insetos deste grupo são conhecidos por
hemimetábolos ou hemimetabólicos.

(2). Metamorfose Completa - holometabolia.


Neste tipo os estádios jovens são muito
diferentes dos adultos, tanto sob o ponto de
vista morfológico como sob o ponto de vista de
hábitos.
O indivíduo recém eclodido é a larva e o estádio
imediatamente anterior ao adulto é a pupa.
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Phthiraptera-Piolhos
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PARTE VI
Piolhos
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CLASSE INSECTA CARACTERÍSTICAS DOS PIOLHOS


MASTIGADORES (MALÓFAGOS):
Cerdas pelo corpo.
Ausência de asas.
Passam toda a vida no hospedeiro,
agarrados aos pêlos ou penas.
Metamorfose incompleta
(hemimetábolos).
Certa especificidade para cada espécie,
mas o mesmo animal pode ser
parasitado por várias espécies.
Maior quantidade de piolhos no inverno
(por causa da temperatura) pela
aglomeração de indivíduos.
A fêmea produz uma substância
cimentante nas suas glândulas
coletéricas que permite que os ovos
Figura 47. Características de um piolho
anoplura (sugador). fiquem colados ao pelo ou penas.
ORDEM PHTHIRAPTERA

Parasita de aves e mamíferos. Os piolhos


mastigadores possuem a cabeça mais larga do
que o tórax. Os piolhos sugadores possuem a
cabeça mais estreita que o tórax.

Três Subordens:
-Amblycera (antena escondida)- Piolhos
mastigadores.
-Ischnocera (antena livre).- Piolhos Figura 48. Ovo (lêndea) de piolho de aves
fixado à pena.
mastigadores.
-Anoplura – Piolhos sugadores.
IMP. MED.VET DOS PIOLHOS:
O animal se coça, não se alimenta bem, fica
irritado, com má aparência e podem aparecer
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Phthiraptera-Piolhos
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infecções secundárias, o que gera perda de Os piolhos mastigadores se alimentam de


peso e queda na produtividade. bárbulas de penas e de células de descamação
As espécies que infestam aves são mais da pele. Algumas espécies ingerem sangue que
daninhas que aquelas ectoparasitas de aflora à superfície da pele.
mamíferos.
Quando a infestação é muito grande, o animal DISSEMINAÇÃO:
torna-se irritadiço, espoja-se na terra, coça-se Através de contato direto, fora do hospedeiro
muito, não descansa, adquire péssima morrem em três a sete dias.
aparência e pouco se reproduz. De tanto se
coçarem acabam arrancando as penas ou os LONGEVIDADE SOBRE O ANIMAL:
pêlos, escarificando a pele, o que resulta em 20 a 40 dias
ferimentos agravados por invasão bacteriana.
A espécie Trichodectes canis pode servir como ESPECIFICIDADE:
hospedeiro intermediário do Dipylidium caninum Possuem alta especificidade. (Um mesmo
um cestódeo parasito do cão e ocasionalmente hospedeiro pode ser parasitado por várias
do homem (através da ingestão do piolho espécies de malófagos, mas dificilmente 1 sp.
contendo a larva do cestódeo). de malófago adapta-se a outro hospedeiro que
As espécies que vivem rentes à pele das aves não o seu). São mais ou menos adaptados a
podem causar sérios prejuízos. Menacanthus determinadas regiões do corpo.
stramineus (piolho de aves) irrita a pele
provocando descamação epitelial e afloramento CONTROLE:
de sangue do qual se alimentam. Tratar e manter os animais isolados e em
boas condições de higiene.
PERÍODO EMBRIONÁRIO - Dura cerca de uma A ocorrência de malófagos é bastante
semana. comum, principalmente, nos meses mais
frios.
CICLO BIOLÓGICO GERAL DOS Deve-se tratar com inseticidas duas vezes
MALÓFAGOS (PIOLHOS MASTIGADORES): por semana durante três a quatro semanas.
Ovo – ninfa 1 – ninfa 2 – ninfa 3 – adulto. Os malófagos passam toda a sua vida entre
Ninfas são parecidas com os adultos, exceto as penas e os pêlos de seus hospedeiros,
pela ausência de edeago no macho e onde põem os seus ovos, em grandes
gonopódios nas fêmeas. massas, sempre colados ao substrato.
Tratar com inseticidas repetindo após 10 a
DURAÇÃO DO CICLO: 14 dias.
Mais ou menos 20 dias.
SUBORDEM AMBLYCERA
ALIMENTAÇÃO: CARACTERÍSTICAS:
Palpos maxilares presentes.
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Phthiraptera-Piolhos
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Antenas com quatro segmentos. Abdômen com uma fileira de cerdas dorsal
Fossetas antenais (depressão para guardar em cada segmento.
as antenas). Espinhos gástricos visíveis.
Piolhos mastigadores. Tarso com duas garras.

Antena

Palpo

Figura 49. Cabeça de um Amblycera. Figura 51. Menopon sp. piolho mastigador
das aves.

FAMÍLIA MENOPONIDAE
GÊNERO: Menacanthus
GÊNERO: Menopon
ESPÉCIE Menacanthus stramineus
ESPÉCIE Menopon gallinae
HOSPEDEIROS: Aves. Parasita de galinhas,
HOSPEDEIROS: Aves.
perus, faisões e excepcionalmente pombos.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
Possui a cabeça mais larga que o tórax.
Duas fileiras de cerdas longas e curtas nos
Apresenta dois tufos de cerdas no quinto
segmentos abdominais.
segmento abdominal.
Fronte provida de processo espinhoso
Menores que um centímetro.
Ápteros.

Tufos de
cerdas

Figura 52. Menacanthus sp. piolho mastigador de


Figura 50. Segmento abdominal de aves.
Menopon mostrando os tufos de cerdas
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Phthiraptera-Piolhos
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recurvo para trás e para baixo. Antenas filiformes (três a cinco segmentos).
Antenas com quatro segmentos. Sem fossetas antenais (antenas livres).
Possuem palpos. Piolhos mastigadores.

FAMÍLIA BOOPIDAE FAMÍLIA TRICHODECTIDAE


GÊNERO Heterodoxus CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
ESPÉCIE Heterodoxus spiniger Três segmentos antenais.
HOSPEDEIROS: Cão Uma garra ligada ao hospedeiro.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
GENERO Trichodectes
Dois espinhos na região dorsal da cabeça
ESPÉCIE Trichodectes canis
Cabeça subtriangular
HOSPEDEIROS: Cão
Têmporas estreitas, não salientes.
Parte inferior da cabeça com 2 ganchos
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
voltados para trás e implantados junto à
Cabeça hexagonal.
base dos palpos maxilares
Uma só garra.
Palpos maxilares com 4 artículos
Antenas com três segmentos.
Protórax livre
Têmporas sem lobos posteriores.
Uma fileira de cerdas longas no abdômen
Fronte arredondada.
com tergitos e pleuritos bem quitinizados
Todos segmentos abdominais com placas
Duas garras nos tarsos
pleurais (pleuritos).
Parasito de cães
Estigmas respiratórios do segundo ao
sétimo segmento (seis pares).
Pleuritos Cerdas abdominais longas.
Edeago grande.
Não tem palpos.
Vetor de Dipylidium caninum para cães.

Placas pleurais
Tergitos

Figura 53. Heterodoxus sp. piolho


mastigador de cães.

SUBORDEM ISCHNOCERA

CARACTERÍSTICAS
Palpos maxilares ausentes. Figura 54. Trichodectes sp., piolho
mastigador de cães.
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Phthiraptera-Piolhos
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GÊNERO Bovicola
ESPÉCIE Bovicola sp. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

HOSPEDEIROS: Ruminantes Cabeça com aspecto pentagonal, olhos

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: atrás das antenas.

Cabeça arredondada com a “bochecha” Três pares de estigmas respiratórios

repartida. abdominais.

Cerdas abdominais curtas, iguais e em filas Cerdas abdominais muito curtas.

transversais. Abdômen do macho com pequena saliência

Manchas nos tergitos. posterior formada pelo último segmento.

Cabeça tão larga quanto longa Antenas sem dimorfismo sexual.

FAMÍLIA PHILOPTERIDAE
Tergitos Cinco segmentos antenais com 2 garras ligadas
ao hospedeiros.

GÊNERO Goniodes
ESPÉCIE Goniodes sp
HOSPEDEIROS: Aves

Figura 55. Bovicola sp., piolho CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:


mastigador de ruminantes. Cabeça em forma de chapéu e com 2
cerdas longas nas extremidades laterais.

GÊNERO Felicola Tarsos com duas garras.


Antenas com cinco segmentos imbricados
ESPÉCIE Felicola subrostrata
nos dois sexos, o último segmento não
HOSPEDEIROS: Felinos

Figura 56. Felicola, piolho


mastigador de felinos. Figura 57. Goniodes sp., piolho
mastigador de aves.

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Phthiraptera-Piolhos
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clavado. fica no piolho e através das fezes deste,


Tem apêndices recurvos em gancho na penetra nas feridas.
frente
FAMÍLIA PEDICULIDAE

GÊNERO Lipeurus GÊNERO Pediculus


ESPÉCIE Lipeurus sp ESPÉCIE Pediculus humanus

HOSPEDEIROS: Aves. HOSPEDEIROS: Humanos


LOCAL: Cabeça

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
-Corpo e cabeça alongados. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Fronte larga, arredondada no ápice. Olhos grandes.

-Mancha mediana no tórax. Corpo alongado, cabeça ovóide.


Tórax sem segmentos aparentes.
Cinco segmentos nas antenas.
Olhos simples.
Abdômen com sete segmentos.
Presença de um rostelo ou dentes pré-
estomais para cortar a pele.
Placas pleurais bem quitinizadas.
Presença de gonopódios nas fêmeas (duas
saliências côncavas internamente e situadas
uma de cada lado do orifício genital) com

Figura 58. Lipeurus sp. piolho que se prende aos pêlos durante a
mastigador de aves. ovipostura para o alinhamento dos ovos.

SUBORDEM ANOPLURA Olhos


CARACTERÍSTICAS
Piolhos picadores-sugadores (hematófagos).
Ausência de asas.
Garras grandes.
Passam toda a vida agarrados aos pêlos do
hospedeiro.
Metamorfose incompleta (Hemimetábolos).
Transmissores de Rickettsia prowasekii
causador da febre das trincheiras em
situações de guerra, microorganismo que Figura 59. Olhos de Pediculus sp.

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Phthiraptera-Piolhos
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BIOLOGIA: muita higiene.


A fêmea põe ovos operculados nas bases dos As picadas provocam prurido e erupções na
pêlos ou nos fios das vestimentas (conforme pele, agravadas pela invasão de agentes
subespécie). A fixação no pêlo ou fio se dá por secundários. Há correlação entre o grau de
uma substância secretada por glândulas infestação e o comprimento dos cabelos
especiais (glândulas coletéricas). (Mulheres são mais parasitadas que homens).
Cada fêmea põe cerca de 7 a 10 ovos
diariamente (Lêndeas). DOENÇAS QUE TRANSMITEM:
Período de incubação dos ovos - 8 a 9 dias em 1-Tifo exantemático - Causado pela Rickettsia
condições ideais de temperatura e umidade (33 prowaseki - os piolhos se infectam ao sugarem
o
a 40 C e 90% U. R.). sangue de um indivíduo doente. A transmissão
Hemimetabólicos- ovo- ninfa (três mudas) – não se dá pela picada do inseto, nem pela via
adulto. transovariana. A transmissão da infecção se dá
Desenvolvimento pós-embrionário: 8 a 9 dias. pela contaminação de feridas da pele com as
Longevidade dos adultos – 9 a 10 dias. fezes dos piolhos ou pelo esmagamento do
conteúdo intestinal em áreas em abrasão. Os
CICLO TOTAL – Em média 18 dias (em piolhos morrem da infecção em poucos dias.
condições favoráveis de temperatura e (invade os tecidos dos piolhos destruindo as
umidade). células.) O ato de esmagar o piolho com os
Picam o homem intermitentemente (picada dura polegares possivelmente ocasiona a infecção. A
3 a 10 minutos ou mais). São mais ativos à noite rickettsia pode permanecer viva e virulenta nas
ou durante o descanso do paciente. fezes do piolho durante 66 dias.

IMPORTÂNCIA MÉDICA: 2-Febre das trincheiras- Transmitida pela


São encontrados em indivíduos de baixo Rickettsia quintana- O nome surgiu porque a
escalão social, principalmente que não tem doença apareceu entre os soldados que
combatiam nas trincheiras durante a primeira
Placas pleurais
guerra mundial (mais de 1 milhão de casos). O
doente apresenta febre com dores
generalizadas somente durante cinco dias, por
isso é denominada quintana. O sangue, porém é
infectante por quase dois meses. Não é injuriosa
aos piolhos (se multiplica no lúmem intestinal)
Fonte de infecção é a picada ou fezes. Fezes
secas conservam poder infectante durante muito
tempo, de modo que a infecção pode ser
transmitida também por inalações.
Figura 60. Pediculus humanus piolho
sugador de humanos.
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Phthiraptera-Piolhos
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3-Febre recorrente-Transmitida pela Borrelia BIOLOGIA:


recurrentis (É uma espiroqueta que se Não é de muita atividade, permanecendo preso
desenvolve na hemocele do inseto). O homem a dois pêlos durante vários dias, quase sempre
só se infecta pelo esmagamento do inseto e com as peças bucais presas na pele do
libertação do conteúdo da hemocele em hospedeiro.
qualquer ferimento da pele. Além da região pubiana pode ser encontrado em
regiões densamente pilosas (cabeça,
GÊNERO Pthirus sobrancelhas, axilas, etc.).

ESPÉCIE Pthirus pubis Após a cópula que se realiza no hospedeiro, a

HOSPEDEIROS: Humanos. fêmea põe ovos nos pêlos da região pubiana ou

LOCALIZAÇÃO: Púbis, axilas, sobrancelhas, de outras.

cílios (regiões de bastante cabelo).


PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 7 a 8 dias.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
Garras enormes.
Tubérculos
Tórax mais largo que o abdômen.
Pernas robustas.
Primeiro par de patas é menos
desenvolvido.
Unhas do segundo e terceiro par de patas
fortemente recurvadas.
Abdômen com os cinco primeiros
segmentos fusionados.
Abdômen apresenta lateralmente quatro
tubérculos salientes com cerdas nas Figura 61. Pthirus sp., conhecido por
chato, piolho sugador de humanos.
extremidades.
Os espiráculos 3, 4 e 5 estão na mesma
DESENVOLVIMENTO: 13 a 16 dias.
linha transversal.

CICLO TOTAL: 30 dias.


CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS:
É chamado de “chato” porque é achatado.
SOBREVIVÊNCIA FORA DO HOSPEDEIRO:
Precisam da temperatura corporal para
Adultos e ninfas vivem dois a três dias.
sobreviver. Só suportam dois dias fora do
hospedeiro.
LONGEVIDADE NO HOSPEDEIRO: 30 dias.
Ciclo de ± 16 dias (de ovo a ovo ± 30 dias),
com 30 dias de vida adulta.

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Phthiraptera-Piolhos
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DISSEMINAÇÃO: Principalmente por via


sexual. Também através de toalhas, roupas,
assentos de privadas, etc..
OBS: Não se conhece transmissão de doenças,
mas sua presença causa prurido mais ou menos
intenso, que incomoda o indivíduo. As picadas
produzem manchas azuladas na pele devido a
saliva das glândulas reniformes.

FAMÍLIA HAEMATOPINIDAE
Figura 62. Haematopinus sp. piolho
GÊNERO Haematopinus sugador de ruminantes, suínos e eqüinos.
HOSPEDEIROS: Ruminantes, suínos, bubalinos
e eqüinos.
-Haematopinus suis-(suínos)
-Haematopinus eurysternus (bovino)- -Piolho dos animais domésticos.
-Ocorre mais freqüentemente em animais -Muito comum no Brasil.
adultos. -Regiões mais freqüentes - Dobras do pescoço,
-Clima temperado - No inverno os animais ficam base das orelhas e entre as pernas.
confinados no interior de estábulos ocorrendo
aumento considerável da população de piolhos. -H. asini- (equídeos)
-Regiões corporais - Pescoço, base da cauda e -Base da crina e base da cauda.
chifres, nas infestações altas a parasitose se
generaliza por todo o corpo. -H. tuberculatus- (búfalos)
-Verão - os piolhos são raros, limitando-se à -Podem parasitar bovinos.
orelha e locais onde os pêlos são mais longos.
-Brasil - Não constitui problema de grande CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
significação, provavelmente devido ao fato Cabeça estreita e alongada.
de não resistirem aos raios solares diretos e a Sem olhos.
temperatura elevada do corpo do animal. Antenas com 5 segmentos.
Tórax largo.
-Haematopinus quadripertusus- (bovino) Coxim tibial entre a base da tíbia e tarso.
-Ocorre no Brasil (espécie mais prevalecente Abdômen alargado.
nos trópicos). Todas as patas iguais.
-Fêmeas põem ovos quase que exclusivamente Placas pleurais e parapleurais.
nos pêlos da cauda do animal. Tubérculos pós-antenais.
-Ninfas sobem para regiões da cabeça, do Machos possuem um pênis ou edeago.
pescoço e outras onde se tornam adultas.

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Phthiraptera-Piolhos
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com evidente prejuízo para saúde dos animais.


BIOLOGIA: A pele pode se tornar seca com aspecto de
Ectoparasitos de animais domésticos com sarna. Os animais parasitados, injuriados
ciclo biológico parecido ao descrito dos permanentemente pelos piolhos, não se
piolhos humanos. alimentam direito nem descansam, o que origina
Fêmeas põem ovos nos pêlos dos queda de produção e prejuízo para os
hospedeiros fixando-os com uma substância fazendeiros.
cimentante.
Fêmea põe em média 3 a 6 ovos/dia. FAMÍLIA LINOGNATHIDAE
Ciclo de 9 a 19 dias. Adultos vivem 30 dias. GÊNERO Linognathus
Concentra-se em pêlos longos. Linognathus setosus (cães)
Três estádios ninfais, cada estádio: três a L. vituli (bovinos)
quatro dias. L. pedalis (ovinos)
Hemimetabólicos.

HOSPEDEIROS: Cães, ruminantes.


PERÍODO DE INCUBAÇÃO
É de 9 a 19 dias dependendo da espécie, das CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
condições de temperatura e umidade e do meio Sem placas quitinizadas.
em que são mantidos os animais (ovos não se Abdômen membranoso.
o
desenvolvem em temperatura inferior a 25 ). Primeiro par de patas é menor que o
segundo e o terceiro.
PERÍODO DE PRÉ-OVIPOSIÇÃO: Cinco segmentos nas antenas.
É em média de três dias, a fêmea inicia postura
que dura vários dias.
Número de ovos varia com a espécie (um a
quatro por dia). H. suis (mais ou menos 90 ovos,
cerca de 3 a 6 por dia).

CICLO TOTAL-20 a 40 dias dependendo da


espécie e fatores ambientais.

IMP.MED.VET:
-Leva a perda de produtividade dos animais.
Figura 63. Linognathus sp., piolho sugador
-A picada do piolho, com inoculação de saliva
de cães e ruminantes.
irritante, provoca prurido, obrigando o animal a
se coçar e morder o local da picada para se
HOSPEDEIROS:
livrar do inseto. O ato de coçar pode provocar
ferida que se agrava pela invasão de germes,
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Phthiraptera-Piolhos
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L. vituli - bovinos leiteiros e animais novos. pelo corpo do animal (Mastigadores) ou


Encontrados no pescoço, barbelas, espáduas, permanecem presos ao pelo (Anoplura).
períneo, etc..
L. setosus - Cães (novos e velhos)- mais LOCALIZAÇÃO NO HOSPEDEIRO:
comum em cães de pêlos longos do que de Preferencialmente na parte superior do corpo,
pelagem curta. desde a cabeça até a cauda.
Há exceções:
BIOLOGIA: H. quadripertusus (vassoura da cauda).
Parecida com Haematopinus. H. suis (nas dobras da pele atrás da orelha
Fêmeas depositam ovos nos pêlos do e região púbica= início da infestação).
hospedeiro. Menopon/Menacanthus - (penas que
Três estádios ninfais. cobrem o corpo).
Duração do ciclo 30 a 40 dias (depende da
espécie). SAZONALIDADE:
Mais freqüente no inverno.
TRATAMENTO DOS PIOLHOS EM GERAL: O pêlo cresce e forma um micro-habitat.
-Medidas de higiene. No RS há problemas nesta época do ano por
-Aplicação de inseticida. causa do frio (animais ficam mais próximos uns
-Alguns Inseticidas não agem sobre lêndeas, dos outros ou são estabulados). Deve-se tratar
então, recomenda-se uma segunda aplicação antes os animais.
após 10 a 14 dias.
IMPORTÂNCIA DOS PIOLHOS:
ESPECIFICIDADE PARASITÁRIA: Os anopluras são mais patogênicos do que os
Identificação das espécies, direcionar o mastigadores, pois provocam perda de sangue,
tratamento para a espécie afetada (hospedeiro). tem capacidade de transmitir agentes
Importante para o diagnóstico e medidas de patogênicos, abrem uma porta de entrada para
controle. infecções secundárias, há o enfraquecimento
dos animais e irritações na pele.
CICLO BIOLÓGICO DOS PIOLHOS EM
GERAL: CONTROLE DOS PIOLHOS:
No hospedeiro (Anoplura e Mallophaga): -Produtos químicos em banhos de imersão ou
ovo- ninfa- adulto (macho e fêmea). aspersão com pressão. Repetir em 10 a 14 dias.
Hemimetábolos. -Pente fino.
Completa-se em 25 a 35 dias. -Inseticida em pó nos ninhos.
Ovos (lêndeas) são colocados presos ao -Limpeza e esterilização dos fômites.
pêlo e em contato com a pele eclodem as -Produtos pour-on.
ninfas, passam a adultos que se locomovem -Ivermectinas para sugadores.

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Phthiraptera-Piolhos
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Principais Piolhos de Importância Médica Veterinária

Trichodectes Felicola
Heterodoxus

Bovicola

Haematopinus
Linognathus

Goniodes

Lipeurus
Struthiolipeurus

Columbicola
Pthirus

Pediculus

Chelopistes

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Hemípteras – Barbeiros e
______________________________________________________________________________________________percevejos

PARTE VII
Hemípteras
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ORDEM HEMÍPTERA FAMÍLIA REDUVIIDAE - barbeiros


CONCEITOS BÁSICOS: SUBFAMÍLIA TRIATOMINAE
• Dois pares de asas.
• Corpo grande e achatado dorso ventralmente. NUTRIÇÃO:
• Alimentação: podem ser hematófagos (rostro São hematófagos em todos os estágios de
curto e reto com três segmentos), predadores ou evolução (ninfas, fêmeas e adultas). Após a
entomófagos (rostro curvo em forma de arco) e alimentação defecam.
fitófagos (rostro (hipostômio + quelíceras) longo
e com quatro segmentos). CICLO BIOLÓGICO:
• Olhos bem grandes. Depois da última muda para adultos, a fêmea e

• Geralmente apresentam dois pares de asas o macho copulam. Não precisa alimentação

um par anterior do tipo hemiélitro, ou seja, asa prévia. A fêmea copula apenas uma vez e faz

com parte apical membranosa e parte basal postura parcelada (1 a 40 ovos em cada

coriácea (dura), que serve para proteção das postura) num total de quase duzentos ovos em

asas posteriores (membranosas, destinadas ao toda a sua vida. O macho copula várias vezes.

vôo) quando em repouso. Após a postura os ovos são brancos e

• Hemimetabólicos (metamorfose incompleta): operculados. Depois escurecem e quando o

ovo - ninfa (cinco fases) – adulto. embrião está formado ficam rosados. Período de
incubação: 15 a 30 dias.
Os ovos do gênero Triatoma e Panstrongylus
são isolados, os do gênero Rhodnius são
aderidos.
A duração do ciclo depende da temperatura,

Conexivo

Parte
Parte coriácea
membranosa

Figura 64. Asa em hemiélitro.

SUBORDEM CRYPTOCERATA – aquáticos.

Figura 65. Adulto, ovos e ninfas de barbeiro.


SUBORDEM GIMNOCERATA
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Hemípteras – Barbeiros e
______________________________________________________________________________________________percevejos

O Panstrongylus possui o tubérculo inserido


bem próximo aos olhos compostos (omatídeos) .
O Rhodnius possui o tubérculo inserido próximo
ao rostro (aparelho bucal).

GÊNERO Panstrongylus
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
• Tamanho grande.
• Cabeça curta e grossa.
• Tubérculo antenal bem próximo ao olho.

Figura 66 Inserção do tubérculo antenal


dos triatomíneos de importância veterinária.

alimentação, umidade relativa e espécie de


barbeiro. Em média de 180 a 300 dias.

IMPORTÂNCIA: Figura 67. Cabeça de Panstrongylus


sp.
Os gêneros dessa família servem de hospedeiro
intermediário para o agente causador da doença
de chagas (Trypanosoma cruzi que é transmitido GÊNERO Triatoma
pelas fezes do barbeiro). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
• Conexivo (parte dorsal onde a asa não cobre)
HABITAT: amarelado.
Habitam locais escondidos (toca de tatu, copa • Tubérculo da antena entre o olho e a
de árvores, frestas na casa) e possuem hábito extremidade da cabeça.
noturno.

GÊNEROS:
Temos três gêneros de importância nessa
família: Rhodnius, Triatoma e Panstrongylus.
Eles são diferenciados principalmente pela
inserção do tubérculo antenífero.
O Triatoma possui o tubérculo na porção medial
da cabeça.
Figura 68. Cabeça de Triatoma sp.

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Hemípteras – Barbeiros e
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GÊNERO Rhodnius
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
• Tubérculo antenal bem perto do ápice.
• Cabeça muito longa e delgada, mais longa
que o tórax.
• Conexivo de cor amarelada com manchas
oblongas negras.
• Antenas com quatro segmentos.

OBS: Barbeiro peridomiciliar - chega perto, mas


Figura 70. Lesão em homem provocada pelo
não consegue ovopositar. percevejo Cimex.
Barbeiro domiciliar - capacidade de colonizar a
FAMÍLIA CIMICIDAE - percevejos da cama
habitação humana (principalmente casas mal
CARACTERÍSTICAS:
construídas).
• Corpo bem menor que o dos barbeiros.
**Um bom transmissor é aquele que tem
capacidade de domicialização, susceptibilidade • Asas atrofiadas.

ao T. cruzi, tamanho da colônia, grau de • Não transmitem doenças.

antropofilia e outros. • Fazem seus ninhos próximo de onde a


pessoa dorme e saem a noite para se alimentar.

GÊNERO Cimex
HOSPEDEIROS: Morcego e homem.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
• Pronoto bem pronunciado e largo no

Pronoto

Figura 69. Cabeça de Rhodnius sp.

CONTROLE:
Uso de inseticidas, condições decentes de
moradia humana e animal, telas nas janelas,
destruir ninhos dos barbeiros próximos as
casas.
Figura 71. Cimex sp. conhecido como
percevejo.

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Hemípteras – Barbeiros e
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comprimento (quatro vezes mais largo que alto). condições, pode viver um ano ou mais sem
• Um par de cerdas no ângulo posterior do comida.
protórax. Um adulto ingurgita-se com sangue em
• Ápteros. aproximadamente 10 a 15 minutos, e um jovem
• Muito peludos. (ninfa) em três a cinco minutos. Ele então
retorna para o seu esconderijo para fazer a
digestão do sangue. Faz alimentações
repetidas.

GÊNERO Ornithocoris
HOSPEDEIROS: Aves.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
• Pronoto com a parte anterior mais estreita que
a posterior parecendo uma figura trapezoidal.
Figura 72. Cimex sp. visão ventral e dorsal.
• Dois pares de cerdas nos ângulos posteriores
do protórax.
CICLO BIOLÓGICO:
• Rostro atingindo a coxa um.
A fêmea põe um a cinco ovos por dia. Ela pode
pôr um total de 200 ovos quando bem • Antenas com terceiro e quarto artículo mais

alimentada e em temperaturas superiores a 28° delgados que os dois primeiros.

C. Os ovos são pegajosos quando recém postos • Parasita de aves.

e aderem ao objeto no qual eles são colocados.


Ovos chocam de seis a 17 dias.
Ninfas recentemente eclodidas alimentam-se
imediatamente quando há comida disponível.
Elas mudam cinco vezes (trocam a pele externa
ou exosqueleto para crescerem) antes de
alcançarem a maturidade, alimentando-se entre
cada muda. Pode haver três ou mais gerações
por ano. Todas as fases são encontradas em
uma população que está reproduzindo.
Podem viver durante várias semanas sem Figura 73. Ornithocoris sp. vista dorsal e ventral.
alimentar-se se a temperatura está amena e
durante vários meses se a temperatura está
Espécie Ornithocoris toledoi
baixa. O hemíptera vive em média 10 meses
HOSPEDEIROS: Galinhas.
com alimentação disponível. Em algumas

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Hemípteras – Barbeiros e
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CICLO BIOLÓGICO:
Após a alimentação (hematófagos) que dura 5
minutos, ocorre a cópula. Para cada postura a
fêmea copula uma vez. O período de pré-
postura é em média de 7 dias. Entre duas
posturas há um intervalo de 7 a 10 dias, após o
qual, a fêmea copula outra vez. Em cada
postura são postos em média até 50 ovos. Há
também 5 estádios ninfais. Cada estádio ninfal
realiza cerca de 3 repastos sangüíneos antes de
nova ecdise. O ciclo completo varia entre 40 a
90 dias, podendo os adultos viverem até 200
dias.

IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA DOS


HEMÍPTERAS:
Através da picada causam irritação e
incomodam o homem e os animais perturbando
a sua tranqüilidade. Podem provocar anemia e
os gêneros pertencentes à família Reduviidae
são responsáveis pela transmissão do
Trypanosoma cruzi.

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Siphonaptera - Pulgas
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PARTE VIII
Pulgas
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ORDEM SIPHONAPTERA - Holometábolos (metamorfose completa): ovo –


Siphon- sifão, a- ausência, pteros – asas larva – pupa – imago ou adulto.
- Ectoparasitos obrigatórios periódicos, somente
CARACTERÍSTICAS: os adultos permanecem transitoriamente no
- Nome vulgar: Pulgas. corpo do hospedeiro para a sucção do sangue,
- Não apresentam asas. deixando-o após o repasto.
- Achatadas lateralmente, o que facilita o andar
pelos animais. BIOLOGIA:
-Corpo revestido de espessa quitina As pulgas desenvolvem-se por metamorfose
escorregadia e cerdas voltadas para trás que completa. As fêmeas fecundadas, depois de um
auxiliam a pulga a deslizar entre as penas e ou vários repastos sangüíneos, desovam
pêlos dos hospedeiros não permitindo que numero variável de ovos (entre três e 18) em
voltem (dêem ré). cada postura. O número total de ovos pode
- Pernas longas, principalmente as posteriores, chegar a muitas centenas, dependendo da
adaptadas para o salto. espécie. Os ovos das pulgas são brancos,
- Antena com três segmentos (escapo, pedicelo grandes (0,5 mm) e visíveis a olho nu sobre
e clava) e sulco antenal que divide a cabeça em fundo escuro. A postura ocorre quase sempre
fronte (parte anterior) e occipício (atrás do sulco nos lugares onde habitam os hospedeiros,
antenal). quando os ovos são postos nos pêlos ou penas
- Aparelho bucal picador-sugador: hematófago. do hospedeiro estes não se fixam e caem ao
-Abdômen formado por 10 segmentos solo. O desenvolvimento depende das
(urômeros) imbricados. Os segmentos dois a condições de temperatura e umidade, mas no
sete possuem de cada lado um estigma. O nono verão o ciclo se completa em 21 dias.
metâmero apresenta em ambos os sexos uma A larva sai do ovo por uma abertura na cápsula
placa sensorial chamada de sensila. cefálica. As larvas são vermiformes,
- Três segmentos torácicos e 10 abdominais. esbranquiçadas, ápodas e possuem aparelho
-Podem apresentar ctenídeos (dentes mastigador. O alimento das larvas é sangue
quitinosos) que são cerdas espiniformes, digerido, seco, eliminado com as dejeções das
dispostas como dentes de um pente, cuja pulgas adultas. Em condições favoráveis a larva
localização, número, tamanho, forma e passa para pupa em 9 a 15 dias, mas no inverno
disposição são importantes na sistemática. ou na falta de alimento pode prolongar-se por
-Algumas pulgas apresentam mesonoto até 200 dias. A primeira muda ocorre entre o
rachado. terceiro ao sétimo dia e, após três a quatro dias
realiza-se a segunda muda. Depois das mudas
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Siphonaptera - Pulgas
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SUBORDEM INTEGRICIPTA
- Não apresenta fratura no occipício.

FAMÍLIA HECTOPSYLLIDAE
GÊNERO Tunga - bicho de pé
HOSPEDEIROS: Suínos, cães e homem (rural)

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
Figura 74. Ovo de pulga. - Quase não tem tórax (achatadas): Os três
segmentos torácicos juntos, são menores que 1
a larva tece um casulo pegajoso que se fixa em
segmento abdominal.
algum substrato e fica camuflado pela poeira.
- Duas mandíbulas (lacínias) retilíneas,
Realiza-se então a terceira e última muda,
serrilhadas e longas.
dando origem a pupa. A fase de pupa dura de 7
- Palpos labiais com dois segmentos pouco
a 10 dias mas pode chegar a mais de um ano se
quitinizados.
a temperatura não for favorável. As pulgas
- Menores pulgas que existem (1 mm).
adultas permanecem no casulo até sentirem a
- Não possuem ctenídeos.
presença do hospedeiro através da liberação de
gás carbônico e vibrações.
BIOLOGIA:
As fêmeas depois de fecundadas introduzem-se
PERÍODOS DE SOBREVIVÊNCIA
na pele (pode ser em qualquer lugar, mas a
Sem alimento Com alimento:
preferência são os dedos do pé, junto ao canto
Pulga do homem – 125 dias 513 dias
das unhas) do hospedeiro, deixando livre, em
Pulga do cão – 58 234 dias
comunicação com o meio exterior apenas o
Pulga do rato – 38 dias 100 dias
Segmentos
torácicos

Figura 76. Macho adulto de Tunga


Figura 75. Larva de pulga presente no penetrans.
ambiente.
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Siphonaptera - Pulgas
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ápice do abdômen, no qual se encontra a saia inteiro, a destruição no interior da pele pode
abertura do ovipositor. Instalada no hospedeiro causar infecção.
começa a sugar sangue e inicia-se o
desenvolvimento dos ovos (até 100), que não SINTOMAS:
são eliminados de imediato permanecendo no No início da penetração ocorre um leve prurido,
abdômen até a pulga ficar do tamanho de uma mas com o intumescimento do abdômen do
ervilha. Após o período de incubação os ovos inseto surge a sensação dolorosa.
são expelidos e o resto do ciclo é como o da
Cabeça da pulga
maioria das pulgas. Depois de todos os ovos
serem postos a pulga murcha e cai ao solo ou é
expelida pela ulceração que se forma no local
da penetração.
Machos e fêmeas não fertilizadas sugam
intermitentemente seu hospedeiro. Somente
quando a fêmea é copulada ela penetra na pele.
O macho morre. Os ovos levam 3-4 dias para
eclodirem as larvas e 2 a 3 semanas após
tornam-se adultos. Ciclo completo: Em torno de
30 dias.

Figura 78. Tunga penetrans íntegra, retirada do


interior da pele do hospedeiro.

FAMÍLIA PULICIDAE
GÊNERO Ctenocephalides
HOSPEDEIROS: cão e gato.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

Figura 77. Fêmea de pulga penetrante - Apresentam olhos.


pronta para postura. - Apresentam ctenídeos pronotal e genal.

TRATAMENTO: CICLO BIOLÓGICO:


A retirada do inseto deve ser realizada por -A oviposição é feita tanto no hospedeiro como
meios mecânicos. Usa-se uma agulha no ambiente e nesse eclodem as larvas que
esterilizada procurando alargar a abertura da permanecem no ambiente se alimentando de
cavidade onde está o inseto a fim de que ele detritos e fezes das pulgas adultas (as larvas
não são hematófagas). As larvas produzem uma

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Siphonaptera - Pulgas
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substância gosmenta que formará o pupário e CICLO BIOLÓGICO:


essa pupa é o processo de transição de larva A fêmea fertilizada vai procurar o hospedeiro e
para adulto. A pupa não se alimenta. Dela suga o seu sangue, distendendo o seu abdômen
emergem os adultos machos e fêmeas que são (fica parecendo uma ervilha) e depois libera os
hematófagos. Quanto mais quente, mais ovos no ambiente. Estes passam a larvas,
acelerado é o ciclo (pode ser de 21 a 150 dias). pupas e adultos (fêmeas e machos). Só fica no
As pulgas têm uma grande resistência à hospedeiro para se alimentar. Utiliza estábulos
inanição, durando cerca de 30 a 50 dias sem se para colonização, principalmente em condições
alimentar e têm preferências, mas não deficientes de higiene.
especificidade. É hospedeiro intermediário de
Dipylidium caninum.

Pronotal

Genal

Figura 80. Cerda anterior ao olho e


occipital de Pulex.

GÊNERO Xenopsylla
ESPÉCIE Xenopsylla cheops
Figura 79. Ctenídios de Ctenocephalides.
HOSPEDEIROS: Ratos.

CONTROLE: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:


Deve-se tratar não só o animal, mas também o -Não possuem ctenídeos.
ambiente. -Possuem fileira de cerdas no occipício, em
forma de V.
GÊNERO Pulex -Possuem mesonoto rachado.
HOSPEDEIROS: Homem.
IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA DAS
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: PULGAS EM GERAL:
- Não apresentam ctenídeos genal e pronotal. - A presença de pulgas sobre o corpo do animal,
- Mesopleura sem espessamento interno. pode causar uma reação cutânea pela ação da
- Possuem uma cerda anterior ao olho e uma saliva desse inseto.
cerda occipital. - A Tunga pode propagar o tétano (Clostridium
tetani).

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Siphonaptera - Pulgas
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-Algumas pulgas são hospedeiras intermediárias


de cestódeos (Dipylidium – Ctenocephalides).
-A morte de ratos dissemina pulgas (Xenopsylla)
contaminadas com o bacilo Yersinia pestis, que
transmite a peste bubônica. Quando os roedores
adoecem da peste e morrem, as pulgas
abandonam o cadáver e vão alimentar-se em
outro animal ou no homem. A bactéria fica no
proventrículo do estômago da pulga, onde se
reproduzem ocasionando obstrução parcial ou
total do tubo digestivo. As pulgas nessa
condição não conseguem se alimentar direito e
ficam num estado de fome permanente,
impelindo-as a atacar os animais vorazmente. O
proventrículo parcialmente bloqueado faz com
que haja refluxo de sangue contido no
estômago, então quando a pulga se alimenta
regurgita para o interior do corpo do animal
sangue infectado com bacilos.
*Pulga semibloqueada - é a mais importante
porque a pulga consegue ingerir algum nutriente
e por isso ela sobrevive mais tempo, porém está
sempre com fome, picando vários hospedeiros e
transmitindo a bactéria. Com o passar do tempo
passa a bloqueada, que morre logo.

Mesonoto
rachado

Figura 81. Cerdas em “V” de Xenopsylla


sp.

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Siphonaptera - Pulgas
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Principais Pulgas de Importância Médica Veterinária

Ctenocephalides

Ctenocephalides

Cabeça
Tunga
de Tunga

Pulex -
Cerdas na cabeça
Xenopsylla- Pulex
Cerdas em forma de V

Xenopsylla

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ORDEM DIPTERA - Mesotórax mais desenvolvido que o pró e

(Moscas, Mutucas e Mosquitos) metatórax.

CABEÇA: ASAS:

- Cabeça articulada bem distinta do tórax, com 1 - Asas Mesotorácicas membranosas e

par de antenas, 1 par de olhos compostos, 1 a 3 transparentes, com número moderado de

ocelos e aparelho bucal. nervuras longitudinais e poucas transversais.


- O par de asas é inserido no mesotórax.

APARELHO BUCAL: - No metatórax aparece o balancim ou halter

- Aparelho bucal picador (Ex. moscas (asas metatorácicas atrofiadas e transformadas

hematófagas) ou lambedor (Ex. mosca em pequenas hastes, órgãos de equilíbrio) e

doméstica). Apresenta um par de mandíbulas também uma estrutura membranosa chamada

cortantes, um par de maxilas para triturar, um calíptera ou alúla (situada no lado posterior da

lábio, um labro e hipofaringe. As maxilas podem base da asa), as duas estruturas são auxiliares

apresentar palpos maxilares (não confundir com das asas, dando equilíbrio ao vôo.

antenas que estão entre os olhos).


- As labelas nos lambedores são muito PATAS:

desenvolvidas e apresentam canalículos (tipo - Pernas com cinco artículos tarsais.

esponjinha) e nos sugadores são pouco - Tarsos terminam em duas garras, embaixo das

desenvolvidos e apresentam dentículos. A unhas há os púlvilos e o empódio.

exceção é que na mutuca (sugador) as labelas - Larvas sem apêndices locomotores.

são grandes e têm dentículos. - Pupas livres, móveis ou imóveis envolvidas


pelo pupário resultante do endurecimento da
Olhos última pele larval.
Antenas

ANTENAS:
- As antenas possuem três segmentos: escapo,
pedicelo e flagelo (esse pode ter de 1 a 16
segmentos), pluriarticulado ou não. Essas
características definem a subordem.

- Subordem Nematocera – Mosquitos – Antenas


Aparelho bucal
filiformes com mais de seis artículos
Figura 82. Cabeça de mosca. semelhantes no flagelo. Na subordem
Nematocera as antenas têm cerdas. Fêmeas
TÓRAX: apresentam poucas cerdas e machos
apresentam muitas cerdas.

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Essa pode ser simples ou nua, bipectinada,


pectinada dorsalmente e pectinada
ventralmente.

antenas

Antenas

Figura 83. Fêmea de mosquito mostrando as


antenas com poucas cerdas.

- Subordem Brachycera Tabanomorpha –


Tabanídeos ou mutucas – Antenas com três
Figura 85. Antena de brachycera
artículos sendo que o último é anelado. Sem
l h h
arista.
OLHOS:
-Os olhos compostos são grandes, ocupam
quase toda a cabeça e são constituídos por
células denominadas omatídeos. Na subordem
Brachycera Cyclorrhapha, os olhos das fêmeas
Antenas são dicópticos (olhos separados) e dos machos
são holópticos (olhos juntos).
-Ocelos entre os olhos compostos.

CLASSIFICAÇÃO:
A ordem díptera esta dividida em três
subordens:
Figura 84. Antena de tabanídeo. - Nematocera – Mosquitos.
- Brachycera Tabanomorpha – Tabanídeos ou

- Subordem Brachycera Cyclorrhapha – Moscas mutucas.

em geral – Antenas com três artículos, com - Brachycera Cyclorrhapha – Moscas em

arista. geral.

-No caso das moscas não se vê escapo nem HABITAT:

pedicelo, mas sim o flagelo, que é pendurado e Forma adulta é terrestre, vivem em ambiente

há uma cerda, um apêndice chamado arista. diferente daquele onde se desenvolveram as


larvas. Encontram-se com freqüência em
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descampados, folhagens, florestas, alguns se Na subordem Brachycera Cyclorrhapha as


adaptaram a regiões inóspitas como mangues, larvas são do tipo acéfalo e os adultos emergem
desertos, cerrados, cavernas. da pupa através de uma fenda que circunda a
As larvas de dípteros desenvolvem-se em água parte anterior do pupário.
corrente ou estagnada, matéria orgânica em
decomposição , no interior de vegetais, ou como IMPORTÂNCIA:
parasitas de animais. Os dípteros são os mais importantes grupos de
insetos de importância Médica veterinária e
NUTRIÇÃO: humana, pois são responsáveis pela
Varia de acordo com a espécie. transmissão de inúmeros agentes patogênicos
Pode ser: Flores, matéria orgânica em por meio da picada ou contaminando alimentos
decomposição, seiva que escorre dos vegetais, com germes patogênicos que carregam em suas
suor, exsudatos de úlceras cutâneas, sangue pernas ou aparelho bucal. Há ainda dípteros
de diversos animais, existem também muitas cujas larvas se desenvolvem à custa de tecidos
espécies predadoras que nutrem-se sugando os de vertebrados, causando as bicheiras ou
humores dos insetos que capturam. miíases.

REPRODUÇÃO:

Metamorfose completa – Holometábolos. Ovo -


Larva - Pupa – Adultos. Durante o estágio
larvário os insetos sofrem 3, 4 ou mais ecdises.

As larvas são ápodes e podem ser de dois tipos:


Eucéfalas – Com cabeça distinta e móvel,
armada de mandíbulas e maxilas com dentes
quitinosos.
Acéfalas- Com cabeça reduzida e peças bucais
rudimentares, transformadas em ganchos
internos.

Nas Subordens Brachycera Tabanomorpha e


Nematocera as larvas são do tipo eucéfalo e o
adulto que se forma no interior da pupa emerge
através de uma fenda em forma de T situada no
dorso da pupa.

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CLASSIFICAÇÃO DE NEMATOCERA

FILO CLASSE ORDEM SUBORDEM FAMÍLIA SUBFAMILIA TRIBO GÊNERO

Arthropoda Insecta Díptera Nematocera Culicidae Anophelinae Anophelini Anopheles


-Tubo digestivo -Díceros -Um par de -Um par de (Mosquitos) Palpo fêmea=probóscida
completo. -3 pares de asas antenas longas e -Antenas nos machos é Culicini Culex
-Patas patas. -Holometábolos articuladas plumosa. Culicinae Aedes
articuladas -Corpo dividido -Aparelho bucal -Fêmeas parasitas -Probóscida bem Palpo fêmea<probóscida
-Celoma repleto em cabeça, picador- -Olhos compostos desenvolvida

de hemolinfa. tórax e sugador ou -Adulto emerge da


abdômen lambedor pupa através de Ceratopogonidae Culicoides
fenda dorsal em T (pólvora)
Simulidae Simulium
(borrachudo)
Psychodidae Phlebotomus
Lutzomyia
(Palha)

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Nematocera - Mosquitos
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PARTE VI
Mosquitos
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ORDEM DIPTERA - Larvas horizontais na superfície d’água


SUBORDEM NEMATOCERA - Pupas com trompa respiratória de forma
FAMÍLIA CULICIDAE cônica curta e de abertura larga.
CARACTERÍSTICAS: - Fêmeas com palpos delgados e do mesmo
- Sem ocelos. comprimento da probóscida.
- Antenas com 15-16 segmentos. - Machos com últimos segmentos do palpo
- Pernas longas. dilatados e pilosos, dando aspecto de clava.
- Conhecido como mosquito.
- Fêmeas hematófagas sugam sangue à noite.
- Machos alimentam-se de sucos vegetais.
- Fêmeas colocam seus ovos em locais úmidos
(plantas flutuantes) ou água.

SUBFAMÍLIA ANOPHELINAE
CARACTERÍSTICAS:
- Adultos com escamas abundantes.
- Probóscida bem desenvolvida. Palpos
- Palpos retos.
- Olhos grandes.
- Antenas nos machos plumosas.

TRIBO ANOPHELINI Figura 86. Fêmea de Anopheles

GÊNERO Anopheles
BIOLOGIA DE ANOPHELES
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Criadouros são lagoas, rios e represas.
- Primeiro tergito abdominal sem escamas.
- Veiculador da malária (esporozoítas do
- Coxa posterior mais curta que a largura do
Plasmodium vivax na glândula salivar)
mesoepímero.
- Palpos da Fêmea de comprimento igual ao da - Hábito crepuscular e noturno.
probóscida. - Quando em repouso esses mosquitos formam
- Escuama com franja completa. um ângulo quase reto ao substrato.

- Ovos providos de flutuadores e postos


isoladamente. SUBFAMÍLIA CULICINAE

- Larvas sem sifão respiratório. TRIBO CULICINI

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Nematocera - Mosquitos
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existentes em barris, potes de barro, vasos,


cacos de garrafa.
- Depositam os ovos separadamente em vários
lotes, postos em intervalos de um ou mais dias.
- Ovos resistem a dessecação por vários
meses.
Palpos - Hábito diurno gostam de temperatura elevada
e picam raramente quando a temperatura fica
Figura 87. Macho e fêmea de Culicinae.
abaixo de 23 graus.
GÊNEROS: Aedes, Culex. - O ciclo dura 11 a 18 dias em temperatura de
26 graus centígrados.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Longevidade: Em laboratório uma fêmea viveu
- Lobo pronotal menor que o meron. até 154 dias.
- Escuamas com franjas, via de regra, completa - A fêmea após ter feito a postura de seus ovos
com ou sem espiraculares . morre rapidamente. Em condições normais uma
- Ovos desprovidos de flutuadores e postos em fêmea pode fazer 12 ou mais repastos
jangada. sangüíneos em um mês o que é de grande
- Larvas com sifão respiratório. importância na transmissão da febre amarela.
- Dispõem-se perpendicularmente ou - A cópula se processa 12 a 24 horas após o
obliquamente na superfície líquida nascimento do imago e estimula o desejo de
permanecendo com o corpo mergulhado. sugar sangue. As fêmeas virgens dificilmente
- Pupa com trompa respiratória de forma sugam sangue. As fêmeas após sugarem
tubulosa, mais ou menos cilíndrica alongada e sangue fazem a postura dos ovos em poucos
de abertura estreita. dias; se forem alimentadas com líquidos
- Fêmeas com palpos curtos de comprimento açucarados, não há postura.
menor que a tromba
- Machos com palpos longos, mas os últimos
segmentos não são dilatados, e são maiores
que a tromba.
- Quando em repouso esses mosquitos ficam
com o corpo paralelo a superfície.

GÊNERO Aedes:
Espécie Aedes aegipty
CARACTERÍSTICAS:
- Postura preferencialmente (vizinhança da
água ou na sua superfície) em águas limpas
Figura 88. Fêmea de Aedes
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- Cada fêmea pode pôr de 70 a 150 ovos. GÊNERO Culex


- Esse mosquito é doméstico e nas horas de CARACTERÍSTICAS:
repouso (noite) se esconde atrás ou debaixo de - Doméstico de hábito noturno.
móveis. - Fêmeas depositam seus ovos em água
- As larvas se alimentam de bactérias contidas estagnada pura ou impura nas imediações dos
na água e possuem sifão respiratório com um domicílios.
tufo de cerdas. - Os ovos, postos verticalmente são aglutinados
- Transmite a febre amarela e a dengue.

Palpos

Figura 91. Fêmea de Culex.


Figura 89. Tórax de Aedes aegipty

Figura 90. Sifão respiratório de larva de


Aedes sp..
Figura 92. Larva de Culex sp.
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formando uma jangada.


- As fêmeas são antropófilas. POSTURA E OVOS:
- É encontrado principalmente nos dormitórios, Uma vez alimentada, a fêmea quando está com
sobre o teto, móveis e roupas. seus ovos amadurecidos precisa fazer a
- Após a desova a fêmea morre ou sobrevive postura, e o lugar da postura varia de espécie
poucos dias. para espécie.
- -Larvas possuem sifão respiratório com vários
tufo de cerdas. Anopheles:
- Ciclo dura em média 10 a 11 dias. Gostam de fazer a postura em grandes coleções
- Transmite Wuchereria bancrofti (filária, de água parada, água com leve correnteza ou
Elefantíase). em água coletada de bromélias. Os ovos de
Anopheles não resistem a dessecação, não
BIOLOGIA DA FAMÍLIA CULICIDAE agüentam três dias em lugar seco.
ALIMENTAÇÃO: Os ovos de anofelinos são postos isoladamente
Quando adultos as fêmeas alimentam-se em na superfície da água, sendo que possuem
geral de sangue pois tem necessidade para que flutuadores laterais.
se processe a maturação dos ovos mas não
para sua subsistência pois em laboratório Aedes:
sobrevivem apenas com água e açúcar., os Colocam seus ovos à beira das águas de
machos alimentam-se de sucos de frutas e pequenas coleções de vasos, latas, etc.
néctar de flores. Evaporando-se a água os ovos aderem as
paredes do vaso e resistem ali por vários
CÓPULA: meses, quando cai a chuva há a eclosão das
Nos mosquitos de hábitos crepusculares larvas. Isso explica a disseminação desses
(anofelinos) a cópula se dá momentos antes de mosquitos para todos os lugares. Os ovos de
se dirigirem para as casa. Há mesmo a Aedes são postos isoladamente, mas não
chamada “dança nupcial” em que os mosquitos possuem flutuadores..
ficam voando em largos círculos, aí se
efetuando a cópula. Os machos e fêmeas saem Culex:
dos criadouros e em geral copulam no ar e essa Os ovos de Culex são colocados sempre em
cópula ocorre de duas maneiras: No Aedes posição vertical formando jangadas capazes de
aegypti, o macho fica sob a fêmea fixando-a por flutuar.
meio de duas pinças laterais, o ato dura 4 a 5
segundos; no Anopheles, macho e fêmea se LARVAS:
prendem pela extremidade posterior, ficando em As larvas são encontradas na água, ainda que
linha. possam sobreviver algum tempo em ambiente
Um macho pode copular várias fêmeas e uma úmido.
fêmea pode ser copulada por vários machos.
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O período larvário representa a fase de mosquitos é constituído de duas partes:


crescimento do inseto, durante a qual a larva cefalotórax e abdômen.
expulsa quatro vezes a pele; são as mudas ou As pupas da família culicidae também se
ecdises. As larvas se alimentam de localizam na água. Após a saída do mosquito
microorganismos. adulto ele fica em cima da pele da pupa que
As larvas são vermiformes e desprovidas de acabou de deixar para que ocorra a quitinização
patas e asas. (quitina em contato com o ar endurece).
O corpo da larva é constituído de cabeça, tórax
e abdômen. A respiração é feita por um sifão
respiratório na extremidade final do abdômen.
Anopheles não possui sifão respiratório.

Figura 95. Pupa de Nematocera.

FAMÍLIA CERATOPOGONIDAE
Sinonímia: Mosquito pólvora, maruins.
Figura 93. Larva de Anophelinae

Sifão respiratório GÊNERO Culicoides.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Bem pequeno, até 4 mm.
- Peças bucais curtas, pungitivas e sugadoras
nas fêmeas.
- Asas hialinas com manchas claras e escuras
recobertas de curta pilosidade.
Figura 94. Larva de Culicinae. -Antenas longas com 14 segmentos com
formato de contas de rosário, plumosas nos
PUPAS:
machos. Os primeiros segmentos antenais
Após a quarta muda larvária emerge a pupa,
parecem bolas.
com a forma de uma vírgula. É móvel, porém
não se alimenta O corpo das pupas de

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BIOLOGIA
Ovos: Os ovos são alongados e levemente CARACTERÍSTICAS DO CULICOIDES:
encurvados; o período de incubação é de 2 a 7 - Vive nos mangues e terrenos pantanosos, pois
dias dependendo das condições do ambiente. se desenvolvem em certo grau de salinidade.
- Ovos postos em água doce ou salgada.
Larvas: As larvas apresentam 12 segmentos - As fêmeas fazem a postura em pedras,
abdominais; desenvolvem-se em meio aquático pedaços de pau.
ou semi-aquático, isto é em terrenos lodosos ou - Seis estágios larvais, só fêmeas são
de muita umidade, tanto pode ser de água doce hematófagas.
como salgada; habitat ideal é o mangue. As
larvas nadam com agilidade em busca de IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA:
microorganismos para se nutrirem. A picada é semelhante a um fósforo aceso no
braço, a picada faz formações bolhosas na pele
Adultos: São encontrados em mangues, zonas que não raro se complicam com infecção
de marés, voam pouco, não se afastam muito do secundária pelo ato de coçar. Causa dermatite
lugar onde habitam. Machos e fêmeas reúnem- em eqüinos, com perda de pele.
se em grandes enxames onde ficam voando em A picada produz lesões eczematosas
turbilhão para a cópula. As fêmeas fixam-se ao urticarianas.
corpo de outros insetos e sugam-lhes a Transmite filarias e vírus da língua azul para
hemolinfa. Se o macho após a cópula não fugir, bovinos e ovinos.
a fêmea nutre-se dele. As fêmeas são
hematófagas e atacam vorazmente o homem. FAMÍLIA PSYCHODIDAE
Podem matar se atacarem em bandos. Tem
hábito crepuscular, mas podem sugar à noite ou SUBFAMÍLIA PSYCODINAE: Psychoda -
até de dia. mosca dos banheiros. Sem importância em
medicina veterinária.
Antenas
SUBFAMÍLIA PHLEBOTOMINAE:

PRINCIPAIS GÊNEROS DE IMPORTÂNCIA


MÉDICA VETERINÁRIA:
- Gênero Phlebotomus (Encontrado na
Europa)
- Gênero Lutzomyia (Encontrado nas
Américas) – mosquito palha.

Figura 96. Cabeça de Culicoides. GÊNERO Lutzomyia

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CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: e com duas manchas escuras no lugar dos


- Olhos compostos ocupando grande parte da olhos. O desenvolvimento larval ocorre na água,
cabeça. em matéria vegetal em decomposição, nos
- Ocelos ausentes. buracos de árvores cheios de folhas
- Antenas tão longas quanto o comprimento da apodrecidas e em excrementos. O
cabeça e tórax com densa pilosidade. desenvolvimento larval se dá em 30 dias e
- Dípteros muito pequenos, 4mm no máximo. depois de quatro mudas de pele passam a pupa.
- Palpos maiores que a probóscida com 3 a 5 As larvas nunca se criam em ambiente
artículos. inteiramente aquático, mas em lugares de muita
- Asa com formato lanceolar e com nervuras umidade, onde a luz raramente incide, com
longitudinais e paralelas. abundante matéria orgânica que lhes sirva de
- Cerdas longas pelo corpo. nutrição; nas florestas as larvas se criam
- Abdômen com 10 segmentos; do oitavo em embaixo da camada de folhas mortas que
diante os segmentos se modificam e formam as reveste o solo, nas frestas das rochas, nas tocas
peças do aparelho genital. que servem de abrigo a animais silvestres.

BIOLOGIA Pupas: As pupas mostram cabeça distinta,


Ovos: Os ovos dos psicodídeos são alongados, pernas e asas unidas ao corpo.
pardo-escuros, depositados em ambientes A fase de pupa transcorre entre 10 e 15 dias.
aquáticos ou semi-aquáticos, isoladamente ou
em grupos. Adultos: Os adultos na conformação geral do
corpo parecem um pequeno mosquito. O
Larvas: Quatro estádios larvais. As larvas são aparelho bucal das fêmeas é adaptado para
vermiformes, ápodas, com a cabeça não retrátil sugar sangue, elemento essencial para
maturação dos ovos. Os machos nutrem-se de
sucos vegetais.
A grande maioria dos psicodídeos habitam as
Asa em
forma de florestas, em lugares sombrios próximos à
lança pequenas porções de água.
Algumas espécies aparecem, eventualmente no
interior de habitações humanas ou dos abrigos
dos animais domésticos, escondendo-se em
cantos escuros durante o dia e saindo à noite
em busca de alimento. Algumas espécies
podem sugar sangue de dia. Habitações
próximas a matas estão sujeitas a receber a
Figura 97. Adulto de Lutzomyia sp.
visita desses mosquitos. São atraídos pela luz
das lâmpadas.
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Os mosquitos flebotomíneos têm pouca


capacidade de vôo. Não procuram alimento a
mais de 200 metros de distância.
Antenas
Longevidade dos adultos: 27 dias.

ASTENOBIOSE OU DIAPAUSA:
Normalmente a duração do período larval
depende da temperatura e umidade; em baixa
temperatura esse período pode prolongar-se em Aparelho bucal
virtude de uma fase de hibernação que a larva
Figura 98. Aparelho bucal de Simulium
sofre depois da terceira muda.
sp
Em certas espécies, porém, independente
destas condições, sem que se verifique
diminuição da temperatura e alteração do teor CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

de umidade, a larva hiberna e sua evolução se - O adulto apresenta asa com nervuras em

interrompe. Assim em uma postura podemos ter apenas uma parte dela, a antena parece um

ovos que evoluem até fase adulta e outros que chifre e possui os segmentos do flagelo

ficam em hipobiose por meses. achatados.


- Dípteros pequenos (1,5 a 4 mm. de

IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA: comprimento), robustos, lembram uma pequena

Os flebotomíneos são hospedeiros de agentes mosca.

causadores de doenças que afetam o homem e - Seu corpo é revestido de fina e curta

animais domésticos. pilosidade aveludada, escura nas fêmeas e

São transmissores da Leishmania, causadora da colorida nos macho.

Leishmaniose Visceral e/ou cutânea. - Olhos compostos, separados nas fêmeas e

Transmitem também muitos vírus entre os quais juntos nos machos.

o responsável pela febre dos três dias (febre - Tórax giboso.

papatasi) muito conhecida na Europa. Podem - Pernas curtas e fortes.

veicular ainda o vírus da estomatite vesicular, - Antenas com 11 segmentos, sem cerdas e

doença séria em bovinos, cavalos e suínos. curtas (parece um chifre).

FAMÍLIA SIMULIDAE BIOLOGIA

Mosquitos conhecidos como borrachudo ou Os machos vivem sugando flores, ao contrário

pium das fêmeas que são sugadoras de sangue de


vertebrados, tendo para isso uma probóscida
pungitiva.
GÊNERO Simulium

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Nematocera - Mosquitos
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A desova dos simulídeos se dá na água de rios de ar, formando uma bolha, à medida que a
e riachos com bastante correnteza, depositada bolha aumenta, o borrachudo adulto vai
sobre a vegetação marginal ou sobre rochas insinuando-se para o seu interior, a bolha se
pouco submersas; geralmente a postura efetua- desprende do pupário e sobe a tona d’água, se
se quando a fêmea voa rente a superfície da desfaz, e põem em liberdade o borrachudo.
água ou pousa sobre ela. Cada fêmea pode
depositar até 500 ovos, junto aos quais é Adultos: Os machos costumam reunir-se em
eliminada uma substância gelatinosa que grandes enxames, geralmente ao entardecer
mantém os ovos aglomerados. Depois de 5 a 7 para aguardar que alguma fêmea entre na
dias de incubação surgem as larvas. dança; quando isso acontece, logo um casal se
Larvas e pupas ficam abaixo do nível das águas afasta para a cópula.
e as larvas apresentam ventosa posterior (para Habitam áreas de cachoeiras e rios, pois só se
fixação), escova oral (para captar nutrientes desenvolvem em águas correntes.
rapidamente), pseudópodes (por isso é Hábitos diurnos (crepuscular), atacam em
chamada de semifixa) e glândulas salivares que bandos.
produzem um fio pegajoso do qual são tecidas
as pupas. As pupas são em forma de cone com
filamentos traqueais (para absorção de O2).
Ciclo se completa em quatro a oito semanas em
condições ideais de temperatura e umidade.

Longevidade dos adultos: 2 a 3 semanas.

Larvas: Possuem o corpo liso, cabeça bem


diferenciada, parte posterior do corpo é dilatada
e tem uma estrutura que serve para sua fixação.
A larva fica vertical ao solo fixada ao substrato. Figura 99. Adulto de Simulium sp.
Ela nutre-se de microorganismos encontrados (borrachudo).
na água. A apreensão dos microorganismos é IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA:
feita por penachos situados um em cada lado da A picada, no início é imperceptível, quando
cabeça. Após seis mudas elas tecem um casulo sentimos, a fêmea já está no final do repasto
cônico (com a secreção das glândulas salivares) sangüíneo. No local da picada surge um
fixo na base e aberto em cima e passam a pupa. pequeno ponto hemorrágico e uma leve
sensação de dor que se transforma em prurido.
Pupas: Apresentam em cada lado do tórax Transmitem doenças de filarídeos (elefantíase,
brânquias respiratórias constituídas de onchocercose). Transmite também o
expansões filamentosas. Depois de completo o Leucocytozoon para aves.
desenvolvimento da pupa, o pupário enche-se
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Nematocera - Mosquitos
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A mais importante parasitose transmitida por


esse mosquito é a Onchocerca volvulus que
pode ocasionar cegueira. Os adultos dessa
filária formam nódulos subcutâneos em várias
partes do corpo humano; nesses nódulos a
filária se reproduz originando as microfilárias
que migram para a periferia do corpo onde o
mosquito as ingere ao sugar sangue. Quando o
mosquito vai sugar outra pessoa inocula as
microfilárias que migram pelo corpo e muitas
vezes se instalam no globo ocular causando
cegueira.

CONTROLE:
Povoar lagos com peixes que se alimentam
deles e controle biológico por Bacillus
thuringiensis. Evitar a poluição dos rios que
termina como os peixes.

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Brachycera Tabanomorpha
Mutucas
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PARTE VII
Mutucas
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SUBORDEM BRACHYCERA TABANOMORPHA - Asa com terceira nervura longitudinal bifurcada


FAMÍLIA TABANIDAE (R4 +5). Com espinhos na nervura costal da
asa.
CARACTERÍSTICAS GERAIS - Occipício com uma cavidade.
- Tamanho de 0,6 a 3 cm. - Machos desprovidos de mandíbulas e não
- Chamados vulgarmente de mutucas ou hematófagos.
moscas do cavalo. - Mandíbulas nas fêmeas para cortar a pele.
- Dípteros robustos.
- Aparelho bucal lambedor e sugador (curto e
CICLO BIOLÓGICO:
grosso).
É completo, holometabólico. Ovo- larva- pupa e
- O mecanismo principal para achar os
imago (adultos). Em climas quentes o ciclo dura
hospedeiros é a visão e assim os olhos grandes
em torno de quatro meses.
servem bem esta função.
Após o repasto, as fêmeas põem lotes de
- O CO2 também atua como uma fonte de odor
centenas de ovos.
para atrair algumas espécies.
- Os olhos são coloridos e usados para atrair o
Ovos:
sexo oposto. A coloração de olho varia entre
Os ovos dos tabanídeos são alongados com um
espécie sendo unicoloridos ou horizontalmente
a dois milímetros de comprimento. A oviposição
coloridos em Tabanus, manchados em
ocorre tanto em ambiente aquático como úmido
Chrysops, e com faixas em zigue-zague em
(pântanos, troncos podres).
Haematopota.
Os ovos não são postos diretamente na água,
- Antenas com três segmentos e o flagelo
mas em vegetação pendente, pedras e
apresenta anelações que são projetadas para
escombros (sobre plantas aquáticas, sobre o
frente.
musgo que recobre as pedras marginais dos
- No momento há mais de 3,000 espécies
rios, córregos e lagoas, em troncos de árvores
conhecidas de Tabanídeos.
cheios de detritos vegetais). Os ovos são de cor
- Os três gêneros principais de importância são:
branca cremosa a cinzentos, são postos em
o Chrysops, Tabanus, e Haematopota.
- Cabeça semi-esférica ou semilunar. Bifurcação na
- Mesonoto desenvolvido (meio do tórax). ponta da asa

- Olhos holópticos nos machos e dicópticos nas


fêmeas (separados). Presença ou não de ocelos
afuncionais.

Figura 100. Asa de Tabanidae.


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Brachycera Tabanomorpha
Mutucas
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grandes massas que variam de 200-1000 ovos e São achadas larvas de Chrysops em substrato
a oviposição varia com gênero do díptero. com maior conteúdo de água e são assim
O número de ovos e período de incubação é hidrobiontes.
variável (Período de incubação = 10 dias a oito As larvas de Tabanus são encontradas em
meses). substratos um pouco mais secos e têm uma
A eclosão das larvas acontece quatro dias distribuição mais ampla. Estas larvas são
depois dos ovos serem postos, embora este chamadas semi-hidrobiontes,
tempo dependa da temperatura ambiente. A fase larval leva freqüentemente vários meses.
A duração de desenvolvimento varia de dez a
Larvas: onze semanas às temperaturas mais altas, para
As larvas ao eclodirem dos ovos, caem na água 42 semanas às mais baixas temperaturas.
e completam o seu desenvolvimento no lodo do O primeiro instar larval eclode, passa para o
fundo d’água (se enterram); são carnívoras segundo instar larval que é positivamente
(Tabanus) alimentando-se de pequenos animais fototático fazendo com que se mova pela
ou de larvas de outros insetos, não encontrando superfície do substrato. Este segundo instar não
alimentação suficiente tornam-se canibais. As se alimenta e em três a seis dias a terceira fase
larvas carnívoras (aparelho bucal mastigador) de instar é alcançada. O terceiro instar é
na falta de alimento podem atacar animais e negativamente fototático e escava abaixo do
humanos. Passam por 8 estágios larvares, substrato. O alimento da larva de Chrysops é
sendo que o desenvolvimento é bem variável, material orgânico encontrado no substrato, a
em função da espécie, clima e quantidade de larva de Tabanus é carnívora equipada com
alimento. mandíbulas. As larvas alimentam-se de outras
O local de desenvolvimento para a larva larvas de inseto, crustáceos, caracóis e
depende do gênero e pode ser dividido em nematódeos, sendo também, canibais. A
habitats distintos. conseqüência disto é que estas larvas são
A divisão é principalmente baseada no conteúdo achadas com baixa densidade populacional no
de água do substrato no qual a larva substrato. Isto contrasta com as densidades
desenvolve. larvais de Chrysops no substrato que pode ser
muito densa.

Pupa
O período pupal é curto, de alguns dias ou
semanas. As pupas são parecidas com a
crisálida (pupário) das borboletas. A pupação se

Aparelho bucal dá no mesmo lugar das larvas, porém procuram


Antenas
locais menos encharcados.
Quando passam a pupas, elas migram até
Figura 101. Aparelho bucal de Tabanidae. próximo a superfície do lodo.
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Brachycera Tabanomorpha
Mutucas
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A fase de pupa desenvolve-se em uma a três CARACTERÍSTICAS


semanas - Presença de ocelos funcionais.
- Com esporão tibial na pata III.
Nutrição: - Terceiro artículo das antenas formado de anéis
Os machos nutrem-se de néctar de flores. As justapostos sempre em número superior a cinco.
fêmeas também sobrevivem com néctar, porém - Probóscida alongada.
precisam de sangue para a maturação dos ovos. - Asa manchada e tamanho pequeno (tribo
As fêmeas localizam sua presa pela visão e Chrysopsini);
suas picadas são profundas e dolorosas. As - Olhos pilosos e probóscida longa (tribo
fêmeas muitas vezes não conseguem terminar o Scionini).
repasto sangüíneo já que o animal ou pessoa se
sente bastante incomodado e a retira do local 1-TRIBO CHRYSOPSINI
onde estava sugando. As maxilas e mandíbulas GÊNERO Chrysops
são usadas para cortar o couro ou esfolar com CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
uma ação do tipo tesoura. O corte resultante é - Raramente maiores que 10 mm
fundo e doloroso e flui sangue. O labro ingere o - Suas asas apresentam faixa transversal preta
sangue exposto. Devido à natureza cortante da mediana
picada o díptero está freqüentemente sendo - Terceiro artículo antenal com o primeiro anel
espantado e ainda querendo alimentar-se. tão longo quanto os quatro seguintes reunidos.
Quando espantado o tabanídeo voa a uma
distância pequena e então retorna.
A próxima prioridade para o tabanidae
recentemente emergido é acasalar. Isto
acontece durante as primeiras horas da manhã.
Machos e fêmeas entram junto em enxames e
a copula é iniciada no ar, o ato é terminado no
solo e leva aproximadamente cinco minutos. O
reconhecimento de fêmeas por machos é feito
através da visão embora não é no momento Figura 102. Mutuca do gênero Chrysops sp.
conhecido se um ferormônio de agregação
causa os enxames matutinos de machos
2-TRIBO SCIONINI
GÊNERO Fidena - Nunca maiores que 15 mm,
Habitat:
corpo coberto por curta pilosidade, superfície
São silvestres e raramente encontrados nos
dos olhos recoberta de fina pubescência,
domicílios. São de hábito diurno e sua picada é
probóscida estiletiforme, longas, sempre maior
bastante dolorida. Surgem nos meses quentes.
que a altura da cabeça.

SUBFAMÍLIA PANGONINAE
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Brachycera Tabanomorpha
Mutucas
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SUBFAMÍLIA TABANINAE
2-TRIBO DIACHLORINI
1-TRIBO TABANINI -Basicostas de um modo geral sem setas.
Basicostas densamente revestidas de setas e -Labelas esclerosadas.
labelas densamente pilosas. -Presença de vestígios de ocelos.

GÊNERO Tabanus GÊNEROS: Diachlorus, Chlototabanus, etc.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Basicosta (projeção próxima à base da nervura CARACTERÍSTICAS DAS FÊMEAS QUE SÃO

costal) com cerdas (tribo TABANINI) ou sem BOAS TRANSMISSORAS DE PATÓGENOS:

cerdas (tribo DIACHLORINI).


- Sem esporão tibial na pata III. 1. Anatogenia - sem repasto sangüíneo não há

- Ausência de ocelos funcionais. maturação nos ovários (hematofagia

- Probóscida raramente mais longa que altura da fundamental).

cabeça. Geralmente curta e robusta.


2. Telmofagia - rasga a pele até atingir o vaso
sangüíneo com extravasamento de sangue .
Infecta-se tanto por um agente presente no
sangue como na pele.

3. Agressividade - ataca qualquer um, sem


especificidade nem hospedeiro.

4. Alimentação interrompida - leva eventuais


patógenos para outros hospedeiros,
transmitindo a doença do primeiro.
Figura 103. Cabeça de Tabanus sp.

5. Grande repasto – aumenta o nível de


transmissão.

6. Grande capacidade de vôo - procura vários


hospedeiros para satisfazer a sua alimentação
Pode voar até 20 km.

7. Picada dolorosa

Figura 104. Mutuca do gênero Tabanus sp.


PRINCIPAL FORMA DE TRANSMISSÃO DOS
AGENTES PATÓGENOS:
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Brachycera Tabanomorpha
Mutucas
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1. Mecânica (vetor mecânico) - aquele


hospedeiro que leva ativamente o patógeno e
inocula num outro, porém nesse tempo não há
desenvolvimento do patógeno no inseto.

PATOGENIA DOS TABANÍDEOS


- Transmissão de anemia infecciosa eqüina e
peste suína.
- Transmissão de bacterioses.
- Transmissão de protozoários como o
Trypanosoma evansi para eqüinos, suínos e
cães.
- Efeito da picada (dor).

CONTROLE:
1)Deve-se eliminar o habitat de criação de
larvas (como terrenos mal drenados), pois os
adultos permanecem em regiões próximas ao
desenvolvimento das larvas.

2) O controle químico deve ser feito utilizando


inseticida de contato com efeito residual nos
estábulos e nos animais.

3) Fitas escuras adesivas colocadas nos


estábulos funcionam como armadilhas para
capturar esses insetos.

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Moscas
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PARTE VIII
Moscas
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SUBORDEM BRACHYCERA MUSCOMORPHA - Presença de calíptera


I. DIVISÃO ASCHYSA - Com ou sem cerdas na hipopleura (região
FAMÍLIA SYRPHIDAE entre a pata II e a pata III).
CARACTERÍSTICAS:
- Não têm sutura ptilineal (mancha entre os 2.1 SEM CERDAS NA HIPOPLEURA
olhos, cicatriz de uma membrana que se rompe
na hora de sair do pupário).
- Sem importância na Medicina Veterinária.
Escutelo

II. DIVISÃO SCHYZOPHORA


- Com fissura ptilineal ou frontal

Calíptera

Figura 106. Calíptera da asa de


muscídeo.
2.1.1 COM APARELHO BUCAL FUNCIONAL

Fissura
FAMÍLIA MUSCIDAE
- Quatro faixas negras no mesonoto.
- Apresentam uma célula distal na asa.
- Três estágios larvares, sendo que a larva é
Figura 105. Fissura ptilineal. vermiforme e esbranquiçada. Na sua
extremidade anterior possui ganchos (para
capturar alimentos) e na posterior possui
1. SEÇÃO ACALIPTRATAE estigmas respiratórios com 1, 2 ou 3 aberturas,
CARACTERÍSTICAS de acordo com a fase larval (L1, L2, L3).
- Ausência de calíptera (estrutura que auxilia no
vôo). A) SUBFAMÍLIA MUSCINAE
- Sem importância em Medicina veterinária. - Aparelho bucal lambedor.
- Ex: Drosophila.

2. SEÇÃO CALIPTRATAE
CARACTERÍSTICAS
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Moscas
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GÊNERO Musca
ESPÉCIE Musca doméstica

CARACTERÍSTICAS MORFOLÒGICAS:
- Tamanho: ± 9 mm.
Figura 108. Peritrema de Musca
- Tórax é cinza com quatro listras longitudinais sp.
escuras e largas no dorso. - Sob condições favoráveis as fêmeas tornam-se
- O abdômen possui os lados de cor amarelada receptivas para cópula aproximadamente 36
na metade basal. A porção posterior é marrom horas após a emergência da pupa.
escura e possui uma faixa longitudinal escura no - Durante o processo de cópula as asas dos
meio do dorso. machos promíscuos rapidamente se desgastam
- Aparelho bucal com palpos maxilares médios, pela ação vigorosa das fêmeas resistindo ao
labela com pseudotraquéias (liquefaz o alimento galanteio.
sólido). - A postura é feita quatro dias após a cópula e
- Antena com arista plumosa (cerdas dos dois são depositados 75 a 150 ovos por vez. A
lados). incubação é em média de 24 h, sendo que em
- Estigmas da larva têm abertura fora do centro. temperatura de 25 a 35oC o período de
incubação é de 8 a 12 h e em 23 a 26oc - 3 a 4
dias. A postura é feita em fezes e material
orgânico em decomposição, levando em torno
de uma a três semanas para passar de L1 a L3
dependendo do substrato e temperatura
ambiente.
- O período pupal é de 14 a 28 dias, mas no
verão leva quatro a cinco dias.
- A temperatura é fator limitante para a mosca,
pois o tempo de vida dos adultos varia de 30
dias no verão e mais do que isso no inverno. A
Figura 107. Adulto de Musca domestica. 30oC o tempo de ovo a adulto é de 10 dias e a
16oC é de 46 dias. Além disso, só 10% dos ovos
BIOLOGIA: chegam a adulto, também devido à temperatura.
- A Musca é atraída por comida humana, mas - A umidade também é limitante, pois as larvas
também é encontrada em excrementos e devem penetrar logo nas fezes se não morrem
qualquer espécie de sujeira. Patógenos podem pela ação dos raios solares.
ser regurgitados na comida via gota de vômito. - Número de ovos por fêmea: 350 - 900.

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Moscas
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- Ciclo médio de vida (ovo à adulto em dias): 10 - Tamanho bem pequeno (4 à 5 mm).
dias em temperatura excelente. - Pernas pretas, halteres amarelos.
- Larva apresenta projeções com espinhos que
SUBSTRATOS: Alimentos açucarados, carne, funcionam como flutuadores que permitem
excrementos, matéria orgânica em sobreviver em meio semi-líquido. Antena com
decomposição ou meios em fermentação. arista nua.
- Parece uma pequena mosca doméstica.
HABITAT: Lixo, estações de tratamento de - Aparelho bucal lambedor.
efluentes, jardins que recebem adubação - Abdômen translúcido.
orgânica, resíduos de matérias primas - M1 paralela e acentuada.
açucaradas, meios fermentados.
BIOLOGIA:
IMPORTÂNCIA: - Desenvolve-se em fezes de aves.
1) Transporte forético: de microorganismos que - Ocorre mais no meio rural.
levam à febre tifóide, disenteria, cólera e mastite - O período de ovo a ovo leva 30 dias.
bovina, de protozoários como Entamoeba,
Giardia e helmintos como Taenia sp., Dipylidium IMPORTÂNCIA:
e nematóides espirurídeos. É também Pode ser hospedeiro intermediário de Raillietina
veiculadora de D. hominis. sp.,transmissor de vermes espirurídeos e produz
irritação nas aves, provocando perda de peso e
2) Hospedeiro intermediário: de endoparasitos postura.
como Habronema em cavalos e Raillietina em
aves. B) SUBFAMÍLIA STOMOXYDINAE
- Aparelho bucal picador - sugador (machos e
GÊNERO Fannia fêmeas hematófagas).

ESPÉCIE Fannia sp.


CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: GÊNERO Stomoxys
- Antena com arista nua. ESPÉCIE Stomoxys calcitrans – Mosca dos
estábulos.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Aparelho bucal com palpos curtos e dentes
pré-estomais na labela.
- Lembra a mosca doméstica, porém possui uma
probóscida preta que é usada para picar a pele e
sugar o sangue. Possui um abdômen mais largo
Aristas

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Figura 109. Antena com arista nua de Fannia.
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Moscas
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que o da Musca e possui marcas xadrezes no


dorso do abdômen.
- Possui quatro listras longitudinais no tórax
similares a da Musca.
Palpos
- Antena com arista pectinada (cerdas apenas
de um lado).
- Larvas com dois estigmas contendo três
aberturas em forma de s na L3. Probóscida

Figura 111. Aparelho bucal de Stomoxys


sp.
partes baixas do animal como pernas e
abdômen.
- O desenvolvimento do ciclo, de ovo a ovo é de
30 dias e a postura de 25 a 30 ovos por vez. A
incubação é de um a quatro dias, e o tempo de
L1 a L3 é de aproximadamente 20 dias.
- O período pupal é de 13 dias no verão e de
Figura 110. Adulto de Stomoxys sp.
três a quatro meses no inverno.

IMPORTÂNCIA:
BIOLOGIA:
Causa anemia nos animais e é a principal
Têm preferência por eqüídeos, mas alimenta-se
veiculadora de ovos de Dermatobia hominis, faz
numa grande variedade de animais como
transmissão mecânica do T. evansi, serve de
bovinos, porcos, cães e humanos. Durante o seu
hospedeiro intermediário do Habronema sp., é
estágio adulto são feitos vários repastos
transmissor de anemia infecciosa eqüina e
sangüíneos e uma mosca alimenta-se da vários
causa irritação no animal que não se alimenta
hospedeiros em um dia.
direito e tem perda de peso.
- Depois de ingurgitados, tanto macho quanto
fêmea ficam lentos enquanto digerem o repasto
sangüíneo. GÊNERO Haematobia
- Os lugares onde são mais comumente ESPÉCIE Haematobia irritans (mosca do
encontrados são: cercas, parede de casas, de chifre).
estábulos. Quando são perturbadas elas
geralmente voam e retornam ao mesmo local. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Essas moscas têm hábito diurno e localizam o - Tamanho de ± 6 mm.
hospedeiro através do gás carbônico expelido - Aparelho bucal com palpos longos e labela
pela respiração, elas preferem se alimentar nas sem dentes.

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Moscas
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as fezes em camadas finas, pois as larvas não


sobrevivem aos raios solares. As moscas não
depositam ovos em fezes fermentadas porque
os gazes e ácido lático matam as larvas. Os
inseticidas não são muito eficientes porque além
de algumas moscas serem resistentes, matam
outros microorganismos úteis. No caso dos
Palpos
eqüídeos, as camas devem ser sempre
Probóscida
trocadas (de 10 a 15 dias) para evitar
proliferação de moscas.
Figura 112. Palpos longos de Haematobia
sp. 2.2. COM CERDAS NA HIPOPLEURA (em
seqüência linear acima da coxa 3)
BIOLOGIA:
- Fica o tempo todo em cima do animal (no 2.2.1 COM APARELHO BUCAL FUNCIONAL
dorso) de cabeça para baixo e só desce para
fazer postura nas fezes frescas. Todo o FAMILIA CALLIPHORIDAE
desenvolvimento é nas fezes (L1 até adulto). CARACTERÍSTICAS
- Ciclo curto de 16 dias (no verão completa o - Aparelho bucal lambedor (labelas com
ciclo em oito a nove dias). canalículos).
- Alimenta-se o tempo todo, causando anemia. - A maior importância dessas moscas é a fase
- Prefere animais mais escuros. larvar, pois são produtoras de miíases
(bicheira).
CICLO BIOLÓGICO: - Chamadas vulgarmente de moscas varejeiras.
As larvas eclodem em 24 horas e desenvolvem-
se durante três dias, mudam para pupas e após
GÊNERO Cochliomyia
seis dias emergem os adultos (moscas) que
ficam no corpo dos animais de cabeça para
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
baixo e põem até 180 ovos cada.
- Distingui-se o sexo pelos olhos (as fêmeas são
dicópticas e machos são holópticos).
IMPORTÂNCIA:
- Apresentam ocelos.
Perda de 40 kg se o animal tiver 500 moscas
- Palpos muito curtos.
nele (em torno de 30 dias). Também é
- Flagelos claros (tendem a amarelo).
veiculadora de D. hominis.
- Arista bipectinada.
- Tórax verde a azul metálico.
CONTROLE GERAL DAS MOSCAS:
- Três linhas negras longitudinais no tórax.
Deve-se ter um controle higiênico, fazendo
- A fêmea adulta apresenta basicosta clara.
esterqueiras, compactação de fezes, espalhar
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Moscas
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Podem ser:
1. Clínica (localização anatômica)
a)Cutânea - podem ser furunculosas (ex:
berne), rasteiras e ulcerosas ou traumáticas.

b)Cavitária - ouvido, nariz.


Faixas negras no tórax

c) Orgânica – internas.

2. Etológica
Figura 113. Adulto de Cochliomyia sp. a)Pseudomiíase – acidental.

- No 5o tergito abdominal, nas laterais, há uma b)Miíase semi-específica, facultativas ou


pilosidade prateada (cerdas aveludadas) como secundárias - é causada por moscas
manchas claras. necrobiontófagas, que se alimentam de tecido
- As larvas são vermiformes segmentadas e em decomposição. Ex: Cochliomyia macellaria.
com parte posterior do corpo truncada. Na parte
anterior, aparelho bucal com esqueleto cefálico, c)Miíase específica, obrigatória ou primária -
espinhos quitinizados em cada segmento do é causada por moscas biontófagas, que se
corpo. Posteriormente estão as aberturas alimentam de tecido vivos. Ex: Cochliomyia
respiratórias (peritrema com estigmas hominivorax.
alongados).

ESPÉCIE Cochliomyia hominivorax


CICLO BIOLÓGICO:
Ovo (16 a 24 h.), L1, L2, L3, pupa e adulto. Aparecem CARACTERÍSTICAS:
muito na primavera devido à temperatura e umidade - Estigma da larva em forma de dedos
separados.
IMPORTÂNCIA: - Espinhos no final do corpo da larva com forma
Além de serem causadoras de miíases, são predominantemente em v.
veiculadoras de patógenos. - Larva com troncos traqueais pigmentados e
alongados.
MIÍASES –
É a infestação de vertebrados vivos com larvas BIOLOGIA:
de dípteros que, em certos períodos, se - Ciclo de 20 dias, sendo que 10 no hospedeiro,
alimentam dos tecidos vivos ou mortos do onde faz postura em feridas.
hospedeiro, de suas substâncias corporais - A longevidade dos machos é de 25 dias e das
líquidas ou do alimento por ele ingerido. fêmeas de 35, mas pode variar com a
temperatura.
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Moscas
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curtos que de C. hominivorax.

BIOLOGIA:
Ciclo de 10 a 12 dias e a longevidade é de 45
dias, mas pode variar com a temperatura.

GÊNERO Chrysomyia

Figura 114. Peritremas de Cochliomyia


hominivorax. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
• Tórax com brilho metálico verde à azul.
- Brilho acobreado em algumas espécies.
CONTROLE:
- Dimorfismo sexual pelos olhos (fêmeas
-Esterilização de machos de C. hominivorax.
dicópticas e machos holópticos).
Assim a fêmea não bota ovos, mas continua
- Olhos acinzentados.
veiculando patógenos, logo não é muito eficaz.
- Arista bipectinada.
-Fazer tratamento de lesões na pele, com
- Palpos achatados lateralmente e parte distal
repelente e cicatrizante.
mais larga, cinzenta e com cerdas bem longas.
- Aparelho bucal lambedor.
ESPÉCIE Cochliomyia macellaria
- Não apresenta listas longitudinais no
mesotórax.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÒGICAS:
- Remigium (tronco da asa que origina a nervura
- Estigma da larva em forma de dedos bem
radial. Localiza-se logo abaixo da nervura costa,
juntos.
já que a subcosta está colada ao tronco) com
- Espinhos no final do corpo da larva são mais
cerdas.
robustos e predominantemente em W.
- Troncos traqueais da larva mais claros e mais
BIOLOGIA
- Provoca miíase secundária e preferem fezes
de aves, lixo e carcaça de animais.
- Aparecem muito na primavera devido a
temperatura e umidade.

ESPÉCIE Chrysomyia megacephala –


Ciclo biológico de 10 dias e longevidade de 60
dias (até 120 em laboratório), mas pode variar
com a temperatura.

Figura 115. Peritrema da larva de


Cochliomyia macellaria. ESPÉCIE Chrysomyia albiceps –

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GÊNERO Phaenicia

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Corpo com brilho metálico verde, azul ou cor
de cobre.
- Com ocelos.
- Não tem listas negras no mesonoto.
- Arista bipectinada.
- Aparelho bucal lambedor.
- Frontália e parafrontália com cerdas prateadas.
- Remigium nu (sem cerdas).

Figura 116. Adulto de Chrysomyia sp.

Ciclo biológico de 11 dias e longevidade de 30 a


40 dias, mas pode variar com a temperatura.

ESPÉCIE Chrysomyia putoria –


Ciclo biológico de 10 dias e longevidade de 30 a
40 dias, mas pode variar com a temperatura.
Figura 117. Adulto de Phaenicia sp.

CONTROLE:
-As larvas fazem controle natural entre elas, pois BIOLOGIA:
são predadoras umas das outras, mas de Provocam miíase secundária, preferem fazer a
qualquer maneira são veiculadoras de postura em fezes de aves, lixo e carcaça de
patógenos, por isso não adiantaria proliferá-las. - animais.
Não deixar esterqueiras abertas, evitar acúmulo
de lixo. ESPÉCIE Phaenicia eximia, P. cuprina e P.
-Microhimenópteros como as vespas furam as sericata
pupas vivas das moscas e enfiam o ovipositor Ciclo biológico de 12 dias e longevidade de 40
para depositar ovos, o que impede a dias para os machos e 50 para as fêmeas,
continuação do ciclo da mosca. podendo variar com a temperatura.
-O ideal é um controle integrado, biológico e
químico. FAMÍLIA SARCOPHAGIDAE
GÊNERO Sarcophaga

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Provocam miíases secundárias, pseudomiíases,


CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: as larvas são predadoras e ainda são
- Moscas de médio à grande porte veiculadoras de patógenos.
- Coloração escura acinzentada (sem brilho
metálico) 2.2.2 MOSCAS COM APARELHO BUCAL
- Possuem três listas negras no tórax e cerdas AFUNCIONAL
na hipopleura, não confundir com muscídeo. - Adultos não se alimentam.
- Aparelho bucal funcional lambedor - Larvas causam miíases.
- Probóscida não quitinizada e maleável
- Abdômen com manchas negras (parece FAMÍLIA OESTRIDAE
xadrez) GÊNERO Oestrus
HOSPEDEIROS: Ovinos e caprinos.
LOCAL: Fossas nasais.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Adulto com olhos pequenos e bem separados
e fronte com crateras. Flagelo com arista nua.
- Larvas grandes com uma placa peritremática
em forma de “D”. Os estigmas são porosos. A
larva I mede 1-3 mm., é segmentada e
apresenta filas transversais de espinhos e 2
ganchos bucais quitinosos fortes e curvos que

Figura 118. Adulto de Sarcophagidae. formam o cefaloesqueleto. A larva II mede 1,5-


12 mm., apresenta poucos espinhos no segundo
BIOLOGIA segmento. A larva III mede uns 20 mm., é de cor
- Larvas vivem em cadáveres e têm a parte branca quando lovem e amarela-parda quando
posterior truncada, esqueleto cefálico madura. Possui dorsalmente bandas quitinosas
quitinizado, cerdas no segmento do corpo (não largas em todos os segmentos, os quais estão
são espinhos) e aberturas respiratórias internas desprovidos de espinhos com exceção do
na parte posterior que parecem dedinhos de segundo que possui poucos. Posteriormente
luva. todas larvas apresentam peritremas, cuja forma
- Fêmeas são larvíparas (até 50 larvas por vez) e tamanho é importante para identificação.
o que é vantagem na competição por carcaças.
BIOLOGIA
IMPORTÂNCIA: As moscas adultas são muito ativas durante os
meses quentes, primavera-verão e início do
outono. As horas de vôo coincidem com as de

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Moscas
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máxima luminosidade, momento em que os As larvas III maduras, saem para o exterior,
animais ficam na sombra, agrupados e se favorecendo sua saída pelos mecanismos
protegem entre si mantendo sua cabeça baixa e defensivos do animal. A metamorfose até adulto
narinas próximas do solo. As fêmeas leva entre 25-30 dias em período quente,
fecundadas depositam larvas I imersas em uma prolongando-se até 2-3 meses na estação fria,
mucosidade nas imediações das fossas nasais. momento que aproveitam para entrar em
Estas migram e invadem cavidades, seios diapausa pupal. O adulto emergente da pupa
nasais, paranasais e frontais. Seu não se alimenta, pois suas peças bucais são
desenvolvimento parece depender da geração a rudimentares. A cópula ocorre no solo e os
que pertence. Será mais rápido (15 dias) para adultos freqüentam os lugares onde o
larvas depositadas na primavera-verão, e mais hospedeiro está presente. A fêmea põe 30-50
tardio no final de verão, início de outono, larvas em cada postura, podendo chegar a 500
podendo entrar em um período de letargia em todo o período de larviposição. O CO2 e o
larvária de 7-9 meses. As mudas larvais L-II e L- odor do hospedeiro atraem as moscas. O
III ocorrem em 25-35 dias, prolongando-se até número médio de larvas por animal pode oscilar
10-11 meses no caso de gerações de outono e entre 5 a 30 exemplares.
condições climáticas adversas.
As larvas, por meio de seus espinhos e céfalo- IMPORTÂNCIA:
esqueleto, exercem irritação das mucosas Inflamação dos seios frontais e infecção, devido
sinusais, iniciando-se nos cornetos, cavidade e a presença de larvas (L2 e L3) que irritam e
tabique nasal, podendo chegar aos seios saem pelo espirro ou por livre vontade e que
frontais. Alimentam-se de sangue, tecidos da podem ficar de 2 semanas até 10 meses no
mucosa e muco que ela segrega. animal. É chamada praga de verão porque as
moscas irritam os animais que ficam indóceis e
tentam esconder o focinho. Raramente é mortal.

CONTROLE: é muito difícil, pois o que deve ser


feito é a prevenção na época em que mais
ocorre, começando no meio da primavera e não
deixando a larva se desenvolver.

FAMÍLIA CUTEREBRIDAE
GÊNERO Cuterebra (BERNE DE
ROEDORES).

Figura 119. Larva de Oestrus sp.


GÊNERO Dermatobia

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ESPÉCIE Dermatobia hominis (sua larva é


chamada de berne).

HOSPEDEIROS: Mamíferos (mais importante


bovino e cão).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
• Adulto com cabeça e tórax castanhos e
abdômen azul metálico.
• Larva com espinhos e ganchos só na parte
mais larga. Estigmas respiratórios na parte mais
estreita.

BIOLOGIA: Figura 121. Abdômen metálico de Dermatobia


• A atividade da larva é noturna e a L3 não é sp.
como a musca doméstica), e esses levam os
piriforme.
ovos até os animais. Em torno de sete dias
• Adultos não se alimentam e vivem em matas
(varia com temperatura e umidade) eclodem as
(florestas, ilhas de matas, fazendas ou beira de
larvas (por estímulo térmico a larva abre o
rio).
opérculo), que penetram na pele (mesmo
estando íntegra). Estas possuem espinhos
CICLO BIOLÓGICO:
somente em metade do seu corpo para se
As moscas, que são duas a três vezes maiores
fixarem na pele. As larvas não chegam a atingir
que a mosca doméstica tem uma reprodução
os tecidos, ficam logo abaixo da pele. Depois de
constante porque só possuem três dias de vida.
± 40 dias, as larvas caem no chão e viram
Elas não vão aos animais, mas depositam uma
pupas que ficam sem se alimentar por 32 dias e
massa de ovos (um ovo por segundo) no
só aí viram adultos (moscas).
abdômen de vetores foréticos (insetos zoofílicos,

Obs: Os animais de pêlo escuro são mais


afetados que os de pêlo claro. Mas a preferência
é do vetor e não da Dermatobia por causa da
reflexão da onda luminosa (o preto atrai mais os
insetos)

CONTROLE DOS VETORES:


*QUÍMICO:
Inseticidas tópicos, injetáveis.
Figura 120. Cabeça de Dermatobia sp.

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Figura 122. Larva L3 de Dermatobia sp.


Figura 123. Adulto de Gasterophilus sp.
*BIOLÓGICO:
Parasitóides (microhimenópteros), predadores no caso de outras spp), estigmas com aberturas
(formigas, ácaros, pássaros), fungos cheias de trabéculas.
(Metarhizium, Beauveria), bactérias (Bacillus • Adultos com um par de asas.
thurigiensis).

CICLO BIOLÓGICO:
MANEJO INTEGRADO: inseticida; raças A oviposição é feita em vôos rápidos e os ovos
resistentes (zebu) aderem ao pêlo. De 7 a 10 dias tem-se a
eclosão da L1 que penetra na mucosa bucal
FAMÍLIA GASTEROPHILIDAE onde fica migrando de 2 a 6 semanas (varia com
GÊNERO Gasterophilus a espécie). As larvas são deglutidas por
ESPÉCIES G. nasalis; G. intestinalis; G. eqüídeos e quando chegam ao estômago e
haemorroidalis duodeno, vão à L2 e L3 e pelas fezes chegam

HOSPEDEIROS: Eqüinos.

LOCAL: Duodeno e estômago (larvas).

CARACTERÍSTICAS MORFOLOGICAS:
• Adulto possui o corpo recoberto por pêlos
sedosos e amarelos (lembra abelha, mas essa
têm dois pares de asas).
• Larvas grandes com ganchos orais em forma
de foice, corpo segmentado coberto por
espinhos (Uma fileira no caso de G. nasalis e 2 Figura 124. Ovo de Gasterophilus preso
ao pêlo.

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5) Eliminação: G. nasalis e G. intestinalis saem


direto nas fezes com o peristaltismo. G.
haemorroidalis antes de ser eliminado se fixa no
plexo hemorroidário podendo levar a um
prolapso retal e depois tétano, já que as fezes
dos eqüinos são ricas em Clostridium tetani
pelo fato do cavalo cortar a gramínea bem rente
ao solo, vindo terra junto com esporos.

CONTROLE:
Figura 125. Larva de Gasterophilus sp.
Depende da criação e do manejo, mas se deve
cortar o pêlo da ganacha no verão e escovar ou
ao solo virando pupa e mais tarde, adultos.
passar esponja com água morna, para soltar os
ovos presos ao pelo e matar as larvas.
PARTICULARIDADES DAS ESPÉCIES:

SEÇÃO PUPÍPARA
1) Oviposição: G. nasalis e G. haemorroidalis
• A pupa se encontra sempre no chão onde se
realizam oviposição nos pêlos da região da
enterra para fugir de predadores. Ela se
ganacha (barba) enquanto que G. intestinalis
forma pelo endurecimento da larva três.
prefere pêlos dos membros anteriores.
• A fêmea origina diretamente a pupa.
• As larvas se desenvolvem no pseudo-útero
2) Eclosão da larva: G. nasalis e G.
da fêmea.
haemorroidalis a larva penetra na mucosa assim
• As moscas são achatadas dorso-
que eclode, já em G. intestinalis para abandonar
ventralmente
o ovo a larva necessita um estímulo térmico de
• Apresentam um envoltório coriáceo (duro)
umidade e fricção. Os estímulos são dados pela
lambida do cavalo. • Dípteros anômalos (por não apresentarem
asas ou terem asas rudimentares)

3) Migração boca-estômago: Em G. nasalis • Todos hematófagos

antes de ser deglutido a larva para na faringe • Os palpos guardam as peças bucais (nos

(uma a duas semanas) podendo ocorrer asfixia. outros dípteros é o lábio)

Em G. haemorroidalis e G. intestinalis, as larvas


vão direto ao estômago. FAMÍLIA HIPPOBOSCIDAE
GÊNERO Hippobosca
4) No estômago e intestino: Todos preferem o
piloro e o duodeno e o período parasitário é de GÊNERO Pseudolinchia
9 a 11 meses. Podem causar cólicas. Espécie Pseudolinchia canariensis

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Moscas
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• Asa desenvolvida e caduciforme.


HOSPEDEIROS: pombos. • Ficam presos no pêlo por uma substância
pegajosa na pupa.
CARACTERÍSTICAS:
Asa somente com veia r-m presente. GÊNERO Melophagus

IMPORTÂNCIA: transmissor do protozoário HOSPEDEIROS:


Haemoproteus columbae. Ovinos

CARACTERÍSTICAS:
• Asa reduzida à pequena calosidade
• Ficam presos à lã por uma substância
pegajosa na pupa

IMPORTÂNCIA:
Transmissor do protozoário Trypanosoma
mellophagium
Figura 126. Hipoboscidae de pombos.

GÊNERO Lipoptena
HOSPEDEIROS:
Cervídeos

CARACTERÍSTICAS:

Figura 128. Parte anterior de Melophagus

Figura 127. Melophagus, parasito de ovinos.


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Protozoários
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121

FILO PROTOZOA
SUBFILO
SARCOMASTIGOPHORA

CLASSE SUBFILO CILIOPHORA


CLASSE
SARCODINA
MASTIGOPHORA
ORDEM
TRICHOSTOMORIDA
ORDEM ORDEM ORDEM ORDEM ORDEM
AMOEBINA RHIZOMASTIGINA TRICHOMONADIDA DIPLOMONADIDA KINETOPLASTIDA
FAMILIA
BALANTIDIIDAE
FAMÍLIA FAMÍLIA FAMÍLIA FAMÍLIA
MASTIGAMOEBIDAE TRICHOMONADIDAE HEXAMITIDAE TRYPANOSOMATIDAE
GÊNERO
BALANTIDIUM
GÊNERO GÊNERO GÊNERO GÊNERO GÊNERO
HISTOMONAS TRICHOMONAS GIARDIA TRYPANOSOMA LEISHMANIA

FAMÍLIA
ENDAMOEBIDAE CLASSE
PIROPLASMASIDA
SUBFILO APICOMPLEXA
GÊNERO OU SPOROZOA
ENTAMOEBA ORDEM
PIROPLASMORIDA
CLASSE SPOROASIDA
OU COCCIDIIA
FAMILIA
BABESIDAE
ORDEM
EUCOCCIDIORINA
GÊNERO
BABESIA

FAMILIA
FAMILIA SARCOCYSTIDAE
FAMILIA FAMILIA FAMILIA
EIMERIIDAE CRYPTOSPORIDAE PLASMODIIDAE HEPATOZOIDAE

GÊNERO GÊNERO GÊNERO


GÊNERO GÊNERO GÊNERO GÊNERO SARCOCYSTIS TOXOPLASMA HAMMONDIA
EIMERIA ISOSPORA CRYPTOSPORIDIUM PLASMODIUM
GÊNERO GÊNERO
HAEMOPROTEUS HEPATOZOON
GÊNERO
BESNOITIA

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122
Protozoários
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CAPÍTULO III
Protozoários
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FILO PROTOZOA atuam beneficamente compondo a flora


MORFOLOGIA DOS PROTOZOÁRIOS intestinal de ruminantes.

CARACTERÍSTICAS: Pseudópodes: São prolongamentos


- Unicelulares, eucariontes (com membrana citoplasmáticos encontrados em amebas.
nuclear). Geralmente emitem apenas um e o corpo
- Com organelas adaptadas ao parasitismo acompanha.
como flagelo, cílios e pseudópodes.
- Membrana lipoprotéica para limitar as trocas REPRODUÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS
(permeabilidade), que pode ser fina ou grossa. I - Sexuada (Gametogonia ou Esporogonia):
- Uninucleados, sendo que o período que Ocorre troca de material genético
precede a divisão pode ter vários núcleos. 1.Cópula- União do macho com a fêmea.
- Presença de organelas estáticas, como por 2.Conjugação- fusão entre célula fêmea e
exemplo, a membrana cística. macho dando origem à célula filha. O macho
(microgameta) geralmente é menor que a fêmea
Flagelo: Organela que se origina do (macrogameta), mas as células filhas são todas
cinetoplasto (extremidade anterior) e ao se iguais (isogametas).
dirigir para a cauda carrega uma membrana,
formando a membrana ondulante. Ele precisa de II - ASSEXUADA: CÉLULA MÃE ORIGINA
muita energia e aparece na classe dos CÉLULA FILHA
Trypanosoma. 1. Divisão binária - Núcleo se divide igualmente
dando origem a duas células idênticas à mãe.
Cílios: Dão pouco impulso ao parasito, mas Ex: Trypanosoma e Amebas

2. Divisão binária sucessiva ou divisão


múltipla - É o caso das amebas.

3. Brotação - Brotamento de novas células


dentro da célula mãe, a qual é bem maior no
Figura 129. Locomoção por início.
flagelos.

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Protozoários
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4. Endodiogenia - Dentro da célula mãe ocorre


a formação das células filhas (núcleo e II- Anaeróbica-
citoplasma) e só depois se rompe a membrana Vivem em meio onde não há muito oxigênio.
citoplasmática da mãe.
TIPOS DE PARASITAS
5. Esquizogonia - Esquizonte (célula que I - Monoxeno:
sofrerá esquizogonia) se divide sucessivamente Só um hospedeiro. Ex: Entamoeba, Giardia,
e ocorre formação de milhões de merozoítas Tritrichomonas.
(núcleo que vai originar um indivíduo)
II- Heteroxeno:
OBS: Os protozoários podem apresentar dois Precisa de mais de um hospedeiro para
tipos de reprodução juntos. completar o ciclo. Ex: Plasmodium, Babesia,
Trypanosoma.
NUTRIÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS
I-HOLOZÓICA- DIVISÃO DO FILO PROTOZOA
Nutrem-se de matéria orgânica já elaborada. TRÊS SUBFILOS:
Envolve a captura, ingestão, assimilação e
eliminação das porções não digeridas. I-Subfilo Sarcomastigophora: Possui duas
Protozoário tira a substância do hospedeiro, classes:
digere e joga fora. Ocorre na maior parte dos a) Classe Mastigophora (locomoção por
protozoários. Ex.: Amebas, Plasmodium (utiliza- flagelos)- Trypanosoma, Tritrichomonas,
se de parte da hemoglobina para se nutrir). Leishmania, Giardia, Histomonas.

II- HOLOFÍTICA- b) Classe Sarcodina (locomoção por


Protozoários sintetizam seu material nutricional pseudópodes) – Amebas.
usando raios solares como fonte de energia.
Não tem importância veterinária. II- SubFilo Apicomplexa ou Sporozoa: 2
Ex.: fitoflagelados. classes:
a)Classe Sporoasida ou Coccidia-Coccídeos:
III- SAPROZÓICA- Toxoplasma, Cryptosporidium, Eimeria,
Utilizam a matéria orgânica e inorgânica Sarcocystis.
dissolvida em líquidos. São osmotróficos
(absorvem substâncias digeridas da célula ou do b)Classe Piroplasmasida - Babesia
tecido do hospedeiro) Ex.: Trypanosoma.
III- SubFilo Ciliophora:
RESPIRAÇÃO DOS PROTOZOÁRIOS a)Ciliados (sem muita importância).
I- Aeróbica-
Vivem em meio rico em oxigênio . FILO PROTOZOA
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Protozoários
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I -SUBFILO SARCOMASTIGOPHORA
Nesse Subfilo estão compreendidos os
protozoários que possuem organelas para sua
locomoção como: flagelos, pseudópodes ou
ambos.

CARACTERÍSTICAS:
- Normalmente não intracelulares.
- Possuem organelas de locomoção como
flagelos e pseudópodes.

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Flagelados
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PARTE I
Flagelados
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CLASSE MASTIGOPHORA – Locomoção por O macho uma vez infectado passa a ser o
flagelos. agente transmissor. Pode ocorrer contaminação
por fômites e inseminação artificial. As vacas por
I-ORDEM TRICHOMONADIDA sua vez adquirem resistência com o tempo,
Possuem quatro a seis flagelos (sendo um podendo dar origem a terneiros sãos por
recorrente) unidos a uma membrana ondulante. inseminação artificial (para não contaminar os
touros).
FAMÍLIA TRICHOMONADIDAE
GÊNERO Tritrichomonas IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:

ESPÉCIE Tritrichomonas foetus. Leva ao aborto precoce nas vacas (pouco

HOSPEDEIROS: Bovinos. detectado devido ao pequeno tamanho do feto)


ou absorção fetal. Esse protozoário pode ainda

LOCAL: Prepúcio dos machos e vagina das invadir o útero atacando as membranas fetais e

fêmeas. causando a Trichomonose genital das vacas.


Permite o aparecimento de infecções

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: oportunistas, principalmente se ocorrer retenção

- Trofozoíta com formato piriforme. de placenta. O macho não apresenta

- Sem simetria bilateral. sintomatologia, mas passa o parasito para

- Presença de quatro flagelos, sendo três curtos outras vacas através do coito, sendo

e um que vai à extremidade posterior inviabilizado para reprodução (o tratamento no

carregando parte da membrana plasmática e macho não é seguro).

formando assim a membrana ondulante.


- Possui um axóstilo no centro do corpo. DIAGNÓSTICO:

- Possui um núcleo deslocado. Lavagem do trato reprodutivo com soro

- Possui um citóstoma, que é uma vesícula fisiológico e observação do conteúdo em

alongada por onde o parasito se alimenta. microscópio. Cultura do material.

CICLO BIOLÓGICO: PROFILAXIA:

A transmissão é puramente mecânica e se dá Retirar o touro do plantel, dar descanso sexual

através do coito, por isso esse protozoário não para as fêmeas (três a quatro meses, pois a

apresenta forma cística, pois não necessita de mudança de pH durante o cio mata o parasito) e

resistência no meio ambiente. utilizar touro negativo e sêmen de boa


procedência.

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Flagelados
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OBS: T. vaginalis - Aparece nas mulheres. Ë Ingestão de cistos contidos nos alimentos e
favorecido pela baixa de pH (quando a mulher água.
passa da puberdade). Fazer exames Os cistos são viáveis por até duas semanas no
ginecológicos periodicamente. ambiente.
T. gengivalis - Aparece em pessoas que
têm muita cárie e tártaro, pois o protozoário FORMAS EVOLUTIVAS: Cisto e trofozoíto.
digere restos alimentares e bactérias. Fazer
revisão periódica dos dentes.
T. intestinalis - Há baixa patogenicidade no
homem. Aparece no esôfago de pombos.

II - ORDEM DIPLOMONADIDA
FAMÍLIA HEXAMITIDAE
A forma trofozoíta apresenta simetria bilateral e
seis a oito flagelos.

GÊNERO Giardia
ESPÉCIE Giardia lamblia = intestinalis

HOSPEDEIROS:
Figura 130. Cistos de Giardia sp. corados
Homem, cão, caprinos, bovinos. pelo lugol. Aumento de 400X.

LOCAL: Intestino.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Trofozoíta com formato piriforme.
- Possui dois núcleos.
- Possui vários flagelos (seis a oito).
- Possui dois axóstilos.
- Possui discos suctórios (ventosas) que
mantém o parasito na mucosa para que ele se
alimente.
Figura 131. Forma trofozoíta de
- Apresenta forma cística alongada com quatro
Giardia sp.
núcleos.
- Com simetria bilateral.
CICLO BIOLÓGICO:
A contaminação se dá através da ingestão de
TRANSMISSÃO:
alimentos ou água contaminados com a forma

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Flagelados
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cística. No intestino ocorre a liberação dos -Organismos amebóides e uninucleados. Seu


trofozoítos que se multiplicam por fissão binária, único flagelo nasce de um grânulo basal
algumas formas se encistam na mucosa do próximo ao núcleo.
intestino e evoluem até cisto que é eliminado
com as fezes e que resistem às condições ESPÉCIE Histomonas meleagridis.
adversas do ambiente. O cisto no duodeno após
fissão binária dá origem a dois trofozoítos. Os HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galinhas e perus.
trofozoítos fixam-se nas células do intestino, se Pode aparecer em codornas, pintos e faisão.
encistam, amadurecem e, após, os cistos são
eliminados para a luz do intestino por onde vão HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Heterakis
ao meio exterior com as fezes. gallinarum.

LOCAL: Mucosa de ceco e no fígado de perus.

TRANSMISSÃO:
A ave contamina-se por Ingestão de ovos de
Heterakis gallinarum (parasita dos cecos das
aves) contendo o Histomonas no seu interior.

ESTÁGIOS: Trofozoíto.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM


Figura 132. Desenvolvimento da Giardia no
hospedeiro. CORTE HISTOLÓGICO DE CECO OU
FÍGADO):
- Trofozoíta arredondado com núcleo basófilo
IMP. EM HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA:
(roxo) e citoplasma negativo (branco).
Leva a casos de cólica e diarréia.
- Flagelo não visível.
- Presença de eosinófilos (rosa).
PROFILAXIA:
Limpeza do ambiente, lavar bem os alimentos e
CICLO BIOLÓGICO:
só beber água filtrada.
O verme Heterakis gallinarum ao se alimentar
da mucosa do ceco das aves se infecta com o
III- ORDEM RHIZOMASTIGINA
protozoário. Quando é feita a postura de ovos
FAMÍLIA MASTIGAMOEBIDAE
de Heterakis para o meio ambiente, esses já
GÊNERO Histomonas.
possuem no seu interior os trofozoítos de
Histomonas. As aves ao se alimentarem podem
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
ingerir ovos embrionados desse verme
(Heterakis) e quando a sua larva eclode e se
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Flagelados
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fixa no intestino, os parasitas (Histomonas) próximo ao núcleo e flagelo livre sem membrana
liberam-se e penetram na mucosa do intestino ondulante.
onde se reproduzem por fissão binária. Alguns
trofozoítas migram para o fígado produzindo - Forma epimastigota: Estrutura em forma de
lesões características. foice onde o cinetoplasto é anterior e aparece
próximo ao núcleo.
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
Pode levar a inflamação do ceco seguida de - Forma promastigota: estrutura em forma de
alterações patológicas no fígado foice que aparece em cultura de células e em
(enterohepatite), acarretando na queda de hospedeiro invertebrado. Ë uma forma
produtividade do plantel e até morte das aves. alongada, onde o flagelo não forma membrana
É uma doença principalmente de aves jovens. ondulante, o cinetoplasto fica na extremidade
anterior, longe do núcleo e este é central.
PROFILAXIA:
Os perus devem ser criados em terrenos que - Forma esferomastigota: Estrutura arredon-
não tenham sido utilizados por galinhas, pois as dada que aparece dentro de células que possui
galinhas são os principais reservatórios da um núcleo central e um cinetoplasto e ainda um
doença já que disseminam o parasito sem pequeno flagelo.
adoecer.

IV - ORDEM KINETOPLASTIDA

FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE

GÊNERO Trypanosoma

ESTÁGIOS DE VIDA DO TRYPANOSOMA


- Forma tripomastigota: Estrutura em forma de Figura 133. Forma tripomastigota
do Trypanosoma cruzi.
foice que aparece sempre em esfregaço de
sangue e em hospedeiro vertebrado. Apresenta - Forma amastigota: Estrutura arredondada que
flagelo livre na extremidade anterior, membrana aparece dentro das células e por isso não
ondulante, um núcleo central, cinetoplasto e necessita de movimento, logo não apresenta
blefaroplasto (local exato onde o flagelo se flagelo. Possui um núcleo central e um
forma). cinetoplasto em forma de bastão. Sempre em
hospedeiro vertebrado.
- Forma opistomastigota: Estrutura em forma de
foice que apresenta cinetoplasto posterior REPRODUÇÃO:

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Flagelados
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Assexuada por divisão binária. depois passa a epimastigota e no final do trato


digestivo forma-se a forma infectante
TRANSMISSÃO: (tripomastigota metacíclica). Para infectar, ao se
Inoculativa ou contaminativa. alimentar à noite no hospedeiro ele defeca
próximo a picada (Trypanosoma da secção
ESPÉCIES DE TRYPANOSOMA stercoraria - transmissão contaminativa). Há
SEÇÂO STERCORARIA – transmitido através calor e inchaço no local da picada e o
das fezes hospedeiro ao se coçar faz com que as fezes
contaminadas com tripomastigotas penetrem na
I - Trypanosoma cruzi ferida. No tecido retículo endotelial passa a
forma amastigota onde sofre divisão binária e
HOSPEDEIROS: Humanos, primatas, cães e vai à circulação, transformando-se em
gatos. tripomastigota (permanece uns cinco dias na
circulação). Um grande número de
VETORES: Hemípteras (barbeiros). tripomastigotas é destruído na circulação,
entretanto os que escapam vão se localizar em
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: diferentes órgãos e tecidos (musculaturas do
1. Forma tripomastigota (circulante): cólon, esôfago, baço, fígado, coração) onde se
- Forma de C. transformam em amastigotas constituindo os
- Extremidades pontiagudas. focos secundários e generalizados. Nestes
- É a fase contaminativa para o hospedeiro. focos secundários, os amastigotas, após
- Núcleo central grande (se cora em roxo). multiplicação, com novas invasões, evoluem
- Presença de membrana ondulante e flagelo. para a forma flagelada e voltam ao sangue
- Cinetoplasto grande e próximo a extremidade periférico para recomeçar o ciclo. O inseto é
posterior (se cora em roxo). infectado ao picar o homem para se alimentar.

2. Forma amastigota (tecidual):


- Possui forma arredondada.
- Encontrada nos tecidos (principalmente na
musculatura cardíaca), é a fase de
multiplicação.
- Núcleo não tão grande.

CICLO BIOLÓGICO do T. CRUZI:


O barbeiro ingere as formas circulantes
(tripomastigotas) ao picar o hospedeiro
Figura 134. Ciclo de Trypanosoma da seção
contaminado e no tubo digestivo o protozoário Salivaria.
se multiplica, se transforma em promastigota,
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Flagelados
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IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA: inocula as formas promastigotas (Trypanosoma


Promove a hiperfunção de órgãos como da secção salivaria - transmissão inoculativa)
esôfago, coração e cólon ocorrendo aumento no que penetram nas células retículo endoteliais
tamanho dessas estruturas e os sintomas à virando amastigotas e passam à circulação
longo prazo são febre, lesões no sistema sangüínea na forma tripomastigota.
cardíaco e digestivo. No local onde ocorreu a
picada forma-se um edema que é chamado de IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
chagoma ou sinal de Romanã. Leva a doença de caráter crônico onde, ao
longo dos anos, o animal pode ou não estar
PROFILAXIA: contaminado. Na África ele utiliza como vetor a
Deve-se evitar habitações precárias (pois é mosca Tsé tsé que causa a doença do sono.
comum a presença de ninhos do barbeiro) e Pode causar morte por hemorragia ou isquemia.
deve-se combater o hemíptera destruindo seus
ninhos. PROFILAXIA:
Combate aos vetores.
SEÇÂO SALIVARIA- Transmitido via picada
II - Trypanosoma vivax III - Trypanosoma equinum= evansi
HOSPEDEIROS: Ruminantes, principalmente
bovinos e bubalinos. HOSPEDEIROS: Eqüinos.

VETORES: VETORES:
Stomoxys e tabanídeos. Stomoxys e tabanídeos.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:


1. Forma tripomastigota: 1. Forma tripomastigota:
- Forma de foice, mas sem forma de C e bem
menor que o T. cruzi.
- Núcleo grande e central (se cora em roxo).
- Cinetoplasto pequeno e fraco(se cora em
roxo).
- Extremidade posterior mais arredondada.

CICLO BIOLÓGICO:
O vetor pica o hospedeiro contaminado
ingerindo a forma tripomastigota e na sua
probóscida se transforma em promastigota, que
se multiplica por divisões binárias sucessivas e
Figura 135. Forma tripomastigota de
quando o inseto pica novamente outro animal T. evansi.
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- Núcleo bem visível. - Cinetoplasto bem pequeno.


- Cinetoplasto praticamente invisível. - Membrana ondulante bem visível.
- Membrana ondulante bem visível. - Número maior de grânulos no citoplasma.
- Grânulos no citoplasma.
CICLO BIOLÓGICO:
CICLO BIOLÓGICO: É um Trypanosoma da secção Stercoraria e a
Os vetores picam o hospedeiro contaminado e transmissão é venérea, ou seja, via sexual.
se alimentam da forma tripomastigota e essa
forma é diretamente inoculada em outros IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
animais (Trypanosoma da secção salivaria - Leva a uma doença venérea chamada durina,
transmissão inoculativa). Não ocorre na qual os sintomas mais comuns são: secreção
desenvolvimento do Trypanosoma no inseto, a excessiva na mucosa genital e edema dessas
transmissão é mecânica. Como a picada do partes. Em casos severos pode ocorrer aborto.
tabanídeo é dolorosa facilita a transmissão, pois
o animal sente logo e se coça. IV - ORDEM KINETOPLASTIDA
FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
Essa espécie causa o Mal das cadeiras, GÊNERO Leishmania
doença no qual os sintomas são: Paralisia
progressiva dos membros posteriores, febre,
anemia e emaciação.

PROFILAXIA:
Combate aos vetores.

IV - Trypanosoma equiperdum

HOSPEDEIROS: Eqüinos e asininos. Figura 136. Amastigotas de Leishmania sp.

TRANSMISSÃO:
Passam de hospedeiro vertebrado para outro
hospedeiro vertebrado sem auxílio de insetos
vetores. Transmissão de tripomastigotas através
do coito.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
1. Forma tripomastigota:
- Núcleo bem visível. Figura 137. Promastigotas de Leishmania
sp.
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Flagelados
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Protozoário da classe Mastigophora (flagelado) promastigotas, que ao se multiplicarem podem


que é transmitido para o vertebrado pela picada até obstruir o canal alimentar do inseto. Este, ao
de um inseto vetor. Há duas espécies de inocular saliva no hospedeiro definitivo manda
importância: Leishmania donovani (agente da aquele “bolo” de formas promastigotas que
leishmaniose visceral) e Leishmania braziliensis. penetram nos macrófagos e se transformam em
(agente da leishmaniose cutânea). amastigotas, onde se multiplicam e ganham a
corrente sangüínea indo ao baço ou fígado.
I - Leishmania donovani
HOSPEDEIROS: Homem e cães. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
Provoca uma doença chamada leishmaniose
VETORES: Phlebotomum e Lutzomyia. visceral ou calazar, onde as formas
promastigotas se proliferam nos macrófagos e
LOCALIZAÇÃO: os destroem. Em casos avançados pode atingir
Os protozoários se multiplicam no interior de o tubo digestivo causando diarréia, abdômen
macrófagos, que acabam sendo destruídos, distendido e mortalidade que alcança 70 a 90%
causando a liberação dos parasitos, que nos casos não tratados. É uma zoonose onde os
invadem macrófagos vizinhos. cães são excelentes reservatórios de
Leishmania para o homem.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM
CORTE HISTOLÓGICO DE FÍGADO OU
BAÇO):

1. Forma amastigota:
- Estruturas arredondadas pequenas e
aglomeradas.
- Núcleo central.
- Ausência de flagelo.
- Encontrada nos vertebrados.

2. Forma Promastigota:
Figura 138. Ciclo biológico de Leishmania sp.
- Encontrada no inseto vetor.
- Corpo alongado.
- Flagelo livre na extremidade anterior do corpo. PATOGENIA:
A L. donovani é um parasito exclusivo do
CICLO BIOLÓGICO: Sistema Fagocitário Mononuclear (antigo Sist.
Na picada o vetor (Lutzomyia) se infecta com a Ret. Endotelial), principalmente das células
forma amastigota (que está dentro de localizadas no baço, fígado e medula óssea. No
macrófagos) e essas se transformam em citoplasma das células os parasitas multiplicam-
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Flagelados
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se, distendendo as células até sua ruptura. Os


parasitas liberados são fagocitados por novas CICLO BIOLÓGICO:
células reticulares e este ciclo continua Na picada o vetor se infecta com a forma
indefinidamente. amastigota e essas se transformam em
promastigotas no canal alimentar do inseto. Ao
Conseqüências: Aumento dos órgãos ricos em picar o hospedeiro definitivo inocula um “bolo”
macrófagos (hepato e esplenomegalia). A de formas promastigotas que penetram nas
medula óssea sofre atrofia uma vez que as células retículo endoteliais e se transformam em
células reticulares aí situadas, são desviadas amastigotas, que se multiplicam e ficam na pele
pelo parasitismo, para a função macrofágica. do hospedeiro.
Quadro hematológico com pancitopenia, mais
especialmente leucopenia e anemia por IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
hemorragia devido a baixa de plaquetas. Leva a séria lesão cutânea, principalmente no
focinho dos cães e na região nasal dos homens,
PROFILAXIA: podendo invadir as mucosas produzindo erosão
Eliminação de cães infectados e combate aos nos tecidos cartilaginosos. É a chamada
vetores. leishmaniose cutânea ou úlcera de Bauru.
Também é uma zoonose e os cães são ótimos
II - Leishmania braziliensis reservatórios da doença para o homem.
HOSPEDEIROS: Homem e cães.
VETORES: Phlebotomum e Lutzomyia. PROFILAXIA:
Eliminar cães infectados e combater os vetores.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM Se prevenir contra insetos principalmente nos
CORTE HISTOLÓGICO DE PELE): bosques úmidos.
1. Forma amastigota:
- Estruturas arredondadas pequenas e b) CLASSE Sarcodina – Locomoção por
aglomeradas. pseudópodes.
- Núcleo central. São as amebas, e não possui muita importância
- Ausência de flagelo. em Medicina veterinária.

PATOGENIA:
A infecção estabelece-se pela inoculação de
promastigotas através da picada de
flebotomíneos. Os parasitas ficam incubados
(em média de duas semanas a dois meses) nas
células histiocitárias da pele onde se multiplicam
sob a forma de amastigotas, aparecendo então
a lesão inicial.
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Coccídeos
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PARTE II
Coccídeos
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SUBFILO APICOMPLEXA ou SPOROZOA 1. Macrogametócito - Estrutura arredondada


repleta de grânulos grandes e periféricos e um
CARACTERÍSTICAS: núcleo central que é o macrogameta.
- Complexo apical (só é visto em microscopia
eletrônica) na extremidade anterior que permite 2. Microgametócito - Estrutura com formato
que o protozoário penetre dentro da célula a ser irregular (meio oval) com milhares de grânulos
parasitada. pequenos espalhados no citoplasma que são os
- Parasitas intracelulares microgametas.
- Só os microgametas apresentam flagelos
3. Oocisto imaturo ou zigoto - Estrutura disforme
a) CLASSE SPOROAZIDA OU COCCIDIA que apresenta uma membrana forte.
ORDEM EUCOCCIDIORINA
I - SUBORDEM EIMERINA 4. Esquizonte ou meronte - Estruturas
FAMÍLIA EIMERIIDAE arredondadas grandes, que apresentam
merozoítas (estruturas em forma de foice) no
CARACTERÍSTICAS: seu interior.
- Coccídeo com ciclo evolutivo direto.
- Oocistos contendo esporocistos que possuem 5. Oocisto esporulado - Estrutura ovóide,
no seu interior esporozoítas. translúcida, esverdeada, com parede dupla e
- Merogonia e gametogonia nas células do contendo esporocistos e esporozoítas. No caso
hospedeiro. de Eimeria são quatro esporocistos com dois
- Esporogonia (meiose) geralmente fora do esporozoítas no seu interior e no caso de
corpo do hospedeiro. Isospora são dois esporocistos com quatro
- Microgametas com dois ou três flagelos. esporozoítas no seu interior.
- Os gêneros são diferenciados pelo número de
esporocistos nos oocistos e o número de 6. Merozoítas de 1ª geração - são pequenos
esporozoítas nos esporocistos. tanto em Eimeria quanto em Isospora.

GÊNEROS Eimeria e Isospora. 7. Merozoítas de 2ª geração - são pequenos


(microzoítas) em Eimeria e grandes

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: (macrozoítas) em Isospora.

FASES DE REPRODUÇÃO:

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Coccídeos
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1. Assexuada - esquizogonia ou merogonia: doenças típicas de filhotes com diarréia,


ocorre no interior do hospedeiro. diminuição no desenvolvimento. Em suínos,
Isospora suis é limitante no caso de leitões, pois
2. Sexuada ou gametogonia: ocorre no interior interfere na absorção intestinal, causa diarréia, e
do hospedeiro. os animais não atingem os 90 kg ideais para
abate. Em aves, a mortalidade pode chegar a
3. Esporogonia (esporos = oocisto): ocorre no 100%.
meio ambiente.
OBS 1: Em coelhos, E. stieda se encontra no
TIPOS DE CICLO EVOLUTIVOS fígado. O esporozoíta vai ao fígado pela via
porta e no endotélio do ducto biliar forma
I - CICLO EVOLUTIVO PROPAGATIVO: merontes I e II, macro e microgametócitos,
É o que ocorre em aves, com espécies como E. gametas e oocisto, e depois vai à bile e sai nas
tenella (que ocorre em aves de corte), E. fezes.
acervulina e E. necatrix (ambas ocorrem em
poedeiras). Nesse ciclo, são formados três tipos OBS 2: Cada geração é mais patogênica que a
de merozoítas: um que formará os outra porque produz mais oocistos. São
macrogametócitos, outro que formará os formados mais macrogametócitos que
microgametócitos e um terceiro, sem microgametócitos porque esse último produz
diferenciação que formará os merontes e milhões de microgametas
depois, macro e microgametócitos levando a 2ª
geração. PROFILAXIA DAS COCCIDIOSES:
1. Coccidiose aviária: Deve ser feito bom
II- CICLO EVOLUTIVO PROLIFERATIVO: manejo e o emprego de coccidiostáticos na
É o que ocorre em ruminantes, com as espécies ração e na água. O galpão deve ser bem
E. bovis e E. zuerni em bovinos e E. arloingi e ventilado para diminuir a umidade local e manter
E. christenseni em caprinos, nos suínos, temos a cama sempre seca.
Isospora suis. No caso de ruminantes, depois da
fase trofozoíta é formado o primeiro meronte no 2. Coccidiose bovina: Deve ser feito um bom
intestino delgado e quando os merozoítas vão manejo, comedouros e bebedouros trocados
ao intestino grosso, dão origem a um segundo diariamente e mantidos no alto (evita que os
meronte bem pequeno, é esse quem forma os animais defequem neles) e camas secas.
macro e microgametócitos para chegar a
oocisto. Nos suínos ocorre o mesmo, sendo que 3. Coccidiose em coelhos: Deve ser feita a
tudo no intestino delgado. limpeza diária das gaiolas, coelheiras ou
cercados e a manutenção dos comedouros e
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: bebedouros limpos. As criações devem ter pisos
Nos ruminantes esses protozoários causam de tela de arame.
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Coccídeos
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A patogenia depende da espécie de Eimeria, do


GÊNERO Eimeria número de oocistos ingeridos, da idade da ave
(quanto mais jovem mais susceptível), presença

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: e severidade de outras doenças, eficácia do

Eimeriidae cujos oocistos esporulados possuem coccidiostático, estado nutricional das aves e

quatro esporocistos e cada oocisto recém saído nível de medicação na ração.

nas fezes e que não está esporulado, possui um


núcleo. CICLO:
Os oocistos eliminados com as fezes do
hospedeiro são imaturos (não esporulados). No
meio ambiente ocorre a esporulação dos
oocistos, para isso precisa de O2, temperatura
de 25 a 30 graus e umidade de 70 a 80%. O
tempo de esporulação nessas condições é de
dois a três dias. Os oocistos esporulados são
infectantes e podem permanecer viáveis por
dois a três meses. O hospedeiro se contamina
ao ingerir esse oocisto. Na moela ou estômago
Figura 139. Oocisto não esporulado de
o oocisto é destruído, liberando os esporocistos.
Eimeria sp.
Depois pela ação da tripsina e da bile ocorre a
liberação dos esporozoítos no intestino delgado.
Esses esporozoítos penetram nas células da
mucosa intestinal, arredondam-se e originam os
trofozoítos que passam a esquizontes iniciando
assim a reprodução assexuada denominada de

Figura 140. Oocisto esporulado de Eimeria


sp.

HOSPEDEIROS:
Mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes.

PATOGENIA Figura 141. Ciclo biológico de Eimeria

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esquizogonia ou merogonia. Cada esquizonte O gênero Isospora pertence à família Eimeriidae


(ou meronte) tem em seu interior um número e o gênero Cystoisopora pertence à família
variável de merozoítas (depende da espécie). Sarcocystidae.
Esses merozoítas rompem a célula hospedeira
atingem a luz do intestino e invadem novas CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
células epiteliais, arredondando-se e formando • Oocistos possuem dois esporocistos contendo
uma nova geração de esquizontes. Alguns quatro esporozoítos cada quando esporulados.
merozoítos da segunda geração penetram em
novas células e dão início a terceira geração de
esquizontes, outros penetram em novas células
e dão início a fase sexuada do ciclo, conhecida
como gametogonia. A maioria desses
merozoítos se transforma em gametócitos
femininos ou macrogametócitos que vão formar
os macrogametas. Outros se transformam em
microgametas ou gametócitos masculinos que
vão dar origem aos microgametócitos. Os
microgametas rompem a célula e vão até o
macrogameta para a fertilização. Dessa
fertilização resulta o zigoto que desenvolve uma
parede dupla em torno de si, dando origem ao
oocisto.
Os oocistos rompem a célula e passam à luz
intestinal saindo para o exterior com as fezes na
forma não infectante, pois não estão
esporulados. No ambiente em um a cinco dias Figura 142. Acima oocisto não esporulado,
abaixo oocisto esporulado de Isospora sp.
esporulam e tornam-se infectantes.

HOSPEDEIROS: Aves e carnívoros. Quando


IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA:
encontrado em aves o gênero é Isospora e
Essa parasitose destrói as células do intestino
quando encontrado em carnívoros é chamado
causando diarréia sanguinolenta, acarreta uma
de Cystoisospora.
baixa conversão alimentar, diminuição da
resistência orgânica, redução do peristaltismo
HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS: No ciclo
intestinal, perda de peso e predispõem a
de Cystoisospora pode ocorrer o ciclo com
infecção bacteriana secundária.
ingestão de roedores parasitados.

GÊNERO Isospora e Cystoisospora

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Na esporogonia, sob condições ideais de


temperatura alta, oxigenação e umidade, o
oocisto sofre divisão, formando dois
esporocistos, contendo quatro esporozoítos em
cada um.

ESPÉCIES:
Cystoisospora canis – Cão.
Cystoisospora felis – Felinos.
Cystoisospora rivolta – Felinos.
Cystoisospora ohioensis – Cão.

Figura 143. Ciclo biológico de Cystoisospora sp.


PATOGENIA:
CICLO BIOLÓGICO: Pouco patogênica. Produz diarréia em filhotes e
A contaminação se dá através de alimentos diminuição no desenvolvimento, porém é
como ração, capim e água contaminados com o autolimitante.
oocisto esporulado. No tubo digestivo do animal
os esporozoítos saem do oocisto e penetram na FAMÍLIA CRYPTOSPORIDIIDAE
célula epitelial do intestino onde se arredondam, GÊNERO Cryptosporidium
passando a serem chamados de trofozoítas.
Começa a reprodução assexuada. Sucessivas HOSPEDEIROS: Homem, rato, macaco, bovino,
mitoses vão formando vários núcleos e ovino, caprino, eqüino, suíno, canino, felino.
citoplasmas para formar os esquizontes (ou
merontes) que contém os merozoítas. A célula CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
não suporta a pressão e se rompe, liberando os - Oocisto medem em torno de 5 µm e contém
merozoítas que seguem dois caminhos: quatro esporozoítas e sem apresentar
- Penetram novamente nas células intestinais esporocistos.
fazendo outra fase de reprodução assexuada
que formará uma 2ª geração.
- Continuam para a fase sexuada, onde os
merozoítas dão origem a macro e
microgametócitos. Os microgametas que estão
nos microgametócitos saem da célula parasitada
e fecundam os macrogametas (e com isso
perdem seus flagelos – ex-flagelação) formando
o gameta ou oocisto imaturo. Esse sai nas fezes Figura 144. Oocisto de Cryptosporidium sp.
400X
para fazer a esporogonia.

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Coccídeos
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CICLO: - Educação sanitária.


Característico de Coccídeo.
É monoxeno. Ocorre esquizogonia na superfície FAMÍLIA SARCOCYSTIDAE
das células intestinais com duas gerações de - Ciclos evolutivos semelhantes à família
esquizontes e outra de multiplicação sexuada Eimeriidae.
(gametogonia) com formação de macro e - A esporogonia pode ocorrer dentro ou fora do
microgametócitos. Os microgametas fecundam hospedeiro.
os macrogametas originando oocistos com - A reprodução assexuada ocorre no hospedeiro
quatro esporozoítos de parede espessa que são intermediário e a sexuada no definitivo.
eliminados já infectantes. Esporulação dentro do - Ocorre predação, onde o hospedeiro definitivo
hospedeiro. A esquizogonia e a gametogonia se infecta ao ingerir restos do hospedeiro
ocorrem em microvilosidades intestinais. Intermediário.
Alguns oocistos rompem-se dentro do
hospedeiro promovendo auto-infecção. GÊNERO Toxoplasma
ESPÉCIE Toxoplasma gondii

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felídeos,


principalmente o gato.

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Diversos


mamíferos e répteis.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS (EM


CORTE HISTOLÓGICO DE FÍGADO OU
CÉREBRO):
- Pseudocisto - estrutura alongada, sem parede
definida onde se encontram os taquizoítas.
Figura 145. Ciclo biológico de Cryptosporidium sp. - Cisto - estrutura arredondada com parede bem
definida onde se encontram os bradizoítas.
- Zoíta - estrutura em forma de foice com um
PROFILAXIA:
núcleo. Não aparece em corte histológico.
- Água limpa em bebedouro adequado, com
altura que impeça os animais nele defecarem.
CICLO BIOLÓGICO:
- Comedouros no alto para que não sejam
O hospedeiro intermediário ingere o oocisto ao
infectados pela cama.
pastorear ou ao ingerir alimentos mal lavados.
- Higiene dos estábulos, remoção e incineração
No trato digestivo há liberação de esporozoítos
das camas.
que pela via sangüínea vai ao fígado, cérebro e
- Tratamento dos animais parasitados.

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Coccídeos
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No hospedeiro intermediário pode ocorrer má


formação fetal, hidrocefalia fetal, morte cerebral,
aborto em ovinos, bovinos e eqüinos, podem
ocorrer distúrbios pulmonares, fortes dores
musculares, cegueira e queda na produção.

PROFILAXIA:
Deve ser feita a limpeza diária de gatis, remoção
adequada de fezes, precauções higiênicas como
lavar as mãos antes das refeições e uso de
Figura 146. Ciclo de Toxoplasma gondii
luvas na jardinagem, não dar carne crua aos
outros órgãos passando a se chamar
gatos, cobrir as rações.
trofozoítos. Nestes ocorre a reprodução
assexuada (esquizogonia). Esta fase é tão
OBS: Hammondia e Frenkelia também são
rápida que os trofozoítas são chamados de
parasitas de cães e gatos e têm importância no
taquizoítas e é a fase aguda da doença. O
diagnóstico diferencial de oocistos.
organismo do animal reage e cria anticorpos e
os taquizoítas então diminuem sua velocidade
de reprodução passando a se chamar GÊNERO Neospora
bradizoítas, que formam uma parede cística ESPÉCIES: Neospora caninum
como proteção aos anticorpos. O hospedeiro
definitivo se infecta ao ingerir restos de animais HOSPEDEIROS DEFINITIVOS: Cão.
contaminados com os esquizontes (cistos), na
mucosa intestinal ocorre a gametogonia e o HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Bovinos,
oocisto formado vai ao meio ambiente com as caninos, caprinos, ovinos, eqüinos e cervídeos.
fezes. Ocorre a esporulação formando um
conjunto de dois esporocistos contendo quatro CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
esporozoítas e esses esporozoítas são as - Oocistos medem entre 10 à 12 µm.
formas infectantes para o hospedeiro - Os taquizoítos e cistos são as formas
intermediário. encontradas intracelularmente no hospedeiro
intermediário
OBS: Pode haver transmissão pré-natal. O - Os taquizoítos possuem forma de lua e medem
hospedeiro intermediário pode contaminar-se em torno de 6 X 2 µm de comprimento, e podem
através da ingestão de carne mal cozida ser encontrados em diferentes células do corpo.
contendo cistos do parasito. - Os cistos possuem forma oval, podem medir
até 107 µm de diâmetro e são encontrados nas
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: células do sistema nervoso.

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Coccídeos
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- Dentro dos cistos estão presentes os - Mumificação fetal, fetos autolisados,


bradizoítos medindo em torno de 7 x 1,5 µm de natimortos, bezerros deformados
comprimento. - Nascimento vivo seguido de morte.
- Nascimento de bezerros com sinais
CICLO BIOLÓGICO: neurológicos: encefalomielite, paralisias, ataxia
O parasito, sob reprodução sexuada, reproduz- motora (incoordenação motora) exoftalmia ou
se no intestino do cão e, posteriormente, seus olhos de aparência simétrica.
oocistos (medindo 10-12 µm de diâmetro) são - A maioria dos bezerros com neosporose
levados ao ambiente pelas fezes. morrem nas quatro primeiras semanas de vida.
A esporulação ocorre nas fezes, dentro de três
dias, não sendo, portanto, infecciosos em fezes DIAGNÓSTICO:
frescas. Os oocistos esporulados contêm dois Os meios utilizados são histológicos ou
esporocistos, com quatro esporozoitos cada um. imunohistológicos, imunofluorescência indireta
Os oocistos são resistentes no ambiente e (IFI), imunoenzimático (ELISA), PCR.
permanecem viáveis por longo período até Atualmente, é possível realizar testes
serem consumidos pelo hospedeiro sorológicos, como imunofluorescência indireta
intermediário, por meio de alimentos (IFA) e o teste imunoenzimático (Elisa) que
contaminados. indicam exposição dos animais a Neospora, não
Após a ingestão dos oocistos esporulados, pelo significando que os mesmos estejam doentes.
hospedeiro intermediário, os esporozoítos Se uma vaca é positiva não significa que um
desencistam-se e invadem os tecidos aborto foi induzido por Neospora com base nos
desenvolvendo uma infecção sistêmica dados do exame sorológico. Para confirmar se o
(reprodução assexuada, esquizogonia). O aborto foi causado por N. caninum, o parasito
parasito forma principalmente no cérebro, cistos deve ser encontrado nos tecidos fetais.
chamados de bradizoítos. Estes, apesar de O teste de imunohistoquímica dos tecidos fetais,
estarem em estado latente, quando ingeridos que utiliza o feto inteiro, ou pelo menos o
pelo cão são infecciosos. No cão esses cérebro e a medula, é o mais eficiente e
bradizoítos penetram nas células intestinais preferencial método para confirmar o
onde fazem a reprodução sexuada eliminando diagnóstico. O isolamento e cultura do agente
oocistos não esporulados para o meio ambiente. também confirmam a presença de Neospora no
processo patológico.
SINAIS CLÍNICOS:
- Abortamento no hospedeiro intermediário em MATERIAL UTILIZADO PARA EXAME: Soro

qualquer época da gestação, fetos podem bovino - as amostras devem ser colhidas até 90

morrer no útero. dias após o abortamento (depois deste prazo, o

- Reabsorção fetal. nível de anticorpos cai drasticamente). Feto


abortado - deve ser encaminhado resfriado.

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Coccídeos
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TRATAMENTO: O tratamento para neosporose OBS: O cão se infecta ao ingerir o carrapato.


é feito com sulfas e vacinas.
CICLO:
ZOONOSE: Não há evidência do leite ou carne O cão infecta-se ao ingerir o carrapato que
de animais infectados, transmitirem Neospora contém esporocistos na sua cavidade corporal.
ao homem. Ocorre destruição dos esporocistos e liberação
dos esporozoítas que penetram na parede
CONTROLE:
intestinal e através da corrente sanguínea
1) Evitar que os cães contaminados defequem
passam ao baço, linfonodos, pulmões,
nos depósitos de alimentos e bebedouros.
músculos, fígado e medula onde fazem a
-Use as vantagens de depósitos fechados cubra
esquizogonia. Nesses locais ocorrem várias
os silos com lonas plásticas após sua abertura.
gerações de esquizontes, após os merozoítos
2) Educar a população a castrar os cães nas
penetram nos leucócitos circulantes e passam a
fazendas e vizinhanças.
gametócitos. O ciclo se completa quando o
-Castrar cães que não são necessários à
carrapato ingere sangue contaminado com os
procriação.
gametócitos. Os gametócitos livres se unem em
-Orientar seus vizinhos que mantenham seus
pares e formam os zigotos que ficam no interior
cães nas suas propriedades
do carrapato (hemocele) e passam a oocisto
-Comunicar as autoridades locais (vigilância
contendo 30 a 50 esporocistos com 16
sanitária) sobre a presença de cães sem dono.
esporozoítos em cada.
3) Todo feto abortado e restos placentários
deverão obrigatoriamente ser enterrados, para
prevenir o consumo pelos cães.

SUBCLASSE GREGARINASINA
FAMÍLIA HEPATOZOIIDAE
GÊNERO Hepatozoon
ESPÉCIE Hepatozoon canis
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Carrapato
Rhipicephalus sanguineus.
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Cães.

LOCAL: Interior de leucócitos.

Figura 147. Ciclo biológico do Hepatozoon sp.


CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Isogametas que são estruturas alongadas no
interior dos neutrófilos. IMPORTÂNCIA MÉDICA VETERINÁRIA:

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Coccídeos
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É uma parasitose assintomática, encontrada


geralmente com outras parasitoses como
Babesia e Ehrlichia.

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Babesias
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PARTE III
Babesias
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CLASSE PIROPLASMASIDA
ORDEM PIROPLASMORIDA
FAMÍLIA BABESIDAE
GÊNERO Babesia

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E
HOSPEDEIROS:
1. Babesia canis - Cães
Figura149. Babesia bovis no interior
-Grande Babesia. da hemácia
-Aparece um a dois trofozoítas dentro da -Pode aparecer nos capilares do cérebro,
provocando trombos nos vasos.

4. B. bigemina (transmissão por ninfas e


adultos do carrapato)- Bovinos.
-Grande Babesia.
-Aparece um a dois trofozoítas dentro de cada
hemácia

Figura 148 . Babesia canis no interior


da hemácia.

hemácia.

2. Babesia gibsoni- Cães


-Pequena Babesia.
Figura 150. Babesia bigemina no
interior da hemácia.
3. Babesia bovis (transmissão por larvas do
carrapato) – Bovinos. 5. B. equi ou Nutallia equi ou mais
-Pequena Babesia. recentemente Theileria equi - Equinos
-Parasitemia muito baixa. -Pequena Babesia.
-Aparece de um a dois trofozoítas dentro de -Parasitemia muito alta.
cada hemácia.

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Babesias
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-Aparecem um, dois, três ou quatro trofozoítas, tubo digestivo do carrapato e nelas se multiplica
sendo que quando aparecem quatro, são em por divisão binária ou múltipla até as células se
forma de cruz de malta. romperem e liberarem os vermículos
-Animal permanece portador por toda a sua (organismos claviformes, móveis e alongados).
vida. Esses vermículos migram para os tecidos da
fêmea do carrapato, através da hemolinfa,
6. B. caballi - Equinos podendo chegar aos ovários (transmissão
-Grande Babesia. transovariana) ou as glândulas salivares
-Aparece um a dois trofozoítas dentro da (transmissão transestadial) na forma de
hemácia. trofozoítas. O carrapato ao sugar o hospedeiro
inocula as formas trofozoítas que penetram nas
hemácias do animal e se dividem
assexuadamente por divisão binária formando
merozoítas. A célula se rompe e os merozoítas
são liberados penetrando em novas hemácias.

TIPOS DE TRANSMISSÃO:
Figura 151. Babesia caballi no Transovariana - Ocorre nas babesioses
interior da hemácia.
transmitidas por carrapatos monoxenos, como
Boophilus microplus e Anocentor nitens. Por só
CICLO BIOLÓGICO:
terem um hospedeiro na vida, a transmissão é
O carrapato ao se alimentar do sangue do
da fêmea para seus ovos. As larvas ou ninfas
hospedeiro definitivo ingere os merozoítos que
originadas desses irão contaminar outros
se diferenciam e fazem a reprodução sexuada
animais.
ou gametogonia que vai dar origem a um zigoto
chamado oocineto. Este penetra nas células do
Transestadial - ocorre nas babesioses
transmitidas por carrapatos heteroxenos, como
Rhipicephalus sanguineus. Por a muda ocorrer
no solo, a larva infectada passa para ninfa com
as formas infectantes e essa então transmite o
parasita a outro animal.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


Além da destruição das hemácias gerando
anemia, observam-se lesões em outros órgãos
irrigados pelo sangue contaminado. O baço filtra
hemácias parasitadas (e incha causando
Figura 152 . Ciclo de Babesia sp.
esplenomegalia) e acaba por não identificá-las
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Babesias
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mais fagocitando também as hemácias sadias e


com isso intensifica a anemia (anemia auto
imune). No rim as hemácias se rompem e no
fígado ocorre hemoglobinúria por não ocorrer
metabolização da hemoglobina. Ainda, a
Babesia ativa a calicreína e leva ao aumento de
permeabilidade dos vasos e vasodilatação,
provocando uma estase circulatória. No quadro
de babesiose cerebral bovina ocorre destruição
dos capilares cerebrais e se observa aumento
da coagulação intravascular, hiper excitabilidade
e incoordenação.

PROFILAXIA:
Deve ser feito o controle dos vetores. Em
regiões endêmicas os animais já têm imunidade
adquirida através do colostro que deve ser
reforçada gradativamente com o
desenvolvimento do animal.

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Rickettsias
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CAPÍTULO IV
Rickettsias
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ORDEM RICKETTSIALES A multiplicação ocorre por divisão binária


somente dentro da célula hospedeira. Apesar de
DEFINIÇÃO: serem capazes de metabolismo próprio para seu
As rickettsias são consideradas pertencentes a desenvolvimento, possuem um sistema
um grupo separado de bactérias por transportador de ATP que utiliza ATP do
apresentarem aspectos comuns entre elas e hospedeiro. A energia do parasito, portanto, é
por serem disseminadas por artrópodos que proveniente em grande parte de ATP do
servem de vetores. hospedeiro.
As rickettsias são bactérias com parasitismo
intracelular obrigatório. São estruturalmente CLASSIFICAÇÃO:
semelhantes a bactérias gram-negativas, A mais recente se encontra na 10ª Edição do
extremamente pequenas, com Bergey´s Manual of Sistematic Bacteriology,
aproximadamente 0,25 mm de diâmetro, escrito por Garrity, Winters, Kuo e Searles, e foi
formando cocobacilos normalmente corados publicado em 2002.
com Giemsa e fracamente corados por Gram. Nesta classificação a Ordem das Rickettsiales
Podem estar agrupados em pares, em cadeias está inclusa no Filo das Proteobacterias, classe
ou isolados. Com exceção da Rickettsia das Alphaproteobacterias. A divisão em tribos,
prowazekii, causadora de tifo, não apresentam que era comumente utilizada, foi abandonada.
flagelos. A família Anaplasmataceae foi novamente
A maioria das espécies é encontrada somente retirada e os gêneros pertencentes a ela
no citoplasma das células hospedeiras, mas (Aegyptianella, Anaplasma, Ehrlichia e
aquelas causadoras da febre maculosa Neorickettsia) foram inclusas na Família
multiplicam-se no núcleo e saem para o Ehrlichiaceae. O gênero Cowdria foi abolido e
citoplasma. sua única espécie a Cowdria ruminantum foi
O envelope típico consiste de 3 camadas. Uma reclassificada como pertencente ao gênero
membrana citoplasmática mais interna, uma Ehrlichia.
parede celular rígida e uma externa com Os gêneros Eperythrozoon e Haemobartonella
composição química típica de membrana e com passam a família Mycoplasmataceae.
aspecto trilaminar. A parede celular é
quimicamente similar a dos Gram negativos e FAMÍLIA Ehrlichiaceae
possuem invaginações intracitoplasmáticas. O GÊNERO Ehrlichia
citoplasma possui ribossomos.
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Rickettsias
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a 5 dias, com a formação do corpo inicial; e (3)


HOSPEDEIROS: Cães e gatos (muito raro) formação das mórulas, sendo estas constituídas
por um conjunto de corpos elementares envoltos
HOSPEDEIRO INVERTEBRADO: Carrapato por uma membrana.
Rhipicephalus sanguineus. O cão é infectante apenas na fase aguda da
doença, quando existe uma quantidade
LOCALIZAÇÃO: importante de hemoparasitas no sangue. O
Organismos encontrados nos leucócitos. carrapato poderá permanecer infectante por um
período de aproximadamente um ano, visto que
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: a infecção poderá ocorrer em qualquer estado
São bactérias intracelulares obrigatórias dos do ciclo.
leucócitos (monócitos e polimorfonucleares) ou
trombócitos. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
A Ehrlichiose apresenta sinais inespecíficos
CICLO BIOLÓGICO: sendo que há 3 fases da doença que pode ser
O vetor de maior importância na transmissão da fatal se não tratada.
enfermidade é o carrapato, mais Na fase aguda que ocorre após um período de
especificamente, o Rhipicephalus sanguineus . incubação que varia entre 8 e 20 dias e perdura
No carrapato, a E. canis se multiplica nos por 2 a 4 semanas o animal apresenta
hemócitos e nas células da glândula salivar, hipertermia (39,5 - 41,5 oC), anorexia, perda de
propiciando, portanto, a transmissão peso e astenia. Menos freqüentemente
transestadial. Em contra partida, a transmissão observam-se outros sinais inespecíficos como
transovariana provavelmente não ocorre. A febre, secreção nasal, anorexia, depressão,
transmissão entre animais se faz pela petéquias hemorrágicas, epistaxis, hematúria,
inoculação de sangue proveniente de um cão ou ainda edema de membros, vômitos, sinais
contaminado para um cão sadio, pelo intermédio pulmonares e insuficiência hepato-renal. Essa
do carrapato. fase pode passar desapercebida pelo
A infecção do cão sadio se dá no momento do proprietário.
repasto do carrapato infectado. Após um Na fase sub-clínica é geralmente assintomática,
período de incubação de 8 a 20 dias, o agente podendo ser encontradas algumas
se multiplica nos órgãos do sistema complicações como depressão, hemorragias,
mononuclear fagocítico (fígado, baço e edema de membros, perda de apetite e palidez
linfonodos). de mucosas Ocasionalmente, observa-se
O ciclo da Ehrlichia é constituído de três fases hifema, hemorragia sub-retinal, uveíte,
principais: (1) penetração dos corpos descolamento de retina e cegueira .
elementares nos monócitos, onde permanecem A fase crônica da erliquiose assume as
em crescimento por aproximadamente 2 dias; características de uma doença auto imune.
(2) multiplicação do agente, por um período de 3 Geralmente nesta fase o animal tem os mesmos
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Rickettsias
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sinais da fase aguda porém atenuados, que o torna uma peça útil para a elaboração do
encontrando-se apático, caquético e com diagnóstico.
susceptibilidade aumentada a infecções Um outro teste bastante simples e disponível, é
secundárias, em conseqüência do o teste de Immunocomb, que se baseia na
comprometimento imunológico. detecção de anticorpos IgG contra Erlichia canis
no soro. Este teste é muito útil no
DIAGNÓSTICO: monitoramento dos níveis de anticorpos,
O diagnóstico laboratorial consiste na principalmente nas fases sub-clínica e crônica,
observação de E. canis em esfregaços de onde é muito difícil o encontro da E. canis em
sangue do cão infectado, ou em decalques dos esfregaço sanguíneo. É também útil no
órgãos alvo. monitoramento dos níveis de anticorpos pós
Pode-se ainda realizar o diagnóstico por tratamento.
imunofluorescência indireta, que constitui um
método sensível e muito específico, permitindo o PROFILAXIA:
diagnóstico preciso da erliquiose. A prevenção da doença tem um caráter de suma
A trombocitopenia presente no quadro clínico importância nos canis e no locais de grande
não permite que se confirme o diagnóstico da concentração de animais. Devido a inexistência
doença, mas em áreas sabidamente endêmicas, de vacina contra esta enfermidade, a prevenção
a erliquiose dever ser considerada como a é realizada através do controle do vetor da
primeira suspeita. A confirmação do diagnóstico doença: o carrapato. Para tanto, produtos
pode ser reforçada se for encontrado acaricidas ambientais e de uso tópico são
hipoalbuminemia e hiperglobulinemia associado eficazes desde que seja realizado o manejo
a trombocitopenia. correto.
A técnica de PCR (polymerase chain reaction), Todo animal que entre em uma propriedade ou
permite um diagnóstico rápido e com canil, deve ser mantido em quarentena e tratado
sensibilidade semelhante a outras técnicas, o para carrapatos. Caso seja positivo para
Ehrlichia, deverá ser tratado antes de ingressar
na criação.
Nas áreas endêmicas, o fluxo de cães deve ser
mínimo e quando ocorrer, recomenda-se tratar o
animal com doxiciclina por um período de 1
mês.

GÊNERO Anaplasma

ESPÉCIES:
Figura 153. Corpúsculo de Ehrlichia em
neutrófilo segmentado. -A. centrale

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150
Rickettsias
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-A. marginale até 70% dos eritrócitos sanguíneos em uma


semana após o período de incubação. A doença
HOSPEDEIROS: Bovinos aparece clinicamente após o dia 40 após o
contato com o carrapato contaminado.
HOSPEDEIRO INVERTEBRADO: Carrapato Não há hemoglobinúria, pois as hemácias são
Boophilus sanguineus. destruídas no baço e fígado e não na corrente
sanguínea.
LOCALIZAÇÃO:
Organismos encontrados nos eritrócitos. PROFILAXIA:
-Tratamento dos animais para que não fiquem
CICLO BIOLÓGICO: portadores.
A transmissão é feita por carrapatos ou -Premunição dos animais suscetíveis com
mecânica, por meio de seringas hipodérmicas sangue de animais portadores.
ou instrumentos cirúrgicos contaminados. -Evitar que os animais adquiram carrapatos
No sangue, o organismo penetra no eritrócito, antes da premunição.
forma um vacúolo e divide-se por divisão -Combater o superparasitismo pelo emprego de
binária, formando um corpúsculo de inclusão. banhos carrapaticidas.
Saem das hemácias e penetram em outras -Esterilizar os fômites.
promovendo uma intensa anemia.Os eritrócitos
parasitados são ingeridos pelo carrapato e
transmitidos para outros bovinos, ou através de
utilização entre os animais de material
contaminado como seringas e/ou material
cirúrgico.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO: Quatro semanas

DIAGNÓSTICO:
Presença de organismos pequenos e redondos
de cor vermelha - escura no interior dos Figura 154. Corpúsculos de
Anaplasma nas hemácias.
eritrócitos em esfregaço sanguíneo corado com
Giemsa.
Testes de fixação de complemento, aglutinação
e imunofluorescência indireta.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


Produz uma reação febril aguda, acompanhada
por grave anemia hemolítica que pode destruir
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CAPÍTULO V
Helmintos
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HELMINTOLOGIA - Metazoários
- NEMATHELMINTOS: vermes redondos, com
parede do corpo chamada de cutícula.
- PLATHELMINTOS: vermes achatados, com
parede do corpo chamada de tegumento.
- ACANTOCEPHALA: Cabeça em forma de
espinho.

FILO PLATHELMINTOS (Platy = achatados)


- Vermes achatados dorso-ventralmente.
- Hermafroditas.
- Simetria bilateral.
- Não possuem esqueleto.
- Tubo digestivo incompleto.
- Não possui cavidade corpórea, mas sim
parênquima.
- São divididos em:
-Classe Trematoda, com subclasses Digenea e
Monogenea**.
-Classe Cestoda.

**Monogenea: Helmintos ectoparasitas de


peixes, mais especificamente de brânquias, que
dificultam a respiração. Fazem ciclo direto, ou
seja, são monoxenos.

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152
Trematóides
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PARTE I
Trematóides
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CLASSE TREMATODA (trematoda = furos) sempre um molusco e o segundo, um peixe ou


crustáceo.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Formato semelhante a uma folha. CICLO EVOLUTIVO GERAL DOS
- Não são segmentados. TREMATÓDEOS:
- Tubo digestivo sem ânus (metabólitos Os ovos que saem nas fezes (em alguns casos
excretados pela boca). podem sair via oral) geram indivíduos
- Ceco termina em fundo de saco. (embriões) ciliados chamados miracídios.
- Presença de glândulas vitelínicas (produzem Estes, possuem glândulas que produzem
vitelo, matéria necessária para formação do substâncias que, associadas à condições
ovo). ambientais, abrem o opérculo do ovo por onde
- Possui ventosas oral, ventral (ou acetábulo) e sai o miracídio e passa para o meio aquático,
genital (ou gonotil) para fixação no hospedeiro e necessário para sua sobrevivência. Ele nada até
movimentação sobre o mesmo. atingir o hospedeiro intermediário, que
- Revestimento externo (tegumento) resistente. geralmente é um molusco - aquático ou terrestre
Possui músculos sobre a lâmina basal que onde penetra nas partes moles, perde os cílios e
mantém a forma do parasito. passa a ser chamado de esporocisto (o
miracídio já apresenta cone cefálico e vive no
BIOLOGIA: máximo 24 horas). O esporocisto divide –se
- Sistema excretor com tubos pronefridiais, inúmeras vezes no hepatopâncreas do molusco
vesícula excretora e células excretoras (células originando milhares de formas infectantes, que
flama), com cílios para filtração. saem pelas partes moles e infectam o ambiente.
- Sistema reprodutor masculino com testículos, * O esporocisto pode ter uma ou duas gerações.
canais eferentes, canal deferente e bolsa do Quando de 1ª geração forma-se a rédia
cirro com vesícula seminal, glândulas (também no hospedeiro intermediário) a qual vai
prostáticas, o órgão peniano que é chamado de originar várias cercárias, que possuem cauda
cirro e um poro genital. saem do molusco e se fixam na vegetação
- Sistema reprodutor feminino com ovário, passando a serem chamadas de metacercárias
reservatório seminal, canal de laurer, , (possuem uma proteção cística e são as
reservatório vitelínico, oótipo, glândulas de formas infectantes) cercária sem a cauda, que
mehlis, poro genital e alças uterinas. podem estar no segundo hospedeiro
- Heteroxenos podendo apresentar até três intermediário ou não). Quando de 2ª geração
hospedeiros intermediários. O primeiro HI é não há fase de rédia.

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153
Trematóides
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CONTROLE:
-Combater os moluscos.
-Tratar os animais

CLASSE TREMATODA
SUBCLASSE DIGENEA
- Aparelho genital masculino e feminino no
mesmo indivíduo.
- Necessitam de dois hospedeiros.
Figura 156. Ovo de Fasciola hepatica.

ORDEM GASTEROSTOMATA CARACTERÍSTICAS:


- Boca que se abre dentro de uma ventosa oral - Adultos grandes e achatados dorso-
(anterior). ventralmente.
- Acetábulo bem desenvolvido (ventosa ventral).
SUBORDEM DISTOMATA - Bolsa do cirro bem desenvolvida.
SUPERFAMÍLIA FASCILOIDEA
GÊNERO Fasciola
CARACTERÍSTICAS:
- Presença ou ausência de bolsa do cirro e ESPÉCIE Fasciola hepatica
acetábulo terminal.
- Genitália ramificada. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos e ovinos
(pode parasitar eqüídeos, bubalinos e
I - FAMÍLIA FASCIOLIDAE humanos).

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Molusco


aquático - Lymnaea viatrix (região Sul) e
Lymnaea columela (região Sudeste).

LOCAL: Ductos biliares.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
- Cone cefálico, que é uma projeção anterior do
corpo onde fica a abertura da ventosa oral.
- Corpo muito grande em relação aos outros
trematódeos, com espinhos no tegumento.
- Só se distingue ovário e testículos pela
localização.
Figura 155. Adultos de Fasciola hepatica.

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Trematóides
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- Ovos com 150 µm amarelados pela bile. intestinal e caem na cavidade peritonial
perfurando o peritônio visceral do fígado e neste
CICLO BIOLÓGICO: local migram até quatro meses, depois vão aos
Os ovos saem nas fezes do hospedeiro ductos biliares onde ficam adultos, se alimentam
definitivo e as chuvas os arrastam até os riachos de sangue e após oito semanas da infecção já
onde são liberados os miracídios que migram e eliminam ovos.
penetram ativamente na partes moles dos PPP - 3 a 4 meses
moluscos, formando então os esporocistos, que
migram para a região pré-cordial e se IMPORTÂNCIA EM HIGIENE E SAÚDE
transformam em rédia I. Se o meio for favorável PÚBLICA:
ele vira logo cercária, mas se não, como no - Observar a proveniência das verduras e outros
caso de uma estiagem prolongada, o molusco alimentos porque é passível de parasitar
se afunda na lama e só quando o meio se torna humanos (zoonose).
favorável é que seu metabolismo volta ao
normal e a rédia se torna cercária. Essas são IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
semelhantes aos adultos e já apresentam - As formas jovens migram no parênquima
cauda, saindo pelas partes moles do molusco e hepático destruindo-o. É a fase aguda da
caindo na água. Dirigem-se então para o talo doença.
submerso do capim da várzea onde se fixam, - Os adultos provocam espoliação nos ductos
perdem a cauda e passam a metacercária que biliares e na forma crônica da doença pode
possui uma substância cimentante que evita a haver calcificação dos ductos biliares.
desidratação e aí sobrevive por anos. Quando - Provoca perdas na produção animal e mortes
há estiagem, a lâmina dos rios desce e elas muitas vezes pela migração das formas jovens,
ficam expostas, e assim são ingeridas pelos sendo que por isso, o exame de fezes é
hospedeiros definitivos ao pastorear. No tubo negativo, pois ainda não há eliminação de ovos.
digestivo desses animais as metacercárias
perdem as carapaças de proteção e passam a II - FAMÍLIA DICROCOELIIDAE
ser formas jovens que penetram na mucosa CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
- Posição anterior do ovário e testículo em
relação ao útero.
- Ceco mediano retilíneo.
- Glândulas vitelínicas medianas ao corpo do
parasito.

GÊNERO Eurytrema
ESPÉCIE Eurytrema pancreaticum
Figura 157. Cercaria de Fasciola.

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Trematóides
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HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos. digestiva, esporocisto II. Formam-se então as


cercárias (que saem do molusco com um muco)
e essas se aderem ao talo do capim, que é
ingerido pelo gafanhoto. As cercárias
atravessam o tubo digestivo e passam a
metacercárias na cavidade celomática do
gafanhoto, que é ingerido acidentalmente pelo
hospedeiro definitivo ao pastorear e as
metacercárias passam do intestino e vão se
localizar nos ductos pancreáticos, onde se
tornam adultos.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


Figura 158. Eurytrema pancreaticum
adultos. Cecos
Testículos

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Ovários

1-Moluscos terrestres: Bradybaena similaris


Útero
(caracol).
2-Gafanhoto: Conocephalus sp.

LOCAL: Ductos pancreáticos.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: Figura 159. Adulto de Eurytrema sp.


- Corpo grande.
- Ventosa oral grande. Apesar da destruição dos ductos pancreáticos é
- Esôfago curto. questionada a sua ação tendo em vista que o
- Testículos bem separados e na mesma animal não exterioriza a doença.
zona (mesmo plano horizontal).
- Ovário posterior aos testículos. SUBORDEM AMPHISTOMATA
- Cecos que não vão ao terço mediano do SUPERFAMÍLIA PARAMPHISTOMATOIDEA
corpo.
- Acetábulo mediano. CARACTERÍSTICAS
- Acetábulo terminal ou subterminal.
CICLO BIOLÓGICO: - Não são achatados e têm formato de pêra.
Os ovos saem nas fezes do hospedeiro
definitivo e os moluscos ingerem esses ovos FAMÍLIA PARAMPHISTOMATIDAE
que liberam o miracídio no seu intestino. Na CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
cavidade celomática forma-se esporocisto I e na
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Trematóides
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- Testículos na mesma zona. vegetação para se encistarem (quando em


- Porte médio à grande. forma de cisto são chamadas metacercárias). O
hospedeiro definitivo ingere as metacercárias ao
1 - GÊNERO Paramphistomum pastorear e a membrana cística da metacercária

ESPÉCIE Paramphistomum cervi se rompe liberando formas jovens do trematoda


que se fixam na porção inicial do intestino

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos. delgado e rúmem. São mais patogênicos no

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Molusco


aquático: Lymnaidae e Planorbidae.

\A

O
Figura 161. Paramphistomum mostrando A –
acetábulo ou ventosa ventral e O - Ventosa
oral.

intestino delgado que no rúmem.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


Figura 160. Adultos de Paramphistomum
Os parasitos produzem diarréias fétidas e
escuras e o animal fica muito debilitado.
LOCAL: Rúmem.

SUBORDEM STREGEATA
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
SUPERFAMÍLIA SCHISTOSOMATOIDEA
-Não apresenta ventosa genital.
FAMÍLIA SCHISTOSOMATIDAE

CICLO BIOLÓGICO:
Os ovos saem nas fezes e liberam no meio
GÊNERO Schistosoma
ambiente o miracídio que vai à água penetrar no ESPÉCIE Schistosoma mansoni

hospedeiro intermediário (molusco), no Schisto- fenda / soma- corpo

hepatopâncreas deste, passa a esporocisto I.


Após, surgem as rédias que originam cercárias HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem.

e essas saem pelas partes moles do hospedeiro


intermediário e na água procuram uma
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Trematóides
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HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Molusco ambiente aquático migram ativamente até


aquático Biomphalaria e Planorbis. penetrarem na pele íntegra do hospedeiro
definitivo. Esse também pode se infectar
LOCAL: Veias mesentéricas e hepáticas. bebendo água contaminada. A furcocercária no
tubo digestivo perde a cauda, passa a adulto-
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: jovem que se diferencia em macho e fêmea e
- Possui dimorfismo sexual. pela circulação vai às veias mesentéricas e
- Fêmea filariforme fica dentro do canal intra-hepáticas.
ginecóforo do macho.
- Macho mais grosso, com ventosas oral e
ventral (em torno de 1 cm de comprimento).

Figura 163. Molusco Biomphalaria sp.

PERÍODO PRÉ-PATENTE: 2,5 a 3 meses.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


Figura 162. Macho (maior) e fêmea de Algumas espécies ocorrem em roedores e
Schistosoma sp. bovinos e suspeita-se que eles atuem como
hospedeiros alternativos mantendo parasitos.
CICLO BIOLÓGICO
Após a cópula a fêmea migra para ramos IMPORTÂNCIA EM HIGIENE e SAÚDE
menores das mesentéricas e lá fazem a postura. PÚBLICA:
Os ovos possuem um espinho e uma substância É importante o tratamento de fontes de água
irritante da mucosa e por isso ele consegue
chegar ao tubo digestivo e assim sair nas fezes.
Quando isso ocorre no ambiente aquático, o
miracídio penetra ativamente no hospedeiro
intermediário (molusco) indo ao hepatopâncreas
para formar esporocisto de 1ª geração e depois
de 2ª geração e ainda cercárias
(furcocercárias). Estas apresentam uma cauda
bífida, saem do hospedeiro intermediário e no

Figura 164. Ovo de Schistosoma sp. 100X


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Trematóides
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natural, pois a água é o meio de infecção tanto


para hospedeiro definitivo como para hospedeiro
intermediário. No homem, os sintomas são:
diarréia sanguinolenta e com muco, anorexia,
sede anemia.

PROFILAXIA:
Identificar os meses de população máxima de
caramujos pela temperatura, não deixando que
os bovinos fiquem expostos a extensões de
água contaminada nessas ocasiões. Figura 165. Furcocercária de Schistosoma
sp.

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Cestóides
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PARTE II
Cestóides
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CLASSE CESTODA perfusão).

CARACTERÍSTICAS GERAIS: FORMAS DE ESCÓLEX:


- Apresentam formato de fita. - Triangular.
- Têm corpo segmentado dividido em escólex - Afilado.
(para fixação), colo e estróbilo (corpo que é - Globoso.
dividido em proglotes). - Com rostelo e ventosas sem ganchos.
- Hermafroditas. - Com rostelo e ventosas com ganchos.
- Tamanho de corpo varia com o gênero de
cestóide (de mm a metros). FORMAS DE PROGLOTES:
- Obrigatoriamente parasitos de animais. 1-Jovem: Não se vê estruturas de reprodução.
- As formas adultas localizam-se no trato
digestivo. 2-Maduro: Podem ser mais largos do que longos
- Necessitam pelo menos um hospedeiro ou o contrário, o aparelho genital pode ser
intermediário para completar o ciclo biológico. simples ou duplo e ainda pode haver três
- Sistema digestivo ausente (alimenta-se por testículos ou mais no mesmo proglote. O
aparelho genital é constituído de ovários
lobulados com um útero em forma de saco entre
Escólex
eles e glândulas vitelínicas abaixo, testículos
espalhados na proglote, bolsa do cirro, canal
deferente e o átrio genital.

Colo

Estróbilo

Figura 166. Divisão do corpo de um Figura 167. Cápsula ovígera contendo


cestóide. ovos com embrião no seu interior.

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Cestóides
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3-Grávido: podem ser mais largos do que longos


ou o contrário, podem ter útero transversal com
saculações horizontais ou útero horizontal com
saculações transversais e ainda podem
apresentar cápsulas ovígeras com ovos no seu
interior contendo um embrião hexacantor.
Cysticercus
1,5 cm
TIPOS LARVARES:
1-CYSTICERCUS: vesícula semitranslúcida que Figura 168. Forma larval cysticercus no
apresenta no seu interior um escólex, que está tecido.

invaginado e que pode apresentar rostelo com


5-CISTO HIDÁTICO: Vesícula maior que o
ganchos ou não. Nesse tipo larvar o hospedeiro
Cysticercus que apresenta no seu interior
intermediário é vertebrado.Tamanho: 1 a 2 cm.
vesículas filhas com escólex ou escólex soltos e
a esse conjunto se dá o nome de areia hidática.
2-ESTROBILOCERCUS: Vesícula
No seu envoltório há uma membrana composta
semitranslúcida que apresenta um escólex
de proteínas, um epitélio germinativo e uma
evaginado, ou seja, um pescoço longo e
camada de reação do hospedeiro à presença da
pseudo-segmentado. Nesse tipo larvar o
forma larvar. Nesse caso o hospedeiro
hospedeiro intermediário é vertebrado.
intermediário é vertebrado.

3-COENURUS: Vesícula que apresenta no seu


SUBCLASSE EUCESTODA
interior vários escólex invaginantes. Nesse tipo
ORDEM CYCLOPHILIDEA
larvar o hospedeiro intermediário é vertebrado.
CARACTERÍSTICAS
-Quatro ventosas no escólex.
4-CYSTICERCÓIDE: Vesícula rígida com
-Fazem apólice (proglotes se desprendem e
escólex invaginado. Nesse tipo larvar o
saem nas fezes).
hospedeiro intermediário é invertebrado.

ESPÉCIE HOSPEDEIRO HI TIPO LARVAR NOME DA LARVA LOCALIZAÇÃO


DEFINITIVO
T. solium Homem Suíno Cysticercus Cysticercus celullosae Musc. cardíaca e esquelética

T. saginata Homem Bovino Cysticercus Cysticercus bovis Musc. cardíaca e esquelética

T. hydatigena Cão Ruminante, Cysticercus Cysticercus tenuicollis Serosas

Suíno.
T. taeniformis Felinos Roedores Estrobilocercus Cysticercus fasciolaris Fígado e cavid. abdominal

T. serialis Cão Coelho Coenurus Coenurus serialis Tec.conjuntivo e serosas

T. pisiformis Cão Coelho Cysticercus Cysticercus pisiformis Serosas, cavidade peritonial

T. multiceps Carnívoros Herbívoros Coenurus Coenurus cerebralis cérebro

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Cestóides
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SUPERFAMÍLIA TAINOIDEA saem nas fezes para o meio ambiente. No meio


FAMÍLIA TAENIIDAE ambiente ocorre a degradação das proglotes e
GÊNERO Taenia liberação dos ovos que são dispersos pelo
vento, aves, chuvas. O hospedeiro intermediário

CARACTERÍSTICAS GERAIS: se contamina ingerindo os ovos em alimentos

-Número de proglotes variável, muitos deles contaminados e pela ação da bile libera o

grávidos. embrião hexacantor de dentro do ovo que vai

-Aparelho genital simples. pela corrente sanguínea até a musculatura

-Proglotes maduras mais largas do que altas. esquelética ou cardíaca, onde ocorre o

-Proglotes grávidas mais altas do que largas. desenvolvimento da forma larvar (cysticercus).

-Todas as espécies apresentam rostelo com O hospedeiro definitivo se contamina ingerindo

ganchos exceto T. saginata. carne crua ou mal cozida (ou vísceras) do

-Testículos ocupando todo o parênquima interno hospedeiro intermediário. No tubo digestivo do

* As formas adultas estão sempre no hospedeiro hospedeiro definitivo ocorre a evaginação do

definitivo e as formas larvares sempre no escólex e se fixa a mucosa do intestino delgado.

hospedeiro intermediário.
1 - ESPÉCIE T. solium

CICLO BIOLÓGICO GERAL: HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem.

No intestino delgado do hospedeiro definitivo HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Suínos.

ocorre a fecundação das proglotes maduras CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

gerando proglotes grávidas que se destacam e - Útero com até 14 ramificações.

Figura 169 . Ciclo biológico da T. solium e T. saginata parasita do intestino


delgado de humanos.

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Cestóides
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Ventosa

Coroa de
ganchos

Figura 170. Cysticercus removido do tecido e Figura 171. T. saginata um parasita do intestino
corado. Observar a coroa de ganchos e delgado de humanos.
ventosas.
- Útero com 15 a 35 ramificações.
- Cabeça com rostelo de ganchos. - Cabeça sem rostelo de ganchos.
- Adulto mede em torno de 3 metros de - Mede em torno de 8 metros e possui mais de
comprimento com 800 a 1000 proglotes. 1000 proglotes.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


O homem pode se tornar o próprio hospedeiro A presença da forma larvar na musculatura do
intermediário se ingerir acidentalmente os ovos. animal leva a liberação parcial da carcaça ou até
A forma larvar, pela circulação vai se seu descarte total, ou seja, têm importância
encaminhar para os olhos, cérebro e tecido econômica grande já que é significativo em
subcutâneo podendo levar a alterações certas regiões do Brasil.
patológicas como cegueira, nódulos no olho,
transtornos neurológicos. Nos suínos infectados CONTROLE:
com cisticercos os sinais clínicos são -Congelamento da carne a – 5 Co por 4 dias.
inaparentes. -Cozimento da carne.
-Sistema eficiente de esgotos.
IMP.HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA:
A defecação de seres humanos fora do vaso 3 - ESPÉCIE T. hydatigena
sanitário leva a disseminação dos ovos. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão.
HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Ruminantes e
2 - ESPÉCIE T. saginata suínos.
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem.
HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Bovinos.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
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Cestóides
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Figura 173. Ovos de Taeniidae.

Figura 172. Cysticercus tenuicollis, forma larval da T.


hydatigena.

OBS: A forma larval é o Cysticercus tenuicollis, O verme adulto de quase 100 cm é encontrado
vulgarmente conhecido como “bolha d'água”. no cão onde coloca seus ovos que vão ao meio
ambiente com as fezes. O ovino ingere com a
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: pastagem os ovos contendo a oncosfera que é
Nos hospedeiros intermediários leva ao descarte liberada e transportada pelo sangue ao cérebro
de vísceras com as formas infectantes. ou medula espinhal onde desenvolve o estágio
larval chamado de Coenurus cerebralis. Este, é
4 - ESPÉCIE T. taeniformis um grande cisto (5 cm) cheio de líquido que
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felinos. apresenta vários escólex na sua parede. E
HOSPEDEIRO INTERMEDIÀRIO: Roedores. conforme vai desenvolvendo-se vão aparecendo
os sintomas clínicos no ovino como andar em
IMP.MED.VET: círculos, alterações na postura, defeitos visuais,
A forma larvar determina achados clínicos e paraplegias.
patológicos no fígado de roedores.
PPP: 8 meses
5- ESPÉCIE Taenia multiceps
GÊNERO Echinococcus
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão e canídeos ESPÉCIE Echinococcus granulosus
selvagens.
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Ruminantes, HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão.
principalmente ovinos.

IMP. MED. VET:


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Cestóides
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FORMA ADULTA:
-Escólex e rostelo com ganchos.
-Apresenta no máximo cinco proglotes.
-É quase invisível a olho nu pelo seu pequeno
tamanho (5 mm).
CICLO BIOLÓGICO:
O hospedeiro definitivo infecta-se ao ingerir
vísceras do hospedeiro intermediário contendo o
cisto hidático (forma larval). As larvas originam
adultos no tubo digestivo do cão. As proglotes
grávidas cheias de ovos se destacam e vão ao
Figura 174. Areia hidática retirada do
interior do cisto hidático. meio ambiente com as fezes. Neste, os ovos se

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Animais disseminam e o hospedeiro intermediário

ungulados e homem. infecta-se ingerindo os ovos nas pastagens ou


em alimentos contaminados que dão origem às

LOCAL: larvas hexacantor que pelo sistema porta vão ao

Forma larvar no cérebro, fígado e pulmão. fígado ou pela circulação vão ao pulmão e

Forma adulta no intestino de cães (permanece cérebro.

por 5 a 6 meses).
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:

VIABILIDADE DOS OVOS: 21 dias A forma larvar no hospedeiro intermediário pode


levar a obstrução de canais respiratórios,

FORMA LARVAR: Cisto hidático. distúrbios no fígado (cirrose), cérebro e pulmão.


E se o cisto hidático se romper no hospedeiro

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA intermediário esse pode morrer de choque, pois

Figura 176. Cisto hidático em fígado de


Figura 175. Adulto de Echinococcus ruminante. Observar a parede do cisto com
granulosus 100X. várias vesículas filhas.

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foram liberados vesículas filhas e escólex. da forma larvar e o hospedeiro definitivo se


infecta ingerindo o hospedeiro intermediário. No
FAMÍLIA DAVAINEIDAE tubo digestivo do hospedeiro definitivo as formas
GÊNERO Davainea larvares se fixam no intestino delgado e

ESPÉCIE Davainea proglotina desenvolvem-se até adultos, onde acabam o


desenvolvimento do seu ciclo biológico.

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galináceos.


IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Moluscos É um parasito bastante patogênico e as

terrestres. infecções podem levar a quadros de inflamação


intestinal nas aves levando a queda de

LOCAL: Forma adulta no duodeno. produção (ganho de peso) gerando sérios


prejuízos econômicos.

FORMA LARVAR: Cisticercóide.


GÊNERO Raillietina
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA ESPÉCIE Railletina tetragona
FORMA ADULTA: Railletina cisticillus
-Corpo com poucas proglotes. Railletina echinobothrida
-Aparelho genital simples.
-Ventosas com ganchos no escólex. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galináceos.
-Poro genital alterna o lado nas proglotes. HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Moluscos
-Cápsulas ovígeras com um ovo no seu interior. terrestres, formigas e moscas.

LOCAL: Forma adulta no duodeno.

FORMA LARVAR: Cisticercóide.

Figura 177. Adulto de Davainea


proglotina.

CICLO BIOLÓGICO:
As proglotes grávidas vão ao meio ambiente Figura 178. Ovo de Raillietina
com as fezes e o molusco ingere os ovos. No
corpo desse molusco ocorre o desenvolvimento

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CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA -Corpo com muitas proglotes.


FORMA ADULTA: -Presença de ventosas sem ganchos.
- Proglotes em formato de trapézio. -Proglotes grávidas com cápsulas ovígeras
-Cápsulas ovígeras contendo de 6 a 18 ovos. contendo ovos.
-Pode ou não apresentar rostelo.
-Não se vê genitália. SUBFAMÍLIA DILEPIDINAE
GÊNERO Dipylidium
CICLO BIOLÓGICO: ESPÉCIE Dipylidium caninum
As proglotes grávidas vão ao meio ambiente
com as fezes e o molusco ingere os ovos. No HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cão.
corpo desse molusco ocorre o desenvolvimento
da forma larvar e o hospedeiro definitivo se HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Pulgas
infecta ingerindo o hospedeiro intermediário. No (Ctenocephalides felis e C. canis) e piolho
tubo digestivo do hospedeiro definitivo as formas (Trichodectes canis).
larvares se fixam no intestino delgado e
desenvolvem-se até adultos. LOCAL: Forma adulta no duodeno.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: FORMA LARVAR: Cisticercóide.


As infecções podem levar a menor produtividade
do plantel, menor ganho de peso e CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA
conseqüentemente perdas econômicas. FORMA ADULTA:
-Aparelho genital duplo.
FAMÍLIA DILEPIDIDAE -Proglotes com laterais dilatadas.
-Presença de rostelo retrátil com ganchos.

CICLO BIOLÓGICO:
O cão infecta-se ao se coçar e lamber, quando
acidentalmente ingere a pulga contendo

Figura 179. Adulto de Dipylidium caninum Figura 180. Cápsula ovigera de Dipilydium
contendo ovos
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cisticercóide no seu interior. No intestino


delgado esse hospedeiro intermediário é FORMA LARVAR: Cisticercóide.
digerido e há liberação da forma larvar
cisticercóide, o escólex se evagina, se CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA
desenvolvem as proglotes e mais tarde as FORMA ADULTA:
proglotes grávidas saem nas fezes. O -Corpo com poucas proglotes (máximo 13).
hospedeiro intermediário se infecta ingerindo as -Proglotes mais largas do que altas.
cápsulas ovígeras com os ovos ou com os ovos -Aparelho genital simples.
e na cavidade celomática a larva se desenvolve. -Rostelo com ganchos e ventosas sem ganchos.
-Cápsulas ovígeras contendo ovos.

CICLO BIOLÓGICO:
O hospedeiro definitivo se infecta ao ingerir o
hospedeiro intermediário que contém a forma
larvar. No tubo digestivo do hospedeiro definitivo
ela se fixa no intestino delgado e desenvolve-se
eliminando mais tarde, as proglotes grávidas
que saem nas fezes. No ambiente o hospedeiro
intermediário ingere os ovos que originam a
Figura 181. Ciclo de Dipylidium caninum
forma larvar.

IMP.MED.VET:
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
Há uma incidência grande em criações de cães.
A importância é nas criações extensivas onde as
As proglotes ativas saem pelo ânus causando
aves ficam em contato direto com o chão e
um prurido muito grande o que leva muitas
conseqüentemente com minhocas. Em
vezes o cão a arrastar o traseiro no chão. Em
infecções elevadíssimas leva a alterações como
casos de altas infecções pode ocorrer
gastrenterite, queda no desenvolvimento das
inflamação intestinal, diarréia e cólica.
aves e da produção.

GÊNERO Amoebotaenia FAMÍLIA ANOPLOCEPHALIDAE


ESPÉCIE Amoebotaenia sphenoides (Anoplo- desarmado/ cephalidae- cabeça)

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Galináceos CARACTERÍSTICAS


domésticos. -Escólex globoso com ventosas bem visíveis e
sem ganchos.
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Minhoca. -Sem rostelo.
-Útero no plano horizontal com saculações
LOCAL: Forma adulta no duodeno. verticais.
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ESPËCIE Anoplocephala magna


SUBFAMÍLIA ANOPLOCEPHALINAE
GÊNERO Anoplocephala HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.

ESPËCIE Anoplocephala perfoliata


HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos (ácaros cryptostigmata).

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Ácaros LOCAL: forma adulta no intestino delgado e

oribatídeos = ácaros cryptostigmata). grosso.

LOCAL: Forma adulta no intestino delgado e FORMA LARVAR: cisticercóide.

grosso.
CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA:
-Estróbilo se destaca.
-Corpo maior.
-Não apresenta projeções digitiformes.
-Ventosas que “olham” para cima.
-Não se vê estruturas internas.
-Proglotes empilhadas.

Projeções
digitiformes

Figura 182. Porção anterior de A. perfoliata

FORMA LARVAR: Cisticercóide.

CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: Figura 183. Anoplocephala magna.


-Estróbilo não se destaca.
GÊNERO Paranoplocephala
-Ventosas olham para as laterais.
ESPËCIE Paranoplocephala mamillana
-Proglotes empilhadas.
-Não se vêem estruturas internas.
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.
-2 pares de projeções digitiformes.

GÊNERO Anoplocephala
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C
A

Figura 184. Ciclo biológico de Anoplocephalidae de eqüinos.

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA:


(ácaros cryptostigmata). -Fendas nas ventosas.
-Ovário de um lado e testículos do outro.
LOCAL: forma adulta no intestino delgado ou -Tamanho do corpo menor que Anoplocephala.
região pilórica do estômago.
CICLO BIOLÓGICO GERAL:
FORMA LARVAR: cisticercóide. As proglotes grávidas se destacam e vão ao
solo com as fezes (A) os ovos liberados são
ingeridos por ácaros (B), no interior do ácaro se
forma o cisticercóide. O ácaro é ingerido pelo
eqüino há liberação do cisticercóide que fixa-se
no intestino delgado tornando-se adulto (C). Um
a dois meses após a ingestão de ácaros
infectados com a forma larvar, os vermes
adultos são encontrados no intestino dos
eqüinos.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


Figura 185. Ovo de
Em infecções altas pode causar inflamação no

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ponto de fixação do parasito (intestino delgado e FORMA LARVAR: cisticercóide.


grosso) causando obstrução intestinal e
raramente perfuração intestinal. Isso ocorre com CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA:
mais intensidade em Anoplocephala perfoliata e -Glândulas interproglotidianas espalhadas nas
quase não ocorre em Paranoplocephala bordas das proglotes.
mamillana.
ESPÉCIE Moniezia benedeni
FAMÍLIA ANOPLOCEPHALIDAE HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes.
GÊNERO Moniezia
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos

CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA: (ácaros cryptostigmata).

-Escólex com ventosas bem visíveis.


-Pescoço fino e longo. LOCAL: Forma adulta no intestino delgado.

-Aparelho genital duplo.


-Atinge 4,5 a 6 metros. FORMA LARVAR: Cisticercóide.

ESPÉCIE Moniezia expansa CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA:

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes. -Glândulas interproglotidianas comprimidas no


terço mediano das bordas das proglotes.

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Oribatídeos


(ácaros cryptostigmata). CICLO EVOLUTIVO GERAL:
As proglotes grávidas ou ovos são eliminados

LOCAL: Forma adulta no intestino delgado. nas fezes e no pasto são ingeridos por ácaros e
nesses se desenvolvem as formas larvares. O
hospedeiro definitivo se contamina ingerindo

Escólex

Figura 187. Ovos de Moniezia.


Figura 186. Moniezia, anoplocephalidae de
ruminantes.
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Figura 188. Ciclo biológico de Anoplocephalidae de ruminantes.

acidentalmente os ácaros nas pastagens. As LOCAL: Forma adulta no ducto biliar e


formas adultas se fixam no intestino delgado pancreático.
onde ocorre maturação e fecundação das
proglotes. FORMA LARVAR: Cisticercóide.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: CARACTERÍSTICAS DA FORMA ADULTA:


Embora sejam pouco patogênicos, em grandes -Franjas na borda posterior de cada proglote.
infecções de cordeiros jovens pode levar a -Aparelho genital duplo.
redução do peso corporal reduzindo assim a
qualidade da lã.

SUBFAMÍLIA THYSANOSOMINAE
GÊNERO Thysanosoma
ESPÉCIE Thysanosoma actinioides

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes.

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Ácaros.


Figura 189. Proglotes franjados de
Thysanosoma

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Cestóides
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CICLO BIOLÓGICO: IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA:


As proglotes grávidas são eliminadas nas fezes A infecção leva a obstrução do ducto biliar
onde ocorre a liberação dos ovos. No pasto são levando a icterícia e até colangite.
ingeridos por ácaros e nesses se desenvolvem
as formas larvares (cisticercóides). O
hospedeiro definitivo contamina-se ingerindo
acidentalmente os ácaros nas pastagens. As
formas larvares vão via corrente sanguínea ao
ducto biliar e pancreático, onde ocorre o
desenvolvimento, maturação e fecundação das
proglotes.

Figura 190. Thysanosoma actinioides adulto.

Figura 191. Ovos de Thysanosoma sp. Fora da


cápsula ovígera.

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Nematóides
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CLASSE
FILO NEMATHELMINTHES NEMATODA

ORDEM
STRONGYLIDA ORDEM ORDEM ORDEM ORDEM ORDEM
OXYURIDA ASCARIDIDA SPIRURIDA ENOPLIDA RHABDITIDA

FAMILIA
STRONGYLIDAE FAMILIA
Strongylus FAMÍLIA FAMÍLIA FAMÍLIA FAMÍLIA STRONGYLOIDIDAE
OXYURIDAE ASCARIDIIDAE PHYSALOPTERIDAE DIOCTOPHYMATIDAE Strongyloides
Oxyuris Ascaridia Physaloptera Dioctophyma
FAMILIA Passalurus
SYNGAMIDAE Syphacia
Stephanurus FAMÍLIA FAMÍLIA THELAZIIDAE FAMÍLIA
Syngamus HETERAKIDAE Thelazia TRICHURIDAE
Heterakis Oxyspirura Capillaria
Trichuris
FAMÍLIA
ANCYLOSTOMATIDAE FAMÍLIA SPIROCERCIDAE
Ancylostoma FAMÍLIA Ascarops
Bunostomum ASCARIDIDAE Physocephalus
Ascaris Spirocerca
Parascaris
FAMÍLIA Toxascaris
CHABERTIDAE Toxocara
Chabertia FAMÍLIA
Oesophagostomum HABRONEMATIDAE
FAMÍLIA Habronema
ACUARIIDAE
Cheilospirura
FAMILIA
Dispharynx
TRICHOSTRONGYLIDAE
Cooperia FAMÍLIA
Ostertagia ONCHOCERCIDAE
Teladorsagia Dirofilaria
FAMÍLIA
Trichostrongylus Dipetalonema
SUBULURIDAE
Haemonchus Onchocerca
Subulura
Setaria

FAMILIA
DICTYOCAULIDAE
Dictyocaulus
Nematodirus

FAMILIA
ANGIOSTRONGYLIDAE
Aelurostrongylus
Angiostrongylus

FAMILIA
METASTRONGYLIDAE
Metastrongylus

FAMILIA
PROTOSTRONGYLIDAE
Muellerius
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Nematóides
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PARTE III
Nematóides
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FILO NEMATHELMINTOS
CLASSE NEMATODA
CARACTERÍSTICAS
- Vermes de corpo cilíndrico.
- Simetria bilateral.
- Dupla camada de membranas.
- Músculos lisos segmentados entre as
membranas.
- Pode apresentar cristas, espinhos ou asas
(essas podem ser cefálicas, cervicais ou
caudais).
- Sistema digestivo completo (boca, vestíbulo
oral, lábios, esôfago, faringe, intestino e ânus ou
abertura anal).
- Dimorfismo sexual (embora existam fêmeas
partenogenéticas).

TIPOS DE BOCAS, VESTÍBULOS ORAIS E


LÁBIOS Figura 192. Alguns exemplos de esôfago de
nematóides.
- Boca simples, com coroa franjada ou ainda
com espinhos ou dentes (para hematófagos). -Com abertura anal no final do corpo.
- Vestíbulo oral simples, com lamelas ou com -Com abertura anal no meio do corpo.
dentes.
- Trilabiada, bilabiada ou com interlábios. SISTEMA GENITAL FEMININO:
É composto por dois ovários, dois ovidutos, um
TIPOS DE ESÔFAGO útero, uma vagina e uma vulva. Quanto ao tipo
-Simples ou filariforme. de útero podem ser:
-Oxiuriforme (com bulbo posterior). 1.Opistodelfas: útero voltado para a parte
-Rabditiforme (com istmo e bulbo). posterior do corpo.
-Com bulbo anterior. 2.Prodelfas: útero voltado para a parte anterior
-Com dois bulbos. do corpo.
-Com divertículo. 3.Anfidelfas: útero dividido, sendo que os
ovários ficam um para cada lado do corpo.
TIPOS DE INTESTINO
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Nematóides
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4.Mesodelfas: útero faz uma volta, onde os (que são estruturas quitinizadas para condução
ovários quase se tocam. do sêmen à abertura genital e que podem ser
simples, com ganchos ou ornamentados), um
SISTEMA GENITAL MASCULINO: gubernáculo (que orienta os espículos durante a
É composto por dois testículos, dois canais cópula) e 1 bolsa copuladora com raios bursais.
deferentes, um canal ejaculador, dois espículos Essa é dividida em troncos (para abraçar a
fêmea):
1. Tronco ventral: dois troncos para cima.
2. Tronco lateral: três troncos para trás.
3. Tronco dorsal: três troncos para trás.

FORMA INFECTANTE PARA O HOSPEDEIRO


A maioria dos nematóides infecta por L3.

TIPOS DE OVOS
1. Simples.
2. Operculado.
3. Bioperculado.
4. Larvado.

Figura 193. Estrutura de um macho de 1 2


nematóide.

3 4

Figura 195. Tipos de ovos de


nematóide.

A casca apresenta três camadas:


1. Membrana de fertilização: responsável pela
secreção da casca. É a parte mais interna.
Figura 194. Estrutura de uma fêmea de 2. Membrana lipoídica
nematóide.

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Nematóides
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3. Membrana protéica: só aparece em alguns GÊNERO Strongyloides


helmintos e esses ficam mais resistentes à ESPÉCIE – Strongyloides sp.
condições ambientais ( ex: Ascarídeos). Strongy- redondo/ oides- forma
OBS: os ovos podem ser encontrados em fezes,
urina e expectoração brônquica. HOSPEDEIRO DEFINITIVO:
S. westeri: Eqüinos.
TIPOS DE FÊMEAS S. ransomi: Suínos.
1.Ovovivíparas: Postura de ovos com embrião S. papillosus: Bovinos.
ou larva formada (na hora da postura). S. stercoralis: Homem, cão e gato.
2.Ovíparas: Postura de ovos no 1° estágio (sem
segmentação). LOCAL: Intestino delgado
3.Vivíparas: fêmeas fazem postura de larvas.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
OBS: A resistência da larva é devido a sua
-Tamanho muito pequeno (♀ parasitas menores
cutícula. Em cada muda ela perde a cutícula e
ganha outra, a não ser na passagem de L2 para que 1 cm).
L3, pois aí a L3 retém a cutícula da L2 ficando -Fêmeas partenogenéticas, com boca trilabiada,
com duas e se tornando assim mais resistente sem cápsula bucal e com esôfago claviforme.
às condições do meio ambiente. -Ovário e útero anfidelfos (alças p/ lados
diferentes) e no 2° quarto do corpo.
FORMAS DE INFECÇÃO -Larvas com esôfago filariforme, ocupando um
-Picada de mosquito. terço do tamanho do corpo.
-Ingestão de ovos. -Aparecem ovos por todo o corpo da fêmea.
-Ingestão de larvas. -Ovo larvado com 50 a 60 micras.
-Ingestão do HI.
-Infecção cutânea (penetração).

O desenvolvimento de L3 a adulto pode ser de


várias formas: Alguns ficam no tubo digestivo e
ali se desenvolvem; alguns se desenvolvem
fixados à mucosa; e outros vão a circulação indo
se desenvolver nos órgãos.

ORDEM RHABDITIDA
SUPERFAMÍLIA RHABDITOIDEA
FAMÍLIA STRONGYLOIDIDAE
Figura 196. Ovo larvado de Strongyloides.

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através da ingestão de alimentos contaminados


aonde a L3 chega ao tubo digestivo e no
intestino rompe a parede, passa para a
circulação e repete o ciclo. Também pode haver
contaminação placentária.

2 - Heterogômico ou indireto: Em condições


ambientais ideais a L1 segue o caminho que
dará origem a L3 (forma infectante) ou origina
formas não infectantes, ou seja, L1, L2, L3, L4 e
L5 que amadurecem, vão a adultos de vida livre
e copulam gerando formas parasitárias (fêmeas
partenogenéticas).

PPP- 15 à 25 dias

IMP.MED.VET:
Atingem exclusivamente animais jovens
Figura 197. Ciclo biológico de Strongyloides (primeiros meses de idade), podendo afetar
sp. fêmeas em lactação. A penetração das larvas na
OBS: Só as fêmeas partenogenéticas são pele causa irritação, inflamação local e dermatite
parasitas. Essas são triplóides e possuem localizada (que pode ser purulenta), tudo
esôfago filariforme. Machos são haplóides e depende do número de larvas e do local de
fêmeas de vida livre são diplóides e produzem penetração. A passagem pelo pulmão pode
indivíduos triplóides. Esses possuem esôfago causar processos inflamatórios (pneumonia) e
rabditiforme (ocupa ¼ do corpo). as formas adultas que estão nas vilosidades
intestinais promovem a erosão destas
CICLO BIOLÓGICO: provocando infecção e levando a enterite
1 - Homogômico ou direto: Em condições catarral, que apresenta muito catarro e muco.
ambientais favoráveis a L1 vai a L2 e L3 dentro Pode gerar também aumento do peristaltismo
ou fora do ovo. O hospedeiro definitivo se intestinal provocando diarréia, má absorção
contamina através da penetração das larvas L3 alimentar, desidratação o que acarreta
na pele e essas ganham as arteríolas, coração, diminuição do desenvolvimento dos animais
pulmão e nos bronquíolos a L3 passa a L4 e vai jovens. Em casos graves leva a morte do
aos brônquios, traquéia, laringe, onde são animal.
deglutidas caem no tubo digestivo e passam a Período pré-patente- 15- 25 dias.
L5 (larvas jovens) desenvolvendo-se as fêmeas
partenogenéticas. Outra forma de infecção é

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OBS: Utiliza-se para diagnóstico a técnica -Macho com um espículo e asa caudal.
MACMASTER no caso de S. westeri, S. -Ovos operculados, ovais e amarelados.
ransomi e S. papillosus. Já para diagnosticar S.
stercoralis utiliza-se a técnica de BAERMAN que
procura larvas, pois os ovos são postos num
estágio mais avançado.

ORDEM OXYURIDA
SUPERFAMÍLIA OXYUROIDEA
FAMÍLIA OXYURIDAE
-Boca trilabiada.
-Esôfago oxyuriforme ou rabditiforme.

Figura 199. Adulto de Oxyuris.


GÊNERO Oxyuris
.
ESPÉCIE - Oxyuris equi
CICLO BIOLÓGICO:
A - Ovo com L3 é ingerido.
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.
B,C – Larva liberada no intestino.
D – passa a L4 e L5 (adultos).
LOCAL: Intestino grosso
E - Fêmea migra até o ânus onde deposita ovos
na região perianal com uma substância
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
cimentante.
-Tamanho médio (♀ - 4 a 15 cm, ♂ - 0,9 a 1,2

cm). PPP = Quatro a cinco meses.

-Esôfago oxyuriforme, com istmo longo.


-Cauda terminando em forma de chicote.
-Fêmeas com muitos ovos por toda a extensão
do corpo.
B,C
E A
D

Figura 200. Ciclo biológico de Oxyuris equi.


Figura 198. Ovo de Oxyuris equi
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Obs: Larvas podem eclodir e voltar ao intestino LOCAL: Cecos.


grosso – retroinfecção.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: -Tamanho pequeno – 4 a 15 mm.
As formas jovens são mais patogênicas, -Boca trilabiada.
principalmente as L3 que penetram na mucosa -Esôfago bulbiforme.
levando à inflamações intestinais (enterite) -Machos apresentam dois espículos de
seguidas de diarréia. A substância colocada tamanhos diferentes, uma ventosa pré-cloacal e
com o ovo na região perianal provoca um asa caudal na extremidade posterior. Também
prurido intenso e o animal se coça, se apresenta papilas pré-cloacais, cloacais e pós-
machucando e podendo perder pelo. cloacais.

ORDEM ASCARIDIDA CICLO BIOLÓGICO:


-Apresentam papilas pré-cloacais, cloacais e Ciclo direto, sem migração. No ceco, as fêmeas
pós-cloacais. fazem a postura de ovos (com uma célula e
casca espessa) e esses saem com as fezes
SUPERFAMÍLIA ASCARIDOIDEA para o meio ambiente. Ocorre o
FAMÍLIA HETERAKIDAE desenvolvimento de L1 dentro do ovo (passa a

GÊNERO Heterakis L2 e L3) e o HD se infecta ingerindo os ovos


com a forma infectante (L3). No tubo digestivo
ESPÉCIE - Heterakis gallinarum
da ave, que também pode ingerir minhocas que
mantém larvas L3 em seus tecidos, a L3 é
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Aves.
liberada e vai ao ceco. Uma parte das larvas
penetra profundamente na mucosa cecal e outra
H. PARATÊNICO (de transporte): Minhoca.
fica nas criptas do epitélio cecal fazendo as
mudas para L4 e L5 e depois passando a
adultos.

Figura 202. Ovo de Heterakis sp.


Figura 201. Adultos de Heterakis gallinarum

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fêmea faz a postura dos ovos que são levados


PPP = 4 semanas. ao meio ambiente com as fezes. No interior do
ovo em condições de temperatura e umidade
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: adequadas há a formação da L1, L2 e L3.
As larvas podem causar espessamento de
mucosa cecal causando pequenas inflamações. IMP.MED.VET:
As larvas ao se alimentarem da mucosa podem É um dos helmintos mais comuns de aves. Um
ingerir e depois transmitir um protozoário grande número de parasitas pode obstruir o
chamado Histomonas meleagridis (ou ele entra intestino e causar a morte da ave. Geralmente é
na formação do ovo). É patogênico para perus grave em animais jovens (até três meses de
jovens por isso não se recomenda criar perus idade).
em terrenos já utilizados por galinhas.

FAMÍLIA ASCARIDIIDAE SUPERFAMÍLIA ASCARIDOIDEA


GÊNERO - Ascaridia FAMÍLIA ASCARIDIDAE

ESPÉCIE: Ascaridia galli SUBFAMÍLIA ASCARIDINAE


GÊNERO Ascaris
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Aves.
CARACTERÍSTICAS:
LOCAL: Intestino delgado. - São parasitos de animais jovens porque
interferem no crescimento e no ganho de peso.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: - Os ovos têm casca muito espessa e isso os

-Tamanho médio (♀ - 6 a 12 cm, ♂ -1 a 2 cm). torna extremamente resistentes no solo.


- O ovo não é atingido por desinfetantes.
-Esôfago claviforme.
- A fêmea coloca até 20.000 ovos por dia.
-Ovos semelhantes so de Heterakis.
-Boca trilabiada.
ESPÉCIE Ascaris lumbricoides
-Machos apresentam dois espículos de mesmo
tamanho e uma ventosa pré-cloacal na
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem.
extremidade posterior. Também apresenta
papilas pré-cloacais, cloacais e pós-cloacais.
LOCAL: Intestino delgado.
-A cauda nos machos termina abruptamente.

GÊNERO Ascaris
CICLO BIOLÓGICO:
ESPÉCIE Ascaris suum
O ciclo evolutivo é direto (sem migração). A ave
ingere o ovo com a L3 (estádio infectante). A L3
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Suínos.
eclode no intestino delgado onde passam a L4 e
adultos (Machos e fêmeas). Há a cópula e a

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LOCAL: intestino delgado.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho grande (♀ - 20 a 40 cm,♂ -15 a 25

cm).

-Vagina no terço anterior.

-Fêmeas terminam em cauda romba e machos


possuem 2 espículos.
-Boca trilabiada.
Figura 204. Ciclo biológico de Ascaris suum.

quando sai nas fezes não está larvado (B), mas


para ser infectante precisa ocorrer a formação
da L3 (Larva 3) no seu interior (C).
PPP = 2 meses.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


As larvas podem causar pneumonia transitória
(pulmão), anemia do leitão e manchas
esbranquiçadas que condenam o fígado e que
representam inflamação. Os vermes adultos
Figura 203. Ovo de Ascaris suum.
podem levar a obstrução intestinal e icterícia, o
que também pode levar a condenação da
CICLO BIOLÓGICO:
carcaça. Há importância em suínos jovens pois
Os suínos se infectam ao ingerirem (E) o ovo
leva a diminuição no ganho de peso levando a
com membrana dupla contendo L3, ou ao ingerir
um prolongamento no período de engorda.
hospedeiros paratênicos (minhocas ou
besouros) contendo a L3 que é liberada no tubo
GÊNERO Parascaris
digestivo (intestino principalmente ceco). A L3
penetra na mucosa (F), por via linfática vai aos ESPÉCIE Parascaris equorum

linfonodos e pela veia porta vai ao fígado (G),


HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.
coração e pulmão (H) via circulação. A muda
para L4 ocorre nos alvéolos, a larva (L4) vai à
LOCAL: Intestino delgado.
glote (I) é redeglutida e no intestino delgado elas
se alojam fazendo o resto das suas mudas (L5)
e se tornando adultos. As fêmeas fazem a CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

postura e os ovos saem nas fezes (A). O ovo

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-Tamanho grande – (♀ - 20 a 50 cm,♂ -15 a 28


GÊNERO Neoascaris (Toxocara)
cm).
ESPÉCIE - Neoascaris vitulorum
-Machos possuem asa caudal.
-Boca trilabiada com interlábios. HOSPEDEIRO DEFINITIVO – Bovídeos.

PPP: Um a três meses. LOCAL – Intestino delgado.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho grande – (♀ - 22 a 30 cm,♂ -15 a 26

cm).

-Cor esbranquiçada.
-Cabeça mais estreita que o corpo.
-Boca trilabiada.
-Ovos com 60 a 100 µm.

CICLO – Semelhante ao do Ascaris.

Figura 205. Adultos de Parascaris


SUBFAMÍLIA TOXOCARINAE
GÊNERO Toxocara
CICLO: Semelhante ao do Ascaris suum. ESPÉCIE - Toxocara canis

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães.


Pode ocasionar cólica e obstrução no intestino
delgado de potros. LOCAL: intestino delgado.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho médio (♀ - 9 a 18 cm,♂ - 4 a 10 cm).

-Esôfago claviforme.
-Boca trilabiada.
-Asa cervical longa e estreita.
-Apresentam ventrículo esofagiano.
-Macho tem uma projeção digitiforme na cauda.

ESPÉCIE - Toxocara cati


Figura 206. Boca trilabiada de

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HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Gatos.


HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Felinos e caninos.
LOCAL: Intestino delgado.
LOCAL: Intestino delgado.

CARACTERÍSTICAS:

-Tamanho médio – (♀ - 2 a 10 cm,♂ - 2 a 7 cm).

-Esôfago claviforme.
-Boca trilabiada.
-Asa cervical.
-Não apresentam ventrículo esofagiano.

Figura 207. Ovo de Toxocara

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho médio (♀ - 4 a 12 cm,♂ - 3 a 7 cm).

-Esôfago claviforme.
-Boca trilabiada.
-Asa cervical larga e curta.
-Apresentam ventrículo esofagiano.
Figura 209. Ovo de Toxascaris sp.

CICLO BIOLÓGICO GERAL DE


TOXOCARINAE:
As fêmeas fazem a postura dos ovos que saem
nas fezes e forma-se a L1, L2 e L3 dentro do
ovo. O HD se infecta de 4 maneiras:

1) Via oral - o hospedeiro definitivo ingere o ovo


com a forma infectante, que é liberada no tubo
digestivo e penetra na mucosa do intestino
delgado e pela circulação porta vai ao fígado,
Figura 208. Adultos de Toxocara canis.
depois coração e alvéolos pulmonares, onde faz
a muda para L4, chega a glote sendo deglutida
GÊNERO Toxascaris e indo novamente ao intestino, onde muda para
ESPÉCIE - Toxascaris leonina L5 e torna-se adulta. Esse é o ciclo de Loss (ou

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hepatotraqueal) que ocorre em cães jovens (até migração pulmonar no filhote por essa via.
três meses), pois em cães adultos as larvas
chegam ao pulmão como L3 e pegam a 4) Via hospedeiros paratênicos - Pode haver
circulação de retorno para o coração e são contaminação através da ingestão de roedores e
bombeadas pela aorta para diferentes partes do aves (no caso de cães) e outros animais (no
corpo onde mantêm-se ativas por anos. caso de gatos).

PPP = Quatro a cinco semanas. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


A ingestão do ovo com a L3, no caso de
2) Via transplacentária - Em fêmeas gestantes Toxocara, pelo homem faz com que essa larva
as larvas passam pelo sangue arterial podendo passe pelo fígado e desencadeie reações de
contaminar o feto. Se a cadela contaminar-se corpo estranho, podendo causar lesões
antes da gestação e possuir as larvas na hepáticas conhecidas como larvas migrans
musculatura, em função das alterações visceral. Em cães a infecção pode levar à
hormonais elas podem ser reativadas e pneumonia, enterite mucóide e até oclusão
contaminar o feto. É a forma de contaminação parcial ou completa do intestino, e nos casos
mais importante nos cães, mas em gatos não mais raros, perfuração com peritonite.
ocorre.

3) Via transmamária - As fêmeas passam as


larvas aos filhotes através do leite. Não há

Figura 211. Cão com aparência típica


de infecção por ascarídeo.

ORDEM STRONGYLIDA
SUPERFAMÍLIA STRONGYLOIDEA
-Macho com bolsa copuladora que se
movimenta para auxiliar o movimento da cópula.
-Ovos de casca dupla e fina com várias células
no seu interior (ovo morulado).

FAMÍLIA STRONGYLIDAE
CARACTERÍSTICAS:
Figura 210. Ciclo biológico de Toxocara canis.
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-Presença de cápsula bucal.


-Presença de esôfago claviforme.

SUBFAMÍLIA STRONGYLINAE
S. equinus
-Cápsula bucal com formato subglobular.
-Adultos hematófagos.

Figura 214. Da Esquerda para direita: Cápsula


bucal de Strongylus edentatus, S. equinus e S.
vulgaris.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

• Tamanho de pequeno a médio (♀ - 2 a 2,5

cm, ♂ - 1 a 1,6 cm).

Figura 212. Adultos de Strongylus. • Adultos hematófagos.


• Cápsula bucal grande, com coroa franjada,
apresentando dois dentes arredondados e um
GRANDES STRONGYLÍDEOS: ducto da glândula esofagiana.
GÊNERO Strongylus • Esôfago claviforme.
ESPÉCIE: Strongylus vulgaris • Machos com bolsa copuladora e 2 espículos
de tamanho médio.
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. • Fêmeas terminando afiladamente.

LOCAL: Intestino grosso.

Figura 213. Cápsula bucal de


Strongylus vulgaris. Figura 215. Ciclo biológico de Strongylus.
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CICLO BIOLÓGICO:
O hospedeiro definitivo ingere a L3 nas
pastagens ou na água contaminada. No
intestino delgado a larva perde a bainha de
proteção e vai ao intestino grosso penetrar na
mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Vai
então à íntima da artéria mesentérica e
atravessa a art. mesentérica anterior (cranial)
fazendo aí as mudas para L4 e L5 e formando Figura 217. Ovo de Strongylus sp. Pode-se
nódulos e lesões chamadas de arterite. Quando contar os blastômeros

a L5 se desprende, atravessa a parede do mesentérica anterior são responsáveis por


ceco/cólon caindo na luz intestinal. Nesse local tromboembolias que levam a cólicas, o que
ocorre a diferenciação sexual (machos e pode até matar o animal por hemorragia interna
fêmeas). Após a cópula as fêmeas colocam os pelo rompimento da artéria.
ovos que saem nas fezes e se desenvolvem no
meio ambiente. ESPÉCIE: Strongylus equinus
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.

LOCAL: Intestino grosso.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho de pequeno à médio (♀ - 3,5 a 5,5

Figura 216. L3 de Strongylus vulgaris


obtida de coprocultura.

PPP = Seis a sete meses.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


É a espécie mais patogênica para eqüinos, Figura 218. Cápsula bucal
de Strongylus equinus.
porque os nódulos formados na artéria

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cm, ♂ - 2,5 a 3,6 cm).

-Adultos hematófagos.
-Cápsula bucal grande, com coroa franjada e
apresentando três dentes pontiagudos (sendo
um deles com ponta bífida) e um ducto da
glândula esofagiana.
-Esôfago claviforme.
-Ovos medindo 98 µm de comprimento.

CICLO BIOLÓGICO:
O hospedeiro definitivo ingere a L3 nas
pastagens ou na água contaminada. No Figura 219. Cápsula bucal
de S. edentatus.
intestino delgado a larva perde a bainha de
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
proteção e vai ao intestino grosso penetrar na
mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). -Tamanho de pequeno a médio (♀ - 3,3 a 4,4

Atinge então a subserosa formando nódulos e cm, ♂ - 2,3 a 2,8 cm).


após 11 dias atinge a cavidade peritonial (já
-Adultos hematófagos.
como L4) e migra para o fígado onde provoca
-Cápsula bucal grande, com coroa franjada, um
lesões. Após ± 3 meses, vai ao intestino grosso
ducto da glândula esofagiana e sem apresentar
como L5 e aí amadurece virando adulto com
dentes.
260 dias. Após a postura os ovos saem nas
-Esôfago claviforme.
fezes e se desenvolvem em meio ambiente.

CICLO BIOLÓGICO:
PPP = 9 meses.
O Hospedeiro definitivo ingere a L3 nas
pastagens ou na água contaminada. No
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
intestino delgado a larva perde a bainha de
Dependendo da quantidade de L3 ingerida o
proteção e vai ao intestino grosso penetrar na
animal pode apresentar emagrecimento, dor,
mucosa (pode penetrar no delgado mesmo). Vai
cólica devido a função hepática ou pancreática
assim pela circulação porta ao fígado (após 11 a
estar anormal.
18 dias) e depois de 9 semanas migram pelo
ligamento hepático formando nódulos, nesse
ESPÉCIE - Strongylus edentatus
local fazem mudas para L4 e L5. Vão então à
cavidade peritonial, penetram na mucosa do
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.
ceco e cólon onde aparecem nódulos
hemorrágicos e após 3 a 5 meses já estão no
LOCAL: Intestino grosso.
lúmem para que haja cópula, postura e liberação

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dos ovos nas fezes com posterior -Cápsula bucal de tamanho médio, com coroa
desenvolvimento desses no meio ambiente. franjada, ducto da glândula esofagiana e com
lâminas serrilhadas no fundo da cápsula.
PPP = Três a cinco meses.
CICLO BIOLÓGICO:
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: Não migratório, os adultos também são
Dependendo da quantidade de L3 ingerida o hematófagos.
animal pode apresentar emagrecimento, dor, Não há muitas informações sobre o ciclo de
cólica ocasionados pela função hepática desenvolvimento deste parasito.
anormal e pelos nódulos no ceco/cólon.
PEQUENOS STRONGYLÍDEOS:
GÊNERO Triodontophorus SUBFAMÍLIA - CYATHOSTOMINAE

ESPÉCIE - Triodontophorus sp.


HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.


LOCAL: Intestino grosso.

LOCAL: Intestino grosso.


CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Tamanho pequeno (Menores que 1,5 cm).

-Tamanho de pequeno a médio (♀ - 2,5 cm, ♂ - -Não são hematófagos.


-Cápsula bucal de formato retangular e com
1,8 cm).
parede espessa, com coroa franjada dupla,
-Adultos hematófagos.

Figura 220. Cápsula bucal de


Triodontophorus sp.
Figura 221. Cápsula bucal de um
pequeno estrôngilo.
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ducto da glândula esofagiana e com lâminas no


fundo da cápsula. FAMÍLIA SYNGAMIDAE
-Esôfago claviforme.
CARACTERÍSTICAS:
CICLO BIOLÓGICO: -Parasitas que vivem em permanente cópula.
Após serem ingeridas, as L3 infectantes -Formato de taça.
penetram nas glândulas do intestino grosso
(ceco e cólon) e migram dentro da mucosa. O SUBFAMÍLIA SYNGAMINAE
hospedeiro forma um foco de células GÊNERO Syngamus
inflamatórias ao redor das larvas. As larvas ESPÉCIE - Syngamus trachea
mudam para L4 dentro desses nódulos
inflamatórios na segunda semana da infecção e HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Aves
emergem para o lúmem um a dois meses depois
para amadurecerem (L5). Em animais HOSPEDEIRO PARATÊNICO: Minhocas,
reinfectados as L4 permanecem nos nódulos por moluscos.
vários meses, o que é conhecido como
hipobiose larval estimulada pela imunidade do LOCAL: Traquéia.
animal. Os ovos começam a aparecer nas fezes
6 a 14 semanas na primo infecção e 12 a 18 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
semanas na reinfecção. No ambiente as larvas
-Tamanho pequeno (♀ - 0,6 a 4 cm, ♂ - 0,2 a
passam a L1- L2- L3 em quatro a cinco dias
(250C e 70% umidade). 0,6 cm).

-Cápsula bucal em forma de taça com coroa


IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: franjada e dentículos em sua base.
Esta infecção pode produzir diarréia, cólica e -Esôfago claviforme e bem musculoso.
ocasionalmente morte. Na necrópsia pode ser -Aparecem sempre em cópula, sendo que o
observada inflamação no ceco e cólon, com
numerosas larvas dentro da mucosa.
A patogenicidade é baixa.

Fêmea

Macho

Figura 223. Macho e fêmea de Syngamus


Figura 222. Nódulos na mucosa
trachea.
do intestino grosso com pequenos
estrôngilos.
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macho apresenta bolsa copuladora forte e


quitinizada com dois espículos de tamanho curto
e a fêmea termina afiladamente.
-A abertura vulvar é no meio do corpo.

CICLO BIOLÓGICO:
Adultos na traquéia copulam e a fêmea faz a
postura dos ovos. Estes podem ser
expectorados para o meio ambiente ou
deglutidos e então eliminados com as fezes do Figura 225. Adultos de Syngamus trachea na
traquéia de uma ave.
hospedeiro. Há o desenvolvimento da L1, L2 e
L3 no interior do ovo. Há a eclosão da L3 para o
meio ambiente. O hospedeiro definitivo pode se IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
infectar de três maneiras: (A) ingerindo o ovo Em aves jovens a infecção é mais grave. Há
com a L3. (B) ingerindo a L3 livre no ambiente. formação de mucosidade que pode obstruir a
(C) ingerindo um hospedeiro paratênico traquéia e brônquios e matar por asfixia. No
infectado com a L3. As L3 ingeridas pelo ponto onde os vermes se fixam há formação de
hospedeiro definitivo libertam-se de sua cutícula, um nódulo cheio de pús que pode se
atravessam a parede intestinal (D), e pela transformar em abscesso causando obstrução
circulação atingem o fígado, coração e pulmões da traquéia. As aves apresentam-se com
(E). Nos pulmões perfuram os capilares dos dispnéia, intranqüilidade, bico aberto e pescoço
alvéolos e vão aos bronquíolos, brônquios e espichado como se tentassem deglutir algo.
traquéia (F) onde mudam para L4 e L5 (adultos). Pode ocorrer pneumonia.

SUB FAMÍLIA STEPHANURINAE


GÊNERO Stephanurus
ESPÉCIE - Stephanurus dentatus

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Suínos.

LOCAL: Gordura peri-renal.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho pequeno à médio (♀ - 2,8 a 4,5 cm, ♂

Figura 224. Ciclo biológico do Syngamus - 2 a 3 cm).


trachea.

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-Cápsula bucal em forma retangular, com duas gorduroso ou em comunicação dos cistos com
projeções cuticulares anteriores, com coroa ureteres por canalículos.Os ovos vão ao meio
franjada e dentículos em sua base. ambiente com a urina (J).
-Esôfago claviforme e bem musculoso.
-Os machos apresentam bolsa copuladora com 2) PERCUTÂNEA - As larvas L3 penetram na
raios curtos e atrofiados e dois espículos curtos, pele escarificada (C) e fazem migração para os
a fêmea termina afiladamente. pulmões onde se tornam L4, vão à aorta, fígado
-A abertura vulvar é no meio do corpo. (E) (leva 40 dias) onde migram por três a nove
meses, após passam a L5. Da cápsula de
Glisson elas vão ao tecido gorduroso perirenal
(F) onde se tornam adultos, que ficam
acasalados em cistos no próprio tecido
gorduroso ou em comunicação dos cistos com
ureteres por canalículos. Os ovos vão ao meio
ambiente com a urina (J).

3) PRÉ-NATAL - Quando as larvas L5 caem na


cavidade peritonial ocorre esse tipo de infecção.

Figura 226. Adultos de Stephanurus dentatus


em um ureter. PPP = 9 meses.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÁRIA:


CICLO BIOLÓGICO:
É uma doença de animais adultos, pois os
Os ovos saem na urina e no solo eclodem em
leitões são abatidos com seis meses de idade.
24 a 48 horas. A L3 se desenvolve em três a
cinco dias e o hospedeiro definitivo se
contamina de 4 maneiras:

1) ORAL – O suíno ingere a L3 (A) no ambiente


ou a minhoca (B) serve como hospedeiro de
transporte para L3 e o suíno ao ingerir a
minhoca se contamina. Na parede do estômago
(D) a larva faz sua muda para L4 e vai então ao
fígado(E) (em três dias) onde fica migrando por
3 a 9 meses, após passa a L4 e L5. Da cápsula
de Glisson elas vão ao tecido gorduroso
perirenal (F) onde se tornam adultos, que ficam
acasalados em cistos no próprio tecido
Figura 227. Ciclo biológico de Stephanurus
dentatus.
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Além disso, ocorre mais em animais criados em -Presença de vesícula cervical bem
piquetes. A presença de cistos comprime os desenvolvida e asa cervical pouco desenvolvida.
ureteres o que compromete o rim. Pode ainda Apresentam papilas cervicais
atingir outros órgãos como medula. -Machos com bolsa copuladora contendo dois
espículos de tamanho médio
PROFILAXIA: -Fêmeas terminando afiladamente
Deve-se manter os animais em locais
cimentados, limpos com comedouros mantidos
no alto evitando dessa maneira que os animais
urinem nesses locais.
Recomenda-se abate dos animais infectados.

FAMÍLIA CHABERTIDAE
SUBFAMÍLIA OESOPHAGOSTOMINAE

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
-Cápsula bucal retangular e pequena.
-Dilatações cuticulares.
-Presença de vesícula cefálica.

Figura 228. A- Vesícula cefálica B-


GÊNERO Oesophagostomum Vesícula cervical e C - Asa cervical de O.
ESPÉCIE - Oesophagostomum radiatum radiatum.

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos.


ESPÉCIE - Oesophagostomum columbianum

LOCAL: Intestino grosso.


HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Caprinos e ovinos.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
LOCAL: Intestino grosso.
-Tamanho pequeno (♀ - 1,6 a 2,2 cm, ♂ - 1,4 a
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
1,7 cm).
-Tamanho pequeno (♀ - 1,4 a 1,8 cm, ♂ - 1,2 a
-Cápsula bucal muito pequena, com coroa
franjada dupla e vesícula cefálica (ou colar 1,7 cm).
cefálico). -Cápsula bucal muito pequena, com coroa
-Esôfago claviforme
franjada dupla e vesícula cefálica.
-Esôfago claviforme.

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-Presença de vesícula cervical pouco -Cápsula bucal muito pequena, com coroa
desenvolvida e asa cervical bem desenvolvida. franjada dupla, vesícula cefálica e papilas
Apresentam papilas cervicais. cefálicas.
-Machos com bolsa copuladora contendo 2 -Esôfago claviforme.
espículos de tamanho médio. -Presença de vesícula e asa cervical pouco
-Fêmeas terminando afiladamente. desenvolvida.
-Apresentam papilas cervicais.
-Machos com bolsa copuladora e dois espículos
de tamanho médio e fêmeas terminando
afiladamente.

CICLO BIOLÓGICO GERAL DOS


OESOPHAGOSTOMUM:
O hospedeiro definitivo ingere as L3 e essas
penetram na mucosa de qualquer parte do
intestino delgado ou grosso e ficam envoltas em
nódulos evidentes, onde se dá a muda para L4.
As L4 emergem para a superfície da mucosa e
migram para o cólon onde se desenvolvem até
adultos.

Figura 229. A- Cápsula bucal PPP = 45 dias.


B- Coroa franjada e C –
Vesícula cervical de O.
columbianum

Ovo

ESPÉCIE - Oesophagostomum dentatum

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Suínos.

LOCAL: Intestino grosso.


Figura 230. Ciclo biológico de
Oesophagostomum sp.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho pequeno (♀ - 1,1 a 1,4 cm, ♂ - 0,8 a


IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
1 cm). Patologia mais ou menos acentuada. Os

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nódulos na parede do intestino são -Parasitos hematófagos e vorazes.


contaminados por bactérias. -Curvatura na extremidade anterior, no sentido
dorsal.

SUBFAMÍLIA ANCYLOSTOMINAE

CARACTERÍSTICAS
-Cápsula bucal subglobular e com dentes.
-Esôfago claviforme e musculoso.

GÊNERO Ancylostoma
ESPÉCIE Ancylostoma caninum
Figura 231. Nódulos contendo larvas de
Oesophagostomum sp.
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães.

OBS: CICLO DE VIDA LIVRE (para grandes LOCAL: Intestino delgado.

estrongilideos, pequenos estrongilideos e


oesophagostominae). Os ovos são eliminados CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

nas fezes e no meio ambiente (de acordo com -Tamanho pequeno (1 a 2 cm) e se apresenta

condições de umidade e temperatura) curvado dorsalmente.

desenvolvem-se. No solo o ovo se rompe e a L1 -Cápsula bucal subglobular grande e que

em locais de alta umidade (solo úmido e apresenta três pares de dentes no seu topo.

vegetação densa) cresce e troca de cutícula -Esôfago claviforme e bem musculoso.

passando à L2, que cresce e ao fazer a muda


para L3 retém a cutícula da L2 e forma outra,
possuindo assim uma cutícula dupla e mais
rugosa. Essa L3 contamina as pastagens e
águas próximas.
L1: apresenta um bulbo posterior.
L3: o bulbo desaparece.

SUPER FAMÍLIA ANCYLOSTOMATOIDEA


FAMÍLIA ANCYLOSTOMIDAE

Figura 232. Cápsula bucal de Ancylostoma


CARACTERÍSTICAS caninum.
-Presença de cápsula bucal na extremidade
anterior. ESPÉCIE - Ancylostoma braziliense

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definitivo por quatro vias:


HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães.
1) ORAL – o hospedeiro definitivo ingere a L3 ao
LOCAL: Intestino delgado. lamber-se e essa penetra nas glândulas
gástricas e intestinais onde faz muda para L4 e
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: quando chega ao lúmem passa a adulto, que se
-Tamanho pequeno e se apresenta curvado fixa na mucosa do intestino delgado. É o ciclo
dorsalmente direto.
-Cápsula bucal subglobular grande e que
apresenta 2 pares de dentes, sendo um grande PPP = ± 2 semanas.
e um pequeno .
-Esôfago claviforme e bem musculoso. 2) PERCUTÂNEA - As larvas penetram na pele
-Machos com bolsa copuladora e 2 espículos de do hospedeiro definitivo e migram pelos vasos
tamanho médio e fêmeas terminando sanguíneos ou linfáticos indo ao coração e
afiladamente. As fêmeas apresentam abertura depois ao pulmão, atingem os alvéolos (passam
vulvar no meio do corpo. a L4) os perfuram voltando então à glote e
sendo redeglutidas. No tubo digestivo ocorre a
CICLO BIOLÓGICO GERAL: penetração nas glândulas gástricas ou
Vermes Hematófagos. Fêmeas fazem postura, intestinais (passam a L5) e quando chegam ao
os ovos saem nas fezes e em condições ideais lúmem passam à adultos ficando fixados na
de desenvolvimento há liberação de L1, L2 e L3. mucosa do intestino delgado.
Isso ocorre em 5 dias e a L3 vai ao hospedeiro
PPP = Duas a três semanas.

3) TRANSPLACENTÁRIA – As larvas em
fêmeas gestantes migram através da circulação
e pela placenta contaminam os filhotes, nesses,
elas vão ao coração, pulmão, alvéolos e são
redeglutidas. No tubo digestivo penetram em
glândulas gástricas e intestinais onde fazem a
muda para L4. Quando chegam ao lúmem
mudam para L5 e adultos, que ficam fixados na
mucosa do intestino delgado. Os ancilóstomos
só chegam a maturidade quando o filhote nasce
e após 10 a 12 dias já há ovos nas suas fezes.

PPP = Duas a três semanas.


Figura 233. Ciclo biológico de Ancylostoma caninum.
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SUBFAMÍLIA BUNOSTOMINAE
CARACTERÍSTICAS
-Cápsula bucal não tão subglobular (mais
retangular).
-Presença de estruturas cortantes chamadas de
lancetas.

Figura 234. Vermes adultos de Ancylostoma


no intestino de cão. Fonte: Daniel Roulim
4) TRANSMAMÁRIA - As larvas nas fêmeas
migram para os vasos sanguíneos e linfáticos e
ao chegarem à irrigação das glândulas
mamárias contaminam os filhotes pelo leite. As
larvas no tubo digestivo desses filhotes Figura 235 Larva migrans cutânea
penetram nas glândulas gástricas ou intestinais transmitida pelo Ancylostoma.
e mudam para L4. Quando vão ao lúmem
passam a L5 e adultos que ficam fixados na
mucosa do intestino delgado. GÊNERO: Bunostomum
ESPÉCIE: Bunostomum phlebotomum
PPP = Duas a três semanas.

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos.


IMP.HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA:
A ancilostomose é uma zoonose pois LOCAL: Intestino delgado.
normalmente em as larvas podem penetrar pela
pele íntegra e ficar migrando nesse local CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
causando reação inflamatória. É a chamada
-Tamanho pequeno (♀ - 1,6 a 1,9 cm, ♂ - 1 a
larva migrans cutânea.
1,2 cm).
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: -Se apresentam curvados dorsalmente.
Os parasitos são hematófagos e podem causar -Hematófagos.
a morte dos animais por anemia microcítica -Cápsula bucal semi-retangular grande com dois
hipocrômica (hemácias menores e menos pares de placas quitinizadas no seu topo e 2
coradas).O sangue ingerido não é metabolizado pares de lancetas na sua base.
e sim reabsorvido no duodeno, fazendo com que -Esôfago claviforme e bem musculoso.
as fezes fiquem diarréicas e mais escuras.

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-Machos com bolsa copuladora e 2 espículos de 1) ORAL - o hospedeiro definitivo ingere a L3 e


tamanho levemente alados. essa penetra nas glândulas gástricas e
-As fêmeas apresentam abertura vulvar anterior intestinais, faz muda para L4 e quando chega ao
a metade do corpo. lúmem vai a adulto, que se fixam na mucosa do
intestino delgado. É o ciclo direto.

PPP = pouco menos de dois meses.

2) PERCUTÂNEA - As larvas penetram na pele


do hospedeiro definitivo e migram pelos vasos
sanguíneos ou linfáticos indo ao coração e
depois ao pulmão. Após, atingem os alvéolos
Figura 236. Extremidade anterior de (passam a L4) e os perfuram voltando então à
Bunostomum sp.
glote e sendo redeglutidas. No tubo digestivo
ocorre a penetração nas glândulas gástricas ou
ESPÉCIE - Bunostomum trigonocephalum
intestinais (passam a L5) e quando chegam ao
lúmem se transformam em adultos onde
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Caprinos e ovinos.
permanecem fixados na mucosa do intestino
delgado.
LOCAL: Intestino delgado.

PPP = 2 meses.
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Tamanho pequeno (♀ - 1,9 a 2,6 cm, ♂ - 1,2 a


IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
1,7 cm). Como são parasitos hematófagos causam
anemia principalmente em animais jovens. O
-Se apresentam curvados dorsalmente.
sangue ingerido não é metabolizado e sim
-Cápsula bucal semi-retangular grande com 2
reabsorvido no duodeno, fazendo com que as
pares de placas quitinizadas no seu topo e 1 par
fezes fiquem diarréicas e mais escuras.
de lancetas na sua base.
-Esôfago claviforme e bem musculoso.
PROFILAXIA
Manter os animais em locais limpos e separados
CICLO BIOLÓGICO GERAL:
por idade.
Os ovos saem nas fezes e com condições ideais
de desenvolvimento há liberação de L1, L2 e L3.
SUPERFAMÍLIA TRICHOSTRONGYLOIDEA
Isso ocorre em 5 dias e a L3 vai ao HD por 2
FAMÍLIA TRICHOSTRONGYLIDAE
vias:

CARACTERÍSTICAS:
- Nematódeos delgados e pequenos.
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-Tamanho muito pequeno – (♀ - 0,3 a 0,8 cm, ♂

- 0,2 a 0,6 cm).

-Extremidade anterior afilada sem cápsula bucal.


-Sem papilas cervicais.
-Poro excretor situado normalmente em uma
fenda visível na extremidade anterior.
-Machos com bolsa copuladora bem
desenvolvida e 2 espículos desiguais, com
Figura 237. Adultos de Bunostomum sp. forma e tamanhos diferentes. Um dos espículos
é grosso e o outro fino.
- Cápsula bucal pequena ou ausente.
-Presença de gubernáculo.
- Macho com bolsa copuladora bem
-Raio dorsal no meio da bolsa.
desenvolvida.
- Espículos curtos e grossos.
ESPÉCIE - Trichostrongylus colubriformis
- Ciclo monoxeno.
- Infecção passiva por L3.
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ovinos, caprinos e
bovinos.
GÊNERO Trichostrongylus
LOCAL: Intestino delgado
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
-Pequenos e delgados (0,2 a 0,8 cm). CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
-Sem cápsula bucal.
-Tamanho muito pequeno (♀ - 0,5 a 0,8 cm, ♂ -
-Poro excretor situado normalmente em uma
fenda visível na extremidade anterior. 0,4 a 0,7 cm).
-Sem papilas cervicais. -Extremidade anterior afilada sem cápsula bucal.
-Machos apresentam espículos fortes e -Poro excretor situado normalmente em uma
gubernáculo.

PPP - 15 a 23 dias.

ESPÉCIE - Trichostrongylus axei

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.


LOCAL: Estômago (eqüinos).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
Figura 238. Trichostrongylus sp. adultos.

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fenda visível na extremidade anterior. Papilas cervicais


-Sem papilas cervicais.
-Machos com bolsa copuladora bem
desenvolvida e 2 espículos de forma e
tamanhos iguais.
-Presença de gubernáculo.
-Raio dorsal no meio da bolsa.

Figura 240. Extremidade anterior de


Haemonchus sp.

ESPÉCIE - Haemonchus contortus – Ovina.


H. placei – Bovinos.

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes

LOCAL: Abomaso
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
-Extremidade anterior afilada e com pequena

Figura 239. Bolsa copuladora de cápsula bucal.


Trichostrongylus sp. -Presença de duas papilas cervicais
proeminentes e espiniformes.
-Machos com bolsa copuladora com raio dorsal
GÊNERO Haemonchus
em posição assimétrica e em forma de forquilha

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

-Maior que os outros da família – ♂ - 0,1 a 1,2

cm e ♀- 1,8 a 3,0 cm.

-Cápsula bucal pequena com um fino dente ou


lanceta.
-Com duas papilas cervicais.
-Machos com lobo dorsal pequeno e
assimétrico.

PPP - 26 a 28 dias. Figura 241. Adulto de Haemonchus sp.


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(y). LOCAL: Abomaso.

CARACTERÍSTICAS:
-Presença de duas papilas cervicais.
-Machos com bolsa copuladora com raio dorsal
em posição assimétrica e em forma de taça
(arqueado).
-Espículos de ponta fina e presença de
gubernáculo.
-As fêmeas apresentam um apêndice na região
vulvar, que pode ser linguiforme ou em forma de
Figura 242 . Vulva de Haemonchus
sp botão.
-Espículos de ponta fina e presença de
gubernáculo.
SINAIS CLÍNICOS:
-As fêmeas apresentam um apêndice na região
1) Haemoncose hiperaguda: É pouco comum,
vulvar, que pode ser linguiforme (grande e
mas pode ocorrer em animais susceptíveis
proeminente ou pequeno em forma de botão).
expostos a infecção maciça repentina. A enorme
quantidade de parasitos provoca anemia, fezes
ESPÉCIE - Haemonchus similis
de cor escura e morte súbita, devida a uma
aguda perda de sangue. Há uma gastrite
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes.
hemorrágica intensa.

2) Haemoncose aguda: Ocorre principalmente


em animais jovens susceptíveis com infecções
intensas. A anemia pode ocorrer rapidamente,
mas há resposta eritropoiética da medula óssea.
A anemia vem acompanhada da
hipoproteinemia e edema (papada) e produz a
morte.

3) Haemoncose crônica: Muito comum e de


importância econômica. A enfermidade se
produz por uma infecção crônica com um
número baixo de parasitos (100 - 1000). A
morbidade é de 100% mas a mortalidade é
baixa. A anemia e hipoproteinemia podem ser
Figura 243. Bolsa copuladora de graves dependendo da capacidade eritropoiética
Haemonchus sp.
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do animal e de suas reservas metabólicas LOCAL: Intestino delgado.


nutricionais.
* OBS: Na necropsia o animal tem mucosas e CARACTERÍSTICAS:
pele pálidas, hidrotórax, ascite e caquexia. -Tamanho muito pequeno – (♀ - 0,5 a 1,2 cm, ♂

OBS: A hipobiose é um fenômeno caracterizado - 0,4 a 0,7 cm).

pela inibição ou retenção do desenvolvimento e -Extremidade anterior afilada.


serve para sincronizar o desenvolvimento do -Dilatações cuticulares cefálicas.
parasito com as condições do hospedeiro e do -Machos com bolsa copuladora bem
ambiente. Alguns trichostrongilídeos são desenvolvida, com espículos apresentando
capazes de fazer hipobiose, assim como D. dentes na asa.
viviparus e D. filaria. Os principais fatores que -Ausência de gubernáculo.
estimulam esta hipobiose são temperatura, -Aspecto de vírgula.
nutrição e também resistência. -Hematófagos.

GÊNERO Cooperia PPP- 17 a 22 dias.

CARACTERÍSTICAS: ESPÉCIE -Cooperia punctata

-Dilatações cuticulares cefálicas.


-Não apresentam gubernáculo. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes.

ESPÉCIE - Cooperia pectinata LOCAL: Intestino delgado.

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes. CARACTERÍSTICAS:

-Tamanho muito pequeno – (♀ - 0,8 a 1,2 cm, ♂

Espículos
Dilatações
cuticulares
cefálicas

Figura 244 . Bolsa copuladora e espículos de


macho de Cooperia sp. Figura 245 Extremidade anterior de
Cooperia.

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- 0,6 a 0,9 cm). -Presença de gubernáculo.


-Machos com bolsa copuladora bem
-Extremidade anterior afilada.
desenvolvida contendo espículos iguais, curtos,
-Dilatações cuticulares cefálicas.
bifurcados ou trifurcados.
-Machos com bolsa copuladora bem
-Papilas cervicais presentes.
desenvolvida, com espículos sem dentes na
-Vulva recoberta por uma expansão cuticular
asa, mas com uma escavação.
chamada de processo vulvar.
-Ausência de gubernáculo.
-A L4 invade a mucosa do abomaso fazendo
hipobiose.

OBS:

Figura 246. Adultos de Cooperia.

GÊNERO Ostertagia
Figura 247. Adultos de Ostertagia
GÊNERO Teladorsagia sp.
Ostertagia e Teladorsagia são muito
semelhantes, as espécies de Ostertagia
parasitam bovinos e as de Teladorsagia Espículos
parasitam ovinos e caprinos. Gubernáculo

HOSPEDEIRO DEFINITIVO:
Teladorsagia – Ovinos
Ostertagia - Bovinos

LOCAL: Abomaso

CARACTERÍSTICAS:

-Tamanho muito pequeno (♀ - 0,8 a 1,2 cm, ♂ - Figura 248. Bolsa copuladora de
Ostertagia sp.
0,6 a 0,9 cm).

-Extremidade anterior afilada.


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LOCAL: Estômago.

CARACTERÍSTICAS:

-Tamanho muito pequeno– (♀ - 0,5 a 0,9 cm, ♂

- 0,4 a 0,6 cm).

-Extremidade anterior afilada.


-Esôfago alongado.
-Papilas cervicais.
-Machos com bolsa copuladora bem
desenvolvida com espículos iguais, curtos e
gubernáculo em forma de agulha.
Figura 249. Ciclo biológico de Ostertagia sp. -Papilas pré-bursais.

1.O. ostertagi tem os espículos terminando em


três processos em forma de gancho.
2. O. lyrata é muito semelhante à O. ostertagi.
3. O. trifurcata os espículos terminam com uma
ponta forte.

Figura 251. Adultos de Hyostrongylus.

CICLO BIOLÓGICO GERAL DOS


TRICHOSTRONGILIDEOS:
Os ovos saem nas fezes (B) e vão ao meio
ambiente. Em condições favoráveis de
temperatura e umidade as larvas L1 se
Figura 250. Lesão por Ostertagia sp. no
abomaso desenvolvem. A L1 liberada no conteúdo fecal
se alimenta de organismos em decomposição e
passa a L2 e L3 (formadas em 7 dias após a
GÊNERO Hyostrongylus postura). As chuvas dispersam a L3, que é a
forma infectante. Os hospedeiros definitivos se
ESPÉCIE - Hyostrongylus rubidus contaminam ao ingeri-las. No rúmen (A) do
animal as larvas perdem a bainha e se dirige ao
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Suínos. local de ação (abomaso ou intestino delgado)
(C) onde passam a L4 e L5 e se tornam adultos.

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1) Trichostrongylus - quando a infecção é


elevada eles podem alterar o pH do abomaso e
como conseqüência aumentar o crescimento
bacteriano, promovendo diarréia e em casos
mais graves a diarréia pode vir a ser negra e
fétida. Se não tratados pode ocorrer
desidratação e até morte, levando a impactos
negativos na produção.

2) Haemonchus - o hábito hematófago causa


Figura 252. Ciclo biológico da maioria dos anemia principalmente em animais jovens,
trichostrongilídeos. podendo em casos graves causar edema de

Fixam-se no local, copulam e então a fêmea faz barbela pela perda de albumina devido a lesões

a postura. no abomaso. A morte é freqüente em ovinos


porque quando o número de parasitos é elevado

PPP = 21 dias. elas ingerem 250 ml de sangue por dia. Ocorre


no mínimo queda da qualidade da lã (fica

OBS: As larvas migram verticalmente para a quebradiça).

ponta do capim quando há umidade suficiente,


mas os raios ultravioletas e a falta de umidade 3) Ostertagia, Teladorsagia - os parasitos

podem matar as larvas e por isso nas horas causam lesões no abomaso quando as

mais quentes elas descem para se proteger. condições são desfavoráveis como épocas de
muito calor. A L3 paralisa seu desenvolvimento

OBS: Haemonchus e Ostertagia possuem uma no inverno e no verão seu metabolismo fica

fase histiotrófica, que é quando a larva penetra defeituoso, não absorvendo o alimento. O

no abomaso (A) (glândulas gástricas) após ela animal perde peso e pode chegar à morte

muda e retorna para a luz intestinal (C) fazendo mesmo com exames de fezes negativos, já que

a última muda (L4 - L5) e se torna adulta. as larvas são formas imaturas e são elas que
causam as lesões.

IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


Quanto maior o número de animais por hectare 4) Cooperia - o contato com as vilosidades

de pastagem, maior a probabilidade de intestinais causam irritação, aumentando o

ocorrerem às infecções. Os animais jovens são peristaltismo e prejudicando assim a absorção.

mais susceptíveis pois os adultos adquirem uma Isso leva a diarréia e efeitos negativos na

certa imunidade. Bovinos e ovinos podem ter produção do animal.

vários gêneros de parasitos ao mesmo tempo.


CONTROLE DA VERMINOSE:
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As vermifugações devem ser feitas nos meses - Raio bursal da bolsa copuladora se bifurca no
de seca porque as larvas têm decréscimo de ápice (forma de y)
crescimento já que o capim está mais baixo e os
raios atingem as larvas matando-as e também ESPÉCIE - Dictyocaulus viviparus
porque não há chuva suficiente para disseminar
os ovos. Esse período ainda coincide com o HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Bovinos.
maior número de parasitos dentro do hospedeiro
e sem pasto para ele se equilibrar LOCAL: Brônquios e bronquíolos.
nutricionalmente. Com esse tratamento os
animais entram nos meses de chuva com um CARACTERÍSTICAS:
baixíssimo índice de parasitismo. -Tamanho pequeno (♀ - 6 a 8 cm, ♂ - 4 cm).

-Boca trilabiada.
FAMÍLIA DICTYOCAULIDAE
-Esôfago filariforme.
SUB FAMÍLIA DICTYOCAULINAE
-Raio bursal da bolsa copuladora em forma de v.

CARACTERÍSTICAS:
-Raios bursais bem desenvolvidos com alguns
raios fusionados.
-Espículos curtos e reticulados (grossos e
iguais).
-Ciclo direto (ausência de hospedeiro
intermediário).
-Extremidade anterior com papilas cefálicas.

GÊNERO Dictyocaulus
ESPÉCIE - Dictyocaulus arnfield
Figura 253. Postura de um animal parasitado por
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. Dictyocaulus viviparus.

LOCAL: Brônquios e bronquíolos.


ESPÉCIE: Dictyocaulus filaria

CARACTERÍSTICAS:
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ovinos e caprinos.
-Tamanho pequeno (♀ - 4,3 a 6,8 cm, ♂ - 2,5 a

LOCAL: Brônquios e bronquíolos.


4,3 cm).

-Boca trilabiada.
CARACTERÍSTICAS:
-Esôfago filariforme.
-Tamanho pequeno.
-Boca trilabiada.

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-Esôfago filariforme.
-Raio bursal da bolsa copuladoraem forma de v. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
Mais patogênico para ovinos do que bovinos, a
CICLO BIOLÓGICO GERAL: dictiocaulose é uma infecção respiratória devida
A postura dos ovos larvados (fêmeas a ação irritativa do parasita no epitélio
ovovivíparas) é feita nos brônquios e respiratório, gerando produção de muco e
bronquíolos que podem ser expelidos para o proliferação de bactérias. Causa brônquio
ambiente pela cavidade oral ou nasal. pneumonia (a respiração se altera, aumenta-se
Normalmente os ovos são deglutidos e no tubo os movimentos abdominais). O animal fica em
digestivo ocorre a eclosão da L1, que sai nas posição ortopnéica: membros anteriores
fezes (A) e se alimenta de bactérias. Passa a L2 afastados, pescoço esticado para frente e boca
e depois L3, que não perde a cutícula de L2. O aberta. Pode levar a morte.
hospedeiro definitivo infecta-se ao ingerir a L3
nas pastagens, e a mesma é liberada no
estômago e penetra na mucosa (M) do intestino
delgado ganhando preferencialmente a
circulação linfática. Nos gânglios linfáticos
ocorre a muda para L4 e essa vai para o
coração e pulmão onde penetra no parênquima
pulmonar passando a L5. A L5 vai aos
brônquios e bronquíolos sofrer a maturação
sexual e postura.
Figura 255. Dictyocaulus sp. adultos em brônquio.
Fonte: Carlos Luiz de Oliveira

SUBFAMÏLIA NEMATODIRINAE
GÊNERO Nematodirus

Figura 254. Ciclo biológico de Dictyocaulus


viviparus.

PPP = 2 meses.
Figura 256. Adultos de Nematodirus.
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desidratação.
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Ruminantes.
ORDEM SPIRURIDA
LOCAL: Intestino delgado. SUPERFAMÍLIA HABRONEMATOIDEA
FAMÍLIA HABRONEMATIDAE
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
-Vermes finos de aproximadamente 2cm. GÊNERO: Habronema
-Ovos grandes e ovais. ESPÉCIE - Habronema muscae

CICLO: Típico da família Trichostrongylidae. HOSPEDEIRO DEFINITIVO: eqüinos.

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: moscas


(principalmente Musca domestica).

LOCAL: Estômago.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
-Boca bilabiada

-Tamanho pequeno (♀ - 1,3 a 2,2 cm, ♂ - 0,8 a

1,4 cm).
Figura 257. Ciclo biológico de Nematodirus.
-Cápsula bucal bem desenvolvida e com 2
paredes curtas e retas.
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: -Machos têm cauda espiralada, asa caudal,
Provoca uma atrofia das vilosidades intestinais papilas pedunculadas e um espículo cinco vezes
(não penetra na mucosa) ocasionando diarréia e maior que o outro.

ESPÉCIE - Habronema microstoma

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos.

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Moscas


(principalmente Stomoxys calcitrans).

LOCAL: Estômago.

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
Figura 258. Ovo de Nematodirus
sp.
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-Tamanho pequeno. -Ovos embrionados de casca fina.


-Boca bilabiada.
-Cápsula bucal bem desenvolvida e com dois CICLO BIOLÓGICO GERAL:
dentes atrás dela promovendo um afunilamento. Os ovos saem nas fezes já com as L1 e são
-Machos têm cauda espiralada, asa caudal, ingeridos pelos hospedeiros intermediários que
papilas pedunculadas e um espículo duas vezes são as larvas das moscas. À medida que a
maior que o outro. mosca se desenvolve, o helminto também o faz
e assim a pupa tem a L2 e o adulto a L3 em
suas glândulas salivares. As moscas vão ao
lábio do eqüino se alimentar de resíduos
alimentares, a larva pela probóscida da mosca
ou o eqüino pode ingeri-la acidentalmente. Pode
ocorrer das moscas caírem nos bebedouros. No
tubo digestivo do eqüino há a digestão da
mosca e a L3 é liberada no estômago e penetra
nas glândulas estomacais sofrendo a muda para
Figura 259. Ovo de Habronema sp. L4 e depois voltam à luz, onde fazem a muda
para L5 e atingem a maturidade.

GÊNERO Draschia PPP = 2 meses.


ESPÉCIE - Draschia megastoma
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Eqüinos. D. megastoma é a mais patogênica por ter
preferência pela região glandular do estômago e
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Moscas isso induz à formação de tumores fibrosos na
(principalmente Musca domestica). região fúndica (há eliminação de ovos dentro
deles). Quando muito grave pode ocorrer
LOCAL: Estômago (geralmente em nódulos na septicemia e até morte. Enquanto esta espécie
parede do estômago, raramente livres). está em nódulos, as outras estão livres no
estômago, só provocando irritação ou no
CARACTERÍSTICAS: máximo gastrite catarral crônica com formação
-Tamanho pequeno. de muco, o que prejudica a digestibilidade.
-Boca bilabiada.
-Cápsula bucal bem desenvolvida e afunilada, ** HABRONEMOSE CUTÂNEA:
com duas reentrâncias (constrição cefálica). Evolução errática que ocorre muito nos trópicos
-Machos têm cauda espiralada, asa caudal, (principalmente no verão - por isso ferida de
papilas pedunculadas e um espículo duas vezes verão) onde a mosca pousa em feridas na pele
maior que o outro. dos eqüinos e as L3 ficam migrando pela pele
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É importante o uso de esterqueiras para


diminuição da população de moscas. Tratar
sempre as feridas dos animais, pois o
tratamento é cirúrgico.

FAMÍLIA ONCHOCERCIDAE
SUBFAMÍLIA ONCHOCERCINAE

GÊNERO Dipetalonema

Figura 260. Ciclo biológico de Habronema sp.


ESPÉCIE Dipetalonema reconditum
causando hipersensibilização e com a resposta
do hospedeiro, a ocorrência de formação de HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães.
tecido conjuntivo causando prurido. Tem
aspecto tumoral podendo depreciar e até HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Pulgas e
inutilizar o animal. carrapatos.

OBS: Pode ocorrer ainda habronemose LOCAL: Adultos no tecido subcutâneo e


pulmonar e até ocular, mas são bem mais raras. perirenal do cão, microfilárias na circulação.

DIAGNÓSTICO: CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:


Não é fácil, porque os ovos e larvas eliminados -Esôfago fácil de distinguir regiões.
não são facilmente encontrados nas fezes. Pode -Bem pequenos (2,5 cm).
se encontrar larvas em lavado gástrico com -Fêmeas parecidas com as de Dirofilaria immitis.
sonda.
CICLO:
PROFILAXIA: A pulga ao se alimentar de um animal
parasitado com microfilárias contamina-se.
Essas microfilárias atingem a hemocele das
pulgas e passam a L1, L2 e L3. As L3 alojam-se
nas peças bucais do artrópode . Quando a pulga
pica o cão para sugar sangue há a inoculação
das L3 que migram para o tecido subcutâneo
onde passam a L4 e L5 (adultos, macho e
fêmea). Após a cópula há a liberação de
microfilárias na circulação.
Figura 261. Habronemose cutânea em
eqüino.
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IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: -Macho com extremidade posterior espiralada,


É importante no diagnóstico diferencial de um espículo grande e outro pequeno e papilas
Dirofilaria immitis, mas é menos patogênico e na pré e pós-cloacais.
clínica os sintomas são diferentes.
CICLO BIOLÓGICO:
SUPERFAMÍLIA FILARIOIDEA As fêmeas fazem a postura das microfilárias
(L1) na circulação. A L1 vai à circulação
CARACTERÍSTICAS: periférica, onde o mosquito a ingere ao fazer o
-Importante para pequenos animais. repasto sanguíneo. No estômago do mosquito a
-Esôfago com duas regiões: uma muscular e larva penetra na mucosa estomacal e depois de
outra glandular. 24hs vai aos túbulos de Malpighi. Depois de 5
-Corpo alongado. dias ocorre a muda para L2 e depois de mais 10
-Machos menores que as fêmeas. dias, para L3. Essa vai à cabeça do mosquito e
-Espículos desiguais e de tamanhos diferentes. se instala no aparelho bucal, aproveitando o
-Fêmeas larvíparas (microfilárias no sangue). repasto sanguíneo do mosquito para infectar o
-Ciclo indireto (necessitam de hospedeiro cão. A larva vai então ao tecido subcutâneo,
intermediário). sofre muda para L4 e L5 e depois migra pela
circulação periférica até o coração, onde fica
FAMÍLIA FILARIIDAE adulta (no ventrículo direito ou na artéria
SUBFAMÍLIA DIROFILARINAE pulmonar).
GÊNERO Dirofilaria
OBS: É possível infecção transplacentária.

ESPÉCIE - Dirofilaria immitis


IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:

HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Cães

HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Mosquitos


Culicidae.

LOCAL: Coração direito e artéria pulmonar

CARACTERÍSTICAS:
-Tamanho médio (macho – 12 a 16 cm e fêmea-
25 a 30 cm).
-Extremidade anterior simples.
-Machos menores que as fêmeas.
-Extremidade posterior da fêmea simples. Figura 262. Dirofilaria immitis - adultos no
coração de cão.

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Figura 263. Ciclo biológico de Dirofilaria Figura 265. Cão com ascite.
immitis.
Pesquisa de microfilárias na circulação através
A patogenia é grande, em altas infecções pode
de esfregaço sanguíneo, técnica da gota
ocorrer obstrução do ventrículo direito e da
espessa, técnica de Knott e exames de
artéria pulmonar levando a trombos sanguíneos
imunodiagnóstico.
nos vasos o que gera falta de oxigenação nos
órgãos vitais. Pode atingir ainda o pulmão
ORDEM ENOPLIDA
causando deficiência respiratória e até
SUPERFAMÍLIA DIOCTOPHYMATOIDEA
pneumonia. Ocorre perda gradativa de condição
-Extremidade anterior simples e mais afilada que
e intolerância a exercícios e o animal apresenta
a posterior.
uma tosse crônica branda no final da doença.
-Esôfago com duas porções (a primeira simples
Pode ocasionar ascite.
e a segunda formada por várias células).
OBS: Poucos casos em gatos.
-Ciclo direto.

DIAGNOSTICO:
ORDEM ENOPLIDA
FAMÍLIA TRICHURIDAE
SUBFAMÍLIA TRICHURIÍNAE
GÊNERO Trichuris
ESPÉCIE -Trichuris sp.

HOSPEDEIRO DEFINITIVO:
-T. suis- suíno
-T. vulpis- cão
Figura 264. Microfilária em esfregaço -T. discolor- bovino e bubalino
sanguíneo.
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T. ovis- ovino prepúcio.


-T. trichuria- homem

LOCAL: Ceco.

Figura 268. Adultos de Trichuris (verme


chicote).

CICLO BIOLÓGICO GERAL:

Figura 266. Espículo de Trichuris sp. Os ovos saem nas fezes e no meio ambiente
passam a ovos larvados (L1). O ovo é ingerido

CARACTERÍSTICAS: diretamente pelo hospedeiro definitivo e a L1 é


liberada no intestino delgado onde penetra na
-Tamanho pequeno à médio (♀ - 3 a 7 cm, ♂ - 2
mucosa cecal.(ou pode penetrar nas vilosidades
a 4 cm). do intestino delgado) Quando adultos saem da

-Extremidade anterior simples e mais afilada que


a posterior.
-Esôfago com 2 porções: a primeira simples e
outra formando várias células.
-Fêmeas têm extremidade posterior simples e
são ovíparas (ovos bioperculados e espalhados
no ovário).
-Machos têm apenas 1 espículo e este é
envolvido por uma bainha dando aspecto de

Figura 269. Ciclo biológico de Trichuris sp.

Figura 267. Ovo de Trichuris sp.


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mucosa e permanecem na luz intestinal indo se ingeridos pelo HD em alimentos contaminados e


instalar no ceco. a L1 é liberada no tubo digestivo e penetra na
mucosa fazendo as mudas para L2, L3, L4 e
IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA: adulto e vai ao órgão alvo ou fica no intestino
Em grandes infestações leva à lesão da delgado.
mucosa cecal gerando gastroenterite nos cães.
A lesão abre portas para infecção secundária OBS: C. hepática - os ovos não saem nas fezes,
(gastrenterite infecciosa) podendo ficar pois eles ficam retidos no fígado e a
conjugado problema infeccioso e parasitário. A contaminação se dá através do carnivorismo ou
maioria das infecções é leve e assintomática. da morte do animal (que libera os ovos no
ambiente).
SUBFAMÍLIA CAPILLARINAE
GÊNERO Capillaria OBS2: C. annulata - pode ocorrer hospedeiros

ESPÉCIE - Capillaria sp. paratênicos (anelídeos).

HOSPEDEIRO DEFINITIVO e LOCAL: OBS3: Para diagnóstico usa-se as técnicas de


-C. plica- Rim e bexiga de cão e gato. Willis e Hoffman.
-C. bovis - Intestino delgado de bovinos
-C. hepatica- Fígado de cão, gato, humanos e IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:
roedores. Só em alto grau de infestação é que ocorrem
-C. annulata- Inglúvio de galinhas e perus. reações inflamatórias por penetração da
mucosa. Em C. hepatica pode ocorrer cirrose
CARACTERÍSTICAS: hepática.
-Tamanho pequeno (1 a 1,5 cm).
-Extremidade anterior simples e mais afilada que SUPERFAMÍLIA DIOCTOPHYMOIDEA
a posterior nesse caso é bem visível. FAMÍLIA DIOCTOPHYMATIDAE
-Esôfago com duas porções: a primeira simples SUBFAMÍLIA DIOCTOPHYMATINAE
e outra formando várias células.
-Fêmeas têm extremidade posterior simples e
GÊNERO Dioctophyma
são ovíparas (ovos bioperculados, com parede
ESPÉCIE: Dioctophyma renale
reta e arrumados certinhos no ovário)
-Machos têm apenas 1 espículo e é envolvido
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Carnívoros
por uma bainha dando aspecto de prepúcio.
(preferencialmente cães).

CICLO BIOLÓGICO:
HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS: Anelídeos
Os ovos saem nas fezes morulados e no
e peixes dulcícolas.
ambiente se tornam larvados (L1). Os ovos são

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LOCALIZAÇÂO DO VERME ADULTO: Rim e anelídeo aquático ingere o ovo e a L1 cai em


sua cavidade celomática indo a L2. O peixe
ingere o anelídeo com a L2 e em sua cavidade
digestiva faz mudas até L4. O cão ingere o peixe
com a L4 e no tubo digestivo ela penetra e migra
para o rim. O homem ou hospedeiro definitivo
também pode contaminar-se por ingestão do
anelídeo.

OBS: Material para diagnóstico: urina.

Figura 270. Ovos de Dioctophyma renale. IMPORTÂNCIA EM MEDICINA VETERINÀRIA:


O parasito destrói o parênquima renal. Causa
cavidade abdominal são os mais comuns.
insuficiência renal quando localizado no rim
podendo levar a óbito. Em casos de localização
CARACTERÍSTICAS:
na cavidade abdominal provoca peritonite.
-Pode ser encontrado solto na cavidade
Geralmente somente um rim é parasitado, o
abdominal ou na cápsula renal (já foi encontrado
outro sofre hipertrofia para compensar a falta do
na pleura, peritônio, tecido subcutâneo, próstata,
destruído.
bexiga, ureter, uretra, fígado e estômago).
-Fêmeas podem atingir até um metro.
-Machos apresentam uma pequena bolsa
copuladora.
-Maior incidência: rim direito.

CICLO BIOLÓGICO:
Os ovos saem na urina morulados e no
ambiente a L1 se desenvolve dentro do ovo. O

Figura 272. Dioctophyma renale em rim de


cão.

Figura 271. Ciclo biológico de Dioctophyma


renale.

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PARTE IV
Técnicas
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COLETA E MONTAGEM DE ENDOPARASITOS

1-ONDE COLETAR:
-Os endoparasitos podem estar em vários órgãos de peixes, moluscos, crustáceos, insetos, animais
domésticos, dentre outros. Em vegetais ocorrem principalmente na raiz.

-Também podem estar na cavidade do corpo e nas serosas de vários órgãos, assim como no peritônio, na
musculatura e encistados nas nadadeiras.

2-COMO COLETAR:
-Os endoparasitos são, preferencialmente coletados vivos.
-Com um pincel ou estilete são transferidos para solução salina fisiológica na concentração correta.
-Ainda na solução fisiológica, agitar fortemente para a limpeza dos lábios e abertura bucal, assim como da
superfície da cutícula.
-Os nematóides pequenos, como as larvas, devem ser coletados e mantidos em recipientes pequenos.
-Os nematóides mortos devem ser coletados diretamente para o fixador frio.

3-COMO FIXAR:
-Os nematóides vivos são transferidos da solução salina fisiológica para uma placa de Petri funda com
pouco líquido.
o
-Aquecer o fixador A.F.A. a 65 C e derramar rapidamente sobre os nematóides.
-Deixar o fixador esfriar na própria placa de Petri.
-Deixar o nematóide no fixador por 48 horas.
-Os cestóides e trematóides devem ser prensados entre lâminas e colocados em fixador (A.F. A) frio por 48
horas.

Fórmula do A.F.A:
- 93 ml solução fisiológica
- 5 ml de formol
- 3 ml de ácido acético
Misturar tudo e colocar em frasco fechado.

4-COMO CONSERVAR:
-Os endoparasitos devem ser conservados em etanol 70o GL, com ou sem 5-10% de glicerina.

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5-COMO CLARIFICAR:
-Existem dois processos para a clarificação de nematóides:
Processo 1- Para montagem em bálsamo do Canadá.
Processo 2- Para montagem em gelatina de glicerina.

Processo 1- Para montagem em bálsamo do Canadá.


1-Etanol 70 o GL (para remoção da glicerina)
2-Etanol 80 o GL Tempo: 15 minutos em cada etapa. Essas
o
3-Etanol 90 GL etapas são para fazer a desidratação do
material.
4-Etanol absoluto 1
5-Etanol absoluto 2
6-Lactofenol – Clarificador
7-Creosoto – Diafanizador (clarifica, diferencia e dá brilho).

O tempo requerido para as etapas 6 e 7 dependem da espessura do material, em média no creosoto devem
ficar 24 horas.
Obs: Os nematóides muito grandes devem passar por fenol a 10% após o lactofenol.

Processo 2- Para montagem em gelatina de glicerina.


1-Adicionar glicerina pura; poucas gotas a cada vez, na placa de Petri onde os nematóides estão em etanol
glicerinado a 5% ou 10%.
2-Quando o etanol evaporar e, praticamente, só restar a glicerina, transferir um nematóide de cada vez para
a glicerina pura.
3-Montar em gelatina de glicerina.

6-COMO MONTAR:
* Em bálsamo do Canadá
-Pingar aos poucos o bálsamo do Canadá, 1 a 3 gotas por dia, até o creosoto evaporar e ficar só o bálsamo.
-Colocar uma gota de bálsamo sobre a Lâmina (no centro).
-Procurar ter certeza que a face ventral está voltada para cima e a extremidade anterior está voltada para o
observado.
-Colocar lamínula com muito cuidado e devagar para evitar formação de bolhas.

* Em gelatina de glicerina
-Aquecer, em banho-maria, o recipiente que contém a gelatina de glicerina.
-Colocar, com bastão de vidro, uma gota de gelatina líquida sobre a Lâmina, de tamanho proporcional ao
tamanho do espécime e da lamínula que será usada para cobri-lo.
-Cuidado para que a gota não se espalhe além da lamínula.

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PESQUISA DE ECTOPARASITOS

OBJETIVO
Identificação dos artrópodes ectoparasitos.

COLETA
• Ácaros produtores de sarna. Raspagem profunda da pele ou serosidade do ouvido.
• Pulgas, piolhos, malófagos, linguatulídeos. Coleta direta do animal, com auxílio de pincel
umedecido ou pinças de pontas finas protegidas por algodão.
• Carrapatos - Removidos individualmente por cuidadosa tração.
• Hemípteros, moscas e mosquitos. Rede, armadilhas, iscas ou em frascos com ou sem
aspiradores, cianeto, éter, acetato de etila ou clorofórmio.
• Larvas de Gasterophilus sp. Através dos pêlos retirados da região mandibular e labial.
• Larvas de Dermatobia hominis. Após a morte da larva, fazer incisão no nódulo subcutâneo,
retirando com pinça ou compressão digital.
• Larvas de Oestrus ovis em secreções nasais.
• Outras miíases. As larvas são retiradas diretamente das lesões, após a sua morte.

MODO DE MATAR OS ARTRÓPODES


♦ Água quente.
♦ Álcool.
♦ Clorofórmio.
♦ Éter.
♦ Fumo de tabaco (meio rural).

CONSERVAÇÃO

Conservação dos exemplares secos


♦ Alfinete entomológico (de aço inoxidável), sendo após colocados em caixas entomológicas
tratadas periodicamente com naftalina em pó.
♦ Tubos de vidro, colocando a ponta do alfinete na tampa de borracha, parafinando a tampa.

Conservação de exemplares em meios líquidos


• Álcool 70o.
• Formol 10%.
• Líquido de Faure (pequenos insetos, larvas de dípteros e ovos de helmintos).

Conservação de exemplares em preparações montadas


(pequenos artrópodes)
♦ Montagem em lâminas de microscopia.
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ETIQUETAGEM
Colocar todas as informações na etiqueta como: nome do hospedeiro, data, procedência, região do
corpo em que foi encontrados, indicação do líquido conservador, nome do colecionador ou
requisitante e nome vulgar e científico do artrópode.
Deve ser escrito a lápis, quando colocadas dentro do vidro com o material e o líquido conservador.

IDENTIFICAÇAO
A identificação dos artrópodes é feita através do uso de chaves para classificação.

MONTAGEM
A montagem deve ser realizada antes que o artrópode comece a secar. No caso de exemplares
secos é necessário passarem em câmara úmida durante dois dias, para torná-los moles.
Existem várias técnicas de montagem, sendo as mais usadas as três modalidades seguintes:

1.Montagem a seco
Os alfinetes entomológicos empregados devem ser de níquel ou aço inoxidável e com comprimento e
espessuras variáveis. Após a montagem o material deve ser guardado em gavetas, caixas ou tubos
com naftalina.

- Direta. Colocar o alfinete no tórax ou escutelo. Utilizada para dípteros, triatomídeos, himenópteros.
- Indireta. O artrópode é fixado por meio de bálsamo, cola ou esmalte na extremidade de pedaços
triangulares de cartolina. Utilizada para mosquitos ou outros insetos.
- Caixas de vidro. Fixar o tórax do artrópode, utilizando cola. Empregado somente para
demonstrações.

2. Montagem em liquido conservador


•Formol 10% ou álcool 70 . Colocar o artrópode sem nenhum preparo prévio. Utilizado para aranhas,
0

escorpiões e carrapatos.

•Liquido de Faure. Possui a propriedade de conservar, matar, fixar, desidratar, clarear e servir de
veículo de montagem de pequenos artrópodes, larvas e ninfas. A coloração é feita pela fucsina de
Ziehl e a montagem entre lâmina e lamínula.

3. Montagem em bálsamo entre lamina e lamínula


A montagem em lâmina e lamínula é indicada para adultos de pequenas espécies, larvas e ninfas.

Técnica 1
• Colocar o artrópode em vidro de relógio e clarificar em potassa a 10%, a quente.
• Transportar com tira de papel para outro vidro de relógio, com água destilada - alguns minutos.

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• Colocar com tira de papel no ácido acético a 10% - 5 a 10 minutos.


• Desidratar em álcool a 60,70, 80, 90, 95 - 5 minutos em cada álcool.
• Creosoto de Faia. Tempo variável, de minutos até tempo indeterminado, de acordo com a peça.
• Gotejar o creosoto de Faia em uma lâmina, colocando o artrópode sobre a mesma.
• Retirar o excesso de creosoto com papel filtro.
• Pingar sobre o artrópode uma gota de bálsamo e cobrir com uma lamínula.

Técnica 2. Método de Costa Lima (coloração pela Fucsina)


• Transferir o artrópode para a solução de potassa a 10%, contida em cápsula de porcelana. Aquecer
em banho-maria, variando o tempo conforme a espessura do animal (10 a 15 ou mais minutos).
• Transferir o artrópode por meio de uma tira de papel, para uma lâmina, adicionando algumas gotas
de fenol liquefeito.
• Observar ao estéreomicroscópio e com duas agulhas de ponta curva comprimi com cuidado, o
artrópode, repetidas vezes, para expelir a potassa e fazer penetrar o fenol.
• Corar pela fucsina de Ziehl aquecida ligeiramente, até desprender vapores. Este aquecimento é
dispensável.
• Desprezar a fucsina e colocar algumas gotas de fenol-xilol.
• Escorrer o fenol-xilol e tratar com algumas gotas de xilol-fenol.
• Desprezar o liquido e passar, duas a três vezes, pelo xilol puro.
• Montar em bálsamo de Canadá, entre lâmina e lamínula.

Técnica 3. Método de Costa Lima (com ou sem coloração peia Fucsina)


• Potassa 10% quente (aquecida em banho-maria): 5 a 10 minutos.
• Água oxigenada pura até a clarificação (este tempo depende do material).
• Fenol puro: 10 a 15 minutos.
• Fenol-xilol: 10 minutos.
• Óleo de cravo: 10 minutos.
• Bálsamo, entre lamina e lamínula.

Observações
• Do fenol puro, o artrópode pode ser colocado diretamente no creosoto até clarificar e, após,
diretamente no óleo de cravo.
• Se ao passar o exemplar pelo óleo de cravo o líquido ficar amarelado, isso indica que o mesmo
ainda se acha embebido da solução de potassa cáustica a 10%, sendo conveniente voltar
novamente ao fenol e depois continuar a operação.
• No caso de corar o material, passa-se do fenol para a fucsina fenicada de Ziehl e depois desidrata-
se e diferencia-se pelo fenol sem prolongar a diferenciação, que será continuada pelo óleo de cravo.
Em seguida montar em bálsamo de Canadá.
• Para uma melhor clarificação de pulgas é aconselhável mergulhar os indivíduos em água

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oxigenada 10 vols., durante aproximadamente 30 minutos, antes de executar a técnica.

Técnica 4. Método simplificado para ácaros produtores de sarnas


• Colocar o ácaro da sarna em álcool 950
• Transferir para o creosoto.
• Montagem entre lamina e lamínula, utilizando o bálsamo.

PESQUISA E COLETA DE ÁCAROS PRODUTORES DE SARNAS


• Placa de Petri, bisturi, estilete, cotonete.
• Raspado cutâneo ou serosidade do ouvido.
• Goma de Berlese ou óleo mineral.
• Lamina e lamínula.

Técnica
• Raspar profundamente a pele na região da lesão com um bisturi, ou coletar a serosidade do
ouvido externo
• com auxilio de um cotonete.
• Colocar o material numa placa de Petri.
• Examinar o material ao estereomicroscópio.
• Resultado: Positivo ou Negativo.

Exame positivo. Coletar o parasito por meio de um estilete embebido em goma de Berlese ou óleo
mineral e montar entre lâmina e lamínula. Identificar ao microscópio.
Exame negativo. Neste caso há duas alternativas a seguir:

1. Acrescentar solução de potassa 10% ao material coletado. Deixar atuar por tempo
indeterminado. Examinar o sedimento entre a lâmina e lamínula. Identificar ao microscópio.

2. Técnica da Potassa-éter
• Raspado das lesões com bisturi e glicerina.
• Adicionar 15 ml de potassa 10% ao material coletado.
• Juntar 15 ml de éter sulfúrico.
• Agitar a mistura com auxilio de bastão de vidro.
• Retirar o sobrenadante, quando ainda em movimento, colocando-o em placa de Petri.
• Examinar ao estereomicroscópio com aumento 40x.

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Técnicas
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TECNICAS HELMINTOLÓGICAS

Técnica Vantagens Desvantagens

-Rápida de preparar -Pode não ver o parasita se a


-Nenhuma distorção de parasitas se concentração de parasitos for
uma solução salina isotônica for muito baixa ou se há muito
usada como diluente. sedimento ou gordura presente.
Esfregaço direto -Única maneira para ver trofozoítos -Areia, sementes, ou outro
ao vivo (salina isotônica deve ser material fecal podem fazer
usado como diluente). justaposição e é difícil de fazer
-Útil para fezes de pássaros o esfregaço.
pequenos e répteis (onde ovos de -Pode levar muito tempo para
trematódeos são comuns). examinar tudo

-Procedimento de flutuação dos -Neste procedimento não


ovos de helmintos mais comuns e flutuam ovos de trematódeo e
oocistos de coccídios. alguns ovos de vermes chatos
-Soluções são baratas. -Distorce cisto de Giardia.
Sacarose saturada -Há pouca sujeira para obscurecer a -Inadequado para amostras de
ou sal visão do parasita. fezes gordurosas.

-Neste procedimento flutuam a -Procedimento não flutuará


maioria dos ovos de helmintos. alguns ovos de trematódeo, e
-Melhor método para cisto de alguns ovos de vermes chatos.
Flutuação por protozoário, especialmente Giardia. -Inadequado para amostras de
Sulfato de Zinco -Há pequenas sujeiras para fezes gordurosas.
obscurecer visão de parasitas. -ZnSO4 é caro e um densímetro
deverá ser usado para fazer a
solução.

-Procedimento recupera TODOS os -É mais difícil executar que


tipos de ovos de helmintos, larvas, e outras técnicas.
a maioria dos cistos de -Acetato de Etila é inflamável e
protozoários. caro.
Sedimentação por -É a melhor técnica para materiais -Há mais sujeira na lâmina de
Acetato enviados na formalina preparação que em lâminas de
de etila - Amostras fixadas e para fezes flutuação então levará muito
com conteúdo de gordura alto mais tempo para fazer a leitura.

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Técnicas
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SACAROSE SATURADA OU SAL


TÉCNICA DE WILLIS

Principio
Em uma solução saturada de sal ou açúcar os ovos dos helmintos tendem a subir, aderindo-se
a parte inferior de uma lamínula colocada na superfície do líquido. É uma técnica qualitativa ou
seja, serve para ver se há ou não ovos ou oocistos de protozoários. Usada principalmente em
fezes de pequenos animais.

Vantagens:
-Procedimento de flutuação dos ovos de helmintos mais comuns e oocistos de coccídeos.
-Soluções são baratas.
-Há pouca sujeira para obscurecer a visão do parasita.

Desvantagens:
-Neste procedimento não flutuam ovos de trematódeos e alguns ovos de vermes chatos.
-Distorce cisto de Giardia.
-Inadequado para amostras de fezes gordurosas.

Técnica:
• Encher um tubo de ensaio com solução saturada (20ml).
• Pesar dois gramas de fezes e colocar em um copo.
• Acrescentar um pouco de solução hipersaturada nas fezes.
• Homogeneizar com um bastão.
• Acrescentar o restante da solução, coar e encher um tubo de ensaio até formar um
menisco.
• Colocar uma lâmina de vidro e deixar por 15 minutos.
• Retirar a lâmina e inverte-la bruscamente sem deixar cair a gota de solução.
Pôr uma lamínula e levar ao microscópio usando objetiva de 10x.

TÉCNICA DE HOFFMANN, PONS E JANER 1934


SEDIMENTAÇÃO SIMPLES

Princípio:
Sedimentação de ovos. Exame microscópico qualitativo direto, após concentração de fezes.

Objetivo: Pesquisa de ovos de trematódeos e cestódeos

Material:
• 2 a 5 gramas de Fezes

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Técnicas
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• Solução fisiológica ou água de torneira : 400 ml


• Lâmina e lamínula
• Bastão de vidro
• Coador
• Beaker com capacidade de 250 – 500 ml
• Cálice de sedimentaçãp (300-500 ml)
• Pipeta

Técnica:
• Diluir as fezes em 200 ml de solução fisiológica ou água no beaker. Se necessário, para
haver o amolecimento deixar em repouso por 10 a 20 minutos.
• Tamisar a suspensão diretamente no cálice de sedimentação
• Deixar em repouso por 15 minutos
• Decantar o sobrenadante e adicionar ao sedimento 200 ml de solução fisiológica ou água.
• Deixar em repouso por mais 15 minutos
• Decantar o líquido sobrenadante
• Coletar com pipeta algumas gotas do sedimento
• Examinar ao microscópio entre lâmina e lamínula
• Se o primeiro resultado for negativo repetir o exame até três vezes

TÉCNICA DE BAERMANN
O método de Baermann é usado para a extração de fases larvais vivas de nematóides nas
fezes.

Técnica
• Coloque uma peneira em um Becker outro recipiente similar. Esparrame aproximadamente
um grama de fezes em filtro de papel e coloque isto na peneira.
• Colocar água morna* no Becker até cobrir as fezes. Tenha cuidado para não romper as
fezes.
• Deixe descansar durante uma hora * *
• Retire a peneira
• Coloque o líquido em um tubo de centrífuga de 15 ml.
• Deixe na centrífuga durante 20 minutos
• Usando uma pipeta de Pasteur, remova uma gota de sedimento do fundo do tubo e
coloque em uma lâmina de microscópio para exame.

* Este procedimento faz uso de duas características de comportamento da larva do


nematóide. Primeiro, a água morna ativa a larva (porém, não aqueça acima de 37 a 40oC-
limite superior). Segundo, as larvas de nematóides mais parasitas são as piores
nadadoras.
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Então, os eventos seguintes acontecem quando a peneira é colocada na água: As larvas


migrarão pelo papel filtro e cairão na água. As larvas que não conseguem nadar vão até o
fundo do prato e acumulam-se lá.

* * Quanto mais tempo você esperar, mais larvas se acumularão no fundo do prato, mas
com o tempo a amostra fecal começa a desmanchar e atravessa o filtro de papel o que
conduz a um acúmulo de sedimento junto com as larvas.

TÉCNICA DE SEDIMENTAÇÃO PELO ACETATO DE ETILA

Método:
• Misture uma porção de fezes (aproximadamente 5x5 mm) em 9 ml de água, coe e despeje
essa solução em um tubo de centrífuga de 15ml.
• Adicione três ml de acetato de etila, e tampa o tubo com uma rolha de borracha. Sacuda
vigorosamente o tubo, e então centrifugue.
• Usando uma vareta, “retire” o anel de gordura que se formou entre a água e o acetato de
etila (a tampa adere ao lado do tubo e deve ser separado antes do conteúdo líquido do
tubo poder ser decantado).
• Decante o sobrenadante cuidando para manter o sedimento do fundo do tubo intacto.
• Transfira algum sedimento do fundo do tubo para uma lâmina e examine. O sedimento
pode ser transferido de vários modos:

1)Se algum líquido permanecer, o sedimento pode ser homogeneizado e uma gota transferida
com uma pipeta para uma lâmina de microscopia.

2)Adicione uma gota de iodo ao tubo, mexa com uma vareta e então transfira com uma pipeta
para a lâmina.

3) Use uma vareta para remover algum sedimento. Faça um esfregaço e cubra isto com uma
lamínula como você faria em um esfregaço direto.

NOTA: Quando remover da centrífuga, seu tubo terá claramente camadas definidas:
A. Uma camada de acetato de etila em cima.
B. Um anel de gordura dissolvida no meio.
C. Uma camada de água.
D. Uma porção de sedimento ao fundo.
A formalina utilizada para fixar ovos e cistos pode fazer estes não flutuarem (eles podem ter
uma gravidade específica agora maior que 1.2 ) então esta técnica é preferida quando temos
amostras de fezes fixadas em formalina.

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Técnicas
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NOTA: Se você quiser usar esta técnica somente para remover gordura, você pode
homogeneizar o sedimento com uma solução de flutuação (hipersaturada), centrifugar, e
remover o material do topo do flutuador para examinar ovos.

TÉCNICA DE CENTRÍFUGO FLUTUAÇÃO EM SULFATO DE ZINCO

Método:
1-Encha um tubo de centrífuga de 15 ml com solução de ZnSO4 (1.18 gravidade específica) *
2- Pese as fezes (2 a 3 gramas - aproximadamente 1 cm em diâmetro), misture a solução e
coe.
3-Usando um funil, verta a mistura de fezes + ZnSO4 para o tubo de centrífuga.
4- Centrifugue durante 2 minutos a velocidade alta (1500 - 2000 rpm).
5- Usando uma vareta ou alça de platina remova uma amostra da superfície da solução e
coloque em uma lâmina de microscopia. Você pode ter que fazer várias amostras com a vareta
para adquirir bastante material para examinar - tem que ter o equivalente a uma gota grande na
lâmina.
6-Adicione uma gota de iodo (cora os cistos) e uma lamínula. Examine na objetiva de 10X .

Nota 1: Se a amostra contém uma quantia grande de gordura ou outro material que flutuam em
água, você, pode lavar a amostra antes de fazer a flutuação.Quando você centrifugar a mistura
água (sem ZnSO4) -fezes, os ovos afundarão, mas a gordura permanecerá flutuante. Depois
da centrifugação decante o sobrenadante e some solução de ZnSO4 - misture bem.
Centrifugue como no passo 4.

Nota 2:
Pode-se colocar diretamente uma lamínula no tubo de centrífuga cheio da solução e após
centrifugação remover a lamínula para uma lâmina. Ir ao microscópio fazer a leitura.

* ZnSO4 solução (1.18 gravidade específica) é feito somando 386 gramas de ZnSO4 a 1 litro
de água. A mistura deve ser conferida com um hidrômetro e deve ser ajustada a uma gravidade
específica de 1.18. A ZnSO4 solução deve ser armazenada em vidros bem fechados para
prevenir evaporação (e conseqüente mudança na gravidade específica da solução).

TÉCNICA DE MC MASTER
A técnica de contagem de ovos de Mc Master é um método que determina o número de ovos
de nematóides por grama de fezes para calcular a carga parasitária de lombrigas em um
animal.

Vantagem: Ela é rápida e como os ovos flutuam livre de sujeiras fica fácil de contar os ovos.

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Desvantagem: Você tem que usar uma câmara contadora especial.

Técnica
• Pese 2 gramas de fezes para ovinos e 4g para bovinos
• Misture 60 ml de ZnSO4 ou solução saturada de sal ou açúcar. Homogeneíze bem.
• Passe as fezes por um coador, retire o coador e com uma pipeta transfira uma amostra da
mistura para um das câmaras de Mc Master.
• Repita o procedimento e encha a outra câmara.
• Espere 1 minuto e então conte o número total de ovos na lâmina.
• Multiplique o número total de ovos nas 2 câmaras por 100, e este é os número de ovos por
grama (OPG).
Se você utilizou 4 gramas multiplique por 50.

A matemática: O volume debaixo da área marcada de cada câmara é 0.15 ml (a área marcada
tem 1 cm X 1 cm e a câmara é 0.15 ml fundo), assim o volume examinado é 0.3 ml. Estes é
1/200 de 60 ml. Se você utilizou 2 gramas de fezes, então multiplique por 100 (se utilizou 4
gramas multiplique por 50), o resultado final é o número de “ovos por grama de fezes”.

Significado:
Ovino – 2 gramas de fezes
2 gramas 1 ovo X 100 = 100 OPG

Bovino – 4 gramas de fezes


4 gramas 1 ovo X 50 = 50 OPG

Ovos mais comuns:


- Família Trichostrongylidae: Difícil de classificar o gênero, pois os ovos são muito parecidos.
- Ascarídeo: Ovos que contém 3 camadas, fáceis de reconhecer.
- Strongyloides: Ovo larvado, fácil de reconhecer.
- Trichuris: Ovo bioperculado, fácil de reconhecer
- Moniezia: Ovo de cestóide, formato quadrangular, triangular.
- Eimeria: Oocisto de protozoário

Contagem:
Ovinos - > 500 = dosificar
< 500 = não dosificar

Bovinos e eqüinos - > 300 = dosificar


< 300 = não dosificar

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Coleta:
Coletar uma amostra de 3 a 5 % do rebanho separado por idade.
Ex: Campo 1 – 800 ovelhas de cria fazer exame de 20 a 24 amostras.
Campo 2 – 500 borregas ( 2 a 4 dentes) – coletar 15 amostras
Campo 3 – 300 ovelhas de cria - coletar 9 amostras

Ex: Ciclo do Haemonchus 21 = 7 dias = 28 dias


Fazer a coleta a cada 28 dias.

OBS: Para o controle do rebanho: fazer a coleta a cada 28,30 dias.


Para verificar a eficiência do medicamento: fazer a coleta 7 dias após a dosificação para
verificar se foram eliminados ovos.

EXAME DIRETO DE FEZES


Técnica
• Coloque uma porção muito pequena de fezes em uma lâmina, coloque uma gota de iodo,
água ou solução fisiológica e mexa com uma vareta.Coloque uma lamínula e leve para o
microscópio.
• A proposta do iodo, água, ou solução fisiológica é separar a sujeira das fezes.
• O material contido na lâmina deve estar fino o bastante para que você possa ler do
princípio ao fim.

COPROCULTURA
Objetivo:
Identificação de larvas (L3) de nematódeos gastrintestinais de ruminantes.

Material:
-Recipiente de vidro
-Serragem lavada e esterilizada de pinho (só fezes, fezes secas e esterilizadas)
-Tubo de ensaio
-Placas de Petri
-Pipeta
-Cordão
-Estufa

Preparo
• Coletar 20 a 30 gramas de fezes frescas coletadas diretamente do reto
• Misturar as fezes com a serragem (2 partes de serragem para uma de fezes)
• Molhar até ficar na consistência de barro
• Encher o vidro com ¾ de sua capacidade.

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• Limpar os bordos do vidro e tampá-lo com a placa de petri colocando um cordão (ou papel
enrolado) entre a placa e o vidro para que entre ar.
• Levar a estufa e umedecer diariamente (se necessário) a mistura por 7 dias.

Coleta de larvas
Encher o frasco com água até a borda.
Tampar o vidro com a placa de petri invertendo-o bruscamente para evitar que a água derrame.
Colocar com a pipeta 5 a 10 ml de água na placa de petri
Após 3 a 4 horas coletar o conteúdo existente na Placa de petri com uma pipeta e pôr em tubo
de ensaio
Fazer a identificação ou guardar na geladeira (dura 4 meses).

ESFREGAÇO DIRETO DE FEZES


Principio
Confecção de um esfregaço de fezes com uma quantidade pequena de fezes.Técnica utilizada
em casos de suspeita de grande infecção por parasitas.

Vantagens
- Rapidez, pouco equipamento requerido e facilidade de fazer.

Desvantagens:
-Pequena quantidade de fezes examinada que pode não detectar o parasitismo
-Debris na lâmina que podem confundir a identificação

Material
• Lâminas e lamínulas
• Pazinha
• Lugol (opcional)
• Solução fisiológica

Técnica
• Coloque uma gota de água na lâmina e uma quantidade igual de fezes
• Misture com a pazinha
• Faça um esfregaço com as fezes
• Remova o excesso de fezes, adicione mais água ou salina e cubra com a lamínula.
• Examine com objetiva de 10x para pesquisa de ovos e larvas e de 40x para pesquisa de
protozoários

MÉTODO DA GOTA ESPESSA

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Objetivo:
Este método consiste em concentrar, sobre superfície reduzida, os hematozoários contidos em
determinado volume de sangue.

Técnica:
Coloca-se em lâmina uma a duas gotas de sangue. Espalha-se em forma circular com
alça de platina, até conseguir uma camada uniforme. Deixar secar por exposição ao ar
ou levar à estufa a 37oC. Em seguida, hemolisar com água destilada, a qual destrói os
eritrócitos, deixando intactos os leucócitos e os hematozoários. Secar novamente e corar
pelos métodos usuais. Examinar em objetiva de imersão.

CÁLCULO DA CARGA PATOGÊNICA

Cálculo do número de fêmeas:


No fêmeas: OPG X quant. fezes dia
Postura/fêmea/dia

Cálculo do número de machos


70% do número de fêmeas
Ex: Peso vivo do rebanho – 20 kg (20.000g)
OPG (Str.)= 2000

Coprocultura
Haemonchus – 60% Haemonchus 1200 ovos
Trichostrongylus- 20% Trichostrongylus- 400 ovos
Cooperia- 20% Cooperia – 400 ovos

Defecação diária do rebanho – 5% do peso vivo


Rebanho- 1000 g.

a) Número de fêmeas Haemonchus – 1200 X1000g = 1200 = 240 fêmeas


5000 ovos/dia 5

Número de machos de Haemonchus= 70% fêmeas= 70% de 240 fêmeas = 188 machos
Total- 428 Haemonchus

b) Número de fêmeas de Trichostrongylus – 400X 1000g = 2000 fêmeas


200 ovos/dia
Número de machos de Trichostrongylus – 70% de 2000 = 1400 machos.
Total- 3400 Trichostrongylus adultos.

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c) Número de fêmeas de Cooperia – 400 X 1000g. = 2000 fêmeas


200 ovos/dia
Número de machos de Cooperia- 70% de 2000 = 1400 machos
Total- 3400 Cooperia adultos

Equivalência patogênica
500 Haemonchus- 1 carga patogênica
428 Haemonchus – 0,8 carga patogênica
4000 Trichostrongylus - 1 carga patogênica
3400 Trichostrongylus – 0,8 carga patogênica
4000 Cooperia – 1 carga patogênica
3400 Cooperia – 0,8 carga patogênica

Carga patogênica total – 2,4


Dois (2) inicia doença.

Ovopostura diária estimada


Haemonchus- 5000
Trichostrongylus 200
Cooperia 200
Strongyloides 3000
Bunostomum 1200
Oesophagostomum 3000
Nematodirus 50
Ostertagia 200
Chabertia 3000

Equivalência patogênica
500 Haemonchus = 100 Oesophagostomum= 3000 Ostertagia = 4000 Trichostrongylus ,
Cooperia, Nematodirus, Strongyloides = 200 Bunostomum

FÓRMULAS
LUGOL
Iodo................................06 gramas
Iodeto de Potássio ........04 gramas
H2O ..............................100 ml

SOLUÇÕES SATURADAS:

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SAL
Densidade em 200 C – 1.19
Cloreto de sódio...................350 g
Água destilada......................1000ml
Dissolver o sal na água destilada morna. Filtrar.

AÇÚCAR
Densidade em 150 C – 1.12
Açúcar..............................500 g
Água destilada..................320 ml
Formol comercial.............. 10 ml ou fenol 7 g.(preservativo)
Dissolver o açúcar na água destilada morna, após a dissolução acrescentar o fenol ou formol.

SULFATO DE ZINCO
Densidade em 150 C – 1.182
Sulfato de magnésio .......33 g
Água destilada.................100 ml
Adicionar água destilada quente no sulfato de zinco, filtrar.

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CÃES E GATOS
INTRODUÇÃO
O homem vive em contato direto com cães e gatos. Animais de estimação são infectados por vários
gêneros de vermes – vários dos quais ocorrem em animais selvagens também. O alimento natural
desses animais que consiste em carne, peixe e especialmente vísceras, é a maior fonte de infecção.
Vermes de cães e gatos podem não ser somente patogênico para seus hospedeiros como podem
também causar zoonoses. Algumas espécies de vermes são transferidas para o homem (como
Toxocara canis, Echinococcus granulosus). Crianças em particular, são altamente susceptíveis, pelo
íntimo contato com animais domésticos. Os ovos de vermes de Trichuris, Ascarídeos e Taenia são
extremamente resistentes, assim representando um constante risco de reinfecção.
Espécies de vermes podem habitar vários órgãos e tecidos de seus hospedeiros. A maioria ocorre no
trato gastrintestinal. Alguns parasitam a bexiga e rins (Capillaria sp. e Dioctophyma renale), pulmões
(Capillaria aerophila, Aelurostrongylus abstrusus) ou coração e vasos sangüíneos (Angiostrongylus
vasorum, Dirofilaria immitis).
Infecções de cães e gatos por vermes são diagnosticadas através de exame de fezes, urina e
ocasionalmente sangue ou esputo. Muitos ovos de vermes encontrados nas fezes são de nematódeos
gastrintestinais e poucas espécies de cestódeos. A presença de larvas de vermes em fezes de gato,
indica a presença do verme pulmonar (Aelurostrongylus abstrusus); quando ocorre em fezes de cães
indica a presença de Angiostrongylus vasorum. Na urina podemos encontrar o ovo de Capillaria plica,
Capillaria felis cati e Dioctophyma renale. Deve-se ter o cuidado com o material utilizado na prática,
pois algumas vezes pode ocorrer a contaminação de urina nas fezes e então podemos encontrar
esses ovos em exame de fezes. Em exame direto ou técnicas de concentração raramente se observa
a presença de ovos de Taenia, a não ser que os segmentos maduros já tenham se desintegrado.
Segmentos maduros ocorrem separadamente ou em cadeias, são fáceis de ser observados a olho nu
nas fezes e envolta da região anal. Espécies de Tenídeos podem ser diagnosticados por meio dos
segmentos expelidos com as fezes.

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE OVOS ENCONTRADOS EM FEZES DE CÃES E GATOS

1.Com dois plugues polares


1.1.Protuberantes
Casca lisa (nas fezes) Trichuris
Casca granulada (na urina, fezes ou esputo) Capillaria
1.2.Não Protuberantes
Casca espessa com superfície granular (na urina) Dioctophyma
2. Sem Plugues polares
2.1. Esférico
2.1.1. Conteúdo não segmentado
Casca lisa, transparente Toxascaris
Casca áspera, marrom amarelado
Aprox. 75 µ (cão) Toxocara canis
Aprox. 65 µm (gato) Toxocara cati
2.1.2. Embrião hexacanto
a. Sem embrióforo, 1 a 30 ovos em cápsulas ovígeras Dipylidium
b. Com embrióforo, ovos separados. Taenia spp.
Multiceps
Echinococcus
2.2.Não esférico, ovóide.
2.2.1.Com larva Strongyloides
2.2.2.Sem larva
a. Com opérculo
> 120 µm, Mesostephanus
> 40 µm, Apophallus
b. Sem opérculo, ovos do tipo strongylidae
± 70 µm (cão) Uncinaria
± 65 µm (gato) Ancylostoma tuba
(cão) Ancylostoma caninum

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Trichuris vulpis - Nematoda Capillaria spp. - Nematoda

Cães C. felis cati (gato) – C. plica (cão)

• Ovos de tamanho médio: 70-90 µm de • Ovos de tamanho médio: 60 - 65 µm de


comprimento por 32 – 41 µm de largura comprimento por 29 - 30 µm de largura
• Lados das paredes levemente em forma • Ovóide
de barril • Alongado, com dois plugues polares.
• Dois plugues polares transparentes nos • Plugues polares são transparentes, largos e
pólos aplainados.
• Parede espessa com superfície lisa • Casca de cor amarelada
• Conteúdo granular, não segmentado. • Conteúdo não segmentado, granular.
• Deve ser distinguido de ovos de • Ovos são somente encontrados na urina
Capillaria que são menores e tem casca • Deve ser diferenciado de ovos de Trichuris
granulosa. vulpis, que são maiores e tem casca lisa, e de
ovos de Capillaria aerophila que ocorre
somente em fezes ou esputo.

Capillaria aerophila - Nematoda Dioctophyma renale - Nematoda

Cães e gatos Cães e gatos

• Ovos de tamanho médio: 60 - 74 µm de • Ovos de tamanho médio: 64 - 68 µm de


comprimento por 35 - 40 µ de largura comprimento por 40 - 44 µ de largura
• Ovóide • Ovóide com plugues polares levemente
• Alongado, com dois plugues polares. protuberantes
• Casca de cor marrom amarelada • Cor castanha amarelado
• Conteúdo granular fino • Casca espessa com superfície granulosa, ovos
não segmentados.
Deve ser diferenciado de ovos de Trichuris • Ovos ocorrem na urina
vulpis, que são maiores e tem casca lisa, e de
ovos de Capillaria felis cati que ocorre somente
em urina.

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Toxascaris leonina - Nematoda Toxocara canis - Nematoda

Cães e Gatos Cães

• Ovos de tamanho médio: 75 - 85 µm. • Ovos de tamanho médio: 75 - 90 µm.


• Quase esféricos ou levemente ovais • Quase esféricos ou levemente ovais
• Casca espessa, lisa e pálida. • Casca espessa, áspera, granular.
• Conteúdo granular marrom amarelado, • Conteúdo granular marrom à preto, não
não segmentado e ocupando somente segmentado e normalmente ocupando
parte do ovo. todo o ovo.

Deve ser distinguido de ovos de Toxocara, Deve ser distinguido de ovos de Toxascaris
que tem casca áspera e conteúdo marrom ou leonina, que tem casca lisa, pálida e conteúdo
preto. marrom amarelado.

Toxocara cati - Nematoda Dipylidium caninum - Cestoda

Gato Cães e gatos

• Ovos de tamanho médio: 65 - 75 µm • Ovos dentro de uma cápsula ovígera


• Quase esféricos ou levemente ovais (120 – 200 µm) em número de 1 a 30
• Casca espessa, áspera, granular. • Ovos pequenos 26-50 µm.
• Conteúdo granular marrom a preto, não • Quase esférico com membrana vitelina
segmentado e normalmente ocupando • Ovo castanho a amarelado
todo o ovo. • Contém embrião hexacanto no seu
interior
Deve ser distinguido de ovos de Toxascaris
leonina, que tem casca lisa, pálida e conteúdo
marrom amarelado.

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Ovos de Taenia - Cestoda Uncinaria stenocephala - Nematoda

Cães e gatos Cães

• Ovo de tamanho pequeno: • Ovos de tamanho médio: 63 – 80


- Taenia pisiformis (cão) 32 - 37 µm de largura. µm de diâmetro por 32 - 50µ de
- Taenia hydatigena (cão) 35 - 38 µm de largura. largura.
- Multiceps multiceps (cão) 31 - 36 µm de largura. • Ovóide.
- Multiceps serialis (cão) 27 - 34 µm de largura. • Pólos diferentes
- Hydatigera taeniformis (gato) 31 - 37 µm de • Paredes tendem a ser paralelas
largura. • Casca fina, com superfície lisa.
- Echinococcus granulosus (cão e gato) 30 - 36 µm • Blastômeros largos
de largura.
- Echinococcus multiocularis (cão e raposa) 30 - 36 Deve ser distinguido de Ancylostoma
µm de largura. caninum que é menor e tem a parede
• Esférico a elipsóide mais fina.
• Contém embrião hexacanto
• Casca espessa, lisa, com embrióforo ( estriado
radialmente)
• Estes ovos são observados somente após
desintegração da proglótide

Physaloptera - Nematoda Diphyllobotrium - Cestoda

Cães e gatos Cães e Gatos

• Ovos alongados, espessados em um ou outro pólo • Ovos semelhantes aos da Fasciola


encontrados em fezes ou vômito. hepatica sendo amarelados e
• Semelhante ao ovo de Spirocerca, porém, é mais operculados, porém menores.
oval. • 60- 70 µ

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Ancylostoma spp. - Nematoda Aelurostrongylus abstrusus - Nematoda

Cães e Gatos Gato

• Ovo de tamanho médio • A larva L1 é encontrada nas fezes.


• A. caninum 56 – 65µm de diâmetro por 37 – 43 • Tamanho médio: 360-400µ de diâmetro por 15
de largura (Cães) - 20µ de largura.
• A. tubaeforme 55–76µm de diâmetro por 34– • O ovo tem uma casca fina e embriona-se
45 de largura (Gatos) no pulmão, mede 70 a 80µm por 50 -
• Ovóide 75µm
• Pólos similares e arredondados • Larva curta, espessa com um espinho dorsal
• Lados das paredes com forma de barril na cauda.
• Casca fina, lisa. • Cabeça cônica com esôfago característico de
• 2 a 8 blastômeros grandes Strongyloides
• Deve ser distinguido de Uncinaria • Com conteúdo granular
stenocephala que é levemente maior

Não
Esporulado Esporulado

Spirometra - Cestoda Toxoplasma - Protozoário

Cães e gatos Gatos

• Ovos semelhantes ao do Diphyllobotrium • Oocistos: 12 µ


• São encontrados nas fezes de gatos e
não são esporulados em fezes frescas
• A esporulação ocorre em no mínimo 3
dias
• O oocisto esporulado contém dois
esporocistos, cada um com quatro
esporozoítos.

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Cistos
Trofozoíta

Giardia- Protozoário Isospora - Protozoário (I. canis, I. felis, I.


ohioensis, I. rivolta)

Cães e Gatos Cães e Gatos

• Forma trofozoíta piriforme e elipsóide, • Oocistos esporulados com dois esporocistos


extremidade arredondada, simétricos com e cada um com quatro esporozoítos.
face dorsal convexa e ventral côncava. • 15 a 40 µ
Dois axóstilos e 8 flagelos distribuídos em 4
pares.
• Forma cística de forma oval possuindo 2 a
4 núcleos e fibrilas.
• Métodos mais indicados: Flutuação com
sulfato de zinco ou exame direto das fezes,
pois soluções hipersaturadas de sal ou
açúcar distorcem o parasito. A forma
trofozoíta é muito sensível.

Cryptosporidium - Protozoário Sarcocystis - Protozoário

Cães e Gatos Cães e Gatos

• Oocistos minúsculos: 4 – 4,5 µ. • Ao contrário de Isospora, estes são


• Cada oocisto com 4 esporozoitos (não há esporulados quando eliminados nas fezes e
esporocisto) contêm dois esporocistos cada um com quatro
• Pode-se diagnosticar através de técnicas esporozoítos.
de flutuação ou esfregaço de fezes • 14-15 µ
corados por Ziehl-Nielsen onde os
esporozoítos aparecem como grânulos
vermelho-brilhantes.

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OVINOS, CAPRINOS E BOVINOS

INTRODUÇÃO

Os ovos de vermes e larvas encontrados em fezes de bovinos são quase os mesmos encontrados
em ovinos e caprinos.
Há um desenvolvimento embrionário em ovos de Trichostrongylideos gastrointestinais: De acordo
com a espécie de verme, os ovos contém de 4 a 32 blastômeros. Estes são os ovos de vermes
mais freqüentemente encontrados e eles tem dimensões muito parecidas. A maioria dos
laboratórios não consegue distinguir os ovos de Cooperia, Haemonchus, Trichostrongylus,
Ostertagia e Oesophagostomum, então dão o diagnóstico de: presença de Estrongilideos ou
Trichostrongilideos nas fezes. Um diagnóstico correto pode ser feito com uma boa experiência e
comparando as características com precisão. Se for preciso podem ser identificadas as larvas dos
vários gêneros após coprocultura, e então confirmado o diagnóstico.
Os ovos de vermes redondos como Trichuris (com plugues polares), Strongyloides (com larva no
interior) ou os muito grandes como Nematodirus são facilmente reconhecidos. Os ovos de Toxocara
vitulorum são bastante similares aos ovos de T. canis, parasito de cães, porém a camada externa
da casca dos ovos de T. canis é mais larga que a de T. vitulorum. Os grandes e pequenos vermes
pulmonares de ovinos são diferenciados pelo exame microscópico das larvas; em bovinos o único
verme pulmonar encontrado é o Dictyocaulus viviparus. Uma infecção com trematódeos como a
Fasciola hepatica é facilmente identificada pelos ovos típicos (amarelos e grandes com um
opérculo). Se forem achados segmentos ou cadeias inteiras de segmentos maduros nas fezes um
exame ao microscópio poderá confirmar uma infecção por Moniezia com típicos ovos irregulares.

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE OVOS ENCONTRADOS EM FEZES DE RUMINANTES


1.Com plugues polares
1.1Plugues polares protuberantes
Trichuris
1.2Sem plugues polares protuberantes Capillaria

2.Sem plugues polares


2.1.Com larva
- Casca fina, com larva de nematóide no interior Strongyloides
- Ovos triangulares ou piramidais com larva
contendo seis ganchos Moniezia

2.2.Sem larva
2.2.1.Com opérculo
# Pequenos ovos de cor escura elipsóides e
assimétricos Dicrocoelium

# Ovos grandes e elipsóides


a- amarelo ouro a marrom (140 µ) Fasciola
b- esverdeados a hialinos (160 µ)
Paramphistomum
2.2.2.Sem opérculo
a- Com parede espessa e membrana albuminosa Toxocara
b- Com dupla parede transparente
> 130 µ
♦Ovos ovóides com grandes blastômeros escuros Nematodirus
♦Ovos elípticos com pólos não similares Marshallagia
< 130 µ
4- 8 blastômeros Bunostomum
> 8 blastômeros (16- 32)
Pólos marcadamente distintos Trichostrongylus
Pólos similares ou quase similares
Com paredes paralelas Cooperia
Com paredes esféricas
c- Ovos ovais com grandes blastômeros
Com pólos mais ou menos assimétricos Haemonchus

Com pólos similares Oesophagostomum


d- Ovos ovais ou elipsóides com pequenos blastômeros
Largo com pólos ligeiramente aplainados Chabertia
Pólos não muito largos, e mórulas com
grande quantidade de pequenos blastômeros Ostertagia

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Trichuris ovis - Nematoda Capillaria sp. (C. longipes – C. brevipes) -


Nematoda

Ruminantes Ruminantes

• Ovos de tamanho médio: 75 µ (70-80) de • Ovos de tamanho pequeno: 45 - 50 µ de


comprimento por 35 µ (30-42) de largura comprimento por 22 - 25 µ de largura
• Com dois plugues polares protuberantes e • Com dois plugues polares pouco
transparentes protuberantes e transparentes
• Parede espessa • Lados das paredes são paralelos
• Conteúdo granular, sem blastômeros. • Conteúdo granular, não segmentado.
• Parede espessa com superfície enrugada
Deve ser distinguido de Capillaria (< 60 µ de
comprimento; plugues polares aplainados).

M.
M.

Strongyloides papillosus - Nematoda Moniezia - Cestoda

Ruminantes Ruminantes

• Ovos de tamanho médio: 47-65 µ de • Ovos de tamanho médio:


comprimento por 25 - 26 µ de largura o Moniezia expansa – ovinos -
• Ovo largo, forma de elipse formato mais ou menos triangular a
• Pólos largos, semelhantes e ligeiramente piramidal : 50 - 60 µ
aplainados o Moniezia benedeni – bovinos –
• Paredes laterais semelhantes Formato mais ou menos
• Casca fina, pálido, com superfície lisa. quadrangular: 80 - 90 µ
• Contém um embrião cercado por um
É embrionado: contém a larva L1, que mais aparato piriforme
tarde emerge do ovo, às vezes até mesmo no • Parede espessa com superfície lisa, cor
mesmo dia. escura, cinzenta.

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Fasciol

Paramphistom

Paramphistomum cervi - Trematoda Toxocara vitulorum - Nematoda

Ruminantes Ruminantes

• Ovos de tamanho grande: maior que 160 µ • Ovos de tamanho médio: 69 – 95 µ de


(125 – 180) de comprimento por 75 – 103 (90) comprimento por 60 - 77µ de largura.
µ de largura • Quase esféricos
• Cor pálida, de cinzento a esverdeado. • Paredes espessas, nitidamente alveoladas.
• Pólo com tampa (opérculo) • Contém conteúdo granular, não segmentado
• Nos estágios de início de segmentação ele e usualmente preenchendo só uma parte do
contém 4 a 8 blastômeros cercados por ovo.
aproximadamente 50 células.

Deve ser distinguido de Fasciola (menor, marrom


amarelado)

Dicrocoelium lanceatum - Trematoda Fasciola hepatica - Trematoda

Ruminantes Ruminantes

• Ovos de tamanho pequeno: 38 - 45 µ de • Ovos de tamanho grande: (> 130 µ) 130 –


comprimento por 22 - 30 µ de largura 145 µ de comprimento por 70- 90 µ de
• Marrom escuro largura.
• Formato de elipse irregular • Elipse quase regular
• Parede espessa • Pólos quase similares
• Paredes simétricas com forma de barril
Contém o miracídio que preenche • Paredes finas
completamente o ovo; é difícil de distinguir, • Ovos marrons amarelados, granulares; sem
pois se observa vagamente o opérculo. blastômeros.
• Pólo com tampa (um opérculo)

Deve ser distinguido de Paramphistomum cervi


(é maior, de cor esverdeada)

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Nematodirus - Nematoda Bunostomum - Nematoda

Ruminantes Ruminantes

• Ovos de tamanho grande (>130 µ): • Ovos de tamanho médio:


- Nematodirus filicollis o Bunostomum phlebotomum (bovino) 88-
150 µ (130 – 200) de comprimento por 75µ 104 µ de comprimento por 47 - 56µ de
(70-90)de largura largura.
- Nematodirus helvetianus o Bunostomum trigonocephalum (ovino)
212 µ (160 – 233)de comprimento por 97µ 88-104 µ de comprimento por 47 - 56µ
(87-121)de largura de largura.
- Nematodirus spathiger • De formato elíptico regular largo, com 4 a 8
200 µ (175 – 260)de comprimento por 108µ blastômeros.
(106-110)de largura • Paredes com lados não similares, com um dos
- Nematodirus battus lados levemente aplainado.
164 µ (152 – 182) de comprimento por 72µ
(67-77) de largura Deve ser diferenciado de Chabertia (lados paredes
• Formato de elipse mais ou menos regular similares e mais blastômeros)
• Paredes similares
• Pólos similares
• Casca fina, pálido (N. filicollis, N.
spathiger), claro(N. helvetianus) ou marrom
(N. battus)
• 2 a 8 grandes blastômeros

Deve ser diferenciado de Marshallagia


marshalli (pólos arredondados, 16032
blastômeros)

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Trichostrongylus - Nematoda Cooperia - Nematoda

Ruminantes Ruminantes

• Ovos de tamanho médio: • Ovos de tamanho médio:


- Trichostrongylus axei 70 - 108 µ de comprimento - Cooperia oncophora – bovinos - 74 - 95 µ por
por 30 - 48 µ de largura 36-44 µ
- Trichostrongylus colubriformis 79 - 101 µ de - Cooperia punctata – bovinos – 69 - 83 µ por
comprimento por 38-50 µ de largura 29-34 µ
- Trichostrongylus vitrinus>90 µ . 85 - 125 µ de - Cooperia curticei – ovinos - 60 - 88 µ por 30-
comprimento por 37-55 µ de largura 42 µ
• Elipse irregular • Elipse pequena regular
• Pólos não semelhantes, não muito largos, um • Pólos pequenos, quase similares.
dos quais mais arredondado que o outro. • Lados das paredes paralelos e aplainados
• Lados das paredes diferentes, sendo um mais • Casca fina com superfície lisa, o lado interno
aplainado. é coberto por uma fina membrana do ovo.
• Casca fina, com superfície lisa. • Muitos blastômeros, difícil de distinguir.
• 16 a 32 blastômeros
Diferenciar de Ostertagia (paredes esféricas e
pólos mais largos)

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Haemonchus - Nematoda Oesophagostomum - Nematoda

Ruminantes Ruminantes

• Ovos de tamanho médio: • Ovos de tamanho médio:


• Média de 74 µ (62-95) de comprimento por-Oesophagostomum radiatum – bovinos - 75 - 98
44 µ (36-50) de largura µ por 46-54 µ
• Elipse larga regular -Oesophagostomum columbianum– ovinos– 65 -
• 88 µ por 40-54 µ
Pólos largos, aplainados e muito similares.
• -Oesophagostomum venulosum – ovinos - 85 -
Lados das paredes similares, parecendo um
barril. 120 µ por 45-60 µ
• • Formato elíptico, largo e regular.
Casca fina, amarelados com superfície lisa, a
parte de dentro é coberta por uma fina • Pólos arredondados e similares
membrana. • Lados das paredes quase similares, parecidos
• Numerosos e quase não distinguíveis com um barril.
blastômeros. • Casca fina com superfície lisa, o lado interno
é coberto por uma fina membrana.
Diferenciar de Oesophagostomum (blastômeros • 16 a 32 blastômeros
são facilmente distinguidos)
Diferenciar de Haemonchus (blastômeros são
mais difíceis de distinguir)

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Chabertia ovina - Nematoda Ostertagia - Nematoda

Ovinos Ruminantes

• Ovos de tamanho médio: • Ovos de tamanho médio:


• Média de 90 µ (77-105) de comprimento por -Ostertagia ostertagi – bovinos - 75 - 98 µ por 46-
50 µ (45-59) de largura 54 µ
• Formato elíptico, largo e regular -Ostertagia circumcincta – ovinos - 75 - 98 µ por
• 46-54 µ
Pólos ligeiramente largos, aplainados e muito
similares • Formato elíptico, regular
• Lados das paredes similares, parecendo um • Pólos não muito largos e simétricos
barril • Lados das paredes simétricos, parecidos com
• Casca fina, com superfície lisa, a parte de um barril
dentro é coberta por uma fina membrana . • Casca fina com superfície lisa, o lado interno
• 16 a 32 blastômeros. é coberto por uma fina membrana.
• Grande número de blastômeros difíceis de
Diferenciar de Bunostomum (um lado da parede é distinguir e que preenchem quase todo ovo
aplainado)
Diferenciar de Haemonchus (redondo) e Cooperia
(Paredes paralelas)

Dictyocaulus viviparus – L1 - Nematoda Dictyocaulus filaria – L1 - Nematoda

Ruminantes Ruminantes

• 390-450 µ de comprimento por 25µ de largura • 550 – 580 µ


• Cabeça arredondada (não tem uma protuberância • Cabeça contém uma
protoplasmática (botão cefálico) como Dictyocaulus protuberância protoplasmática
filaria) (botão cefálico)
• Esôfago simples do tipo estrongiloide. • Muitos grânulos intestinais
• Encontrado nas fezes acinzentados
• Cauda termina em ponto cego • Cauda termina em ponto cego

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Não
Esporul
esporul
ado

Muellerius capillaris- L1 – Larva - Nematoda Eimeria - Protozoário ( E. zuernii, E.


cylindrica, E. ellipsoidallis, E. auburnensis, E.
bovis, E. ahsata, E. granulosa, E. ovina, E.
faurei, E. ovinoidalis, E. crandallis, E.
intricata)

Ovinos Ruminantes

• 300 – 320 µ • Oocistos esporulados com quatro


• Cabeça sem uma protuberância esporocistos contendo 2 esporozoítos
protoplasmática (botão cefálico) em cada.
• Grânulos intestinais finos • 18 – 30 µ
• Cauda termina com um espinho dorsal e
ondulada

Trofozoít Cist

Giardia – Protozoário Thysanosoma - Cestoda

Ruminantes Ruminantes

• Forma trofozoíta piriforme e elipsóide, • Ovos muito pequenos, 19 – 26 µ, sem


extremidade arredondada, simétricos aparato piriforme.
com face dorsal convexa e ventral • Presença de corpos para-uterinos nos
côncava. Dois axóstilos e 8 flagelos ovos
distribuídos em 4 pares.
• Forma cística de forma oval possuindo 2
a 4 núcleos e fibrilas.
• Métodos mais indicados: Flutuação com
sulfato de zinco ou exame direto das
fezes, pois soluções hipersaturadas de
sal ou açúcar distorcem o parasito. A
forma trofozoíta é muito sensível.

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SUINOS

INTRODUÇÃO
Os ovos de Ascaris suum, Trichuris suis, Strongyloides sp. e Metastrongylus sp. São fáceis de
identificar. As diferenças entre os ovos de Oesophagostomum sp. e Hyostrongylus rubidus, ao
contrário, são bastante difíceis de diferenciar; o diagnóstico diferencial é possível somente após
cultura das fezes (coprocultura) e exame microscópico da larva. As características destas larvas
são específicas das espécies. Os ovos de Strongyloides sp. são fáceis de reconhecer pela parede
fina e lisa, e também por conter no seu interior uma larva (L1), essa larva emerge muito cedo do
ovo, então para identificação desse ovo devemos examinar fezes frescas, recém expelidas. Em
fezes velhas é difícil de identificar a larva de Strongyloides de outras larvas de vida livre que
habitam o bolo fecal. O ovo de Metastrongylus também contém uma larva L1, porém a superfície
do ovo é enrugada. Fezes de suíno também podem conter ovos de outros parasitas principalmente
de ruminantes como: Trichostrongylus vitrinus e Trichostrongylus colubriformis e ovos de
trematódeos de Fasciola hepatica e Dicrocoelium lanceatum.

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE OVOS ENCONTRADOS EM FEZES DE SUÍNOS

1.Com plugues polares Trichuris

2.Sem Plugues polares


2.1. Com larva
- Parede lisa e fina Strongyloides
- Superfície enrugada Metastrongylus
- Elíptico e alongado, parede espessa Physocephalus
2.2. Sem larva
Parede marrom, espessa Ascaris
Ovo pálido com casca lisa > 8 blastômeros *Hyostrongilus e Oesophagostomum

< 8 blastômeros Globocephalus


Ovo na urina Stephanurus

- Após trichinoscopia Trichinella

Protozoários:
Giardia
Eimeria
Balantidium
Isospora

Outros:
Schistosoma
Gongylonema
Macracantorhynchus

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Trichuris suis -Nematoda Strongyloides (S. papillosus (=suis) – S. ransomi) -


Nematoda

Suínos Suínos

• Ovos de tamanho médio: 50-68 µm de • Ovos de tamanho pequeno: 40 - 55 µm de


comprimento por 21 – 31 µ de largura comprimento por 20 - 35 µm de largura
• Lados das paredes levemente em • Forma elíptica
forma de barril • Casca de cor verde acinzentada
• Dois plugues polares transparentes nos • Parede muito fina
pólos • Contém uma larva L1
• Parede espessa com superfície lisa
• Conteúdo granular, não segmentado. Deve ser diferenciado de ovos de Metastrongylus
que são mais largos e mais redondos.

Metastrongylus elongates - Nematoda Physocephalus sexalatus -Nematoda

Suínos Suínos

• Ovos de tamanho médio: 51 - 63 µ de • Ovos de tamanho pequeno: 31 - 45 µ de


comprimento por 33 - 42 µ de largura comprimento por 12 - 26 µ de largura
• Forma elíptica ou arredondada • Ovo elíptico e alongado
• Casca espessa com superfície • Casca espessa
enrugada • Contém uma larva
• Contém uma larva L1
• A casca do ovo de Metastrongylus
possui debris fecais aderidos.

Deve ser diferenciado de ovos de


Strongyloides sp. que são menores, mais
lisos e mais elipsóides.

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Ascaris suum - Nematoda Globocephalus urosubulatus - Nematoda

Suínos Suínos

• Ovos de tamanho médio: 50 – 70µm • Ovos de tamanho médio: 50 - 56 µm de


de comprimento por 40 - 60µm de comprimento por 26 - 35µm de largura
largura • Ovóide
• Elípticos ou redondos • Casca fina, pálida com superfície lisa.
• Casca espessa, aberto pelo lado de • Poucos blastômeros: 6 - 8
dentro por uma membrana.
• Cor marrom dourado. Deve ser distinguido de ovos de
Oesophagostomum e Hyostrongylus que tem
Conteúdo: células não segmentadas, mais blastômeros.
granulares.

Adultos

Hyostrongylus rubidus - Nematoda Hyostrongylus rubidus L3 – Larva - Nematoda

Suínos Suínos

• Ovos de tamanho médio: 69 - 85 µ • Tamanho: Sem envoltura: 715 - 735 µ Com


por 39 – 45 µ de largura envoltura: 800 - 22 µ
• Ovóides com pólos redondos similares • Cauda longa: 60 - 68 µ .
• Ovo de superfície lisa e parede fina. • A larva tem movimentos rápidos.
• Em fezes frescas: mínimo de 32
blastômeros. Deve ser distinguido de larvas de
Oesophagostomum, que são mais curtas e mais
Deve ser distinguido de ovos de espessas, e se movem mais lentamente. Usar
Oesophagostomum, para isso deve ser técnica de Baermann, após cultura das larvas.
feita cultura das fezes e diferenciação
pelas larvas.

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Oesophagostomum dentatum - Nematoda Oesophagostomum dentatum L3 – Larva -


Nematoda

Suínos Suínos

• Ovos de tamanho médio: 66 - 80 µ • Tamanho: Sem envoltura: 515 - 532 µ


por 38 - 47 µ Com envoltura: 660 - 720 µ X 30 µ
• Formato oval largo e regular • Cauda curta: 45 - 53 µ .
• Pólos arredondados e similares • A larva tem movimentos lentos.
• Lados das paredes quase similares,
parecidos com um barril Deve ser distinguido de larvas de
• Casca fina com superfície lisa, o lado Hyostrongylus, que é mais longa e mais fina, e
interno é coberto por uma fina se move rapidamente. Usar técnica de
membrana. Baermann, após cultura das larvas.
• Em fezes frescas: 8 a 16 blastômeros

Diferenciar de Hyostrongylus A
diferenciação é feita por meio de cultura de
fezes e exame microscópico das larvas

Stephanurus dentatus - Nematoda Trichinella spiralis - Nematoda

Suínos Suínos, ratos, outros mamíferos e homem

• Ovos de tamanho médio: 90 - 114 µ por 53 • Tamanho: 30 µ - 800 - 1000 µ


- 70 µ • A larva infectante vive encapsulada no tecido
• Formato elíptico largo e irregular muscular de vários mamíferos e são adquiridos
• Casca fina e transparente através da alimentação.
• Muitos blastômeros: 32 - 64 • A larva encapsulada no tecido tem formato
• O ovo é encontrado somente na urina espiral

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Trofozoíta Cisto

Giardia - Protozoário Isospora - Protozoário

Suínos Suínos

• Forma trofozoíta piriforme e elipsóide, • Oocistos esporulados com dois


extremidade arredondada, simétricos esporocistos e cada um com quatro
com face dorsal convexa e ventral esporozoítos.
côncava. Dois axóstilos e 8 flagelos • 15 a 18 µ
distribuídos em 4 pares.
• Forma cística de forma oval possuindo
dois a quatro núcleos e fibrilas.
• Métodos mais indicados: Flutuação
com sulfato de zinco ou exame direto
das fezes, pois soluções
hipersaturadas de sal ou açúcar
distorcem o parasito. A forma
trofozoíta é muito sensível.

Não
esporulado Esporulado

Eimeria – Protozoário (E. spinosa, E. porci, E. Macracantorhynchus - Acantocephala


neodebliecki, E. debliecki, E. scabra)

Suínos Suínos

• Oocistos esporulados com quatro • Ovo oval com 110 µ


esporocistos contendo 2 esporozoítos • Casca marrom escura e contém a larva
em cada. acantor no seu interior.
• 18 – 23 µ

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EQUINOS

INTRODUÇÃO

Em nossas regiões quase todos os eqüinos são infectados por nematóides. A maioria da população
de vermes possui grande variedade de espécies, sendo as mais patogênicas as pertencentes às
famílias Ascaridae e Strongylidae.
O diagnóstico das helmintíases é determinado principalmente pelo exame microscópico dos ovos
dos vermes. Os ovos de Oxyuris equi e Parascaris equorum são bastante característicos e fáceis
de identificar. O ovo de Dictyocaulus arnfield, Strongyloides westeri e Habronema spp. sempre
contém uma larva. A larva deixa o ovo cedo – algumas vezes dentro do hospedeiro de forma que
ovos e larvas podem ser encontrados nas fezes.
Os ovos de Trichostrongylus axei, Triodontophorus spp., Trichonema spp. e Strongylus spp. são
muito similares, a diferenciação é possível mediante apurada medida e comparação de suas
propriedades morfológicas. As larvas desses nematóides obtidas após cultura das fezes, são
facilmente distinguíveis com a ajuda de um microscópio. Um número de gêneros que ocorrem com
menor freqüência não foi incluído aqui, como: Oesophagodonthus, Craterostomum, Gyalocephalus,
Posteriostomum.
Os ovos dos cestódeos Anoplocephala perfoliata, A. magna e Paranoplocephala mamillana são
expelidos com as fezes. Os ovos de Trematódeos de eqüinos são principalmente parasitas de
ruminantes (Dicrocoelium lanceatum, Fasciola hepatica).
Por causa de sua localização em certos órgãos e tecidos, ovos de várias espécies de Spiruroidea e
Filarioidea são impossíveis de achar nas fezes. Thelazia lacrymalis ocorre nos olhos. Setaria
equina vive na cavidade abdominal, enquanto as microfilárias estão no sangue. A oncocerchose
habita os tendões e tecido conectivo. As larvas de espécies de Filarioidea são detectadas no
sangue ou fluido tissular.

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE OVOS ENCONTRADOS EM FEZES DE EQUINOS


1.Com larva
1.1.Com um plugue polar, assimétrico Oxyuris
1.2.Sem plugue polar
1.2.1. Uma única casca
Cilíndrica Habronema
- Elipsóide, < 50µ Strongyloides
1.2.2. Dupla casca do ovo, elipsóide > 80 µ Dictyocaulus
1.2.3. Tripla casca do ovo, quase esférica
♦Embrião hexacanto = 16 µ Anoplocephala
perfoliata
♦Embrião hexacanto = 8 µ Anoploc. magna
♦Aparato piriforme bem desenvolvido Paranoplocephala

2.Sem larva
2.1. Com opérculo
a) Pequeno, escuro e assimétrico. Dicrocoelium
b) Grande, marrom amarelado à marrom. Fasciola
2.2.Sem opérculo
a) Esféricos
> 90µ, amarelo ouro, casca espessa Parascaris
b) Não esféricos, ovóides ou elipsóides
b.1) Pólos não similares Trichostrongylus
b.2) Pólos similares
Eixo menor, < ½ do eixo maior
> 130 µ, lados das paredes parecem barris Triodontophorus
< 110 µ , Lados das paredes paralelos Trichonema
Eixo menor > ½ do eixo maior Strongylus

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Oxyuris equi - Nematoda Habronema sp - Nematoda

Equinos Eqüinos

• Ovos de tamanho médio: 80-95 µ de • Ovos de tamanho pequeno: 40 - 55 µ de


comprimento por 40–45 µ de largura comprimento por 8 - 16 µ de largura
• Ovóide, levemente assimétrico. • Cilíndrico ou baciliforme, fortemente
• Lados das paredes não são similares, um é comprimido.
mais aplainado. • Paredes laterais em forma de barril
• Plugue polar transparente em um pólo • Casca espessa
• Parede espessa com superfície lisa • Contém uma larva
• Sempre contém um estágio tardio de mórula • Nas fezes, ambos estágios de ovos ou
ou uma larva – L1 larvas podem ser detectados.

Strongyloides westeri - Nematoda Dictyocaulus arnfield - Nematoda

Equinos Eqüinos

• Ovos de tamanho pequeno: 40 - 50 µ de • Ovos de tamanho médio: 80 - 100 µ de


comprimento por 30–40 µ de largura comprimento por 50 - 60 µ de largura
• Ovóides • Elipsóide
• Lados das paredes são simétricos • Lados das paredes simétricos
• Pólos largos e similares • Casca fina
• Parede fina com superfície lisa • Contém uma larva que emerge do ovo
• Contém uma larva pequena e espessa muito cedo

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Dictyocaulus arnfield – L2 – Larva - Anoplocephala sp. - Cestoda


Nematoda

Equinos Eqüinos

• Tamanho 290 - 480 µ • Ovos de tamanho médio:


• Espessura: 14 – 18 µ • Anoplocephala perfoliata: 65 - 80 µ diâmetro
• Larva bem desenvolvida, esôfago do embrião 16 µ
claramente visível. • Anoplocephala magna: 50 –60 µ diâmetro do
• Cauda termina puntiforme (forma embrião 8 µ
de ponto) com projeção • Paranoplocephala magna: 50 –60 µ diâmetro
transparente • Quase esféricos, algumas vezes mais ou
menos aplainados em um ou em vários lados.
• Superfície lisa, várias cascas finas
• Contém embrião hexacanto cercado por um
aparato quitinoso piriforme (semelhante a uma
pêra)

Dicrocoelium lanceatum - Trematoda Fasciola hepatica - Trematoda

Equinos Eqüinos

• Ovos de tamanho pequeno: 38 - 45 µ • Ovos de tamanho grande (> 130 µ ): 130 – 145
de comprimento por 22 – 30 µ de µ de diâmetro por 70 - 90µ de largura.
largura. • Elípticos quase regulares
• Marrom escuro • Pólos quase similares
• Elípticos irregulares • Lados das paredes com formato de barril e
• Lados das paredes não são similares simétricas
• Assimétricos • Casca fina
• Casca espessa • Ovo marrom amarelado, com grânulos, sem
• Contém um miracídio que preenche o blastômeros.
ovo completamente sendo difícil de • Com opérculo
distinguir.
• Opérculo não visível

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Parascaris equorum - Nematoda Trichostrongylus axei - Nematoda

Equinos Eqüinos

• Ovo de tamanho médio: ± 100 µ de • Ovos de tamanho médio: 70 – 108µ de


comprimento por ± 90 µ de largura. diâmetro por 30 - 48µ de largura.
• Quase esférico • Elipse irregular
• Marrom, amarelado. • Pólos não muito largos, não são
• Casca espessa, coberta com pontos finos similares um é mais redondo que o
• Contém uma ou duas células outro.
• Lados das paredes não similares, um é
mais aplainado.
• Casca fina, com superfície lisa,
recoberta no seu interior por uma
membrana.
• 16 a 32 blastômeros
• Deve ser distinguido de
Triodontophorus, Strongylus e
Trichonema, pois este tem os pólos
claramente diferentes e o número de
blastômeros é sempre 16 ou mais.

Triodontophorus sp - Nematoda Cyathostoma (= Trichonema) - Nematoda

Equinos Eqüinos

• Ovo de tamanho grande: 130 – 140µ de • O gênero Trichonema compreende uma


diâmetro por 55 - 65µ de largura. grande variedade e espécies. E é
• Ovóide impossível diferenciar os ovos dos
• O eixo menor é < que a ½ do eixo maior vermes.
• Pólos quase similares ou similares • Ovos de tamanho médio: 100-110µ de
• Lados das paredes com forma de barril diâmetro por 40 - 45µ de largura.
• Paredes lisas • Ovóide alongado
• Contém uma mórula com blastômeros • O eixo menor é mais curto que metade
grandes e pretos do eixo maior.
• Pólos quase similares
Deve ser distinguido de Trichonema sp. • Lados das paredes paralelos mais ou
(tamanho menor e lados das paredes paralelos) menos aplainados.
e Strongylus sp. (menor, e o eixo menor é • Casca fina, com superfície lisa.
maior que a metade do eixo maior) • Contém uma mórula com um pequeno
número de blastômeros
Deve ser distinguido de Triodontophorus
(maior) e Strongylus (eixo menor é maior que
o eixo maior)
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Cyathostoma (= Trichonema) L3 Strongylus spp. - Nematoda


Larva.- Nematoda

Equinos Eqüinos

• Tamanho grande: 850µ • Ovos de tamanho médio:


• A larva tem uma envoltura • Strongylus vulgaris: 83-93µ de diâmetro por 48 -
• Sua cauda é longa e termina em 52µ de largura.
forma de chicote (proporção • Strongylus equinus: 75-92µ de diâmetro por 41 -
entre corpo e cauda é de 1,5/1) 54µ de largura.
• 8 células intestinais triangulares • Strongylus edentatus: 78-88µ de diâmetro por 48 -
• Deve ser distinguida de larvas 52µ de largura.
de Strongylus ( 16 a 32 células • Ovóide
intestinais) • Pólos similares ou quase similares
• Lados das paredes em forma de barril
• Eixo menor é maior que a metade do eixo maior.
• Casca fina, com superfície lisa.
• Contém uma mórula com um pequeno número de
grandes blastômeros
• Deve ser distinguido de Trichonema e
Triodontophorus (eixo menor é mais curto que
metade do eixo maior).

Strongylus vulgaris - L3 – Larva - Nematoda Strongylus edentatus. L3 – Larva -


Nematoda

Equinos Eqüinos

• Tamanho: 800 – 1000µ de diâmetro por 40µ • Tamanho: 800 µ de diâmetro por 40µ
de largura. de largura.
• Proporção entre corpo e cauda é de 2,5/1 • Proporção entre corpo e cauda é de 2/1
• Tem 28 a 32 células intestinais retangulares • Tem 20 células intestinais

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Não Esporulado
esporulado

Strongylus equinus - L3 –Larva - Nematoda Eimeria - Protozoário

Equinos Equinos

• Tamanho: 1000µ de diâmetro por 40µ de • Oocistos esporulados com quatro


largura. esporocistos contendo 2
• Proporção entre corpo e cauda é de 2,8/1 esporozoítos em cada.
• Tem 16 células intestinais retangulares • A Eimeria de eqüinos é muito grande
– 70-90 µ, oocisto ovóide, fácil de
diagnosticar.

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AVES

INTRODUÇÃO

Discutir todas as espécies de vermes que acometem um número igualmente grande de


espécies de aves é um trabalho de enciclopédia, por esse motivo somente os ovos dos
principais vermes de pombo, galinha, peru, perdiz, faisão, ganso, cisne e periquito foram
considerados.
Para facilitar a diferenciação e assim achar o diagnóstico certo, uma lista de vários parasitas
por espécie de pássaro foi somada à clássica “chave de ovos de vermes". Esta lista é restrita
às espécies de vermes mais importantes e é dividida em três grupos: Nematóides, cestóides e
trematóides.
Para identificar todos os ovos de vermes de pássaros, foi feita uma tabela de diferenciação.
Quando a lista de vermes, as espécies de pássaros e esta tabela de diferenciação é
consultada, o diagnóstico fica simples. Um exato diagnóstico dos helmintos envolvidos vai,
como regra, ser possível somente após o isolamento e determinação da espécie de verme.

CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE OVOS ENCONTRADOS EM FEZES DE AVES

1.Com dois filamentos Notocotylus


Catatropis
2.Sem filamentos
2.1.Com plugues polares Capillaria
2.2.Sem plugues polares
a.Com embrião
< 40 µ, com larva Echinuria
> 50 µ, com espinho Ornithobilharzia
Embrião hexacanto Hymenolepis sp.*
b.Sem embrião Raillietina sp.*
b.1. Com opérculo Davainea sp.*
Opérculos aparentemente visíveis, elipsóides Syngamus
Opérculos difíceis de distinguir, ovóides Cyathostoma
b.2. Sem opérculo
b.2.1. Conteúdo granular, não segmentado
< 75 µ , ± paredes lisas Heterakis
> 75 µ , ± paredes em forma de barril Ascaridia
b.2.2.Conteúdo segmentado
< 75 µ , lados paredes paralelos Trichostrongylus
> 85 µ , paredes em forma de barril Amidostomum

* Cestóides são determinados mais precisamente por


achado nas fezes do proglote do verme adulto.

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Echinuria uncinata - Nematoda Capillaria sp - Nematoda

Ganso, pato, cisne Pombo, ganso, pato, cisne, galinha, peru, faisão,
perdiz, periquito

• Ovos de tamanho pequeno: 37µ de • Ovos de tamanho médio


comprimento por 20 µ de largura. • C. anatis: 47 - 65 µ de comprimento por 24 -
• Elípticos 35 µ de largura
• Casca lisa e espessa • C. caudinflata: 43 - 60 µ de comprimento por
• Contém uma larva 20 - 27 µ de largura
• C. contorta: 50 - 65 µ de comprimento por 22 -
28 µ de largura
• C. obsignata: 50 - 62 µ de comprimento por
20 - 25 µ de largura
• Forma de limão - plugues polares
transparentes e protuberantes
• Paredes laterais em forma de barril e
assimétricas
• Casca lisa, marrom e espessa.
• Conteúdo granular não segmentado

Hymenolepis - Cestoda Raillietina spp.- Cestoda

Cisne Pombo, galinha, peru, faisão, perdiz.

• Ovos de tamanho médio: 50-80 µ • Ovos de tamanho pequeno: 25-50 µ


• Esféricos à elipsóides • Esféricos à elipsóides
• Paredes lisas e finas • Paredes lisas e finas
• Contém um embrião hexacanto. • Contém um embrião hexacanto

Os ovos são observados somente após


desintegração do segmento maduro do cestóide ou
da cápsula ovígera.

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Syngamus trachea- Nematoda Ascaridia sp.(A. galli , A. columbae) - Nematoda

Pombo, galinha, peru, faisão, perdiz, pato, Pombo, pato, ganso, cisne, galinha, peru, faisão,
ganso, cisne periquito, perdiz.

• Ovos de tamanho médio: 78-100 µ de • Ovos de tamanho médio:


comprimento por 43-60µ de largura. • A.galli- 75-80 µ de comprimento por 45- 50µ
• Elípticos de largura.
• Opérculos em ambos pólos • A. columbae- 68-90 µ de comprimento por 40-
• Paredes laterais levemente em forma 50µ de largura
de barril • Ovos elípticos, paredes laterais levemente em
• Paredes lisas forma de barril
• Mórulas contendo 8 a 16 blastômeros. • Paredes espessas, lisas com três camadas. A
camada do meio é a mais desenvolvida.
• Conteúdo não segmentado
• Deve ser distinguido do ovo de Heterakis que
é menor e tem os lados da parede retos.

Heterakis sp. ( H. gallinarum, H. Isolonche, Trichostrongylus - Nematoda


H. dispar) - Nematoda

Pombo, galinha, peru, ganso, cisne, pato, Pombo, galinha, faisão, perdiz, ganso, pato, cisne.
faisão, perdiz.

• Ovos de tamanho médio: • Ovos de tamanho médio: 65-75 µ de


• H. gallinarum - 63-75 µ de comprimento comprimento por 35-42µ de largura.
por 36 -48µ de largura. • Ovóides, longos.
• H.isolonche - 70-75 µ de comprimento • Paredes com lados paralelos
por 40- 46µ de largura • Pólos não são similares
• H. díspar - 59-62 µ de comprimento por • Casca fina de paredes lisas
31- 41µ de largura
• Elípticos, com lados das paredes lisas.
• Casca lisa e grossa
• Conteúdo não segmentado

Deve ser distinguido do ovo de Ascaridia


que é maior e tem os lados em forma de
barril.

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Amidostomum - Nematoda Strongyloides - Nematoda

Ganso, pato, cisne Aves

• Ovos de tamanho médio: 85-110 µ • Ovos de tamanho pequeno: 40 - 50 µ de


de comprimento por 50-82µ de comprimento por 30–40 µ de largura
largura. • Ovóides
• Elípticos, largos • Lados das paredes são simétricos
• Grande numero de blastômeros • Pólos largos e similares
• Casca fina de paredes lisas • Parede fina com superfície lisa
• Contém uma larva pequena e espessa

Não
esporulado Esporulado

Eimeria – Protozoário (E. acervulina, E. brunetti, E. tenella, E. necatrix, E. acervulina, E. máxima,


E. mitis, E. praecox)

Aves

• Oocistos esporulados com quatro esporocistos contendo 2 esporozoítos em cada.


• 14-41 µ,
• Oocisto ovóide, fácil de diagnosticar.

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Protozoários
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PRINCIPAIS PROTOZOÁRIOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS

CÃES E GATOS

Não
Esporulado Esporulado

Neospora caninum- Coccideo Toxoplasma - Coccideo

Cães Gatos

Oocistos não esporulados nas Oocistos: 12 µm


fezes. São encontrados nas fezes de gatos e
São esféricos, com 10 a 11 µm de não são esporulados em fezes frescas
diâmetro, muito similares aos de A esporulação ocorre em no mínimo 3
Hammondia heydorni do cão e dias
Hammondia hammondi e O oocisto esporulado contém dois
Toxoplasma gondii do gato. esporocistos, cada um com quatro
esporozoítos.

Trofozoíta Cistos

Giardia - Flagelado Isospora - Coccideo (I. canis, I. felis, I.


ohioensis, I. rivolta) = Cystoisospora- Coccideo

Cães e Gatos Cães e Gatos

Forma trofozoíta piriforme e Oocistos esporulados com dois esporocistos


elipsóide, extremidade e cada um com quatro esporozoítos.
arredondada, simétricos com face 15 a 40 µm.
dorsal convexa e ventral côncava.
Dois axóstilos e 8 flagelos
distribuídos em 4 pares.
Forma cística de forma oval
possuindo 2 a 4 núcleos e fibrilas.
Possui em torno de 10 a 20 µm.
Métodos mais indicados:
Flutuação com sulfato de zinco ou
exame direto das fezes, pois
soluções hipersaturadas de sal ou
açúcar distorcem o parasito. A
forma trofozoíta é muito sensível.

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Protozoários
262
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Cryptosporidium - Coccideo Sarcocystis - Coccideo

Cães e Gatos Cães e Gatos

Oocistos minúsculos: 4 – 4,5 µm. Ao contrário de Isospora, estes são


Cada oocisto com 4 esporozoitos (não esporulados quando eliminados nas
há esporocisto) fezes e contêm dois esporocistos cada
Pode-se diagnosticar através de um com quatro esporozoítos.
técnicas de flutuação ou esfregaço de 14-15 µm.
fezes corados por Ziehl-Nielsen onde
os esporozoítos aparecem como
grânulos vermelho-brilhantes.

Não
Esporulado Esporulado

Hammondia hammondi - Coccideo Babesia canis - Hematozoário

Gatos Cães

Oocisto com 10 a 12 µm. Corpos piriformes dentro da hemácia com


Não é considerado um coccídeo 2,5 a 5 µm de comprimento.
patogênico, porém tem importância devido
à semelhança do oocisto com o de
Toxoplasma.

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Protozoários
263
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Babesia gibsoni - Hematozoário Ehrlichia - Rickettsia

Cães Cães e Gatos

Corpos piriformes dentro da hemácia São encontrados nos leucócitos como


com 1 a 2 µm de comprimento. inclusões intracitoplasmáticas.

Haemobartonella- Rickettsia Hepatozoon - Hematozoário

Gatos Cães e gatos (raro)

Apresentam-se como cocos ou Gametócitos no interior de


bastonetes curtos na superfície do neutrófilos.
eritrócito. Pode-se diagnosticar através
esfregaço sanguíneo corado.

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Protozoários
264
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Trypanosoma evansi- Flagelado Trypanosoma cruzi - Flagelado

Cães e Gatos Cães e gatos

Formas tripomastigotas encontradas Formas tripomastigotas encontradas


em sangue periférico corado com em sangue periférico corado com
giemsa. giemsa.
Há um pequeno ou quase invisível Possuem um grande cinetoplasto.
cinetoplasto.

Leishmania - Flagelado Trypanosoma cruzi - Flagelado

Cães e Gatos Cães e gatos

Formas amastigotas encontradas em Formas amastigotas encontradas em


raspado ou biopsia de pele lesionada. cortes histológicos.
Em aspirados de gânglios linfáticos,
medula ou baço também podemos
encontrar essas formas no interior de
macrófagos.

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Protozoários
265
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RUMINANTES

Não esporulado Esporulado

Tritrichomonas foetus- Flagelado Eimeria - Protozoário ( E. zuernii, E. cylindrica,


E. ellipsoidallis, E. auburnensis, E. bovis, E.
ahsata, E. granulosa, E. ovina, E. faurei, E.
ovinoidalis, E. crandallis, E. intricata) -Coccideo

Bovinos Ruminantes

Formas trofozoítas encontradas Oocistos esporulados com quatro


em exame da secreção vaginal esporocistos contendo 2 esporozoítos em
ou prepucial. cada.
Medem cerca de 20 µm 18 – 30 µm
Reconhece-se pelo movimento
ou cora-se com giemsa para
visualizar seus flagelos e
núcleo.

Trofozoíta Cistos
Giardia – Protozoário Cryptosporidium - Coccideo

Ruminantes Ruminantes

Forma trofozoíta piriforme e Oocistos minúsculos: 4 – 4,5 µm.


elipsóide, extremidade Cada oocisto com 4 esporozoitos (não
arredondada, simétricos com face há esporocisto)
dorsal convexa e ventral côncava. Pode-se diagnosticar através de técnicas
Dois axóstilos e 8 flagelos de flutuação ou esfregaço de fezes
distribuídos em 4 pares. corados por Ziehl-Nielsen onde os
Forma cística de forma oval esporozoítos aparecem como grânulos
possuindo 2 a 4 núcleos e fibrilas. vermelho-brilhantes.
Possui em torno de 10 a 20 µm.
Métodos mais indicados:
Flutuação com sulfato de zinco ou
exame direto das fezes, pois
soluções hipersaturadas de sal ou
açúcar distorcem o parasito. A
forma trofozoíta é muito sensível.

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Protozoários
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Babesia bigemina - Hematozoário Babesia bovis - Hematozoário

Bovinos Bovinos

Corpos piriformes dentro da hemácia com Corpos piriformes dentro da hemácia com
4,5 a 5 µm de comprimento. 2,5 µm de comprimento.

Anaplasma – Rickettsia -Hematozoário Trypanosoma vivax e T. evansi- Flagelado

Bovinos Bovinos

Em esfregaços sanguíneos após Formas tripomastigotas encontradas


coloração são encontrados pequenos em sangue periférico corado com
pontos no interior das hemácias. giemsa.
0,1 a 1µm de diâmetro. Há um pequeno ou quase invisível
Não confundir com corpúsculos de cinetoplasto.
Howell Jolly ou corante.

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Protozoários
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EQUINOS

Cisto Trofozoito

Não Esporulado
esporulado

Giardia- Flagelado Eimeria - Coccideo

Equinos Equinos

Forma trofozoíta piriforme e elipsóide, Oocistos esporulados com quatro


extremidade arredondada, simétricos com esporocistos contendo 2
face dorsal convexa e ventral côncava. esporozoítos em cada.
Dois axóstilos e 8 flagelos distribuídos em A Eimeria de eqüinos é muito grande
4 pares. – 70-90 µm, oocisto ovóide, fácil de
Forma cística de forma oval possuindo 2 a diagnosticar.
4 núcleos e fibrilas.
Possui em torno de 10 a 20 µm.

FlageladoTrypanosoma vivax, T. evansi- Trypanosoma equiperdum- flagelado


Hematozoários

Equinos Equinos

Tripomastigotas encontrados em esfregaço Tripomastigotas encontrados em


sanguíneo corado com giemsa. secreções vaginais ou prepuciais.

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Babesia equi -Hematozoário Babesia caballi- Hematozoário

Equinos Equinos

Possui 1,7 µm encontrada sozinha, em pares Possui 3 µm, encontrada em pares.


ou tétrades. Chamada de grande babesia dos
Também chamada de pequena babesia eqüinos.

Cryptosporidium - Coccideo

Equinos

Oocistos minúsculos: 4 – 4,5 µm


Cada oocisto com 4 esporozoitos (não há
esporocisto)
Pode-se diagnosticar através de técnicas
de flutuação ou esfregaço de fezes
corados por Ziehl-Nielsen onde os
esporozoítos aparecem como grânulos
vermelho-brilhantes.

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Protozoários
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SUINOS

Trofozoíta Cistos

Giardia - Flagelado Isospora - Coccideo

Suínos Suínos

Forma trofozoíta piriforme e elipsóide, Oocistos esporulados com dois


extremidade arredondada, simétricos esporocistos e cada um com quatro
com face dorsal convexa e ventral esporozoítos.
côncava. Dois axóstilos e 8 flagelos 15 a 18 µm
distribuídos em 4 pares.
Forma cística de forma oval possuindo
dois a quatro núcleos e fibrilas.
Possui em torno de 10 a 20 µm.
Métodos mais indicados: Flutuação com
sulfato de zinco ou exame direto das
fezes, pois soluções hipersaturadas de
sal ou açúcar distorcem o parasito. A
forma trofozoíta é muito sensível.

Não
esporulado Esporulado

Eimeria – Protozoário (E. spinosa, E. porci, E.


neodebliecki, E. debliecki, E. scabra) -Coccideo

Suínos

Oocistos esporulados com quatro


esporocistos contendo 2 esporozoítos em
cada.
18 – 23 µm

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Protozoários
270
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AVES

Não Esporulado
esporulado

Eimeria – Protozoário (E. acervulina, E.


brunetti, E. tenella, E. necatrix, E. acervulina,
E. máxima, E. mitis, E. praecox)- Coccideo

Aves

Oocistos esporulados com quatro


esporocistos contendo 2 esporozoítos
em cada.
14-41 µm,
Oocisto ovóide, fácil de diagnosticar.

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PRINCIPAIS ARTEFATOS ENCONTRADOS EM EXAME DE FEZES

Pólen

Esporos de fungo

Esporos de fungo
Pólen
Bolha de ar

Esporo de planta

Espinho de planta

Ácaros e
ovos de
Ácaros e ovos de ácaro
ácaro

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