Como nunca estudaste filosofia na escola, talvez tenhas uma ideia vaga ou até errada sobre
o assunto. Ou talvez não tenhas ideia nenhuma. Como é natural, ficarás a saber melhor o
que é a filosofia depois de a teres estudado correctamente. Mas é conveniente dar-te já uma
ideia do que é a filosofia.
OS CONCEITOS
São representações mentais, abstractas e gerais que reúnem as características comuns dos
seres/objectos da mesma espécie, permitindo distingui-los dos seres/objectos de outras
espécies.
Os conceitos funcionam em filosofia como as peças funcionam para um puzzle. Só que em
filosofia cada peça pode assumir multiplos significados. O mesmo significante pode assumir
diversos significados consoante o contexto em que os usamos.
A primeira coisa a fazer perante uma afirmação filosófica, como «Tudo é relativo», é tentar
saber exactamente o que estamos a dizer, o que significam os conceitos que
usamos. «Tudo» refere-se a quê? E o que quer dizer «relativo»? No estudo da filosofia, este
trabalho de interpretação é crucial. Temos de saber com precisão o que realmente está a
ser afirmado para podermos discutir essa afirmação. Se me perguntares o que quer dizer
«tudo» e «relativo» no contexto da minha afirmação, posso responder assim:
«Tudo» refere-se a todas as verdades. O que eu defendo é que todas as verdades são
relativas. E «relativo» quer dizer que as verdades mudam, ou variam; não são coisas fixas.
OS JUÍZOS
Os juízos são relações entre dois ou mais conceitos. Agora já compreendemos melhor o que
quer dizer o juízo «Tudo é relativo». Mas será então que, nesse sentido, é verdade que
«Tudo é relativo»? Que razões temos para aceitar esta ideia?
Já estás a ver que não basta interpretar e compreender a afirmação «Tudo é relativo». É
preciso ter uma atitude crítica em relação ao que foi dito. Será que tenho razão? Porquê?
Ou será que estou enganado? E porquê?
OS RACIOCÍNIOS OU ARGUMENTOS
Quando fazemos estas perguntas, estamos a exigir argumentos. Será que os argumentos
em que me baseio ao pensar que tudo é relativo são suficientemente fortes para apoiar esta
ideia? Ou são apenas confusos e desinteressantes? A argumentação é o coração da filosofia
e é por isso que a filosofia é uma atitude crítica.
Em filosofia, tens a liberdade de defender as tuas ideias. Tanto podes defender que Deus
existe como que não existe; tanto podes defender que o aborto deve ser permitido como que
não o deve ser. Até podes defender que a filosofia é uma ilusão e um absurdo.
Nesta disciplina, não te pedimos que te limites a repetir o que diz o teu professor. O que
pedimos é que aprendas a pensar. E pensar implica apresentar argumentos. Tens a
liberdade de defender o que quiseres, mas tens de adoptar uma atitude crítica. Isto significa
o seguinte:
1. Tens de sustentar o que defendes raciocinando com bons argumentos.
2. Tens de aceitar discutir racionalmente os teus argumentos.
SENTIDO CRÍTICO
Ser crítico não é «dizer mal». Ser crítico é olhar com imparcialidade para todas
as ideias — quer sejam nossas, dos nossos colegas ou de filósofos famosos. E
olhamos para elas com imparcialidade para podermos avaliar se são verdadeiras
ou não.
Ser crítico não é ser extravagante. Uma pessoa pode ser perfeitamente crítica e
seguir as convicções da maioria. Ser crítico não é dizer «Não» só para marcar a
diferença. Ser crítico é dizer«Sim», «Não», ou até «Talvez», mas com base em
bons argumentos.
3 COMENTÁRIOS:
OBJECTO DA FILOSOFIA
Bastante sugestivo, mas ainda me inquieta a validade ou não da filosofia como ciência. Está a defender-se
filosofia como ciência por se ser especialista ou tal como outras ciências que possuem um método e um
parece-me que o objecto de estudo da filosofia é bastante abstracto. tudo isso acontece por ser uma
Na verdade, pretende-se defender a ideia de que no aspecto formal, a Filosofia, tal como as ciências , tem o
seu método e o seu objecto . Contudo, na especificidade que a caracteriza, o método reflexivo tem uma
abrangência de abstracção muito mais elevada pelo grau de complexidade que lhe está associado. Na
verdade, ao reflectir sobre a própria ciência, enquanto forma de conhecimento, as ramificações associadas,
transportam-nos para múltiplos domínios do saber, desde o domínio gnoseológico até ao axiológico,
estético, ético, metafísico, etc. Neste contexto estamos já a analisar o seu objecto cuja complexidade
conjunga complementarmente com o potencial evidenciado pelo seu método. Assim, se quanto à forma
podemos identificar objecto e método, já quanto à sua especificidade, temos que considerar esta vasta
complexidade associada.
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IDEIAS EM MOVIMENTO
Neste blog, as ideias têm que estar em movimento, sujeitas a partilha, é esta a condição. Podemos fazê-lo de multiplas formas, através do
comentário, discussão e debate, questionando a nossa realidade para a perceber melhor.
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