- caracterização da democracia:
5. único regime politico realmente aberto à mudanças temporais, uma vez que o novo é
parte da sua existência; temporalidade constitutiva
6. única forma sociopolítica em que o caráter popular do poder e das lutas tende a
evidenciar-se nas sociedades de classes; sua marca é que somente as classes populares e
os excluídos sentem a exigência de reivindicar direitos e criar novos
7. distinção entre poder e governante pela existência das eleições; o poder está sempre
vazio, pois seu detentor é a sociedade e o gov apenas o ocupa por receber um mandato
temporário para isso; os sujeitos políticos não são simples votantes, mas eleitores;
“eleger” significa exercer o poder de dar aquilo que se possui; eleger é afirmar-se
soberano para escolher ocupantes temporários do governo
- privilégios: são particulares, não podendo generalizar-se num interesse comum, nem
universalizar-se num direito porque deixariam de ser privilégios
Estrutura autoritária:
Neoliberalismo
- crise que é desencadeada pela pressão dos movimentos operários e sindicais que
acabou com os níveis de lucro das empresas SOLUÇÃO = Estado forte que quebre
esses movimentos sociais, controle o dinheiro publico, corte investimentos sociais e na
economia
*desemprego deixa de ser acidental ou expressão de crise, para se tornar estrutural, isso
pq o mercado não opera mais com a inclusão no mercado de trabalho e consumo, mas
com a exclusão
*monetarismo e capital financeiro são o centro deste modelo; fetichização do
mercadoria em sua forma mais abstrata, o dinheiro
* rejeição da presença estatal não só no mercado, mas nas políticas sociais; privatização
tanto de empresas quanto de serviços públicos; direitos sociais passam a ser um serviço
privado regulado pelo mercado em que somente os adquire quem pode pagar por isso
- neoliberalismo como ideologia busca legitimar esse modo de produção como racional,
correto e como uma forma contemporânea de exploração; seu principal subproduto é a
ideologia pós moderna
- 4 traços principais dessa forma de vida: 1. Inseguraça (seguros, mercado de futuros ..)
2. Dispersão (busca de autoridade política despótica) 3. Medo (reforço de antigas
instituições) 4. Sensação de efemeridade (reforço de suporte subjetivo de memória,
como fotos, diários, biografias..)
A “terceira via”
- não pretendia ser apenas uma plataforma eleitoral, mas uma teoria da política e
sociedade contemporâneas
- cinco dogmas da terceira via: política, economia, governo, nação e bem-estar social
- neoliberalismo nos cai como uma luva pq afirma ideias e praticas antidemocráticas;
pós modernismo nos assenta muito bem pq reforça o personalismo e responde à forte
tradição populista de nossa política; e a terceira via oferece um discurso apaziguador
Universidade na sociedade
1. ideia de avaliação universitária que não leva em conta a situação dos ensinos de
primeiro e segundo grau
- alunos que saem dessa escola estariam destinados a entrada imediata no mercado de
trabalho, já que não estariam aptos a passar no vestibular; estes se cursam o ensino
superior seria em universidades privadas de baixa qualidade
2. corpo docente que assume a luta por empregos, cargos e salários, abandonando as
questões relativas à docência
3. aceitação cada vez maior da separação entre docência e pesquisa; separação entre
graduação e pós graduação
4. com relação as universidades federais tendo aceitação acrítica do modo como foram
criadas para servir aos interesses de oligarquias e a desconsideração por parte do poder
Executivo na superação disso
Cap 2
*se a universidade não acabou é pq algum papel lhe foi atribuído pelo capitalismo
- universidade brasileira; como acontece no Brasil um processo cujas linhas mestras são
mundiais?
- reforma universitária foi feita sob a proteção do A.I. 5 e do Decreto 477, com pano de
fundo o relatório Atacon e o Meira Matos; o primeiro destes fala da necessidade de se
criar um sistema universitário baseado no modelo adm das grandes empresas, o segundo
se preocupava com a falta de disciplina e autoridade; refutava a ideia de autonomia
universitária
- segunda: matrícula por disciplina (curso parcelado ou por créditos) divisão das
disciplinas em obrigatórias e optativas; isso visou aumentar a produtividade docente que
ensina a mesma coisa para um maior numero de alunos
-quarta: unificação do vestibular por região e o ingresso por classificação que visavam o
preenchimento de vagas em cursos pouco procurados
- tudo isso torna relevante dois aspectos: 1. Massificação 2. Educação passou a ser um
negocio do Ministério do Planejamento mais do que do Ministério da Educação
- educação passa a ser tomada como instrumento para a adestramento da mão de obra e,
concebida como capital, é um investimento e deve gerar lucro
- reforma de universidade revela que sua tarefa não é produzir e transmitir a cultura,
mas treinar os indivíduos afim de que sejam produtivos para quem os contratar
- transferência para a universidade de uma parcela das atribuições do que antes era do
ensino médio
- o fundamental não é indagar que pesquisas cientificas servem ao Brasil, mas a quem,
no Brasil, servem as pesquisas científicas?
- conseqüências disso:
do lado docente: adesão fascinada à modernização e aos critérios do rendimento,
produtividade e eficácia
- ideia de universidade democrática que está mais voltada para uma democracia liberal,
não chegando a discutir a grande separação entre direção e execução
- universidade muito mais defendida como espaço publico (lugar da opinião livre) do
que como coisa publica (que suporia uma analise de classes)
- democracia não é uma forma de regime político, mas de existência social; sob esse
ângulo ela nos permite compreender que o poder não se restringe à esfera do Estado,
mas esta espalhado por toda sociedade civil sob a forma de exploração econômica e da
dominação social veiculada pelas instituições, pela divisão social do trabalho, separação
entre proprietários e produtores, dirigentes e executantes
- violência não é a violação da lei, mas é a posição – frequentemente sob a forma da lei
– do direito de reduzir um sujeito social a um objeto manipulável
- violências que nos mesmos exercemos, mesmo sem perceber; como professores e
pesquisadores frequentemente praticamos violências; duas relações em que isso se faz
perceptível: relação pedagógica e as pesquisas comprometidas com a “história do
vencedor”
- considerar que o dialogo dos estudantes não é conosco, mas com o pensamento, que
somos mediadores desse dialogo e não obstáculos
- o lugar do saber se encontra sempre vazio e que por isso todos podem aspirar por ele
- trabalho pedagógico seria então: movimento para suprimir o aluno como aluno, a fim
de que em seu lugar surja aquele que é o igual do professor, isto é, um outro professor
- a sociedade brasileira, tanto em sua estrutura quanto em sua historia, tanto na política
quanto nas ideias, é descrita, narrada, interpretada, periodizada segundo cortes e visões
próprios da classe dominante