DISCIPLINA: Instituições de Direito Público e Privado
Aluno: Marcus Vinícius da Fonseca
RESENHA
BARBOSA JR. Glauco Robson Alves. Contratos – Contrato de Adesão. Centro
Universitário de Araras, Araras, SP. 2013. 11 páginas.
Inicia-se a presente resenha pelo resumo do texto acima qualificado. O
contrato define-se pelo acordo de vontade entre duas ou mais pessoas, que possuam capacidade de exercício desta vontade, cujo objeto seja lícito, de forma prescrita ou defensa em lei, a fim de resguardar, modificar, adquirir ou resguardar direitos e ocorre pela assunção, de forma recíproca, de obrigação. Sua forma pode ser tácita, ou seja, quando se pode presumir a comunicação, ou expressa, de modo escrito ou verbal. A celebração do contrato pressupõe o cumprimento de três princípios básicos, que são a Autonomia da Vontade, que resulta do ato facultativo da celebração do mesmo, a Supremacia da Ordem Pública, que submete a vontade à superveniência da lei e o Consensualismo, que pressupõe que a concepção do contrato se submeta ao acordo de vontade das partes e do consenso das mesmas, independente da entrega da coisa. Entretanto, com vistas a permitir o alcance de serviços como fornecimento de energia, gás, e outros serviços e bens, de forma massificada, conjugado com a necessidade de rapidez e eficiência na formatação de contratos, e, portanto, menos pessoais, criou-se o instrumento de Contratos de Adesão. Esta forma contratual, prevista inicialmente no ordenamento jurídico brasileiro através do Art. 54 da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990, também conhecida como Código de Defesa do Consumidor, pressupõe a confecção pelo contratado, ou fornecedor, de modo que a contratante não o pode alterar de forma substancial, ou seja, eliminado a discussão inerente à contratos de forma geral, restringindo o princípio da Autonomia da Vontade. Mesmo considerando que, por sua forma, o contrato de adesão tenda a fornecer rápido acesso e garantir acessibilidade em massa à serviços padronizados, esta formatação permite a utilização das chamadas cláusulas abusivas, as quais consistem da utilização de cláusulas contratuais para colocar a outra parte em posição desvantajosa de todo o tipo. Identificada a presença de Cláusula Abusiva em Contrato de Adesão, se justifica a intervenção estatal, via jurisprudencial, administrativa ou legislativa. Através do Código de Defesa do Consumidor, também, se estipulam as nulidades passíveis das cláusulas consideradas abusivas, elencadas nos incisos de seu Art. 51. Existe previsão de nulidades consideradas, também, na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, conhecida como Código Civil, em seu Art. 424. A presença de cláusulas ambíguas, conforme previsão na Norma acima listada, em seu Art. 423, implica a adoção de interpretação favorável ao aderente. Havendo o reconhecimento da cláusula abusiva, enquadrada do Art. 51 do Código de Defesa do Consumidor, em juízo, pode ensejar a declaração e ofício da nulidade da cláusula de pleno direito. A anulação de cláusulas do contrato não pressupõe a invalidação do contrato firmado e sim sua integração, sempre que possível, conforme §2º do Art. 51 do Código de Defesa do Consumidor, exceto se, por sua ausência, implicar ônus excessivo a qualquer uma das partes contratadas. No texto objeto da presente resenha se pôde observar o foco do autor no sentido estrito da definição do contrato de adesão, fornecendo uma visão bastante embasada no Ordenamento Jurídico Nacional, citando artigos selecionados do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor, com vistas a legitimar sua visão do objeto. A apresentação de exemplos comuns de cláusulas abusivas, observado no Item 3.1 do referido texto, aproxima o leitor da realidade prática da interpretação legal possível, advinda da aplicação dos artigos das legislações supramencionadas. Por conclusão se observa domínio do autor acerca de jurisprudências acerca do tema, principalmente em sua exemplificação. Da leitura se pode perceber a importância dos Contratos de Adesão, principalmente, por sua própria concepção, na dinamização da relação Aderido Aderente, utilizado, de maneira mais numerosa, em relações de consumo, massificadas, uma vez que, por possuir cláusulas pré-definidas, acelera a tomada de decisão, ou você concorda com o contrato como está, ou não, neste caso não o aceitando como um todo. Da mesma forma que se apresenta como uma vantagem, por gestão de custos, de tempo, de padronização e até de tratamento igualitário, entre os diversos aderentes, o mesmo pode ser utilizado de forma incompatível com a boa-fé pela parte que o redigiu, causando ônus excessivo ao aderente. Como estes contratos são, em sua absoluta maioria, utilizados em relações de consumo, o ordenamento Jurídico, em atenção à esta ocorrência, através do Código de Defesa do Consumidor, previu situações em que a restrição de direitos ao aderente, categorizado como consumidor, ensejam a nulidade de cláusulas contratuais nesta modalidade, tai como a redução de direitos de recurso, a isenção do fornecedor de responsabilidade por vícios do produto ou serviço, subtração da opção de reembolso, conforme previsão do próprio CDC, estabelecimento de condições iníquas ou abusivas, dentre outras, listadas nos dezesseis incisos do Art. 51 do CDC. Em conjunto, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor podem ser utilizados para anular cláusulas consideradas abusivas em contratos de adesão, não necessariamente tornando o contrato nulo, de forma a garantir o tratamento igualitário entre as partes. Entretanto, tal ato de correção se imputa ao juízo.
Referências Bibliográficas:
BARBOSA JR. Glauco Robson Alves. Contratos – Contrato de Adesão. Centro
Universitário de Araras, Araras, SP. 2013. 11 páginas; https://sthegaggi.jusbrasil.com.br/artigos/147672070/o-contrato-de-adesao. Acesso em 01/05/2013; https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/987/Contrato-Novo-CPC-Lei-no- 13105-15. Acesso em 01/05/2018; Lei nº 10.406. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em 02/05/2018;