EDUCAÇÃO SUPERIOR
Modalidade Semipresencial
Silvia Cristina Galana
Guilherme Antonio Ziliotto
Herida Cristina Tavares
Economia
São Paulo
2017
Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional
PRODUÇÃO EDITORIAL - CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL. CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL
G146e
Galana, Silvia Cristina.
Economia. / Silvia Cristina Galana, Guilherme Antonio Ziliotto,
Herida Cristina Tavares. São Paulo: Cruzeiro do Sul Educacional.
Campus Virtual, 2017.
96 p.
Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-8456-167-4
Autoria: Silvia Cristina Galana, Guilherme Antonio Ziliotto e Herida Cristina Tavares
Revisão: Simone Aparecida Polli e Eliane Nagamini (revisão textual); Herida Cristina Tavares (revisão técnica)
Economia
SUMÁRIO
9 Unidade I – Principais Conceitos e Temas da Economia
Unidade IV – Macroeconomia
59 I: Os Princípios que
Regem a Economia
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem Conserve seu
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua material e local de
formação acadêmica e atuação profissional, siga estudos sempre
algumas recomendações básicas: organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
Assim: de se alimentar
e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da hidratado.
sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário
fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
6
Objetivos de aprendizagem
Principais Conceitos e Temas da Economia
Unidade I
» Trataremos dos aspectos mais relevantes do ambiente em que a empresa está situada (o que chamaremos de
“Macroeconomia”) e das principais teorias econômicas que nos permitem entender a competição neste ambiente (o
que chamaremos de “Microeconomia”).
» Estudaremos os principais temas relacionados à Microeconomia, isto é, a parte da Economia que estuda mais de perto
o funcionamento das empresas e como elas se comportam no ambiente competitivo.
Unidade III
» Vamos analisar a economia de uma forma mais abrangente, olhando para o conjunto da economia. Esta é a
Macroeconomia, que aborda os principais temas que formam o ambiente econômico ao nosso redor. Estudaremos
temas tão interessantes quanto o crescimento econômico, a inflação, o setor externo, entre muitos outros.
» Continuaremos o estudo da Macroeconomia e do ambiente econômico, dando especial atenção às funções e ao uso
do dinheiro. Veremos também de que forma o setor público tenta controlar os rumos da economia para atender aos
objetivos determinados pela sociedade.
» O tema central da unidade será o setor externo, principalmente a taxa de câmbio e seus impactos na economia como
um todo.
7
I
Principais Conceitos
e Temas da Economia
Revisão Textual:
Profa. Ms. Simone Aparecida Polli
Principais Conceitos e Temas da Economia
UNIDADE
I
Contextualização
Bem-vindo à disciplina de Ambiente de Negócios!
Essa será uma disciplina extremamente interessante que deverá mostrar de uma
forma mais estruturada e científica diversos aspectos do nosso cotidiano empresarial.
Esta é uma questão sempre presente para profissionais da área de Negócios e de Marketing.
Então, vamos conhecer alguns conceitos importantes!
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Conceitos da Economia
Mesmo se estiverem realizando uma disciplina de Economia pela primeira vez,
os alunos em geral já trazem uma bagagem de conhecimentos sobre o tema em
razão da sua importância. Diariamente, vários aspectos sobre a economia são
abordados nos noticiários, nas TVs, no trabalho e até em casa.
Há, nessa definição, diversos conceitos que iremos abordar ao longo da disciplina,
como a questão da produção, distribuição, emprego de recursos, etc.
1 Há diversos casos de cientistas socias de outras áreas que, ao tentarem entender determinado fenômeno, passaram
a estudar economia para tentar entendê-los melhor, e acabaram por redirecionar suas carreiras para a Economia.
Muitos sociólogos, cientistas políticos, historiadores, entre outros, passaram a se dedicar à economia na busca das
respostas a questões sociais. Também há na economia contribuições importantes de cientistas de áreas tão diversas,
como física, matemática e biologia.
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Principais Conceitos e Temas da Economia
UNIDADE
I
tratados na macroeconomia são o PIB dos países, inflação, os juros, o câmbio (re-
lação de troca entre moedas de diferentes países), o emprego, as contas do setor
público, as contas externas, entre outros.
Relevância e Atualidade
Em um curso de Marketing, poderíamos dizer que poucas coisas são mais
importantes do que entender os mercados em que as empresas operam. Uma das
propostas desta disciplina é justamente a de iluminar este tema; não necessariamente
do ponto de vista mais prático e específico dos mercados em que se atua, mas dos
mecanismos gerais que determinam o funcionamento dos mercados, ou seja, suas
“leis”. Apesar de um pouco mais abstrata, esta abordagem tem a vantagem de ser
aplicável a mais casos, de forma genérica, para todos os mercados.
Modos de Produção
O objetivo deste tópico é apresentar algumas das formas mais importantes de
produzir riqueza estabelecida ao longo da história da sociedade. Nossa intenção é
a de demonstrar que o modo de produção atualmente dominante, o capitalismo,
é uma forma relativamente recente de organização econômica, que tem suas
particularidades, vantagens e desvantagens. Com isso, buscaremos salientar
as principais características que distinguem o capitalismo das demais formas de
12
produção e, ao mesmo tempo, exporemos que diversas destas características, dadas
como ‘naturais’ e até ‘obvias’, são na verdade inovações sociais extremamente
complexas, recentes e particulares deste modo de produção, resultado de milhares
de anos de evolução social.
Outro objetivo deste tópico é mostrar que este mesmo modo de produção ainda
está em constante transformação, mesmo nos dias atuais, que certamente fazem
com que o capitalismo mude e evolua a cada dia.2
O termo ‘modo de produção’ foi cunhado pelo economista alemão Karl Marx
para denominar os sistemas econômicos dominantes em determinadas civilizações
em dados períodos, cujas características econômicas marcantes eram dadas pelas
suas forças produtivas e as relações de produção entre os grupos de indivíduos
daquelas sociedades.
Trata-se de um conceito simplificador, mas que nos ajuda a entender, de uma
forma genérica, como uma sociedade produzia os bens de que precisava e queria
usufruir. Neste sentido, ao estudar a história da humanidade, Marx identificou, de
forma idealizada, seis modelos de funcionamento das economias das civilizações.
2 Ao usarmos o termo ‘evolução’ não nos referimos a uma mudança necessariamente para melhor, mas sim a uma
forma mais adaptada de organização social ao seu meio.
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Principais Conceitos e Temas da Economia
UNIDADE
I
Do ponto de vista social, trata-se de uma sociedade sem classes bem definidas.
Em razão do pequeno ou nulo superávit (produção acima das necessidades básicas
para a sobrevivência) não há formação de uma elite significativa. A produção é
distribuída de forma relativamente igual para todos os membros da sociedade, que
atuam de forma coletiva.
Neste período ocorreu aquela que é considerada uma das mais importantes
revoluções da nossa história e da economia: a invenção da agricultura. A agricultura
permitiu a fixação das sociedades em determinadas regiões, contrariando a
tendência nômade anterior (exigida porque a atividade de coleta e caça é extensiva
e pode rapidamente exaurir um determinado ambiente, exigindo o deslocamento
constante). A agricultura desenvolveu-se principalmente às margens de rios e outras
fontes de água doce. O benefício mais importante desta localização, além da fonte
de água para consumo, era a fertilidade dos terrenos ao redor.
Trata-se de uma simplificação feita por Marx para abranger sociedades que tinham
algumas características importantes em comum. Do ponto de vista econômico,
todas elas apresentavam uma base na agricultura, já bastante mais desenvolvida
aqui do que a agricultura rudimentar observada no modo Primitivo. A produção
de grãos para alimentação difundiu-se entre várias destas “novas civilizações”, e
diversas técnicas agrícolas passaram a ser utilizadas de forma disseminada. Houve
ainda o desenvolvimento de equipamentos e instrumentos agrícolas, utilizados
como auxílio em todas as fases da produção e até no armazenamento de colheitas.
Desenvolvimentos em outras áreas, como a construção, atuavam também como
apoio à produção, como era o caso da construção de sistemas de irrigação, a
exemplo da fertilização de terrenos mais distantes dos vales dos rios, permitindo o
aumento da produção.
14
Por serem sociedades mais eficientes na produção de alimentos e outros bens,
elas permitiram a formação de classes diferentes na sociedade, como as elites
religiosas. Nessas sociedades é que surgem, pela primeira vez de forma mais
formal, a noção de um Estado e de uma classe gestora dos aspectos comuns
daquela sociedade.
15
Principais Conceitos e Temas da Economia
UNIDADE
I
Também há avanços extremamente importantes na própria agricultura,
construção, na produção de energia e em seu uso na produção (como moinhos). De
forma generalizada, há avanços em todas as áreas científicas. Também o comércio
é intensificado e expandido. Dissemina-se neste período o uso de metais nobres
como moeda, facilitando o comércio entre diferentes civilizações.
Capitalismo
Surge entre os séculos XIV e XVI, na Europa, a partir do mercantilismo, a
intensificação do comércio ocorrida já ao final do período feudal. Na visão de Marx,
a característica principal do capitalismo é a criação do trabalho como um fator de
produção comercializável. Dessa maneira, o capitalismo é marcado pelo uso do
trabalho na forma de uma mercadoria.
Comunismo
Trata-se de um modo de produção baseado na gestão científica e planejada
da produção, em contraposição ao mecanismo de mercado do capitalismo. No
comunismo, há um ou mais planejadores centrais que, através de avaliações
objetivas e científicas, identificam a quantidade e os tipos de bens que devem ser
produzidos. A partir dessa identificação, é feito um planejamento e a alocação dos
recursos exigidos para que esta produção ocorra de fato.
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elementos da concorrência, além de propiciar um maior ganho de escala na gestão
da produção. No seu limite extremo, o comunismo eliminaria outros aspectos de
modos de produção anteriores, como a necessidade de se usar moeda para trocas.
O Capitalismo
Descreveremos a seguir as principais características dessa forma de produzir,
hoje dominante no mundo em que vivemos. Na observação dessas características,
é fundamental fazermos duas ressalvas.
Bens e Mercadorias
Bens são todos os produtos e serviços que têm alguma utilidade para os indi-
víduos e que podem ser comercializados de alguma forma. Todas as mercadorias
que adquirimos ou vendemos são bens. Também são considerados bens aqueles
materiais adquiridos e utilizados para a fabricação de outros bens. Nesse caso, os
primeiros são chamados de bens intermediários; enquanto os últimos são denomi-
nados bens finais.
17
Principais Conceitos e Temas da Economia
UNIDADE
I
Mercadorias são, simplesmente, os bens quando transacionados ou comercia-
lizados. Eles têm a dupla característica de terem algum valor para as pessoas e
poderem ser negociados entre elas.
Propriedade Privada
No capitalismo os bens e direitos são de propriedade de indivíduos (privada)
ou do Estado (pública). Na prática, isso significa que os bens, ativos, mercadorias
(e mesmo direitos) têm dono certo e identificado. Esse proprietário pode, por
conseguinte, fazer o uso que desejar de seus bens, desde que respeite as leis daquele
país ou região em que atua. O Estado também pode ser proprietário, porém nos
Estados capitalistas modernos a maior parte da propriedade é privada e o Estado
atua como garantidor destas propriedades e dos contratos.
Fatores de Produção
A produção é realizada através da combinação de diversos fatores. Esses
fatores são comumente categorizados em capital, trabalho e terra. Atualmente,
capital e terra confundem-se, pois terra posta à produção também tem as mesmas
características de capital. Portanto, essencialmente, os fatores de produção são
capital e trabalho que, combinados, permitem a produção de produtos e serviços.
Por exemplo, para que sejam fabricados pregos são necessários aço, ferramentas
(para cortar e afiar o aço no formato desejado) e algumas pessoas operando estas
ferramentas e a matéria-prima para que o produto final seja realizado. Nesse caso,
então, o aço e as ferramentas são o capital, enquanto o esforço das pessoas em
converter a matéria-prima em pregos é o trabalho.
Mercado
Mercado é o ambiente, real ou virtual, em que se dão as trocas dos bens. É
o local onde as pessoas que querem comprar um bem e as pessoas que querem
vender este mesmo bem se encontram para negociar o preço e realizar esta troca.
O mercado pode ser, efetivamente, um mercadinho de bairro onde se compram
os alimentos da semana. Pode ser também uma Bolsa de Valores, onde ativos
financeiros - que também são bens - podem ser negociados. Pode ainda ser um
ambiente virtual ou abstrato, por exemplo, um portal na internet onde é feito um
leilão de telefones celulares.
Divisão do Trabalho
Trata-se de um dos aspectos mais marcantes do capitalismo. Mesmo em modos
de produção mais modernos, havia um grau de certa diversidade nas atividades de
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um indivíduo. Um típico artesão do feudalismo, por exemplo, era responsável por
realizar todo um conjunto de atividades que viriam, ao final, a dar como resultado
a produção de um sapato.
É uma característica que damos por “natural”, mas que é bastante recente, a
nossa especialização em profissões. Dessa forma, um biólogo que trabalhe em uma
vinícola pode ser hoje especializado nos processos de fermentação e fazer isso com
conhecimento e produtividade inigualáveis, mas pouco sabe dos solos e das épocas
do plantio ou mesmo do processo de engarrafamento do vinho. No feudalismo, para
compararmos, um vinho provavelmente era feito pela mesma pessoa ou família,
que realizavam todo o processo desde plantio, colheita, fermentação, produção,
engarrafamento e venda.
Segundo observado por Adam Smith em seu clássico “Riqueza das Nações”, considerado
um dos fundadores da Ciência Econômica moderna, a divisão do trabalho permitia que
a produção de alfinetes passasse de 20 unidades por trabalhador (no modelo artesanal)
para cerca de 4.800 alfinetes por trabalhador (no modelo industrial), essencialmente
em virtude da divisão do trabalho.
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Principais Conceitos e Temas da Economia
UNIDADE
I
O Estado
Ao contrário do que algumas pessoas poderiam imaginar, a existência do Estado
não é antagônica à existência do capitalismo; é, ao contrário, uma condição necessária.
É fato, aliás, notado por diversos historiadores, que o capitalismo somente vigorou
naquelas nações que detinham um Estado em pleno funcionamento. Observa-se,
ainda, que o capitalismo frutificou primeiro naquelas nações cujo Estado, na nossa
concepção moderna, desenvolveu-se de forma plena.
Essas são apenas algumas das características do capitalismo, mas que perduram
em todas as suas fases desde seu nascimento até os dias atuais, ainda que muitos
outros aspectos tenham se alterado de forma significativa.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Economia Descomplicada
https://youtu.be/liZcE05M93U
Comunismo – Socialismo – A História de uma Ilusão
https://youtu.be/5kcjH-b7a1E
Feudalismo – Castelos em Guerra
https://youtu.be/pLFBF2Iq_ho
Leitura
Economia
Parkin, Michael. Economia. 8 Ed. São Paulo: Addison Wesley, 2009.
https://goo.gl/oIuwjR
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Principais Conceitos e Temas da Economia
UNIDADE
I
Referências
ANDERSON, Perry. Passages from Antiquity to Feudalism. Nova Iorque:
Verso Books, 1997.
SMITH, Adam. Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas
causas. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.
22
II
Microeconomia I:
As Leis que Regem o Mercado
Revisão Técnica:
Profa. Ms. Herida Cristina Tavares
Revisão Textual:
Profa. Ms. Eliane Nagamini
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
Contextualização
Quando nos referimos ao termo “microeconomia”, estamos tratando das
questões econômicas que são dadas em um determinado mercado, alguns poucos
mercados, um setor ou mesmo apenas uma unidade produtiva. Por isso é usada
a palavra “micro”, que significa que estamos olhando a economia de bem perto.
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Principais Temas da Micro Empresa
Uma das principais perguntas perseguidas pelos economistas, mesmo nos
primórdios desta ciência, foi a de entender o que dá valor aos bens. Durante séculos
os economistas debateram-se sobre esta questão do valor – que será explicada mais
detalhadamente no tópico a seguir - sem, contudo, conseguirem uma resposta
plena e satisfatória, ao menos do ponto de vista quantitativo, para este tema.
25
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
instrumentos estatísticos - mais propriamente, econométricos - para tentarmos
avaliar o comportamento de variáveis macroeconômicas. Já na microeconomia
neoclássica, a lógica é normalmente dedutiva. A racionalidade por trás dos fenôme-
nos está dada pela própria lógica dos agentes e alguns axiomas fundamentais, e a
teoria é construída sobre estas bases. Naturalmente, é possível (e sempre desejável)
a posteriori verificar se as teorias são confirmadas pelo mundo real.
Utilidade
Utilidade é a característica que os produtos e serviços têm de satisfazerem
necessidades ou desejos das pessoas e empresas. Esse conceito de “utilidade”
aproxima-se do uso cotidiano que damos para a palavra. Podemos dizer que um
litro de água tem utilidade por vários motivos. Pode ser usado para saciar a sede;
pode ser usado para lavar a louça; pode ser usado para cozinhar alimentos. O
conceito de utilidade está ligado, em parte, à característica daquele produto em
satisfazer necessidades ou desejos das pessoas.
Além desse aspecto mais óbvio, os bens também podem ter utilidade mais
abstrata. Por exemplo, um diamante, que a princípio não é um bem “essencial”
para a sobrevivência humana, tem utilidade porque pode ser considerado como
um artigo que embeleza um adereço ou uma pessoa. Dessa forma, a pessoa que
adquire um diamante encontra utilidade nesse objeto, por mais “supérfluo” que
possa parecer a princípio. Vale mencionar também que um serviço também carrega
uma determinada utilidade. Cortar os cabelos, por exemplo, é um serviço que tem
sua utilidade.
26
Finalmente, outro aspecto que não deve ser esquecido sobre a utilidade é que ela
é subjetiva. Isto é, a percepção de “quão útil” é um determinado produto depende
do seu utilizador ou comprador. Depende também do momento e da necessidade
atribuída àquele produto em um dado momento. Portanto, a utilidade de um litro
d’água para um habitante de uma casa com água encanada abundante é diferente
da utilidade do mesmo litro d’água atribuída por um habitante do deserto do Saara.
A utilidade é subjetiva porque depende do uso que será dado a determinado bem,
das preferências das pessoas, do momento do consumo, entre outros fatores.
Escassez
Este é um dos conceitos mais importantes da economia e, ao mesmo tempo, um
dos que algumas pessoas encontram mais dificuldade. Por isso, exige maior atenção.
O que dizer dos alimentos, por exemplo, como o milho? Não há uma quantidade
pré-determinada de milho no mundo. Há a quantidade que está disponível hoje,
mas podemos plantar mais e mais, de forma indefinida (pelo menos ao longo
do tempo). Podemos então dizer que o milho não é um produto escasso? A
resposta é um sonoro “NÃO”. Apesar de existir em grandes quantidades, há um
custo para se obter milho. Deve-se plantar, há um custo para cultivá-lo, colhê-lo,
armazená-lo, transportá-lo. Logo, milho entra também na categoria econômica
de produtos escassos.
Bens
Uma vez explicados os conceitos de utilidade e escassez, podemos agora definir o
que são bens. Resumidamente, um bem, no sentido econômico, é qualquer produto
ou serviço que tem utilidade e é escasso. Assim, uma substância tão importante
quanto o ar que respiramos normalmente, em sua forma natural disponível em
abundância, não pode ser considerado um bem econômico por não haver escassez,
salvo em situações ou condições especiais. Outros itens são escassos, porém não são
considerados úteis ou mesmo maléficos e, portanto, também não são considerados
bens econômicos. Alguns exemplos seriam o lixo doméstico, materiais descartáveis
utilizados, a poluição, entre outros.1
1 Produtos que são considerados nocivos ou indesejáveis têm utilidade negativa, e são considerados “males”.
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Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
O leque de opções desse conceito é bastante amplo. São considerados bens não
somente os produtos e serviços finais que consumimos diariamente. Os materiais,
produtos e serviços que utilizamos para a produção de outros bens também são
considerados bens (os chamados bens intermediários de produção e bens de
capital). Logo, uma máquina utilizada na fabricação de carros é um bem. O próprio
trabalho utilizado na produção é um bem. Além, é claro, do produto final, o carro,
que neste caso é denominado de bem final ou bem de consumo (neste caso um
bem de consumo durável).
Agentes Econômicos
Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de decisão
na economia, seja pessoal, para suas empresas, governo, etc. As próprias empresas
e o governo podem ser considerados agentes econômicos per se. O termo agente
vem do fato de que esses indivíduos, grupos, governo, entidades ou empresas
agem na economia e a ação tem algum efeito ou impacto em seu funcionamento.
Racionalidade
Um dos princípios mais elementares da microeconomia é a racionalidade.
Racionalidade, no sentido microeconômico, significa duas coisas. Primeiro, que os
agentes econômicos desejam sempre obter o máximo de utilidade.2 Isto é conhecido
pelo termo “maximização da utilidade”. Trata-se de um princípio bastante intuitivo,
mas ao mesmo tempo de fundamental importância para a teoria microeconômica.
Outro fator da racionalidade é a consideração de que os agentes econômicos
conhecem as regras básicas de funcionamento de seus negócios e de economia
como um todo, conseguindo, com base nessas regras, tomar decisões de consumo
e produção.
2 Agentes econômicos são todas as pessoas que tomam qualquer tipo de decisão na economia, seja pessoal, para suas
empresas, governo, etc. As próprias empresas e o governo podem ser considerados agentes econômicos per se.
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coisas? Por que os bens têm o valor que têm? Por que bens tão essenciais como a
água são trocados por valores relativamente baixos enquanto bens não essenciais,
quase “inúteis”, como o diamante, tem valor altíssimo?
Principais Teorias
A principal “escola” econômica que tratou da questão do valor foi a Escola
Clássica, cujos principais expoentes foram Thomas Malthus, Adam Smith,
John Stuart Mill, David Ricardo, Karl Marx, entre muitos outros. Essa escola de
pensamento econômico foi dominante durante o século XIX.
A partir da segunda metade do século XIX, começou a tomar corpo uma nova
visão sobre o valor e os preços das mercadorias. Segundo diversos economistas,
o valor das mercadorias não poderia ser atribuído a características intrínsecas dos
bens, nem somente ao trabalho que era exigido para serem obtidos. Esta nova
escola de pensamento considerava que, ao determinar o valor de um bem, as
pessoas levam em conta as quantidades adicionais deste bem que estariam à sua
disposição e, além disso, consideram também os aspectos de valor subjetivos que
cada pessoas atribui aos bens. Tratava-se de uma visão tão distinta das anteriores e
29
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
que ganhou tanta importância que tomou o nome de Revolução Marginalista. Seus
principais expoentes, à época, foram William Jevons (1862), Carl Menger (1871)
e León Walras (1874).
30
Pessoas atribuem valores diferentes a um mesmo bem de acordo com suas
preferências, de acordo com situações distintas, e dependendo de condições que
variam. Valor é algo subjetivo.
O Comportamento do Consumidor
no Ambiente de Negócios
Entendendo, assim, que o valor varia, que é subjetivo, que depende de fatores
ligados a abundância dos bens, sua utilidade para cada agente, suas preferência,
etc., passaremos a tentar resolver de forma mais objetiva e formal a questão da
determinação de preços. Este tópico trata da teoria microeconômica dominante
de determinação dos preços.
Os itens a seguir exigirão uma visão diferente do aluno, e uma mente aberta para
uma forma abstrata de se enxergar fenômenos do cotidiano. Ao ler os conceitos
e explicações a seguir, tente sempre fazer a ponte entre o que é abstrato (a teoria)
e o real (exemplos da nossa vida e o mundo à nossa volta). Este é um dos pontos
em que diversos alunos têm muita dificuldade, o que chamamos de “capacidade de
abstração”. Entretanto, essa é uma capacidade que pode ser exercitada pelo aluno
e, com isso, desenvolvida.
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Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
Primeiramente, é importante abolir o uso do termo “lei”. A economia, conforme
aprendemos na Unidade 1, não é uma ciência exata, e sim uma ciência humana.
Portanto, é um pouco perigoso atribuirmos aos comportamentos dessa ciência
o caráter de “leis universais”. A Física pode ter leis universais, como as três leis
da Termodinâmica. Basicamente porque o átomo comporta-se da mesma forma,
repetidamente, desde que reproduzidas as mesmas condições. O ser humano,
contudo, é bem mais complexo, sendo difícil atribuirmos um comportamento
robótico, previsível ou mesmo repetitivo para suas atitudes. Por isso, não falaremos
em leis, e sim em teorias, modelos ou hipóteses.
Vamos, então, definir o que é oferta, o que é demanda e como a interação dessas
duas “forças” no ambiente de mercado leva à formação dos preços e quantidades.
Oferta
Por exemplo, suponha que fizéssemos uma pesquisa junto a todos os produto-
res e vendedores de café em grãos do Brasil. Suponha que fizéssemos a seguinte
pergunta: quantas sacas de café você venderia hoje no mercado se o preço fosse
de R$ 200? Cada vendedor responderia com uma determinada quantidade. A
soma de todas as quantidades que desejam ser ofertadas naquele mercado, na-
quele momento, àquele determinado preço, é a oferta de café em grão.
Uma vez entendido este lado inicial da oferta, podemos olhá-la de uma perspectiva
um pouco mais ampla. Perceba que a quantidade ofertada é uma hipótese, uma
possibilidade. Se o preço fosse de R$ 200, a quantidade ofertada seria de 45 mil
sacas de café. Vamos supor agora que a mesma pesquisa fosse feita para um preço
maior, digamos de R$ 250. O que você esperaria que ocorresse com a oferta? Em
situações normais, para bens considerados normais, esperamos que a oferta seja
maior quanto maior for o preço.
32
superiores a 45 mil sacas. Isso, é claro, porque os vendedores de qualquer produto
têm uma tendência a desejar vender mais daqueles produtos se o preço for maior.
Além disso, outros produtores que, talvez, não tivessem sua produção lucrativa a
um preço de R$200, poderiam ter sua produção viabilizada a um preço de R$250.
Por exemplo, um produtor com custo de R$210 por saca não ofertaria os produtos
a um preço de R$200 (pois teria prejuízo e não valeria a pena produzir e vender
nessas condições). Porém, a um preço de R$250, mesmo essa produção a custo
de R$210 torna-se viável. Portanto, a oferta tende a aumentar à medida que são
oferecidos preços maiores. De forma análoga, a tendência é que a quantidade
ofertada seja menor para preços menores (verifique que você entendeu isso antes
de seguir adiante).
33
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
A combinação de diversas possibilidades de oferta e seu preço neste gráfico
denomina-se curva de oferta. Por ser uma representação extremamente simples,
ela toma a forma de uma reta. Entretanto, uma representação mais realista
provavelmente não seria uma reta, podendo ter vários formatos não-lineares.
Uma vez entendida a representação gráfica da oferta, passamos agora para sua
representação algébrica, que corresponde à escrita desse fenômeno na forma de
uma equação matemática.
Por ser linear, sua representação é dada genericamente por uma equação
do tipo:
O=a+b.p
Sendo “O” = quantidade ofertada, em milhares de sacas; “p” = preço em R$
por saca; “a” e “b” parâmetros da equação. Alguns autores preferem representar
“qo” (quantidade ofertada) ao invés de “O”.
Dado o conhecimento que você já tem sobre a oferta e o gráfico que fizemos,
o que você espera dos sinais dos parâmetros a e b? Como vimos anteriormente
que a quantidade ofertada sobe à medida que aumentamos o preço, podemos
dizer confortavelmente que o sinal de b é positivo. Isso também é refletido na
inclinação da curva, positiva. Com relação ao sinal de a, no caso representado
no gráfico, sabemos que ele é negativo, mas no momento não é tão importante
darmos atenção a ele.
A propósito do exemplo das sacas de café, a equação representada no gráfico é:
O = –20 + 0,325 . p
É muito importante que você se familiarize com esta visão matemática de se
representar um fenômeno social. Tente exercitar este conhecimento, traçando um
gráfico com a curva de oferta, a partir da equação acima. Basta listar diversos
valores de p e calcular qual a quantidade ofertada associada cada um deles. Após
estes cálculos (que ficam mais organizados na forma de uma tabela) basta que você
represente os pontos obtidos (combinações de preço e quantidades) em um gráfico.
A ligação destes pontos dá a figura da curva de oferta.
A seguir um exemplo de uma tabela gerada a partir de valores hipotéticos de p.
34
Esta descrição da função de oferta é uma visão estática. Isto significa que, em um
dado momento, dadas características de produção, consumo e mercado constantes,
ela representa as combinações possíveis de preço e quantidade ofertadas. Isto é, a
quantidade ofertada varia “sobre” a curva de oferta.
Poderíamos, contudo, fazer uma análise mais dinâmica sobre a oferta. A pergunta
neste momento é: “o que faria a curva se mover?”, ou, em outras palavras, “o que,
além do preço, mudaria o comportamento dos ofertantes?”.
Demanda (“procura”)
35
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
dos demandantes, quando atuam em um determinado mercado e manifestam sua
intenção de adquirir determinado bem, refletem-se no conceito de “demanda”.
Demanda, portanto, é a intenção, o desejo manifesto de adquirir um determinado
bem a um dado nível de preços.
Também da mesma maneira com que investigamos a oferta, podemos investigar
o comportamento da demanda.
Suponha, então, que fizéssemos uma pesquisa com todos os demandantes
de café em grãos do Brasil. Suponha que a pergunta fosse “quantas sacas você
compraria se o preço fosse R$ 200 por saca?”. A quantidade demandada seria a
soma de todas as quantidades demandadas individuais manifestadas pelos potencias
compradores do mercado. Supondo, então que a soma destas respostas fosse de
60 mil sacas, esta seria a quantidade demandada associada ao preço de R$200/
saca. O que você espera que ocorra, agora, se aumentarmos o preço proposto,
digamos, para R$ 250/saca? Você se lembra que a oferta aumentava quando
aumentávamos o preço.
Pois ocorre exatamente o oposto no caso dos demandantes. À medida que
subimos o preço, considerando bens normais e uma situação normal do mercado,
a tendência é que a quantidade demandada caia. Afinal, a preços maiores nós
compramos menos quantidades de um dado produto, certo?
Vamos tentar inverter um pouco a ordem de raciocínio apresentada anterior-
mente. Suponha que tenha sido dada a função (equação) da curva de demanda,
descrita a seguir:
qd = 100 – 0,2 . p
Tabela de demanda
q (mil unid) p (R$)
60 200
50 250
70 150
80 100
90 50
40 300
30 350
20 400
36
A partir da tabela, basta então identificarmos os pontos que representam
cada combinação de preço e quantidade. A interligação destes pontos é a curva
de demanda.
O Mercado
Analisamos, até agora, o comportamento isolado de demandantes e ofertantes.
Porém, o mais interessante está por vir: investigarmos como funciona a interação
destes comportamentos.
37
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
Esta interação ocorre no que chamamos de mercado. Conforme aprendemos
na Unidade 1, o mercado é um ambiente em que demandantes e ofertantes de
um mesmo produto encontram-se, física ou virtualmente, para realizarem estes
intercâmbios a uma taxa que denominamos “preço”.
Segundo, deve haver uma definição precisa do produto que está sendo
transacionado (“café arábica tipo II, safra 2009”). Quanto mais específico for o
produto, menor a interferências de variações na qualidade do produto ou outras
variáveis relativas à diferenciação no mercado. Basicamente, esta homogeneização
ou “commmoditização” do mercado permite que a discussão limite-se a preços e
quantidades comercializadas.
Equilíbrio de Mercado
O equilíbrio de mercado ocorre quando a interação entre demandantes e
ofertantes de um bem no mercado leva a que haja uma combinação ótima de
quantidades trocadas a um dado preço. O ponto de equilíbrio3 é o ponto em
que todos os demandantes que querem comprar o bem a um determinado preço
encontram oferta para ele, e todos os ofertantes que querem vender este bem
àquele preço também encontram demanda para ele. Não há, portanto, “sobras”
nem “falta” de bens.
3 Mais especificamente, aqui referimo-nos ao chamado “Equilíbrio Walrasiano”. Há outras definições de equilíbrio e um
sistema econômico complexo pode ter muitos pontos de equilíbrio ou nenhum. Pode ainda ter equilíbrios estáveis ou
instáveis. Nessa visão inicial, vamos nos restringir ao básico.
38
Vejamos um exemplo: no caso das sacas de café, obtivemos que a R$200 a
quantidade ofertada é de 45 mil sacas. Ao mesmo preço, vimos que os demandantes
desejam a quantidade demandada de 60 mil sacas. Pela definição de equilíbrio do
parágrafo anterior, você entende que o mercado está em equilíbrio? É claro que
não. Pois estão faltando 15 mil sacas para que os demandantes consigam comprar
tudo o que desejam ao preço de R$ 200. A oferta é de 45 mil sacas, enquanto a
demanda é por 60 mil sacas.
O que é preciso que ocorra para haver equilíbrio? É preciso que o preço suba,
pois assim mais ofertantes irão desejar vender seus bens, ao passo que um maior
preço fará com que a demanda caia um pouco, até que se atinja o equilíbrio.
Repare que, neste último passo, pode ser usada tanto a equação da demanda
como da oferta. Obviamente, como se trata do equilíbrio, as quantidades de
demanda e de oferta devem ser idênticas (faça o teste!).
39
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
40
Figura 5 – Deslocamento da demanda e novo equilíbrio
Viu como foi importante esta campanha publicitária? A partir dela os ofertantes
passaram a vender mais e a preços maiores. Esta é, provavelmente, uma visão
bastante mais formalizada e rigorosa de um fenômeno que os alunos de Marketing
tratarão o tempo todo.
41
Microeconomia I: As Leis que Regem o Mercado
UNIDADE
II
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Economia Descomplicada
https://youtu.be/2FdEBPCxmvM
Economia
https://youtu.be/bYfaWytagGs
Filmes
A Lei do Mercado
França, 2015. Thierry, de 51 anos, está desempregado há já quase dois anos. Depois
de muitos meses de angústia em que procurou, incessantemente, um meio de sustentar
a mulher e o filho, quase perde a esperança no futuro. Um dia vê-se finalmente,
selecionada para a função de segurança de um supermercado. Apesar do magro
ordenado que lhe é oferecido, torna-se finalmente capaz de cobrir as necessidades
básicas da sua família.
Leitura
Microeconomia
PINDYCK, Robert S. RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 8 ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2013.
https://goo.gl/CX9kFi
42
Referências
VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de
Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
43
III
Microeconomia II:
Produção e Competição
Revisão Técnica:
Profa. Ms. Herida Cristina Tavares
Revisão Textual:
Profa. Ms. Eliane Negamini
Microeconomia II: Produção e Competição
UNIDADE
III
Contextualização
Nesta unidade vamos dar seguimento aos nossos estudos microeconômicos,
mas agora dando um foco especial para a Produção e para a Competição.
Ah! nesta unidade, vamos abordar estas questões por vezes com ferramentas
matemáticas e, por outras vezes, de uma forma mais conceitual. Seja qual for o
caso, é importante que você faça a leitura sempre pensando nos exemplos reais e
na sua própria experiência de vida para verificar como a teoria ajuda a explicar o
mundo real à sua volta.
46
O Comportamento do Produtor
no Ambiente de Negócios
Iniciaremos esta unidade verificando de que forma funciona um dos principais
aspectos da economia a dos negócios: a produção.
Devemos lembrar que, como estamos tratando da produção de bens, em geral,
na economia, referimo-nos tanto à produção de produtos como a de serviços.
Vamos abordar as decisões que levam o produtor a produzir mais ou menos
quantidades de seus bens e de que forma ele calcula a melhor quantidade para
produzir e vender.
Esta é parte da chamada “Teoria da Firma”, ou “Teoria do Produtor”, e é uma
composição da contribuição de diversos autores e economistas, que hoje compõe
não somente os livros de economia, mas também de contabilidade, administração,
engenharia, entre outros.
O que é Produção?
Produção é o ato de produzir bens, sejam eles produtos ou serviços, para vendê-
los em determinado mercado. Contudo, tais bens não são criados a partir do nada.
Da mesma forma que na física, também no caso da produção trata-se mais de uma
transformação do que da criação de algo.
Assim, definimos produção como a transformação de fatores em bens
econômicos, sejam eles produtos ou serviços. Esses fatores são mais propriamente
denominados de fatores de produção. Há dois tipos de fatores de produção,
nomeadamente, capital e trabalho.
Trabalho é o esforço humano, seja na sua forma física ou mental, aplicado à
produção. Dessa forma, um lavrador que cultiva a terra, um professor que dá aulas,
um médico que realiza uma cirurgia, etc., todos estão realizando um trabalho. O
trabalho permite a transformação do meio e a criação de bens.
Entretanto, o trabalho por si só não permite a produção. É preciso que, em
auxílio do trabalho, haja também capital. Nesse sentido, capital são os insumos,
matérias-primas, ferramentas, instrumentos, terra, equipamentos, máquinas,
veículos, entre muitos outros, que permitem e auxiliam o trabalho na transformação
do meio e a produção de bens. Em muitos casos, o capital é o próprio meio sendo
transformado pelo trabalho, como é o caso das matérias primas.
Vamos imaginar um lenhador que, por ofício, corta árvores de um bosque
utilizando um machado. Neste exemplo simples, o trabalho é o esforço realizado
pelo lenhador. O capital é composto pelo machado, pelas árvores, e também pelo
bosque (a terra). O produto é a lenha. Portanto, a árvore, matéria prima que já
estava presente no bosque, só se torna de fato um produto na medida em que é
trabalhado pelo lenhador e transformado em lenha.
47
Microeconomia II: Produção e Competição
UNIDADE
III
A produção, neste exemplo, é justamente o ato de transformação de árvore
em lenha. Retire qualquer dos fatores de produção mencionados, neste exemplo
(a terra, as árvores, o machado e o trabalho do lenhador), e você verificará que a
produção torna-se impossível.
Outro fator importante para a produção, que está sutilmente colocado no exemplo
anterior, é que é preciso um determinado conhecimento para que a produção seja
realizada. É preciso, por exemplo, saber manusear o machado, saber quais árvores
cortar e onde cortá-las, saber ainda onde estar (e onde não estar) quando a árvore
cair. Todos esses conhecimentos, a “fórmula” para transformar um determinado
conjunto de fatores em um determinado número de bens, chamaremos de
“tecnologia”. As tecnologias podem ser novas ou antigas, melhores ou piores,
mas somente com esses conhecimentos é que a produção torna-se possível.
Outro traço marcante das tecnologias é que elas podem ser modificadas e
melhoradas. Se nos lembrarmos do exemplo da fábrica de alfinetes de Adam Smith,
poderemos verificar que, entre a produção artesanal de alfinetes e a produção
industrial, não houve mudança nos fatores utilizados, que eram algumas ferramentas
simples, o arame usado como matéria-prima e o trabalho de algumas pessoas. O
que permitiu o fantástico aumento da produtividade foi uma mudança no processo
produtivo, na forma de se combinar trabalho e capital, isto é, na tecnologia.
Tente imaginar, agora, o seu processo produtivo. Qual sua atuação profissional
(seja da profissão que você já tem ou pretende ter) e tente identificar quais são os
itens que compõem o capital, o trabalho e qual é o processo produtivo ou a tecnolo-
gia. Lembre-se que mesmo a prestação de serviços exige uma boa porção de capital
para que exista produção. Mesmo um professor precisa de equipamentos, infraestru-
tura, como a sala de aula, cadeiras, etc., e outras formas de capital para conseguir
produzir. Nesse caso, o produto é a disseminação do conhecimento, considerada um
bem, representada na obtenção de um diploma universitário, por exemplo.1
Trabalho
Capital
Tecnologia
Bens
Figura 1 – Fatores, Tecnologia e Produção
1 A própria acumulação de conhecimento dos profissionais especializados, neste caso de um professor, é muitas vezes
considerada como um capital pelos economistas. Por vezes esta categoria de capital é denominada de capital humano
ou, ainda, capital intelectual.
48
Produção é o ato de transformar Fatores de Produção em Bens econômicos.
Para isso, é essencial a utilização de capital e trabalho, sendo que a produção é
considerada mais eficiente na medida em que utilizar uma quantidade menor de
fatores para produzir a mesma quantidade de bens. Para que seja possível esta
produção, é necessário ainda que se conheça a tecnologia ou as técnicas de produção.
Existem diversas decisões a serem tomadas pelo empreendedor para que isso
possa ser feito. Uma delas é como produzir.
O que mudou entre uma situação e outra? Duas coisas: de um lado, mudou o tipo
de corte (a tecnologia, a maneira de produzir); de outro lado, mudou a quantidade
produzida. Perceba que os fatores de produção não mudaram. Podemos, portanto,
entender que a situação “B” exemplifica uma tecnologia mais eficiente que
a situação “A”. Por isso, fará mais sentido que a produção seja feita conforme
exemplificado em “B”, pois se pode produzir uma quantidade maior de bens com
os mesmos custos de produção (já que a quantidade de insumos é a mesma).
Situação A: q = 200 ⋅ K ⋅ T
Situação B: q = 250 ⋅ K ⋅ T
49
Microeconomia II: Produção e Competição
UNIDADE
III
Atribuímos “q” para a quantidade de bens finais produzidos, em Kg de lenha;
“K” é a quantidade de capital utilizada, em número de machados utilizados; “T” é
a quantidade de trabalho utilizada, em número de dias de trabalho.
Custos de Produção
Todas as pessoas que têm algum contato com o mundo dos negócios já ouviram
falar, em algum momento, dos custos de produção. É um conceito bastante
intuitivo, dizendo respeito aos custos, despesas e gastos que se tem ao produzir
determinados bens. Também é bastante óbvia a noção de que o empresário sempre
quer produzir o máximo (em quantidades de bens) para um dado custo da produção
ou, visto de outra forma, quer produzir com o menor custo possível, dado um
nível de produção. Isso significa, basicamente, que o produtor quer ter a máxima
produtividade possível. Conforme vimos no tópico anterior, isso significa produzir
com a tecnologia mais eficiente, e utilizando o menor volume de insumos por
quantidade de bens produzidos.
2 Não é ambição desta disciplina cobrir a resolução deste problema, mas é importante que o aluno compreenda que há
técnicas matemáticas que nos permitem atingir uma solução para ele.
50
Isso porque o custo de produção é o valor monetário (isto é, em dinheiro) do
somatório do produto dos insumos (ou fatores) pelo respectivo preço dos insumos.
Tomando exemplo do corte de lenha, e supondo a situação “B”, notamos que o
produtor utilizou 1 dia de trabalho e 1 machado para produzir 250 Kg de lenha.
Suponha que 1 dia de trabalho custe R$100 e 1 machado custe R$50. Significa
que, esta produção irá custar:
CT = T . 100 + K . 50
CT = 1 . 100 + 1 . 50
CT = 150
Para obter lucro, o produtor sabe que deveria vender a um preço acima de
R$0,60 por Kg de lenha (descontados todos os eventuais impostos).
Uma forma mais simplificada de tentar resolver essa questão seria através da
criação de um gráfico, representando a Receita obtida pela empresa em função
de diversas quantidades hipotéticas de bens vendidos e o Custo de Produção,
representando, de forma análoga, os custos totais de produção de diversas
quantidades hipotéticas de bens produzidos.
O gráfico sugerido tem dois eixos, sendo o eixo vertical a representação dos
valores monetários, em R$, de Receita e Custo. Enquanto o eixo horizontal denota
as quantidades produzidas e vendidas. Este gráfico seria feito com duas funções:
51
Microeconomia II: Produção e Competição
UNIDADE
III
uma função de Receita e outra de Custo Total. A função de receita é bem simples,
R = q.p, sendo R a receita Total, q a quantidade produzida e vendida e p o preço final
dos bens. Trata-se, portanto, de uma função linear em que R cresce à medida que
q aumenta. Consideramos que p é constante durante este exercício (supõe-se dado
o preço de mercado). Dessa forma, ao representarmos as diversas combinações
possíveis de R e q, obteríamos uma reta, conforme a linha azul traçada no gráfico
a seguir.
O custo, por sua vez, seria obtido através da substituição dos insumos (fatores)
utilizados, na sua combinação mais eficiente, na função de produção e, após isso,
seria realizado o cálculo do Custo Total a partir dos custos de cada insumo utilizado.
52
Logo, a primeira conclusão é que o produtor deve produzir uma quantidade que
está entre os limites da situação “B”. Mas qual? O lucro máximo obtido seria aquele
em que a distância entre R e CT é a maior possível. Este ponto é identificado pela
linha verde. Este ponto corresponde à quantidade produzida de 27 unidades de
produto. A esta quantidade produzida, o produtor teria uma Receita de R$120 e
um Custo total de R$100, portanto um lucro de R$20.
Formas de Competição
(e como escapar delas)
Mercado e competição
Neste tópico, examinaremos algumas das formas mais relevantes de com-
petição no mercado. Vamos investigar de que forma os produtos, ofertantes e
demandantes de uma mercadoria podem fazer com que o jogo da concorrência
tome formas diferentes.
É claro que estas situações não são iguais. Os mercados tomam formas distintas
de acordo com o número de ofertantes e demandantes que atuam nele; o tipo
de bem, sobretudo se os bens são muito parecidos (como soja, petróleo, tomate,
minério de ferro, etc.)4 ou se são diferenciados (como automóveis, telefones
celulares, restaurantes etc.); se há barreiras ou dificuldades para se entrar neste
mercado ou se é fácil iniciar a produção, e mesmo deixar de produzir.
3 Neste caso estamos tratando do lucro de curto prazo, em que os preços dos produtos, os custos dos fatores, a tecnologia
e os aspectos da concorrência são estáveis. No longo prazo, contudo, estas variáveis podem também oscilar.
4 Produtos com estas características são chamados de commodities.
53
Microeconomia II: Produção e Competição
UNIDADE
III
Concorrência Perfeita
Um ambiente de concorrência perfeita é aquele em que há, conforme sugerido,
extrema competição. Tal ambiente só pode existir quando há um número muito
grande de demandantes e também de ofertantes no mercado, de forma que nenhum
competidor ou comprador, isoladamente, pode influenciar este mercado, seja
tentando manipular preços ou quantidades totais transacionadas. Imagine o caso
do mercado de tomates. Há um sem número de produtores e, igualmente, uma
infinidade de consumidores. Portanto, se um ofertante ou demandande, de forma
isolada, tenta manipular os preços, ele não conseguirá fazê-lo de forma que afete
as quantidades e preços gerais de mercado. Na verdade, um ofertante que tentasse
vender seus tomates a um preço acima do preço de mercado, provavelmente não
teria sucesso em vender qualquer quantidade. Cada demandante ou ofertante,
individualmente, é insignificante neste mercado.
54
Monopólio, Oligopólio e Concorrência Monopolista
O extremo oposto da situação de concorrência perfeita é a situação de Mono-
pólio. Nesse ambiente, apenas um ofertante domina o mercado, provendo bens
para os demandantes. Isso pode ocorrer por diversos motivos. Pode ser, por exem-
plo, um monopólio definido por lei, como era o caso do setor de exploração de
petróleo, no Brasil, antes da abertura ao mercado na década de 1990. A lei deter-
minava que somente a Petrobras poderia explorar e produzir petróleo no Brasil, o
que impedia a entrada de novos concorrentes. Também pode haver monopólio nos
casos de patentes, normalmente beneficiando fórmulas de produtos farmacêuticos
ou projetos de engenharia ou tecnologia. Estas, porém, são patentes temporárias.
Além disso, há monopólios nos casos de extrema diferenciação de produtos ou no
caso de grandes barreiras à entrada. Por exemplo, a produção de foguetes espa-
ciais, é algo tão sofisticado, caro, arriscado e específico, que somente uma empresa
contratada pelo Estado poderia realizar tal empreitada.
55
Microeconomia II: Produção e Competição
UNIDADE
III
Nessas situações ou mesmo nas situações de oligopólio, é possível que a sociedade
consiga criar mecanismos de monitoramento dos mercados que estimulem a
competição entre os poucos competidores. Há, por exemplo, a criação de órgãos
de defesa da concorrência, de legislação que o proteja5, entre outros. Isso tem
como objetivo tentar impedir que os concorrentes manipulem preços, estimulando
a competição entre eles, a maior eficiência e produtividade, maiores níveis de
qualidade, inovações, entre outros fatores que somente podem existir quando os
ofertantes competem entre si pela demanda.
Alguns meios legítimos que permitem aos competidores venderem bens a preços
maiores e, portanto, auferirem lucros maiores, estão a inovação, a diferenciação de
produtos, aumento da qualidade, a redução de custos, entre outros.
5 No Brasil, o órgão mais importante de defesa da concorrência é o CADE. Há ainda um código específico que rege
as leis da concorrência e estimula a competição, o Código de Defesa do Consumidor.
56
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Filmes
A Corporação (The Corporation)
Excelente documentário canadense de 2003, que apresenta o poder das Corporações,
mais forte que o poder politico. Através de seus lobbies junto aos governos e suas ferra-
mentas de merchandising, marketing, branding, etc, definem tendências de consumo de
produtos eletrônicos, vestuário, alimentos, entretenimento, medicamentos etc.
https://youtu.be/ZcT_yygkqDg
Leitura
Microeconomia
PINDYCK, Robert S. RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 8 ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2013.
https://goo.gl/QI6EAk
Microeconomia
HAFFNER, Jacqueline Angélica Hernandes. Microeconomia. Curitiba: InterSaberes, 2013.
https://goo.gl/rBrNdH
57
Microeconomia II: Produção e Competição
UNIDADE
III
Referências
MOCHÓN, F. Princípios de economia. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
58
IV
Macroeconomia I: Os Princípios
que Regem a Economia
Revisão Técnica:
Profa. Ms. Herida Cristina Tavares
Revisão Textual:
Profa. Ms. Eliane Negamini
Macroeconomia I: Os Princípios que Regem a Economia
UNIDADE
IV
Contextualização
Nas unidades 2 e 3, examinamos algumas das questões econômicas tratadas
pelas firmas, mercados ou setores produtivos.
60
Principais Temas da Macroeconomia
A macroeconomia trata dos grandes temas econômicos das economias de paí-
ses, regiões ou mesmo do mundo todo. Para cada tema abordado, a macroecono-
mia trata das causas e efeitos das variáveis em questão, além, é claro, de propor
medidas para elas, pois sem uma medida é impossível avaliar com alguma seguran-
ça se determinado aspecto da economia está melhorando ou piorando.
1 Ainda que não seja correto atribuir o bem-estar de uma população somente ao nível de renda ou abundância de bens
de que ela dispõe.
2 Emprego significa que um indivíduo tem uma relação de assalariamento com um empregador, seja do setor público
ou privado. A população economicamente ativa inclui as pessoas empregadas e também profissionais liberais,
autônomos, empresários, agricultores familiares, entre outros.
61
Macroeconomia I: Os Princípios que Regem a Economia
UNIDADE
IV
Além destes aspectos, existe um setor da economia que, por suas particularidades
e por seu peso nas economias, atrai atenção especial dos macroeconomistas.
Trata-se do setor público. O monitoramento das principais características deste
setor encontra-se na chamada Economia do Setor Público. O setor público é
quantitativamente importante nas economias porque em geral ocupa um grande
espaço como produtor, como consumidor e como redistribuidor de seus recursos.
Além disso, qualitativamente é um setor diferente dos demais, porque incorpora
uma razão de ser distinta dos demais elementos da economia e por seu papel
ativo no mundo econômico, realizado através das políticas públicas, neste caso
específico, nas políticas macroeconômicas. Estas políticas são atividades
legítimas de influenciar a economia para que se atinjam determinados objetivos, em
geral comandados pelos desejos mais gerais da sociedade, manifestados por sua
colocação política e social. O setor público é tão relevante que, além de ser tratado
na macroeconomia, compõe uma área própria de estudos econômicos.
62
Princípios Básicos no Estudo
da Macroeconomia
Ao tratar de economias de países ou regiões, a macroeconomia aborda uma
somatória de mercados simultaneamente. Quando tratamos de um grande conjunto
de elementos de um mesmo grupo econômico, estamos nos referindo a agregados
macroeconômicos. Por exemplo, ao tratar de todos os mercados de um país,
referimo-nos à soma de todos os bens produzidos neste país. Trata-se, assim, do
agregado da produção deste país.
63
Macroeconomia I: Os Princípios que Regem a Economia
UNIDADE
IV
Esta tentativa de influenciar uma determinada variável macroeconômica para
que se atinja um determinado objetivo na economia é denominada de política
macroeconômica. As políticas macroeconômicas são, em geral, perseguidas por
agentes extremamente poderosos da economia, como por exemplo, partes do
setor público. Por exemplo, o Banco Central do Brasil é um dos agentes do setor
público e tem como um de seus objetivos a manutenção de taxas de inflação
baixas. Assim, ele pode controlar e modificar diversas variáveis da economia para
perseguir tal objetivo, como por exemplo, aumentar o compulsório bancário.
Tal prática é um exemplo simplificado de política macroeconômica. A execução
sincronizada de diversas políticas macroeconômicas compatíveis é que permite um
bom controle da economia e a realização dos objetivos econômicos determinados
pela sociedade. Trataremos mais especificamente de políticas macroeconômicas
na quinta unidade.
64
Produto Interno Bruto: O que significa
e como se mede
No Brasil, mede-se a Produção do país, sobretudo com o uso deste conceito
chamado de Produto Interno Bruto (PIB). Ele apura a soma de todos os bens
finais que são produzidos no território nacional, em um determinado período
(em geral no ano). Neste caso, importa se os bens foram produzidos no Brasil,
independentemente se foi produzido por uma empresa brasileira ou estrangeira.
Além disso, avaliam-se somente os bens finais. Também não entram nesta conta
os bens usados revendidos, afinal nestes casos trata-se apenas da transferência
de propriedade de um bem que foi produzido em um período anterior, e não a
produção de um bem novo.
65
Macroeconomia I: Os Princípios que Regem a Economia
UNIDADE
IV
Neste balanço, são registrados os relacionamentos econômicos de brasileiros
(empresas, famílias, setor público) com agentes do “resto do mundo” (outros
países). O Balanço de Pagamentos está dividido em três grupos.
66
Por outro lado, um descontrole nos gastos públicos pode levar a efeitos
indesejados na economia, com um aumento da inflação, entre outros.
67
Macroeconomia I: Os Princípios que Regem a Economia
UNIDADE
IV
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Economia Descomplicada – Macroeconomia
https://youtu.be/LNdojP3G13Q
Filmes
Trabalho Interno (Inside Job)
2010. Através de uma pesquisa extensiva e entrevistas com economistas, políticos
e jornalistas, ‘Inside Job – A Verdade da Crise’, mostra-nos as relações corruptas
existentes entre as várias partes da sociedade. Narrado pelo ator Matt Damon e
realizado por Charles Fergunson, este pe o primeiro filme que expõe a verdade acerca
da crise econômica de 2008. A catástrofe, que custou mais de 20 trilhões de dólares,
fez com que milhões de pessoas perdessem suas casas e empregos.
https://youtu.be/YamDhfIi6Hs
Leitura
Macroeconomia
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
https://goo.gl/REsgOw
Macroeconomia
ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S.; CROUSHORE, Dean. Macroeconomia. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
https://goo.gl/jdijgp
68
Referências
MOCHÓN, F. Princípios de economia. São Paulo: Prentice Hall, 2007
69
V
Macroeconomia II:
Moedas e Políticas Econômicas
Revisão Técnico:
Profa. Ms. Herida Cristina Tavares
Revisão Textual:
Profa. Ms. Eliane Negamini
Macroeconomia II: Moedas e Políticas Econômicas
UNIDADE
V
Contextualização
A continuidade do estudo da Macroeconomia levar-nos-á, nesta Unidade, para
o estudo da moeda e de diversas políticas econômicas.
72
O Papel da Moeda na Economia
O estudo da moeda é um dos temas mais interessantes, importantes e, ao mesmo
tempo, complexos da macroeconomia.
1 Os bancos comerciais conseguem expandir a disponibilidade de moeda, mas não criam moeda propriamente dita.
Mesmo quando podem expandir a disponibilidade de moeda, os bancos comerciais estão sempre sujeitos ao controle
e à regulação dos bancos centrais.
73
Macroeconomia II: Moedas e Políticas Econômicas
UNIDADE
V
modo de produção feudal, para fazermos um paralelo, a moeda metálica somente
podia ser cunhada pelo senhor feudal. Em razão disso, até hoje referimo-nos ao
direito de criar moeda como “direito de senhoriagem”. Isso garante que o estoque
de moeda em circulação na economia possa ser controlado, pois somente valem
como moeda os valores oficialmente criados pela autoridade monetária.
Mas por que utilizamos moeda? Como chegamos ao uso tão abstrato de um
pedaço de metal ou papel que pode representar o equivalente em valor de toneladas
de outros produtos?
Para ilustrar por que utilizamos moeda, vamos pensar em uma situação hipo-
tética. Suponha que há, em uma economia simples, apenas 3 produtores, seus
nomes são “A”, “B” e “C”. Eles produzem, respectivamente, os produtos “PA”,
“PB” e “PC”, que são distintos. Suponha que “A” (que produz “PA”) deseja obter
PB. “B”, que produz PB, deseja obter PC. Enquanto “C”, deseja obter PA. Su-
ponha que esta economia não conheça o uso da moeda. Como seriam feitas as
trocas? “A” não pode trocar diretamente PA com o produtor “B”, pois A deseja
PB, mas B não tem interesse em PA, e sim em PC. Da mesma forma, uma troca
direta entre B e C é impossível, pois B quer PC, mas C quer PA. Assim, a troca
nesta economia só seria possível se os três produtores se encontrassem simulta-
neamente para realizar o intercâmbio. Por exemplo, A daria PA ao C, aceitando
PC em troca. Em seguida, A daria PC ao B, que daria PB em troca. A terminaria,
com PB; B com PC e C com PA.
A
• tem PA
• quer PB
C B
• tem PC • tem PB
• quer PA • quer PC
74
Agora imagine tentarmos fazer isso em uma economia real, com milhões de
produtores distintos, com múltiplos interesses em inúmeros produtos distintos.
Seria praticamente impossível que os produtores e consumidores desta economia
conseguissem todos adquirir o que desejam.
A
tem PA
Moeda
C B
tem PC tem PB
75
Macroeconomia II: Moedas e Políticas Econômicas
UNIDADE
V
Medidas da Moeda e sua Importância no Brasil
A função que atribuímos à moeda no exemplo anterior foi a de “intermediário das
trocas”, isto é, a moeda atua como facilitador das trocas por ser um representante
universal na troca de qualquer valor da economia.
Já verificamos que uma pessoa que tem uma determinada quantidade de moeda
é tão rica quanto uma pessoa que detém bens de valor idêntico. Além disso, a moeda
tem a vantagem de poder ser trocada por qualquer outro bem imediatamente, isto
é, tem liquidez plena e é de curso forçado.
2 Salvo no caso de uma deflação crônica, que é um caso raro nas economias capitalistas modernas.
76
O custo em reter moeda é refletido nas taxas de juros de uma economia. Os
juros, aliás, podem também ser vistos como o “preço do dinheiro”. Ou seja, se uma
economia tem juros de 10% ao ano, significa que, para obter R$100 de que você
não dispõe (um empréstimo), você precisará pagar R$10 de juros. Naturalmente,
ao final do empréstimo, você paga os juros de R$10 e ainda precisa devolver o
dinheiro que tomou emprestado. Em uma economia de juros altos como a brasileira,
dizemos que o dinheiro é caro.
Se há um custo em reter moeda (ou tomar dinheiro emprestado), quais seriam
os motivos que levariam pessoas a retê-la mesmo considerando este custo? O
primeiro motivo é a retenção de moeda para que sejam realizadas transações.
Trata-se daquela quantidade mínima de dinheiro que deixamos na forma líquida
para realizarmos os pagamentos necessários em nosso cotidiano.
O segundo motivo é a retenção de moeda por precaução, quando as empresas
e famílias deixam parte da riqueza na forma líquida para eventuais pagamentos não
previstos que possam surgir.
O terceiro motivo é a retenção de moeda por especulação. Neste caso, trata-se
da retenção de moeda com a expectativa de que surjam boas oportunidades de
investimento ou compras a preços mais baixos no futuro.
Nessa relação de custo-benefício, um aumento das taxas de juros desestimula a
retenção de moeda pelas pessoas; por outro lado, uma redução das taxas de juros
irá reduzir custo do dinheiro, estimulando empréstimos e a retenção de dinheiro na
sua forma líquida.
Moeda e Inflação
Além das suas funções, custos e benefícios explorados anteriormente, a moeda
tem ainda a característica de influenciar outras variáveis econômicas, como
a produção, os investimentos, o nível de preços (e a inflação), entre outras, de
forma direta ou indireta. Trata-se, assim, de uma variável chave na economia e na
condução das políticas macroeconômicas.
M.V=P.Q
77
Macroeconomia II: Moedas e Políticas Econômicas
UNIDADE
V
Sendo assim, vamos supor que, em uma determinada economia, consideramos
que V e Q são constantes, em um dado momento. O que ocorre se M aumenta?
A resposta é óbvia: P deve aumentar na mesma proporção. Isso significa que, se
a velocidade de circulação da moeda estiver constante e não houver variação da
produção, um aumento no estoque de moeda será refletido em um aumento do
nível de preços, ou seja, inflação. Portanto, identificamos uma relação clara entre
moeda e inflação.
Em geral, é razoável supor que V seja estável, senão constante, no curto prazo.
Mas Q pode variar. Neste cenário, se M aumenta, para que não haja inflação,
Q deve aumentar na mesma proporção do aumento de M, pois então P ficaria
constante. Ou seja, se houver aumento da produção, M pode aumentar nesta
mesma proporção sem que haja maiores riscos de que se provoque inflação.
78
Quando ocorre inflação, o valor da moeda se deteriora. Significa que, por um
lado, cada vez mais moeda é necessária para comprar a mesma quantidade de
bens. Significa ainda que, se a moeda for retida em sua forma líquida, ela perde
poder de compra. Portanto em um ambiente de alta inflação a moeda não serve
mais como reserva de valor.
79
Macroeconomia II: Moedas e Políticas Econômicas
UNIDADE
V
Políticas Econômicas
O que são políticas econômicas e o que eu tenho a ver com isso?
As políticas econômicas são o conjunto de práticas realizadas por tais agentes que
estão além ou acima do mercado, que têm por função atingir objetivos da sociedade
que o capitalismo por si só não conseguiria produzir. As políticas econômicas
têm os mais variados objetivos, sendo alguns deles, conforme já mencionamos, a
desconcentração de renda, a manutenção de altos níveis de emprego das pessoas
e dos recursos, redução da pobreza, promoção de altos níveis de bem-estar social,
produção de bens públicos, estímulo à concorrência, manutenção de inflação baixa
e um ambiente econômico estável, entre muitos outros.
Existe uma relação próxima entre o nível de produção de uma economia e o seu
nível de emprego. É, também, uma relação de mútua e direta estimulação, o que quer
dizer que, ao aumentar o nível de produção, há um aumento no nível de emprego;
e ao aumentar o nível de emprego, há um novo incentivo ao aumento de produção.
Funciona assim: ao aumentar a produção, digamos, através do investimento feito
por uma empresa de fogões em uma fábrica nova, é preciso empregar pessoas
80
que irão trabalhar na fábrica. Portanto o investimento foi feito e contratam-se
pessoas para que haja o aumento de produção. Mas a própria contratação de
pessoas irá estimular uma segunda onda de aumento de produção. Pois as pessoas
que estavam desempregadas irão estar agora empregadas e recebendo salários e,
consequentemente, com poder de compra que não tinham antes. Isso significa que
irão consumir e, com isso estimular a produção de mais bens. Por isso, costumamos
dizer que, quando se realiza um investimento, o aumento total na produção é maior
do que o próprio investimento, pois há um efeito multiplicador nesse estímulo.
Vamos pensar, agora, nas diversas ferramentas que os governos têm à sua
disposição para aumentar a produção (e a renda) e o emprego. Para isso, vamos
relembrar a equação da renda dada na unidade 4. Dissemos que os gastos de
um país, que equivalem ao seu produto (Y), são a soma dos gastos com bens
de consumo (C), investimentos (I), despesas do setor público (G), somando-se
ainda a exportações (X) e subtraindo-se as importações (M). De forma algébrica,
podemos dizer que:
Y = C + I + G + (X – M)
Assim, para tentar aumentar a renda nacional, o setor público pode tentar
influenciar, direta ou indiretamente, para o aumento de qualquer das variáveis C, I,
G e X, ou para a diminuição de M.
Estes são apenas alguns exemplos entre uma infinidade de práticas possíveis.
Outro ponto importante a ressaltar sobre as políticas econômicas é que elas
podem ter múltiplos efeitos, alguns desejáveis e outros indesejáveis. Exemplifica-
damente, um aumento dos gastos públicos pode estimular o aumento da produção
nacional, mas pode também, como explicamos no item anterior, estimular a infla-
ção. Assim, seria como um remédio que traz um benefício, mas, juntamente com
ele, um efeito colateral importante. Em vista disso, o setor público deve utilizar
medidas que tenham os menores efeitos negativos possíveis, como o estímulo ao
investimento privado.
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Macroeconomia II: Moedas e Políticas Econômicas
UNIDADE
V
Além das políticas que estimulam o crescimento econômico, os economistas
investigam como se dá o crescimento de forma mais autônoma, isto é, através das
próprias forças do mercado e da sociedade, ao longo do tempo. Isso é conhecido
como crescimento endógeno de longo prazo.
Existem muitas outras teorias que buscam entender ou explicar por que algumas
sociedades são mais prósperas e têm economias que crescem a velocidade maiores
que outras.
O que é o desenvolvimento?
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Economia e Democracia
Vimos que as sociedades têm desejos que vão além da propriedade e da
abundância material. Um destes anseios, ainda que não seja de ordem econômica,
é normalmente a liberdade, ainda que não seja um valor unânime entre os povos.
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Macroeconomia II: Moedas e Políticas Econômicas
UNIDADE
V
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Economia Descomplicada
https://youtu.be/HMPNQJRinKE
Leitura
Macroeconomia
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 5 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
https://goo.gl/zwfdCh
Macroeconomia
ABEL, Andrew B.; BERNANKE, Ben S.; CROUSHORE, Dean. Macroeconomia.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
https://goo.gl/l7VNcS
84
Referências
MOCHÓN, F. Princípios de economia. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
85
VI
Macroeconomia III: Setor Externo
Revisão Textual:
Profa. Vera Lídia de Sá Cicarone
Macroeconomia III: Setor Externo
UNIDADE
VI
Contextualização
“Política cambial não muda, ela veio para ficar”, diz Mantega
Câmbio e Inflação
O ministro da Fazenda disse que a taxa de câmbio não é instrumento de política monetária.
“Não é instrumento para abaixar preços”, declarou, ressaltando que o instrumento para
isso é a taxa de juros. Mantega reconheceu, no entanto, o impacto da valorização do
dólar de cerca de 20% no ano passado sobre a inflação de 2012.
Segundo ele, se o dólar não tivesse se valorizado, o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) de 2012 teria sido de 0,4 ponto percentual a 0,5 ponto
percentual menor do que o 5,84% registrado. Ainda assim, disse ele, esse é um fenômeno
que não se repete. Agora em 2013 não há pressão inflacionária em função da taxa de
câmbio, pois ela está mais estabilizada. “No ano passado tivemos a elevação do dólar,
que nós apoiamos, agora não temos isso. O câmbio caminha para um patamar mais
adequado”, disse.
Fonte: Jornal Valor Econômico
Explor
88
O que é Taxa de Câmbio?
Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira em moeda nacional. Ou
seja, é a taxa com a qual duas moedas diferentes podem ser trocadas. Por exemplo,
a cotação do dólar é 2 reais, ou seja, cada 1 dólar vale 2 reais.
Explor
Por que variações nas exportações e nas importações podem afetar o nível de produção
Explor
de um país?
Dado que a moeda é um produto como qualquer outro, o que determina seu
preço são as forças de oferta e demanda.
89
Macroeconomia III: Setor Externo
UNIDADE
VI
Oferta de Moeda
Os principais ofertantes de moedas (dólares) são:
• Exportadores brasileiros: Os exportadores brasileiros vendem seus produtos
a outros países e recebem em moeda estrangeira.
• Investidores estrangeiros: Os investidores estrangeiros possuem moeda
do seu país e, quando decidem investir no Brasil, têm que trocar sua moeda
estrangeira pelo Real.
• Turistas estrangeiros: Os turistas estrangeiros vêm para o Brasil com a moeda
de seu país, porém, para consumir no Brasil, necessitam trocá-las por Real.
• Tomadores de Empréstimos no exterior e outros: Os bancos estrangeiros
possuem a moeda de seu país e os agentes brasileiros que tomam empréstimos
externos devem trocar a moeda por Real.
90
• Desvalorização cambial ou depreciação cambial: representa uma perda do
poder de compra frente outras moedas, o que corresponde a um aumento da
taxa de câmbio.
Trocando ideias...Importante!
Uma diferenciação importante para avaliar a competitividade dos produtos nacionais é
a que existe entre a taxa de câmbio real e a nominal. A taxa de câmbio real é a taxa de
câmbio nominal deflacionada pela razão entre inflação doméstica e inflação externa.
Dessa forma, se a desvalorização nominal superar a variação da inflação, o produto
nacional torna-se mais competitivo, ou seja, mais barato.
Outra artimanha dos países para manipular a taxa de câmbio é utilizar a política monetária.
Explor
Por exemplo, conforme aumenta a taxa de juros, aumenta o ingresso de fluxo de capital no
país, fator que pressiona o câmbio para uma valorização.
Importante! Importante!
Regimes Cambais
O Banco Central de cada país pode determinar o regime cambial vigente. Esse
regime cambial pode ser definido da seguinte forma: câmbio fixo e câmbio flutuante.
91
Macroeconomia III: Setor Externo
UNIDADE
VI
Explor
Saiba mais em: http://www.bcb.gov.br/?txcambio
Se ocorrer excesso de oferta, para manter a taxa de câmbio fixa, o Banco Central
compra a moeda estrangeira, a fim de evitar a valorização da taxa de câmbio.
Impactos
Como vimos, a taxa de câmbio é uma das variáveis macroeconômicas importan-
tes para a economia. Seus impactos ocorrem em diversas outras variáveis macro-
econômicas, como veremos.
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Exportações e importações
(Balança Comercial)
Uma desvalorização cambial pode aumentar as exportações e reduzir as impor-
tações, pois o produto nacional torna-se mais barato e o importado, mais caro.
Já uma valorização cambial pode aumentar as importações e reduzir as
exportações, já que o poder de compra da moeda nacional aumenta e, dessa forma,
é possível comprar com o mesmo valor mais produtos de outros países.
Por exemplo, um perfume que custa 100 dólares, se a cotação do dólar for
de US$/R$1 (patamar considerado como valorizado), o perfume sairá por 100
reais. Já se houver uma desvalorização para o patamar de US$/R$ 4, o mesmo
perfume aumentará para 400 reais. Logo, neste novo patamar, haverá uma
redução das importações, pois o preço do produto quadriplicou. Da mesma forma,
as exportações aumentarão, pois, com o mesmo um dólar, o estrangeiro comprará
mais produtos do Brasil.
Exemplo
Cotação Custo Taxa de Importação Taca de Exportação
US$/R$1 R$ 100,00 Maior Menor
US$/R$4 R$ 400,00 Menor Maior
Inflação
Com uma valorização cambial, ocorre o que chamamos de âncora cambial.
São dois os fatores que seguram a taxa de inflação. Primeiro: com o aumento das
importações, aumenta a concorrência, fator que tende a pressionar a redução dos
preços nacionais. Segundo: com a queda do preço dos produtos importados, os
produtos são vendidos no Brasil por um preço mais baixo. Além disso, os produtos
nacionais que possuem algum insumo de produção terão seus custos reduzidos,
logo poderá haver uma redução dos preços.
Âncora cambial: quando o governo mantém ou valoriza o câmbio para reduzir a taxa
Explor
de inflação.
Dívida Externa
Com a desvalorização cambial, aumenta o estoque da dívida externa em reais,
não afetando seu saldo em dólares. Por exemplo, se o Brasil possui uma dívida
de 1 bilhão de dolares e o câmbio desvaloriza, a sua dívida continuará 1 bilhão de
dolares, mas aumentará em reais.
93
Macroeconomia III: Setor Externo
UNIDADE
VI
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Banco Central do Brasil
http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/home
94
Referências
GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de
TONETO Jr, Rudinei. Economia Brasileira Contemporânea. 7ª ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
LACERDA, Antonio Correa de. Economia Brasileira. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VASCONCELLOS, M. A. S.. Economia Micro e Macro. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2001.
95
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