Exemplo de cálculo
1. Sistema de carregamento
O trem-tipo para esta ferrovia é um vagão de minério, dado que a ferrovia será utilizada basicamente para
transporte de minério. Porém poderia ser dimensionada para a locomotiva, no caso de ferrovia destinada
exclusivamente a transporte de passageiros, por exemplo.
P1 P2 P3 P4
Vagão de minério 178cm 236cm 178cm
P1 P2 P3 P4 29.825 kgf
29.825
Carga por roda: 14.912,5 kgf / roda
2
S = 54 cm, com taxa de 1.852 dormentes/km – espaçamento típico de projeto, ainda que possa ser utilizado outro
não muito menor ou maior que este.
O módulo da via ou o módulo do suporte do trilho pode ser muito variável ao longo da linha em razão dos
muitos fatores e variáveis envolvidos. Valor recomendado pela AREA: u = 140 kgf/cm 2 = 14 MPa (valor
compreendido entre 1500 e 2000 psi para as condições de bitola e dormentes da AREA). Parâmetro
aparentemente difícil de ser interpretado fisicamente, mas procura representar a rigidez da linha. É variável
porque tal valor fica sujeito à rigidez dos componentes da via, aos módulos dos materiais das camadas do
pavimento, à umidade, à temperatura, entre fatores os mais importantes.
4. Tipo de trilho
Para ferrovias de grande fluxo de transporte e alta carga por eixo, tem sido adotado o trilho TR – 68 (136 RE da
AREA) com as características a seguir:
5. Cálculo de x1 (distância de uma carga sobre uma roda até o ponto de momento nulo):
4 4 EI 4.2,15.106.3950
x1 4 x1 98cm (em pontos cuja distância ao ponto de aplicação da
4 u 4 140
carga é superior a 98 o momento provocado por aquela carga é zero – representa a área de influência daquela
carga)
M o 0,318 Pd Cm x1
Pd k P P d 2 14.912,5 Pd 29.825 kgf (carga por roda considerando um fator de impacto igual a
2)
x
x 0 e x1 98 0 Cm 1
x1
178
x 178 e x1 98 1,82 Cm 0,20
98
414
x 414 e x1 98 4,22 Cm 0,03
98
592
x 592 e x1 98 6,04 Cm 0,00
98
Cm 1 0,20 0,03 0,00 0,77
x
x 0 e x1 98 0 Cm 1
x1
178
x 178 e x1 98 1,82 Cm 0,20
98
236
x 236 e x1 98 2,41 Cm 0,19
98
414
x 414 e x1 98 4,22 Cm 0,03
98
Cm 1 0,205 0,191 0,030 0,574
OBS:
1. Os valores de Cm foram obtido considerando a referência primeiro no eixo 1 e depois no eixo 2, sendo adotado
o maior valor, que leva ao maior momento. Se não houvesse simetria, teria que verificar todos os eixos.
2. Os alunos têm dúvida, quando se calcula o C m com a carga no eixo 2, se a distância do eixo 1 ao 2 deve ser
tomada negativa. Na verdade tanto faz, pois as curvas para C m e Cd são simétricas em relação ao eixo das
ordenadas.
3. O maior momento pode ser obtido com a referência em um eixo e o maior deslocamento vertical do trilho
pode ser obtido com a referência em outro eixo, portanto, os eixos 1 e 2 (no caso de haver simetria do sistema de
carregamento) têm que ser verificados tanto para obter o C m quanto o Cd.
Mo 715.689
A tensão máxima no patim será: máx máx 1.542 kgf / cm2
Zp 464
O esforço admissível, na base do trilho, segundo a AREA, é determinado levando em conta os seguintes fatores
de influência: por conta da flexão lateral, descontar 20%; variações nas condições da via levam a um desconto de
15%; desgaste e corrosão dos trilhos, descontar 15%; superelevação não-compensada da via, descontar 15%; e,
por conta de esforço provocados por variação de temperatura, descontar 20.000 psi.
Para um trilho de limite de escoamento igual a 70.000 psi, a tensão admissível à flexão seria:
70000 20000
adm adm 25.000 psi (1760 kgf / cm2 )
1,2 1,15 1,15 1,15
max 1150 adm 1760 (kgf / cm2 ) - como a tensão atuante é inferior à admissível, o trilho é adequado!
x
0 Cd 1
x1
x2
1,82 Cd 0,26
x1
x3
4,22 Cd 0,05
x1
x4
6,04 Cd 0,00
x1
Cd 1 0,26 0,05 0,00 1,21
x
0 Cd 1
x1
x2
1,82 Cd 0,26
x1
x3
2,41 Cd 0,09
x1
x4
4,22 Cd 0,05
x1
Cd 1 0,26 0,09 0,05 1,30
0,39 Pd Cd
yo
u x1
0,39 Pd Cd s
qo (s = espaçamento entre dormentes – de eixo a eixo)
x1
0,39 29.825 1,3 54
qo qo 8.332 kgf (máxima carga do trilho sobre um apoio do dormente)
98
A c b Ab 77 22,86 1.760cm 2
OBS: No cálculo da área se considera a área de socaria, que é ilustrada na figura. O lastro é compactado apenas
nesta região, que é a mais solicitada pela pressão dos trilhos. O cálculo aqui foi feito com c igual a 77 cm mas
pode pegar 80 cm.
As pressões sobre as camadas são obtidas pela fórmula de Talbot, considerando o valor da pressão imposta pelo
carregamento ferroviário. Note que a fórmula dá o valor da pressão em uma determinada profundidade.
A tensão admissível será obtida por meio da fórmula de Heukelom. Ao se igual a tensão admissível com a tensão
atuante, se obtém a espessura equivalente necessária de material sobre uma dada camada, de modo a suportar
aquela tensão. É o mesmo princípio do projeto do pavimento rodoviário baseado no CBR: a espessura
equivalente de material sobre o subleito em tese é suficiente para proteger o subleito da ação das cargas do
tráfego.
53,87 pM
ph (Fórmula de Talbot)
h1, 25
0,006 Ed
Fórmula de Heukelom: adm , em que Ed é o módulo de resiliência do solo
1 0,7 log N
Queremos que a tensão que solicita o subleito seja menor que a tensão admissível dele ( adm ph ), então:
1 0,8
53,87 pM 53,87 pM 1, 25 53,87 4,73
adm h h h 203,8cm
h1, 25 adm 0,33
Ou seja, 203,80 cm é a espessura total do pavimento (h LASTRO+hSUBLASTRO+hREFORÇO) para proteger o subleito com
CBR de 3% da tensão pM = 4,73 kgf/cm2 (admitindo que as camadas são de pedra britada).
Repete-se o procedimento para as demais camadas. Sabendo que o CBR do reforço do subleito é 10%:
0,006 1.000
Ed 100 10 Ed 1000 kgf / cm2 e adm adm 1,10 kgf / cm2
1 0,7 log 2,2.106
0,8
53,87 4,73
h h 77,8 cm, ou seja, a altura da camada de pedra britada acima do reforço deve ser 77,8 cm
1,10
Sabendo que o CBR do sublastro é 23%:
0,006 2.300
Ed 100 23 Ed 2.300 kgf / cm2 e adm adm 2,54 kgf / cm2
1 0,7 log 2,2.106
0,8
53,87 4,73
h
h 40,0 cm, ou seja, a altura da camada do lastro deve ter ao menos 40,0 cm.
2,54
Adota-se hLASTRO = 40 cm
Interpretação do ângulo de distribuição de tensões: quanto menor o maior o espraiamento de tensão e menor a
espessura necessária para um determinado nível de tensão atingir a camada inferior. Para ilustrar, pode-se desenhar
um pavimento com duas camadas com materiais distintos (um alfa de 30 e outro de 45º p. ex. A base cujo material
tem alfa de 30º terá uma dada espessura e a base cujo material tem alfa de 45º terá uma espessura maior, ou seja,
para que o mesmo nível de tensão atinja a camada inferior, a espessura de material com alfa de 45º tem que ser
maior.
A espessura final do lastro então será 40 cm vezes seu CD, ou seja, 40 x 1,00, o que nos leva a adotar h LASTRO =
40 cm
40,0
Se hLASTRO + hSUBLASTRO = 77,8 cm, então hSUBLASTRO 77,8 hSUBLASTRO = 37,8 cm
1,00
Então hSUBLASTRO = 37,8 x 0,87 = 32,87 cm, levando-nos a adotar hSUBLASTRO = 33,0 cm
40,0 33,0
Se hLASTRO + hSUBLASTRO + hREFORÇO = 203,8 cm, então hREFORÇO 203,8 hSUBLASTRO = 125,9
1,00 0,87
cm (mínimo)
Então hREFORÇO = 125,9 x 0,69 = 86,85 cm, levando-nos a adotar hREFORÇO = 87,0 cm
33 cm
160 cm
87 cm