Material Teórico
Múltiplas Identidades: A Cultura no Brasil do Século XXI
Revisão Técnica:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Múltiplas Identidades: A Cultura no Brasil
do Século XXI
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Tratar do período da globalização, dos avanços técnicos e das
transformações socioculturais no Brasil.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
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Figura 1 - Bairro da Liberdade - São Paulo/SP
Fonte: iStock/Getty Images
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Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
A vida real tornou-se extremamente pobre diante de tantas opções que a mídia
expõem; mas, ao mesmo tempo, o consumo simbólico mostra os dramas dos
outros e revela que a vida pode ser muito pior.
As Oposições Contemporâneas:
As “Tribos” e o Ciberespaço
Já há algumas décadas as ciências humanas e sociais buscam adaptar metodo-
logias e instrumental teórico com o objetivo de analisar os fenômenos contempo-
râneos, muitos deles frutos do acelerado desenvolvimento tecnológico do nosso
tempo, que se tornam diferentes do modo tradicional de vida que ao longo da
história do mundo foi-se construindo.
As culturas tradicionais que orientaram a vida dos seres humanos durante séculos
não são mais suficientes para responder aos questionamentos do século XXI,
principalmente aos que vivem nas metrópoles, nas quais o processo de globalização
age de forma mais atuante.
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O que predomina agora é o convívio simbólico possibilitado pelas tecnologias
que virtualizam quase tudo, criando novos mundos nos quais podemos ser o que
somos e criar outros “eus”.
Tribos Urbanas: Alguns autores denominam de tribos urbanas – termo esse cunhado pelo
Explor
sociólogo francês Michel Maffesoli – os microgrupos que têm como premissa a interação
social entre amigos e/ou de grupos com o mesmo gosto musical, de pensamento, de formas
de se vestir, de preferência artística em comum, entre outros. Desse modo, teríamos como
exemplo os grupos de hip hop. Outros, definem que o termo tribo urbana não é adequado,
pois o conceito de tribo deve estar associado aos povos tradicionais que vivem de maneira
tribal, caso de alguns povos indígenas e de alguns nativos africanos, por exemplo. Para
o antropólogo Magnani (1996), o termo é uma metáfora e não um conceito porque,
emprestado das sociedades indígenas e de outras, não cabe usá-lo para as identidades
socioculturais existentes no espaço urbano.
Para o sistema, tais “tribos urbanas” ou “identidade urbanas” têm aspectos po-
sitivos – mesmo que algumas delas se envolvam, por vezes, em distúrbios e atos
de vandalismo –, pois canalizam as energias dos jovens para ações que não ques-
tionam os valores essenciais e ainda contribuem para a expansão do consumo de
moda e produtos culturais segmentados.
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Por outro lado, os valores socioculturais que vêm permeando o mundo atual são
principalmente do individualismo no lugar das relações em prol da coletividade, da
comunidade. Apesar disso, há sempre exceções. Ainda existem comunidades e povos
tradicionais que buscam viver de uma maneira menos individualista, mais comunitária.
No Brasil, esse público passou a integrar a agenda do governo federal em 2007, por meio
do Decreto 6040, que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), sob a coordenação da Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) da Presidência da República.
De acordo com o Decreto 6040, os povos e comunidades tradicionais são definidos como
“grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como
condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando
conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos por tradição”.
Entre os povos e comunidades tradicionais do Brasil estão quilombolas, ciganos, matriz
africana, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco-de-babaçu, comunidades de
fundo de pasto, faxinalenses, pescadores artesanais, marisqueiras, ribeirinhos, varjeiros,
caiçaras, praieiros, sertanejos, jangadeiros, ciganos, açorianos, campeiros, varzanteiros,
pantaneiros, caatingueiros, entre outros.
Fonte: Texto literal extraído de SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL. Comunidades Tradicionais –
O que são. Disponível em: http://www.seppir.gov.br/comunidades-tradicionais/o-que-sao-comunidades-tradicionais.
Técnica e Entretenimento no
Período da Globalização
Outro aspecto a se destacar no mundo atual é o fato de que as técnicas são cada
vez mais universais; basta para isso observar o cotidiano de uma grande cidade.
Por exemplo, se no passado as técnicas eram mais locais e cada povo tinha uma técnica
para se comunicar, que geralmente se relacionava com os materiais disponibilizados
no meio, hoje as técnicas são cada vez mais universais – caso da criação das formas
das cidades (com seus prédios cada vez mais altos) ou dos objetos usados no cotidiano
(como celulares, computadores e suas diversas inovações quase diárias).
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Neste sentido, nossas culturas brasileiras também foram tomadas por estas no-
vidades, que se manifestaram mais claramente entre os jovens e criaram novos
hábitos e costumes.
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Manuel Castells dá ênfase ao sistema de comunicação propiciado pelas novas
redes sociais e os usos de diferentes tipos:
Além disso, um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais
uma língua universal digital tanto está promovendo a integração global
da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura
como personalizando-os ao gosto das entidades e humores dos indivíduos.
As redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente,
criando novas formas e canais de comunicação, moldando a vida e, ao
mesmo tempo, sendo moldadas por ela (CASTELLS, 1999, p. 22).
É claro que, como em todas as áreas, há riscos; o maior até o momento, é a cul-
tura do “recorta e cola” ou “ctrl c / ctrl v”, muitas vezes identificada por docentes
de todos os níveis.
Tal convergência ocorre também com as mídias impressas e o rádio, que migram
parte de seus conteúdos para a internet ou criam produtos específicos para a rede,
ampliando o potencial dessa como espaço de informação, pesquisa e entretenimento.
Por meio de um smartphone, temos várias mídias em um só objeto.
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Figura 6 - Tecnologia
Fonte: iStock/Getty Images
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A participação do Estado no financiamento da produção cinematográfica via
leis de incentivo contribuiu para a expansão da oferta da produção nacional, com
destaque para documentários que têm como tema a trajetória de personagens ou
analisam fatos da história do país.
Sem qualquer pretensão de criar uma lista de filmes desse gênero, indicamos
alguns que são representativos: Edifício Master; Vlado; Notícias de uma guerra
particular; Peões; Entreatos; O Filho do Brasil; Ônibus 174; Paulinho da Viola;
Vinícius de Moraes; Wilson Simonal.
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Figura 8 - Exploração
Fonte: iStock/Getty Images
Apesar disso, nesses tempos neoliberais em que “tudo o que é sólido desmancha
no ar”, as culturas brasileiras resistem ou tentam resistir à estandardização e mantêm
vivas algumas utopias humanísticas.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Globalização Ocidental: Controvérsia sobre a Cultura Planetária
JUVIN, Hervé; LIPOVETSKY, Gilles. A globalização ocidental: controvérsia sobre a cultura
planetária. Tradução Armando Braio Ara. Barueri, SP: Manole, 2012. (e-book-biblioteca virtual).
Mundialização e Cultura
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1996.
Vídeos
Cultura do Cinema Brasileiro
UNIVESP TV. Cultura brasileira. Cultura do cinema brasileiro. Aula 12, 28min18. São Paulo, 2014.
https://youtu.be/3WFIo0mq0oY
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Referências
BAUMANN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1999.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo:
Cia das Letras, 2003.
SILVEIRA, Maria Laura. Por uma teoria do espaço latino-americano. In: LEMOS,
Amália Inês Geraiges de. Questões territoriais na América Latina. Buenos Aires:
Clacso; São Paulo: Universidade de São Paulo, 2006. p. 85-100.
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