Instituto de Educação
UMinho|2017
dezembro de 2017
Universidade do Minho
Instituto de Educação
dezembro de 2017
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE
Declaro ter atuado com integridade na elaboração da presente tese. Confirmo que em todo o
trabalho conducente à sua elaboração não recorri à prática de plágio ou a qualquer forma de
falsificação de resultados.
Mais declaro que tomei conhecimento integral do Código de Conduta Ética da Universidade do
Minho.
Assinatura:
iii
"The important thing in science
is not so much to obtain new facts
as to discover new ways of thinking about them."
v
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus que esteve sempre no comando, conduzindo meus passos e
pensamentos, garantindo que eu encontrasse as pessoas e os resultados corretos possibilitando
percorrer travessias seguras frente às pesquisas e escolhas que me propus a fazer.
Ao Professor Doutor Bento Duarte da Silva que generosamente acreditou em mim e no
meu trabalho, dedicando o tempo que fosse preciso para que eu pudesse compreender as
exigências de um Doutoramento e os caminhos a percorrer em busca de conhecimentos, com
firmeza, determinação e competência.
Aos professores António Osório, Maria Altina Ramos e Maria João Gomes pelos
ensinamentos propiciados no decorrer de suas Unidades Curriculares.
À Germania e à professora Eloísa Maia Vidal, amigas fiéis, sem as quais o Doutoramento
sequer haveria se concretizado, minha eterna gratidão.
À Professora Laura Castro, que auxiliou na concepção do questionário, esclarecendo
pontos que se tornaram chave nas discussões levantadas por essa Tese.
Aos professores Andréa Valim, Erivaldo Cabral, Eloísa Vidal, Gladis Falavigna e Karine
Pinheiro por terem aceito participar como especialistas na validação dos questionários,
compartilhando suas experiências e enriquecendo as discussões.
À Odécio Sales, Catarina Tavares e Kalina Barroso pela participação na pré-testagem.
À professora Filipa Seabra que gentilmente me concedeu entrevista sobre o funcionamento
da Universidade Aberta de Portugal e a ação tutorial desenvolvida por aquela Instituição e à
Alexandra Okada que generosamente me auxiliou envolvendo profissionais da Open University para
o reconhecimento da abrangência, organização e o papel dos atores educacionais na OU, o que
permitiu a compreensão da complexidade da ação tutorial de uma maneira mais abrangente.
À Fátima Sousa pelo seu grande apoio para a realização da Pesquisa Aprofundada.
Aos representantes das Instituições Púbicas de Ensino Superior onde a UAB se faz
presente no Estado do Ceará e suas equipes maravilhosas: UECE, UNILAB e IFCE, em especial aos
Professores Fábio Castelo Branco, Gina Porto, Maria Aparecida da Silva e Jeferson Falcão pelo
acolhimento da minha pesquisa.
Aos tutores a distância das IPES com os quais pude realizar a pesquisa, que
voluntariamente se envolveram partilhando suas vivências e percepções, sem os quais os objetivos
dessa Tese jamais seriam alcançados.
À FCT pelo apoio de financiamento no primeiro ano do Doutoramento, no âmbito do
Programa Technology Enhanced Learning and Societal Challenges (TELSC).
Aos meus amigos de jornada doutoral, em especial à Simone Maneira, Viviane Gomes e
Ranniery Mazzilly pelas infindáveis contribuições profissionais e apoio afetivo em momentos que estive
longe da minha família e à equipe do CJC, pela compreensão das necessidades da minha jornada
doutoral.
Ao meu marido que não mediu esforços para a concretização deste sonho, com quem
partilhei a alegria de cada etapa concluída da trajetória Doutoral, estando sempre presente e
confiante, doando seu tempo, paciência, dedicação e todo seu amor.
vii
Às minhas filhas que acataram as minhas ausências com alegria e que sempre me deram
seus melhores sorrisos como recompensa.
Aos meus pais, que estiveram sempre presentes em pensamento, palavras, ações,
aconselhamentos e orações e aos meus sogros pela força e incentivo.
A minha irmã Anelise pelo compartilhamento de vida e vivências educacionais, aos meus
irmãos Guilherme e Bruno, cunhados Victor, Marcos Antonio e Marcelo e cunhadas Deyla, Carla e
Lia pela torcida e vibração.
A Alessandra Soares e André Magalhães Boyadjian que, além dos laços familiares que nos
unem, foram fundamentais para que todo esse processo doutoral ocorresse de forma serena e
agradável.
À tia Denise e tio Romildo pela presença diária na minha vida e de minha família nos
momentos certos e à Titia, pelo simples fato de ter existido e ter feito parte do que sou.
viii
O tutor a distância e a atividade tutorial no ensino público superior no Brasil: uma análise da UAB
no Ceará a partir de uma visão autoperceptiva
Resumo
O modelo de educação a distância com o uso das tecnologias digitais tem crescido de forma
vertiginosa em todo o mundo desde a metade do século passado, ampliando e diversificando a
oferta formativa nos âmbitos formal e informal. Ademais, a possibilidade de soluções educacionais
de qualidade direcionadas à oferta de cursos superiores utilizando os ambientes virtuais de
aprendizagem tem encontrado cada vez mais adeptos, sedimentando-se como uma opção atrativa
e que se adapta ao ritmo e estilo de vida atual, apresentando-se como uma alternativa viável para
atender à constante necessidade de aprimoramento de competências exigido pela realidade,
notadamente no mundo do trabalho. No contexto brasileiro, há pouco mais de uma década, a
Universidade Aberta do Brasil – UAB, por meio de uma parceria entre as Instituições Públicas de
Ensino Superior – IPES e a esfera governamental, tem possibilitado a inserção de pessoas que se
encontravam à margem da educação superior por distintas razões: geográficas, por dificuldade de
financiamento dos estudos, ou mesmo por impossibilidade de conciliar emprego e estudo, dentre
outros, em cursos de graduação e pós-graduação. O presente estudo desenvolveu-se com o intuito
de captar o perfil acadêmico e profissional dos tutores a distância, atuantes na UAB, suas
motivações, os estilos docentes adotados por estes atores e os recursos pedagógicos que
prevalecem na prática, a partir da percepção dos tutores a distância sobre si mesmos. A escolha
do foco na autopercepção do tutor a distância se deveu ao intenso e contínuo papel por ele
desempenhado e a necessidade de avaliar como este constrói sua identidade docente a partir
desse olhar sobre si mesmo. A delimitação do estudo considerou o fato de que as 3 (três) IPES
utilizam a plataforma Moodle para a dinamização de suas práticas virtuais, o que permitiu alinhar
as experiências analisadas. Para a efetivação do estudo empírico optou-se pela utilização da
metodologia survey compreendendo duas etapas de pesquisa, uma mais ampla e uma outra
aprofundada, acompanhadas de análise documental, o que ocorreu de forma anônima envolvendo
respondentes voluntários. Os resultados possibilitaram ampliar a percepção da identidade do tutor
a distância que atua na mediação da aprendizagem, captando os estilos de tutorias que orientam
as práticas pedagógicas a distância, apresentando diversas faces desse ator educativo na
perspectiva do seu olhar sobre si mesmo e apontando caminhos para a formação desse tutor para
que esse possa melhor desempenhar sua função a partir dos seus desafios didáticos, expectativas
e motivações.
ix
The distance tutor and the tutorial activity in higher public education in Brazil: an analysis of the UAB
in Ceará from a self-perceptive view
Abstract
The distance education model has grown rapidly around the world since the middle of the last
century thanks to the use of digital technologies, expanding and diversifying education
opportunities in the formal and informal sectors. Besides, the possibility of offering quality
education solutions aimed at higher education courses through virtual learning environments has
found more and more adepts, thus becoming an attractive option adapted to the modern lifestyle
and resulting in a feasible alternative to meet the constant need for skills improvement required by
reality, in particular within the labor market. In the Brazilian context, a little more than a decade
ago, the Brazil Open University (UAB), through a partnership between the Government and Higher
Education Public Authorities, has enabled the inclusion of people who had no access to higher
education graduate and postgraduate courses for different reasons: geographical, financial
limitations or even due to the impossibility to work and study simultaneously. The study was
developed with the purpose of analyzing the academic and professional profile of distance tutors at
the UAB, including their motivations, the teaching styles adopted and the pedagogical resources
that prevail in practice, based on distance tutors self-perceptions. The decision to focus on distance
tutorsself-perceptions was due to the intense and continuous role they play and the need to
evaluate how they construct their teaching identity from a self- perspective. The delimitation of the
study considered the fact that the 3 Higher Education Public Institutions used the Moodle platform
to invigorate their virtual practices, which permitted to align analyzed experiences. In order to
develop an empirical study, we opted for a survey comprising two research stages: a broader one
and a deeper one, accompanied by documentary analysis, which took place involving anonymous
volunteer respondents. The results allowed to widen perceptions on distance teachers who act in
the mediation of the learning process, capturing the tutorial styles that guide distance learning
pedagogical practices, introducing different aspects of these education actors from the perspective
of their personal points of view and suggesting ways for the training of these tutors so that they can
play their role based on their didactical challenges, expectations and motivations.
Keywords: Distance tutor. UAB. Identity. Self perception. Challenges and motivations
xi
El tutor a distancia y la actividad tutorial en la enseñanza pública superior en Brasil: un análisis de
la UAB en Ceará a partir de una visión autoperceptiva
Resumen
El modelo de educación a distancia ha crecido en todo el mundo de forma vertiginosa con el uso de
las tecnologías digitales desde la mitad del siglo pasado, ampliando y diversificando la oferta
formativa en los ámbitos formal e informal. Además, la posibilidad de obtener soluciones educativas
de calidad dirigidas a la oferta de cursos superiores utilizando los ambientes virtuales de aprendizaje
ha encontrado cada vez más adeptos, consolidándose como una opción atractiva que se adapta al
ritmo y estilo de vida actual, presentándose como una alternativa viable para atender a la constante
necesidad de perfeccionamiento de competencias exigida por la realidad, principalmente en el
mundo del trabajo. En el contexto brasileño, hace poco más de una década que la Universidad
Abierta de Brasil - UAB, por medio de una asociación entre las Instituciones Públicas de Enseñanza
Superior – IPES y la esfera gubernamental, ha posibilitado la inserción de personas que se
encontraban al margen de la educación superior por distintas razones: geográficas, por dificultad de
financiación de los estudios o incluso por la imposibilidad de conciliar trabajo y estudio en cursos de
graduación y postgrado. El presente estudio se desarrolló con el propósito de captar el perfil
académico y profesional de los tutores a distancia actuantes en la UAB, sus motivaciones, los estilos
docentes adoptados por estos actores y los recursos pedagógicos que prevalecen en la práctica a
partir de la percepción que los tutores a distancia tienen sobre sí mismos. La elección del foco en la
autopercepción del tutor a distancia se debió al intenso y continuo papel que éste desempeña y la
necesidad de evaluar cómo construye su identidad docente a partir de esa mirada sobre sí mismo.
La delimitación del estudio consideró el hecho de que las 3 IPES utilizan la plataforma Moodle para
la dinamización de sus prácticas virtuales, lo que permitió alinear las experiencias analizadas. Para
la efectividad del estudio empírico se optó por el uso de la metodología survey comprendiendo dos
etapas de investigación, una más amplia y otra profundizada, acompañadas de análisis documental,
lo que ocurrió en forma anónima involucrando a respondedores voluntarios. Los resultados
permitieron ampliar la percepción de la identidad del tutor a distancia que actúa en la mediación del
aprendizaje, captando los estilos de tutorías que orientan las prácticas pedagógicas a distancia,
presentando así las diversas caras de ese actor docente en la perspectiva de su mirada sobre sí
mismo y apuntando caminos para su formación para que pueda desempeñar su función a partir de
sus desafíos didácticos, expectativas y motivaciones.
xiii
Índice
xv
4.2 Perfil dos entrevistados ............................................................................................... 131
4.2.1 Perfil profissional do tutor a distância da UAB-CE ............................................ 137
4.2.2 Perfil da formação específica para o exercício da tutoria a distância na UAB-Ce 142
4.3 Estilos de tutoria em uma perspectiva autoavaliativa da condução pedagógica ............. 145
4.4 O tutor a distância e suas motivações como educador ................................................. 157
4.5 A visão do tutor a distância em relação aos benefícios da oferta de cursos da UAB ...... 164
4.6 A tutoria a distância na práxis ..................................................................................... 166
Capítulo V – Discussão dos resultados..................................................................................... 175
5.1 Reflexões em torno do perfil dos tutores a distância da UAB no Ceará e das suas
limitações na ação pedagógica.................................................................................... 179
5.2 O papel do tutor a distância no processo de ensino-aprendizagem na UAB, seus dilemas e
caminhos para a potencialização da sua ação educativa.............................................. 182
5.3 A autopercepção do tutor a distância da UAB .............................................................. 185
Considerações finais ............................................................................................................... 191
Referências ............................................................................................................................. 203
Anexos .................................................................................................................................... 213
Anexo 1 - Legislação básica – UAB ..................................................................................... 215
Anexo 2 – Editais das IPES................................................................................................. 225
Apêndices ............................................................................................................................... 233
Apêndice 1 - Validação falada com tutora a distância da UAB.............................................. 235
Apêndice 2 - Validação com especialistas .......................................................................... 239
Apêndice 3 - Quadro de validação com os especialistas ...................................................... 241
Apêndice 4 - Pesquisa ampla - primeira chamada ............................................................... 243
Apêndice 5 - Pesquisa ampla - última chamada .................................................................. 245
Apêndice 6 – Formulário da pesquisa ampla ...................................................................... 247
Apêndice 7 - Pesquisa aprofundada .................................................................................... 255
Apêndice 8 - Roteiro dos tópicos abordados na entrevista com a Universidade Aberta em
Portugal...................................................................................................................... 257
Apêndice 9 - Guião de pesquisa enviado para Open University ............................................ 259
Apêndice 10 - Guião de pesquisa enviado para UNED ......................................................... 261
Apêndice 11 – Respostas obtidas na pesquisa ampla ......................................................... 263
Apêndice 12 - Respostas obtidas na pesquisa aprofundada................................................. 269
xvi
Lista de figuras
Lista de gráficos
17
Introdução
Gráfico 19 - Grau de utilização dos recursos nas aulas virtuais - Grupo 1 .............................. 151
Gráfico 20 - Grau de utilização dos recursos nas aulas virtuais - Grupo 2 .............................. 152
Gráfico 21 - Grau de utilização dos recursos nas aulas virtuais - Grupo 3 .............................. 152
Gráfico 22 - Posicionamento pedagógico do tutor a distância por foco de atuação ................. 156
Gráfico 23 - Representação do foco de posicionamento pedagógico do tutor a distância
utilizando o Diagrama de Venn .......................................................................... 157
Gráfico 24 - Níveis de satisfação do tutor a distância da UAB (1 a 5) por aspecto avaliado
(valor médio)..................................................................................................... 159
Gráfico 25 - Níveis de satisfação dos tutores a distância da UAB (1 a 5) por aspecto avaliado 161
Gráfico 26 - Razões da escolha do arguido pela tutoria a distância ....................................... 162
Gráfico 27 - Benefícios da UAB na visão dos respondentes ................................................... 166
Gráfico 28 - Fatores, para além do papel do tutor, que contribuem para a aprendizagem do
aluno em EaD ................................................................................................... 170
Gráfico 29 - Desafios percebidos pelos tutores a distância em sua práxis .............................. 171
Lista de quadros
18
Lista de siglas
ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância
APA - American Psychological Association
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CES - Câmara de Educação Superior
CNE - Conselho Nacional de Educação
DEAAD - Diretoria de Educação Aberta e a Distância
DED - Diretoria de Educação a Distância
IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
IPES - Instituições Públicas de Ensino Superior
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
OU - Open University
UAb - Universidade Aberta (de Portugal)
UAB - Universidade Aberta do Brasil
UECE - Universidade Estadual do Ceará
UFC - Universidade Federal do Ceará
UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
UnB - Universidade de Brasília
UNED - Universidad Nacional de Educación a Distancia
UNILAB - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
MEC - Ministério da Educação
SEED - Secretaria de Educação a Distância
19
Introdução
Motivações do estudo
Contextualização do estudo
Problema e questionamentos da investigação
Importância do estudo
Objetivos de investigação
Organização da tese
Introdução
23
Introdução
Motivação do estudo
A presente Tese, realizada no âmbito do Doutoramento em Ciências da Educação,
especialidade em Tecnologia Educativa do Instituto de Educação da Universidade do Minho, teve
como motivação contribuir para a compreensão da identidade do tutor a distância no ensino público
superior brasileiro a partir de uma percepção autoavaliativa deste ator educativo, tendo como
universo de investigação a Universidade Aberta do Brasil - UAB com foco em três Instituições
situadas no estado do Ceará - Brasil que adotavam a plataforma Moodle para a implementação de
seus cursos. As Instituições participantes se configuram abrangidas em três distintas instâncias:
internacional, federal e estadual.
O interesse pelo tema surgiu em 2005 quando a UAB apresentava à sociedade brasileira
uma nova perspectiva de Ensino Superior utilizando as mídias digitais, tendo sido concebida com
parâmetros distintos daqueles existentes em outras partes do mundo. Na ocasião a investigadora
participou dos primeiros Encontros que debatiam sobre o tema com a presença do então Ministro
da Educação, Fernando Haddad. Como resultado desse envolvimento inicial, a pesquisadora
coordenou a equipe da elaboração dos projetos para a criação dos primeiros Pólos de Apoio
Presencial em Caucaia, Ceará, os quais foram aprovados no Edital de Seleção nº 01/2005,
Chamada Pública SEED/MEC (2005). Desde este período, perceber as possibilidades geradas a
partir da ampliação e capilarização da oferta de cursos superiores pela UAB se tornou alvo de
interesse da investigadora.
Passados alguns anos, apesar dos tantos avanços obtidos em todo território brasileiro,
algumas questões permaneceram carentes de maior reflexão. O presente estudo se deveu ao fato
de que as funções na UAB ao longo de mais de 10 anos desde a sua criação ainda se amparavam
em uma legislação que não trazia uma abordagem clara em relação ao papel requerido aos seus
diversos atores educativos. O tutor a distância, profissional presente em todos os cursos e maior
interlocutor e mediador dos conhecimentos com os alunos, não se via amparado por uma definição
objetiva de sua atuação enquanto docente. Desta feita, no âmbito da UAB, tutores a distância que
estavam alocados em Cursos ofertados em uma mesma cidade poderiam estar sujeitos a diferentes
perfis de seleção e de demandas profissionais, o que era definido de acordo com os critérios de
valorização que variava de uma Instituição credenciadora para outra.
25
Introdução
Para subsidiar essa análise, a amostra desses representantes foi composta por aqueles que
aceitaram voluntariamente participar da pesquisa inicial, aqui denominada Pesquisa Ampla, que
ocorreu com garantia do sigilo das identidades dos participantes e da identificação das instituições
as quais estes se encontravam vinculados. Para validação e aprofundamento das questões realizou-
se uma Pesquisa Aprofundada situada em quatro questões-chave, que permitiram uma melhor
compreensão dos dados e dos significados dos resultados para os respondentes.
Entende-se que para que o tutor a distância atenda às expectativas educacionais para o
exercício da sua função é importante que a abrangência da sua atuação seja claramente
compreendida. A ausência de um marco regulatório da função tutorial fragiliza a atividade que
passa a ser regida pela concepção pedagógica de cada Curso, Programa ou Sistema e que, por
vezes, não está alinhada a outros cursos realizados também na modalidade a distância. Essas
diferenciações de estruturas de cursos dificultam o reconhecimento de competências pedagógicas
que atendam à dimensão tutorial como um todo. Desta feita, o estudo faz emergir novas
compreensões sobre a função do tutor a distância, a partir do entendimento trazido por meio da
visão dos mesmos em relação a si e do seu processo formativo, suas escolhas, os significados, as
influências e as motivações inerentes à sua atividade profissional de EaD, e de que forma esse
conjunto de elementos se expressa concretamente na praxis.
26
Introdução
Contextualização do estudo
A educação do século XXI convoca a todos para a reflexão, a ruptura com o conceito de
ensino bancário1 para o estímulo à problematização e o enfrentamento de novos desafios
pedagógicos, onde os espaços educacionais transcendem seus muros para desvendarem o
conhecimento que emerge da sociedade e as áreas disciplinares passam a necessitar de uma
ampliada comunicação com diferentes saberes para que possam ser compreendidas de forma
sistêmica e global. Para tanto, os espaços e as pessoas necessitam se tornar aptos a renovarem
sua forma de ver o mundo e desvendá-lo pela curiosidade, de forma inventiva, ousada e aberta às
novas possibilidades que surgem a cada dia, na vida em sociedade e no mundo do trabalho. Nesta
visão, a educação abstrata salta para uma prática concreta, sem, contudo, se desprender das bases
e diretrizes que a regem e regulam, onde o ponto nevrálgico se situa em promover o aluno à
condição de ser pensante e produtor de novos conhecimentos, sendo este capaz de escrever a sua
própria história.
Esses são alguns dos grandes dilemas que a sociedade contemporânea ainda se defronta:
promover a equidade, a paz, a ética e o saber conviver em sociedade, aonde os indivíduos precisam
se desprender da trajetória instrucional das gerações que lhes antecederam para a superação das
distorções econômicas e sociais atuais, tendo como fio condutor o acesso à educação de qualidade.
Ademais, o processo de ensino e a aprendizagem tem sido impactado ao longo das ultimas décadas
pela presença crescente da Educação a Distância (EaD). Para Moore e Kearsley (2007) e Gomes
(2008) as gerações da EaD podem ser classificadas a partir dos recursos instrucionais e das formas
de mediatização que envolvem os processos pedagógicos.
Na perspectiva dos autores supracitados, a primeira geração da EaD era caracterizada pelo
ensino por correspondência, utilizando como recursos para a aprendizagem os materiais impressos,
livros e apostilas. A segunda geração se definia pelo tele-ensino, com a utilização da televisão e
rádio para transmissão de programas educativos, enquanto a terceira geração multimédia, que
integrava as mídias: impressa, televisão, rádio, telefone e fitas cassetes, como forma de
potencializar o acesso a diferentes recursos de comunicação. As primeiras experiências de
Universidades Abertas fazem parte da terceira geração. A quarta geração tinha como diferencial a
característica da interação e da aprendizagem em rede (e-learning), possibilitada pela incorporação
1
Termo criado por Paulo Freire para se referir ao modelo tradicional de prática pedagógica situada na transmissão passiva de conteúdos do professor,
detentor do saber, ao aluno.
27
Introdução
das teleconferências em áudio e vídeo, passando para o uso intensivo da internet na geração
seguinte. É nessa fase que a Universidade Aberta do Brasil melhor situa suas práticas. Segundo
Mundim (2006):
a EaD de quarta geração é uma metodologia de ensino que permite uma mediação síncrona e
assíncrona entre professor e aluno, a qual requer técnicas especiais para o desenho dos
cursos, técnicas intrucionais especiais e diferentes métodos de comunicação, principalmente
por meios eletrônicos, assim como uma organização administrativa própria. (p. 120)
Os autores referidos avançam para uma quinta geração, em que a organização do ensino
passa a se tornar inovadora, interativa e atrativa na medida em que integra como recursos os
ambientes virtuais de aprendizagem, a utilização dos dispositívos móveis, redes sociais e é
fortalecida a aprendizagem cooperativa online. Para esse novo mundo é que os espaços
educacionais estão cada vez mais convergindo rumo à crescente flexibilização do ensino. Gomes
(2008, p. 194 e 198) menciona que, na quinta geração da EaD, o aprendiz se torna central
vivenciando um "cenário em que os formandos e formadores estão numa situação de conectividade
e mobilidade permanentes, nunca antes possíveis" e, ademais, anuncia uma sexta geração que se
caracteriza pela existência de ambientes e aprendizagens que ocorrem em "mundos virtuais e
imersivos".
Em tempos atuais, nos quais se vive sob a égide de convergência de mídias, desde as
tradicionais às mais inovadoras, há a possibilidade da utilização dos recursos da mídia impressa ao
acesso a recursos de jogos e simuladores educativos utilizando a realidade aumentada2. Neste
cenário, até mesmo o potencial dos livros impressos se expandiu para dar conta dos aprendentes
da era de imigrantes e nativos digitais. Estes materiais anteriormente estáticos passam a ser
afetados por novas roupagens, tornando-se interativos pelas possibilidades advindas das tecnologias
móveis, como o uso do QR Code3 (código de resposta rápida). Outros exemplos se situam no uso
das redes sociais para a educação, via comunicação escrita, oralizada ou por áudio e vídeo.
2
Kirner e Siscoutto (2007, p. 10) conceituam a realidade aumentada como sendo "o enriquecimento do ambiente real com objetos virtuais, usando
algum dispositivo tecnológico, funcionando em tempo real" acrescentando que esta se trata de "um sistema que suplementa o mundo real com
objetos virtuais gerados por computador, parecendo coexistir no mesmo espaço".
3
O QR Code viabiliza o enriquecimento dinâmico dos documentos com áudios e vídeos e permite o acesso deinformações complementares,
agregando valor às obras. Para utilizar o QR Code é necessário que o usuário tenha um dispositivo móvel com câmera e um aplicativo para a leitura
do código. Depois de instalar o QR Code Reader no dispositivo móvel, basta o leitor abrir o aplicativo e posicionar a sua câmera de modo que o código
no livro possa ser escaneado, gerando o arquivo de conteúdo complementar.
28
Introdução
educacionais. Esse aspecto, além de impulsionar a reflexão para qual tipo de tecnologia se ajusta a
cada objetivo de aprendizagem, faz com que os atores educacionais tenham que analisar suas
práticas, comprometendo-se de fato com a inovação, passando a ser coerente com as opções que
lhes dão mais conforto e propiciam melhores resultados de desempenho junto aos alunos.
Logo, os padrões educacionais para a formação dos cidadãos para a vida e para o trabalho
- desde as primeiras etapas de formação intelectual e socioemocional realizada no ambiente escolar
até a educação formal e informal experienciada na vida adulta - envolvem uma necessidade de
gerenciamento dos domínios de aprendizagem que emergem da sociedade e que se consolidam e
materializam pela interação dialógica entre os conteúdos curriculares (declarados) e o currículo
oculto (Giroux, 1986)4.
O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2017 (Cruz & Monteiro, 2017, p. 131) apresenta
a educação, vista em um sentido amplo, como sendo o "processo formativo que visa o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
mundo do trabalho", aspectos estes que devem ser considerados nos momentos anteriores e
durante o percurso dos estudos, tendo sempre uma visão de onde se deseja chegar (visão
prospectiva) de forma a se estar atento ao que é necessário ser apreendido para o alcance dos
4
Para Giroux (1986, p. 71) o conceito de currículo ocultose situa nas “normas, valores e crenças imbricadas e transmitidas aos alunos através de
regras subjacentes estruturam as rotinas e relações sociais na escola e na vida da sala de aula”.
29
Introdução
resultados esperados. Neste contexto, a EaD surge ampliando o espectro de atuação da educação
em termos de escala e possibilita um renovado olhar, a cada geração sob a qual se transmuta,
somando esforços para a ampliação das alternativas didáticas voltadas para a construção do
processo de ensinar e aprender.
Ressalta-se, portanto, que até à segunda metade do século passado quando iniciaram as
primeiras experiências dispersas pelo mundo utilizando paulatinamente as configurações
pedagógicas em rede - a exemplo da Open University do Reino Unido, Korea National Open
University da Coréia, da Universidad Nacional de Educación a Distancia em Espanha - era
imperativo a opção pelo modelo tradicional presencial, não importando as características pessoais
dos alunos, o que hoje foi suplantado pela possibilidade de estudo a distância. No contexto das
experiências realizadas nas comunidades lusófonas, destacou-se Portugal com a Universidade
Aberta de Portugal, criada em 1988, com sua autonomia reconhecida em 1994.
No caminho que seguia rumo à sociedade digital, que se expandia aos poucos, ampliando-
se nos cinco continentes (não obstante as grandes assimetrias de inclusão digital que ainda se
verificam), o aluno foi passando a poder escolher racionalmente de que forma desejava realizar o
seu percurso formativo superior.
De toda forma, a educação a distância pode vir a ser utilizada por indivíduos que possuem
maior ou menor apetência para essa modalidade, incluindo aqueles que não prosseguiram estudos
no seu tempo próprio, ou seja, pessoas:
30
Introdução
(ii) que possuem uma abertura para aprender em circunstâncias presenciais e/ou
virtuais;
Com efeito, a educação contemporânea, independente do modo como ela seja dinamizada,
deve, acima de tudo, valorizar a criatividade e a capacidade de resolução de situações envolvendo a
faculdade de inovar e evocando a autorresponsabilização do aluno, preparando-o para o mundo
real, para o mercado de trabalho presente e futuro e para as demandas sociais, econômicas e de
bem estar para o alcance de uma vida produtiva de qualidade.
31
Introdução
Na EaD inserida no contexto digital, a aprendizagem passiva e expositiva cede espaço para
ricas possibilidades participativas dos educandos, caso sejam adotadas atividades que envolvam a
participação e instiguem a apetência investigativa dos alunos.
A Tese, portanto, se centra no tutor a distância atuante na UAB por ensejar a compreensão
de como este agente educacional atua em sua atividade pedagógica cotidiana, quais são suas
referências, motivações, desafios e motivações para a ação docente na praxis.
32
Introdução
A identificação das questões pertinentes a função docente no Brasil foi analisada a partir da
concepção expressa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, incluindo o marco
regulatório que delimita essa atuação no contexto da EaD. Para consubstanciar esse estudo, foi
analisado o Estatuto da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES,
aprovado pelo Decreto nº 6.316 de 20/12/2007, que determina as competências da Diretoria de
Educação a Distância - DED daquela Instituição. O dispositivo legal mencionado permitiu a
observação do conjunto de atributos e competências exigidos aos profissionais do magistério de um
modo geral e, mais especificamente, na modalidade de ensino a distância.
No que tange à compreensão de como a EaD se encontra no Brasil, foi analisado o perfil
dos profissionais que atuam nessa área tendo como referência o Censo EAD.br 2015 – Relatório
Analítico da Educação a Distância no Brasil (2016), organizado pela Associação Brasileira de
Educação a Distância - ABED, que aborda o contexto, a organização e o detalhamento das
atividades e ações desenvolvidas pelas instituições que atuam com EaD no país.
Partindo do princípio que a educação deve estar sintonizada com os anseios da sociedade e
as demandas por conhecimentos que dela são solicitadas, as práticas de ensino se tornam
frequente e rapidamente desatualizadas e requerem um constante repensar e reformular. Em
Libâneo (2009), essa temática é aprofundada sob a ótica da utilização desses conhecimentos
adquiridos nesse contexto de mudança, onde a tecnologia da informação e da comunicação abre
novas possibilidades para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.
Em relação aos avanços na área da EaD e projeções de futuro em uma visão integrada, são
verificados e refletidos os estudos realizados por Gomes (2004), Moore e Kearsley (2007) e Litto e
Formiga (2009), tendo em vista que a obra por eles produzida propicia uma revisão sobre os
principais temas debatidos em torno da EaD.
33
Introdução
34
Introdução
A necessidade de fazer crescer o acesso de todos à educação em diversos níveis, seja visto
pelo prisma da massificação ou democratização da educação, por vezes pode vir a comprometer a
qualidade e precarizar o trabalho docente tornando-o mecanizado, pouco reflexivo e distante da
pluralidade de possibilidades que ele poderia representar, realidade essa que pode ocorrer tanto na
presencialidade quanto na virtualidade. Daí a necessidade de que os agentes construam novos
significados e utilizem os benefícios educacionais com discernimento e compromisso, tornando toda
e qualquer iniciativa educacional uma experiência humanizada e humanizante.
Moraes (2015), ao analisar a demanda por novas competências por parte daqueles que
atuam desempenhando a função docente em EaD, defende que, mais do que nunca, “a educação
tem sido desafiada a se posicionar, tanto teórica quanto praticamente” (p. 104). Mais do que
nunca, o profissional do magistério, atuante em EaD, tem que ser visto como um protagonista dos
novos tempos e não como um mero replicador de experiências pedagógicas que, muitas vezes,
ficaram perdidas em um tempo e espaço distantes, haja vista que em grande parte dos cursos o
tutor representa uma função estratégica frente à condução de todo o processo educativo e estas
devem ser muito bem compreendidas, de modo a assegurar melhores resultados de aprendizagem.
Sousa, Moita e Carvalho (2011, p, 249) reforçam essa ideia da necessidade de esclarecimento do
real papel do tutor e das atribuições que lhes são conferidas. Para esses autores:
É necessário definir realmente seu papel, qual é a sua função nesse processo de construção
do conhecimento na modalidade a distância. Na literatura sobre a EaD não existe definições
claras sobre as diferenças entre os papéis do professor e do tutor. A priori, não são
apresentadas as tarefas atribuídas somente a um ou outro. Para alguns autores, como Belloni
(2006), a tutoria é uma das funções do professor a distância. Para Maggio (2001), no entanto,
a distinção entre professor e tutor seria apenas formal. Martins e Arredondo (2001) entendem
como distintos o professor autor e o professor tutor. No entanto, ambos são professores na
opinião destes autores. (Sousa, Moita, & Carvalho, 2011, p, 249)
35
Introdução
Para responder aos impasses conceituais que permeiam o tema é preciso repensar as
relações e o modus operandi com que se desenvolve a aprendizagem nesse novo ambiente
educacional. A conjuntura sócio-histórica em que vivemos, mais do que transposição de modelos,
torna necessário um pensamento não tendencial, onde a influência da educação presencial
tradicional não seja a referência principal para os processos didáticos adotados na educação a
distância.
Assim, tem-se como unidade de estudo três Instituições Públicas de Ensino Superior que
integram o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB: Universidade Estadual do Ceará – UECE,
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB e Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE.
Importância do estudo
Analisando a acepção da palavra tutor e os avanços nas discussões relativas aos papéis e
às novas relações que emergem no contexto da EaD, verifica-se que as especificidades capazes de
identificar a atuação do tutor a distância ainda se encontram pouco estabelecidas em termos de
competências, habilidades e atitudes requeridas para a realização de suas atividades no contexto da
educação superior pública no âmbito da UAB.
36
Introdução
O estudo ora proposto encontra motivação em captar a percepção do tutor a distância que
atua no contexto do Ensino Superior, sobre si mesmo, no desempenho de sua atividade no
processo de construção da aprendizagem. Espera-se contribuir para ampliar as reflexões em torno
da construção da identidade do tutor a distância para além do universo investigado - Instituições
Públicas de Ensino Superior - IPES do Estado do Ceará que utilizam a plataforma Moodle5 - para a
dinamização das suas atividades de ensino-aprendizagem.
A escolha da Universidade Aberta do Brasil como lócus de estudo deste tutor a distância
torna-se importante devido à amplitude de atuação da UAB e pelo respaldo desta iniciativa que atua
no contexto do ensino público superior e à relevante importância deste ator no processo formativo
dos seus alunos.
Objetivos da investigação
5
Moodle é a abreviação de Modular Object-OrientedDynamic Learning Environment, que designa um software livre de apoio à aprendizagem,
desenvolvido de modo colaborativo em ambiente virtual.
37
Introdução
• Captar o significado de ser tutor para o universo pesquisado e de que forma estes
se singularizam perante os demais atores educacionais da UAB.
Organização da tese
A Tese está estruturada em cinco capítulos: (1) A evolução das tecnologias, a educação a
distância no Ensino Superior e a criação da Universidade Aberta do Brasil; (2) A tutoria a distância na
Sociedade em Rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida; (3) Metodologia
da Investigação, (4) Apresentação e Análise dos Resultados e (5) Discussão dos Resultados, sendo
iniciada com uma Introdução e finalizando com algumas Considerações Finais, às quais não foi
atribuída a designação de Capítulo.
38
Introdução
Cada capítulo se inicia com uma síntese acompanhada de uma imagem de nuvem
representando as ideias centrais a serem discutidas em cada secção.
39
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da
Universidade Aberta do Brasil
41
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Neste capítulo foi refletida a evolução das tecnologias rumo à educação digital, analisando
os seus desafios, os benefícios gerados para a sociedade e o seu impacto no contexto educacional,
com ênfase no Ensino Superior brasileira, e, mais especificamente na Universidade Aberta do
Brasil. No contexto brasileiro, a UAB tem oportunizado, há mais de uma década, a expansão e
interiorização o acesso à educação superior pública no país por meio da EaD com o uso das novas
tecnologias, trazendo benefícios significativos para um país marcado por desigualdades sociais,
econômicas e educacionais.
43
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
A face positiva do crescente investimento nas tecnologias tem como motivação a geração
de bem estar, lucratividade e o atendimento às necessidades individuais e coletivas cada vez mais
complexas e sofisticadas, possibilitando a otimização de processos de forma coordenada e
qualificada.
45
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Portanto, é preciso que os avanços tecnológicos tenham em conta o fator humano, ou seja,
que estes sejam adequados às possibilidades de exequibilidade situadas em uma lógica operacional
e funcional compatível com os objetivos de produtividade em um sentido mais amplo, situados em
seu tempo e na realidade em que se insere. Possivelmente, uma solução que é amplamente aceite
no momento atual pode rapidamente se tornar defasada e ser substituída por outra que atenda de
forma mais objetiva à determinada necessidade pessoal, empresarial ou social, porquanto, no
mundo permeado pela virtualização, a informatização se torna celeremente mais presente e em
constante atualização.
Outra questão relevante a ser discutida é que, a cada década, o acesso à tecnologia se
torna mais desmistificado em razão da maior facilidade no uso e da preocupação dos
desenvolvedores e webdesigners em tornar os ambientes virtuais mais amigáveis. Com os custos
para aquisição de equipamentos cada vez mais reduzidos e os benefícios por ele gerados, há uma
crescente adesão do uso das tecnologias, envolvendo perfis de utilizadores dos mais variados e para
diferentes tipos de interesse.
46
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
47
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Para Tessarollo (2000, p. 20) a EaD caracteriza-se por se desenvolver “com a mediação de
recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de
informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de
comunicação”.
É fato concreto que a presença da EaD nas instituições de ensino e nas organizações
públicas e privadas tem-se proliferado, abordando diversos temas, contextos e níveis de
48
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Desta forma, a EaD, com o uso de tecnologias digitais, traz como proposta estimular o
desenvolvimento da aprendizagem por meio da interação entre os “saberes”, o “professor” e o
“aluno”, visualizando no centro do estudo o dispositivo técnico e midiático, ao que Alava (2002,
p.28) denominava de triângulo didático. Por sua vez, para que essa mediação ocorra com sucesso,
interessa averiguar qual o grau de literacia em tecnologias digitais possui o professor para fazer
uma adequada apropriação pedagógica (Joly, Silva e Almeida, 2012; Silva et al., 2014).
Por outro lado, existem também fatores limitantes que precisam ser enfrentados e
superados, a exemplo do desinteresse e falta de tempo para o estudo por parte dos alunos, a
dificuldade de promoção da real interação entre os participantes, com sentimentos de nuances
negativas a evidenciarem-se, como a ansiedade, a apreensão, preocupação e a solidão (Silva,
Pereira & Almeida, 2017, p. 95), e ainda dificuldade de adaptação à modalidade de ensino ou ao
uso das tecnologias para fins educacionais.
Na EaD, o cenário educacional e suas práticas ganham uma nova roupagem em diferentes
perspectivas e dimensões, agregando novos papéis e competências para os agentes envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem. Deste modo, segundo Belloni (2008, p. 83), há um
49
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
“desdobramento da função docente”, em que o professor passa a estar presente sob a forma de
conteudista (conceptor e realizador de cursos e materiais), pesquisador, formador, tutor presencial
e a distância, tecnólogo educacional, além de monitor, com atuação orientada por distintas
concepções pedagógicas (modelos autoinstrucionais, modelos colaborativos, modelos focados no
professor, modelos focados no conteúdo em atividades e projetos6).
Esse novo status comunicativo gera consequências que podem ser negativas ou positivas.
Em termos positivos, destacam-se o potencial de sincronicidade, a fluidez de informação, o caráter
lúdico e o poder atrativo. Como aspectos negativos, esse novo status comunicativo se depara com a
impessoalidade, a oferta demasiada de conteúdo manipulado por cargas ideológicas e a presença
de informações com grau duvidoso de veracidade factual em alguns espaços que ainda possuem
baixos níveis de controle e regulação.
6
Subdivisão apresentada por José Manuel Moran no artigo “Questionamentos Legais para o Avanço Referenciais de Qualidade em EaD (Moran,
2008).
50
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
representa o ato de planejar, selecionar e acatar escolhas mais seguras de pesquisa, como forma
de evitar que a exploração factual e legítima perca o rumo e se desgoverne afastando-se do
caminho da aprendizagem para uma percepção ideologicamente adquirida e erroneamente
interpretada.
Entretanto, vale registrar que existem ainda algumas situações em que a lógica
comunicativa e educacional se repete, agregando os potenciais como a velocidade e a mobilidade
próprias dos novos tempos (ex: comunicação interpessoal por meio da telefonia fixa versus telefonia
móvel) ou mesmo a sincronicidade (ex: carta de correio versus email), incidindo, no entanto, sobre
as mesmas bases que permeiam a didática de condução dos saberes, com suas limitações e
potencialidades.
51
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
À medida que essa modalidade tem tornado sua atuação mais ampliada e fortalecida, surge
a necessidade de iniciativas geradoras de rompimento com os paradigmas vinculados ao modo de
organização e didática presencial para a utilização de modelos inovadores que influenciem na
docência realizada no ambiente virtual.
52
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
A era informacional pós web 2.0 se caracteriza pelo conectivismo e a ubiquidade7, em que
as tecnologias digitais flexibilizam e modificam a atividade dialogal de forma substancial e onde
redes sociais e a comunicação móvel estão cada vez mais presentes.
7
“Tecnologicamente, a ubiquidade pode ser definida como a habilidade de se comunicar a qualquer hora e em qualquer lugar via aparelhos
eletrônicos espalhados pelo meio ambiente.” (Souza & Silva, 2006, p. 179, citado em Santaella, 2013, p. 15).
8
É considerado tempo diferido quando a mensagem se dá de forma assíncrona, ou seja, quando existe espaço de tempo entre os dois momentos de
interação. Exemplo: e-mail, fóruns, cursos de vídeo ou áudio, cursos por correspondência, dentre outros.
53
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Todo esse movimento tem alterado a feição rígida da indústria da editoração e ampliado a
capacidade de dinamização das produções que podem ser mais facilmente desenvolvidas em
regime de autoria compartilhada, sendo atualizadas com maior agilidade e difundidas em larga
escala, de forma controlada conforme a intenção e desejo daqueles que produziram o conteúdo, a
custos mais acessíveis.
Ademais, é fato que o uso das tecnologias na educação passou a ser indispensável nos dias
atuais. Não é possível conceber uma sala de aula estática quando toda a sociedade está habituada
ao ritmo e as possibilidades advindas da sociedade em rede. Entretanto, para que essa adesão se
faça presente na realidade pedagógica das nossas escolas, professores, formadores, conteudistas e
tutores (presenciais e a distância) são convocados a conhecer as ferramentas e seus potenciais
para ajustás-la às suas estratégias didáticas, de forma a tornar o conteúdo mais atrativo e as aulas
mais inovadoras e contextualizadas com as tendências de linguagem relacional às quais os alunos
estão mais familiarizados.
Em suma, a tecnologia digital tem influenciado as novas gerações, por meio de todos os
instrumentos de comunicação e interação que dispõem, conectando e aproximando interlocutores
em diferentes pontos do mundo e possibilitando o acesso virtual a um universo cultural e de
pesquisa até então desconhecido para a maior parte das pessoas. Oliveira (2001) defende que uma
“indissolubilidade da relação sujeito-objeto do conhecimento” dá margem à extensão deste conceito
para o âmbito da educação que, por sua vez, não pode estar dissociada do contexto de imersão nas
tecnologias digitais ao qual o mundo se encontra submetido na atualidade.
54
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
A universidade surgiu na Europa, nas alturas dos séculos XI e XII, afirma Teixeira (1989),
após um longo período de amadurecimento religioso e intelectual da Idade Média. No século XII
algumas Universidades se tornam marcadas por terem sido palco de inquisições e conflitos, a
exemplo de Portugal.
De acordo com Teixeira (1989, p. 65) "até os começos do século XIX, a universidade do
Brasil foi a Universidade de Coimbra, onde iam estudar os brasileiros, depois dos cursos no Brasil
nos reais colégios dos jesuítas.". O autor, na sequência, menciona ainda que "o brasileiro da
Universidade de Coimbra não era um estrangeiro, mas um português nascido no Brasil, que poderia
mesmo se fazer professor da Universidade." acrescentando que:
o ensino nas escolas superiores, depois da Independência, era um ensino de tempo parcial,
com professores de tempo parcial e de intensa vida profissional fora da escola, os quais
ofereciam poucas horas por semana aos alunos, em aulas supostamente ‘magistrais’. Essa
oportunidade era voltada para as elites, e se desenvolvia a partir de características dogmáticas
e exegéticas que não propiciava a mobilidade social e intelectual. (Teixeira, 1989, p. 65)
9
Conceitos incorporados a partir da leitura de Pimenta (2011, pp. 21- 23).
55
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
a partir da ação docente orientada para a formação de indivíduos em nível pessoal, profissional e
humano, a serviço de uma sociedade mais justa e preparada para os desafios que se colocam.
Para Edgar Morin (2000, p. 15), “a Universidade conserva, memoriza, integra e ritualiza
uma herança cultural de saberes, idéias e valores (...) por isso, a universidade é conservadora,
regeneradora e geradora”. À Universidade, e as demais Instituições de Ensino Superior10, cabe,
portanto, a formação específica, mas também, e sobretudo, o papel de despertar o interesse e a
reflexão dos alunos e professores para uma visão holística e contextualizada do mundo e da
sociedade, permeada por aspectos que contemplem a inter e a transdisciplinaridade, privilegiando a
formação de valores e o fortalecimento da cidadania, quer seja nas áreas humanas ou nas áreas
técnicas.
Para fazer face aos desafios de potencializar caminhos educacionais, elevando os níveis de
escolaridade, e oportunizar o acesso a um maior contingente de pessoas que anseiam o ingresso
no Ensino Superior, as instituições acadêmicas têm se mobilizado no sentido de ampliar oferta por
meio de três vias:
Neste sentido, a terceira via, que incide na oferta de cursos a distância com o uso das
tecnologias digitais, vem se afirmando no cenário educacional mundial, possibilitando o acesso à
educação para aqueles que, por distintas razões, se encontravam impossibilitados ou não se
sentiam motivados a acompanhar cursos presenciais.
10
O Sistema Federal de Ensino, de acordo com o art. 8º do Decreto n.º 2.306, de 19/08/97, comporta as seguintes instituições de ensino superior: I
– universidades; II – centros universitários; III – faculdades integradas; IV – faculdades e V – institutos superiores ou escolas superiores.
56
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
11
Para Formosinho (2011, p. 14), a lógica acadêmica tradicional, “a estrutura orgânica da instituição de formação (escola, departamento, grupo
disciplinar, área) baseia-se numa compartimentação disciplinar”.
12
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5800.htm
57
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
A UAB foi formalmente criada por meio do Decreto n° 5.800 (Brasil, 2006), em 2006,
tendo como motivação a formação de professores efetivos da rede pública de educação básica na
área em que estes já estavam atuando, utilizando como modalidade de ensino a educação a
distância. Na UAB, os professores da educação básica tiveram prioridade e passaram a ter uma
possibilidade adicional para aprimorar conhecimentos para a carreira docente. Neste mesmo
período, muitas discussões foram efetivadas em torno da configuração do perfil do professor,
culminando no estabelecimento de que no Brasil todos os professores teriam que possuir nível
superior para o exercício de suas funções docentes na educação básica (que contempla a educação
infantil, ensino fundamental e médio). Anteriormente, por força da lei, era permitida a formação em
serviço, caso o profissional não possuísse graduação. Com essa incorporação na legislação, tanto a
oferta quanto a demanda por curso de Pedagogia tornou-se crescente.
58
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Na UAB, as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) são responsáveis pela oferta de
cursos e programas de educação superior a distância e pelas atividades acadêmicas a eles
relacionados em diferentes áreas do conhecimento, e, conforme dispõe a Resolução da CES/CNE
n° 1/2016 (Brasil, 2016a):
pela definição dos currículos, metodologias e elaboração de material didático; pela orientação
acadêmica dos processos pedagógicos; pelos sistemas de acompanhamento e da avaliação da
aprendizagem, assim como pela formação e gestão dos profissionais da educação (professor,
gestor e tutor), técnicos, em sua sede e polos de EaD'". (Art. 3°)
Os Estados e Municípios são responsáveis pela implantação dos Pólos de Apoio Presencial
do Sistema UAB, recursos humanos e custeio dos pólos, enquanto a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, desde 2009, passou a ser a gestora do Sistema
UAB, com responsabilidade de acompanhar e monitorar, de modo integrado, as atividades e o
funcionamento da UAB. Com uma proposta educativa pautada no b-learning, que privilegiava a
utilização da modalidade de educação a distância, a criação da UAB, representou um marco na
viabilização de cursos a distância, na medida em que integrou, de modo consorciado em redes, as
59
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
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Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Todavia, a configuração adotada pela UAB ainda não havia sido vivenciada por outras IPES
de reconhecimento no mundo, portanto, a iniciativa trazia em si o desafio de enveredar em novas
trajetórias educativas, como também a responsabilidade de responder às expectativas fomentadas
em um país de dimensões continentais e marcado por déficit de oferta educacional pública em nível
superior.
13
Disponível no Histórico da UAB em http://www.capes.gov.br/component/content/article?id=7838
61
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Nesse modelo, as IPES se tornaram as responsáveis pela produção e oferta dos cursos na
modalidade de educação a distância. As regulamentações previstas no Decreto nº 5.622/05
previam momentos presenciais específicos integrados aos cursos a distância que se destinavam ao
atendimento das seguintes finalidades:
Na realidade da UAB, cabe à Instituição, a depender das características de cada curso e/ou
disciplina, definir a necessidade de momentos presenciais que envolvam estes e/ou outros tipos de
atividades. Os referidos momentos presenciais realizam-se no Pólo de Apoio Presencial ou na
própria sede da Instituição, conforme determinação institucional.
62
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
No sistema UAB a separação física entre o aluno e o professor/autor é mediada pelo uso
intensivo de tecnologia da informação e da comunicação por meio da internet acadêmica que
permite a interação on-line através das mensagens via chats e off-line realizada mediante a
utilização do correio eletrônico e pelo ambiente virtual de aprendizagem, com o envolvimento
63
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
presencial de tutores nos Pólos de Apoio Presencial e do tutor a distância na rotina educacional do
aluno, o que acontece de modo remoto.
Para financiamento das bolsas, a UAB conta com dotações orçamentárias anualmente
consignadas ao MEC e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, devendo o
Poder Executivo compatibilizar a seleção de cursos/programas de educação superior com os
recursos existentes, desde que estas estejam ajustadas aos limites de movimentação, empenho e
pagamento da programação orçamentária e financeira.
Fonte: DED/CAPES
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Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
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Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
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Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
É importante registrar que os processos seletivos para a docência no Ensino Superior para
as mesmas IPES no contexto presencial, que podem ser em caráter de substituição (temporário até
2 anos) ou efetivo, a remuneração apresenta um patamar condizente com a função ocupada e com
a titulação e não exigem experiência docente anterior, o que demonstra inconsistência entre o que é
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Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
disposto para as duas modalidades de ensino, com evidentes descompassos negativos nestes dois
aspectos para aqueles que estão exercendo atividades vinculadas à ofertas de cursos da UAB.
o Matemática (ProfMat),
o Letras (ProfLetras),
o Filosofia (ProFilo),
o Artes (ProfArtes),
o História (ProfHistória),
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Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
Fonte: CGIE/DED/CAPES(2015)
No Estado do Ceará, a UAB tem como IPES parceiras a Universidade Federal do Ceará
(UFC), Universidade Estadual do Ceará (UECE), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará (IFCE) e Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB),
com a oferta atual15 de 97 cursos de graduação sediados em 34 cidades. A UFC utiliza como
ambiente virtual de aprendizagem o “Solar”, onde os cursos são publicados e onde ocorrem as
interações entre docentes e alunos. As demais três IPES utilizam como AVA a plataforma Moodle
customizada para cada Instituição e curso.
Neste sentido, o presente estudo se deteve, dentre tantos atores que constituem a UAB,
naquele que representava o maior elo de ligação com os alunos para com vista à mediação do
14
Disponível me http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/8101-encontro-traz-balanco-da-diretoria-de-educacao-a-distancia-da-capes
15
Dados apresentados na Reunião de Gestores de Educação a Distância no Ceará, realizado em 16 de junho de 2017. Disponível em
http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/8435-oficina-reune-gestores-de-educacao-a-distancia-no-ceara
70
Capítulo I – A evolução das tecnologias, a educação a distância no ensino superior e a criação da Universidade Aberta
do Brasil
71
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser
refletida e compreendida
2.2 Professor x tutor na era das tecnologias digitais e da EaD e suas diferentes concepções
75
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Em outras palavras, os dias atuais demandam uma atitude de abertura para o novo em
relação aos atores educativos, de modo que o espaço de construção do conhecimento esteja
sintonizado com o mundo exterior e com as representações simbólicas, culturais e comunicativas
que permeiam o universo de complexidades próprias de cada nova geração. É preciso, sobretudo,
disponibilidade docente para percorrer caminhos que transponham os obstáculos da estagnação e
que sejam capazes de tornar a educação mais atrativa e significativa, respeitando o outro em suas
singularidades, de forma a contribuir para a formação de cidadãos produtivos e felizes.
77
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
presencial, quanto na adoção de tecnologias, de maneira mais intensa, em cursos que privilegiam
atividades realizadas de forma virtual.
Coma transformação comunicativa radical permitida pela expansão das tecnologias digitais,
mencionada por Silva e Pinheiro (2015), deu-se origem à chamada “Era da Informação”, que trouxe
consigo mudança de paradigmas relacionados à ecologia social, possibilitando que a partilha de
conhecimentos se expandisse por meio das redes. Para Castells (2002, p. 161), a interação social
online e a formação de comunidades se constituem formas tão eficazes e intensas de interação
quanto a física, offline. O autor caracteriza as redes sociais como:
Estruturas abertas, capazes de se expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que
consigam comunicar dentro da rede, nomeadamente, desde que partilhem os mesmos códigos
de comunicação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Uma estrutura social,
com base em redes, é um sistema altamente dinâmico, aberto, susceptível de inovação e
isento de ameaças ao seu equilíbrio (Castells, 2002, p.607).
Neste sentido, e a partir dessa nova forma de unir, mobilizar e interagir em torno de temas
e situações que gerem afinidades de interesse entre pessoas, a centralidade do professor cede
espaço a uma educação partilhada e que favorece a justiça social e, sobretudo, gera uma condição
para que prevaleça a justiça espacial. Essa situação inclusiva é percebida pelo estabelecimento de
relações educacionais equilibradas entre aqueles que estão presentes fisicamente e outros que se
fazem próximos virtualmente.
Para tanto, o docente tem que estar apto a extrair os reais resultados dos processos
interacionistas rumo à qualificação e busca de sentidos às informações e conhecimentos
78
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Entretanto, para que avanços educativos aconteçam é preciso conhecer qual é a condução
pedagógica que prevalece na práxis do tutor que atua em cursos a distância, o que o diferencia na
sua ação docente, quais os recursos de ensino que são utilizados com maior intensidade, as
potenciais dificuldades verificadas na visão do docente, bem como os atributos mais valorizados e
as atribuições consideradas mais relevantes para esses profissionais. Esse conjunto de atributos,
atribuições e dificuldades, se percebido de modo sistêmico em uma perspectiva autoavaliativa,
permite identificar os estilos de tutor a distância praticados e seus desafios para adequação do que
se considera ideal em relação ao cenário real, sendo esse o ponto central do presente capítulo.
2.2 Professor x tutor na era das tecnologias digitais e da EaD e suas diferentes concepções
Analisando a função docente do professor e o papel exercido pelo tutor, verifica-se que,
embora ambos se encontrem regidos pelo mesmo objetivo de promoção do conhecimento e
apresentem uma profunda relação entre si, na prática eles se diferenciam sob diversos aspectos.
Marco Silva, em uma pesquisa realizada na criação de um curso online, analisa a forma e
os meios de professorar em um ambiente de EaD, comparando com o que acontece nos cursos
presenciais (Silva, 2006). Como ponto de partida deste estudo, percebe-se que a pedagogia da
transmissão enfrenta desafios na atualidade, nos quais o autor destaca a lógica da distribuição em
massa própria da mídia clássica e dos sistemas de ensino (presencial e a distância) e reflete sobre
a subutilização dos mecanismos de interatividade disponíveis como instrumentos a serem
mobilizados a serviço da aprendizagem.
Ainda no ponto de vista do mesmo autor, o professor de EaD deve se tornar “agente
provocador de situações, arquiteto de percursos, mobilizador da inteligência coletiva” e não apenas
o que ele chama de “guardião e transmissor do saber” (Silva, 2006, p. 56). O professor, por sua
vez, deve dar um novo tom à sua participação como agente educacional, passando de detentor e
transmissor do saber para um agente que oportuniza a interação e a construção coletiva de
aprendizagens, criando situações de reflexão e instigando a pesquisa de forma coletiva,
desenvolvendo conexões produtivas potencializadas pelas possibilidades comunicativas
disponibilizadas no universo virtual.
79
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Os professores reaparecem, neste início do século XXI, como elementos insubstituíveis não só
na promoção da aprendizagem, mas também no desenvolvimento de processos de integração
que respondam aos desafios da diversidade e de métodos apropriados de utilização das novas
tecnologias. (Nóvoa, 2007, p.4)
Desde então, esse conceito pouco evoluiu. Na verdade, a ele foram incorporados outros
fatores como a necessidade de compreender e se adaptar a cultura institucional, a importância da
didática e tato pedagógico, a capacidade de articular conexões e promover a aprendizagem coletiva
e também o compromisso social e ético.
Nesse universo de possibilidades pedagógicas, que surge a partir do uso das tecnologias da
informação e da comunicação para fins educacionais, os papéis relativos à função docente se
redefinem, suscitando questionamentos sobre o que se espera do professor que exerce a condição
do tutor e deste quando passa a atuar como professor ou mesmo quando esses atuam somente em
um dos papéis. Conforme Preti (1996, p.27), “o tutor, respeitando a autonomia da aprendizagem
de cada cursista, estará constantemente orientando, dirigindo e supervisionando o processo de
ensino-aprendizagem [...]. É por intermédio dele, também, que se garantirá a efetivação do curso
em todos os níveis”.
80
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
A depender dos contextos educativos, o tutor pode vir a atuar na condição de protagonista
na efetiva ação docente ou como coadjuvante, sendo orientado pelo professor no exercício de sua
atividade e seu vínculo pode vir a ser permanente, em regime de colaboração com as Universidades
ou precário, com vigência determinada mediante Edital/Chamada Pública, o que ocorre no caso
específico da UAB no Brasil.
16
Mais informações em http://www.uab.pt
81
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
O perfil de formação requerido para professor e tutor também é diferente, uma vez que
para o professor é exigido que seja Doutor e o tutor necessita minimamente ser Mestre na área
científica que este está a lecionar. Entretanto, segundo afirma a professora entrevistada a
Universidade Aberta conta com alguns Doutorandos e Doutores a atuar nesta segunda função . Em
relação à preparação para atuar no ambiente virtual, os tutores e professores:
17
Mais informações em http://www.openuniversity.edu
82
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Segundo fonte de referência enviada pela equipe da Open University, esta universidade é
uma instituição líder em inovação pedagógica, presente fisicamente em Inglaterra (sede na cidade
de Milton Keynes), Escócia, Pais de Gales, Irlanda do Norte e República da Irlanda, que se distingue
das demais universidades do Reino Unido devido ao seu processo educacional ocorrer
completamente à distância. Para tanto, os cursos são viabilizados com a utilização do método
Supported Open Learning18 que se pauta na flexibilidade, acesso a material de qualidade, suporte e
interação social para fins educacionais.
Para melhor compreensão de como se constitui a ação dos Associate Lectures perante o
processo tutorial, a equipe reforça o anteriormente mencionado na medida em que enfatiza que
eles se encontram envolvidos na realização de avaliações, suporte para a aprendizagem, correção
de atividades e acompanhamento da rotina educacional, sendo apoiados pela equipe acadêmica e
pelos Serviços Acadêmicos. Em relação ao desenvolvimento dos cursos e forma de avaliação,
encontra-se descrito na página da OU19 que:
The students are assessed through tutor-marked and computer-marked assignments, oral or
practical assessments, projects, examinations, dissertations and portfolios and external
examining ensures that we maintain academic standards and provides an independent view of
the assessment process.(extraido do site da OU).
Na OU, portanto, é possível que pessoas de qualquer parte do mundo venham ter acesso
aos seus serviços educacionais, desde que possuam a proficiência em inglês e possuam conexão
de internet de banda larga.
18
Método de ensino a distância que se baseia na flexibilidade geográfica e temporal, tendo todo o material de estudo disponível, além do suporte,
orientação dos tutores e especialistas (Specialist Advisers) e que conta com formação de grupos de estudos que acontecem virtualmente.
19
Mais informações em http://www.open.ac.uk/about/main/strategy/teaching-learning-ou
83
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
nos Centros Associados e/ou a distância (tutoria presencial e tutoria en linea), conforme se
encontra descrito no Portal da UNED20:
En el curso virtual podrás contar con el apoyo de tu equipo docente y de tu Profesor Tutor
desde cualquier lugar y de forma flexible. Esta tipo de tutoría no impide poder acceder a la
tradicional Tutoría Presencial en los Centros Asociados; es decir, puedes libremente utilizar,
una, otra o las dos opciones a la vez.
Muchas de las tutorías desarrolladas mediante tecnología AVIP21 están disponibles en línea
para que puedas visualizarlas en cualquier momento, con posterioridad a su celebración.
Segundo observado por Hernandez Aguilar (2012), o tutor, por sua vez, desempenha
funções acadêmicas, administrativas, tecnológicas, organizativas e administrativas na fase inicial do
curso, no transcorrer e na conclusão deste, agregando o aspecto motivacional ao processo tutorial,
conforme se pode constatar no quadro 2 que apresenta as distintas formas de designar os tutores e
as funções requeridas a este tutor na visão de diversos autores e/ou de Instituições.
o Docente tutor,
o Docente de TIC,
o Tutor virtual,
o Assessor,
o Professor Titular,
o Líder de tutor,
o Professor Assessor,
o Professor tutor,
20
Mais informações em http://portal.uned.es
21
Por meio da Plataforma de serviços AVIP (Audio Visual sobre tecnologia IP), a UNED dispõe de uma extensa rede em territórioespanhol e agrega
algumas sedes fora do país.
84
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
o Tutor a distância, e
o Facilitador.
Dessa forma, definir o perfil requerido para o exercício da atividade tutorial é essencial, uma
vez que este apresenta significativas variações em função do cenário em que se estabelece. É o que
85
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
será feito, tendo como enquadramento o contexto do nosso estudo, a Universidade Aberta do Brasil
(UAB).
Quer o tutor represente o agente responsável pela ação docente na EaD, ou aquele cuja
atuação seja de motivador, promotor do comprometimento e responsabilização do aluno pela sua
aprendizagem, sua função tem grande importância no resultado da ação educacional, o que faz
com que a reflexão sobre a legitimação dessa atividade e o estabelecimento de sua identidade
profissional se tornem necessárias.
86
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Seu berço teria sido a universidade, onde ela teria sido usada como orientação de caráter
religioso aos estudantes, com o objetivo de, nos estudantes, infundir a fé e a conduta moral.
Com essa conotação, dão conta os estudiosos, ela teria chegado ao século XIX, onde o tutor
terminou por se considerar como o guardião da moral e da fé. Depois disso, tal figura tomaria
rumos mais laicos, convertendo-se em processo de orientação e acompanhamento, por
ocasião dos trabalhos acadêmicos. E foi, sob essa feição, que ela terminou por ser incorporada
nos atuais programas de educação a distância. Depois disso, tal figura tomaria rumos mais
laicos, convertendo-se em processo de orientação e acompanhamento, por ocasião dos
trabalhos acadêmicos. E foi, sob essa feição, que ela terminou por ser incorporada nos atuais
programas de educação a distância. (p.45)
A compreensão do que vem a ser o real papel do tutor a distância tem sofrido alterações ao
longo das décadas, assim como a denominação não apresenta consensualidade, motivo pelo qual
há a necessidade de se perceber as múltiplas facetas às quais ela se depara e seus pontos e
contrapontos.
Na concepção postulada por Berge (1995), há mais de duas décadas, o tutor era designado
como sendo um instrutor da aprendizagem, sendo aquele que teria como papel promover um
ambiente produtivo, colaborativo e cooperativo, fazendo os alunos interagirem com os materiais,
recursos e com os demais aprendentes. O referido autor, em seu estudo, menciona termos
bastante atuais como a interação síncrona e assíncrona que independem de fatores temporais e
espaciais.
Para Marjanovic (1999), nos cursos online síncronos, os condutores do processo seriam os
próprios alunos e o profissional docente passaria ater que se tornar um especialista em "entrega da
informação" e facilitadores da aprendizagem neste ambiente colaborativo.
87
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Para Collison, Elbaum, Haavind eTinker (2000), os tutores a distância eram designados
como moderadores online, sendo estes responsáveis por criarem ambientes ricos em diálogos,
guiando lado a lado o aluno rumo à maximização da sua aprendizagem.
Diante do exposto, percebe-se os motivos pelos quais Maggio (2001) defendia que o papel
do tutor é uma das questões mais debatidas em EaD. Para a autora, assim como para outros
estudiosos no assunto, como Emerenciano, Sousa e Freitas (2001), havia uma necessidade de se
pensar sobre essa função e a proposição de uma ressignificação do nome tutor.
Tutors need to have knowledge and a broad conceptual understanding of their field. They have
to be effective listeners and communicators, to be a coach, facilitator, mentor, supporter and
resource. They have to listen, to shape, to give feedback, to motivate, to direct, to appreciate –
broadly to be developmental and problem solving. (p. 74).
McPherson e Nunes (2004) apresentam quatro principais papéis da tutoria mediada por
computador e consideram o processo de tutoria como sendo o fator mais importante para o sucesso
do e-learning por parte do aluno. Para estes autores, os referidos papéis estão centrados nos
aspectos pedagógicos, sociais, técnicos e gerenciais:
22
Segundo Edwards, citado por Krausz (2007), o coaching é aquele que facilita a aprendizagem.
23
Segundo Garvey, citado por Krausz (2007), o termo mentoring está associado com iniciação, carreira, desenvolvimento pessoal e mudança,
representando “transferência de sabedoria”.
88
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
89
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Para Lins (2005, p. 38), o tutor tem como responsabilidade ser articulador “de verdadeiras
aprendizagens, que possam levar o sujeito a realizar interações que o desenvolvam”.
Partindo do perfil do tutor acima mencionado, que define ser aquele que cumpre
“atividades típicas de tutoria”, muito pouco se pode avançar em termos da construção da
identidade desse tutor e de como conceber uma formação docente coerente com as necessidades
específicas dessa função. Segundo o disposto nas orientações presentes na página de apresentação
UAB/Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES24:
24
A página eletrônica da UAB/CAPES onde está apresentado o conceito e as atribuições do tutor. Mais informações em:
http://www.uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=50:tutor&catid=11:conteudo&Itemid=29
90
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Dias (2008) apresenta uma concepção mais atual, a do e-moderador, que atua em
ambientes de ensino e aprendizagem virtuais como agente de participação e interação social, de
construção de significados e conhecimento coletivo para além das funções de informar, transmitir
conteúdos e organizar as comunidades de aprendizagem em rede.
Analisando a acepção da palavra tutor e os avanços nas discussões relativas aos papéis e
as novas relações que emergem no contexto da EaD, verifica-se que as especificidades que
25
Vale ressaltar que o apoio presencial na aplicação das provas estará sofrendo reformulação em virtude do Edital nº 40/2017 da CAPES que visa o
fomento a projetos de inovação e que particulariza a intenção de incentivar a adoção de provas virtuais por meio de “um sistema automatizado,
remoto, de acesso via web, adaptável às plataformas e navegadores atuais, responsivo ou ainda dispor de aplicativos para dispositivos móveis”.
91
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
identificam a atuação do educador que exerce a função de tutoria ainda se encontram pouco
estabelecidas em termos de competências, habilidades e atitudes requeridas para que estes
realizem, de forma profícua, as necessárias ações e interações pedagógicas online, promovendo um
ambiente de aprendizagem atrativo e que melhor respondam às exigências didáticas próprias da
EaD.
Para Souza, Spanhol, Limas e Cassol (2004, p.2), “cabe ao tutor acompanhar as atividades
discentes, motivar a aprendizagem, orientar e proporcionar ao aluno condições de uma
aprendizagem autônoma”. Ainda na percepção dos autores, estes defendem que:
Há várias maneiras de definir o conceito. A tutoria pode ser entendida como uma ação
orientadora global, chave para articular a instrução e o educativo. O sistema tutorial
compreende, desta forma, um conjunto de ações educativas que contribuem para desenvolver
e potencializar as capacidades básicas dos alunos, orientando-os a obterem crescimento
intelectual e autonomia, e para ajudá-los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e
suas circunstâncias de participação como aluno. (Souza, Spanhol, Limas, & Cassol, 2004, p.4)
Esse tutor, tão rico em suas potencialidades, se vê podado por limites reais ou imaginários
provocados por sua crise de identidade docente, com suas dúvidas, sua incapacidade de saber até
onde ir, como se posicionar e como exercer, de forma legítima, sua função, direcionando suas
práticas para obtenção de melhores resultados.
Neste sentido, reconhecer o tutor a distância a partir do seu próprio olhar e “dar voz” aos
seus anseios, dificuldades e expectativas, refletindo sobre os caminhos que conduzam a uma
potencialização da sua ação, constituiu-se a proposta central da Tese. Os contributos dela advindos
se situam na possibilidade de reunir informações e relatos que permitam uma compreensão das
reais motivações, de como se desenvolve a relação pedagógica entre o tutor a distância e os alunos
92
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Desta forma, a Tese pemitirá uma intervenção mais direcionada no que se refere à
adequação da formação, a adoção de políticas valorização deste profissional, adequação das
relações entre os demais atores educativos.
(iv) afetivo, cujo foco deixa de estar nas pessoas e nas situações para se centrar na
comunicação e nos espaços; e
O presente estudo entra em concordância com o que defende Amaral e Barros (2007, p. 2)
quando pontua que os "estilos de aprendizagem referem-se a preferências e tendências altamente
individualizadas de uma pessoa, que influenciam em sua maneira de apreender um conteúdo".
Seguindo essa linha de entendimento, o estilo de tutoria a distância representa a dimensão da
docência que influencia o processo de ensino-aprendizagem e retrata o posicionamento e as
escolhas do tutor para o alcance da aprendizagem discente no ambiente virtual. Garrels (1997)
descreve cinco elementos críticos para o ensino bem-sucedido a distância, mencionando, desde
logo, o “entusiasmo do tutor”. Para além deste elemento, o autor cita a organização, o forte
compromisso com a interação do aluno, a familiaridade com a tecnologia utilizada no formato de
classe e uma boa equipe de apoio técnico e pedagógico.
93
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Por sua vez, a pesquisa realizada pelo Center for Children and Technology (2008) sobre e-
learning revela que os tutores que atuam a distância (online) enfrentam um conjunto diversificado e
único de desafios. Para tanto, as habilidades necessárias a esse tutor incluem: conhecimento do
conteúdo, articulação entre pedagogia, tecnologia e conteúdo, estabelecimento de uma sistemática
presença online, habilidade de leitura e escrita e capacidade de gerenciar as demandas dos alunos,
estabelecendo com estes uma comunicação efetiva, individualmente e com a comunidade de
aprendizagem colaborativa.
Neste sentido, entende-se que os estilos de tutoria assumem contornos que permeiam esse
universo de possibilidades de articulação de conhecimentos, habilidades, atitudes, com vista ao
alcance da aprendizagem do aluno.
Este embasamento teórico é vital para se perceber o sistema de tutoria praticado na UAB,
já que os formatos apresentados pelas experiências educacionais variam quanto ao grau de
presencialidade, nível de interatividade, tipos de recursos instrucionais utilizados, âmbito de atuação
dos agentes educativos e escala de abrangência, dentre tantos os fatores que os singularizam.
Lopez (2008) afirma que o modo de ensinar dos professores influencia na aprendizagem
dos alunos, ideia reforçada por Libâneo (1994) quando defende que o fazer docente determina a
linha e a qualidade do ensino e por Diéz Hochleitner (1998) que afirma que o professorado é a
chave principal para o alcance da qualidade educativa. Transpondo os argumentos dos autores para
o contexto da educação a distância, no que tange à importância do modo de condução pedagógica
do tutor a distância, o reconhecimento do seu estilo e as estratégias por ele utilizadas em sala de
aula virtual permitem inferir como os saberes docentes, técnicos e pedagógicos para o
desenvolvimento da aprendizagem são articulados. Vale ressaltar, entretanto, que a educação
94
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Ao entender que os estilos do tutor a distância não estão explícitos e por isso requerem um
olhar autoavaliativo desse ator educativo sobre a sua práxis e seus desafios, na presente
investigação postula-se que os estilos de tutoria a distância podem ser refletidos a partir de quatro
eixos:
(i) pela condução pedagógica que prevalece na práxis destes atores educativos;
(ii) por meio da identificação de quais são os atributos mais valorizados pelos tutores
a distância;
(iii) pela tipologia de recursos privilegiados na ação docente por eles mediada; e
(iv) pela análise dos principais aspectos que estes consideram como desafiantes no
desempenho de sua atividade.
Com relação ao foco pedagógico em resultados, Saviani (2007)26 o descreve como sendo
uma proposta que "se equipa com instrumentos de avaliação dos produtos, forçando, com isso, que
o processo se ajuste às exigências postas pela demanda das empresas". Em outras palavras, de
modo exemplificativo, seria um enfoque pragmático com objetivo de conduzir os alunos para o
26
Saviani se reporta a pedagogia de resultados em entrevista concedida a Folha de S.Paulo, de 29 de abril de 2007 analisando o modelo adotado na
proposta "Compromisso Todos pela Educação"do governo federal brasileiro.
95
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Garrels (1997) descreve cinco elementos críticos para o ensino bem-sucedido à distância:
entusiasmo do tutor, organização, forte compromisso com a interação do aluno, familiaridade com a
tecnologia utilizada no formato de classe e uma boa equipe de apoio técnico e pedagógico.
Melaré e Lima (2009) defendem que a ação tutorial envolve funções, competências e
habilidades específicas e que estas estabelecem interfaces com o perfil do tutor, enfatizando que as
funções e atribuições do tutor são amplas e transitam entre as habilidades técnica, pedagógica e
pessoal. Neste sentido, as autoras destacam que o perfil do tutor contempla: responsabilidade;
organização; empatia; criatividade; independência; disponibilidade; iniciativa; flexibilidade; ser
estudioso; ser curioso e argumentativo; saber buscar informação; possuir domínio da informática;
ter capacidade de inferência; ser tolerante e ao mesmo tempo exigente (Melaré & Lima, 2009).
Vínculo Institucional
O tutor a distância selecionado, que for convocado para atuar na UAB, não possui vínculo
institucional com as IPES responsáveis pela oferta dos cursos e/ou disciplinas nem com o governo
96
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
federal. Desta feita, o tutor a distância recebe bolsa da Coordenação de Pessoal do Ensino Superior
- CAPES, pelo período em que permanecer acompanhando o curso e/ou a(s) disciplina(s).
Para análise dos requisitos de seleção dos candidatos a tutor a distância das três IPES
estudadas, verificou-se que o processo seletivo era composto por três fases:
(ii) Entrevista
Os Editais elegidos para análise foram realizados no período em que decorreu a Pesquisa
da Tese:
97
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
(iii) no caso específico do IFCE foi apresentada como condição de admissibilidade ser
brasileiro(a) nato(a) ou naturalizado(a), ou estrangeiro com visto permanente e estar
quite com as obrigações eleitorais e indicada a necessidade da habilidade de
comunicação e de relacionamento interpessoal.
• função básica,
• relação com o aluno,
• procedimentos avaliativos,
• participação em atividades,
• monitoramento, registro e dicumentação,
• formação docente,
• acompanhamento de desempenho,
• produção de conhecimento,
• apoio no uso das ferramentas computacionais,
• disponibilidade,
• articulação com o processo educativo e
98
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
• comunicação e capacitação.
99
Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
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Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
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Capítulo II – A tutoria a distância na sociedade em rede: uma profissão contemporânea a ser refletida e compreendida
Na UAB, como pôde ser observado no quadro anterior respeitante às três IES que
constituíram o contexto empírico do presente estudo, os tutores a distância assumem a função
docente de modo partilhado com tutores presenciais, professores conteudistas e professores
formadores. A ação pedagógica desempenhada por estes atores educacionais apresenta contornos
que transcendem o que é definido nos documentos legais, na medida em que é na prática cotidiana
que se percebe como estes se posicionam para potencializarem a aprendizagem dos alunos e quais
são os seus maiores desafios.
Daniel Mill (s/d), por meio de uma apresentação-síntese do conjunto de idéias centrais de
seus estudos, produzido para UFSCar27, reflete que estamos na fase de transição das inovações
tecnológicas para as inovações pedagógicas, o que implica no uso de múltiplas linguagens e de
variados estímulos para que a aprendizagem se faça de forma perene. Essa nova noção de
educação, que se materializa no redimensionamento do ato de educar, encontra-se assente em três
elementos: no espaço educativo, na ideia flexibilizada de tempo e nos sujeitos que participação
deste ato educativo. Desta feita, o tutor se apresenta com clara evidência para que a aprendizagem
aconteça.
27
Disponível em http://www.ibb.unesp.br/Home/NEPP/educacao-e-tdic_mill.pdf. Nota: Apresentação em Power Point sem data.
102
Capítulo III – Metodologia da investigação
105
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
Como ponto de partida da pesquisa doutoral foi definido o tema de estudo e delimitado o que era
relevante compreender no vasto universo que envolvia a identidade do tutor a distância da UAB,
procedendo à definição dos objetivos e da natureza do trabalho, assim como foi selecionado de forma
precisa o que se desejava compreender e a condição de fidedignidade, viabilidade, acessibilidade das
fontes, relevância e exequibilidade.
Neste sentido, em termos do perfil requerido e das atribuições, percebeu-se que havia lacunas em
relação ao que estava explicito na legislação pertinente à UAB e o constava nos Editais de Seleção que
traziam diferentes especificidades relacionadas às dimensões do saber, do ser e do fazer docente destes
sujeitos.
A metodologia adotada no estudo, e descrita no presente capítulo, tem como proposta adentrar,
conforme indica Deslandes (1994):
107
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
identificação das características próprias deste tutor a distância e agregou elementos que
permitissem captar e avaliar o posicionamento didático e a percepção do tutor sobre si mesmo em
sua atuação no processo educativo.
No intuito de buscar averiguar de que forma era constituída a praxis do tutor a distância e
conhecer a sua realidade, foi elegido como caminho a sistematização de elementos que envolviam o
seu perfil individual, a trajetória formativa e profissional, suas motivações, desafios e escolhas
didáticas.
Mostrou-se evidente, após uma análise pormenorizada dos trabalhos acadêmicos que
tratavam da temática tutoria a distância, que os estudos realizados neste campo não enveredavam
para a autopercepção do tutor a distância, o que conferiu maior relevância para que fosse dada
sequência ao tema situado no aprofundamento dessa compreensão própria destes agentes
educacionais em seu cotidiano, em que se deparam com significados e representações que lhes são
próprias. Neste sentido, Pereira (2017) menciona em sua Tese Doutoral recentemente defendida a
necessidade de ouvir os tutores ao relatar que “entendemos, ainda, que pesquisas futuras, que
pudessem “dar voz” ao tutor, trariam pistas importantes para direcionar as ações anteriormente
propostas” (p. 258).
108
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
O Ceará, por ter sido um dos estados brasileiros que esteve envolvido na implantação da
UAB desde a sua criação, permanecendo ininterruptamente até o momento presente, o mesmo foi
compreendido como um universo apto para o prosseguimento do presente estudo.
Survey research can be used for exploration, description, or explanation purposes. The use of
survey research for these purposes is different, from the use of case studies or experiments for
such purposes. The purpose of research in exploration is to become more familiar with a topic
and to try out preliminary concepts about it. A survey in this context is used to discover the
range of responses likely to occur in some population of interest. (Pinsonneault & Kraemer,
1993, p. 5)
109
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
objetivo de estudo. Neste caso específico, os dados foram analisados mediante a realização de
pesquisas com características qualiquantitativa.
As pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo
aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente
quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses
precisas e operacionalizáveis. (Gil, 2008, p. 46)
110
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
111
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
Como universo de estudo, a Pesquisa Ampla mobilizou um total de 192 tutores a distância,
dos quais contou com a participação de 75 destes os quais responderam voluntariamente ao
questionário, resultando em uma taxa de resposta (39%) que está dentro dos parâmetros de recolha
de dados em questionários online (Pinheiro & Silva, 2004). A Pesquisa Aprofundada, que ocorreu para
permitir uma melhor compreensão dos resultados da Pesquisa Ampla, contou com a participação de 18
tutores a distância. A referida pesquisa registrou uma amostragem aleatória, demonstrando isenção nos
resultados, com garantia do anonimato dos respondentes e também das Instituições às quais os
tutores pertenciam.
A Pesquisa Aprofundada envolveu uma nova mobilização dos tutores a distância em torno do
aprofundamento de algumas questões relativas ao primeiro momento da Pesquisa. Após a
identificação dos assuntos a serem explorados nesta etapa, estes foram debatidos por aqueles que
se dispuseram a expressar o seu entendimento e as suas percepções em torno de quatro perguntas-
chave:
Para que houvesse a plena possibilidade de participação dos tutores a distância das três
IPES, foram pensadas duas possíveis estratégias de implementação: a realização de um grupo focal
presencial ou o envio das questões com uma quantidade de respostas equivalentes envolvendo a
participação de, no mínimo, o número de integrantes de um grupo focal.
112
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
A primeira opção de estruturar um grupo focal (GP) foi inviabilizada em função da dificuldade
de adesão da representação mínima e plurinstitucional necessária à efetivação da técnica. Buscou-
se, então, aplicar junto àqueles tutores que demonstraram interesse em participar com suas
contribuições, questões formuladas para o GF, por meio de formulário, com as mesmas garantias de
anonimato e isenção quanto a um possível direcionamento da pesquisadora, o que teve como
vantagem a garantia de independência dos relatos, sem que uns exercessem influência sobre os
outros.
Para além das entrevistas realizadas no âmbito da UAB foi solicitado o envolvimento da
Universidade Aberta portuguesa, da Open University do Reino Unido e da Universidad Nacional de
Educación a Distancia espanhola para que fosse feito uma contextualização de como se desenvolve
a tutoria nestas Instituições. Como resposta, se obteve a participação efetiva das duas primeiras
enquanto na terceira a abordagem declinou em virtude da abordagem a um especialista da UNED
que desenvolvia suas atividades de ensino de modo autônomo em terceiro ciclo e que não se sentia
a vontade para avançar na discussão que emanava da Tese. Acreditando na importância de relatar
como se desenvolve a atividade tutoral naquela Instituição, foi realizada uma pesquisa direta no site
da UNED.
113
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
(i) fontes documentais: legislação pertinente ao tema sob a forma de Leis, Decretos,
Pareceres, Resoluções, Portarias e Editais de Seleção; e
Para a análise dos Editais de Seleção de tutores a distância foi selecionada uma chamada
aleatória em cada uma das três IPES, transcorrida no interstício do estudo doutoral, de forma a
comparar o perfil de contratação e as atribuições do tutor a distância previstos por esses
documentos públicos, no âmbito da UAB.
O estudo no campo empírico se iniciou com uma investigação por inquérito, precedida por
um contato inicial com os coordenadores e/ou coordenadores adjuntos da UAB nas IPES para que
esses pudessem auxiliar no direcionamento para localização das fontes de pesquisa documental e
na sensibilização dos tutores a distância. Em seguida, esses coordenadores disponibilizaram os
114
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
bancos de dados dos tutores a distância para que fosse possível a aplicação de questionários online
desenvolvidos pela pesquisadora utilizando o Google Form (Anexo 6).
A pesquisa direta com os tutores a distância, sujeitos centrais do estudo, se materializou por
meio da utilização de técnicas de recolha de dados mediante a aplicação de questionários preparados a
partir de um roteiro previamente estabelecido e validado. Foi enviado, juntamente com a pesquisa, um
texto introdutório de explicação da proposta e importância do estudo.
(v) percepção da UAB, por parte dos tutores, contando com um espaço destinado a
sugestões para melhoria do Sistema e avaliação dos desafios para o futuro destes
profissionais do saber.
Após o delineamento das questões por parte do pesquisador, foram realizadas etapas de
pré-validação e validação que permitiram uma análise da adequação do instrumental aos objetivos
propostos pela pesquisa.
Antes das validações, houve uma etapa preparatória, a qual contou com um momento de
reflexão em torno de ideias centrais de investigação e a representação destas indagações por meio
de perguntas no questionário, que foi realizada entre pesquisadora e orientador.
115
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
Como contributo dessa etapa, foi pontuada, pela respondente, uma preocupação com a
necessidade de que a investigação contemplasse aspectos como adequação das ferramentas
tecnológicas ao planejamento didático da disciplina/curso, grau de autonomia dada ao tutor a
distância e adequação da carga horária para o desenvolvimento de suas atividades, interesse do
envolvimento do tutor a distância na co-produção de conteúdo, o formato e abrangência da formação
para atuar em EAD, assim como a necessidade do desenvolvimento do sentimento de pertença nos
tutores a distância, adequação de remuneração de forma a torná-la compatível com os demais
atores que atuam do ensino superior e o reconhecimento destes como docentes.
116
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
Outras questões, como uma reflexão sobre tendências de reformulações no papel do tutor a
distância em uma visão prospectiva (onde esse passaria a assumir funções que atualmente são de
responsabilidade do professor regente e/ou do tutor presencial) e o papel da gestão e das relações
entre os agentes educacionais no sucesso do desempenho educacional, foram propostas pela tutora
entrevistada como sendo interessantes para aprofundamento no estudo.
Como resultado desse processo foi sugerida uma análise pormenorizada dos editais de
seleção da UAB, a começar pelo Estado do Ceará, no que se refere à participação do tutor a
distância no contexto das suas atribuições (que podem estar associadas a um curso, uma disciplina
ou a um bloco de disciplinas) e o perfil requerido, estabelecendo um comparativo e pontuando as
discordâncias verificadas, o que foi incorporado aos estudos teóricos anteriormente mencionados.
Em termos de formulação das perguntas, foi sugerida uma adequação dos parâmetros
àqueles utilizados em documentos oficiais, de forma a facilitar a comunicação e o entendimento por
parte dos respondentes.
Para a terceira e última validação, foi simulada a aplicação dos questionários, sob a forma
de pré-testagem, onde os participantes sugeriram aprimoramentos na linguagem escrita de modo a
117
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
gerar respostas mais objetivas e coadunadas à prática da tutoria a distância. Para tanto, foram
convidados a participar três tutores a distância da UAB que não estavam integrados a nenhuma das
IPES pesquisadas. Este grupo de pessoas auxiliou no sentido de verificar se o questionário estava
claro e se podia ser respondido com facilidade, traduzindo as expectativas e o universo de
abrangência de situações pertinentes ao tema, com o olhar de quem está na lida diária da tutoria a
distância. Nesta etapa foi verificada também se havia dificuldade de compreensão em alguma das
perguntas, no formato das questões se estava adequado com a sua natureza de informação a ser
obtida e no tempo estimado de 20 minutos para resposta estava adequado.
A partir do levantamento das informações para a mobilização dos tutores foi feita uma
sensibilização acompanhada do questionário, tendo como recurso de chamadas uma sequência de
solicitações que contou com três convites, enviados com espaço aproximado de quinze dias entre
cada um.
118
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
A Pesquisa Ampla e aplicada de forma direta ao tutor a distância da UAB Ceará, portanto,
teve como premissa a obtenção de resultados agregados e individuais, o que foi permitido a partir da
análise estatística dos dados do conjunto de respostas objetivas e a análise de apenas duas
respostas abertas, onde os participantes poderiam expressar livremente suas percepções sobre a
UAB.
Para efeito de observação e análise, foram considerados como válidos aqueles questionários
respondidos integralmente e remetidos de forma voluntária, sendo considerada como amostra
aleatória o universo aceitante dos tutores convidados a participar.
119
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
Sexo, idade, área de formação principal e secundária (se for o caso) incluindo respectivo tempo de
formado(a), nível de escolaridade e área de pós graduação (se for o caso).
Tempo de atuação, experiência anterior e qualificação para atuar como tutor a distância, existência ou não
de vínculo com a IPES onde desenvolve a tutoria, mapeamento das funções exercidas na UAB (caso
existam), panorama de produção científica nos últimos 5 anos, média de alunos por turma, perspectiva de
permanência futura na UAB, tipologia das atribuições exercidas na função e questões inerentes à
formação para a tutoria (centradas no enfoque, carga horária e formato).
Razões que motivaram o ingresso na tutoria a distância, quais os atributos considerados chave para o
sucesso da função de tutor a distância, grau de satisfação com a função exercida, quais os principais
desafios na praxis docente do tutor(a) a distância.
Identificação das atribuições estão mais associadas ao seu papel como tutor(a) a distância, o grau de
utilização de cada recurso/material didático na prática como tutor a distância, opinião referente ao
aspecto que mais contribui para a aprendizagem do aluno em EaD, além do papel do tutor, verificação da
adequação da carga horária de 20 horas semanais dedicada à tutoria a distância para o cumprimento da
proposta pedagógica dos cursos da UAB e de como se dá a condução pedagógica como tutor a distância.
PERCEPÇÃO DA UAB
Levantamento do(s) maior(es) benefício(s) gerado(s) pela UAB, sugestões para melhoria do Sistema UAB e
os desafios da UAB para o futuro.
120
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
Sendo a tutoria a distância uma função que se desenvolve essencialmente de forma virtual,
foi realizada a pesquisa utilizando a modalidade a distância não-síncrona, o que neutralizou a
dificuldade de agendamento com tutores de distintas IPES em virtude dos cronogramas de
atividades também diferenciados.
121
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
O formato subjetivo adotado para as respostas abertas permitiu uma sofisticação analítica
das informações obtidas pelos dados coletados no levantamento bibliográfico e na Pesquisa Ampla
realizada utilizando inquéritos por questionário. No decorrer de todo o processo, foi realizada a
consolidação teórico-prática do trabalho, respeitadas a coerência interna e consistência dos
conceitos entre si e com os objetivos e hipóteses previamente formulados.
Os instrumentos utilizados para a realização das entrevistas com as três universidades (UAb,
OU e UNED) foram desenvolvidos separadamente. A primeira entrevista realizou-se sob a forma
roteirizada, e ocorreu presencialmente com uma professora do DEED, em que as questões de maior
interesse da pesquisadora foram sendo esclarecidas pela entrevistada (estrutura, funcionamento dos
cursos, atores envolvidos, em que consiste o modelo de aprendizagem virtual, o perfil do docente e
do discente, abrangência de atuação, benefícios e diferenciais da Universidade Aberta e como tem
sido avançadas as práticas educacionais a partir do e-learning por aquela Instituição – Roteiro Anexo
8). A partir da análise das informações mais relevantes expressas naquela entrevista, foi
desenvolvido o instrumento direcionado para a OU e UNED (Anexos 9 e 10).
122
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
A recolha de dados referente à IPES2 envolveu uma primeira abordagem online com
reduzida taxa de sucesso e uma segunda presencial, por ocasião do Curso de Formação para
Professores e Tutores realizado 8 dias depois, em que foi sugerido pelos coordenadores de EaD
daquela Instituição que utilizasse o momento em que os tutores a distância estariam reunidos para a
aplicação do questionário. Na oportunidade, aqueles que concordaram em participar preencheram
manualmente tendo esses sido transcritos para o Google Forms após respondidos.
A pesquisa envolvendo a IPES3 teve uma primeira abordagem e envio online no dia 15 de
junho de 2016, sendo que a segunda ocorreu no dia 12 de julho, 27 dias depois, e a terceira se deu
no dia 4 de agosto, 23 dias depois. As datas foram definidas de modo a conciliar com os dias que
melhor se enquadravam em relação ao cronograma das atividades letivas.
Após a análise dos resultados da Pesquisa Ampla e consolidação dos resultados, foram listadas
questões a serem aprofundadas, as quais foram respondidas por meio de uma Pesquisa
Aprofundada realizada online com formato de respostas abertas. A referida Pesquisa ocorreu em
agosto de 2017.
123
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
Para o Tratamento da Pesquisa Aprofundada foi realizada uma leitura geral do material
obtido pelo conjunto de respostas às questões apresentadas. Em seguida realizou-se uma seleção
deste conteúdo com a categorização dos elementos por homogeneidade de assuntos/temas
abrangidos.
Após a exploração e seleção do material, foi feita uma análise e enquadramento dos relatos,
iniciando pela organização dos registros obtidos pelas respostas dos tutores a distância
participantes. Esses relatos foram descritos na íntegra, de forma exclusiva conforme o objetivo
pretendido, e o enunciado do conteúdo foi integrado às partes da Tese com as quais estabelecia
diálogo (sem que houvesse repetição em mais de uma categoria). Com a consolidação dos dados
referentes às duas Pesquisas, foram incorporados os elementos legais, teóricos e referências
interpretativas inerentes aos objetivos e pressupostos do estudo.
124
Capítulo III – Educação a distância no Brasil: reflexão e experiências
respondente. Na Pesquisa Aprofundada os participantes foram identificados pela sigla TD1, TD2, e
assim sucessivamente, de modo a indicar a qual tutor a distância (TD) estava se referindo, sem que
fosse mencionada a IPES a qual este pertencia. Desta forma, foi possível garantir o anonimato e a
confidencialidade dos respondentes.
Para garantir a utilização ética dos dados obtidos na pesquisa, foi seguida a orientação
encontrada em Bogdan e Biklen (1994):
Seja autêntico quando escrever resultados. Ainda que as conclusões possam, por razões
ideológicas, não lhes agradar, e se possam verificar pressões por parte de terceiros para
apresentar alguns resultados que os dados não contemplam, a característica mais importante
de um investigador deve ser a sua devoção e fidelidade aos dados que obtém. Confecionar ou
distorcer dados constitui o pecado mortal de um cientista. (p.77)
Os aspectos referidos por Bogdan e Biklen são reforçados por Tuckman (2000) quanto à
responsabilidade do investigador e à defesa da dignidade humana.
125
Capítulo IV – Apresentação e análise dos resultados
Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos após o tratamento dos
dados oriundos do campo empírico, intercalando os aspectos quantitativos e qualitativos, de modo a
subsidiar o mapeamento dos fatores que lhes são comuns e complementares, com vistas a nortear
a compreensão do perfil do tutor a distância, suas motivações, seus desafios na praxis, e sua
autopercepção identitária expressa na condução pedagógica do processo de ensino-aprendizagem
129
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
o gênero,
o idade,
o formação,
o tempo de experiência como tutor a distância e de atuação específica na UAB.
131
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
O perfil etário dos respondentes, na proporção de dois terços dos tutores a distância, possui
idade inferior a 40 anos (65,3%) – a concentração maior destes 29,3% se situa na faixa etária de
24 a 29 anos, outros 24% têm idade de 30 a 34 anos e 12% se enquadram na faixa etária de 35 a
39 anos. Em relação aos 34,7% restantes, 10,7% pertencem à faixa etária de 40 a 44 anos, outros
9,3% têm de 45 a 49 anos, enquanto 9,3% têm de 50 a 54 anos e 5,4% têm de 55 a 64 anos. A
idade média é de 38 anos.
132
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Esta divisão geracional não é estanque, nem quer dizer que todos os jovens nascidos em
determinada etapa cronológica tenham essas características geracionais, pois para isso, no que
respeita às marcas digitais, seria necessário que tivessem acesso e convivessem (imersivamente)
com as tecnologias e, como vimos, a exclusão digital ainda é muito elevada.
133
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Observa-se que o perfil etário dos respondentes entre 24 e 34 anos é o mais representativo
(53,3% dos tutores), entretanto nos 6 primeiros anos deste intervalo (25 a 29 anos) há
predominância do gênero feminino (18,6%), enquanto o sexo masculino é representado por 10,7%.
Nos outros 5 anos (30 a 34 anos) há representação igualitária do gênero masculino e feminino
(com 12 % cada). Na faixa etária de 40 a 44 anos destaca-se uma distribuição com predominância
do sexo feminino (8%) em relação ao sexo masculino (2,7%). Em termos gerais, prevalece a
presença feminina com uma participação mais dispersa em termos etários do que o sexo
masculino.
134
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Gráfico 4 - Perfil dos participantes (em percentual), estratificada por gênero e faixa etária
Sobre o tempo de formação inicial dos tutores, o universo inquirido, representado em termos
numéricos no gráfico 5, verificou-se que 40% do total afirmou ter entre 5 e 10 anos de formado,
18,7% situam-se entre aqueles que se formaram há menos de 5 anos e os demais 41,3% estavam
entre aqueles que se formaram antes do início das atividades da UAB, ou seja, há 11 anos ou mais.
135
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
136
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
A escolha pela docência é permeada por influências mais diversas e estas se manifestam
nos períodos ex-ante, ex-post e durante o percurso em que o indivíduo passa da condição de
aprendente para condutor do processo educativo.
137
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
que tanto se enquadravam na condição de estudante quanto na de servidor público, o que justifica
a presença de respostas sobrepostas totalizando 82 incidências.
A partir deste universo pesquisado, foi observada uma maior representação de tutores a
distância com enquadramento como servidor público (63 respondentes, ou seja, 76,8% dos
participantes), seguida de 13 respondentes (15,9%) que eram alunos de pós-graduação. Os demais
6 respondentes (7,3%) não se situam em nenhum dos dois perfis, o que evidencia uma alteração da
sua posição profissional e/ou conclusão das etapas de pós-graduação no transcorrer do período de
exercício da atividade de tutoria a distância na UAB.
138
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Gráfico 9 - Perfil da atividade de trabalho dos tutores a distância que são servidores públicos.
Na perspectiva dos respondentes, em que poderia ser escolhida mais de uma opção no que
se refere à qualificação que estes identificavam e os habilitavam a atuar como tutores a distância da
UAB, observa-se no quadro 7 e no gráfico 10 que uma maioria dos entrevistados assinalou a
formação acadêmica/curricular (67 respondentes, que correspondem a 45%), seguida da
capacitação pela UAB (56 respondentes, que correspondem a 37,6%) e da experiência anterior na
função (23 respondentes, que correspondem a 15,4%).
8
Experiência Capacitação Formação Capacitação por Experiência
combinações
anterior na função pela UAB Acadêmica conta própria docente
de respostas
7 7
14 14
29 29 29
5 5 5
17 17 17 17
1 1 1
1 1 1 1
1 1 1 1 1
149 itens mencionados como respostas 75 respostas
23 56 67 1 2 Individuais
139
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Na análise das atividades com maior grau de envolvimento do tutor a distância destacou-se
o Ensino, presente como atividade central e exclusiva em 48 das 75 respostas, representando 64%
do total (Quadro 8). Das 27 respostas restantes, Ensino e Orientação de Trabalhos de Conclusão de
Curso foi mencionada em 8 respostas, enquanto Ensino e Supervisão de Estágio teve 4 respostas.
140
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Atividades Resp.
Ensino 48
Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 8
Supervisão de Estágio 4
Acompanhamento do Alunos 1
Iniciação Científica 1
Participação em Banca 1
Extensão Universitária 1
Ensino
Pesquisa 2
Orientação de TCC 2
Pesquisa
Orientação de TCC Supervisão de Estágio 1
Orientação de TCC Extensão Universitária 1
Orientação de TCC Extensão Universitária Iniciação Científica 1
Orientação de TCC Extensão Universitária 1
Orientação de TCC Supervisão de Estágio 3
Para ampliar o entendimento do tutor a distância, foi analisada também a sua participação em
atividades acadêmicas relacionadas à produção autoral ou na orientação de artigos e trabalhos de
graduação e pós-graduação nos últimos 5 anos. Os dados que sobressaíram foram aqueles relacionados
à realização de artigos, com 31 respondentes (ver Quadro 9). Destaca-se ainda uma aproximação
numérica deste conjunto de pessoas que produziram artigos científicos (AC) com os 28 participantes
que não participaram de nenhuma ação ou atividade associada à publicação nos últimos 5 anos (NP),
perfazendo juntas 78,7% do total das respostas. A referida constatação permite inferir que há uma
notável polaridade no perfil dos entrevistados diante da análise deste quesito.
141
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Atividades AC LV OR TE NP
Artigos científicos 31
Livros/capítulos de livros 9 3 2
Trabalho apresentado em eventos científicos 2
Não teve produção 28
A secção da Pesquisa Ampla que incide no Perfil de Formação dos tutores a distância pela
UAB apresenta o nível de representatividade desta formação para a qualificação do tutor a distância,
analisando o formato, a carga horária e as dimensões e estratégias contempladas, incluindo a
análise dos conteúdos abrangidos por intensidade.
142
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Ainda corroborando com o entendimento do formato das capacitações realizadas pela UAB,
direcionada especificamente para o tutor a distância, observou-se que prevaleceu aquela pautada
na conjugação das dimensões CPT (de Conteúdo, fortalecida pelos aspectos Pedagógicos e
Tecnológicos), estando presente em 28 das 75 respostas (representando 37,3% do total).
Entretanto, o aspecto pedagógico foi aquele que foi enfatizado de modo mais intenso, estando
presente de forma isolada ou associada, com participação em 54 das respostas (Gráfico 12).
143
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
No que se refere ao conteúdo, foi verificado nas respostas dos entrevistados (Gráfico 14) que
as formações se pautavam na tripla abordagem (52% das respostas):
A segunda combinação elegida como foco das capacitações foi aquela que articulava os
fundamentos da EAD com a abordagem centrada na utilização do ambiente virtual de aprendizagem
144
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
- AVA, com 22,7%, seguida pelo enfoque unicamente no AVA, com 14,7% das respostas. As demais
combinações representaram, juntas, 10,6%.
Em relação aos atributos de maior relevância na escala de valores dos respondentes, foram
145
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Nas respostas obtidas (Quadro 10 e Gráfico 15), foi percebido que os atributos presentes
na pesquisa tinham grande aproximação com o que os entrevistados consideravam importante para
o sucesso do seu desempenho, na medida em que os valores se situaram predominantemente
entre 4 e 5 da escala de 1 a 5 (menor a maior relevância).
Dos aspectos analisados, cinco destes apresentavam o valor 5 em mais de 70% das
respostas e outros 5 aspectos apresentavam como valor máximo de relevância um resultado
situado entre 62% e 66% das respostas. Entretanto, sendo verificado conjuntamente os valores 4 e 5
percebe-se que os resultados de 10 dos 12 atributos analisados se configuram com avaliação de
relevância acima de 89%, o que fortalece o entendimento anteriormente mencionado quanto ao
ajustamento dos atributos apresentados na pesquisa com aqueles que os tutores mais valorizavam
e acreditavam ser de maior importância. Os 10 principais atributos foram: pontualidade/feedback
em tempo hábil, entusiasmo em transmitir e compartilhar conteúdo, grau de incentivo ao estudo,
paciência e disponibilidade para ajudar, ter habilidade de comunicação e relacionamento
interpessoal (5 primeiros), seguidos da assiduidade/presença on-line, capacidade de
desenvolvimento da autonomia do aprendiz, domínio tecnológico e facilidade de navegação no AVA,
domínio do conteúdoe clareza na exposição do conteúdo.
Os demais dois atributos que apresentaram graus de relevância mais dispersos se situam
no aprofundamento às questões que apoiam o desempenho do tutor a distância, quais sejam:
conhecimento detalhado dos materiais, procedimentos e recursos tecnológicos utilizados nas
disciplinas, e conhecimento do projeto pedagógico do curso.
Quadro 10 - Relevância dos atributos para o sucesso da ação tutorial a distância por quantidade de respostas
para cada valor (1 a 5)
Valores (1 a 5)
Atributos
1 2 3 4 5
pontualidade/feedback em tempo hábil 0 2 3 13 57
entusiasmo em transmitir e compartilhar conteúdo 1 1 3 14 56
grau de incentivo ao estudo 0 1 3 16 55
paciência e disponibilidade para ajudar 0 1 7 13 54
ter habilidade de comunicação e relacionamento interpessoal 1 1 6 13 54
assiduidade/presença on-line 0 2 6 18 49
capacidade de desenvolvimento da autonomia do aprendiz 1 0 6 20 48
146
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Valores (1 a 5)
Atributos
1 2 3 4 5
domínio tecnológico e facilidade de navegação no AVA 0 2 5 20 48
domínio do conteúdo 2 1 5 20 47
clareza na exposição do conteúdo 1 0 6 21 47
conhecimento detalhado dos materiais, procedimentos e
0 3 7 30 35
recursos tecnológicos utilizados nas disciplinas
conhecimento do projeto pedagógico do curso 1 2 12 31 29
Gráfico 15 - Incidência global dos valores de 1 a 5 quanto aos atributos definidos na pesquisa
(i) atributos pessoais dos tutores a distância (Gráfico 16): como o incentivo ao estudo
e a paciência/disponibilidade para ajudar;
147
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Gráfico 16 - Atributos mais valorizados no tutor a distância pelos respondentes, na perspectiva pedagógica
148
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Gráfico 17 - Atributos mais valorizados no tutor a distância pelos respondentes, na perspectiva da interação
social e afetiva no processo de ensino-aprendizagem
(i) de conteúdo;
149
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Neste sentido, foi mencionado por um respondente da Pesquisa Aprofundada haver ainda
uma hierarquia no uso desses três recursos, na medida em que:
De modo geral, o contexto de vida dos estudantes não favorece o uso de ferramentas como o
chat, que incentivam uma troca de conhecimentos e experiências em tempo real. As
dificuldades encontradas são, principalmente, o tempo para o encontro e a internet de
qualidade. Considerando isso, penso que as atividades como fórum e tarefas têm sido
priorizadas no ambiente virtual. (TD9)
O tutor a distância tem todas as limitações de comunicação que se possa imaginar. Suas
ferramentas são palavras escritas (na maior parte das vezes). Isso é bem desafiante, sobretudo
no início do curso quando este atua num curso onde a maior parte dos estudantes não tem
ainda uma real inclusão digital (sob o ponto de vista de utilização para o contexto da
150
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
educação). (TD13)
Os recursos educacionais analisados em relação ao grau de utilização por parte dos tutores
a distância na facilitação da comunicação e na mediação e dinamização do conhecimento foram:
textos em pdf ou hipertextos, email, pesquisa na web, recursos de animação, gráfico e tabelas,
áudio, vídeo e videoconferência. Para uma melhor visualização os mesmos foram apresentados sob
a forma de gráficos comparados, abrangendo 3 Grupos por padrão de intensidade da utilização:
Observando o gráfico 19, nota-se que recursos privilegiados foram, em ordem de utilização
com intensidade e perfazendo 52% das respostas: o email e as pesquisas na web, seguido pela
utilização de textos em pdf ou sob a forma de hipertextos, correspondendo a 45,3% das respostas, o
que demonstra uma postura mais tradicional na condução pedagógica.
A utilização de vídeos apresenta uma inversão no que se refere ao uso intenso e moderado
em relação aos demais recursos, entretanto se revela como uma opção pedagógica bastante
utilizada pelos tutores a distância.
151
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
A escolha pela utilização de recursos de animação e a opção pelo uso do áudio para fim
didático, conforme o gráfico 20, apresentou semelhante configuração de adesão, em que
prevaleceu a aplicação moderada, seguida da eventual, apresentando uma inversão discreta das
posições no que se refere aos graus de intenso e nunca.
O terceiro grupo, representada no gráfico 21, congrega os recursos que se apresentam com
menor grau de utilização. Em relação à utilização de gráficos e tabelas, esta não é recorrente,
estando situada como de uso eventual e, por vezes, moderado.
Em relação à videoconferência, esta foi a que se revelou com menor grau de utilização
entre o grupo de tutores, tendo sido revelado que 44% destes nunca haviam utilizado este recurso
para dinamizar as suas aulas virtuais.
152
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Penso que uma explicação viável, em conformidade com o que tenho observado durante esse
tempo em que estou atuando como docente tutora (desde 2013), é que a maioria de
professores convidados/selecionados não tem formação nesta área. (TD2)
Acredito que uma das explicações seria o fato do tutor não conhecer, não se sentir seguro e
preparado para utilizar outros recursos. (TD3)
A pouca formação para atuação na modalidade EaD, além da seleção priorizar itens como
funcionalismo público sem necessariamente ter vínculos com educação e formação docente, o
que fragiliza a modalidade que dispõe de características próprias e distintas da modalidade
presencial. (TD4)
Nesse sentido, a adoção de recursos inovadores, TI de ponta e cenários virtuais modernos está
longe da realidade de muitas instituições de ensino no país. É complexo investir em TI se as
pessoas não estão preparadas ou se a EaD na IEs não está consolidada, com profissionais da
área e servidores efetivos. (TD6)
Acredito que isso acontece devido à falta de formação continuada em tecnologias educacionais
mais apropriadas, bem como pela falta de avaliação e acompanhamento mais sistemático e
periódico das equipes de gestão em EaD. (TD9)
A lógica da presencialidade ainda é muito forte nos cursos de formação de professores. Fala-se
muito de novas práticas na academia, mas a prática das aulas é de raiz fortemente pautada no
153
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Acredito que isso ocorra porque muitos professores ainda se encontram presos a práticas
tradicionais. Com isso muitas vezes apenas mudam a ferramenta a ser utilizada durante a
aula, mas não alteram a sua prática pedagógica. (TD13)
Falta de conhecimento das ferramentas (recursos) da EaD e muitos professores ainda resistem
as mudanças. (TD16)
Acredito que ainda atuamos de forma tradicional e automática. O cérebro está condicionado e,
como professores oriundos do ensino presencial, levamos essa bagagem para a EaD e sem
querer reproduzimos as mesmas metodologias. (TD18)
28
Saviani (2009) defende que as teorias não-críticas percebem a educação como um instrumento de equalização social e superação da
marginalidade. A primeira linha dessa Teoria (a que se refere o respondente da Pesquisa) é a da Escola Tradicional, centrada no professor que
transmite conhecimento aos alunos, que porsua vez o assimilam. Saviani classificou as teorias que envolvem a educação e a sociedade em: não-
críticas, crítico-reprodutivistas e teorias críticas.
154
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Os resultados empíricos (Gráfico 22) em termos agregados, onde ocorre a soma de todas
as 185 respostas entre puras e combinadas, evidenciaram que o posicionamento pedagógico na
forma pura, ou seja, com resposta incidindo em um único foco isoladamente, foi elegido em 13 das
185 respostas. Considerando cada foco de modo individual, 6 respondentes elegeram o foco no
aluno e outros 5 mencionaram a centralidade da condução pedagógica nos resultados, enquanto as
atividades e projetos e a transmissão de conteúdo foram mencionados, de forma dissociada de
outro foco, por 1 respondente cada.
Em termos agregados, que incide nas 185 respostas, o foco pedagógico centrado no aluno
foi mencionado 66 vezes, seguido pelo foco no conteúdo presente em 45 respostas e do foco nos
resultados que foram citados 42 vezes. A percepção do foco voltado para atividades e projetos se
posicionou como sendo aquele com menor destaque, estando presente em 32 das respostas
(Gráfico 22).
155
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
93% de participação, o que demonstra que o perfil do tutor a distância quanto ao estilo pedagógico se
estabelece delineado a partir de uma combinação de focos para o alcance da aprendizagem do aluno.
29
Este diagrama foi criado pelo matemático inglês John Venn (1834 - 1923), com o propósito de facilitar arepresentação das relações de união e
intersecção entre diferentes conjuntos.
156
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
157
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
A maioria dos tutores considerou, em termos gerais, o nível 3 (bom) - das 375 marcações
obtidos pelas 5 notas dos 75 participantes, 114 respostas (30,4%) tiveram bom nível de satisfação-,
sendo esta avaliação pontualmente situada na maior parte dos itens. Se for somada ao nível 4
(ótimo), que foi considerado o segundo melhor item da avaliação, se obtêm 58% do total.
Analisando numericamente quanto ao aspecto, percebe-se que o melhor nível de satisfação se situa
na avaliação do AVA com 94,7% das avaliações consideradas entre os níveis 3 - 5 (bom a
excelente), seguido ainda neste nível de pontuação por três outros aspectos: ALT x T com 85%,
FORM com 81,3% e REC com 73,4%. No que se refere à insatisfação destacou-se aos valores
destinados à bolsas de remuneração dos tutores a distância (VLB), item este que contrasta com as
demais notas, com 53,3% das respostas situadas no intervalo de 1-2 (insatisfatório e regular).
O gráfico seguinte, em que calculamos o valor médio em cada um dos aspetos avaliados,
na escala de 1 a 5 (insatisfatório a excelente) verifica-se o destaque do AVA (com valor médio de
3,8), seguido dos aspetos ALT x T e FORM, com valres médios de 3,6 e 3,5, respetivamente. O
aspecto com menos valor é o VLR valor atribuído à bolsa de remuneração à tutoria a distância),
pontuado no nível de regular, o que traduz a insatisfação que os tutores sentem em relação à
remuneração do trabalho que desempenham.
158
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Gráfico 24 - Níveis de satisfação do tutor a distância da UAB (1 a 5) por aspecto avaliado (valor médio)
Observou-se, entretanto, que apesar dos elevados níveis de satisfação demonstrados pelo
ambiente virtual de aprendizagem, surgiram algumas críticas por parte dos entrevistados quando
estes mencionavam aspectos que poderiam melhorar na UAB, situando tanto na vertente
pedagógica quanto de gestão do ambiente. Um dos respondentes enfatizou descontentamento em
relação ao desempenho da "Equipe Moodle" - responsável pela implementação dos cursos no
ambiente virtual - tendo relatado problemas relacionados com o cumprimento dos prazos inerentes
a oferta das disciplinas e diversos erros identificados durante o curso os quais não foram
pormenorizados na análise. Outro participante se referiu à necessidade de "melhor suporte do
Moodle", enfatizando a importância desses profissionais na condução dos cursos.
Primeiramente, deveria valorizar mais o trabalho do professor tutor, (...) inclusive em termos de
remuneração. (R8. Questão 2 - Pesquisa Ampla)
159
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
A bolsa não é atrativa, isso, fez com que muitos tutores de qualidade tenham fugido da EAD.
(R27. Questão 2 - Pesquisa Ampla)
Deveria melhorar na melhor qualificação dos tutores, melhorar o financeiro, pois nos
dedicamos tanto que o valor da bolsa, nos deixa desmotivados quanto a continuar atuando na
EAD. (R28. Questão 2 - Pesquisa Ampla)
Valorização profissional oferecendo melhores condições financeiras para atuar. (R45. Questão
2 - Pesquisa Ampla)
A bolsa deveria ser melhorada, pois temos muitas obrigações na Universidade enquanto a
bolsa é muito inferior ao que trabalhamos. (R48. Questão 2 - Pesquisa Ampla)
Reforçando o argumento anteriormente defendido, a partir do que foi expresso por outro
participante, percebe-se que a bolsa tende a ser utilizada sob a condição de complementaridade
orçamental, devido ao valor e a característica de instabilidade da função, o que pode vir a
comprometer os resultados e o envolvimento do profissional selecionado. A sugestão deste
respondente se pauta na necessidade da composição de uma equipe com "profissionais que
fossem permanentes e mais comprometidos, pois alguns tutores estão na função unicamente pelo
valor da bolsa, não se envolvendo nas demais atividades pedagógicas das disciplinas (planejamento,
avaliação e outros)". (R48. Questão 2 - Pesquisa Ampla)
O gráfico 25 permite uma visualização comparada dos aspectos avaliados, em que o nível
excelente se apresenta crescente na apresentação dos dados, com maior participação quando se
refere à relação entre a quantidade de alunos por tutor (AL x T) e revela uma predominância na
coluna verde, que representa o nível Bom de satisfação dos respondentes.
O Moodle às vezes fica a desejar, maior organização, pontualidade por todos os profissionais
envolvidos (a impontualidade de um desanima os demais). (R2 – Questão 2 – Pesquisa
Ampla).
160
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Não é dada a devida prioridade para investimentos o que acarreta recorrentes problemas na
plataforma Moodle. (R16 – Questão 2 – Pesquisa Ampla)
Gráfico 25 - Níveis de satisfação dos tutores a distância da UAB (1 a 5) por aspecto avaliado
Quando arguidos em relação a razão pela qual o tutor a distância assumiu essa função
educacional, foram obtidas 389 respostas (Gráfico 26), com uma média de aproximadamente 5
respostas por pessoa. Para melhor compreensão, se dividirmos essas respostas em 4 quartis, pode-
se observar que o interesse pela docência em EaD esteve presente na maior quantidade das
respostas, sendo o único item que corresponde às 25% de maior incidência de respostas. Entre
aquelas que se situam entre 25% e 50% mais relevantes destacam-se as seguintes: a possibilidade
de complementação salarial e ingresso na docência, especificamente no contexto do Ensino
Superior: a identificação com a proposta educacional e, - assumindo o mesmo grau de relevância - a
flexibilidade temporal, a possibilidade de desenvolvimento de competências para ampliar a
empregabilidade. No terceiro quartil observa-se a realização pessoal, a oportunidade de participar
de capacitações em tutoria e afins.
161
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Quando verificado nas respostas abertas dos tutores participantes, algumas considerações
reforçam a compreensão de como o reconhecimento e a valorização deste profissional estão
intimamente relacionados. Os argumentos apresentados a seguir, sugerem essa percepção e
atentam para algumas tonalidades interpretativas que merecem destaque para a composição do
que seria essa valorização/reconhecimento na concepção de alguns atores que compõem o
universo estudado. Percebe, entretanto, que há uma ênfase (pura ou combinada com outras
questões) na valorização financeira e reconhecimento enquanto categoria docente:
162
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Minha maior insatisfação atual é a desvalorização recente enquanto tutor. (R1. Questão 2 -
Pesquisa Ampla)
Assim como na educação presencial há profissionais fixos nas instituições de ensino, o mesmo
deveria ocorrer com a UAB, dessa forma teríamos mais professores compromissados com a
qualidade da educação a distância oferecida aos nossos alunos. (R6. Questão 2 - Pesquisa
Ampla)
Reconhecer o professor tutor como docente de uma IES poderia ser um importante passo para
fortalecer a categoria e incentivar o trabalho realizado pelos tutores nas instituições parceiras
da UAB onde atuam. (R9. Questão 2 - Pesquisa Ampla)
Seleção pública para cargo efetivo, que daria mais respaldo e credibilidade. (R23. Questão 2 -
Pesquisa Ampla)
O tutor poderia ter um vínculo empregatício com um salário melhor. (R25. Questão 2 -
Pesquisa Ampla)
163
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
4.5 A visão do tutor a distância em relação aos benefícios da oferta de cursos da UAB
Os participantes, que se vêem imbuídos de lidar com a função de tutoria a distância no
contexto da UAB, possuem uma percepção do Sistema que auxilia na análise de como estes
agentes se comportam em situações de ensino e aprendizagem em rede. Compreender as
motivações e os benefícios gerados pela oferta de cursos a distância, e, mais especificamente da
UAB, para os tutores favorece a materialização dos esforços didáticos despendidos para este fim.
164
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Infere-se, a partir dos dados verificados, que a questão da oferta de ensino superior quando
percebida de forma quantitativa e qualitativa (somatório de A1 e A2), se sobrepõe ao total obtido
pela possibilidade de flexibilidade espaço-temporal, refletida em 54,8% das respostas.
De acordo com o apresentado pelas interseções no gráfico 27, observa-se que a maior
parte das respostas inclui 2 aspectos, (46 respostas), enquanto 18 respostas associaram 3
aspectos e apenas 11 elegeram apenas um aspecto para destacar como principal benefício da UAB.
165
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Ao analisar o cotidiano dos tutores a distância, em uma perspectiva autoavaliativa por meio
da Pesquisa Ampla, observou-se que algumas atribuições presentes nos Editais eram
compreendidas por esses atores como sendo inerentes à sua função, enquanto outras foram
mencionadas com menor grau de incidência de respostas, indicando não terem sido assimiladas
como tarefas próprias desta atividade docente por parte dos respondentes.
166
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
A incidência das respostas por item variou de 89,3% a 42,7% (Quadro 14), sendo a primeira
aquela que é considerada como uma atribuição aceita de forma mais consensual e a última como
uma atribuição que é menos compreendida pelos atores como sendo uma tarefa que lhes compete
gerenciar pedagogicamente.
Analisando os dados que constam no quadro 14 percebe-se que as atribuições com maior
taxa de resposta se situam nas atividades de rotina, na ambientação do aluno à turma e ao
processo de ensino-aprendizagem na EaD, estimulando a autonomia do educando, enquanto as
atribuições com menor taxa de adesão se situam no contexto periférico e de natureza afetiva.
167
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Quadro 14 – Atribuições que são mais associadas ao papel do tutor a distância, na perspectiva autoavaliativa
destes atores educativos
% de
Atribuições
Respostas
correção de atividades 89,3
De início eu pensava que seria como um professor assistente, prestando apoio didático e
pedagógico aos docentes e discentes, competindo a mim a organização de grupos de estudos,
coordenação de laboratório no Polo e tirando dúvida dos alunos em relação a conteúdos das
disciplinas, participando do planejamento das disciplinas juntos aos professores formadores.
(TD1)
168
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
A realidade de alguns cursos gera um estresse grande. Muitas vezes a coordenação coage o
tutor a realizar certas atividades que vão além da que é apresentado pela CAPES em sua
portaria que descreve as atribuições do tutor. (TD6)
Quando iniciei minha atuação como tutora a distância, não tinha noção do trabalho que iria
realizar e imaginava que era algo fácil. Mas, ao longo da minha trajetória nessa área, percebi
que a tutoria é um trabalho árduo que nos exige tempo, compromisso e dedicação tendo em
vista os objetivos a serem alcançados. Numa disciplina, por exemplo, é necessário tornar o
ambiente virtual atrativo aos discentes; estabelecer relação próxima com os discentes por meio
de mensagens estimulando os estudos e solicitando a realização das atividades propostas;
realizar a correção das atividades em tempo hábil para que os estudantes a refaçam, caso seja
necessário; manter contato próximo com o tutor presencial para o acompanhamento mais
efetivo dos discentes, dentre outros aspectos. Por outro lado, esse acompanhamento muitas
vezes se torna difícil, pois nem sempre o tutor presencial é atuante em seu Pólo e os
estudantes, em função das suas realidades, não cumprem os prazos estabelecidos nas
atividades, exigindo do tutor a distância a criação de alternativas para superar essas
dificuldades. (TD11)
Não. Tinha a percepção de que poderia ser mais tranquilo e que se trabalhava menos do que
na educação presencial, mas a educação a distância é um desafio: precisamos nos capacitar
mais, termos disciplina e controle do nosso tempo. (TD 16)
Não. Antes de atuar acreditava que não teria tanto trabalho, ao longo da caminhada fui
percebendo um ensino mais individualizado, focado no aluno e isso exige acompanhamento
intenso e personalizado. (TD17)
169
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
posicionaram de forma contrária, indicando que as 20h semanais estavam além do tempo
necessário de dedicação para esse fim (Figura 10).
Na opinião dos tutores a distância participantes da Pesquisa, além do seu papel, diversos
fatores contribuíam para a aprendizagem do aluno inserido no contexto da EaD, sendo a qualidade
e interatividade do AVA o que mais se destacou, estando presente em 32,5% das respostas (Gráfico
28). Na sequência, foi indicada a qualidade do material instrucional, reiterada em 15,8% das
respostas e a inovação dos recursos instrucionais utilizados, com 14,4% de taxa de resposta. Em
relação ao ultimo item, é importante registrar o entendimento da relevância que o tutor atribui para
a utilização de recursos educacionais inovadores em rede, apesar de ter sido evidenciado que, na
prática, eles os utilizam de forma ainda reduzida.
Gráfico 28 - Fatores, para além do papel do tutor, que contribuem para a aprendizagem do
aluno em EaD
170
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
escala, a referida constatação nos remete à validação da importância dos recursos humanos no
processo de aprendizagem.
A qualidade da IES que certifica também foi considerada importante, estando presente em
11,8% das respostas.
A análise dos dados do gráfico permite observar que cinco aspectos foram mencionados por
mais da metade dos respondentes, distanciando-se, numericamente, de forma considerável dos
demais fatores (Gráfico 30):
171
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
30
Apesar deste aspecto estar abaixo do intervalo médio (entre 20 a 30 respostas), visto ter estar próximo (com 18 respostas) entendemos que devia
estar aqui mencionado e não nos desafios de menor intensidade.
172
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
Na minha concepção o que merece destaque é a relevância do tutor dentro do ambiente virtual
de aprendizagem: ele é quem mantém o ambiente “vivo” interagindo com a turma,
promovendo a comunicação com os conteúdos e a interação entre os alunos. Os demais
atores educacionais, apesar de fazerem parte do processo, não têm a oportunidade de
participar de forma mais próxima dos alunos. O tutor sim, estabelece um contato permanente
com o aluno acompanhando-o durante todo o período do curso, da disciplina. (TD3)
Merece destaque a disponibilidade de tempo (24 horas) para acompanhamento das atividades
dos alunos. (TD8)
173
Capítulo IV – Conceções, teorias e modelos para aprendizagem colaborativa
sensível à situação de cada alunos, sem deixar de exigir as obrigações destes, mas de uma
forma que se adapte à situação de cada um. (TD12)
A relação de comunicação virtual direta com o aluno, onde o modo deste relacionamento
define a qualidade do tutor (TD15)
A responsabilidade que temos em transmitir conhecimento de uma forma diferente sem deixar
os alunos se sentirem abandonados e sem acompanhamento. (TD16)
174
Capítulo V – Discussão dos resultados
5.1 Reflexões em torno do perfil dos tutores a distância da UAB no Ceará e das suas limitações na
ação pedagógica
5.2 O papel do tutor a distância no processo de ensino-aprendizagem na UAB, seus dilemas e
caminhos para a potencialização da sua ação educativa
5.3 A autopercepção do tutor a distância da UAB
Capítulo V – Discussão dos resultados
177
Capítulo V – Discussão dos resultados
5.1 Reflexões em torno do perfil dos tutores a distância da UAB no Ceará e das suas limitações
na ação pedagógica
O grupo entrevistado na Pesquisa Ampla foi composto por 75 tutores a distância, com
prevalência na faixa etária de 24 a 34 anos (53,3%), sendo estes pertencentes à geração Y ou
geração da internet. Para além deste grupo, uma parcela significativa (41,3%) destes respondentes
pertencia à geração X e se caracterizava pela substituição da centralidade do uso dos meios de
comunicações nas mídias impressa e radiofônicas para se tornar consumidor das mídias televisivas,
conforme referido em Souza e Silva (2013, p. 439). Os demais respondentes, com 5,4% de
participantes, pertenciam à geração Baby Boom.
No que se refere à titulação, 96% do universo total dos respondentes possuia nível de pós-
graduação e 69,8% atuava na docência em concomitância com a sua tutoria na UAB, sendo que a
atividade de maior relevância na atuação do tutor a distância se situava no contexto do ensino. A
maior parte dos respondentes (84%) mencionou ter participado em formações para EAD superiores
a 60h, cujas dimensões - tecnológica, de conteúdo e pedagógica - foram contempladas
conjuntamente e/ou de modo combinado, com ênfase em uma perspectiva prático-teórica. Os
resultados obtidos na Pesquisa Ampla revelaram que as temáticas privilegiadas pelas formações se
situaram em uma abordagem das diretrizes metodológicas da UAB, fundamentos da EAD e
ambientação geral do tutor no AVA.
Mesmo diante das exigências próprias da atividade tutorial e dos desafios a ela associada, o
nível de satisfação manifestado pelo tutor a distância se situou predominantemente como ótimo,
com maior ênfase no AVA, seguido pelo quantitativo de alunos por turma. Alguns elementos
referidos como sendo aspectos positivosda EaD foram expressos na possibilidade de flexibilidade
espaço-temporal, que permitia conciliar com outras atividades laborais, e na possibilidade dos
tutores a distância participarem ativamente da ampliação da oferta educacional tão necessária no
179
Capítulo V – Discussão dos resultados
contexto brasileiro. Foi mencionado ainda pelos respondentes, no capítulo anterior, que, também, o
esforço pessoal, a disponibilidade em realizar sua atividade com excelência contituíram-se forças
motrizes para a condução do ensino-aprendizagem em rede.
180
Capítulo V – Discussão dos resultados
pessoal), mas que ainda se encontra num processo de desenvolvimento quanto às suas
competências de desempenho na gestão pedagógica” (Silva, et al., 2014, p. 14). Assim, os autores
consideram que
"existe ainda uma trajetória a ser percorrida para a utilização das tecnologias digitais na gestão
da sua atividade pedagógica, apontando para a urgente mobilização das instituições
universitárias, enquanto instituições formadoras, para a inclusão das tecnologias digitais de
modo estratégico no currículo, definindo-se as competências docentes necessárias às
especificidades de cada curso” (Silva, et al., 2014, p. 14).
Desta feita, observa-se que o saldo decorrente desta vasta combinação de vivências,
percepções, experiências, associado às particularidades do indivíduo, sua formação enquanto
pessoa e profissional, e seu contexto educacional tornam-se indissociáveis da construção do ser
educacional tutor a distância com todas as suas qualidades e imperfeições. Portanto, durante a
construção da própria identidade, ou do seu percurso identitário, em decorrência dessas
influências, o sujeito muitas vezes pode vir a reproduzir práticas anteriormente vivenciadas por
profissionais que lhe inspiraram ou que são considerados referências na sua área, mas que por
vezes se encontram defasados do tempo presente e descontextualizados das demandas e
expectativas atuais no contexto da sociedadee da educação em uma pespectiva tecnologicamente
inserida.
Para Marcelo (1999) o ajuste dos professores a sua nova profissão depende:
A formação assume maior relevância para os professores principiantes, pois é neste período
que ocorre uma intensificação do aprendizado profissional e pessoal, a transição de estudante
para professor, a condição de trabalho leigo para profissional, de inexperiente para expert, de
identificação, socialização e aculturação profissional (p. 1).
Infere-se, todavia, que o tutor a distância no seu caminhar docente pode vir a aspirar
construir sua identidade inspirado nas referências positivas daqueles que contribuíram para sua
formação, observando que esta deve ser aprimorada a partir da maturidade didático-conceitual
acrescentada pela sua vivência nos espaços educacionais e pelas experiências de vida e trabalho,
de forma que esse docente neonato constitua uma versão contemporânea daqueles que o
181
Capítulo V – Discussão dos resultados
Neste sentido, percebeu-se que a formação acadêmica dos tutores a distância que
participaram neste estudo condizia com o desafio docente a eles imposto, embora tenha sido
verificado que esses profissionais assumiam outras funções em concomitância com a atividade da
UAB, o que, associado à precariedade da contratação, representa um dificultador do engajamento
docente adequado.
182
Capítulo V – Discussão dos resultados
Há um debate constante no mundo acadêmico sobre quem é levado a estudar on-line. Tem-se
como fato dado que os alunos que estudam on-line são adultos, pois essa espécie de
aprendizagem, que se dá em qualquer lugar e a qualquer hora, permite-lhes continuar
trabalhando em turno integral sem deixar de também dar atenção à família. O aluno on-line
“típico” é geralmente descrito como alguém que tem mais de 25 anos, está empregado,
preocupado com o bem-estar social da comunidade, com alguma educação superior em
andamento, podendo ser tanto do sexo masculino quanto do feminino. (Gilbert, 2001, p.74
citado em Palloff & Pratt, 2004, p.23)
A EAD visa prioritariamente a populações adultas que não têm possibilidade de freqüentar uma
instituição de ensino convencional, presencial e que têm pouco tempo disponível para dedicar
a seus estudos. A separação física do contexto convencional de sala de aula é em geral
considerada apenas em seus aspectos relacionados com a ausência de integração entre
professor e aluno e entre os estudantes. Há, porém outros aspectos fundamentais desta
separação, como a ausência de contato com o ambiente da escola (acesso a bibliotecas,
laboratórios, etc), o deslocamento aos colegas, que modificam radicalmente as condições de
estudo. (Belloni, 2008, p. 46)
Como resultado da Pesquisa Ampla foi observado que o tutor a distância da UAB considera
que a centralidade da sua atuação se situa na tríade que envolve contexto pedagógico, social e
técnico, que necessariamente caminham juntos e de modo integrado para a condução do processo
de e-learning. Desta feita, a sua ação na gestão educacional, ainda na percepção dos respondentes,
foi secundarizada enquanto os aspectos voltados à empatia (adquirida na virtualidade mediante a
utilização de estratégias de envolvimento do aluno, apropriadas para garantir o estímulo à
aprendizagem online) e à didática foram evidenciados positivamente. A partir desses três pilares
(pedagógico, social e técnico), os tutores a distância encontram o caminho para fortalecer sua ação
educativa, utilizando seus conhecimentos e habilidades a serviço do aluno.
183
Capítulo V – Discussão dos resultados
resistência em relação à cultura digital na educação de parte dos tutores, assim como há falta de
preparação destes para potencializar o uso das tecnologias por parte de outro grupo, acompanhada
de pouca densidade e foco na usabilidade das tecnologias para fins educacionais nas formações
realizadas pela UAB.
Sugere-se, portanto, que as formações para EAD agreguem aspectos mais inovadores que
possibilitem a ampliação do uso das tecnologias com fins educacionais com a abordagem mais
aplicada e situada em boas práticas e que nestas formações equipes de desenvolvedores se juntem
aos tutores para a eleição dos recursos educacionais a serem disponibilizados na sala de aula
virtual. Esse sentimento ficou expresso na Pesquisa Ampla e foi reforçado pela Pesquisa
Aprofundada.
Desta forma acredita-se ser possível, por meio de uma formação mais intensa e aplicada,
potenciar o uso dos recursos disponíveis para a comunicação síncrona e assíncrona, praticados
com maior intensidade nos ambientes virtuais e utilizados nas relações educacionais com os alunos
no contexto educativo da UAB, cujo objetivo consiste em atrair o interesse dos alunos para a
interação e aprendizagem em rede. Neste sentido, Ferreira (2010) defende que:
É preciso, portanto, atentar ao uso das tecnologias educativas de modo a que ela venha ao
encontro das demandas dos alunos universitários da atualidade, cujo perfil de aprendizagem se
184
Capítulo V – Discussão dos resultados
desenvolve por meio de múltiplos estímulos e cujos aprendentes se adaptam facilmente a lidar com
recursos tecnológicos inovadores, demonstrando naturalidade própria dos nativos digitais.
o(a) tutor(a) fica no limbo entre a identidade de professor e a de alguém que não é professor,
mas sim um profissional que acompanha os estudantes no Ambiente Virtual de Aprendizagem,
verificando seu nível de envolvimento com a disciplina e interagindo a partir dos conteúdos
propostos.
A seguir apresentamos algumas “falas” dos tutores que evidenciam estas autopercepções.
O tutor é um PROFESSOR
Ser tutor é atuar como professor, como mediador, como orientador e como catalisador. Aquele
que incentiva e encoraja. (...) ser tutor é, sobretudo, ser um colaborador, é ser uma ponte
entre a universidade e os estudantes. (TD2)
Ser tutor é ser professor. É ter domínio do conteúdo, dos processos de ensino e aprendizagem,
das ferramentas digitais e da avaliação. Ter uma visão sistêmica do processo de aprendizagem
via AVA. O tutor é o ator que lida diretamente com o aluno, ele é o vínculo entre a IEs e o
discente. (TD7)
É ser um(a) professor(a) em tempo quase integral, com atribuições que envolvem domínio de
conteúdo e de tecnologias, além de habilidades de interação e dialogicidade contínua com os
estudantes de EaD. (TD10)
185
Capítulo V – Discussão dos resultados
sempre que necessário de modo bem informal pela facilidade da comunicação entre tutor e
aluno. (TD15)
O tutor é um EDUCADOR
É ser um educador antenado nas novas demandas de ensino nas quais se inserem as
tecnologias, sem se desfazer do lado humano, afetivo, que tanto faz a diferença na relação
com o aluno. É ser alguém presente verdadeiramente na rotina do aluno, mesmo estando
distante geograficamente. (TD12)
O tutor é um COLABORADOR/PARCEIRO
Ser tutor é, sobretudo, ser um colaborador, é ser uma ponte entre a universidade e os
estudantes. (TD2)
O tutor é um MEDIADOR
Ser tutor é atuar como professor, como mediador, como orientador e como catalisador. Aquele
que incentiva e encoraja. (TD2)
O tutor é um FACILITADOR
Mas é justamente esse sujeito preso a todas as limitações que finda por ser o facilitador de
todo o processo. (TD13)
186
Capítulo V – Discussão dos resultados
O tutor é um MODERADOR/ORIENTADOR
O tutor a distância é um profissional que tem o desafio de buscar conhecer e interagir com
seus alunos a partir do uso de diferentes ferramentas. (TD14)
As “falas” dos tutores a distância que participaram da pesquisa sugerem ainda que a
atuação de tutoria no contexto brasileiro é desafiante, uma vez:
que o profissional se vê assoberbado com várias funções e conta com escassa valorização,
com contrapartida financeira baixa e ainda uma falta de identidade profissional. (TD10)
O tutor, percebido pelos próprios tutores, assume multiplas funções, sendo, portanto, um
agente que co-protagoniza o processo educacional, tornando os espaços virtuais atrativos, “vivos”,
“reais”, dinâmicos e aptos ao desenvolvimento do conhecimento.
187
Capítulo V – Discussão dos resultados
• Pontualidade
• Feedback em tempo hábil
• Assiduidade/presença on-line
• Domínio tecnológico e facilidade de navegação no AVA
Neste sentido, o tutor a distância se percebe como um agente educacional que possui
conhecimentos curriculares e tecnológicos para atuar no AVA, que seja didático e que auxilie no
desenvolvimento da autonomia do aluno para que estes se tornem aptos a caminharem em seus
percursos rumo à aquisição do conhecimento. Ao mesmo tempo é necessário que este tutor a
distância seja pontual, entusiasta, paciente e motivador, estando presente virtualmente na rotina
dos alunos, comunicando-se com eles (de modo bidirecional e multidirecional) de modo sistemático
e empático.
188
Capítulo V – Discussão dos resultados
também deu conta das múltiplas autopercepções que os tutores participantes têm sobre o exercício
das suas funções, deixando em aberto a necessidade de uma melhor clarificação do perfil destes
profissionais, no conjunto dos agentes educativos que atuam no contexto brasileiro da EaD. Este é
um tema desafiante para dar continuidade este trabalho em nova oportunidade, trazendo ao debate
a visão dos demais atores educativos, em particular dos estudantes.
189
Considerações finais
Considerações finais
Nesta seção foram apresentadas as considerações finais, pautadas nas questões levantadas
pela Tese e seus objetivos.
193
Considerações finais
Considerações finais
Nas últimas décadas, a informação e o conhecimento têm sido aspectos que muito se
expandiram, trazendo como reflexo uma série de efeitos positivos e negativos, que permeiam a
velocidade e facilidade de comunicação, a conexão globalmente situada, a facilidade de acesso à
pesquisa formal e informal e a mobilidade de pensamentos e permuta de conhecimentos, a
possibilidade de criação multiautoral em redes, dentre outros. Neste sentido, é fundamental que os
recursos e serviços beneficiados pelas tecnologias sejam de fácil compreensão por parte daqueles
que estão implicados no processo de utilização dos produtos resultantes da incorporação das
tecnologias.
No contexto educativo no Ensino Superior, foco central desta Tese, a incorporação das
tecnologias aos processos pedagógicos tem se ampliado nos processos de ensino-aprendizagem
195
Considerações finais
A docência, realizada quer pelo professor quer pelo tutor na modalidade da educação a
distância, tem sido convocada a renovar-se para adaptar-se aos novos contextos tecnológicos e às
necessidades educacionais que venham responder a essa realidade social da atualidade, onde
aprendizes pertencentes às novas gerações têm sua orientação de aprendizagem realizada por
vezes por pessoas cuja formação inicial para o magistério se pautava predominantemente em
196
Considerações finais
metodologias de ensino voltadas para o cenário presencial. Para além da docência, os modelos de
tutoria, presencial e a distância, também têm sido convocados a renovarem-se, reinventando-se a
partir do olhar para a amplitude desta atividade na concepção das experiências bem sucedidas no
mundo, de forma conjugada com as percepções daqueles que atuam nesta atividade, de modo a
perceber caminhos que melhor se ajustem para o alcance de resultados de desempenho estudantil.
Este trabalho centrou-se no papel do tutor a distância com o intuito de dar voz a este agente
educativo de modo a melhor compreender o seu papel e a sua importância no processo de ensino-
aprendizagem na sociedade em rede: como é ele se percebe na sua ação pedagógica, como seu
estilo docente se manifesta na praxis; o que o mobiliza para a escolha e permanência na função; e
quais os desafios a serem superados para potencializar a sua atuação para atrair, dinamizar e
incentivar a aprendizagem do aluno no contexto de uma EAD contemporânea.
O presente trabalho se desenvolveu para responder a três questões, que deram origem a
nove objetivos específicos e estes foram discorridos ao longo de toda a Tese.
Para que esses avanços aconteçam é preciso investir na capacitação dos agentes
educativos, entre os quais se colocam os tutores, de forma intensa e contínua, para que estes
197
Considerações finais
possam estar atualizados com as inovações tecnológicas e venham fazer uso destas para ampliar
as possibilidades de ensino-aprendizagem em sala de aula virtual, bem como estarem aptos a dar
acesso a recursos complementares comparáveis, ou superiores, aos viabilizados em termos
presenciais nas escolas e nos ambientes universitários. A par da capacitação dos agentes
educativos, é preciso garantir que a conectividade e a infraestrutura da EaD sejam de qualidade, de
modo a possibilitar um acesso generalizado democratizado, seja nos polos seja nos domicílios. Sem
esquecer que hoje o acesso faz-se em conexão contínua, em mobilidade e ubiquidade, e por isso
não pode ficar dependente de postos e laboratórios informáticos fixos
Esse tutor necessita ser ouvido, uma vez que a modalidade da EAD é uma tendência que
não tende a ser excluída do cenário educacional, e precisa se sentir mais integrado à equipe de
trabalho e à Instituição a qual se vincula durante a validade da sua seleção.
198
Considerações finais
Retomando aos questionamentos centrais da Tese foi evidenciado que a ação pedagógica
do tutor e, seu estilo docente, se expressa de forma mais tradicional, focada prioritariamente no
aluno, a quem o tutor dedica suas habilidades e seus conhecimentos como professor, educador,
mediador, um colaborador/orientador, moderador ou mesmo um facilitador do processo de
aprendizagem online, tornando-se o mobilizador dos conhecimentos na rede.
199
Considerações finais
que caracterizam a tutoria a distância e os diferentes significados que esta assume nas Instituições
de Ensino Superior que integram a UAB no Ceará e que utilizam a plataforma Moodle como
ambiente virtual de aprendizagem são representados pelo envolvimento nas atividades de rotina, na
interação sistemática com o aluno, na participação na na correção das avaliações e
acompanhamento, monitoramento, registro e documentação das atividades estruturadas, na
participação em atividades de formação docente, no acompanhamento de desempenho do aluno e
no apoio do uso das ferramentas computacionais.
O tutor na UAB tem suas especificidades e estas o fazem percorrer caminhos distintos
daqueles trilhados pelos agentes educativos que exercem atividades tutoriais nas demais IES no
mundo, nomeadamente em Portugal (Universidade Aberta), Espanha (UNED) e Reino Unido (Open
University), conforme análise realizada e o propósito deste estudo. Enquanto na UAB os tutores
desenvolvem suas práticas sem o contato direto com os professores conteudistas, na UAberta
portuguesa estes tutores contam com a presença sistemática do professor à turma lecionada pelo
tutor, de modo a homogeneizar suas práticas e pautam sua atuação regidos por um Plano de
Tutoria; na Open University, os Associate Lecturers contam com a presença de um mentor (staff
200
Considerações finais
tutor) para acompanhá-lo até que o novo tutor esteja familiarizado com a dinâmica da OU e, na
UNED (Espanha) esses tutores têm status de professor.
Entende-se o trabalho como estando ainda em aberto, daí ter sido intitulado este ultimo
ponto de “Considerações Finais” e não “Conclusões”. O trabalho deixou, pelo menos, dois desafios
a pesquisar no futuro.
O primeiro, tem a ver com a dimensão continental do Brasil, pois interessa saber se os
resultados alcançados com tutores a distância que atuam no estado do Ceará e que utilizam a
plataforma Moodle são similares a outros tutores que atuam em outro estado. Ou seja, estes
resultados são replicáveis para os tutores a distância do sistema UAB, independentemente do
estado em que exercem a sua atividade, ou têm especificidade destas três IPES do Ceará?
201
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209
Referências
210
Referências
211
Anexos
213
Anexos
2012-
Legislação 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2016 2017 Total
2015
Decretos 1 1 2
Leis 1 2 1 4
Resoluções 1 1 2 4
Portarias 3 1 3 7 1 2 1 18
Total 1 3 5 2 6 7 1 0 2 1 28
Nº 5.800/06, de 08 de junho de 2006, que dispõe sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil.
Entre outros assuntos:
• Caracteriza o Pólo de Apoio Presencial
• Regulamenta os pré-requisitos previstos para o Pólo em termos de infraestrutura e recursos
humanos
• Determina que o MEC será responsável por firmar os convênios e acordos de cooperação
com as IPES e os entes federativos
215
Anexos
• Define que o MEC publicará editais com vistas à articulação entre os cursos e os programas
e os Pólos onde estes serão realizados
• Determina que o MEC coordenará desde a implantação, acompanhamento e supervisão,
até a etapa de avaliação dos cursos da UAB.
Nº 11.507/07, de 20 de julho de 2007, que institui o Auxílio de Avaliação Educacional - AAE para
os servidores que participarem de processos de avaliação realizados pelo INEP ou pela Fundação
CAPES.
216
Anexos
217
Anexos
218
Anexos
As Portarias são:
219
Anexos
• Estabelece que os tutores bolsistas terão as respectivas bolsas de estudo preservadas pelas
duas agências, pelo prazo da sua duração regular
• Autoriza para atuar como tutor, sendo que as condições deverão ser formulada pela
coordenação do curso ou programa de pós-graduação em que o bolsista estiver
matriculado, com a devida anuência de seu orientador
• Determina que a presente autorização não exime o bolsista de cumprir com suas
obrigações, inclusive quanto ao prazo de validade da bolsa, junto ao curso de pós-
graduação e à agência de fomento concedente da bolsa
220
Anexos
221
Anexos
222
Anexos
223
Anexos
225
Anexos
226
Anexos
227
Anexos
228
Anexos
229
Anexos
230
Anexos
231
Apêndices
Registro da fala:
A professora deteve-se inicialmente ao enquadramento da UAB. A questão inicial é que o Sistema UAB
possui duas versões (UAB 1 e UAB2) e estas estão em pleno funcionamento em simultâneo no Estado
do Ceará.
Segundo a professora, principal diferença consiste no fato de que em uma versão o tutor a distância
acompanha todas as disciplinas do curso e somente conclui sua participação quando aquela
determinada turma se gradua, motivo pelo qual este tenha que possuir conhecimentos em todas as
matérias lecionadas no Curso e, nesse caso, tenha maior sentimento de pertença e conhecimento da
turma.
Ainda segundo a professora, na outra versão da UAB o tutor é selecionado para atuar em uma
disciplina específica.
A similaridade está no fato de que em ambas situações é requerido do tutor a distância que este seja
servidor público ou aluno de Mestrado/Doutorado e que tenha disponibilidade para participação com
carga horária de 20h/aula semanais. Observa-se ainda que, em termos legais, nas duas situações é
vetada a possibilidade de que sejam acumuladas funções para efeito de repasse dobrado de bolsas.
235
Apêndices
Foi abordado pela professora também que há indícios de que a UAB venha sofrer reformulações com
o intuito de redução de custos, em que o custo-aluno passaria da ordem aproximada de R$ 2400,00
para algo em torno de R$ 820,00. Para tanto, o tutor a distância assumiria as atribuições
desempenhadas pelo professor formador (regente) e também pelo tutor a distância.
Em termos de formato de contratação, ambos são selecionados por meio de edital público.
Durante a validação falada, verificou-se que, na experiência da entrevistada a gestão tem um papel
muito importante no estímulo ao tutor, com a preocupação permanente em atualização do
conhecimento destes, bem como o envolvimento docente.
No aspecto relacionado às formações, foi comentado durante a validação falada que algumas destas
teria um formato mais aplicado e outras um formato mais teórico, com carga horária que variam de
40 a 120 horas/aula.
Como aspectos a serem refletidos ficou bem presente na fala a importância do interesse pessoal do
tutor a distância em aprimorar seus conhecimentos, quer seja no contexto tecnológico, de didática ou
mesmo de conhecimentos. Foi dito que existe oferta de cursos com essa finalidade pelo SATI,
entretanto não é uma obrigatoriedade da UAB essa formação contínua desse e-tutor.
Outro aspecto pontuado foi a situação salarial e de reconhecimento do tutor a distância no Ensino
Superior como docente, uma vez que esse não tem seu status equiparado ao professor que ministra
aulas nos cursos ofertados no formato presencial.
Situações como a alta rotatividade também é um aspecto que, na opinião da professora, deve ser
estudado, bem como a precariedade dos vínculos contratuais e a utilização de recursos destinados a
UAB em outras atividades (desvio de elemento de despesa), o que fragiliza o sistema e restringe ainda
mais o aporte financeiro.
236
Apêndices
237
Apêndices
Me chamo Ana Perpétua e sou aluna de Doutoramento em Ciências da Educação pela Universidade do
Minho, sob a orientação do Prof. Bento Duarte da Silva.
Minha tese tem como objetivo investigar a função da docência em EAD e o processo de construção da
identidade profissional do tutor que atua nas Instituições Públicas de Ensino Superior vinculadas ao
Sistema UAB no Estado do Ceará. Para tanto, este estudo contará, entre outros recursos, com a
aplicação de questionários com os tutores a distância e a formação de um grupo focal.
Para tanto, venho convidá-lo(a) a participar dessa etapa que é fundamental para o sucesso da Tese.
Se for possível, peço que confirme e logo enviarei o questionário e o roteiro de validação. A previsão é
de 10 dias para validação dos especialistas, a partir da data de recebimento do questionário.
239
Apêndices
( ) sim
C. ASPECTOS ( ) não
MOTIVACIONAIS DO E-
Observações:
TUTOR(A)
( ) sim
( ) não
D. AVALIAÇÃO DAS
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Observações:
( ) sim
( ) não
E. PERCEPÇÃO DA UAB
Observações:
241
Apêndices
Prezado(a) tutor(a),
Venho solicitar a sua participação no sentido de responder ao questionário que irá subsidiar a Tese
de Doutorado em Ciências da Educação da Universidade do Minho que aborda o tema "A FUNÇÃO
DA DOCÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO E-TUTOR NO
ENSINO SUPERIOR”. O referido estudo estará sendo desenvolvido a partir das informações
captadas junto aos agentes educacionais que atuam nas Instituições Públicas de Ensino Superior
vinculadas ao sistema UAB no Estado do Ceará, com ênfase no tutor a distância.
Este trabalho conta com o apoio da Fundação da Ciência e Tecnologia (Portugal), no âmbito do
Programa de Doutoramento FCT em Aprendizagem Enriquecida com Tecnologia e Desafios
Societais (Technology Enhanced Learning and Societal Challenges – TELSC), e que se desenvolve
sob a minha responsabilidade e orientação do prof. Bento Duarte da Silva. Contato dos autores:
anaecorrea@gmail.com e bento@ie.uminho.pt.
A sua colaboração será de extrema importância. Dado que se trata de uma investigação, os
resultados obtidos não serão considerados individualmente, mas sim de forma global.
Os seus dados serão tratados de forma confidencial, protegendo assim o seu anonimato e da
Instituição.
Caso concorde em participar neste estudo por favor selecione a opção seguinte e forneça os seus
dados de caracterização.
Saudações acadêmicas!
Atenção: Este questionário requer cerca de 20 minutos. Verifique a sua disponibilidade de tempo
antes de iniciar.
243
Apêndices
Prezado(a) tutor(a),
Venho agradecer àqueles que já participaram respondendo ao questionário e sensibilizar aos que
ainda não responderam para que nos auxiliem no processo de investigação que culminará na Tese
Doutoral que aborda "A FUNÇÃO DA DOCÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E A CONSTRUÇÃO
DA IDENTIDADE DO E-TUTOR NO ENSINO SUPERIOR”.
O referido estudo tem como objetivo recolher e refletir sobre elementos que norteiam a práxis, as
dificuldades, expectativas e motivações da tutoria a distância tendo como ponto de partida o olhar
daqueles que atuam nesta atividade na UAB no Estado do Ceará.
Para além da Tese, os resultados serão apresentados em eventos acadêmicos e submetidos para
publicação em revistas especializadas, permitindo que esse panorama sirva de referência para
discussões e esclarecimento de quem é esse tutor a distância, como ele se posiciona
pedagogicamente e qual o seu real papel na educação superior, levando a tona a voz e o
pensamento desse agente educacional fundamental no panorama atual e no futuro.
Atenção: Este questionário requer cerca de 20 minutos. Verifique a sua disponibilidade de tempo
antes de iniciar.
245
Apêndices
247
Apêndices
248
Apêndices
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Apêndices
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Apêndices
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Apêndices
Apêndice 8 - Roteiro dos tópicos abordados na entrevista com a Universidade Aberta em Portugal
257
Apêndices
Dear Sirs,
I´m a student at the Education Doctorate Program at UMinho University - Portugal finding myself
right now at the final stage of my thesis, which focuses in the distance tutor and in the tutorial
activity within the Brazilian context, approaching a general overview regarding the reference models
in Distance Education around the world and its specific characteristics.
To better understand how the Open University performance works, in the practical context of the 1st,
2nd and 3rd cycles, I would like to count on your replies referring to subjects you are familiar with:
a) How are the OU physical and virtual environments structured for the graduate courses
offered regarding 1st, 2nd and 3rd cycles?
b) Who are the professionals involved in the educational process (starting at the content
production up to the teaching model adopted by OU)?
c) What is the coverage range (national and/or international) and how do you get it and how
are performance reviews conducted?
d) What are the necessary steps to be taken so that one can have access to graduate courses
at OU?
e) What is the virtual learning model like (interaction level, number of students/professors,
distance tutor presence?)
• Content production;
• Definition of media to be used and the learning strategies;
• Carrying out of evaluations;
• Motivation to access the Student Virtual Environment;
• Learning support;
• Correction of activities;
• Educational routine follow-up;
259
Apêndices
g) What is the selection/hiring profile like and what is expected of the distance tutor
performance?
h) Does the distance tutor take some kind of training? If so, is there any kind of ambience
module to the Student Virtual Environment (does this have a pedagogical profile or is it a
simple access to the material?) What is the bond between the teacher and tutor at OU and
how is he or she hired/selected?
i) What are the OU distinguishing features in relation to others around the world?
I appreciate the participation of the Open University reiterating the importance of feedback to the
success of the research.
Best regards,
260
Apêndices
Estimado(a),
261
Apêndices
h) ¿El tutor a distancia pasa por algún tipo de Formación para Tutoría? En el caso positivo,
hay algún tipo de módulo de ambientación para el AVA (ese se da bajo el aspecto
pedagógico o sólo se sitúa en la forma de navegación)? ¿Cuál es el tipo de vínculo del
profesor y del tutor en la UNED y cómo se contrata / selecciona?
i) ¿Cuáles son los diferenciales de la UNED en relación a los demás presentes en el mundo?
j) ¿Cómo se han avanzado las prácticas educativas a partir del e-learning en la UNED?
Saludos,
262
Apêndices
263
Apêndices
QUESTÃO 2:
Em sua opinião, no que o Sistema Universidade Aberta do Brasil poderia melhorar? (resposta
opcional)
1. Minha maior insatisfação atual é a desvalorização recente enquanto tutor. Por causa dos
últimos cortes de verbas para educação, em especial a UAB, minha turma de 45 alunos
que antes contava com 2 tutores a distância e 1 presencial, no momento só tem a mim
desempenhando função de tutor a distância, ou seja, muito difícil cumprir a contento meu
papel.
2. O Moodle às vezes fica a desejar, maior organização, pontualidade por todos os
profissionais envolvidos (a impontualidade de um desanima os demais).
264
Apêndices
3. Poderia ser melhor ao fornecer materiais didáticos de qualidade nos pólos presenciais.
Outro aspecto, seria aumentar o tempo para cada disciplina, onde a mesma pudesse ser
mais explorada. Durante a minha tutoria (menos de oito meses) minha bolsa foi cortada
por falta de verbas, permanecendo no curso apenas o tutor presencial e ainda assim
continuo ajudando aos alunos por meio do moodle ou via celular. Fica minha insatisfação
quanto a desvalorização do profissional a distância!
4. Maior valorização dos professores-tutores.
5. Mais atenção às demandas do tutor e melhorar a remuneração do mesmo.
6. Assim como na educação presencial há profissionais fixos nas instituições de ensino, o
mesmo deveria ocorrer com a UAB, dessa forma teríamos mais professores
compromissados com a qualidade da educação a distância oferecida aos nossos alunos.
7. Poderia melhorar as TIC que são precárias no Ceará.
8. Primeiramente, deveria valorizar mais o trabalho do professor tutor, reconhecendo-o como
figura que exerce papel determinante para o processo de ensino aprendizagem na
modalidade, inclusive em termos de remuneração, uma vez que a bolsa de R$ 765,00
que é paga, não condiz com o trabalho realizado.
9. Além disso, deveriam considerar os anos de trabalho na tutoria como experiência docente
no ensino superior, inclusive podendo ser colocada no currículo, o que não é feito.
Reconhecer o professor tutor como docente de uma IES poderia ser um importante passo
para fortalecer a categoria e incentivar o trabalho realizado pelos tutores nas instituições
parceiras da UAB onde atuam.
10. Garantir que os recursos financeiros destinados aos cursos sejam mantidos, repassados
integralmente de forma a viabilizar a realização de inúmeras atividades. Muitos cursos
atingiram uma excelência em termos de serviços prestados à comunidade discente, com a
realização de projetos de extensão, além da realização de atividades de ensino e pesquisa
que que têm contribuído, sobremaneira, para a formação docente, foco principal dos
programas de EaD.
11. Seria importante exigir das autoridades competente um maior investimento nesta
modalidade de ensino pois assim sendo haverá uma democratização do ensino superior
no Brasil.
12. Na parte prática, o desempenho da equipe moodle, à atenção aos processos de oferta das
disciplinas: tivemos muitos problemas com disciplinas que não foram ofertadas a tempo
ou foram ofertadas com erros.
13. Maior proximidade da coordenação com os alunos.
14. Melhorar a seleção dos alunos e a avaliação destes.
15. Melhor suporte do Moodle.
16. Creio que poderia contribuir com oferta de recursos tecnológicos modernos considerando
que os existentes nas IPES estão absolutamente defasados e não é dada a devida
prioridade para investimentos o que acarreta recorrentes problemas na plataforma
Moodle.
17. Poderia melhorar, na minha opinião, propondo reuniões com mais frequência entre
tutores e a equipe pedagógica. Realizando feedbacks.
18. Profissionais que fossem permanentes, mais comprometidos, pois alguns tutores estão na
função unicamente pelo valor da bolsa, não se envolvendo nas demais atividades
pedagógicas das disciplinas (planejamento, avaliação, e outros)
19. Investir na melhoria do material didático-online.
20. Creio que o formato está muito bom. De fato, o sistema tem chegado a quem interessa,
265
Apêndices
isso é muito importante. No entanto, entendo que este sistema deva ser mais protegido
dos arroubos políticos. Senti muito os cortes que vêm acontecendo. Além disso, desde
que foi criada, o tutor a distância, peça chave na mediação dos conteúdos, nunca teve
reajuste da bolsa, que para muitos é uma fonte de renda. Além disso, o reconhecimento
da academia de seu trabalho e da figura do profissional. Conheço muitos professores de
educação básica que são excelentes tutores a distância, mas pouco são lembrados nos
momentos de gloria da UAB.
21. Oferecendo cursos tecnologicos e também outros de bacharelados.
22. Calendário poderia ser melhor divulgado, com datas exatas de início e término de
semestre; Realização de vestibulares ou seleções a cada semestre ou ano de forma a não
houver descontinuidade do programa; Valores das bolsas precisam aumentar pois abaixo
do salário mínimo não atrai novos tutores.
23. Acho que uma seleção pública para cargo efetivo daria mais respaldo e credibilidade.
24. Primeiramente, deviam ser ofertados mais cursos.
25. Deveria haver mais incentivo para a capacitação dos tutores presenciais e à distância.
O tutor poderia ter um vínculo empregatício com um salário melhor.
26. A qualidade do curso se adapta à qualidade educacional básica dos alunos. A EaD no
Brasil veio com o pensamento de expandir o ensino superior a localidades onde o ensino
presencial não poderia chegar com facilidade, devido aos altos custos de instalação física
dos cursos. Porém, antes da universidade chegar a estas localidades, deveria haver uma
capacitação, talvez os cursos sequer deveriam ser de ensino superior, mas possivelmente
cursos técnicos, por exemplo. Ou mesmo cursos de aperfeiçoamento voltados a
trabalhadores da área de educação ou gestão pública. Os alunos não dominam as
habilidades técnicas básicas. Em alguns casos, por exemplo, existem analfabetos
funcionais, que não conseguem interpretar textos simples ou mesmo construir textos
lógicos. Infelizmente, a forma como se construiu o sistema UAB incentiva que estes alunos
sejam levados até o final do curso. Digo, tratando por baixo, que 70% dos alunos da UAB
não teriam condições de sequer possuir um certificado de nível médio. Da forma como
está, não há como se manter a EaD no país, se tornou apenas uma fábrica de diplomas,
sem capacitar, minimamente, a maior parte de seus estudantes. Se o aluno sequer
consegue dominar as técnicas básicas de aprendizagem, como poderá possuir maturidade
suficiente para ser parte importante em seu processo de aprendizagem? A EaD exige um
nível maior de maturidade para o aluno regular seus horários de estudo, fazer pesquisas
sozinhos, etc.
27. Poderíamos anualmente propor Seminários regionais, para estimularmos a socialização
das experiências vivenciadas pelos Tutores no dia a dia da EAD, buscar novas alternativas
para práticas pedagógicas, a bolsa não é atrativa, isso, fez com que muitos tutores de
qualidade tenham fugido da EAD.
28. Deveria melhorar na melhor qualificação dos tutores, melhorar o financeiro, pois nos
dedicamos tanto que o valor da bolsa, nos deixa desmotivados quanto a continuar atuando
na EAD.
29. Não pode acabar em um país de tamanho continental como o Brasil, e com a
precariedade dos acessos rodoviários interior-capital e a desumanização na gestão de
pessoas das empresas privadas que muitas vezes não liberam os funcionários para o
estudo ou atividades presenciais em suas faculdades.
30. No acompanhamento pedagógico dos tutores, com a realização de encontros semestrais e
oferta de cursos de qualificação, bem como na cobrança de qualidade no trabalho
266
Apêndices
realizado pelos tutores, pois ainda é possível encontrar tutores que não estão preocupados
com os resultados obtidos pelos alunos, mas apenas em exercer suas funções
superficialmente.
31. Valorização dos professores tutores, conteudista e formadores.
32. A bolsa do tutor a distância.
33. Na melhoria das bolsas oferecidas ao tutor e na valorização do professor-tutor.
34. Manter todos os encontros presenciais previstos anteriormente e a acessibilidade diária à
internet em todos os polos.
35. Oferecer mais cursos.
36. Os Encontros presenciais deveriam ser maiores, ou seja, eles deveriam ser a cada 15
dias.
37. Apesar da proposta de ensino ser "à distância", muitos alunos não possuem acesso tão
facilitado a internet. Em alguns casos, o material didático não é recebido no pólo de
ensino, logo, o aluno fica totalmente dependente do AVA para acessar a apostila e fazer os
seus estudos. Se o material didático fosse recebido no pólo antes da disciplina começar,
creio que os alunos se dedicariam mais aos estudos. Outra questão que percebi, é que os
alunos necessitam de mais aulas práticas e aulas de campo.
38. Que essa política de ensino fosse mantida e com a qualidade em todos os aspectos
(pedagógicos, físicos e financeiros).
39. No AVA, especialmente o moodle na Instituição que não dar para escrever textos em
linguagem matemática, por exemplo.
Na divulgação dos resultados educacionais obtidos em diferentes meios de comunicação
(Marketing Institucional), bem como as produções dos alunos e professores.
40. Mudança nos ambientes virtuais de aprendizagem. A Plataforma Moodle deveria ser
melhorada.
41. Na formação pedagógica e técnica dos tutores.
42. Seleção para o núcleo gestor.
Os professores deveriam ter carga horária exclusiva para EAD.
Seleção para tutores por disciplina.
43. Recursos financeiros e tecnológicos.
44. Escolher tutores melhor qualificados. Aumentar o valor da bolsa.
45. Na capacitação dos atores envolvidos e na valorização profissional oferecendo melhores
condições financeiras para atuar.
46. Vincular o tutor à Universidade.
47. Remunerar melhor os tutores e coordenadores.
48. A bolsa deveria ser melhorada, pois temos muitas obrigações na Universidade enquanto a
bolsa é muito inferior ao que trabalhamos.
267
Apêndices
QUESTÃO 1:
Na pesquisa anteriormente realizada com tutores a distância da UAB foi observada uma maior
utilização de recursos educacionais tradicionais em detrimento dos recursos que melhor poderiam
atender às demandas educacionais próprias da EaD. Em sua opinião, o que poderia explicar esse
comportamento?
269
Apêndices
TD5 - A pouca formação para atuação na modalidade Ead, além de seleção priorizar itens como
funcionalismo público sem necessariamente ter vínculos com educação e formação docente, o que
fragiliza a modalidade que dispõe de características próprias e distintas da modalidade presencial.
TD6 - Alguns fatores influenciam a escolha de recursos tradicionais. Dentre eles no domínio da
ferramenta, o desinteresse em aprender um novo recurso para aplicar com seus alunos. Novos
recursos tecnológicos acarretam no tutor o receio de correção e atribuição b adequada da nota do
aluno.
TD7 - O Brasil vive um processo de "aceitação" e também de muito aprendizado com a EaD. O
programa UAB trouxe, sem dúvidas, variadas reflexões aos profissionais da Educação. Estamos em
processo de ajustes desse programa, apesar de termos caminhado, evoluido e corrigido falhas ao
longo desses anos, ainda temos muito a aperfeiçoar e criar. Nesse sentido, a adoção de recursos
inovadores, TI de ponto e cenários virtuais modernos está longe da realidade de muitas instituições
de ensino no país. É complexo investir em TI se as pessoas não estão preparadas ou se a EAD na
IEs não está consolidada, com profissionais da área e servidores efetivos, pensando nas
universidades públicas. Acredito que muitas IEs privadas consigam ofertar seus cursos através de
plataformas modernas, com recursos variados, utilizando diversas mídias, já que o foco aqui vai
para além da aprendizagem e há um retorno financeiro imediato.
TD8 - A inserção de novas tecnologias é um comportamento natural do ensino a distância,
acompanhando a sua evolução.
TD9 - A resistência de alguns gestores e/ou tutores.
TD10 - Acredito que isso acontece devido à falta de formação continuada em tecnologias
educacionais mais apropriadas, bem como pela falta de avaliação e acompanhamento mais
sistemático e periódico das equipes de gestão em EaD.
TD11 - De modo geral, o contexto de vida dos estudantes não favorece o uso de ferramentas, como
o chat, que incentivam uma troca de conhecimentos e experiências em tempo real. As dificuldades
encontradas são, principalmente, o tempo para o encontro e a internet de qualidade. Considerando
isso, penso que as atividades como fórum e tarefas tem sido priorizadas no ambiente virtual. Mas,
mesmo nos fóruns, o diálogo tutor a distância-estudante e estudante-estudante tem sido frágil
diante da pouca participação dos discentes. Em muitas situações, estes se preocupam em fazer
uma ou duas postagens acreditando que assim já cumpriram sua responsabilidade. Creio que,
independente, da ferramenta utilizada no ambiente virtual, devemos reforçar constantemente a
importância dos estudos e a necessidade de um maior compromisso e dedicação a sua formação
profissional.
TD12 - Embora eu não tenha participado da pesquisa anterior e não saiba exatamente quais
recursos foram mencionados, deduzo que a falta de conhecimento e treinamento de novas
ferramentas seja a principal causa da pouca adesão aos novos recursos.
TD13 - As pessoas ainda têm a cultura da aula presencial e os modelos educacionais presenciais
são seguindo os formatos mais tradicionais. A lógica da presencialidade ainda é muito forte nos
cursos de formação de professores. Falasse muito de novas práticas na academia, mas a prática
das aulas é de raiz fortemente pautada no que SAVIANI chama de teorias não criticas da educação.
Tudo isso influência nesse currículo oculto que emerge na EAD.
TD14 - Acredito que isso ocorra porque muitos professores ainda se encontram presos a práticas
tradicionais. Com isso muitas vezes apenas mudam oa ferramenta metodológica ser utilizado
durante a aula, mas não alteram a sua prática pedagógica. Conheço professores que sabem utilizar
as redes sociais, mas não conseguem ver que elas poderiam ser utilizadas como ferramenta
educativa. Outros ainda temem deixar os alunos usarem o comportado ou celular em sala de aula,
por medo de perderem o controle da turma.
270
Apêndices
QUESTÃO 2:
A sua percepção inicial quanto à rotina, as demandas e os desafios inerentes à tutoria a distância
da UAB se confirmou na praxis? Caso contrário, justifique.
TD1 - De início eu pensava que seria como um professor assistente, prestando apoio didático e
pedagógico aos docentes e discentes. Competindo a mim a organização de grupos de estudos,
coordenação de laboratório no polo e tirando dúvida dos alunos em relação a conteúdos das
disciplinas, participando do planejamento das disciplinas juntos aos professores formadores.
Contudo, me sinto como um secretário da turma, responsável por resolver assuntos como:
problemas na matrícula, emissão de documentos para carteira de estudantes, imprimir declarações
e coisas do gênero. Acho que isso somado ao fato de ser mais novo do que todos os discentes,
mesmo tendo mais tempo de formado, com mestrado e cursando doutorado, acaba contribuindo
para que eles não me vejam como um tutor, como um professor. Não que isso seja um fator
determinante da minha análise, mas os alunos não me chamam de professor. Claro que me
chamar pelo nome indica também alguma forma de aproximação o que é contributivo para a
construção da relação aluno-professor. Entretanto, por vezes vejo eles chamando os demais
docentes de professores, empregando mais cordialidade no trato com esses profissionais e o
contrário ocorre com os tutores tratado por vezes em mensagens - fora do ambiente virtual de
aprendizagem - em redes sociais como se fosse colega de sala.
TD2 - Sim, minha percepção se confirmou.Sou uma pessoa compromissada, metódica, disciplinada
e apaixonada por educação. Percebo a EAD como mais uma possibilidade de compartilhamento e
democratização de saberes. Refleti um pouco antes de participar do processo seletivo, perguntei ao
meu chefe, se por acaso, fosse selecionada, se eu teria a oportunidade de participar de algumas
reuniões de formação. Assim, costumo reservar em meu cronograma de trabalho o tempo de
dedicação para as demandas da tutoria, inclusive para leituras e pesquisas, principalmente os finais
de semana. Dessa forma vou ultrapassando os obstáculos e atendendo aos estudantes.
TD3 - Sim, ao atuar na educação a distância tive a oportunidade de vivenciar uma rotina diferente
das aulas presenciais e pude constatar as dificuldades e desafios inerentes dessa modalidade de
ensino.
TD4 - Sim.
TD5 - Sim. Devido a desorganização a fragilidade dos processos decisórios e pedagógicos, pouco
avanço de planejamento educacional para modalidade Ead, profissionais inseridos que não dispõe
de proximidade com a pratica docente para Ead. Logo prejudica a bom andamento de forma ampla
da pratica de Tutoria.
TD6 - Sim. A realidade de alguns cursos gera um estresse grande. Muitas vezes a coordenação
coage o tutor a fazer certas atividades que vão além da que é apresentada pela CAPES em sua
portaria que descreve as atribuições do tutor. Caso o tutor não realize certas atividades ele é
cortado do quadro de tutores. Se o tutor ficasse somente responsável por sua rotina de condução
271
Apêndices
dos fóruns, correção de atividades, seria mais prazeroso levando a um trabalho com melhor retorno
tanto para o curso, quanto para professores e alunos. Por fim, ocorrem exigências por certas
coordenações que fazem com que uma bolsa de 765,50 não valha a pena.
TD7 - Sim. Tinha uma visão que ensinar a distância era uma desafio, em especial, disciplinas
específicas como cálculo. Em muitas situações a plataforma ou os materiais didáticos não atendiam
as carências educacionais dos alunos. Além disso, outros desafios surgiram durante o processo
como as dificuldades dos alunos quanto ao acesso ao espaço virtual. A realidade do interior do
estado ainda é bem complexa quanto ao acesso à internet. Outro ponto é a quantidade de trabalho
e equipe envolvidos para subsidiar os tutores na execução da tutoria. Cada IEs adota um modelo,
no IFCE, o papel do tutor é o de professor, assim faz-se necessário que ele tenha domínio do
conteúdo e saiba utilizar bem a plataforma.
TD8 - Sim, confirmou-se. A educação a distância, dada a velocidade com que os instrumentos de
tecnologia de informação avançam, trouxeram novas demandas e os desafios a eles inerentes, mas
que estão facilitando o aprendizado.
TD9- Sim
TD10 - Em parte. A atuação de tutoria no contexto brasileiro é desafiante, uma vez que o
profissional se vê assoberbado com várias funções e conta com escassa valorização, com
contrapartida financeira baixa e ainda uma falta de identidade profissional. O(a) tutor(a) fica no
"limbo" entre a identidade de professor e a de alguém que não é professor, mas sim um
profissional que acompanha os estudantes no Ambiente Virtual de Aprendizagem, verificando seu
nível de envolvimento com a disciplina e interagindo a partir dos conteúdos propostos.
TD11 - Quando iniciei minha atuação como tutora a distância, não tinha noção do trabalho que iria
realizar e imaginava que era algo fácil. Mas, ao longo da minha trajetória nessa área, percebi que a
tutoria é um trabalho árduo que nos exige tempo, compromisso e dedicação tendo em vista os
objetivos a serem alcançados. Numa disciplina, por exemplo, é necessário tornar o ambiente virtual
atrativo aos discentes; estabelecer relação próxima com os discentes por meio de mensagens
estimulando os estudos e solicitando a realização das atividades propostas; realizar a correção das
atividades em tempo hábil para que os estudantes a refaçam, caso seja necessário; manter contato
próximo com o tutor presencial para o acompanhamento mais efetivo dos discentes, dentre outros
aspectos. Por outro lado, esse acompanhamento muitas vezes se torna difícil, pois nem sempre o
tutor presencial é atuante em seu pólo e os estudantes, em função das suas realidades, não
cumprem os prazos estabelecidos nas atividades, exigindo do tutor a distância a criação de
alternativas para superar essas dificuldades.
TD12 - Sim, desde o meu curso de tutoria que já tive uma noção de quão era desafiante e
instigador atuar como tutor a distância. Portanto, a percepção inicial se confirmou com a rotina.
TD13 – O que me assustou e destoou do que eu esperava encontrar: as dificuldades técnicas, os
erros básicos (e sem razão de ser) cometidos pelos técnicos que implementam as demandas
planejadas por tutores e professores. Isso causa muito desgaste e stress nos estudantes.
TD14 - Na realidade minha percepção foi ampliada, pois eu acreditava que essa ferramenta era
importante no processo de ensino aprendizagem e com o passar dos anos passei a valorizá-la ainda
mais, em especial pela oportunidade que oferece a muitas pessoas que não poderiam cursar o
ensino regular. Mas, se engana quem acha que pode levar o curso de qualquer maneira. Os cursos
pela EAD, também exigem compromisso e seriedade e terá melhor proveito no curso o aluno que
observar isso desde o principio.
TD15 - Ainda não. Mas, será uma tendência mais que necessária no mundo em que as pessoas
cada fez mais procuram praticidade em tudo, e a educação tem que seguir e acompanhar esta
evolução o conhecimento está de fácil acesso precisando apenas de quem o facilite, no caso o
tutor.
272
Apêndices
TD16 - Não. Tinha uma percepção que poderia ser mais tranqüilo e que poderia trabalhar menos
que na educação presencial, mas a educação a distância é um desafio, precisamos nos capacitar
mais, termos disciplina e controle do nosso tempo.
TD17–Não. Antes de atuar acreditava que não teria tanto trabalho, ao longo da caminhada fui
percebendo um ensino mais personalizado, focado no aluno e isso exige acompanhamento intenso
e personalizado.
TD18–Sim.
QUESTÃO 3:
O que é SER tutor a distância da UAB, em sua opinião?
TD1 - Desde que entrei na UAB fiquei sabendo que o sistema não era uma "Universidade" como é
em outros países o qual o sistema se inspira. Me lembro que o coordenador nas reuniões que
antecederam o início do semestre disse que se fosse uma universidade seriamos professores
concursados com planos de cargos e carreiras. Que a UAB teria uma sede física com reitorias e pró-
reitorias e tudo mais e não só um domínio virtual (http://www.capes.gov.br/uab). O que posso
dizer é o mesmo que é dito para os alunos da UAB, somos bem sinceros com eles quanto a isso. A
UAB do jeito que está estruturada representa a precarização do ensino superior no Brasil.E como
tutores, mesmo nos esforçando para dar o nosso melhor na UAB, sinto que estamos cooperando
indiretamente com essa precarização. Precarização sobretudo das licenciaturas, uma formação em
massa de professores para cidades do interior. Duvido que ofertem um curso de Medicina, Direito
ou Engenharia por esse sistema! Muito menos cursos de especialização, mestrado e doutorado.
Mas se é na área de Educação aí pode ser pela EaD da UAB.
TD2 - Ser tutor é atuar como professor, como mediador, como orientador e como catalisador.
Aquele que incentiva e encoraja. Concordo com Berge quando fala sobre as quatro dimensões e
categorias da função: Pedagógica, Social, Técnica e Gerencial. Para mim ser tutor é, sobretudo, ser
um colaborador, é ser uma ponte entre a universidade e os estudantes.
TD3 - Ser tutor é: - Mediar a comunicação de conteúdos entre os alunos, Acompanhar e avaliar as
atividades, dar feedback - Estar "presente" no ambiente virtual de aprendizagem, isto é, manter
uma regularidade de acesso ao AVA e dar retorno em tempo hábil para os alunos. - Incentivar,
motivar a participação dos alunos.
TD4 - É ser um profissional da educação que seja competente e comprometido com a modalidade
semi-presencial.
TD5 - Moderador de conhecimento, aquele docente que fomenta a busca pelo conhecimento e a
desverticalização do conhecimento como algo unilateral vinculado ao professor. Remontando um
panorama de auto intelectualidade proporcionando ao estudante a construção de identidade como
sujeito fundante do pensamento crítico. Assim o Tutor retorna à posição de coautor do
conhecimento nessa construção intelecto em detrimento de agente central do saber.
TD6 - O tutor a distância tem um potencial significativo no processo de formação do professor
iniciante. Ele tem uma função de motivador dos seus alunos nos momentos estantes. É um
profissional intenso, ele é a força motriz de um curso, pois o sucesso, ou o insucesso de uma turma
está nas mãos de profissional. Infelizmente é um profissional explorado e desvalorizado desde a
CAPES (mais de 5 anos sem correção dos valores da bolsa), até a algumas coordenações de curso.
TD7 - Ser tutor é ser professor. É ter domínio do conteúdo, dos processos de ensino e
aprendizagem, das ferramentas digitais e da avaliação. Ter uma visão sistêmica do processo de
aprendizagem via AVA. O tutor é o ator que lida diretamente com o aluno, ele é o vínculo entre a IEs
e o discente.
273
Apêndices
TD8 - Ser tutor à distância é acompanhar o discente, como se presente estivesse, dedicando-lhe 24
horas do seu dia para o monitoramento da execução das atividades, ou dirimindo-lhe as menores
dúvidas de modo que o processo de aprendizado seja efetivo.
TD9 - Um facilitador, um meio para o processo de ensino e aprendizagem.
TD10 - É ser um(a) professor(a) em tempo quase integral, com atribuições que envolvem domínio
de conteúdo e de tecnologias, além de habilidades de interação e dialogicidade contínua com os
estudantes de EaD.
TD11 - O tutor a distância é o profissional da educação que medeia o processo de ensino-
aprendizagem no ambiente virtual de aprendizagem. Deve dominar o conteúdo da disciplina que
ministra, ser dinâmico, criativo, dedicado, comprometido e sensível à realidade dos estudantes.
Diante do contexto pessoal e profissional dos estudantes da EAD, sem essas características do
tutor, dentre outras, dificilmente, os objetivos propostos serão alcançados.
TD12 - É ser um educador antenado nas novas demandas de ensino que se inserem as tecnologias,
sem se desfazer do lado humano, afetivo, que tanto faz a diferença na relação com o aluno. É ser
alguém presente verdadeiramente na rotina do aluno, mesmo estando distante geograficamente.
TD13 - Ser tutor UAB é um adjetivo bem plural. Tenho amigos que atuam em várias universidades e
que atuam ou atuaram como tutores e todos tem mundos e realidades bem distintas. Ser tutora
UAB/UECE curso de Pedagogia turma 2017 tem sido um mar de aprendizado. Destaco que no
nosso coletivo o trabalho em equipe tem sido o grande mote.
TD14 - É um desafio prazeroso, pois apesar de não ser minha principal atividade ela exige de mim
compromisso e seriedade com cada nova disciplina ou turma que assumo. Existem turmas que
acompanho em mais de uma disciplina diferente e fico feliz quando percebo a evolução dos alunos,
o envolvimento e o compromisso. Mas, também existem casos que exigem um pouco mais de
nossa atenção, quando verifico que algum aluno não está evoluindo ou quando este parece não
está comprometido com a disciplina, sendo necessário um maior acompanhamento desse aluno.
Nesses casos sempre peço a ajuda do tutor presencial, para que ele também chegue junto ao aluno
e o incentive a interagir mais a fim de superar suas dificuldades.
TD15 - É ser um facilitador do conhecimento, é aquele professor que lhe auxilia na aprendizagem
sempre que necessário de modo bem informal pela facilidade da comunicação entre tutor e aluno.
TD16 - É ser parceiro, presente mesmo que distante, companheiro e amigo.
TD17 - É contribuir com o aprendizado, buscando estimular o aluno a desenvolver sua autonomia e
a busca pelo conhecimento.
TD18 - E ser um mediador e motivador do conhecimento
QUESTÃO 4:
Em sua concepção, o que merece destaque em relação ao papel dos tutores a distância e o que os
diferencia dos demais atores educacionais no contexto da UAB?
TD1 - Os tutores tanto presenciais quanto a distância estão na linha de frente do processo de ensino
e aprendizagem dos discentes da UAB. É onde a coisa toda acontece. Só para dar um exemplo,
uma vez um professor formado me questionou se eu não teria vontade de atuar como formador. E
eu respondi, que achava até mais fácil ser tutor do que formador. Falei isso com base no fato de
morar perto do polo e não precisar me deslocar para longe nos finais de semana. Então, ele
discordou. Disse que os professores formadores trabalham mesmo pesado um mês, período de
planejamento das disciplinas e que depois era só ir aos polos ministrar as aulas. Deste modo,
ficando com os tutores toda a responsabilidade por acompanhar os desenvolvimento dos discentes
na disciplinas, corrigir atividades, verificar frequências e outros. Deste modo ele resumiu: "Os
professores formadores trabalham pouco [em relação aos tutores] e ganham bem enquanto os
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Apêndices
tutores trabalham muito e ganham pouco. Nessa conversa notei quanto trabalho está na alçada do
tutores. Que são o primeiro canal dos alunos com a instituição. Muitas vezes somos cobrados por
coisas que estão além de nossas responsabilidades, como por exemplo: problemas de conexão
durante as web-conferências, AVA fora do ar, disciplinas que não estão no sistema, discordância da
notas dada ao aluno pelo professor; professores formadores que não postaram as notas de NPC 1
no sistema ou mesmo da qualidade das aulas dos formadores que muitas vezes passar a aula toda
lendo o slide ou o texto sobre a mesa. Até penso que isso não seria uma forma de "cola" do
professor? Pedimos aos alunos para estudar e não pescarem durante as provas, mas os
professores podem passar a aula toda lendo slides e textos? Estranho.
TD2 - O perfil pedagógico, o caráter de resolutividade e produtivo.
TD3 - Na minha concepção o que merece destaque é a relevância do tutor dentro do ambiente
virtual de aprendizagem, ele é quem mantém o ambiente “vivo” interagindo com a turma,
promovendo a comunicação dos conteúdos e interação entre os alunos. Os demais atores
educacionais, apesar de fazerem parte do processo, não tem a oportunidade de participar de forma
mais próxima dos alunos. O tutor sim, estabelece um contato permanente com o aluno
acompanhando-o durante todo o período do curso, da disciplina. (2)
TD4 - É acreditar na modalidade a distância e gostar de trabalhar com ela.
TD5 - O destaque do Tutor e ação reflexiva junto ao discente e de fomento ao pensamento crítico e
auto busca pelo conhecimento.
TD6 - A proatividade do tutor é algo ímpar onde nenhum outro ator possa vir tirar uma sei lugar, já a
coordenação tem seu papel de administrar o curso, muitas vezes ela gera nos alunos um
sentimento de repulsa, nos tutores o sentimento em algumas situações de cobrança e exploração
(salvo caso alguns cursos).
TD7 - Como dito antes, o tutor é o elo entre a IEs e o aluno. Além disso, cabe ao tutor o papel de
ensinar, de promover a aprendizagem, de orientar o discente na construção do conhecimento.
Desta forma, culmina no tutor a responsabilidade de utilizar os recursos pedagógicos digitais
preparados, anteriormente, pelas demais equipes e "apresentá-los" aos alunos da melhor forma
possível.
TD8 - Merece destaque a disponibilidade de tempo (24 horas) para acompanhamento das
atividades dos alunos e isso é que faz a diferença,
TD9 - Proximidade com o estudante, interação e relações constantes.
TD10 - O(a) tutor(a) é o profissional responsável, junto com o professor-formador, por mediar o
processo de ensino e aprendizagem. É ele(a) quem acompanha cada estudante em sala de aula
virtual e se diferencia dos demais atores do contexto da EaD por ser aquele(a) que dialoga com o
estudante, fazendo a intermediação do conhecimento, através da plataforma virtual. Sendo assim, a
atividade requer do profissional uma sensibilidade peculiar, para "alcançar" a diversidade de
estudantes, em suas mais diferentes singularidades. Destarte, para o exercício profissional com
êxito, o tutor precisa dominar metodologias de ensino para o discente do cenário da EaD.
TD11 - Os tutores a distância se destacam pela relação próxima com os estudantes no ambiente
virtual de aprendizagem e pelo estímulo à reflexão crítica dos mesmos em relação aos conteúdos
abordados. O envio de mensagens e os comentários nas atividades propostas são os principais
meios encontrados para a realização desse papel. O tutor a distância, portanto, se diferencia de
outros atores educacionais no contexto da UAB, como o professor-formador e o tutor presencial que
assumem um papel fundamental na EAD, mas não se ocupam diretamente com o processo de
ensino-aprendizagem no ambiente virtual.
TD12 - A preocupação em ser presença constante no processo de ensino e aprendizagem. Ser
sensível à situação de cada alunos, sem deixar de exigir as obrigações destes, mas de uma forma
que se adapte à situação de cada um.
275
Apêndices
TD13 - O tutor a distância tem todas as limitações de comunicação que se possa imaginar. Suas
ferramentas são palavras escritas. E isso é bem desafiante (sobretudo no início do curso)quando
atua num curso onde a maior parte dos estudantes não tem ainda uma real inclusão digital. Mas é
justamente esse sujeito preso a todas as limitações que finda por ser o facilitador de todo o
processo. É ele m quem vê as necessidades dos estudantes e vai mediando junto com a
coordenação como conduzir melhor o processo. E isso é um destaque da nossa equipe a
coordenação dá de fato ouvidos ao que dizemos e assim modificamos para melhor a forma como
tudo é feito no curso de Pedagogia UAB/UECE
TD14 - O tutor a distância é um profissional que tem o desafio de buscar conhecer e interagir com
seus alunos, a partir das diferentes ferramentas disponíveis não apenas na EAD, mas também
utilizando outras ferramentas como o telefone e o whatsap. Eu diria que o maior diferencial do tutor
a distância é superar as dificuldades inerentes ao próprio modelo educacional. Buscando criar
vínculos, mesmo encontrados distante. Buscando está atento a cada aluno individualmente, o que
participar, o que pontual, o que só postar no último momento, o que está sempre atrasado. É
preciso definir com antecedência regras de convivência, mas também é necessário sensibilidade e
flexibilidade em alguns momentos. Ou seja, eu acredito que o tutor a distância tem muitos desafios
que necessitam de sua atenção e cuidado para que a disciplina ande os alunos possam crescer.
TD15 - A relação de comunicação virtual direta com o aluno, onde o modo deste relacionamento
define a qualidade do tutor, e a forma que os outros educadores serão importantes ou não.
TD16 - A responsabilidade que temos em transmitir conhecimento de uma forma diferente sem
deixar os alunos se sentirem abandonados e sem acompanhamento, isso é um desafio.
TD 17 - Contrariando a palavra "distância" na EAD me sinto muito mais próxima dos alunos,
quando ministro uma disciplina no curso de MBA muitas vezes não consigo lembrar do nome de
todos, nem da história de cada um, mas na EAD eu me sinto muito mais próxima de meus alunos.
TD18 - O diferencial seria que estivessem mais sintonizados com o sistema e a disciplina a qual
ministra.
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