Ética Cristã
Temas modernos à luz das escrituras
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Sumário
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Introdução...............................................................................................................................................04
A Ética e sua Importância para o Povo de Deus.............................................................................05
A Ética no Antigo e novo Testamentos..............................................................................08
Alternativas Éticas...................................................................................................................10
O Modo Cristão de Viver.........................................................................................................14
O Relativismo..........................................................................................................................17
Cristianismo e Razão.....................................................................................................19
O Cristão e a Injustiça.............................................................................................................22
O Cristão e a Ética Contemporânea.......................................................................................25
Bibliografia..............................................................................................................................32
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Introdução
A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o
caráter. Os romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural
“mores”), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Tanto “ethos”
(caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente
humano que não é natural, o homem não nasce com ele como se fosse um instinto,
mas que é “adquirido ou conquistado por hábito”. Portanto, ética e moral, pela
própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é construída histórica e
socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde
nascem e vivem.
Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo
ou errado e toma decisões.
Cada um de nós tem uma ética. Cada um de nós, por mais influenciado que seja
pelo relativismo e pelo pluralismo de nossos dias, tem um sistema de valores interno
que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo
de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse
sistema, mas eles estão lá, influenciando decisivamente nossas opções.
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A Ética e sua Importância para o Povo de Deus
A ética cristã trata dos princípios que regulam o comportamento do cristão. A ética
cristã é o conjunto de princípios espirituais extraídos exclusivamente da Bíblia, para
nortear a conduta do cristão, nos seus relacionamentos com Deus e com as pessoas. E.
Bruner diz: "Ética cristã é o comportamento humano determinado pelo
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comportamento divino". A ética cristã é o conjunto de valores moral total e
unicamente baseado nas Escrituras.
A ética cristã baseia-se em alguns pressupostos teológicos: A Existência de Deus, a
Depravação do Homem e a Bíblia Sagrada como manual de orientação do cristão.
A Depravação do Homem
A depravação humana requer a existência de normas de conduta. O homem é
inclinado a praticar o mal.Jesus Cristo nos ensina em Marcos 7, sobre a origem da
maldade humana: Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o
pode contaminar, porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar
escuso? E, assim, considerou ele puros todos os alimentos. E dizia: o que sai do
homem, isso é o que contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que
procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a
avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora,
todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem (18-23).
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A Bíblia Sagrada é o manual de orientação do cristão
O cristianismo parte do principio de que existe uma fonte de verdade fora de nós. A
Bíblia é especificamente esta verdade. Declarou Jesus: A tua palavra é a verdade. (Jo
17.17). A Palavra de Deus é a verdade objetiva, eterna, absoluta e universal. Ela é
autoridade suprema em matéria de fé e de comportamento. Encontramos na Bíblia
toda a orientação que precisamos para todos os assuntos importantes da nossa vida.
Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos (Sl 119.105).
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A Ética no Antigo e novo Testamentos
A Lei de Deus
A lei expressa o desejo que DEUS tem de que as suas criaturas vivam vidas de
integridade. Há três tipos de leis no Antigo Testamento: cerimoniais, civis e morais.
Todas visavam disciplinar o relacionamento das pessoas com DEUS e com o seu
próximo. A lei inculca valores como a solidariedade, o altruísmo, a humildade, a
veracidade, sempre visando o bem-estar do indivíduo, da família e da coletividade.
Os Dez Mandamentos
A grande síntese da moralidade bíblica está expressa nos Dez Mandamentos (Ex 20,
1-17; Dt 5, 6-21). As chamadas “duas tábuas da lei” mostram os deveres das pessoas
para com DEUS e para com o seu próximo. O Reformador João Calvino falava nos três
usos da Lei: judicial, civil e santificador. Todas as confissões de fé reformadas dão
grande destaque à exposição dos Dez Mandamentos.
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A ética de Jesus
A ética de Jesus está contida nos seus ensinos e é ilustrada pela sua vida. O tema
central da mensagem de Jesus é o conceito do “reino de DEUS”. Esse reino expressa
uma nova realidade em que a vontade de DEUS é reconhecida e aceita em todas as
áreas. Jesus não apenas ensinou os valores do reino, mas os exemplificou com a vida e
o seu exemplo.
O Sermão da Montanha: uma das melhores sínteses da ética de Jesus está contida no
Sermão da Montanha (Mateus Caps. 5 a 7). Os seus discípulos (os Filhos do Reino)
devem caracterizar-se pela humildade, mansidão, misericórdia, integridade, busca da
justiça e da paz, pelo perdão, pela veracidade, pela generosidade e acima de tudo pelo
amor. A moralidade deve ser tanto externa como interna (sentimentos, intenções): Mt
5, 28. A fonte do mal está no coração: Mc 7, 21-23.
A ética de Paulo: Paulo baseia toda a sua ética na realidade da redenção em Cristo.
Sua expressão característica é “em Cristo” (II Co 5, 17; Gl 2, 20; 3, 28; Fp 4, 1). Somente
por estar em Cristo e viver em Cristo, profundamente unido a Ele pela fé, o cristão
pode agora viver uma nova vida, dinamizado pelo Espírito de Cristo. Todavia, o
cristão não alcançou ainda a plenitude, que virá com a consumação de todas as coisas.
Ele vive entre dois tempos: o “já” e o “ainda não”.
Tipicamente em suas cartas, depois de expor a obra redentora de DEUS por meio de
Cristo, Paulo apresenta uma série de implicações dessa redenção para a vida diária do
crente em todos os aspectos (Rm 12, 1-2; Ef 4, 1)
Entre os motivos que devem impulsionar as pessoas em sua conduta está a imitação
de Cristo (Rm 15, 5; Gl 2, 20; Ef 5, 1-2; Fp 2, 5). Outro motivo fundamental é o amor
(Rm 12, 9-10; I Co 13, 1-13; 16, 14; Gl 5, 6). O viver ético é sempre o fruto do Espírito
(Gl 5, 22-23).
Na sua argumentação ética, Paulo dá ênfase ao bem-estar da comunidade, o corpo de
Cristo (Rm 12, 5; I Co 10, 17; 12, 13 e 27; Ef 4, 25; Gl 3, 28). Ao mesmo tempo, ele
valoriza o indivíduo, o irmão por quem Cristo morreu (Rm 14, 15; I Co 8, 11; I Ts 4, 6;
Fm 16)
Acima de tudo, o crente deve viver para DEUS, de modo digno dEle, para o seu
inteiro agrado: Rm 14, 8; II Co 5, 15; Fp 1, 27; Cl 1, 10; I Ts 2, 12; Tt 2, 12.
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Alternativas Éticas
Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo
com o seu princípio orientador fundamental. As principais são: humanística, natural e
religiosa.
Éticas Humanísticas
As chamadas éticas humanísticas são aquelas que tomam o ser humano como a
medida de todas as coisas, seguindo o conhecido axioma do antigo pensador sofista
Protágoras (485-410 AC). Ou seja, são aquelas éticas que favorecem escolhas e decisões
voltadas para o homem como seu valor maior.
Hedonismo
Uma forma de ética humanística é o hedonismo. Esse sistema ensina que o certo
é aquilo que é agradável. A palavra "hedonismo" vem do grego |hdonh, "prazer".
Como movimento filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de seus
discípulos, cuja máxima famosa era "comamos e bebamos porque amanhã
morreremos". O epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em linhas gerais,
que para ter uma vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar
acima de tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade. Os hedonistas mais radicais
chegavam a ponto de dizer que era inútil tentar adivinhar o que dá prazer ao
próximo.
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felicidade. O individualismo exacerbado e o materialismo moderno são formas atuais
de hedonismo.
Utilitarismo
Outro exemplo de ética humanística é o utilitarismo, sistema ético que tem
como valor máximo o que considera o bem maior para o maior número de pessoas.
Em outras palavras, "o certo é o que for útil". As decisões são julgadas, não em termos
das motivações ou princípios morais envolvidos, mas dos resultados que produzem.
Se uma escolha produz felicidade para as pessoas, então é correta. Os principais
proponentes da ética utilitarista foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham e John
Stuart Mill.
A ética utilitarista pode parecer estar alinhada com o ensino cristão de buscarmos o
bem das pessoas. Ela chega até a ensinar que cada indivíduo deve sacrificar seu prazer
pelo da coletividade (ao contrário do hedonismo). Entretanto, é perigosamente
relativista: quem vai determinar o que é o bem da maioria? Os nazistas dizimaram
milhões de judeus em nome do bem da humanidade. Antes deles, já era popular o
adágio "o fim justifica os meios". O perigo do utilitarismo é que ele transforma a ética
simplesmente num pragmatismo frio e impessoal: decisões certas são aquelas que
produzem soluções, resultados e números.
Existencialismo
Ainda podemos mencionar o existencialismo, como exemplo de ética
humanística. Defendido em diferentes formas por pensadores como Kierkegaard,
Jaspers, Heiddeger, Sartre e Simone de Beauvoir, o existencialismo é basicamente
pessimista. Existencialistas são céticos quanto a um futuro róseo ou bom para a
humanidade; são também relativistas, acreditando que o certo e o errado são relativos
à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos.
Para eles, o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte.
Sartre, um dos mais famosos existencialistas, disse: "O mundo é absurdo e ridículo.
Tentamos nos autenticar por um ato da vontade em qualquer direção". Pessoas
influenciadas pelo existencialismo tentarão viver a vida com toda intensidade, e
tomarão decisões que levem a esse desiderato. Aldous Huxley, por exemplo, defendeu
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o uso de drogas, já que as mesmas produziam experiências acima da percepção
normal. Da mesma forma, pode-se defender o homossexualismo e o adultério.
Ética Naturalística
Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o processo
e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido.
A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem
e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e a desaparecer à medida
que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a
sobrevivência do mais apto, é certo e bom; e tudo o que dificultar é errado e mau.
Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco
(sofista, contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade.
Modernamente, Nietzsche e alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer e
Julian Huxley.
Os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser
legítima, visto que a natureza e o homem se encontram hoje radicalmente
desvirtuados como resultado do afastamento da humanidade do seu Criador. A
natureza como a temos hoje se afasta do estado original em que foi criada. Não pode
servir como um sistema de valores para a conduta dos homens.
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Éticas Religiosas
O conceito hindú de não matar as vacas vem de uma crença do período védico que
associa as mesmas a algumas divindades do hinduísmo, especialmente Krishna. O
culto a esse deus tem elementos pastoris e rurais.
O que pensamos acerca de Deus irá certamente influenciar nosso sistema interno de
valores bem como o processo decisório que enfrentamos todos os dias. Isso vale
também para ateus e agnósticos. O seu sistema de valores já parte do pressuposto de
que Deus não existe. E esse pressuposto inevitavelmente irá influenciar suas decisões
e seu sistema de valores.
É muito comum na sociedade moderna o conceito de que Deus (ou deuses?) seja
uma espécie de divindade benevolente que contempla com paciência e tolerância os
afazeres humanos sem muita interferência, a não ser para ajudar os necessitados,
especialmente seus protegidos e devotos. Essa concepção de Deus não exige mais do
que simplesmente um vago código de ética, geralmente baseado no que cada um acha
que é certo ou errado diante desse Deus.
A Ética Cristã
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diversos pressupostos e conceitos que acredita estão revelados nas Escrituras
Sagradas pelo único Deus verdadeiro.
(A ética cristã já mencionada)
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O Modo Cristão de Viver
Cremos que esta busca desesperada por uma alternativa viável de vida levou apenas a
mais desilusões, pois funda-se em pressupostos errados, distanciados que estão do
maior padrão humano de conduta.
Cremos firmemente que há um modelo contracultural eficiente, proposto pela Palavra
de Deus, eficaz em seus objetivos e absolutamente contestatório de nossa realidade
presente. Um modelo que, se integralmente vivenciado em seus valores, representaria
a concretização do sonho das gerações de 30 ou 40 anos atrás, como veremos a seguir.
É consistente na Bíblia a afirmação de que Deus escolheu para si um povo para salvar
e redimir, um povo que deveria andar de acordo com seu comando e vontade (Lv
18:1-4). Das palavras registradas por Moisés, extraímos que, além de tomar um povo
para si, Deus ainda exige dele que não faça como as nações da terra, antes, seja um
povo diferenciado, que segue a vontade do Pai. Entretanto, observamos ao longo do
Antigo Testamento que este povo preferiu o caminho da terra de Canaã, curvando-se
perante deuses de pau e pedra (Ez 20:32).
É claro que o problema de Israel não se resumia à idolatria. Os alertas dos profetas
desnudam o povo em todos os seus pecados, não deixando qualquer outra esperança
senão a redenção divina, nem nenhum outro caminho além da obediência.
Mas qual seria esse modo cristão de viver, o modo de vida que realmente agrada a
Deus? Cremos que um bom resumo do que nos é ordenado como modo de vida está
contido no Sermão do Monte.
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tem sido bem aceita (e até defendida) por alguns. Quantos já não se alegraram ao
ouvir a frase: “Mas você não é diferente das outras pessoas!”. Apesar de simpática,
esta frase esconde um conceito perigoso, pois nos iguala àqueles que não têm a Cristo.
Isto é errado, pois a Palavra nos ordena a estarmos no mundo, mas não sermos do
mundo (Jo 17:16).
Mas o que o Sermão tem a nos ensinar sobre o modo cristão de viver, além de nossa
separação do mundo?
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Há, de fato, na Palavra de Deus um padrão cristão de contracultura. Não há como ler
o Sermão do Monte sem identificar ali um modo de vida absolutamente diverso
daquilo é pregado e vivido por aqueles que não conhecem a Cristo. Certamente, a
Palavra de Deus tem uma resposta firme à sociedade moderna, quando anuncia a
necessidade de um caráter humano renovado, que influencie para o bem comum,
obediente à vontade de Deus, de verdadeira espiritualidade, voltado para os valores
do alto, com relacionamentos sociais sadios e submisso ao senhorio de Jesus.
Precisamos viver estes valores do reino, não permitindo que a contracultura mundana
entre pelas portas da igreja, como tem se visto com tanta freqüência. Que Deus nos
abençoe para fazermos sua vontade.
A confiança dos jovens não está no caráter milagroso de Deus. “se o nosso Deus, a quem
servimos, quer livrar-nos... se não” (17-18) Há uma abismo intransponível entre a
solenidade do faz de conta na política, na religiosidade, no show e uma convicção
inabalável na veracidade do caráter de Deus. E Isto não se consegue por decreto.
Qual postura tomar? Negação completa ou acomodação completa? Em cada época
somos chamados a dar uma resposta para nosso tempo. Não temos um Império
Babilônico, uma estátua e uma fornalha literalmente – mas temos diante de nós outros
impérios (não menos poderosos), outras estátuas e muitas outras fornalhas. O que
fazer hoje?
a. Como proposta para enfrentamento da realidade moderna ante o desafio de
ser cristão, Grenz (1997:242ss) sinaliza com quatro questões:
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3. Um evangelho pós-noeticêntrico: “Um evangelho pós-noeticêntrico
ressalta a relevância da fé em todas as dimensões da vida. Ela não permite de forma
alguma que o comprometimento com Cristo estacione simplesmente num esforço
intelectual, deixando que se transforme unicamente num assentimento a proposições
ortodoxas. O comprometimento com Cristo deve também achar guarida no coração.
Na verdade, o mundo pós-moderno dá-nos ocasião para que nos reapoderemos da
velha crença pietista segundo a qual uma cabeça boa não tem valor se o coração
também não for bom. O evangelho cristão cuida não somente da reformulação de
nossos compromissos intelectuais, mas também da transformação de nosso caráter e
da renovação de toda a nossa vida como crentes que somos” (Grenz, 1997:249).
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O Relativismo
O que é o Relativismo
Há validade para alguns aspectos positivos do relativismo. Por exemplo, o que uma
sociedade considera direito enquanto outra considera errado. O certo é dirigir do lado
esquerdo ou direito do carro? Esse costume que é certo para uns e errado para outros,
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depende da cultura de cada povo. É um costume puramente relativista e não
universal. Alguns princípios de costumes sobre enterros, casamentos, sexo, variam de
país para país ou até mesmo de cidade para cidade. Esse senso de “certo e errado”
relativista não influi em nossa vida moral, pois não foi um mandamento de um Deus
universal. Há coisas que são validadas apenas dentro da experiência humana
particularmente individual. Eu posso me irritar com o som de uma música Rock e a
outra pessoa não. Neste sentido o que é verdadeiro para mim não precisa ser
necessariamente verdadeiro para outros.
No entanto, isto não é válido o bastante para dizer que porque há um tipo de
relativismo pessoal, nós então podemos estendê-lo e aplicá-lo em todas as áreas da
vida e dizer que tudo o mais é relativo. Não, isto não é uma suposição válida nem
lógica.
Partindo do exemplo dos mártires que entregaram suas vidas por uma verdade
absoluta — A Bíblia, a Palavra revelada de Deus, o cristão não deve permanecer
pacífico e tranqüilo. Ele deve estar pronto a subverter (revolucionar) a sociedade para
apresentar esses valores centralizados no evangelho de Cristo. Veja como Paulo e
Silas, aliados ao corajoso Jasom, transtornaram a cidade de Tessalônica em Atos 17.1-
9. É possível os cristãos agirem dessa forma hoje?
Nas palavras do teólogo R. C. Sproul, "Deus é, e onde ele é, existe dever… Deus tem
um direito eterno e intrínseco de impor obrigações, de subjugar a consciência de suas
criaturas". Sproul faz ainda um alerta quanto à anarquia ética para a qual nos
dirigimos, pois a nossa era apresenta um antinomianismo sem precedente, ou seja,
todos fazem o que parece correto aos seus próprios olhos”.
Um outro problema grave aliado ao relativismo é o pragmatismo, usado inclusive por
muitas igrejas, que defendem o argumento de que se tal estratégia dá certo, então
vamos fazer, mesmo que os fins não justifiquem os meios.
Mas os discípulos do Senhor Jesus, que é o mesmo ontem, hoje, e para sempre,
montam guarda contra os ataques do relativismo, batalhando diligentemente pela fé
que uma vez por todas foi entregue aos santos (Judas 3). Aliás, o verso 4 de Judas
comprova que nem Deus e nem Jesus eram tidos como verdade absoluta naquela
época.
Portanto, os cristãos devem estar dispostos a sofrer nesses dias conturbados. Devem
estar dispostos a santificar a Cristo, como Senhor, em seus corações (ler 1 Pedro 3.13-
17). Devem ainda buscar a Deus para receberem ajuda, em tempos de ansiedade,
aflição, confusão ou inquietude na alma, estando certos de obterem sábio conselho e
libertação. É o próprio Deus quem nos assegura disso no Salmo 19.7-14.
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"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos
corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E
não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."
Rm 12:1,2
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Cristianismo e Razão
Cremos que uma das características da natureza humana que a diferencia de outras
formas de vida é nossa possibilidade de refletir, ou melhor o uso de nossa
racionalidade. Não utilizá-la é “desumanizar nossa própria humanidade”, em outras
palavras, é não se apropriar de uma de nossas características. Lembre-se: fomos
criados à imagem e semelhança de Deus (incluindo nossa razão).
John Stott coloca em seu livro alguns aspectos interessantes que trataremos nessa
breve reflexão: Qual é o lugar da mente na vida do cristão iluminado pelo Espírito
Santo? Ninguém deseja um Cristianismo frio, triste, intelectualizado. Mas será que
isso significa que temos que evitar a todo custo o “intelectualismo” ou a
“intelectualidade”? Muitos acreditam que ao intelecto compete apenas um papel
secundário. Outros podem até dizer: “a experiência é o que realmente importa, e não a
doutrina”.
É dever do homem pensar e agir, fomos criados para pensar (Sl.32:9; Sl.73:22). A
Bíblia aponta que quando o homem negligencia sua razão ou o papel de pensar, os
animais acabam por nos superar (Pv 6:6-11, Is 1:3; Jr.8:7). Como já vimos, o pecado –
queda – que transformou nossa mente em mente decaída não é justificativa para não
utilizá-la.
Lembremos que nossas mentes estão diante do Deus que é revelado (Sl.19:1-4;
Rm.1:18-21). Stott aponta que o grande diferencial do cristianismo é sua ênfase na
doutrina e que tal característica não é percebida nas religiões não cristãs, nestas, a
ênfase é dada pela realização de um ritual. Neste aspecto, imagine só em nosso
contexto brasileiro, onde o ritualismo tem forte influência em nossa cultura, como este
22
aspecto, do aqui e agora, da hipervalorização do sobrenatural podem ganhar
perigosos contornos onde a mente é deixada de lado, onde novamente a experiência, o
momento é o que vale.
Um dos papéis mais nobres da mente humana é ouvir a Palavra, ver a mente de Deus
e pensar conforme Seus pensamentos.
Um dos critérios que somos julgados por Deus é pelo conhecimento. Os. 4:6; Is.5:13;
Pv. 1:22; 3:13-15; II Pe. 1:5; Ef. 3:14-19. Paulo valoriza o entendimento, crescimento no
conhecimento Ef.1:17-19; Fp.1:9-11)
Uma grande questão que pode estar permeando agora nossas mentes é: “E quanto a
nossa fé?” Onde a fé se encaixa em toda essa valorização que procuramos dar à razão?
Primeiramente: fé não é credulidade, a fé e a visão são postas em oposição na Bíblia. (II
Cor. 5:7), mas não fé e razão. Isto é, uma não exclui a outra. A fé verdadeira é
essencialmente racional porque se baseia no caráter e nas promessas de Deus (e que
são objetivas).
Em segundo lugar: fé não é otimismo. Todos devem ter ouvido ou conheceram obras
como os de Lair Ribeiro e outros neurolinguistas, que, aliás, o mercado editorial
fatura(ou) de forma extraordinária, tais obras ainda hoje estão por aí com outra
roupagem. Esta fé proclamada por estes autores é uma fé em que? Logicamente “no
eu”, “em si mesmo” e não em Deus.
Lembremos pois que o conhecimento (ou o uso de nossa razão) tem um valor especial
no exercício de nossa fé.
Assim o conhecimento (ou a razão) tem um grandioso papel, isto é, ele é um meio e
não um fim em si mesmo:
23
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não
proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmos condenação.
ROMANOS 13.1,2
24
O Cristão e a Injustiça
O Cristão e a Injustiça Social
Abra o jornal de hoje ou ligue sua TV ao chegar em casa. O que você vê? Você não
tem uma impressão, como Caetano Veloso definiu em música, de que “alguma coisa
está fora da ordem”?
Vivemos em um período de caos social. O abismo que separa ricos e pobre é cada
vez mais profundo; a criminalidade dispara nas grandes cidades; crianças amontoam-
se nos faróis, vendendo balas para sustentar, por vezes, o vício dos pais. Qual é a
perspectiva de Deus acerca deste problema? E qual deve ser a nossa, segundo a
Palavra?
Como todos os males do mundo moderno que nos afligem, a injustiça social também
tem sua origem na queda do homem em pecado. O equilíbrio previsto por Deus, o
qual vemos no Éden criado com tudo o que Deus achava “muito bom” (Gn 1.31), com
a desobediência de Adão agora deixa de existir.
Temos um lampejo desta situação inicial de injustiça em Gn 6.9. Após descrever toda
a situação que reinava na terra antes do dilúvio, Moisés anota que “Noé era homem
justo e íntegro entre seus companheiros”, como uma clara oposição à realidade que
vinha descrevendo desde o início deste capítulo; isto nos leva a concluir que os
demais homens eram praticantes da injustiça, e por isto seriam exterminados.
Isto se confirma com a leitura de 2Pe 2.2-5. Os homens da época de Noé não foram
punidos apenas por idolatria ou pecados sexuais; foram, antes, punidos, por serem
avarentos, capazes de vender até mesmo os seus irmãos. A injustiça social faz parte do
coração corrupto do homem, de onde procede todo tipo de mau desígnio (Mt 15.19).
Tal situação de injustiça social não é, infelizmente, ausente da Igreja do Senhor Jesus.
Aos crentes, sal da terra e luz do mundo, incumbiria a tarefa de restaurar, mesmo que
em parte, a ordem perdida pelo pecado. A Igreja deveria ser o reflexo presente da
Nova Jerusalém celeste, na qual a injustiça social não terá lugar (1Co 6.10).
Contudo, o que vemos na maior parte das igrejas locais que militam ainda neste
mundo é uma realidade oposta. Podemos identificar dois exemplos de visões
distorcidas acerca da injustiça social dentro de nossas igrejas.
A primeira delas, muito presente em nosso mundo pós-moderno, é o da Igreja
voltada ao seu próprio umbigo. Queremos com esta figura representar especialmente
o padrão das igrejas que pregam a teologia da prosperidade. Nestas igrejas, o crente
não vai para servir, mas para ser servido. A igreja deixa de ser um local de restauração
da realidade para ser um depósito de bençãos materiais, à disposição de qualquer um
que possa trazer uma oferta generosa, ou que saiba pronunciar as “palavras mágicas”
25
de uma confissão positiva. Pouco importa se o mundo à minha volta desaba; o que
vale é que o Senhor me abençoou com um carro do último tipo. Estas igrejas são o
retrato perfeito do individualismo característico de nossos tempos.
A segunda é o da “Igreja espiritual”. É uma Igreja que mente para si mesma, sob o
pretexto de que “o Reino de Deus não é deste mundo”. É uma igreja rica em
expressões espirituais, mas carente de boas obras. Jesus fala a respeito deste tipo de
Igreja em Mt 7.15-23 e 25.25-46. A esta “igreja”, cujos olhos estão voltados tão-só para
cima, sem olhar para a realidade à sua volta, o Senhor promete uma recompensa não
muito vantajosa...
Como em todo o curso de ética cristã que temos empreendido, o padrão de justiça
que devemos adotar é um só, o do próprio Deus. Deus criou a terra em perfeita ordem
e em profusão de manifestações de sua extrema bondade para que todo o homem
desfrutasse dela, não apenas homens, mas também mulheres; não apenas brancos,
como também negros; não apenas os mais cultos, como também os mais simples, pois
para Deus não há acepção de pessoas (Dt 10.17) e Ele espera que nós também não o
façamos (Dt 16.19).
O Senhor Deus espera que cada um de nós dê a cada pessoa aquilo que lhe é devido
(1Tm 5.18); o Senhor deseja que amparemos ao pobre e ao necessitado em suas
carências (Dt 15.11) e que não tapemos nossos ouvidos ao seu clamor (Pv 21.13). Em
resumo, que façamos ao nosso próximo aquilo que gostaríamos que este fizesse a nós
mesmos, se estivéssemos em seu lugar (Lc 6.31) e que ajudemos ao necessitado como
se ajudássemos ao próprio Cristo (Mt 25.25-46).
O Papel da Igreja
Tudo o que dissemos no item anterior diz respeito a qualquer ser humano; contudo,
a Igreja, por ser formada pelos eleitos de Deus, regenerados conforme a imagem do
seu Filho, Jesus Cristo, tem um papel ainda mais importante.
Por mais chocante que isto possa parecer a alguns, não fomos chamados por Deus
exclusivamente para sermos salvos, ou para sermos abençoados. Leia Ef 2.10. Para que
Paulo diz que fomos criados? Da mesma maneira, nada fala mais alto aos
ouvidos dos que não conhecem a Deus do que as nossas boas obras (Mt 5.16).
A expectativa de Deus em relação à sua Igreja é ainda maior do que podemos
pensar. Veja Ef 4.28. Não é impressionante a proposta de Paulo para a igreja de Éfeso?
Charles Hodge, sobre esta passagem, diz, acertadamente, que “nenhum homem vive
para si mesmo; e nenhum homem deve trabalhar apenas para si, mas com o objetivo
definido de estar apto a assistir outros. Os princípios cristãos, se corretamente
cumpridos, poderiam rapidamente banir a pobreza e outros males correlacionados de
nossa civilização moderna”.
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Em resumo, como em todos os demais aspectos da vida cristã, a Igreja deve ser sal e
luz; sal, que conserva o mundo da deterioração e lhe dá sabor; luz, que indica o
caminho a seguir, um caminho de paz e justiça social.
Falar em Igreja pode soar a alguns como um conceito abstrato, ou ainda trazer a
mente apenas a Igreja como instituição.
Esta última compreensão pode levar a um raciocínio egoísta, perigoso e preguiçoso:
“se a minha igreja faz ação social, então eu não preciso me preocupar com isto”; “dou
o meu dízimo; é papel do pastor e do Conselho empregar estes recursos na ação
social”. Ambos os raciocínios estão errados. No dia do juízo, não é a Igreja-instituição
que vai prestar contas do que fez aqui, mas cada crente individualmente (Mt 16.27).
Não haverá desculpas, perante o reto juiz.
“Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça
como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia
aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da
impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo?
Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres
desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is 58:5-7).
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O Cristão e a Ética Contemporânea
Conceitos fundamentais
Para escrever sobre ética, necessário se faz que alguns conceitos sejam colocados de
início. O principal deles sem dúvida é o da própria ética em si. Que significa ética? A
resposta, num ambiente relativista, pode ser: “Depende”. “De que ética estamos
falando?” Da ética profissional? Da ética filosófica? Da ética religiosa? Da ética cristã?
Mas, para efeito de raciocínio e compreensão, vamos ficar com os conceitos mais
comuns da ética em geral, em nosso tempo.
Podemos dizer que “A Ética integra os seis sistemas tradicionais da Filosofia, ao lado
da Política, da Lógica, da Gnosiologia, da Estética e da Metafísica.
“Para o cristão, a ética pode ser entendida como um conjunto de regras de conduta,
aceitas pelos cristãos, tendo por fundamento a Palavra de Deus. Para os que crêem em
Jesus Cristo, como Salvador e Senhor de suas vidas, o certo ou o errado devem ter
como base a Bíblia Sagrada, considerada como "regra de fé e prática", conforme bem a
definiram Lutero e outros reformadores” 1.
1
Elinaldo Renovato de LIMA, Ética cristã, p. 8.
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manda a lei, temos menos lucro que os empresários desleais, que não pagam impostos
e, por isso, podem oferecer um preço menor no mercado, atraindo mais fregueses”.
Tenho recebido indagações de alunos cristãos, que são perseguidos, nas escolas de
primeiro nível, segundo nível, e na universidade, pelo fato de serem constrangidos a
participar de certas atividades escolares. Por exemplo, numa determinada época, nas
escolas estaduais e municipais, os professores procuram envolver os alunos, em
pesquisas, em reuniões e atividades, sobre a chamada festa do “Halloween”. Essa
programação envolve atividades, ditas culturais, folclóricas, e educacionais, que são
verdadeiro atentado à fé cristã. É uma festividade, importada da América do Norte,
que por sua vez, já a importou de países nórdicos, baseada num enredo que envolve
feitiçaria, bruxaria, ocultismo, esoterismo, e muitas outras práticas avessas à palavra
de Deus, todas disfarçadas de folclore e cultura.
Tenho duas netas, que estudam numa escola de primeiro nível, de grande conceito na
Cidade. Elas procuraram sua mãe, preocupadas, pois uma professora as induziu a
participar de um “bloco de gays”! Para incutir nas crianças a idéia de que se devem
respeitar as “diferenças”, e não ter preconceito, pois, em matéria de orientação sexual,
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nada é errado. Tudo depende de cada um. Na mesma época, uma professora
incentivou os alunos a formarem um grupo de carnaval, intitulado “Bloco dos cães”.
Graças a Deus, minha filha foi à Escola, e falou com a coordenação, afirmando que
suas filhas não poderiam ser constrangidas a participar daquela atividade, pois iria de
encontro à sua formação cristã. E foi respeitada. Num ambiente social assim, o cristão
verdadeiro parece sentir-se como um peixe fora dágua.
Quando vemos o Ministério da Saúde informar que, a cada ano, mais de um milhão
de adolescentes ficam grávidas, temos de concluir que algo muito sério está
destruindo o tecido social. Li, recentemente, que número idêntico de meninas
engravida nos Estados Unidos a cada ano. E isso ocorre sem que haja preparo
psicológico e físico, até, para esse estado biológico, que exige maturidade, preparo e
dedicação, para os cuidados maternais, e paternais, indispensáveis à boa formação dos
filhos.
Mas não há nada de especial diante do problema. As razões são bem conhecidas
para esse comportamento liberalista e relativista. A educação sexual, ministrada nas
escolas, financiada pelo dinheiro dos contribuintes da nação, incentiva a prática
precoce do sexo. É uma educação meramente informativa e técnica. Nada tem de
formativa, e é totalmente despojada de valores éticos e morais. Só uma coisa é bem
ensinada: o uso da “camisinha”. Toda a didática é empregada para mostrar às
meninas de doze anos, ou menos, bem como aos pré-adolescentes e adolescente, no
sentido de levá-los a praticar o “sexo seguro”, que nada mais é que uma falácia, que
leva a muitas vidas ainda em formação ao caminho da prostituição.
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mais seguro do que em outros lugares. É a segurança para a prática do pecado.
Naturalmente, para essas pessoas, com essa mentalidade, não existe pecado.
A revista Veja, de circulação nacional (15.09.04), p. 73, divulgou artigo sobre uma
pesquisa, realizada nos Estados Unidos, constatando que, em apenas três horas por
dia, em média, os adolescentes são submetidos a uma programação em que 64%
possuem algum tipo de conteúdo sexual; a pesquisa constata que 46% dos estudantes
do ensino médio já praticaram relações sexuais, e 1 milhão de adolescentes ficam
grávidas a cada ano 2. Na mesma matéria, é ressaltado que a pesquisa confirma a
influência da programação erotizada na formação dos jovens e dos adolescentes. Os
dados indicam que os jovens que “assistem com freqüência a programas com
conteúdo erótico são duas vezes mais propensos à precocidade nas relações sexuais
do que aqueles que não vêem esse tio de espetáculo porque os pais não permitem”.
Há não muitos anos atrás, e resposta a essa questão seria mais fácil de ser
formulada. Hoje, porém, o relativismo tem dominado grande parte das denominações
evangélicas. O certo e o errado não são mais vistos como conceitos absolutos. Muita
coisa depende da ótica de cada um. Eu estava assistindo uma palestra de certo
pregador, numa denominação histórica, quando ele discorria sobre o cristão e a
conduta diante dos homens. O mesmo acentuava que havia atitude e comportamentos
que contrarias a palavra de Deus, e que o cristão precisava evitar causar escândalo a
seu irmão. Naquele momento, uma jovem, daquela igreja, levantou-se e falou: “Eu
acho que não deve haver essa preocupação. O que é errado para ele pode não sê-lo
para mim”. “O que é errado para mim pode não ser certo para ele”. Tal afirmação é de
cunho relativista e subjetivista.
2
Revista VEJA, p. 73.
3
Norman GEISLER, Ética cristã, p. 30,31.
31
O cristão, na realidade, não pode guiar-se por quase nenhuma das abordagens éticas
contemporâneas. O antinomismo não serve como referencial, pois prega a ausência de
normas. Nela, o homem se faz seu próprio deus. A Bíblia diz : "Há caminho que ao
homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte" (Pv. 14.12). "De tudo o que se
tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo
homem" (Ec 12.13; ver Pv 4.11,12; 6.23). Depois, é filosofia relativista. Cada um faz o
que melhor entende. É o que ocorria com o povo de Israel, quando estava sem líder:
"Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos" (Jz
17.6; 21.25). Aliás, em muitas igrejas, já impera o Antinomismo, quando muitos não
obedecem a Bíblia, não há respeito a normas, e cada um faz o que acha melhor.
E o servo de Deus não pode ser uma pessoa que vive sem adotar normas de conduta e
de comportamento. O generalismo também não serve para o crente em Jesus. “Os
generalistas são utilitaristas. Só é certo o que produz melhor resultado (mais felicidade
ou prazer do que dor). Uma norma pode ser boa hoje, e não servir amanhã. Depende
da sociedade. Se, por exemplo, o adultério é errado, num período, em outro, poderá
ser aceito. Dessa forma, pode-se resumir essa abordagem, dizendo que "Há um só fim
absoluto (o máximo bem) e todos os meios (regras, normas, etc.) são relativos àquele
fim..". Se, nesta situação, mentir seria mais útil ou vantajoso para a maioria dos
homens, então se deve mentir"
O situacionismo também não deve ser escolhido como referencial cristão. Em resumo,
nessa visão, o certo e o errado, dependem da situação, em função do amor às pessoas.
Baseiam-se inclusive na Bíblia, que resume toda a lei no amor (Mt 22.34-40; "O amor
não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.10). Mas
o fazem de modo equivocado. Chegam a dizer, por exemplo, que, se uma mentira for
contada em amor, é boa e certa. Isso não condiz com a ética cristã, que defende a
verdade como valor a ser observado. O absolutismo, outra abordagem ética, prega
que existem normas absolutas a serem seguidas, tais como coragem, justiça, verdade,
etc. E que não se deve tergiversar em termos do que é absoluto. Em princípio, o
absolutismo parece estar em consonância com os princípios bíblicos. Mas é preciso
cuidado com os sofismas absolutistas.
1) O princípio da fé.
S. Paulo, o apóstolo dos gentios, dizia: "Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus.
Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que
tem dúvidas, se come, está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado
(Rm 14. 22,23). Nesse texto, vê-se a ênfase na fé ou na convicção do crente diante de
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Deus, quanto ao que faz ou deixa de fazer. Ele não precisa recorrer a paradigmas
humanos ou lógicos para posicionar-se quanto a atos ou palavras. Se tem dúvida, não
deve fazer, pois "tudo o que não é de fé é pecado".
Na primeira carta aos coríntios, vemos Paulo ensinar: "Todas as coisas me são ilícitas,
mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei
dominar por nenhuma (1 Co 6.12). Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
convêm" (1 Co 10.23). Esse critério orienta o cristão a que não faça as coisas apenas por
que são lícitas, mas porque são lícitas e convém, à luz do referencial ético que é a
Palavra de Deus.
3) O princípio da licitude e da edificação.
Diz a Bíblia: "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (1 Co 10.23b).
Com base neste texto, não basta que alguma conduta ou proceder seja lícito, mas é
preciso que contribua para a edificação do cristão. É um princípio irmão gêmeo do
anterior. A ênfase aqui é na edificação espiritual de quem deve posicionar-se ante o
fazer ou não fazer algo.
"Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de
Deus" (1 Co 10.31). Aí, temos um princípio ético abrangente, que inclui não só o comer
ou o beber, mas "qualquer coisa", que demande um posicionamento cristão. No dia-a-
dia, sempre o cristão se depara com situações às vezes triviais, que exigem uma
tomada de posição.... qualquer atitude ou decisão a tomar, em termos morais,
financeiros, negócios, transações, etc., tudo pode passar pelo crivo do princípio da
glorificação a Deus, e o crente fiel, na direção do Espírito Santo, saberá responder sem
maiores dificuldades. A indagação que o cristão deve fazer, com base nesse princípio,
é: "O que desejo fazer ou dizer, contribui para a glorificação a Deus?". Se a resposta for
afirmativa, pelo Espírito Santo, a ação ou atitude pode ser executada. Se for negativa, é melhor
que seja rejeitada. O que contribui para glória de Deus não fere nenhum princípio bíblico.
"E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por
ele graças a Deus Pai" (Cl 3.17). A condição do crente para realizar ou deixar de realizar
algo decorre da autoridade que lhe foi conferida pelo Nome de Jesus. Assim, quando
o cristão se vê na contingência de tomar uma decisão, de ordem espiritual, ou
humana, pode muito bem concluir pela ação ou não, se puder realizá-la no nome de
Jesus, conforme orienta o apóstolo Paulo aos irmãos colossenses.
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"E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens" (Cl
3.23). Diante de uma atitude, de uma decisão, devemos indagar: "Estamos agradando
a Deus a Deus ou aos homens?" Estamos fazendo, de todo o coração, ao Senhor?"A
resposta deve ser honesta, consultando, não ao coração, mas à Palavra de Deus.
7) O princípio do respeito ao irmão mais fraco
"Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos. Porque, se
alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência
do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos? e, pela tua ciência, perecerá o
irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. Ora, pecando assim contra os irmãos e ferindo a sua fraca
consciência, pecais contra Cristo. Pelo que, se o manjar escandalizar a meu irmão, nunca mais
comerei carne, para que meu irmão não se escandalize". (1 Co 8.9-13). Desse modo, a
questão, segundo o princípio da certeza é: O que pretendo fazer o faço com certeza de
fé? E essa certeza é fundamentada na Palavra de Deus? Tem respaldo na Bíblia? Não
é apenas fruto de minha consciência falha, ou do meu coração enganoso? (ver Jr 17.9).
Se a resposta for positiva, com base na Bíblia, pode ser realizado. Se não, deve ser
evitado.
"Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos
havemos ide comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Pela minha vida, diz o
Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que
cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus" (Rm 14.10-12). O princípio da prestação de
contas nos lembra que, no trato com as pessoas ou com as coisas, não só devemos
observar a palavra de Deus, mas adverte-nos quanto à inevitável prestação de contas
no futuro, e também aqui, no presente.
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Bibliografia
É proibida a reprodução total e/ou parcial deste material, sem prévia autorização. Ele é de USO
EXCLUSIVO da ESUTES, e protegido pela Lei nº 6.896/80 que regula direitos autorais e de compilação
de obra, sendo proibida a sua utilização em outro estabelecimento de ensino missiológico e/ou teológico.
www.caminhocristao.com - www.cristianismohoje.com.br
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Avaliação do módulo Ética Cristã
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DICAS DE ESTUDO ON-LINE
a) Não deixe para estudar muito tarde, pois o sono pode atrapalhá-
lo em sua concentração;
b) Não deixe a luz do ambiente em que estiver, apagada, pois a
claridade da tela do computador torna-se ainda maior,
provocando dor de cabeça e irritabilidade.
3- Pense na possibilidade de imprimir sua apostila, pois pode ser que isso dê a
opção, por exemplo, de carregá-la para onde quiser e de grifar com caneta,
partes que ache importante.
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