GRADUAÇÃO
<http://lattes.cnpq.br/4353021635497581>.
Talvez com esta disciplina não seja diferente. Muitos, quem sabe, esperam que
ela seja uma oficina na qual se ensine jogos, brinquedos, brincadeiras e, de
preferência, mais o como fazer do que o porquê. Obviamente que estas
atividades são extremamente importantes ao(à) futuro(a) professor(a), e devem
ser tratadas com a mesma seriedade e profundidade. Mas é de suma
importância que compreendamos como o lazer surge no modelo de sociedade
em que vivemos e como ele pode ser compreendido à luz do que denominamos
teoria do lazer.
Outra temática que está muito presente nas discussões da Educação Física é a
qualidade de vida, razão pela qual dedico a Unidade IV à aproximação entre
lazer e qualidade de vida à luz dos conceitos que tratei nas unidades anteriores.
Nesta aproximação emergem muitos outros temas, mas, devido à
impossibilidade de discutirmos todos ele nesta fase, elegemos a corporeidade e
a questão dos espaços e equipamentos específicos e não-específicos de lazer
para nossas discussões sobre lazer e qualidade de vida.
TÍTULO DA UNIDADE 1
INTRODUÇÃO AO LAZER E À RECREAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
INÍCIO DA INTRODUÇÃO
Cara(o) aluna(o), iniciaremos nossos estudos com o objetivo principal de
estabelecer uma série de elementos teóricos que proporcionem um
entendimento sobre a teoria do lazer e algumas interlocuções já realizadas com
a recreação.
Historicamente a luta pelo trabalho esteve atrelada à luta pelo lazer, por isso é
de suma importância a compreensão dos fundamentos históricos que
possibilitam o emergir do lazer como fenômeno tal qual o conhecemos hoje.
Esses fundamentos históricos não podem ser esgotados neste momento, haja
visto que se trata de estudos introdutórios sobre o lazer e a recreação, mas vale
o destaque para os movimentos que conquistaram uma série de direitos às
classes menos favorecidas.
Esperamos que todas as ideias apresentadas contribuam para este primeiro
contato com o lazer e a recreação.
Bons estudos!
FIM DA INTRODUÇÃO.
INÍCIO DO TÓPICO 1
UM CONCEITO OPERACIONAL DE LAZER
Para formar uma base de análise ao lazer e a recreação e sua relação com as
possibilidades de atuação profissional do(a) professor(a) de Educação Física, é
necessário estabelecer primeiramente uma discussão acerca do lazer, pois a
opção por uma compreensão específica deste tema determinará toda a trajetória
de raciocínio.
Nota Proemia: A Imagem mostra um tronco de um homem de frente com blazer preto camisa
branca e uma gravata preta. Seu braço direito está levemente aberto e sua mão com os dedos
fechados e sua mão esquerda sendo apoio para direita em forma de “T”
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
FIM DO TÓPICO 1.
INÍCIO DO TÓPICO 2
Desta forma, podemos perceber dois estágios distintos para análise, mas que
ocorrem de forma contínua, ou que, segundo Marcellino (2003, p. 20-21), são
contemporâneos e representativos de dois estilos de vida diferentes.
1º) [...] sociedade tradicional, marcadamente rural, e mesmo nos
setores urbanos pré-industriais, não havia separação entre as várias
esferas da vida do homem. [...] O binômio trabalho/lazer não era
caracterizado e as ações se desenrolavam como na representação
de uma peça teatral, com os “atores” atuando de forma integrada e
linear, dominando toda a história de seus personagens; 2º) Na
sociedade moderna, marcadamente urbana, a industrialização
acentuou a divisão social do trabalho, que se torna cada vez mais
especializado e fragmentado, obedecendo ao ritmo da máquina e a
um tempo mecânico, afastando os indivíduos da convivência nos
grupos primários e despersonalizando as relações. [...] Caracteriza-
se o binômio trabalho/lazer e as ações se desenvolvem como na
gravação de um filme, onde os “atores” participam de cenas
estanques, sem conhecer a história de seus personagens, cenas
essas frequentemente interrompidas para serem retomadas em
sequências totalmente diferenciadas.
Cria-se uma pequena janela temporal em que poderiam ser realizadas atividades
virtuosas, diferentes das pesadas e alienantes cargas do trabalho industrial. É “a
partir do momento que marca o início da transição do estágio tradicional para o
moderno que se verifica a ruptura entre a vida como um todo e o lazer, fazendo
com que este adquira significação própria” (MARCELLINO, 2003, p. 20).
Nota Proemia: A imagem mostra um homem usando terno e gravata, essa com nó frouxo no
pescoço, sentado à frente o computador, uma das mãos no teclado a outra estendida para
cima segurando um avião de papel. Sobre a mesa tem objetos de escritório, lápis, papel,
tablet, um sanduiche, uma xícara de chá branca.
Nota Proemia: Imagem destaca um homem vestido de paletó e gravata, short colorido e
patins, sentado em um local aberto com árvores, sob a mesa um notebook. O homem sorri.
De acordo com Camargo (1986), aos dez anos de idade se dava início a vida útil
de um ser humano para o trabalho, tendo fim apenas com a morte do
trabalhador. Neste sentido, o capitalismo emergente preservava os traços do
feudalismo ao sustentar o ócio aristocrata por meio de uma dinâmica de trabalho
caracteristicamente escravo, características que ainda são preservadas, de
forma desenvolvida nos tempos modernos.
FIM DO TÓPICO 2.
INÍCIO DO TÓPICO 3
Dentre os vários conceitos que esta obra traz como contribuição à teoria do lazer,
destaco a sua consideração de que ao longo da história, o ser humano procurou
demonstrar o seu poder por meio de alguns meios. Dentre eles a força física
(proeza); a pecúnia (dinheiro); o ócio e consumo conspícuo (ostentatório); e o
ócio e consumo vicário.
Nota Proemia:
Imagem colorida de uma lancha em alto mar, ao fundo uma montanha, sentada na lancha com
os pés na água duas mulheres, uma vestindo uma roupa branca e a outra azul.
Nota Proemia:
INÍCIO DO REFLITA
FIM DO REFLITA
Para Veblen (1965, p. 37), a diferença primária da distinção entre classe ociosa
e classe trabalhadora é “[...] o trabalho feminino e o trabalho masculino, existente
nos primeiros estágios do barbarismo”. Destaco, por meio deste raciocínio, uma
das facetas ligadas às barreiras para o lazer.
INÍCIO DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM
Nota Proemia:
Imagem colorida de duas mulheres cada uma com um megafone na mão , óculos escuros, faixa
na cabeça, ambas apontando o dedo indicador para a frente. A 1° da direita para esquerda, usa
uma camisa xadrez na cor vermelha e preta. A 2° Mulher da esquerda para direita está com
uma camisa xadrez na cor azula, branco e preta. Ambas com o megafone próximo a boca.
Há, além destas explicações, outras dinâmicas envolvidas que podem dar
sustentação ao entendimento destas barreiras que limitam o acesso às
atividades de lazer de maneira tanto quantitativa quanto qualitativamente. O fator
econômico é considerado, hodiernamente, o mais determinante para o acesso
ao lazer. As pesquisas realizadas sobre este tema, apesar de muito restritas,
demonstram, de acordo com Marcellino (2000), que o acesso à recreação -
atividades relacionadas aos conteúdos culturais do lazer - é realizado
preponderantemente por jovens, com instrução e condições acima da média da
população.
Com relação ao surgimento desta classe ociosa, Veblen (1965) afirma que os
valores e costumes culturais das sociedades/comunidades em baixo estágio de
desenvolvimento apontam para um desenvolvimento gradativo da classe ociosa
no período de transição da selvageria primitiva para o barbarismo. A
característica desta transição seria uma mudança da passividade nas relações
sociais passando a uma relação de lutas, de guerra.
Nota Proemia: A Imagem mostra um balde de gelo sob uma mureta branca com um frisante
em seu interior, do lado esquerdo temos duas taças com a bebida. No fundo uma piscina de
águas azul clara e o céu num azul escuro.
Uma questão que poderia surgir é quanto ao motivo pelo qual os membros de
uma determinada sociedade sucumbem à pressão de ostentar determinadas
proezas, posses e o ócio, com as possibilidades a eles relacionadas. Destaco,
dentre outros argumentos utilizados pelo o autor, o de caráter psicossocial, com
relação à emulação:
FIM DO TÓPICO 3.
INÍCIO DO TÓPICO 4
Nota Proemia: Imagem colorida de uma mulher deitada na grama, segurando livro em forma
de leitura, ela veste uma blusa de manga longa verde e calça jeans azul.
O direito à Preguiça, para Matos (2003, p. 7), pode ser classificado como um
manifesto filosófico por seu tom interpelativo e mobilizador, pois:
Neste sentido, Matos (2003, p. 13) afirma que Lafargue foi um dos pioneiros a
“romper com o caráter sadomasoquista da civilização contemporânea”. A autora
afirma ainda que O direito à preguiça é uma descrição antecipada das realidades
vividas na contemporaneidade, pois faz uma incisiva crítica à lógica de mercado,
da indústria, ciência e técnica, afirmando que sua ética é anti-humana e que,
portanto, sua moral precisa ser negada e substituída por outra na qual o ser
humano esteja efetivamente no controle.
Segundo Chaui (1999, p. 33), as obras de maior influência para Lafargue foram:
Manuscritos Econômicos de 1844 e o primeiro volume de O Capital, ambos de
seu sogro Karl Marx. O pressuposto principal de O direito à preguiça, segundo a
autora é o “significado do trabalho no modo de produção capitalista, isto é, a
divisão social do trabalho e a luta de classes”.
Neste sentido, De Masi (2001, p. 29) afirma que Lafargue não estabelece uma
apologia à preguiça que vai contra o trabalho, defendendo “o direito ao ócio como
única forma de equilíbrio existencial [...]”. A forma utilizada pelo autor é a
contraposição a “[...] outros direitos, então defendidos para os operários: o direito
ao trabalho, reivindicado pelos revolucionários de 1848 [...]”. Este é um dos
pontos de severas críticas à obra de Domenico De Masi: a utilização e/ou
tradução indevida de termos que originalmente expressavam uma clara
intencionalidade do autor. Neste sentido, ao referir-se ao “Direito ao ócio”,
entendo que deva permanecer a terminologia original do autor, “Direito à
preguiça”, pela sua clara intencionalidade.
Nota Proemia: Imagem colorida de um homem de costas sentado em uma cadeira com as
pernas estendida em cima de uma mesa de escritório, os seus braços estão acima da cabeça
com os dedos entrelaçados. O Mesmo está com sapato preto social, terno preto e um relógio
de ponteiro no pulso esquerdo.
A crítica a este mundo dominado por injustiças sociais é descrita por Lafargue
por meio de um humor contundente. Ao descrever o capitalismo como uma nova
forma de religião, apresenta operários embrutecidos pelos dogmas do trabalho,
os quais produzem sua própria destruição. Reivindica uma nova redistribuição
do tempo para que se possa desfrutar de outras virtudes que a vida oferece,
pois, devido a uma dinâmica de trabalho exploradora e desmedida, os
trabalhadores são privados desse usufruto.
Este quadro delineia parte do quadro que levava Lafargue a utilizar um tom de
indignação em seu discurso, pois não aceitava que a preguiça dos ricos fosse
garantida pelo trabalho desmedido dos pobres, num regime de trabalho, em
média, de quinze horas por dia, de forma insalubre. Chaui (1999, p. 16) afirma
que O Direito à Preguiça é um retrato da organização social burguesa, que
almejava atingir a consciência mais profunda do proletariado enquanto classe
social. Portanto, “é a crítica da ideologia do trabalho, isto é, a exposição das
causas e da forma do trabalho na economia, ou o trabalho assalariado”.
INÍCIO DO REFLITA
Quando você ouve a palavra preguiça, ela lhe soa mais positivamente ou
negativamente? Não é interessante que Paul Lafargue tenha optado pelo uso de
um termo tão controverso para defender o lazer para classe proletária?
FIM DO REFLITA.
FIM DO TÓPICO 4.
4. Paul Lafargue escreveu em 1880 uma série de artigos que deu origem à
sua obra O direito à Preguiça, que ganhou status de um manifesto
filosófico por seu caráter interpelativo e mobilizador. Qual a razão para
Paul Lafargue escolher o termo “preguiça” para compor o título de
sua principal obra?
Editora:Hucitec/Unesp
Ano: 1936
______. (org.) O lazer na empresa: alguns dos múltiplos olhares possíveis. In.:
______. Lazer & Empresa: múltiplos olhares. Campinas: Papirus, 2001. p. 3-22.
INÍCIO DO GABARITO
1.
a) Cultura vivenciada (praticada, fruída ou conhecida) no tempo
disponível das obrigações profissionais, escolares, familiares, sociais,
combinando os aspectos tempo e atitude.
b) O lazer gerado historicamente e dele podendo emergir, de modo
dialético, valores questionadores da sociedade de um modo geral, e
sobre ele também sendo exercidas influências da estrutura social
vigente.
c) Tempo privilegiado para vivências de valores que contribuam para
mudanças de ordem moral e cultural, necessárias para solapar a
estrutura social vigente.
d) Portador de um duplo aspecto educativo – veículo e objeto de
educação, considerando-se, assim, não apenas suas possibilidades
de descanso e divertimento, mas de desenvolvimento pessoal e
social.
2. Ele afirma que no ambiente rural era possível, apesar de toda dureza
inerente ao trabalho, conciliar elementos lúdicos, como as danças
tradicionais, com os gestos do trabalho na terra, na madeira, com os
companheiros. Este eram incorporados e estilizados, demonstrando a
ligação efetiva e lúdica. Na linha de montagem da Era Industrial isso não
seria mais possível, pois a menor distração de um elemento prejudica a
produtividade dos demais, além de ser um perigo para o indivíduo e seus
companheiros de trabalho. A organização do espaço industrial dificulta a
diversão e entretenimento, além do que, no início do processo de
industrialização, com as longas jornadas de trabalho, só restava tempo
para o descanso, e não para divertimento e desenvolvimento pessoal e
social.
FIM DO GABARITO.
FIM DA UNIDADE 1.
TÍTULO DA UNIDADE 2
LAZER, RECREAÇÃO, TRABALHO E OBRIGAÇÕES
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
INÍCIO DA INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
Em nossa segunda unidade, buscaremos compreender um pouco mais sobre a
relação do lazer como mundo do trabalho, bem como com as demais obrigações
sociais. Além disso, é necessária a compreensão de como se dá o surgimento
do animador sociocultural neste processo de desenvolvimento do lazer até
caracterizar-se na sociedade contemporânea. O tema do profissional do lazer,
ou animador sociocultural, como adotaremos em nossas discussões, será
abordado especificamente em nossa última unidade, mas se faz necessária
neste momento a abordagem para fins de compreensão do desenvolvimento
histórico do lazer.
Não é possível lançar as bases para uma real compreensão do lazer sem que
estabeleçamos uma relação com o mundo do trabalho. O mesmo sangue social
que corre no trabalho corre no lazer. Qualquer alteração em um, certamente
afetará o outro. O que se deseja é que o profissional que atue em qualquer
campo do lazer tenha uma base consistente para compreender e perceber o
potencial transformador que possui o lazer. Tido por muitos como “coisa não
séria”, o lazer tem em si brechas que podem questionar modelos sociais
desumanizadores e fomentar ações de mudança.
Esperamos que com as reflexões propostas nesta unidade você seja instigado
a, ao menos, questionar a realidade na qual está inserido(a), analisando e
verificando se cada um dos argumentos apresentados são coerentes diante das
suas vivências pessoais. Caso você esteja vislumbrando uma atuação no campo
do lazer, estas reflexões certamente propiciarão uma formação diferenciada
como animador sociocultural.
Bons estudos!
FIM DA INTRODUÇÃO.
INÍCIO DO TÓPICO 1
● LAZER, TRABALHO E OBRIGAÇÕES
Legenda: Imagem 01
Nota Proemia: A imagem apresenta uma fotografia aérea de uma multidão se aglomerando num
espaço aberto, formando a imagem de uma mão de punho fechado que simboliza a luta e as
conquistas pela redução da jornada de trabalho através dos movimentos de trabalhadores.
Para se ter uma ideia da fragilidade que permeia as discussões sobre a redução
da jornada de trabalho, é necessário perceber, por exemplo, que no Brasil a
industrialização ocorreu aceleradamente no fim do século XIX. Em 1901 houve
a primeira grande greve brasileira, reivindicando uma jornada de trabalho de
onze horas, em São Paulo. Em 1902, no Rio de Janeiro, e em 1905, em
Sorocaba, tiveram greves que reivindicavam redução das jornadas vigentes de
quinze a dezesseis horas. Em 1903, no Rio de Janeiro, consegue-se a redução
da jornada diária para nove horas e meia.
Nota Proemia: A imagem acima é uma fotografia em preto e branco da segunda grande greve
nacional, ocorrida em 1917, reivindicando o final de semana, com os sábados à tarde e domingos
livres para o lazer.
Legenda: Imagem 03
Nota Proemia: A imagem traz um homem vestido de executivo com terno e uma maleta na cor
preta na mão direita, braço esquerdo estendido para alto e perna direita sem flexionada saindo
do chão.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Há um relativo caráter desinteressado que caracteriza o lazer, sem fins
econômicos, por exemplo. O lazer tem como funções o descanso (físico e
mental), o divertimento (quebra da rotina cotidiana obrigatória) e o
desenvolvimento (pessoal e social). “Nas atividades de lazer busca-se, assim,
um estado de satisfação pessoal que engloba toda a personalidade do indivíduo”
(MARCELLINO, 2003a, p. 26).
[...] seu tempo fora do trabalho vê-se ameaçado por uma fadiga,
amiúde mais psíquica do que física, que pesa, até destruí-la, sobre a
capacidade que tem de divertir-se e mesmo de recuperar-se. Sejam
agressivas ou depressivas, as reações afastam o trabalhador das
promessas de uma vida de lazer ao mesmo tempo divertida e
enriquecedora, orientada em um nível de cultura mais elevado. Seu
papel de consumidor padronizado dos produtos do sistema, de que
constitui uma engrenagem, aumenta seu bem-estar material, porém
não faz senão acentuar nele o desequilíbrio, as tensões entre a vida
de trabalho e a existência fora do trabalho (FRIEDMANN, 1964, p.
166).
INÍCIO DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM
Legenda: Imagem 04
Nota Proemia: A fotografia ilustra uma mulher em ambiente de trabalho, apresentando em sua
expressão facial sinais de cansaço.
Legenda: Imagem 05
Nota Proemia: A imagem é uma fotografia de um homem com a cabeça debruçada sobre a
mesa com uma garrafa vazia a sua frente.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Além da preocupação, que há décadas é fomentada, acerca de políticas de
redistribuição do tempo, das quais destaca-se a militância de Paul Lafargue e
Bertrand Russell, o problema da qualidade de tempo no lazer é outra séria
questão a ser refletida, pois conforme adverte Marcellino (2003a, p. 36), “[...] está
em jogo uma série de forças que visam o controle do tempo dos dominados e
seu aproveitamento na produção. Afinal, ‘tempo é dinheiro’, e no sistema de
produção vigente, ‘dinheiro é poder’”.
Portanto, muito mais do que reivindicar mais tempo para o usufruto do lazer e
suas possibilidades, se fazem necessárias ações educativas que, conforme o
conceito operacional de lazer adotado para este estudo, eduquem pelo e para o
lazer. Educar pelo lazer seria o modo como as atividades de lazer poderiam
desenvolver pessoal e socialmente seus praticantes, sem necessariamente
instrumentalizá-lo. Já educar para o lazer seria a implementação de ações
educativas que conscientizassem a população de que o lazer não precisa estar
atrelado à indústria cultural para que dê prazer e que há sim a necessidade de
transcendência de um grau conformista para um grau crítico e criativo
(DUMAZEDIER, 1980b).
Legenda: Imagem 06
Nota Proemia: A imagem apresentada na fotografia de um rapaz sob uma escada pintando uma
planície (vale) verde e repousante, com céu azul entre nuvens em uma parede acinzentada.
Legenda: Imagem 07
Nota Proemia: A imagem apresenta uma fotografia colorida de um grupo de pessoas, homens
e mulheres, realizando ginástica, ao ar livre, coreografada por uma professora.
Legenda: Imagem 08
Legenda: Imagem 09
Nota Proemia: A imagem, uma fotografia colorida de dois adolescentes, um menino e uma
menina, construindo uma casinha para o cachorro.
Legenda: Imagem 10
Nota Proemia: A imagem mostra uma fotografia colorida de um rapaz de boné, barba grande,
usando casaco azul. Ele está pintando uma figura abstrata em um muro.
Legenda: Imagem 11
Nota Proemia: A imagem mostra uma criança de aproximadamente três anos sentado em um
campo verde com diversas ilustrações representando conteúdos intelectuais e do lazer, como
fórmulas matemáticas e brinquedos.
Legenda: Imagem 12
Nota Proemia: A imagem é uma fotografia de duas crianças deitadas na grama, usando óculos
de sol de cores amarelo e vermelho, seus rostos demonstram um semblante de felicidades. Essa
fotografia ilustra os encontros familiares, como happy hours entre outros.
FIM DO REFLITA.
Legenda: Imagem 13
Nota Proemia: A imagem mostra uma multidão espalhada pelo parque arborizado. Em primeiro
plano, algumas pessoas reunidas em pequenos grupos, outras andando, outras sentadas ou de
pé. Ao fundo, além das pessoas, há algumas barracas.
INÍCIO DO REFLITA
A criança, enquanto produtora de cultura, necessita de espaço para essa
criação. Impossibilitada torna-se consumidora passiva.
FIM DO REFLITA.
Entretanto, há a necessidade de que as pessoas que estão em atitude favorável
ao lazer se conscientizem de todas as possibilidades presentes neste
tempo/espaço. A informação é o primeiro mecanismo para que a
conscientização aconteça de modo satisfatório, de forma que as atividades, ou
a opção pelo ócio, envolva o indivíduo em sua complexidade. Nesse sentido, as
atividades de lazer devem conceber o ser humano de maneira integral.
O processo educativo pelo e para o lazer deve ser considerado, acima de tudo,
como uma atitude política entendida em seu sentido mais amplo e não apenas
como ligação político-partidária, como atitude que lida com as diferentes
relações de poder e as consequências advindas dessas relações. Além disso, o
lazer, enquanto espaço político, educativo e, por que não, ideológico, pode ser
considerado como espaço de resistência ao consumismo imposto pela lógica do
mercado dos dias atuais.
Legenda: Imagem 14
Nota Proemia: A imagem é uma fotografia colorida de uma multidão de jovens uniformizados
com camiseta branca e azul com os braços estendidos para cima.
FIM DO TÓPICO 1.
INÍCIO DO TÓPICO 2
LAZER, ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL E RECREAÇÃO
A atuação dos voluntários ou profissionais envolvidos com o lazer deve estar
permeada de uma consciência do potencial e dos perigos que envolvem o lazer,
aparentemente tidas como atividades inocentes. Portanto, a atuação no campo
do lazer é, antes de mais nada, uma ação educativa, tão importante e necessária
quanto a educação formal. Além deste entendimento do animador sócio-cultural,
do recreador, ou qualquer outra denominação que se dê ao indivíduo que esteja
envolvido com estímulo e organização de práticas de lazer, destacamos a
seguinte afirmação sobre seu papel:
Nota Proemia: A imagem colorida de um homem vestindo roupa preta com microfone na mão
coordenando atividades, ao ar livre, para uma grande turma de crianças e adolescentes. Eles
estão em um campo de grama verde e rasteira, com algumas árvores ao fundo e um céu azul
claro.
É possível perceber que uma real revolução cultural que envolva, dentre outros
aspectos, a questão do lazer deve levar em conta o processo de
institucionalização da cultura de forma geral. A desapropriação progressiva das
práticas institucionalizadas, pela própria ação popular, pode ser considerada
uma forma de resistência. O que se deve priorizar, no entanto, é que estas
manifestações possibilitem uma crítica ao próprio mundo do trabalho de onde
este lazer, de forma dialética, emerge.
Este apelo a uma mudança, principalmente no que diz respeito ao lazer, é fruto
da percepção que o mundo do trabalho em si não dá conta de explicar a
existência humana e que já não a satisfaz suficientemente. O conformismo e o
problema da insatisfação no trabalho geram problemas sociais latentes. Um
exemplo na sociedade contemporânea seriam as torcidas de futebol que passam
a agir de forma violenta sem ao menos terem consciência das razões, quando
na realidade a causa pode estar justamente numa insatisfação social,
relacionada, por exemplo, ao trabalho, uma espécie de catarse. Este é apenas
um exemplo da evasão que o “trabalho em migalhas” pode gerar à dinâmica
social.
INÍCIO DO REFLITA
Já notou como em certas partidas esportivas, as pessoas, tanto praticantes
quanto espectadores, têm descargas emocionais que podem estar associadas à
violência? Você já associou isso a catarse?
FIM DO REFLITA.
INÍCIO DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM
Legenda: Imagem 16
Nota Proemia: A imagem mostra uma pessoa de gênero masculino, do abdome para cima,
usando terno escuro, camisa azul claro e uma gravata zebrada na diagonal. O personagem está
vibrando com os braços abertos e punhos fechados pouco acima dos ombros formando um
ângulo de 90º (noventa graus), porém sua cabeça é substituída por nuvem de fumaça
acinzentada contrastando com um fundo verde que possui efeito dégradé em direção ao centro.
Nota Proemia: A imagem é uma fotografia em preto e branco, envelhecida de Bertrand Russell.
Um homem que aparenta idade avançada, cabelos curtos brancos e ondulados. Os anos de
nascimento (1872) e morte (1970) estão gravados na parte inferior esquerda da foto. A foto está
emoldurada por uma borda amarela desgastada com seu nome está escrito em letras de forma
na posição vertical de cima para baixo do lado direito. Uma marca de carimbo aparece borrada
sobre a foto, tomando parte do rosto de Russell.
Ao tentar justificar sua tese, de que estamos próximos a uma civilização do lazer
- que já havia sido apresentada e defendida por outros autores - e que esta
sociedade “pós-industrial” precisa de uma inversão de rota, afirma que:
Legenda: Imagem 18
Nota Proemia: A imagem é fotografia colorida de um campo aberto, um gramado verde, com
algumas árvores distantes ao fundo. Sobre o gramado várias pessoas estão deitadas e/ou
sentadas sobre uma toalha ou sobre o próprio gramado. Algumas pessoas estão sem camisa
tomando um banho de sol. Algumas pessoas caminham entre as outras.
Acredito que esta atitude “profética”, além de já ter sido utilizada por outros
autores, é perigosa, ao propor o estabelecimento de uma nova dinâmica em
substituição à existente. Além do mais, deixa de levar em conta que há outros
agravantes que impedem com que toda a população usufrua deste modelo de
sociedade. Há um problema do desemprego estrutural, por exemplo, e neste
sentido a miserável população nesta situação não poderia desfrutar de um “ócio
criativo”, por já viver uma ociosidade (imposta), extremamente criativa por sinal,
que a impele a mover possibilidades acima de suas forças para gerar meios de
sobrevivência.
Legenda: Imagem 18
Nota Proemia: A imagem de fundo branco apresenta cinco pessoas, dois rapazes seguidos de
três moças, formando uma fila, com vista lateral e de corpo inteiro. A primeira e a terceira moça
usam saias na altura do joelho enquanto que a segunda usa calça. Todos estão voltados para
esquerda, trajando roupas executivas e segurando uma caixa de papelão (arquivo) na cor bege.
Entendo que apesar de muito se falar sobre o lazer e de este estar previsto como
um direito ao cidadão brasileiro, as ações via políticas públicas a esta área estão
aquém do que poderiam estar, se comparadas a outras esferas da vida social. E
o mais preocupante é que o estabelecimento de um quadro hierárquico de
formalização de políticas para outras áreas deixa o lazer, por vezes em segundo
plano.
Fonte: o autor.
A valorização de uma esfera social não deve se tornar outra esfera com menor
valor ou desprovida de valor, mas considerar que existe um ser humano que
influencia e é influenciado por estas questões sociais, sendo uno, e não
fragmentado, nas suas vivências e manifestações.
FIM DO TÓPICO 3.
Ano: 1999
Sinopse: o filme foi inspirado no romance de mesmo nome de Chuck Palahniuk,
de 1996. O enredo é protagonizado por um “homem comum”, sem nome
apresentado, que vive uma vida medíocre e descontente com seu trabalho.
Como trabalhador de classe média alta, com um bom emprego, sente-se
enredado pelo sistema, e afirma diariamente que sente-se a cópia, da cópia, da
cópia. Uma instabilidade financeira leva-o a uma angústia profunda que deflagra
crises psicológicas e insônia. Diante de uma profunda crise de identidade, forma
então um clube de combate juntamente com um vendedor de sabonetes.
FIM DO GABARITO.
FIM DA UNIDADE 2.
INÍCIO DA FOLHA DE ABERTURA
TÍTULO DA UNIDADE 3
LAZER, LÚDICO E EDUCAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
INÍCIO DA INTRODUÇÃO
Estimado(a) aluno(a),
Por fim, devemos refletir sobre a relação cultura, lúdico e escola. Como uma
matriz curricular deve ser concebida? À luz das exigências do mundo do trabalho
ou levando-se em consideração o lúdico tão relevante para a infância? As
respostas a perguntas como estas norteiam nossas ações e as fundamentam
rumo a uma práxis pedagógica.
Boas reflexões!
FIM DA INTRODUÇÃO.
INÍCIO DO TÓPICO 1
1. LAZER E O DUPLO PROCESSO EDUCATIVO
Imagem 1:
A imagem é a foto frontal de sete crianças, sendo as meninas maiores que os meninos,
correndo de mãos dadas sobre um campo de vegetação verde claro e com flores
amarelas, com arbustos aparecendo atrás dos personagens.
Todos estão com a cabeça suspensa e sorrindo, com uma das pernas flexionada a
frente do corpo e a outra para trás do corpo. Da direita para a esquerda temos três
meninas onde a do meio encontra-se pouco a frente das outras duas, em seguida quatro
meninos atrás das meninas um logo atrás do outro.
A primeira garota, da ponta direita é loura, de pele clara, de cabelos longos e soltos,
está de vestido azul e óculos escuros na cabeça. A segunda menina tem pele clara,
cabelo castanho amarrado e está de blusa vermelha e saia ou shorts de cor clara. A
terceira é loura de pele clara, tem cabelos longos ondulados, está com bermuda jeans
azul tradicional e camiseta laranjada. Em seguida, o primeiro menino, de pele morena e
cabelo castanho de bermuda abaixo do joelho cinza escuro, camisa vermelho claro. O
segundo garoto, é moreno claro de cabelos castanhos, está de camisa azul claro e
bermuda de cor escura até o joelho. O terceiro menino tem cabelo louro liso, pele clara
e está com camisa polo verde clara e bermuda até o joelho de cor clara. O quarto é
moreno, de cabelo preto cacheado, está de óculos escuros espelhados, camisa branca
com xadrez grande e linhas finas azuis escuras ou pretas, bermuda cor cáqui abaixo do
joelho.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
INÍCIO DO REFLITA
A velocidade é o ritmo das máquinas. Mas nós não somos máquinas. Somos
seres da natureza [...]. E a natureza é sempre vagarosa. É perigoso introduzir a
pressa num corpo que tem suas raízes na lentidão da natureza.
(Rubem Alves).
FIM DO REFLITA.
Imagem 2:
A imagem é a foto de um garoto visto de perfil, aparenta ter aproximadamente seis anos
de idade, usando bermuda abaixo do joelho, com camisa de manga dobrada acima do
cotovelo e chapéu redondo com aba dobrada branco, sentado sobre uma mala de couro,
retangular e com fechamento por meio de duas cintas (uma em cada lateral), de pés
descalços e sobrepostos, olhando para um livro que segura aberto sobre seu colo. Ao
fundo e no centro da imagem a lua cheia com o contorno sobressaindo a imagem da
criança, e o céu escuro ao seu redor representando a noite, com pontos brilhantes
(estrelas).
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Enfim, para que haja a fruição do lazer é muito importante que se discuta e se
ensine sobre ele. Se como educadores desejamos que haja uma superação da
dimensão conformista para uma dimensão crítica e criativa, necessitamos
ensinar nossos alunos as diferentes possibilidades no tempo disponível. Imagine
como seria se nós tivéssemos disciplinas que tocassem nestas questões. Que
seus conteúdos não apenas visassem ao ambiente de trabalho. Será que não é
por isso que disciplinas como artes e educação física pareçam mais leves do
que outras como matemática, português etc.? Não estou afirmando que estas
não possam ter abordagens que não necessariamente estejam associadas ao
mundo do trabalho, mas que levam em conta o lazer.
Nossa alma é lúdica. Na criança, esta ludicidade é muito mais evidente, pois
ainda não foi furtada. No adulto, talvez vá se perdendo esta característica, pois
somos ensinados de que “isto é coisa de criança e isto é coisa de gente grande”.
Como afirma Huizinga (2012), no prefácio de sua obra, além de homo sapiens e
homo faber, somos homo ludens: “já há muitos anos que vem crescendo em mim
a convicção de que é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se
desenvolve”.
Imagem 3:
A imagem é uma pintura grega no formato retangular, com uma moldura colorida
desenhada como escamas, azul, bege, marrom, amarelo, cinza, ao centro dessa
moldura tem um touro medieval marrom com manchas bege claro, com o corpo
alongado, sendo as patas dianteiras estendidas para frente e as patas traseiras
estendidas para trás, com a cabeça curvada para baixo e um longo chifre
curvado (no formato de um “S” deitado). A partir da sua nuca vemos uma faixa
bege que acompanha todo o corpo até formar o rabo que está suspenso e em
formato de “S” e abaixo da sua barriga, próximo ao quadril, um desenho no
formato de um “L” deitado representando o órgão genital. Sobre sua lombar há
um personagem pintado inteiramente de vermelho, usando apenas algo
semelhante a uma saia, porém sem tecido nas laterais, com os braços
estendidos para baixo um de cada lado do touro, cabeça suspensa, tronco
suspenso, quadril flexionado para trás e pernas para o alto e para trás do corpo.
Há outros dois personagens com o corpo a mostra, usando também algo
semelhante a uma saia, porém sem tecido nas laterais e com alguns adereços
nos braços e pernas, como braceletes, pulseiras e tornozeleiras. À direita e atrás
do touro, o personagem está com postura ereta, na ponta dos pés, perna direita
a frente da esquerda e os braços estendidos para frente do corpo e elevados em
diagonal com as mãos estendidas em direção dos pés do personagem que se
encontra sobre o animal. Na frente do touro, à esquerda, tem um personagem
abraçado aos chifres do touro (está entre os chifres), com postura ereta, pernas
brevemente flexionadas, com a esquerda a frente da direita e calcanhares
suspensos.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
O termo escola deriva do grego scholé, que significa tempo livre. Imagine como
seriam as nossas escolas se fôssemos ensinados e estimulados a valorizarmos
os potenciais de descanso, divertimento e desenvolvimento do lazer. E mais, se
pelos conteúdos compartilhados, e não apenas ministrados ou expostos,
pudéssemos associá-los além do dia da prova ou do vestibular, mas à vida, de
forma não fragmentada. Pense na associação da escola com os conteúdos
culturais do lazer: físico-esportivos, intelectuais, práticos ou manuais, artísticos,
sociais e turísticos. Acredito que, certamente, a escola ganharia outra “ânima”,
seria mais animada.
INÍCIO DO REFLITA
Você já pensou quantas pessoas usufruem de seu tempo disponível sem nunca
terem realizado uma reflexão sobre ele? Condicionados, programados sem
conseguir projetar um outro cenário e outras possibilidades.
FIM DO REFLITA.
FIM DO TÓPICO 1.
INÍCIO DO TÓPICO 2
LAZER COMO ESPAÇO PARA O LÚDICO
Homo sapiens, homo faber, homo ludens. Como definir a humanidade por meio
destas três categorias? Ou mais, como elas convivem entre si? Um ser humano
que pensa, raciocina, produz conhecimento e trabalha, transforma este
conhecimento em cultura, fabrica objetos, tecnologia, mas que tem dentro de si
uma necessidade de brincar, de jogar. Neste sentido, como afirma Huizinga
(2012), a humanidade extrapola sua dimensão racional, haja visto que o jogo é
irracional. Ele vai além, ao afirmar que as mais importantes atividades
arquetípicas da humanidade são caracterizadas pelo jogo.
Imagem 4:
A imagem é o desenho de três pessoas, dentro de uma caverna dançando ao redor de
uma fogueira. Os três possuem pele clara, cabelos castanhos, estão usando vestido
marrom, aparentemente feito da pele de um animal, Vemos um homem com bigode e
cavanhaque e uma mulher ambos de frente e sorridentes e de costas um terceiro
personagem, todos em pé, apoiados sobre a perna esquerda e com a perna direita
suspensa e flexionada, os braços elevados e flexionados na altura do ombro e para o
lado de fora do corpo. No chão, próximo da fogueira e a frente do homem com barba
tem um osso branco.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Neste sentido, a obra Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura, de Johan
Huizinga, publicada em 1938, é desenvolvida com as inter-relações entre o jogo
e as variadas esferas da vida humana: direito, guerra, conhecimento, poesia,
filosofia e arte. Isto demonstra a concepção de que o jogo tem papel essencial
em nossa essência humana. Muito do que se busca compreender ainda hoje
sobre o ser humano poderia encontrar sua resposta nesta perspectiva ontológica
do ser humano.
Huizinga (2012) afirma em suas reflexões que a festa também possui um alto
grau de ludicidade. Na festa, assim como no jogo, o cotidiano é quebrado, a
alegria é um dos elementos marcantes e a liberdade está presente. Neste
sentido, ao refletirmos sobre a relação lazer, lúdico e educação, é de suma
importância que as festas sejam objeto de ensino, não apenas como elemento
folclórico, mas como vivência e lócus de ludicidade.
Mas diante das nossas reflexões, cabe ainda explicitar a pergunta que se
apresenta no pano de fundo das nossas abordagens iniciais sobre o lúdico: “o
lúdico não se manifesta apenas no lazer?” Espero que tenha ficado evidente que
não. Contudo, o lazer é o lócus privilegiado para a manifestação do lúdico. Se
você retornar ao conceito operacional de lazer que estabelecemos no início dos
nossos estudos perceberá que há muita proximidade entre o lazer e o lúdico.
O lazer como cultura vivenciada no tempo disponível, assim como o lúdico, tem
como recompensa a satisfação provocada pela própria situação. Estar envolto
pelo ambiente do lazer, no entanto, pressupõe a possibilidade de opção pela
atividade ou pelo ócio (MARCELLINO, 2001a). Neste sentido, como fica o lúdico
no ócio, ou seja, na opção pelo nada fazer. Diante disso, o que podemos afirmar
é que há o “D” do descanso dos valores do lazer, que não necessariamente
pressupõe ludicidade. Não necessariamente desenvolvimento e divertimento.
Imagem 5:
A imagem é a foto de cinco crianças (dois meninos e três meninas) de aproximadamente
cinco ou seis anos de idade. Estão em pé um ao lado do outro desenhando em um
quadro negro com giz branco.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
INÍCIO DO REFLITA
FIM DO REFLITA
Por que é que o trabalho em nossa sociedade se estruturou desta forma? Por
que o prazer fica relegado a uma pequena faixa de tempo e as obrigações a uma
grande parcela? Por isso, ao educar para o lúdico, implicitamente ocorre uma
denúncia da dicotomia “prazer/realidade”. Não deveria ser assim. Mas a forma
como o trabalho é concebido no modo de produção capitalista, exige um
abandono da essência e a impõe padrões que podem até garantir segurança,
mas roubam a liberdade. Podem até garantir o sustento material, mas não
sustentam o essencial, ou seja, tende a usurpar a nossa humanidade.
Imagem 7:
A imagem é a foto de um menino de aproximadamente cinco anos sentado no chão com
as pernas cruzadas, braços abertos, a cabeça e tronco flexionados para a esquerda.
Ele usa calça jeans e um cachecol de tecido leve, azuis, chapéu aviador com abas de
lã de carneiro e óculos grandes com lentes redondas e transparentes e armação grossa
na cor marrom. Está descalço e sem camisa.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
FIM DO TÓPICO 2.
INÍCIO DO TÓPICO 3
A CULTURA, O LÚDICO E A ESCOLA
INÍCIO DO REFLITA
Você teve uma infância cheia de brincadeiras? Quais foram as mais marcantes?
Já refletiu sobre os valores ques estas brincadeiras formaram em você?!
FIM DO REFLITA
O brincar, como elemento significativo e representativo de diferentes culturas,
perpassa diferentes momentos históricos e diferentes delimitações geográficas.
Uma brincadeira entrecruza histórias, tempos e espaços. Debortoli (2004, p. 20)
afirma que:
O risco da modernidade que se exacerba cada vez mais naquilo que podemos
denominar, na contemporaneidade, de modernidade líquida, é que a criança
como sujeito da ação e produção cultural é deixada de lado para se tornar uma
mera consumidora de produtos culturais. Como afirma Marcellino (2000, p. 40),
“é através dessas atividades tão características da infância, e que cada vez mais
vêm sendo negadas à próprias crianças, que se forma a base de uma
participação crítica e criativa”. Como consequência, podemos perceber cada vez
mais uma redução na capacidade imaginativa, criativa e comunicativa na
adolescência, juventude e até mesmo na fase adulta.
Imagem 8:
A imagem é uma foto de cinco crianças (três meninos e duas meninas) de em média
quatro ou cinco anos, deitadas sobre um tapete e postas em círculo com as cabeças se
encontrando ao centro. Usam roupas coloridas, os três meninos estão respectivamente
de camisa verde, camisa xadrez e camiseta de listras horizontais e as meninas estão
uma de camiseta azul claro e a outra de blusa de manga longa cor de rosa. Todas as
crianças estão segurando um celular nas mãos e concentradas no que visualizam na
tela, uma sorrindo e outras em atenção.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
A manifestação cultural lúdica não está apenas no brinquedo e no brincar,
segundo Oliveira (2007). No brincar há uma experiência lúdica, mas que
transcende este meio. A manifestação cultural lúdica nasce e se evidencia com
os componentes alegria, riso, entusiasmo, prazer e divertimento, expressos
pelos participantes em determinado contexto cultural e social. Por isso a íntima
relação entre a cultura, em sentido amplo, e a ludicidade.
O projeto foi tão bem sucedido que a creche vai provavelmente continuar a ter
períodos livres de brinquedo. Especialmente do lado de fora das classes.
Imagem 9:
A imagem é a foto de meio corpo de um menino de aproximadamente três ou quatro
anos, sem camisa, mostrando as mãos sujas de barro na altura do rosto, olhando para
frente com a boca aberta como se estivesse emitindo som.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Imagem 10:
A imagem é a foto do corredor de uma loja, mostra a primeira vista a metade de um
carrinho de compras e posteriormente um longo corredor com duas laterais repletas de
brinquedos diversos com cores vibrantes (rosa, alaranjado, verde, azul, vermelho,
amarelo, etc). Ao fundo do corredor uma prateleira com objetos em cores mais suaves
(alaranjada, amarelo, branco, verde e rosa) e logo a frente desta prateleira vemos a
imagem desfocada de uma mulher usando vestido entrando no corredor de brinquedos.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Esta lógica da indústria cultural faz com que produtos sejam adaptados ao
consumo massificado e no qual ela mesma determina este consumo. Um dos
problemas gerados pela indústria cultural ao massificar seus processos é gerar
a falsa sensação no consumidor de que é ele quem está no comando, sujeito do
processo, quando na verdade não passa de um objeto. A lógica da mass media,
termo que pode substituir indústria cultural em determinados contextos, é que
não são as massas o fiel da balança, mas a própria indústria cultural (ADORNO,
1971).
Cada vez mais vemos um aumento nas barreiras para que, principalmente, as
crianças deixem de ser meras consumidoras de cultura e passem a ser
produtoras. Vale observar que, principalmente em grandes cidades, umas das
barreiras é a limitação de espaço, em primeiro lugar, mas que pode estar
diretamente atrelada ao fator tempo. Discutiremos mais detidamente esta
questão na próxima unidade.
Outra barreira à produção cultural, como já mencionamos anteriormente, ainda
é, infelizmente, a exploração da mão de obra infantil, que reduziu nos últimos
anos no Brasil, mas que ainda está presente em nossa sociedade. Pior do que
isso, ainda é possível encontrar famílias inteiras em regime de trabalho escravo.
Como falar em conhecimento, apreensão cultural? Como tratar de uma
criticidade das vivências e imposições da indústria cultural? Como estimular uma
criação, criatividade, produção cultural, independente da faixa etária. Portanto,
como qualquer assunto que envolva o ser humano em sociedade, é necessário
conceber o problema da cultura, do lúdico e, consequentemente, da educação
numa perspectiva mais ampla, atrelada a várias outras esferas que compõem o
rico mosaico da vida em sociedade.
O furto do lúdico ocorre, como salienta Marcellino (2002), não apenas pelas
privações de espaço/tempo, mas também pela bem-intencionada transformação
de elementos que no lazer são potencialmente lúdicos para meios de aquisição
de conhecimento no processo educativo, em atividade utilitária. A lógica da
fruição, se é que ela tem uma lógica, racionalmente concebida, é a preparação
para o futuro, a formação de um indivíduo produtivo, que é justamente a lógica
burguesa, pois a aprendizagem é necessária à vida adulta, à negação do ócio:
negócio. O jogo, nesta dinâmica utilitária, funcionalista, é instrumentalizado para
treinar, ou adestrar, partindo do pressuposto de que sempre deseja ser “gente
grande”, quando na verdade, ao que tudo indica, a criança é estimulada a crescer
e o adulto deseja reviver a infância.
Imagem 11:
A imagem é a foto de uma sala de reuniões com cinco crianças de aproximadamente
oito ou nove anos de idade, sendo quatro meninas uniformizadas, sentadas duas de
cada lado de uma mesa retangular, representando funcionários de uma empresa e um
garoto de terno, gravata e óculos, em pé com as duas mãos postas sobre a ponta da
mesa, representando o diretor da organização. As quatro garotas estão com os braços
sobre a mesa e olhando para o menino. Sobre a mesa do lado direito do garoto tem um
notebook e no fundo da sala e atrás dele uma tela de aproximadamente 50 polegadas
expondo um gráfico.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
E a escola? Como fica diante deste confronto entre uma cultura imposta e a
necessidade uma produção cultural genuína? Ela está, e nisto consideremos
professores, alunos, coordenadores, diretores etc., em meio a uma disputa;
diante de exigências para a formação do mercado de trabalho, do mundo do
negócio, e da educação para o lazer, para brincar, para a o lúdico. Como afirma
Snyders (1988, p. 196):
Quando olhamos para o século XXI, com sua riqueza e diversidade midiática,
percebemos que o desafio não é tão simples assim. Quantas pontes estão
construídas. Lindas pontes, mas que levam a lugares questionáveis, e pior, sem
opções. Tornam as pessoas ovelhas de rebanho, em vez de de cabritos
monteses. Permitam analogia, mas pensem em quantos adultos infelizes que
foram crianças cheias de vida, que aos poucos foram sendo domesticadas,
padronizadas, arrebanhadas, e como ovelhas de um rebanho, tiveram suas
identidades furtadas. Tinham potencial para explorar as grandes montanhas do
conhecimento, mas foram vítimas dos medos que tolheram os ímpetos da
curiosidade infantil, dos sonhos, da essência lúdica. A única forma de um aluno
não se distrair ou se enfadar com a escola é se alegrando nela e com ela. “[...] a
escola preenche duas funções: preparar o futuro e assegurar ao aluno as
alegrias presentes durante esses longuíssimos anos de escolaridade que a
nossa civilização conquistou para ele” (SNYDERS, 1993, p. 27).
Isto é tão sério e relevante para os dias atuais que autores como Diamandis e
Kotler (2012) vêem que a ludicidade, a diversão, e por que não dizer a alegria,
já não seriam suficientes diante de uma competição pela atenção de nossas
crianças e jovens. A cultura tecnológica e a produção midiática se tornaram
adversários em muitos casos para a escola tradicional, com recursos limitados à
lousa e giz.
Imagem 12:
A imagem é a foto de um garoto de pele negra, deitado de barriga para baixo sobre
um muro de tijolo a vista, com uma perna de cada lado do muro e cabeça suspensa
olhando na direção do foco fotográfico. Ele está calçando chinelos e vestindo uma
bermuda jeans suja e camiseta amarelada de manga longa rasgada no ombro e com
furos no braço.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
com exigências produtivas segundo a lógica do adulto, que em sua maioria está
associada à lógica do modo de produção vigente, pode ser que hora ou outra
consigam desfrutar de um pouco de diversão em meio ao tédio.
Imagem 13:
A imagem trata-se de uma foto de cinco crianças supostamente entre seis e sete anos
de idade, em pé com os braços e mãos estendidos para o alto, sorridentes e com
mochila nas costas. São três meninas (a primeira de pele negra e cabelo preto com
duas tranças, a segunda ruiva também com trança e a terceira de pele clara e loura com
cabelo preso) e um menino (pele clara e cabelo liso castanho) um ao lado do outro e a
frente, entre a primeira e segunda garota, outro garoto (pele negra e cabelo preto
cacheado), todos usando camiseta lisa nas cores azul claro, alaranjado, verde, azul
claro e vermelho respectivamente.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Um risco que podemos correr é querer igualar o tempo das obrigações escolares
ao lazer. A escola necessita reencontrar sua própria alegria, a alegria da
curiosidade, da descoberta, do acesso ao conhecimento de forma autônoma e
responsável. A alegria pode estar na própria condição gregária do ser humano e
nas trocas de experiências, no compartilhar, nas coproduções, nas cooperações,
mais do que nas competições. Condições que por vezes são subtraídas de
nossos alunos em nome de um discurso de disciplina e organização: uma sala
de aula organizada, alunos enfileirados, copiando a matéria do quadro e
sonhando com o momento de mais liberdade.
Mas não é tão simples dosar a alegria sem abdicar do papel de educador,
independentemente se está na escola ou não. Pois mesmo no lazer, não há
apenas o aspecto da “curtição”, do fruir, mas há necessidade de dedicação e
disciplina. A alegria verdadeira requer certo rigor, não é um “deixe rolar”, “deixe
acontecer”. A alegria duradoura está baseada em disciplina. Estas relações
precisam estar claras para os educadores, pois, por vezes, em nome da alegria,
as aulas perdem seus objetivos e se confundem com o próprio lazer, num tempo
reservado a um tipo de obrigações, inerente a própria vida. O lazer pode até
ocorrer na escola, mas fora do tempo das obrigações, utilizando sua estrutura
como um equipamento não específico de lazer.
Imagem 14:
A imagem mostra a foto de parte de uma sala de aula com carteiras na cor caramelo e
cadeiras com encosto de madeira marrom e estrutura de ferro, e ainda quatro crianças
de aproximadamente cinco ou seis anos de idade, sentadas e com um caderno aberto
(páginas em branco) sobre suas carteiras.
Em ênfase temos um garoto, pele clara e cabelo liso castanho escuro, vestindo camisa
de maga curta branca, com os braços flexionados postos sobre a carteira e caderno, a
mão esquerda aberta no lado esquerdo do rosto apoiando a cabeça. Sua expressão é
de descontentamento, com as sobrancelhas contraídas, olhos fixos a frente, pálpebras
e bochechas caídas, lábio superior sobrepondo o lábio inferior.
Ao lado esquerdo do menino, tem uma garota morena vestindo blusa de manga longa
cor de rosa, com o cabelo amarrado para trás, de trança e faixa na cabeça (faixa e
amarrador roxos), sentada e olhando para frente e com os braços para baixo. Atrás dos
dois alunos já descritos tem outras duas meninas, sentadas, a esquerda uma de pele
negra, cabelo preto cacheado, com uma presilha prendendo a franja para o lado, usando
blusinha de manga curta lilás, com o braço esquerdo para baixo ao lado do corpo e a
mão direita na frente do rosto supostamente se escondendo da câmera. À esquerda
desta aluna, outra menina de pele clara e cabelo escuro, usando blusa de manga longa
azul, com o braço direito flexionado e mão sobre a carteira e braço esquerdo flexionado
sobre a carteira e mão esquerda segurando a cabeça, está última flexionada para a
esquerda com o pescoço estendido e olhar voltado para o foco fotográfico.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
FIM DO TÓPICO 3
Como pudemos perceber, os debates que afloram destas relações são amplos
e variados; um rico campo de pesquisa e reflexões. Possivelmente esta tenha
sido, para muitos, a primeira oportunidade de reflexão acerca do potencial que o
lazer possui para o desenvolvimento do ser humano em suas múltiplas facetas.
Fiquei com vontade de fazer um sinuquinha. Naquele tempo não havia para se
comprar. Mesmo que houvesse não adiantava: a gente era pobre. Como tudo o
que vale a pena nesse mundo, a fabricação começava com um ato intelectual:
pensamento: quem deseja pensa. O pensamento nasce no desejo. Era preciso,
antes de construir o sinuquinha de verdade, construir o sinuquinha de mentira,
na cabeça. Essa é a função da imaginação. Antes de Piaget eu já sabia os
essenciais do construtivismo: meu conhecimento começava com uma
construção mental do objeto. Diga-se, de passagem, que o homem vem
praticando o construtivismo desde o período da pedra lascada. Piaget não
descobriu nada: ele só descreveu aquilo que os homens (e mesmo alguns
animais) sempre souberam.
[...]
Deliciei-me com uma estoria do ´Pato Donald´. O professor Pardal, cientista,
resolveu dar como presente de aniversário ao Huguinho, Zezinho e Luizinho,
brinquedos perfeitos. Fabricou uma pipa que voava sempre, mesmo sem vento.
Um pião que rodava sempre, mesmo que fosse lançado do jeito errado. E um
taco de beisebol que sempre acertava na bola, mesmo que o jogador não
estivesse olhando para ela. Mas a alegria foi de curta duração. Que graça há em
se empinar uma pipa, se não existe a luta com o vento? Que graça há em fazer
rodar um pião se qualquer pessoa, mesmo uma que nunca tenha visto um pião,
o faz rodar? Que graça há em ter um taco que joga sozinho? Os brinquedos
perfeitos foram logo para o monte lixo e os meninos voltaram aos desafios e
alegrias dos brinquedos antigos.
Todo brinquedo bom apresenta um desafio. A gente olha para ele e ele nos
convida para medir forças. Aconteceu comigo, faz pouco tempo: abri uma gaveta
e um pião que estava lá, largado, fazia tempo, me desafiou: ´ - Veja se você pode
comigo!´ Foi o início de um longo processo de medição de forças, no qual fui
derrotado muitas vezes. É preciso que haja a possibilidade de ser derrotado pelo
brinquedo para que haja desafio e alegria. A alegria vem quando a gente ganha.
No brinquedo a gente exercita o que Nietzsche denominou ´vontade de poder´.
Brinquedo é qualquer desafio que a gente aceita pelo simples prazer do desafio
- sem nenhuma utilidade. São muitos os desafios. Alguns são desafios que tem
a ver com a habilidade e a força física: salto com vara, encaçapar a bola de
sinuca; enfiar o pino do bilboquê no buraco da bola de madeira. Outros tem a ver
com nossa capacidade para resolver problemas lógicos, como o xadrez, a dama,
a quina. Já os quebra-cabeças são desafios à nossa paciência e à nossa
capacidade de reconhecer padrões.
Editora: Papirus
Ano: 2014
Sinopse: Brincante é um documentário de sobre Antônio Nóbrega, um artista
mambembe de um teatro itinerante. Seus espetáculos, que percorrem todo
Brasil, são compostos por fantoches, truques, música, dança e teatro. As
apresentações são de teor lúdico infantil, apesar de críticas sagazes ao mundo
adulto. Não há uma distinção entre o que costumeiramente denomina-se de
cultura erudita e cultura popular, pois no documentário ambas estão
amalgamadas.
Instituto Brincante
O Instituto Brincante, busca resgatar, conhecer, assimilar e recriar
manifestações artísticas brasileiras, numa perspectiva da nossa rica diversidade
cultural. Pesquisa e reelabora da cultura brasileira, com vistas a propiciar novos
valores e modos de ser que propiciem ao indivíduo novas maneiras de pensar e
viver a sociedade contemporânea. Sua Missão é: promover o enriquecimento
humano por meio do estudo e da pesquisa da arte e da cultura brasileiras,
formando e capacitando jovens, crianças, artistas e educadores e contribuindo
para ampliar sua consciência cultural e social. Sua Visão é: ser reconhecido
pelos seus mantenedores e pelo público em geral como um centro de referência
irradiador da cultura brasileira e formador de intérpretes e educadores.
Para conhecer mais, acesse o link disponível em:
<http://www.institutobrincante.org.br/>.
Escola da Ponte
A Escola da Ponte é, nas palavras de Rubem Alves, “a escola que sempre sonhei
sem imaginar que pudesse existir”, título de um livro sobre ela, publicado pela
Papirus Editora. O modelo pedagógico da escola rompe com os modelos
tradicionais. O espaço é partilhado por todos, não há separação de turmas, não
há sinais sonoros, não há competição, mas muita cooperação. É um espaço de
jogo, divertido, mas com regras, construídas coletivamente.
ALVES, R. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008.
1Em: <http://porvir.org/para-inovar-e-preciso-professor-abra-cabeca-diz-jose-
pacheco/>. Acesso em: 29 mai. 2017.
2Em: <https://leonardoboff.wordpress.com/2016/01/05/a-sociedade-do-cansaco-
e-do-abatimento-social/>. Acesso em 29 mai. 2017.
3Em: <https://catraquinha.catracalivre.com.br/geral/aprender/indicacao/jardim-
de-infancia-da-noruega-retira-brinquedos-das-salas-o-resultado-foi-criancas-
mais-criativas/>. Acesso em: 29 mai. 2017.
4Em: <http://pre.univesp.br/e-brincando-que-se-aprende#.WS10C-vyuUl>.
Acesso em: 30 mai. 2017.
INÍCIO DAS REFERÊNCIAS ON-LINE
INÍCIO DO GABARITO
1. Os objetivos consumatórios estão ligados ao relaxamento, à
contemplação, e ao prazer que determinadas práticas proporcionam. Em
muitos casos, a aparência é de que não se está fazendo nada, mas
quando atrelado a um processo educativo de educação “para” e não
“pelo”, é justificável e necessária a fruição destes momentos, que poderá
favorecer então um ambiente de educação sim “pelo” lazer, aliás com
grande potencial educativo.
Os objetivos instrumentais são aqueles associados à realidade concreta e
sua compreensão. Há um desenvolvimento pessoal e social envolvidos
nestas práticas. A sensibilidade, em vários aspectos, é estimulada pelas
atividades recreativas. Tanto um crescimento das questões mais intrínsecas
de crescimento intelectual, físico, estético etc., quanto oportunidades para
novos relacionamentos estreitamentos de outros.
FIM DO GABARITO.
FIM DA UNIDADE 3.
INÍCIO DA FOLHA DE ABERTURA
TÍTULO DA UNIDADE 4
Objetivos de Aprendizagem
INÍCIO DA INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a),
Uma expressão que ganhou muita notoriedade nos últimos anos é “qualidade de
vida”. Como veremos, existem várias definições e concepções em torno desta
expressão. E ela, necessariamente, passou a ser discutida no ambiente
acadêmico. Como a Educação Física bebe em várias ciências (Biologia,
Química, Física, Psicologia etc.), bem como na filosofia, vários subtemas
emergem quando trata-se da discussão sobre qualidade de vida. Um deles,
impreterivelmente, é a relação lazer e qualidade de vida.
FIM DA INTRODUÇÃO.
INÍCIO DO TÓPICO 1
● CONCEITOS, VALORES E PARÂMETROS EM LAZER E QUALIDADE
DE VIDA
Uma das expressões muito presente em nosso vocabulário neste início de século
XXI é qualidade de vida. Como vários outros termos, há diferentes conceitos por
trás desta expressão, que podem variar de acordo com cada autor e a
abordagem escolhida. Em nosso caso, estamos tratando da questão do lazer
dentro da perspectiva da formação de professores(as) para a educação básica,
mais especificamente na discussão com o lazer e a recreação.
INÍCIO DO REFLITA
Quando você ouve a expressão qualidade de vida o que vem à sua mente? Em
geral você costuma ouvir esta expressão associada a quais fatores?
FIM DO REFLITA.
A expressão qualidade de vida pode ser nova, mas o conceito deste termo já
está presente na história da humanidade há muito tempo, apenas ganhando uma
nova roupagem em meio às novas características e demandas da sociedade
contemporânea. Aliás, para cada cultura, seja ela em nível micro ou macro, há
um fator subjetivo por trás do termo qualidade de vida. Se já é um desafio situar
a questão da qualidade de vida pelos variados entendimentos que a expressão
pode ter, imagine atrelá-lo às diversas compreensões e conceituações sobre ele.
Como afirma Rosário (2001. p. 158):
A anseio humano de buscar cada vez mais melhorar suas condições de vida, o
que alguns denominam de progresso, outros evolução, ou ainda,
desenvolvimento, tem para muitos antropólogos do século XIX, segundo Dawsey
(2001, p. 29), a ideia do “quanto mais melhor”. Mas, como ele mesmo salienta,
talvez a questão central não esteja no quanto, ou seja, numa questão
quantitativa, mas esteja no aspecto qualitativo.
Legenda: Imagem 01
Nota Proemia: A imagem é uma fotografia de um casal de idosos. Ele usa bermuda xadrez e
camisa branca de mangas curtas enquanto que ela roupas brancas, calças justas de
comprimento na altura da panturrilha e uma camiseta cavada. Ambos estão em posição de salto
(pulo), ambos com braços e pernas abertos formando a letra X e abaixo deles areia branca tendo
como fundo um céu azul com poucas nuvens.
Legenda: Imagem 02
Nota Proemia: A imagem mostra parcialmente alguns aparelhos ergonômicos de uma ATI
(Academia da Terceira Idade) em um espaço públicos com algumas árvores ao fundo e uma
claridade do canto superior direito da imagem devido a incidência dos raios solares, projetando
as sombras dos aparelhos direção contrários.
Então, qualidade de vida está recheada de um aspecto subjetivo que pode sofrer
modificações ao longo da vida de cada pessoa. Fatores que hoje podemos
associar a uma melhor qualidade de vida podem não ser tão mais significativos
daqui alguns anos.
Existe, porém, consenso em torno da ideia de que são múltiplos os fatores que
determinam a qualidade de vida de pessoas ou comunidades. A combinação
desses fatores que moldam e diferenciam o cotidiano do ser humano, resulta
numa rede de fenômenos e situações que, abstratamente, pode ser chamada de
qualidade de vida. Em geral, associam-se a essa expressão fatores como:
estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações
familiares, disposição, prazer e até espiritualidade. Num sentido mais amplo,
qualidade de vida pode ser uma medida da própria dignidade humana, pois
pressupõe o atendimento das necessidades humanas fundamentais (NAHAS,
2001, p. 5).
Descrição: A figura mostra uma fotografia em primeiro plano do sociólogo polonês, Zygmunt
Bauman. Um senhor de idade avançada, calvo com poucos cabelos branco na parte de trás da
cabeça, usa um aparelho de escuta (ponto) na orelha esquerda. Ele é visto de lado e voltado da
esquerda, e com a mão esquerda realiza gesto aleatório, a imagem indica estar discursando.
Vale destacar que, em 1990, a ONU - Organização das Nações Unidas criou um
comitê para diagnosticar a desigualdade social mundial, e o parâmetro criado foi
denominado de IDH - Índice de Desenvolvimento Humano. O IDH lida
principalmente com aspectos ligados à educação, expectativa de vida e renda.
São considerados neste índice, também, aspectos particulares de cada grupo.
Nahas (2001, p. 6-7) destaca a importância de outros indicadores como
mortalidade, morbidade, desemprego, desnutrição e obesidade, e distingue
alguns parâmetros fundamentais para o diagnóstico da qualidade de vida: 1.
Parâmetros Socioambientais: moradia, transporte, segurança, assistência
médica, condições de trabalho e remuneração, educação, opções de lazer, meio
ambiente etc. 2. Parâmetros individuais: hereditariedade e estilo de vida (hábitos
alimentares, controle de stress, atividade física habitual, relacionamentos e
comportamento preventivo).
Nota Proemia: A imagem mostra uma pessoa vista de costas em primeiro plano entre as flores
do campo amarelas. Ela está usando um vestido estampado pouco acima do joelho e com as
mãos entrelaçadas sobre a sua nuca, contemplando o horizonte a sua frente, com um lindo
alvorecer do dia.
FIM DO TÓPICO 1.
INÍCIO DO TÓPICO 2
QUALIDADE DE VIDA, CORPOREIDADE E LAZER
Quando tratamos da questão da autonomia, seja em que esfera for, não estamos
considerando que o indivíduo poderá criar suas próprias regras e viver como
bem entender, pois isto certamente feriria a de outrem. Mas o que estamos
destacando é uma atitude ativa, crítica, reflexiva e não apenas conformista,
consumista. Sabemos que o consumo é importante, aliás vital, o problema é sua
exacerbação que redunda em alienação, em um fazer por fazer, comprar por
comprar, e no fim das contas, em uma vida infeliz, sem significado.
Descrição: A imagem mostra uma jovem de cabelos longos sobre uma cama em dois momentos
na mesma imagem, ela está usando uma camisola branca (semelhante a uma camisa de mangas
compridas) que cobre o seu corpo, deixando parte de suas pernas a mostra. Ela apresenta um
semblante sonolento. No primeiro momento, em primeiro plano, a jovem está sentada sobre as
pernas e seu tronco levemente inclinado para direita tendo como apoio o braço esquerdo
estendido e seu braço direito está sobre o abdome ligeiramente flexionado, No segundo
momento, com a imagem opaca e mais a direita, a jovem está deitada de bruços, com o rosto
voltado para frente e com os braços flexionados em “V”.
Legenda: Imagem 05
Descrição: A imagem apresenta uma silhueta de uma cabeça humana esculpida na madeira
vista de lado, fixada numa parede marrom-claro por um parafuso em sua extremidade superior
e outro na sua extremidade inferior. Várias engrenagens, algumas de cor marrom escuro e outras
mais acinzentadas, estão espalhadas com tamanhos diferentes e sobrepostas umas nas outras
na parte superior e inferior da imagem. A silhueta, também possui algumas engrenagens
empilhadas, com tamanhos diferentes, próximas da região craniana, uma das engrenagens, mais
próxima da nuca e na altura dos olhos, se destaca na cor amarela e uma outra engrenagem
menor está isolada próxima ao pescoço.
No fundo a luta de todos nós deve ser uma luta por mais vida,
uma luta dos corpos por sua libertação. Nesta perspectiva, o
nosso senso crítico deve estar atento para todas as dimensões
do humano, quer a nível de nossa própria subjetividade e
intersubjetividade, quer a nível das infraestruturas que
condicionam com os conflitos e contradições situados
historicamente, que nos impedem de crescer enquanto seres
humanos (MEDINA, 1998, p. 108).
INÍCIO DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM
Legenda: Imagem 06
Descrição: A imagem é uma foto mostrando a silhueta de uma jovem vista de lado voltada para
direita, saltando com os braços estendidos e a pernas dobradas para trás, também, há silhueta
de uma corrente esticada na horizontal com o último elo aberto muito próximo dos pés da jovem.
Abaixo de silhueta da jovem observa-se o nascer do sol entre as flores do campo. O azul do céu
se mescla com as cores alaranjadas das nuvens provocadas pelo brilho do sol. As pequenas
silhuetas de três pássaros apresentadas no canto superior direito da imagem define o quão alto
estão.
Imagem 12:
A imagem é a foto de um homem de pele clara e cabelos castanhos e um menino, de
pele clara e louro, sentados na ponta de um tablado de madeira, a beira de, um lago,
com os pés dentro da água. O homem segura uma vara de pescar. O garoto usa
camiseta branca e bermuda jeans e o homem está usando camisa xadrez e calça jeans
com a barra dobrada até os joelhos. A imagem mostra tablados de madeira ao redor do
lago e ainda um gramado alto com arbustos, um muro marrom avermelhado e logo atrás
deste a copa de árvores. Também podemos ver entre o lago e o muro a imagem
desfocada de uma casa com varanda e por cima das árvores e sobre parte da água o
reflexo do sol.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
INÍCIO DO REFLITA
FIM DO REFLITA.
Portanto, nossos paradigmas de qualidade de vida precisam ser revistos
constantemente, pois aqueles que construímos até agora em nossa história dão
conta de certos aspectos, talvez considerados mais importantes, ou mais
urgentes por aqueles que os arquitetam, mas que não dão conta da vida em toda
a sua complexidade. Por mais contraditório que isto pareça, pois temos mais
qualidade do que nossos ancestrais sob certos aspectos, “nós, que olhamos a
conquista do ‘nosso’ modelo de qualidade de vida como o saboroso fruto da
liberdade que os tempos modernos nos trouxeram” (ROSÁRIO, 2001, p. 158),
podemos ainda assim nos encontrarmos vazios, infelizes e sem perspectivas
diante de um universo de possibilidades. Mas é certo que, como conclui Rosário
(2001, p. 167), “os horizontes que vamos criando condicionam as formas da
qualidade de vida a que aspiramos; porque somos puxados pelo futuro, porque
necessitamos experimentar o novo e porque, instintivamente, perseguimos mais
o melhor do que o bom”.
Imagem 13
A imagem é a foto de um homem, sentado sobre uma tábua com as pernas estendidas,
tronco na diagonal para trás, segurando com as duas mãos as cordas do balanço que
estão presas no galho de uma árvore. Vemos apenas os galhos da árvore caídos na
parte superior da foto, abaixo do rapaz areia e ao seu lado esquerdo o mar com o reflexo
do sol nascendo e a direita uma parte da vegetação.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
FIM DO TÓPICO 2.
INÍCIO DO TÓPICO 3
Imagem 14:
A imagem é a foto de uma área extensa de gramado verde e limpo cercado por
árvores com copas repletas de folhas verdes e ao fundo da imagem vários
prédios muito altos com formatos diferenciados (retangular, quadrado,
hexagonal...), alcançando o céu azul e límpido.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Com o passar do tempo, portanto, o ser humano modifica o espaço onde está
inserido como uma forma, em princípio, de melhorar seu modo de vida. Contudo,
nem sempre este processo ocorreu e ocorre de maneira ordenada, utilizando-se
de elementos racionais, podendo constituir, a médio e longo prazo, caos para a
convivência dos seres humanos entre si, bem como com a fauna e a flora
circundante. Basta fazermos uma breve avaliação de alguns grandes centros
urbanos que cresceram desordenadamente, sem um planejamento, e perceber
os efeitos negativos causados por esse processo. Vale lembrar que, hoje, os
efeitos já não se limitam a consequências locais, pois são de ordem planetária,
como é o caso do superaquecimento global.
Imagem 15:
A imagem é a foto de uma rua vista na vertical, aglomerada de pessoas a pé e algumas
sendo transportadas em táxis de bicicletas (com toldos e assentos retangulares). Essa
rua é estreita com armações de ferro ligando um lado e outro, nas laterais existem
comércios e sobrelojas com estruturas antigas e precárias, de cores desbotadas. A rua
tem o formato de “L” e na parte inferior da imagem onde começa a parte horizontal da
mesma vemos um portão alto verde, dividido por pilares cor de telha com marcas de
mofo ou a pintura descascada.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
É interessante perceber que efeitos globais têm início nas ações individuais que
vão se avolumando por meio das relações comunitárias até ganharem tais
dimensões. Esta modificação do espaço pelo ser humano se dá por meio das
técnicas mais elementares, desenvolvidas para adequar o meio à sua volta e
garantir os elementos fundamentais à sua vida. Para Santini (1993, p. 34), “com
a experiência de seu corpo, o homem organiza seu espaço, adequando-o às
suas necessidades biopsicossociais [...] este espaço, organizado e animado,
constituído de um meio físico, estético e psicológico é o meio ambiente”. Note
que a questão da corporeidade volta à tona e está na base das experiências de
organização espacial como elemento fundamental da vida em sociedade.
Diante destas considerações, podemos inferir que qualquer processo que deseje
subjugar o outro terá no domínio do corpo um elemento basilar ao seu intento.
Como destaca De Pellegrin (1999), a ocupação do espaço na sociedade
hodierna está profundamente atrelada a questões de poder. Diante disso, a
corporeidade que está na base desta organização espacial, de acordo com
Santini (1993), ganha um significado político profundo, pois dominar o corpo é
ter poder também sobre o espaço, e este, por sua vez, possui grande valor na
sociedade capitalista contemporânea.
INÍCIO DO REFLITA
Como são os espaços de lazer em sua comunidade? Você acredita que sua
comunidade consegue fruir do tempo livre de uma maneira adequada tendo
espaços para tais vivências?
FIM DO REFLITA.
Imagem 16:
A imagem é a foto de parte de uma cidade, vista do alto. Na parte inferior da imagem
vemos uma área de mais de 50% da foto, supostamente ocupada pela população menos
favorecida com casas simples e muito aglomeradas, com uma mínima incidência de
árvores entre elas. Ao redor desse amontoado de casas, uma região arborizada de
baixadas e morros sendo o que separa está de outra região construída com inúmeros
prédios e poucas casas que apesar da grande quantidade não estão aglomerados como
na região descrita primeiramente e têm uma aparência agradável. Na ponta esquerda e
atrás de prédios uma pequena região arborizada e logo em seguida o mar que é
contornado por toda a área, supostamente nobre.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Imagem 17:
A imagem é a foto de seis pessoas sorrindo (quatro mulheres e dois homens), usando
roupas coloridas e casuais (moletom, vestido, calça jeans, blusa manga longa, camisete
xadrez sem manga, camiseta e camisa jeans por cima), duas moças (uma de traços
oriental com um copo plástico vermelho na mão direita e um “nacho mexicano” na mão
esquerda e outra morena) e um rapaz moreno entre elas, os três sentados num sofá
amarelo. Sentados ao chão, encostados no sofá, uma moça afro-descendente
segurando uma tigela de vidro com “nachos mexicanos” e um rapaz louro com os braços
estendidos para o alto, com um “nacho mexicano” na mão direita. Ao lado direito do
sofá, outra moça loura sentada numa poltrona cor-de-rosa e com os pés sobre um puff
quadrado de mesma cor, com o braço esquerdo flexionado e mão fechada para o alto.
Todos estão sorrindo com a boca aberta como quem está gritando e torcendo por algo
que, supostamente estão assistindo na TV.
O ambiente onde se encontram é uma sala conjugada com a cozinha e ao centro, a
frente dessas pessoas tem uma mesa de centro em madeira com dois copos plásticos
vermelhos sobre a mesma, duas garrafas (aparentemente de cerveja), dois potes com
castanhas, celulares e uma carteira.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Imagem 18:
A imagem é a foto de uma pista de skate à beira de uma praia. Logo a frente vemos a
pista cinza, supostamente construída com concreto, com elevações medianas de
aparentemente até dois metros de altura e sobre uma parte plana mais elevada a
imagem escura de um indivíduo sobre um skate. Em volta da pista vemos a areia da
praia, coqueiros contornando sua extensão (entre calçada e areia) e inúmeras pessoas
aos redores. No fundo da foto vemos também, prédios a direita, o morro da ponta
esquerda até a ponta direita da praia e um céu azul com algumas nuvens se desfazendo.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Também cada vez mais raros são os coretos e palcos com programações
periódicas. Em alguns casos ainda prevalecem as ferinhas que comercializam
uma variedade de produtos, que apesar de não serem classificadas, a priori,
como ações de um conteúdo do lazer, favorecem, por exemplo, a vivência dos
interesses sociais do lazer.
Os bares também estão nesta categoria, mas abarcando, ainda hoje, um alto
grau de preconceito. Estes espaços de convívio apresentam soluções a fim de
superar certos tabus por meio de variadas atividades culturais que envolvem
artes, esportes, entre outras. No entanto, como salienta Marcellino (2008, p. 18),
“os tradicionais ‘botequins’, onde se ‘jogava conversa fora’, são substituídos, nas
Imagem 19:
A imagem é a foto de três rapazes, um negro, um louro e moreno de pele clara (os dois
da ponta usam camisa xadrez e o do meio uma camiseta manga longa), sentados um
ao lado do outro, em bancos de assento redondo de couro na cor verde, na frente do
balcão de atendimento de um bar estilo norte-americano. Os três estão na mesma
expressão e posição corporal, com um dos antebraços suspensos e a mão
correspondente fechada com a palma voltada para o corpo, e a outra mão de cada um
segura um copo com cerveja ou chope. Estão com a boca aberta e semblante de
contentamento, olhando para frente e para o alto, como quem torce por algo que está
assistindo na TV.
Atrás deles, velos prateleiras repleta de objetos variados, como bolas, capacete,
bandeiras, bebidas, enfeites, parte de algo que aparenta ser um freezer ou geladeira
com porta de vidro.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
Entre os equipamentos não-específicos de lazer também estão as escolas. Elas
têm em si um grande potencial para o estímulo à vivência do lazer. Contudo,
muitas possuem alguns impeditivos, como por exemplo, o seu funcionamento
em três turnos ou ainda o receio pela depredação o espaço. Mesmo assim,
seriam possíveis ações que favorecessem o acesso da comunidade à vivência
de certas práticas neste espaço, promovendo o convívio social, atividades
práticas ou manuais, utilizando as quadras e gramados para vivência dos
conteúdos físico-esportivos, outra ação seria a abertura à utilização das
bibliotecas como forma de incentivo à leitura, “contação de histórias”, ou ainda o
compartilhar do conhecimento transmitido produzido pelos docentes e discentes,
palestras e exposições artísticas, mostras de talentos da comunidade, enfim,
ações que promovam também os conteúdos artísticos. E os conteúdos
turísticos? Ficariam de fora? Como este conteúdo tem como principal
característica a quebra da rotina espaço/temporal, iniciativas com
acantonamentos que promovam intercâmbio escolares poderiam também
atender a este conteúdo cultural do lazer. Percebam a riqueza possibilidades
que as escolas oferecem mesmo não sendo um equipamento específico de
lazer.
Imagem 20:
A imagem é a foto de quatro jovens sentados ao redor de uma mesa, estudando em
uma biblioteca. Em primeiro plano, sentada a ponta da mesa de estudos, vemos uma
moça ruiva, usando óculos, segurando um livro aberto com a mão direita, faz sinal de
positivo com a mão esquerda pousando para a foto. Na outra ponta da mesa, uma jovem
também usando óculos, mas de cabelos escuros e presos, está com o rosto voltado
para o caderno sobre a mesa onde faz anotações. Na lateral direita da mesa, estão
uma moça loura e um rapaz de cabelos escuros e pele clara, sorrindo e olhando para
os livros abertos sobre a mesa. Atrás dos dois últimos citados tem uma prateleira de aço
repleta de livros e na sequência paralela a esta outras prateleiras.
FIM DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM.
No século XIX e até meados do século XX, as praças tinham grande importância
para a vida citadina, funcionando como local de lazer e sendo o centro dos
acontecimentos e novidades que ocorriam na cidade.
Legenda: Imagem 21
Descrição: A imagem é uma foto de uma criança, de gênero masculino, chorando atrás de uma
grade de ferro. Ele tem cabelos curtos, pele clara e suas bochechas estão rosadas, ele usa uma
roupa de moletom branco com detalhes na cola em azul claro. Em segundo plano, um jardim
desfocado.
O que desejamos com estas discussões é enfatizar que sem uma reflexão sobre
os espaços urbanos, com suas construções, áreas verdes e espaços vazios, fica
inviável um aprofundamento nos aspectos que envolvem a relação lazer e
qualidade de vida. Esta relação também está conectada com o duplo processo
educativo de acesso ao conhecimento - já discutido anteriormente -, a crítica ao
percebido e à novas proposições, alternativas para a constante melhoria dos
espaços e das possibilidades de usos desses espaços.
Ao apresentar sua síntese sobre espaço urbano, De Pellegrin (2004) fala sobre
os vazios. Um risco que corremos ao tratar de espaços e equipamentos de lazer
é visualizarmos apenas as construções e quando muito as áreas verdes,
preservadas e zeladas pela administração pública, como parques, hortos, jardins
e praças. Contudo, os espaços vazios também têm um papel preponderante
nestas reflexões, pois tanto os espaços construídos quanto os vazios têm sua
importância para a qualidade de vida dos indivíduos. Seria sufocante, como em
alguns casos é, viver em espaço em que pouco vazio há e que, por conta disso,
a convivência fica prejudicada.
Legenda: Imagem 22
Descrição: A imagem mostra uma foto de um céu azul entre nuvens. Ao fundo bem distante
alguns prédios e árvores. Em primeiro plano, há uma grande área com o chão revestido de blocos
retangulares de cimento.
FIM DO TÓPICO 3.
Estimado(a) aluno(a),
1. 1 A expressão qualidade de vida pode ser nova, mas o conceito por trás
deste termo já está presente na história da humanidade há muito tempo,
apenas ganhando uma nova roupagem em meio às novas características
e demandas das diferentes sociedades. Neste sentido, o que significa
a polissemia relativa à qualidade de vida? Exemplifique-a.
Os netos com quem estive nascem e crescem na cidade, mas tanto quanto
possível mantêm contato com os animais e com a natureza. Não há casa que
não tenha cão ou pássaro. Na residência do sr. Benedito, Tinoco é o cachorro
mais velho; não é tão brincalhão quanto Rex, mais novo, e atentíssimo a
qualquer acontecimento em torno da casa. Bastante “serelepe”, às vezes, é
mantido preso, o que o contraria muito, provocando reação inconformada por
meio de insistentes latidos. Na casa de dona Betânia, as atenções maiores se
voltam para o papagaio, a quem ensinou a falar e até cantar. Quando não está
de muita prosa, a própria Betânia canta alguma coisa para ele, sem interromper
o trabalho que estiver realizando: “Meu louro!/ Que caça, meu louro?/ É o rei que
vá à praça,/Meu louro.”
Soube por Jerry que a escola pública onde estuda mantém canteiros para que
os alunos de cada classe se incumbam de semear e cuidar de um jardim. Cultivar
plantas é uma das atividades prediletas de Jerry. A avó, orgulhosa desta
habilidade do neto, reservou-lhe um pequeno espaço, que o menino cerca de
muito esmero. Com a terra e algumas mudas, formou seu pequeno jardim. Vai
olhá-lo diariamente, rega-o três vezes por semana e, como todo bom jardineiro,
gaba-se de que as plantas não morrem em suas mãos. Lá estão: crisântemos,
azaléias, folhagens, maçã, espadas-de-são-jorge, violetas, uma planta que “tem
lá na pracinha” e outra dada por seu amigo, por enquanto sem nome definido.
Retribui a gentileza oferecendo outras mudas a ele, de sorte que possa também
entre eles florescer duradoura amizade.
Editora: Papirus
Sinopse: o livro trata de alguns dos principais desafios com relação à qualidade
de vida para o século XXI. Relaciona a qualidade de vida com temas como:
cultura, lazer, motricidade, beleza estática, ambiente, escola, portadores de
necessidades especiais, infância, adolescência, juventude, idade adulta, além
de ricas discussões adjacentes a estas relações temáticas.
Ano: 2009
Sinopse: o filme parte de uma questão fundamental: “Por que não salvamos o
planeta enquanto ainda tivemos chance?”. Esta é a pergunta de um arquivista
que vive no alto de uma torre no Ártico derretido. Seu papel é zelar pelo
conhecimento produzido pela humanidade. Várias histórias são narradas
paralelamente. Uma delas é a de um homem que reflete sobre a indústria de
combustíveis fósseis e o desperdício e ajudou a resgatar Nova Orleans, depois
do furacão Katrina. Outra é a de um empresário indiano planeja uma empresa
aérea para pessoas de baixa renda. Crianças iraquianas relatam a fuga. Enfim,
histórias que sintetizam a estupidez humana que pode levar o planeta à total
destruição se nada for feito.
INÍCIO DO GABARITO
FIM DA UNIDADE 4.
TÍTULO DA UNIDADE 5
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
INÍCIO DA INTRODUÇÃO
FIM DA INTRODUÇÃO.
INÍCIO DO TÓPICO 1
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE REPERTÓRIO DE ATIVIDADES EM
RECREAÇÃO E LAZER
Imagem 1:
A imagem é a foto de uma atividade recreativa na praia. Em ênfase temos duas
adolescentes participando de uma “corrida de saco”, onde ambas estão pulando usando
biquíni e dentro de um saco grande branco. Ao redor várias pessoas com roupas de
banho observando as competidoras. O cenário é a areia de uma praia com vários
quiosques cobertos de palha.
Como afirma Marcellino (2013, p. 9), para se manter uma ideia de um repertório
coerente com toda teoria do lazer, devemos entender que toda atividade pode e
deve passar um constante processo de reinterpretação. A experiência
profissional e pessoal é o que norteará tais ações, “embasada em teoria,
confrontada na ação do cotidiano, e acompanhada do necessário exercício de
reflexão constante”.
O modelo de fichas utilizadas nas obras organizadas por Marcellino são muito
simples e muito eficazes. São compostas pelos seguintes campos:
1. Nome da atividade;
2. Conceito;
3. Descrição detalhada;
5. Montagem;
6. Funcionamento;
9. Experiências já desenvolvidas;
Imagem 2:
A imagem é a foto de um caderno espiral aberto sobre uma superfície de madeira, com
as páginas pautadas e em branco, no entanto existem alguns desenhos gráficos sobre
a página da direita, sendo que debaixo para cima ao lado direito da folha temos um
avião de papel, uma nuvem dentro está escrito a palavra “ideas”, um lápis e um carro.
Ainda debaixo para cima, porém do lado esquerdo da folha temos um robô, uma tela de
computador com teclado e mouse, um foguete com a chama abaixo dele e no centro e
topo da página uma lâmpada.
Alguns elementos extrapolam as margens e consequentemente parte deles aparece
sobre a superfície de madeira, como o foguete, a lâmpada e o lápis.
FIM DE DESCIÇÃO DA IMAGEM.
Não podemos esquecer também que conhecimento, criticidade e criatividade
sempre devem estar como pano de fundo das atividades. O descanso,
divertimento e desenvolvimento pessoal e social também pautam a atitude no
lazer, por isso é importante que o animador não obrigue a participação, pois para
ser lazer deve ser voluntária, tendo em vista que pode haver a opção pelo
descanso no tempo livre. A insistência e obrigação mata o espírito do lazer.
INÍCIO DO REFLITA
FIM DO REFLITA.
Os parâmetros seguidos como exemplos são das obras de referência
apresentadas em nosso material mas é necessário salientar que não ansiamos
por impô-las a quem quer que seja. Pelo contrário, o objetivo é ter um bom ponto
de partida para que cada um, conforme sua necessidade e percepção, crie seus
parâmetros, classificações, fichas e outras formas de registro.
Imagem 3:
A imagem é a foto de oito pessoas adultas (dois homens e seis mulheres),
sorridentes, de diferentes faixas etárias, vestindo roupas apropriadas para fazer
atividade física e de cores alegres. Estão pousando para a foto, cada um com
um objeto diferente, como bola de basquete, corda, halter, bola tonificadora,
garrafa de água, toalhas pequenas, que pode ser usado na prática de exercícios
físicos, mostrando também que qualquer pessoa pode exercitar-se. A prova
dessa intenção é que a frente e no centro da foto tem uma moça sentada em
uma cadeira de rodas com os braços flexionados, segurando um halter em cada
mão na altura dos ombros, ao seu lado esquerdo tem uma senhora sentada em
postura ereta sobre uma bola tonificadora azul.
FIM DE DESCIÇÃO DA IMAGEM.
FIM DO TÓPICO 1.
INÍCIO DO TÓPICO 2
Imagem 4:
A imagem é a foto de uma mulher em pé, loura, maquiada com faces rosadas e pintas
vermelhas nas bochechas, fantasiada com uma bermuda e regata amarelas, saia de
tule vermelha, duas borboletas azuis, uma pregada na cintura e a outra desenhada no
lado direito da regata, uma pulseira em cada braço de tule vermelha, laço vermelho na
cabeça voltado para o lado esquerdo, fazendo bolinhas de sabão. Na frente da moça
estão postas cinco crianças aparentando aproximadamente entre dois e quatro anos de
idade, três delas com as mãos para o alto e sorrindo, tentando pegar as bolinhas de
sabão e duas de costas observando as três no centro da foto. As três crianças são
brancas e apenas o garoto que está no centro da foto tem cabelos castanhos, as demais
são louras.
No cenário tem bexigas cheias, vermelha e azul, no chão e na parede bexigas cheias
pregadas paralelamente como um semicírculo nas cores (da esquerda para a direita)
laranjada, amarelo, verde, azul e roxo, abaixo tem um sofá encostado na parede coberto
por um tecido bege.
● A criança se situa entre o natural e o social, ou seja, ela precisa ser vista não
apenas como organismo em movimento, mas como ser enraizado “em um
tempo e um espaço, alguém que interage com estas categorias, que
influencia o meio onde vive e é influenciado por ele” (PERROTTI, 1982, p.
12).
● É preciso destacar a necessidade de questionar a pretensa disponibilidade
de tempo na infância e sua fruição livre e espontânea.
● Ao considerar o uso concreto do tempo na infância, uma das primeiras
observações que se fazem necessárias é deixar de entendê-lo apenas como
o tempo do brinquedo, do lúdico, do lazer.
● A criança deve ser considerada como um ser do presente e não somente do
devir.
● As crianças, como seres brincantes e jogadores, não são produtivas e têm
no prazer o princípio determinante de suas vidas, o que não interessa para
a nossa sociedade.
● Variando de acordo com a estrutura social, a formação do caráter social muda
de acordo com o momento histórico, e é inserida na infância, podendo ser
estimulada ou frustrada na vida adulta.
● A socialização das crianças predestinadas ao sucesso, pela situação de
classe, começa cada vez mais precocemente.
● Falta espaço, motivação e orientação para atividades grupais e práticas
criativas.
● O animador tem grande responsabilidade como estimulador das crianças
como produtoras de cultura e como mediador entre a produção cultural e as
crianças.
● Por meio do prazer, o brincar possibilita às crianças a vivência de sua faixa
etária, e ainda contribui, de modo significativo, para sua formação como
seres realmente humanos, participantes da cultura da sociedade em que
vivem, e não meros indivíduos requeridos pelos padrões de “produtividade
social”.
● O que caracteriza o jogo é menos o que se busca do que o modo como se
brinca, o estado de espírito com que se brinca (BROUGÈRE, 2002, p. 21).
● Não estimular ou reforçar estereótipos ou preconceitos relativos às questões
de gênero e lazer, que cercam o desenvolvimento das atividades.
● O lúdico não deve ser considerado como “coisa não séria”.
● Jogar significa colocar ao em jogo e, assim, colocar-se em jogo. O animador
deve superar atitudes autoritárias, portanto.
● Os jogos podem ser classificados em quatro componentes, segundo Caillois
(1990): competição (agon), acaso (alea), imitação ou disfarce (mimicry) e
vertigem (inlix).
● Os quatro componentes do jogo se situam numa linha de duas extremidades:
paedia (divertimento, improvisação livre, fantasia sem controle) e ludus
(convenções aceitas, barreiras imposta, parcelas de esforço, empenho).
● O brinquedo é suporte para brincadeira.
● A brincadeira está mais próxima da paidea.
● O jogo está mais vinculado ao ludus.
● Os esportes se caracterizam como jogos (ludus) codificados e federados.
● Não existe uma criança, mas várias, com repertórios variados, um ser
concreto e não abstrato.
INÍCIO DE DESCRIÇÃO DA IMAGEM
Imagem 5:
A imagem é a foto de três crianças um meninos e duas meninas aparentando
aproximadamente entre sete e nove anos de idade. Elas estão sentadas sobre um
gramado verde, próximos a sombra de uma árvore, com arvores ao fundo da imagem.
O garoto está próximo a entrada de uma cabana construída com galho e gravetos, no
formato de um cone, com as pernas flexionadas, porém o pé direito apoiado ao chão e
joelho direito suspenso, tronco flexionado para frente, mão esquerda segurando um
galho no chão e com a mão direita segurando uma serra posta sobre o galho. As duas
garotas estão a frente e a esquerda do menino, ambas com o olhar focado na serra. As
crianças estão com roupas leves e coloridas.
FIM DE DESCIÇÃO DA IMAGEM.
Imagem 6:
A imagem é a foto de sete pessoas sorrindo (quatro mulheres e três homens), usando
roupas confortáveis e coloridas (moletom, bermuda, calça legging e camisete polo), em
pé e enfileiradas uma atrás da outra participando de uma atividade física. Todas em
posição similar com pernas separadas e joelhos levemente flexionados, braço esquerdo
estendido para fora do corpo, braço direito flexionado com o cotovelo para o lado de
fora do corpo e antebraço suspenso com a mão aberta próxima da cabeça, alguns com
a palma da mão voltada para cima, outro com a palma da mão na direção da nuca, outro
com a palma da mão na direção da orelha. Alguns estão com o tronco levemente
inclinado para frente e outros com o tronco ereto.
O local onde estão aparenta ser um clube ou pousada, pois no fundo da imagem
aparece parte de um prédio marrom, cercado por arbustos, com uma sequência de seis
janelas e sacadas pequenas, paralelas e idênticas. O grupo está enfileirado ao lado de
várias boias grandes amarelas com alças azuis e a esquerda e a frente do imóvel citado,
temos cadeiras de madeira com colchonetes para banho de sol e ainda quiosques.
Atenção!
Imagem 7:
A imagem é o desenho de um mapa do tesouro, que está sobrepondo um retângulo
preto e este forma uma moldura ao redor do mapa. O desenho é um papel na cor bege
com bordas desalinhadas e em algumas partes rasgadas. Nele há uma moldura
desenhada de pequenos retângulos intercalados na cor marrom e branco (em tom de
sujeira), com o título escrito na diagonal no canto superior esquerdo “Skull Island” que
traduzindo significa “Ilha do Crânio”. No centro do mapa tem o desenho de uma ilha,
representada por dois territórios, norte e sul, divididos por um estreitamento de terra e
rodeados inteiramente por água.
No lado norte da ilha, na parte superior tem uma cabeça de caveira e abaixo próximo
ao estreitamento central, relevos semelhantes a montanhas, entre esses dois desenhos
há um X em vermelho e no lado direito abaixo das montanhas, relevos pontiagudos
semelhantes a pinheiros. Abaixo da caveira e a direita do X está escrito “Skull Cove”,
traduzindo significa “Esconderijo Crânio”. No território sul, do lado esquerdo, temos o
desenho de um homem com uma lança na mão direita e um escudo na esquerda, ao
lado dele um caldeirão exalando fumaça, logo abaixo está escrito “Cannibal Coast”,
traduzinho “Costa Canibal”. Do lado direito temos o tronco e galhos de uma árvore, sem
folha alguma e acima escrito “Hangman’s Tree”, cuja tradução é “Árvore do Carrasco”.
Temos também dois coqueiros desenhados na costa inferior do território sul e no lado
esquerdo do território norte e ainda um de cada lado da cabeça de caveira. Existe ainda
uma linha pontilhada vermelha, com diversas curvas, ligando os coqueiros do território
sul e o X do território norte.
Fora da ilha, na parte superior do mapa e do lado esquerdo, está escrito “Kraken’s
Deep”, traduzindo “Kraken do Profundo” (kraken é uma espécie de monstro do mar). Do
mesmo lado, próximo ao estreito central da ilha, tem outra ilha, porém bem pequena
com dois coqueiros no centro e abaixo dela está escrito “Mermaid Cove”, que significa
“Enseada da Sereia”. Abaixo do título do mapa e a esquerda do território sul está escrito
“Red Demon Sea”, traduzinho “Demônio Vermelho do Mar” e logo abaixo o desenho de
um monstro (uma espécie de dragão marítimo) com cauda suspensa, garras dianteiras
nas laterais do corpo e próximas da cabeça, boca aberta com dentes pontiagudos,
cabeça voltada para a direita, testa com frisos, orelhas nas laterais superiores da cabeça
expelindo água para o alto, e uma onda de água passando sobre seu corpo próximo da
cauda.
Na parte inferior do mapa no lado direito, em destaque e de tamanho grande, tem uma
cabeça de caveira sobre o centro de dois ossos grandes cruzados, um dos ossos tem
uma faixa marrom enrolada em cada ponta, a boca aberta e um dos dentes da frente na
cor amarela, na parte inferior do maxilar possui barba marrom, dois brincos de argola
na orelha esquerda, bandana vermelha com chapéu azul escuro no formato retangular
e afunilado na ponta. A frente dessa caveira tem um balão de fala vetor, branco,
contendo a seguinte fala: “Ahoy Pirates!! Few buccaneers there are that would be so
foolish as to seek out the cursed treasures of Skull Island. Whit this map at least you
may have a clue where you’re going you filthy bilge rat! Good luck to you matey”,
traduzindo significa “Alô Piratas!! Existem poucos bucaneiros que seriam tão tolos de
procurar os tesouros amaldiçoados da Ilha da Caveira. Com este mapa, pelo menos,
você pode ter uma pista de onde você está indo, seu rato imundo de esgoto! Boa sorte
para você amigo”.
Acima desta última caveira citada, tem o desenho de uma rosa dos ventos, no formato
de bússola, mostrando (do centro superior em sentido horário) N=norte, NE=nordeste,
E=leste, SE=sudeste, S=sul, SW=sudoeste, W=oeste, NW=noroeste e acima dessa
bússola está escrito Davey Jones Locker.
FIM DE DESCIÇÃO DA IMAGEM.
FICHA Nº ___
Imagem 8:
A imagem é a foto de quatro pessoas (dois homens e duas mulheres) na faixa etária de
vinte anos, sorridentes, correndo e pulando em forma de comemoração, sobre um
gramado com árvores ao fundo e num dia de frio. As duas moças estão um pouco à
frente com a perna direita estendida e pé tocando o chão e a perna esquerda flexionada
com joelho para frente e o pé suspenso, a esquerda a jovem está com os braços abertos
elevados na diagonal, mão direita aberta (mão esquerda atrás do moço ao seu lado),
usando tênis e jaqueta de moletom brancos, calça jeans e cabelo castanho preso para
trás, a da direita está com os dois braços estendidos para o alto, mão esquerda
semiaberta e mão direita fechada, usando botas pretas, calça jeans, jaqueta de moletom
salmão e cabelo louro solto. Entre uma moça e outra estão os dois rapazes, sendo o da
direita com a perna esquerda estendida e pé acima do chão e a direita flexionada com
joelho para frente e pé suspenso na altura do joelho esquerdo, o braço esquerdo
estendido para o alto e o direito flexionado e antebraço elevado, com as mãos abertas,
usando tênis preto, calça jeans e blusa de moletom azul. O rapaz a esquerda, entre as
duas jovens, está com a perna direita suspensa e joelho levemente flexionado, o pé há
aproximadamente trinta ou quarenta centímetros acima do chão, perna esquerda
flexionada com o pé voltado para trás do corpo na altura da coxa, braço esquerdo solto
ao lado do tronco e o direito brevemente elevado, flexionado com o antebraço para
frente e mãos fechadas, usando sapatênis preto, bermuda marrom clara, blusa de
moletom na cor mostarda.
FIM DE DESCIÇÃO DA IMAGEM.
FICHA Nº ___
Imagem 9:
A imagem é a foto de meio corpo de cinco pessoas da terceira idade, três homens e
duas mulheres, ao ar livre, pois temos uma visão desfocada de uma árvore e de um dia
ensolarado. Todos estão muito sorridentes, usando roupas leves para prática de
atividade física, cada um com o braço direito estendido ao centro deles com a mão de
direita um do outro sobrepostas, e estão focados os olhares para o senhor da ponta
direita da imagem.
Da direita para esquerda, um senhor de característica asiática, pele clara, cabelo preto
grisalho, de óculos, camiseta marrom e uma pequena toalha branca sobre os ombros,
ao lado uma senhora também com descendência asiática, pele morena, grisalha, de
óculos e regata lilás, em seguida no centro, um senhor de barba branca, pele clara, no
entanto queimada de sol, com um boné e camiseta pretos e mão esquerda na cintura,
depois uma senhora loura de pele clara, usando viseira branca e blusinha cinza, por fim
um senhor de pele negra, cabelo cortado com máquina, barba grisalha, de camiseta
branca e uma pequena toalha cinza sobre os ombros.
FIM DE DESCIÇÃO DA IMAGEM.
FICHA Nº ___
Imagem 10:
A imagem é a foto de um garoto louro de aproximadamente oito anos de idade em um
leito e uma doutora da alegria ao seu lado, ambos pousando para a foto. O menino está
deitado em uma cama com lençol e travesseiro brancos, vestindo uma roupa azul clara
com uma pulseira branca no braço esquerdo. Ele está sorrindo suavemente e com as
duas mãos sobrepostas no peito e ao seu lado esquerdo, também deitado tem um urso
de pelúcia marrom claro. Na lateral da cama, tem uma moça loura de pele clara, muito
sorridente, em pé com o tronco levemente encurvado para frente e a mão direita atrás
da cabeça da criança, estetoscópio sobre os ombros, usando guarda-pó branco e uma
caneta no bolso, chapéu preto com faixa bege estilo Panamá, nariz de palhaço
vermelho.
FIM DE DESCIÇÃO DA IMAGEM.
Ainda para saber mais sobre tais elementos e sua influência, acesse:
<https://brasileirinhos.wordpress.com/2016/04/19/brinquedos-e-brincadeiras-
da-nossa-cultura-indigena/>.
Fonte: o autor.
Prezado(a) aluno(a),
3. Sem dúvida alguma a atuação no lazer, seja ligada apenas a um dos seus
conteúdos culturais ou a todos eles, traz uma grande satisfação. Contudo,
um grande risco ao animador sociocultural é optar por uma atuação
específica no campo do lazer baseada em suas experiências de prazer
com o lazer. Neste sentido, destaque alguns alertas para a opção neste
campo de atuação profissional.
Não basta ter o domínio técnico – A educação pelo e para o lazer não
pode ocorrer alheia à formação moral fundada na ética lúdica e no gosto
estético, bem como no conhecimento de processos de investigação que
possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica; não pode ser
alheia à participação coletiva e cooperativa na elaboração, gestão,
desenvolvimento e avaliação dos projetos educativos. Nas atividades
lúdicas, os sujeitos brincantes são parceiros, cúmplices e
corrresponsáveis pelo jogo – deles nascem as formas de organização dos
riscos, as táticas, as técnicas de superação dos limites e de expressão de
diferentes formas estéticas do conteúdo cultural experienciado. Eles
constroem mecanismos lógicos de uso de espaço e tempo, expandindo-
se neles e ampliando-os como espaços de liberdade.
Fonte: Pinto (2001, p. 67-69).
Editora: Papirus.
Sinopse: a obra foi organizada pelo professor Dr. Nelson Carvalho Marcellino.
Os professores que elaboraram as fichas são pesquisadores e atuantes em
diferentes áreas do lazer. O objetivo da obra é compartilhar repertório de
atividades de recreação e lazer para profissionais de diferentes áreas, não como
um receituário, mas como um estímulo ao registro das atividades vivenciados
por cada um em diferentes contextos e faixas etárias distintas. A obra contém
atividades de lazer e recreação a partir de um modelo de fichas que estimula
novas experiências com as atividades propostas.
Ano: 2014
Para compor seu repertório e saber um pouco mais sobre ações educacionais
lúdicas, indicamos alguns sites que irão ajudar você a recuperar algumas
atividades talvez já vivenciadas, e conhecer outras muito interessantes.
Jogos.com.br: <http://www.ojogos.com.br/>.
INÍCIO DO GABARITO
FIM DO GABARITO.
FIM DA UNIDADE 5.
É certo que não seria possível esgotar toda complexidade das discussões sobre
recreação e lazer em poucas unidades, mas, sem dúvida, os fundamentos
destas temáticas foram lançados, e o que definirá sua eficácia será sua busca
pela práxis pedagógica. Esta é caracterizada por um constante movimento de
ação, reflexão, nova ação. Este espiral do conhecimento jamais acabará, pois o
ser humano é dinâmico. Como afirmou o filósofo Heráclito (535 a.C. - 475 a.C.),
“ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra
novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”.
Que sua jornada acadêmica continue cada vez mais cheia de significado! Carpe
Diem! Tempus Fugit!