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Doutor em Comunicação e Culturas Contemporâneas/Transparência na Gestão Pública (UFBA em
2013), Mestre em Serviço Social/Responsabilidade Social Empresarial (UNESP, em 2005), Especialista
em Gestão Pública (Faculdade Guaraí/TO, em 2010), Especialista em Gestão de Programas e Projetos
Sociais (Instituição Toledo de Ensino/Bauru, em 2002), Bacharel em Administração (ITE/Bauru, em
1995). Líder do Grupo de Pesquisa em Democracia e Gestão Social da UNESP Tupã.
2
Acadêmico do Curso de Administração da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” –
Câmpus de Tupã. Estudante pesquisador do Grupo de Pesquisa em Democracia e Gestão Social da
UNESP Tupã.
1 . INTRODUÇÃO
O homem durante toda sua história e evolução ao longo dos milênios mostrou
uma vocação natural para o exercício da atividade política, tal tendência foi evidenciada
pelo filósofo Aristóteles em sua célebre frase “ o homem é um animal político”, tal
afirmação demonstra a inclinação de nossa espécie para formar grupos e
consequentemente sociedades, bem como participar ativamente no processo de tomada
de decisões em relação ao meio no qual estão inseridos (ARISTÓTELES, 2016).
3 METODOLOGIA
3
n=Z².p.q.N/Z².p.q+e².(N-1). Z²=índice de confirmação da amostra (95%), p=probabilidade de ocorrer o
acerto (50%), N=número de municípios (283), q=probabilidade de erro (50%), e²=erro (10%).
Salvador (BA); Santo André (SP); São Bernardo do Campo (SP); São José dos Campos
(SP); São Paulo (SP); Sorocaba (SP) e Uberlândia (MG).
Após a definição da amostra, foram analisadas as prestações de contas públicas,
referentes às Leis n. 101/2000 e 131/2009, utilizou-se para esse fim uma ficha de
navegação orientada nos portais destas prefeituras e em suas páginas de transparência
das contas públicas. A navegação orientada constitui-se de 6 aspectos de análise de
acordo com os Padrões Brasil e-Gov (Cartilha de Usabilidade) e práticas relevantes
dentro desses padrões.
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Por fim, ressalta-se o artigo 5º, que define os requisitos e ferramentas necessárias
quanto a divulgação de informações nos websites.
Art. 5º - É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será
franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e
em linguagem de fácil compreensão.
Complementando os seguintes requisitos:
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à informação
de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão;
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos,
inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar a
análise das informações;
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos
abertos, estruturados e legíveis por máquina;
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da
informação;
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações disponíveis para
acesso;
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comunicar-se, por
via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio; e
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo
para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de
dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008. (LEI Nº
12.527/2011)
PRIMEIRA
SEGUNDA TERCEIRA QUARTA
30/12/2016 13:31
Título do link de acesso
Navegante
Fonte: Adaptado pelo autor com (MORAES, 2016).
O Quadro 2 foi criado visando o controle periódico da data e horário de navegação nos
websites da prefeituras municipais, com isso tem-se um mecanismo de documentação
caso o acesso em uma o acesso em uma determinada página não seja bem sucedido
devido a alguma circunstância externa.
4.3.3 Transparência - Publicação dos relatórios
Quadro 3: Transparência - Publicação dos relatórios
Transparência - Publicação dos relatórios (de acordo com princípios da Teoria da Democracia e da Comunicação)
CRITÉRIO REFE-RÊNCIA PONTUAÇÃO ELEMENTO
A Organização de pastas/arquivos
A 0,5 encontra-se em ordem crescente de
períodos de referência?
B 0,5 Respeita-se o tempo de publicação?
Relatório Resumido de Execução O acesso é livre? (Sem filtragens ou
Orçamentária (RREO) C 0,5 senhas/ classificação orçamentaria
para o acesso)
Existe publicação pormenorizada
D 0,5 (em tempo real) desde maio de
2010?
A Organização de pastas/arquivos
E 0,5 encontra-se em ordem crescente de
períodos de referência? (RGF)
F 0,5 Respeita-se o tempo de publicação?
O acesso é livre? (Sem filtragens ou
Relatório de Gestão Fiscal (RGF)
G 0,5 senhas/ classificação orçamentaria
para o acesso)
Existe publicação pormenorizada
H 0,5 (em tempo real) desde maio de
2010?
Acesso sem filtros ou necessidade de
I 0,5 definição de classificação
orçamentária
Publicação Pormenorizada de
O sistema gera relatório consolidado
Execuções Orçamentárias J 0,5
e em ordem de data?
Cumpre-se o prazo de publicação?
K 0,5
(48h)
Fonte: Adaptado pelo autor com (MORAES, 2016).
Transparência -Acessiibilidade, Usabilidade e Educação Fiscal(de acordo com princípios da Teoria da Democracia e da Comunicação)
CRITÉRIO REFE-RÊNCIA PONTUAÇÃO ELEMENTO
Existe ferramenta de aumento do
L1 (0,25)
tamanho da fonte?
Existe ferramenta de alteração da cor
L2 (0,25)
do fundo da tela?
Existe versão do website para línguas
L3 (0,25)
estrangeiras?
Os dados estão disponíveis em
L4 (0,25)
planilha editável?
Acessibilidade
Chega-se a página de transparência
L5 (0,25)
com apenas um redirecionamento?
O link da seção de prestação de
L6 (0,25) contas encontra-se antes da “dobra
de página”?
Está disponível a ferramenta de
L7 (0,25) busca no website por meio de palavra
chave?
Está disponível o link para
M1 (0,25)
transparência no mapa do website?
O link da seção de prestação de
M2 (0,25) contas permanece visível a todo o
Usabilidade momento?
M3 (0,25) Existe glossário de termos técnicos?
Existe cartilha ou manual sobre
M4 (0,25)
transparência na gestão pública?
M5 (0,25) Existe repositório do PPA?
N1 (0,25) Existe repositório do LDO?
N2 (0,25) Existe repositório do LOA?
N3 (0,25) Existe a legislação 101/2000?
N4 (0,25) Existe a legislação 131/2009?
Educação Fiscal
N5 (0,25) Existe a legislação 12.527/2011?
Existem links de acesso ao TCE, ao
N6 (0,25) Portal Transparência e ao Controle
Interno?
TOTAL PONTUADO
Fonte: Adaptado pelo autor com (MORAES, 2016).
5 RESULTADOS
Fonte: Elaborado pelo autor com base na ficha de navegação orientada dos municípios estudados.
Como pode ser constatado no gráfico apresentado, dezenove dos vinte e cinco
municípios analisados, cerca de 75%, cumpriram integralmente as publicações
concernentes ao Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO), o qual é
publicado bimestralmente. Tratando-se do Relatório de Gestão Fiscal (RGF), esse que é
de publicação quadrimestral, o número de municípios que cumpriram com os requisitos
apresentados pela ficha de navegação caiu de dezenove para quinze, cerca de 60% do
total. Essa proporção cai ainda mais quando se Analisa a Publicação Pormenorizada de
Execuções Orçamentárias, onde treze dos vinte e cinco munícipios cumpriram os
critérios estabelecidos pela ficha de navegação. Em relação aos critérios de
acessibilidade, usabilidade e educação fiscal, nenhum dos municípios cumpriu
integralmente todos os critérios relacionados ao primeiro, principalmente no que tange a
presença de uma versão do website em língua estrangeira, onde apenas o município de
Curitiba apresentou esse aspecto. Analisando a usabilidade dos websites, somente
quatro dos vinte e cinco municípios, cerca de 15%, apresentaram todos os parâmetros
requeridos por esse critério. Por fim, no levantamento de municípios analisados sob a
perspectiva da exposição de informações referentes à educação fiscal, apenas Fortaleza
apresentou todos os documentos que integram esse critério.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com todo o desenvolvimento do trabalho e a mensuração do nível de transparência dos
municípios estudados, percebe-se que embora haja um esforço por partes dos gestores
responsáveis para a publicação das contas publicas referentes às atividades financeiras
exercidas pelas prefeituras, ainda há muitos aspectos que devem ser melhorados,
principalmente no que diz respeito aos critérios de acessibilidade, o qual muitas vezes é
deixado de lado na construção dos websites, não dificultando somente a navegação
daqueles que possuem algum tipo de deficiência, mas também inviabilizando que
pessoas de outras nacionalidades possam acessar o conteúdo do site de maneira
inteligível. Outra circunstância que foi percebida durante a navegação dos websites que
vale ser ressaltado é a ausência de padronização na publicação pormenorizada de
execuções orçamentárias por partes dos websites, tal documento, diferentemente do
Relatório Resumido de Execução orçamentária (RREO) e do Relatório de Execução
Fiscal (RGF), não segue uma estrutura predefinida, sua estrutura e modo de publicação
tem um alto grau de variação de acordo com o website do município que esta sendo
analisado, isso acaba por dificultar a identificação e avaliação desse aspecto dentro dos
websites das prefeituras, prejudicando assim, o processo de transparência pública.
É válido salientar que esse estudo trata-se de uma análise pontual a respeito dos critérios
escolhidos como imprescindíveis para uma boa transparência na publicação das
informações pelas prefeituras estudadas. Portanto, isso não significa que os municípios
não possam melhorar esses aspectos futuramente e consequentemente, segundo a
metodologia adotada nesse trabalho, aumentar sua pontuação em relação à ficha de
navegação orientada.
Após o levantamento de todas essas informações durante a execução desse trabalho,
como ressalva final deve-se clarificar que toda abordagem constituída até aqui, junto
com a apresentação do ranking dos municípios segundo sua transparência, tem o
propósito de exercer uma critica construtiva aos entes analisados, com o objetivo de
identificar os pontos que devem ser melhorados na apresentação das informações,
contribuindo assim para a participação de todos na gestão da administração pública,
pois o que esse trabalho evidenciou, além do nível de transparência das prefeituras
analisadas, é que o exercício da cidadania de forma plena e responsável depende da
participação constante não somente dos governantes, mas também de toda a população
que vive sob o seu comando.
7 REFERÊNCIAS
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002. 173 p.
HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O breve século XX. São Paulo: Companhia
das Letras, 2014. 585 p.
PLATÃO. A República. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo. Editora Martin. Claret
2007. 328 p.