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Design e modelos de conhecimento: a concepção de modelo para

divulgação da Ciência

Délcio Julião Emar de Almeida; Centro Universitário de Belo Horizonte;


delcio.artes@gmail.com
Anderson Antônio Horta; Centro Universitário de Belo Horizonte;
andersonhorta@gmail.com
Rita Aparecida da Conceição Ribeiro; Universidade do Estado de Minas Gerais;
ritaribeiroed@gmail.com

Resumo: O presente artigo apresenta a análise do design um modelo analógico do


espaço sideral, sob a luz das teorias da pesquisa de modelos de conhecimento. O
modelo, desenvolvido como parte de pesquisa realizada para a concepção de
estratégias de representação de entidades de interesse científico, objetiva se constituir
como ferramenta didática, auxiliando professores e pesquisadores em conteúdos
relacionados.

Palavras-chave: design, analogias, modelos de conhecimento, divulgação científica,


astronomia.

Os modelos na Ciência
O termo modelo, polissêmico por natureza, assume diferentes significados em diversos
contextos de aplicação. De acordo com Chamizo (2011), modelos podem ser adotados
como padrões a serem seguidos, em outros, tipos específicos e bases para reprodução de
algum produto ou sistema. Entretanto, tais concepções não refletem a acepção relacionada
ao conceito de modelos no contexto das pesquisas e divulgação de entidades de interesse
das Ciências. Justi (2011) argumenta que modelos são representações parciais de princípios
científicos, passíveis de modificações, de acordo com as especificidades da entidade que se
pretende representar. Neste sentido, apresentam similaridades com as entidades
modeladas, os quais medeiam as relações de similaridade entre a realidade e as teorias que
discutem tais realidades, conforme afirmam Mozzer & Justi (2015).
A produção de modelos pela área do Design assume, então, formas de representação
advindas da concepção e julgamento do designer sobre os conceitos ou entidade
representados, produzindo, potencialmente, um suporte materializado capaz de evocar
insights conceituais e pragmáticos sobre o assunto abordado (GAVER, 2012).

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Os modelos podem ser classificados de acordo com tipologias definidas por diversos
teóricos, cada um segundo suas finalidades. Dentre eles, distinguem os modelos como
científicos consensuais, curriculares e didáticos (GILBERT & BOULTER, 1997; JUSTI &
GILBERT, 2002). Os modelos e os processos de modelagem estão estreitamente
associados ao conceito de analogias, em destaque para os estudos de Gentner (1983), que
entende analogias como correspondências entre domínios do conhecimento. Tais domínios
podem ser entendidos como o domínio base (ou familiar) e o domínio alvo que, por sua vez,
se refere ao conhecimento que se pretende abordar. De acordo com Ferry (2016), analogias
podem ser consideradas “recursos de mediação didática”, contextualmente adequadas aos
fins científicos se possuírem sistematicidade, coerência estrutural e foco nas relações que
ocorrem entre os elementos dos dois domínios supracitados. Dessa forma, tratar de
analogias se aproxima da abordagem do processo de construção e compreensão de
modelos, já que ambos são baseados em relações de similaridade. Os modelos, enquanto
mediadores entre entidades de interesse científico e suas relações com a realidade,
estabelecem conexões de similaridade entre domínios alvo e base, propondo relações
analógicas, ou seja, um modelo é uma representação parcial de uma entidade de interesse
científico estruturalmente análogo aos domínios que familiares para aqueles envolvidos nos
processos de modelagem e compreensão do mesmo (DUIT, 1991; MOZZER & JUSTI,
2015). Entretanto, é importante esclarecer que um modelo, tanto na concepção quanto na
compreensão, é dependente do que se conhece a respeito do domínio alvo que se pretende
representar. Modificado o conhecimento a respeito desse domínio, há a modificação do
modelo desenvolvido para representá-lo. Observa-se, neste ponto, que a construção do
conhecimento é um processo, não se restringindo ao pensador de forma individualizada,
mas como uma dinâmica que envolve sujeito, ambiente e contexto prático no qual
conhecimento se dá (BARAB & SQUIRE, 2013).
Tais inquietações a respeito dos processos de design - concepção, construção e análise -
de modelos para a Ciência mobilizaram o projeto de modelagem do MAES-3DMF que será
descrito a seguir.

O processo de modelagem do MAES-3DMF

O processo de concepção do modelo analógico surgiu no programa de mestrado do Centro


Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (EMAR DE ALMEIDA, 2012), o qual
propunha modificações em um modelo concebido para o ensino da formação de sistemas

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solares, proposto por Oliveira & Nagem (2010). Tal modelo era composto da seguinte forma:
preenchia-se um recipiente de vidro transparente e circular, como um aquário, com água até
a metade. Em seguida, inseria-se álcool não hidratado até o completo preenchimento do
recipiente. Por gotejamento ou aspersão, o óleo (tingido por meio de anilina) era introduzido
no sistema. Devido a diferença de densidade entre as substâncias, o óleo ficava restrito na
interface formada entre a água e o álcool, formando pequenas esferas. Essas esferas
movimentavam lentamente, movimento ocasionado pela interação química entre as
substâncias. Neste processo, ocorriam colisões e formação de outras esferas e,
consequentemente, novas misturas de pigmentos, até que ocorresse uma redução da
quantidade de esferas de óleo e o surgimento de esferas maiores e em tonalidades diversas.
Em linha gerais, esse processo pretendia simular a nuvem inicial que origina um sistema
solar, a perturbação dos primeiros momentos da formação de protoplanetas e a posterior
estabilização do sistema, conforme pode ser observado na figura 01:

Figura 1: Modelo análogo antes e depois da aglutinação das partículas (após uma semana em repouso)
Fonte: Alexsandro Oliveira, 2010.

O tempo de duração do sistema variava de acordo com o volume do recipiente e quantidade


de substâncias utilizada, permitindo aos sujeitos do processo (professores, pesquisadores e
alunos) observarem o comportamento do sistema e fazerem comparações analógicas com
os fenômenos siderais, tais como as diferenças entre os planetas, satélites, colisão de
meteoros, formação e morte de estrelas.
No sentido de proporcionar uma representação visual mais adequada aos fenômenos
siderais, foram propostas diversas modificações no design do sistema originalmente
concebido. O novo modelo, nomeado como Modelo Análogo ao Espaço Sideral 3D em Meio
Fluido – MAES-3DMF, passou por diversas etapas antes de chegar à forma atual.

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Iniciou-se pela análise, em conjunto com os cientistas responsáveis pela concepção do
modelo original (Grupo de Pesquisa em Modelos, Metáforas e Analogias na Educação,
Ciência e Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais -
AMTEC/CEFETMG-CNPq), das similaridades e diferenças, em particular as características
relacionais, que existiam entre o modelo e as entidades de interesse científico que se
pretendiam representar. Após essa análise, buscou-se definir as características visuais
(atributos estruturais) que corroborassem na construção de comparações analógicas entre
os domínios. Uma das principais modificações resultantes desse processo de análise e
construção foi a inserção de alguma iluminação no óleo, o que proporciona uma percepção
mais aproximada com o senso comum que se tem do Universo. Optou-se, portanto, pelo
pigmento fluorescente ao óleo, o qual, sendo sensibilizado por uma fonte de luz UV, criaria
efeito visual aproximado ao espaço sideral, devido à redução do estímulo dos demais
elementos componentes do sistema. Para tal, fazia-se necessário que se construísse um
pedestal para que o recipiente contendo das substâncias se apoiasse, servindo, ainda, para
que a lâmpada UV ficasse oculta. Dessa forma, ao ser acesa, a iluminação sensibilizaria
apenas as gotas de óleo pigmentadas, mantendo o restante do sistema e o ambiente em
relativa obscuridade, potencializando o efeito proposto. Observa-se, na figura 2, o
detalhamento do totem de apoio:

Figura 2: Desenho esquemático do totem para apoio do MAES-3DMF.


Fonte: arquivo pessoal

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Nas figuras 3 e 4 a seguir, é possível observar os materiais utilizados e a sequência de
montagem de um totem e a inserção de água e álcool no sistema, além de algumas fases
do modelo montado.

Figura 3: Materiais, posicionamento da lâmpada, montagem de totem e colocação do recipiente.


Fonte: arquivo pessoal (fotos: Flávia Nunes)

Figura 4: Processo de inserção do álcool ao sistema e modelos montados (visão geral e detalhes)
Fonte: arquivo pessoal (fotos: Júlio Alessi)

Durante o processo de construção e primeiros testes de percepção dos usuários do sistema


(indivíduos convidados para a observação e validação do modelo), constatou-se que haveria
a necessidade de outros sistemas de informação que apoiassem o MAES-3DMF, no sentido
de se atingir o objetivo da pesquisa, o qual seria contemplar a construção do conhecimento
acerca da Astronomia.
Dessa forma, foi proposto o “Espaço Multiverso” que, além de contar com 4 unidades do
MAES-3DMF, possui ambiente com peças de comunicação, como cartazes, banners e
painéis informativos e sala de projeção de vídeos relacionados ao tema, conforme figura 5.

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Figura 5: Planta baixa e perspectiva isométrica do Espaço Multiverso.
Fonte: arquivo pessoal

Após a concepção do Espaço Multiverso, foram definidos os sujeitos de pesquisa para


o teste piloto. contando com participantes diversos, caracterizados por diversos níveis
de escolaridade e profissão, no sentido de averiguar o interesse pelo tema Astronomia,
assim como o grau de conhecimento a respeito do assunto. Após a análise de dados do
teste piloto - o qual suscitou ajustes nas peças de exposição, como reposicionamento
de informações e inclusão de informações e mobiliário - partiu-se para a coleta final de
dados, abrindo a exposição para público espontâneo, o que permitiu a coleta de grande
número de informações a respeito da percepção dos modelos e sua validade como
estratégia de divulgação científica.

Discussão a respeito dos resultados

Nesta etapa do projeto, vale destacar alguns pontos importantes das percepções do
público participante nas etapas de coletas de dados. Dessa forma, no que tange às
intenções relacionadas ao ensino e divulgação da ciência, serão destacadas algumas
falas sintomáticas das possibilidades positivas do MAES-3DMF: “A semelhança com
meu modelo mental do universo e a cor”, “O constante movimento das partículas, dando
a ideia do movimento no espaço (planetário), aproxima mais da realidade”, “Há muitas
possibilidades de analogias e metáforas e também, principalmente, intensa geração de
interesse e de perguntas!”, “Este ambiente cria condições altamente favoráveis para o
ensino, pois a imagem é dinâmica e representa bem o dinamismo do universo”. A partir
desse recorte, pode-se observar que os participantes conseguiram traçar paralelos e
fazer aproximações entre o modelo e a entidade de interesse científico em questão, indo

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ao encontro da afirmação que modelos são representações análogas aos estados das
coisas no mundo físico ou os modelos mentais que os indivíduos possuem desses
conceitos (JOHNSON-LAIRD, 1983; NORMAN, 1990; DUARTE, 2005; SILVA, 2006).
Destacam-se, ainda, alguns pontos de vista de profissionais ligados à área de pesquisa
e ensino de ciências, em relação às potencialidades do MAES-3DMF e do Espaço
Multiverso poderiam ser explorados em “[...] áreas de física; biologia: evolução da vida;
química: o que ocorre numa fusão; astronomia: estudo do universo”, “[...] teoria atômica,
conceitos de velocidade, de força etc”, “[...] a densidade, as massas, a refração, a
gravidade”, “[...] questão da formação da matéria e suas implicações”. Todos os dados
da pesquisa, portanto, apontam para a vocação transdisciplinar dos MAES-3DMF e do
Espaço Multiverso, conforme afirmam Marandino & Diaz Rocha (2011), enquanto lócus
de divulgação científica e democratização do conhecimento. Vale ressaltar que o MAES-
3DMF faz parte do processo de pesquisa em Educação Científica do Mestrado em
Educação Tecnológica do CEFET-MG, no qual contribui como ferramenta importante
para a busca de novas formas de compreensão dos sistemas físicos, em diversas áreas
do conhecimento. Dessa forma, o modelo, pela própria natureza enquanto modelo
científico, está em constante processo de remodelagem durante os processos de
pesquisas, ou seja, o design envolvido (re)construção e análise do modelo é mediador
do processo do conhecimento em si.

Referências bibliográficas

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sideral para divulgação da ciência. 2012. 143 f. (Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-graduação em Educação tecnológica) – Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais CEFET-MG, Belo Horizonte, 2012.

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FERRY, A. S. (2016). Análise Estrututal e Multimodal de Analogias em uma Sala de
Aula de Química. 170 f. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação,
Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte.

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