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Este trabalho surge a partir de três visitas de campo feitas à noite, no período

de agosto a outubro de 2018 no Parque de Madureira, espaço público situado


na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, entre os bairros de Madureira e
Guadalupe, pertencentes ao subúrbio carioca. O subúrbio no Rio de Janeiro é,
como define FERNANDES(2011), “um lugar genuinamente popular e destinado
às classes sociais mais baixas da sociedade e, em geral, desenvolvido ao
longo da linha ferroviária”. Esta definição que, a princípio, é de ordem
econômica e geográfica, ganha traços culturais à medida que se observa um
“modo de vida suburbano”, com gastronomia, ritmos, festas, gírias e
sociabilidade reconhecíveis.
O Parque de Madureira é, hoje, um dos principais aparelhos de cultura e lazer
capitaneados pela Prefeitura do Rio de Janeiro e tem uma estrutura grandiosa,
é o terceiro maior parque da cidade, atrás apenas da Quinta da Boa Vista e do
Parque do Flamengo. Isto para absorver, em alguma medida, as expressões
populares da Zona Norte que acontecem ao ar livre. Dentre elas, listam-se
algumas atividades relacionadas à música e, nesse contexto, o samba se
confirma como preferência mais tradicional e ainda requisitada pelos
moradores da região.

Os sábados do Parque de Madureira são conhecidos por receberem uma


programação considerável de shows das bandas locais em um espaço que foi
“Praça do Samba”. Essa Praça com mais de 1520m² abriga grupos como
“Juntou deu samba” e “Batucaê” fazendo a diversão dos frequentadores do
Parque. Esses shows são organizados em tendas, que abrigam os músicos,
sempre próximos aos bares que servem as bebidas e os petiscos dos
restaurantes licenciados pela Prefeitura. Há também os quiosques que vendem
bebidas e guloseimas em geral, também devidamente licenciados, o que forma
uma rede de atrações em que a música torna-se mais um componente de um
aparato “oficial” de lazer da cidade.

A experiência com o som, nessa lógica, é dispersa, já que ouvir aquilo que os
músicos tocam é apenas uma das atrações que o evento proporciona, talvez
nem sendo a mais importante. As cerca de trezentas pessoas que ficam às
voltas de cada uma dessas tendas (que ao total somam quase dez) nem
sempre conseguem entender aquilo que o intérprete canta, e dividem-se entre
as conversas presenciais e virtuais,

Em contraponto a essa experiência espetacular que se dá na estrutura do


Parque, o fio condutor deste trabalho surge em frente aos portões fechados
pela Guarda Municipal. Foi na saída do parque, na primeira destas três vezes
em campo, que um grupo de instrumentistas (composto por um tantã, um
banjo, dois pandeiros e um tanto de vozes ) formou uma roda de samba
improvisada, que ansiava por dar continuidade ao samba, com vozes que
cantavam e convocavam os transeuntes com gritos constantes de “Vem! Vem!
Vem!” que entravam na métrica das canções executadas. E uma análise das
canções e da maneira como surgem na roda também faz-se necessária.

Foi possível notar na dinâmica do “repertório” pelo qual a roda seguiu em uma
média de duas horas de duração, algumas lideranças nas escolhas das
canções. Elas se enunciavam mais em silêncios do que em declarações. Em
algumas oportunidades, uns dos presentes na roda dirigiam-se a um e falavam
diretamente a ele tentando “puxar” a próxima canção. Em vão, os músicos
variavam em expressões faciais e se mantinham executando seus ritmos. Os
pedidos de música muito dificilmente eram atendidos, ou mesmo
compreendidos entre os barulhos da rua e o som dos instrumentos. O que
efetivamente “puxava” músicas na roda era uma melodia entoada pelo
banjo/violão e reconhecida pela roda que dava continuidade aos versos, ou
ainda,

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