No que tange a alegação de o “De cujos” ter omitido seu estado civil declarando-
se solteiro para compra do referido imóvel, entende-se que tal responsabilidade
não pode vir a cair para a requerente, pois, quem deveria ter feito tal declaração
era o falecido que preferiu omitir tal situação. Assim, ainda que estivesse casado
como consta na certidão, fica subtendido com as datas constantes nos
documentos dos autos que o período de convivência do casal foi de 9 (nove
anos) e que o “De cujos” poderia não ter se separado judicialmente ao se
envolver com a requerente, porém, pode-se entender que este se encontrava na
situação da separação de fato o que não impede a constituição da união estável
com a autora.
Em relação aos bens adquiridos durante a separação de fato, entende
majoritariamente o Supremo Tribunal de Justiça no REsp: 678790 PR
2004/0100936-0, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento:
10/06/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/06/2014).
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. FAMÍLIA. ANULAÇÃO DE ATOS
JURÍDICOS. BENS ADQUIRIDOS APÓS A SEPARAÇÃO DE FATO POR UM
DOS CÔNJUGES. [...] 1. [...] a jurisprudência desta Corte, firmada no
sentido de que a separação de fato põe fim ao regime matrimonial de
bens. Precedentes. 2. [...]. 3. Recurso especial não conhecido.
II.I DA LITIGANCIA DE MÁ FÉ
Não há que se falar em litigância de má fé por parte da requerente ter omitido a
existência de um dos filhos que teve com o falecido. Frisa-se que em momento
algum foi omitido a existência da filha Luana, pois, esta asseverou sempre no
decorrer da ação que teve três filhos com o “De Cujos”, sendo que somente
Luana está viva. Consta nos autos declaração da testemunha ouvida que
confirma o alegado em juízo pela requerente sobre Luana não ter sido registrada
no nome do falecido e que o falecido desapareceu ainda quando Luana era bem
nova (fls. 121).
Neste eixo, diante da alegação de que a requerente não teria condições de pagar
sozinha as prestações do referido imóvel, está asseverou em audiência que só
conseguiu pagar até o ano de 1989, quando passou o imóvel para Carlinhos,
para que este pagasse as prestações porque ela não teria condições de
continuar a pagá-las. E em 2001, este vendeu o citado imóvel para Hilda sem o
consentimento da autora. Salienta-se que depois da compra do referido imóvel
o falecido só contribuiu com 12 (doze) prestações e as outras até o momento em
que passou o imóvel para Carlinhos a requerente arcou sozinha.
Ante, ao que foi asseverado pelos requeridos sobre o “De cujos” e a requerente
terem mantido contato depois que este saiu em busca de emprego no Acre,
como consta na emenda inicial após o último telefonema que o falecido fez para
requerente, este desapareceu. Nesse norte, conclui-se que não ouve
controvérsia por parte da autora diante dos fatos alegados por esta sobre o
desaparecimento do “De cujos” e a falta de contribuição por parte deste.