Anda di halaman 1dari 8

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

ANÁLISE FONOLÓGICA DO DIALETO CUIABANO E SUAS ORIGENS

EMANUEL FABIANO DE ALMEIDA LIMA FILHO, Nº USP: 9881390

SÃO PAULO, 2018

Página 1 de 8
Análise:

Os diferentes idiomas, por si só, não explicam as diversidades da língua,

uma vez que essa sofre da influência do tempo e do espaço nos quais está

inserida. Entretanto, esses não são os únicos aspectos responsáveis pelas

variações linguísticas, em um espaço, mesmo físico, pode ser percebida as

diferenças entre os falantes em se comunicar. Considerar a variação restrita

somente ao caráter subjetivo do indivíduo implica supor que este só dispõe de

uma forma fixa de expressão da qual se utiliza em contextos diversos, mas o que

sabemos é que não é assim, existem diversidades linguísticas. Uma pessoa da

alta posição social e uma outra com vulnerabilidades socioeconômicas se

expressam de maneiras diferentes em situações diversas, obviamente dentro do

domínio que cada um possui da linguagem e também dos elementos que

extrapolam o falar. Têm-se, dessa forma, quatro fatores específicos da variação:

aspectos históricos, espaciais, sociais e estilísticos.

O falante nativo, de imediato, possui conhecimento da língua na etapa

presente, porém esta, ao mesmo passo que se assemelha, também se diferencia

das etapas anteriores. Na língua existem dois estágios das variantes, substituta

e substituída. Esse processo consiste na exclusão de uma forma para que haja

a adoção de outra. Sendo assim, a substituta se trata de uma das variantes

restritas a um determinado grupo, que quando adotada por uma parcela

socioeconômica prestigiado da sociedade, passa a vigorar, o que acarreta no

Página 2 de 8
desuso e queda da substituída. Contudo, essas variantes podem conviver, seja

por meio de gerações mais antigas ou mesmo pela duração desse processo.

O contexto histórico não é o único elemento causador de diversidades,

visto que indivíduos de uma mesma época apresentam peculiaridades

linguísticas distintas. O intercâmbio entre os membros da comunidade é de

grande relevância para os estudos de variações. Cada classe social é dotada de

um padrão normativo característico (seja ele em acordo ou não com as normas

da gramática formal), dentro do qual se enquadra o falante. Todavia, o nível

socioeconômico não é exclusivamente determinante, há também outras

diferenças marcantes, como idade, gênero e grau de escolaridade. No Brasil o

número de analfabetos é muito grande, existem poucas políticas públicas que

asseguram o direito à educação de qualidade à população, quem dirá a essas

pessoas que muitas delas já são adultas e como tais estão sujeitas aos

mecanismos mais brutais do sistema financeiro, e que veem a ideia de ler

assolada pelas obrigações tantas que carregam as camadas sociais mais

vulneráveis da nossa sociedade.

Existem também, a variação decorrente da situação comunicativa em que

o falante se encontra; pois este faz a adequação do padrão linguístico de acordo

com as circunstâncias. As adequações variam de um padrão informal, até o

extremo oposto, padrão formal, com inúmeras gradações entre eles. Tais noções

não devem ser confundidas com a ideia de língua escrita e falada, pois ambas

Página 3 de 8
as modalidades estão suscetíveis às variações como uma mensagem de texto

de celular entre amigos e a escrita de um artigo acadêmico, um exemplo no plano

da cultura escrita.

As fronteiras linguísticas nem sempre condizem com as demarcações

geográficas ou políticas. Os falantes de uma área limitada apresentam

congruências devidas ao fator espacial, sejam elas sintáticas, fonéticas ou

vocabular. Essas variações estão não só no falar, assim como nas produções

literárias regionais, influenciado pela cultura local, bem como o dialeto típico de

determinados grupos populacionais. No entanto, as variações geográficas não

se dissociam de outros fatores, os aspectos históricos e socioeconômicos da

região também colaboram na formação do dialeto regional.

Diante dos aspectos fonológicos, partimos da concepção de fonema

sendo uma unidade ou segmento abstrato do sistema fonológico de uma língua,

constituído de traços distintivos (modo de articulação, e grau de vozeamento),

sem significado em si mesmo, e que se diferencia funcionalmente das demais

unidades do mesmo sistema fonológico ou do sistema fonológico ou fonêmico

de outra língua.

A hipótese que estabeleço é que o dialeto transcrito em forma fonológica

no corpus 1 é referente ao dialeto cuiabano do Mato Grosso.

Página 4 de 8
Dentro do conjunto de consoantes, pegarei para demonstração na análise

as fricativas palatais [ʃ] e [ʒ], como as africanas [tʃ] e [dʒ]. Quando temos /t/

(alveolar, assimila o i palatal) seguido pelas seguintes realizações vocálicas [i] [I]

[ī] [j], que é bastante característico do falar cuiabano. O que vemos é que no

dialeto cuiabano não se realizam anterior a vogal alta [i] como africadas, as

consoantes oclusivas dentais [t] e [d]. Há uma palatização da consoante fricativa

alveolar [s], como podemos observar [‘kɔʃ.ta], diferentemente do que podemos

encontrar em outros falares, por exemplo [‘kɔs.ta] (na linha 7 do corpus 1). A

alofonia posicional é a explicação de que um fonema está influenciando um

outro, em sua realização vocálica. Por exemplo [nɔz] (na linha 4 do corpus 1),

onde encontramos o fonema /S/ sonorizado (o que significa que sua realização

é relaxada ou mais tensa). Essa realização seguirá na presença da vogal [ɔ] e

[a]. Quando tem pausa o /S/ se realiza [ʃ]. Remontando a realização do fonema

/S/, temos: [s], [ʃ] e [z], respectivamente [sabi], [īpresjõno], [īpresjõnv], [nɔʃ], [nɔjʃ],

vemos que a primeira realização de nós não é posicional, porque ocorre em coda

silábica. Em [nɔz] o /S/ está em coda na realização ele passa a ataque silábico,

se tivesse pausa seria [nɔjs], dessa forma este caso é de alofonia posicional,

explicado pelas duas vogais que influenciaram na realização de /S/ na

transcrição, outro exemplo é [kruʃ] <cruz>. A alofonia se trata de um fonema que

é o mesmo com realizações (fones) diferentes; resumidamente, um outro fone

para o mesmo fonema.

Avaliando o contexto histórico do dialeto cuiabano, a sua formação está

ligada à constituição de Mato Grosso e do seu povo, há influência portuguesa, e

uma aproximação linguística com o Paraguai, por razão da guerra do Paraguai,

Página 5 de 8
em 1864. O linguajar cuiabano teve, também, influências da língua bororo, dos

indígenas, além do espanhol. A formação sociolinguístico-cultural de Mato

Grosso tem muito a ver com os bandeirantes que mentiam rotas até o centro-

oeste a fim da exploração de índios como escravos, e em busca das riquezas

naturais. Estabeleceu-se um cruzamento linguístico que viria com o migrantes

provocar inúmeras mudanças na língua falada, alguns traços, à medida que há

uma grande influência do dialeto caipira de Piracicaba de São Paulo (o dialeto

piracicabano é uma junção do português arcaico com as línguas africanas e

indígenas, é aqui que encontramos semelhanças entre os dois corpus),

passaram a ser desprestigiados, acontece que esses traços aos poucos vão

perdendo espaço na fala, e isso ocorre por meio de um processo de

estigmatização, os quilombolas da região ribeirinha são falantes do dialeto

cuiabano, assim vemos se tratar de preconceitos linguísticos. Com o fim do ouro

é que é criada essa cultura caipira na região centro-oeste. A população se

difunde em antigas áreas de mineração. Depois de um período de imobilidade

cultural, vem os colonos sulistas para um processo de expansão, que

influenciará sobre a língua.

Observamos nos corpus 1 na realização de consoantes alveolar /l/ em

posição inicial de sílaba ou de palavra, não há nenhum alteração. Em posição

pós-vocálica, o fonema /l/ apresenta vários alofones na variedade linguística do

português. Uma característica do dialeto caipira é o rotacismo, que ocorre no

caso de encontros consonantais cuja segunda consoante é /l/ e se muda em /r/.

Contudo, este não é um fenômeno que só ocorre com a fala caipira ou não-

escolarizada.

Página 6 de 8
Referências bibliográficas:

FIORIN, José Luiz. Introdução à linguística 2: princípios de análise. São

Paulo: Contexto, 2016.

BRIGHT, William. As dimensões da sociolinguística. In: Fonseca, Maria

Stella V.; Neve, Moema F. (organização). Sociolinguística. Rio de Janeiro:

Eldorado, 1974.

CAMACHO, Roberto G. A. A variação linguística. In: Subsídios à proposta

curricular de língua portuguesa para os 1º e 2º graus. Colagens de textos.

Secretaria da educação. São Paulo: CENP, 1998.

AGUILERA, V. A. (Org.). Atlas linguístico do Paraná. Curitiba: Imprensa

Oficial do Paraná, 1994.

AMARAL, A. O dialeto caipira. 3ª edição, São Paulo: HUCITEC: INL-MEC,

1982.

BRANDÃO, S. F. Nas trilhas do -R retroflexo. Londrina: Signum, n.10/2,

2007, p. 265-283.

CÂMARA, JR., J.M. Para o estudo da fonêmica portuguesa. Rio de

Janeiro: Padrão, 1977.

SANTIAGO-ALMEIDA, M. M. Fontes manuscritas e impressas: reflexos

da nossa base cultural e linguística. In: Marieta Prata de Lima Dias (Org.). Língua

e literatura: discurso pedagógico. 1ed. São Paulo: Ensino Profissional, 2007, V.

1, p. 131-140.

SILVA. T. C. Fonética e fonologia do português. São Paulo: Contexto,

1999.

Página 7 de 8
Página 8 de 8

Anda mungkin juga menyukai