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UERJ – Instituto de Artes

Arte e Antropologia

Ana Carolina Lopes da Silva Peçanha

Questão 1

A ideia de história estacionária e história cumulativa se dá a partir da impressão que se tem de


determinadas culturas, onde algumas parecem ter acumulado invenções, desenvolvimentos
tecnológicos anteriores, etc. E por isso podem ser observadas como cumulativas, pois todo o
processo histórico cultural dessa sociedade, favoreceram para o seu “desenvolvimento” ou
“progresso”. E algumas outras parecem ter estacionado, parecem não ter feito uso de
conhecimento anterior existente naquela mesma sociedade ou cultura, sendo observadas assim
como estacionárias.

Essa ideia na verdade, pode ser um tanto controversa. O ponto de onde se observa
determinada cultura, interfere significativamente em como ela será identificada, como
estacionária ou cumulativa. Porque existe a tendência, por conta do olhar etnocêntrico com o
qual observamos outra cultura, de percebermos a cultura que mais se assemelha a nossa, como
uma cultura mais desenvolvida, ou que tenha progredido. Então a perceberemos como tendo
uma história cumulativa, porque o que houver de tecnologia e desenvolvimento científico
nessa sociedade será muito mais cheio de significado para o observador que tem a sua própria
cultura como referência. Já a cultura que se desenvolveu em outra direção divergente da
cultura de onde se observa, pela muita diferença, ela é percebida como estacionária, pois seus
desenvolvimentos científicos e tecnológicos, não são compreendidos como tais, a partir da
mesma referência anterior.

Toda história é cumulativa. Toda cultura tem suas descobertas e desenvolvimentos, e o que
diferencia cada uma delas nessa ideia de progresso é a motivação para os quais usam
determinadas descobertas e conhecimento. Outra questão importante para essa compreensão é
que a ideia de progresso anterior era compreendida como uma escala no tempo, em que todas
as culturas alcançariam um mesmo objetivo, o que não é correto. O progresso e
desenvolvimento das culturas são dão em direções diferentes, e em ritmos diferentes, se
necessários, tendo vários fatores que interferem nesses pontos. Como por exemplo, a maneira
como uma sociedade se comporta no contato com outra, ou seja, se ela se coloca com maior
ou menor abertura. Algumas sociedades tendem a convergir neste contato, enquanto outras
tendem a reforçar ainda mais suas peculiaridades e diferenças, para afirmar sua identidade.
Outro fator que também interfere é o quanto de contato uma determinada cultura tem com
outras que muito se diferem da sua. Pois aqui a diferença cultural produz desenvolvimento,
por conta do acumulo de conhecimento possível neste contato. Como por exemplo a Europa
como um todo, que de todas as “civilizações” provavelmente foi a que teve mais contato com
diferentes culturas, e por conta disso teve oportunidade de agregar conhecimento ao seu
próprio conhecimento e tecnologias já existentes, tendo assim a possibilidade de desenvolver
ainda mais tecnologias e conhecimento científico diverso. Já as culturas Americanas, que
experimentaram o contato com outras culturas que muito se assemelhavam a sua, tiveram um
“desenvolvimento” um pouco mais lento. Então podemos compreender também que na
verdade uma cultura que é vista como estacionária, talvez seja na verdade uma cultura com
um modificação lenta, e divergente da cultura de onde se observa e se referencia.

Questão 2

Uma noção de cultura explorada por Eagleton foi a ideia de cultura como um modo de vida,
que anteriormente havia sido compreendida como civilidade, o que a deixava do lado oposto
ao barbarismo ou primitivismo, e nesse modo de compreensão, pode ser análoga a ela. Aqui, a
ideia de cultura está ligada aos desejos intrínsecos ao ser humano que vive em determinado
lugar e tempo, está ligado a sua intuição, o mais autentico e genuíno na natureza humana, algo
como irracional. Nessa ideia de cultura o individuo possui apego à tradição e local, se sente
enraizado. O que se havia estudado sobre cultura, era sempre em relação ao Outro. Não se
percebe como sendo parte, até então, de um objeto “estudável”, mas tão somente qualquer
outra sociedade da qual se observa de fora. A partir do momento em que nos estudos
antropológicos o mundo ocidental, de onde a antropologia surgiu, entendeu-se como cultura, e
possível objeto de estudo, ou seja, pode ser visto de fora por outras sociedades; surge o risco
aí de relativizá-la, pois até então a forma de vida ocidental, era vista pela própria como a
única forma de vida possível, entre tantas. O fato de a antropologia sentir a necessidade de
estudar sua própria cultura originária é compreender que nela existem “selvagens”, indivíduos
dotados de paixões e comportamentos impetuosos, que o conhecimento destes poderia
capacitar o mesmo a torna-los disciplinados, ou “civilizados”. Essa ideia de civilização, que
anteriormente era o que se entendia de cultura, agora é antagônica a esta. Ela entra aqui como
instrumento “colonizador” por parte do Estado, onde o desejo é que se construa uma
sociedade harmônica, em que o equilíbrio é o essencial. Ou seja, ainda que se discorde de
quaisquer assuntos (sejam eles considerados “direitos universais” ou não), não é com ímpeto
que se deve expor tal discordância. A civilização entra aqui como elemento homogeneizante,
evitando comportamentos excedentes ou excessivos.

A relação que podemos fazer com o texto do Eagleton, e especificamente sobre a ideia de
cultura abordada acima e o texto sobre as mulheres mulçumanas é a seguinte: o estudo da
antropologia a partir do momento em que colocou sua própria cultura originária como objeto
de estudo, compreendeu-se a necessidade do relativismo cultural, ou seja, tentar observar uma
cultura a partir de seu próprio viés. Idealmente, essa concepção e forma de compreender outra
cultura a tiraria da condição de cultura “primitiva”, “selvagem”, etc. com que normalmente
são observadas as culturas que muito diferem das culturas ocidentais, a partir de um olhar
etnocentrista.

Esse relativismo cultural pode estar somente como ideal e não o que é realmente praticado,
em diversas situações de estudos antropológicos, e conseguimos observá-lo bem no texto da
Abu-Lughod, pois antropólogas feministas ocidentais saem à frente de uma luta para salvação
de mulheres muçulmanas do uso do véu, como símbolo de luta contra o terrorismo,
desconsiderando aqui as diferenças culturais, e acreditando, como citado anteriormente, que
sua forma de vida, seria a única forma de vida possível, ou seja, que mulheres possam se
vestir publicamente como quiserem. Não se levam aqui em consideração o real querer das
mulheres muçulmanas e a motivação desse querer. A partir da ideia de universalidade, em que
se compreende que existem valores universais, percebemos que essa questão pode muito mais
ser usada como pretexto para uma reafirmação de um estereótipo das culturas muçulmanas
como exóticas, terroristas e como um ambiente impossível de se sobreviver com qualidade de
vida, sendo ele o que é. Percebemos aí o uso desse “relativismo cultural” ideal e a
universalização como algo com interesses de nível político e econômico, muito mais do que a
real compreensão dessas culturas enquanto diversidade. Assim como a cultura como
civilização, aqui se pretende muito mais conhecer para disciplinar aquela cultura, e
transformá-la pra que fique mais parecida com a ocidental, o que é aparentemente aceitável
olhando sob a ótica da universalidade. Nos deparamos mais uma vez com o desejo
colonizador, por parte do ocidente.

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