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Proposta cacau

1. 1 PROPOSTA PARA REATIVAR A CACAUICULTURA NACIONAL (versão


1) DOCUMENTO, COMO CONTRIBUIÇÃO. AO DEBATE– OBJETIVO,
PRAGMÁTICO E PROFICIENTE – URGENTEMENTE REQUERIDO. (Foto:
Paulo Cortizo Falcon) Luiz Ferreira da Silva Pesquisador aposentado e ex-
diretor do CEPEC e José Carlos Castro de Macedo Empreendedor Rural e ex-
Coordenador Regional da CEPLAC

2. 2 POR QUE ESCREVEMOS ESTE DOCUMENTO? Ѻ Construímos toda a


nossa vida profissional a expensas do cacau, através da “ESCOLA-CEPLAC”,
que nos ensinou o valor do trabalho, eivado de dedicação e ética. Ѻ Neste
momento de débâcle da região cacaueira, não poderíamos deixar de expressar
a nossa gratidão através de proposituras que possam revitalizar o tripé do
cacau – o cacaueiro, o agricultor e a instituição. Ѻ Isso na expectativa de
termos sido úteis, resgatando a nossa divida com a sociedade cacaueira, além
da admiração pelos pioneiros do cacau, de tempos passados, verdadeiros
heróis construtores desse grandioso patrimônio agrícola. Maceió/AL e
Itabuna/BA, 15 de Novembro de 2016. Luiz Ferreira da Silva, 79. José Carlos
Castro de Macedo, 71.

3. 3 I. INTRODUÇÃO O cacaueiro foi introduzido na Bahia em 1746, com


sementes trazidas do Pará pelo colono francês Frederico Warneaux, plantadas
por Antônio Dias Ribeiro na Fazenda Cubículo, à margem direita do Rio Pardo,
hoje Município de Canavieiras. Em 1971, com sementes híbridas trazidas da
Bahia, pelo Engenheiro Agrônomo, Frederico Monteiro Álvares-Afonso, da
CEPLAC, plantadas no Projeto Integrado de Colonização Ouro Preto, do Incra,
no hoje Município de Ouro Preto do Oeste, Rondônia. Voltou também para as
terras paraenses, do Município de Tomé-Açu, através de sementes híbridas da
CEPLAC, trazidas da Bahia, pelo agricultor Tanio Oshikiri, da Camta,
Cooperativa Agrícola Mixta deTomé-Açu, em 1971. A Bahia sempre manteve a
supremacia da produção de cacau brasileiro, cuja implantação pelos pioneiros,
bravos empreendedores rurais, construíram no sul da Bahia, uma economia
importante para o país, advindo uma história, que emoldurou uma civilização.
Pois bem; novo milênio – ameaça de desaparecimento de todo esse patrimônio
agrícola. II. ASPECTOS DA CACAUICULTURA SUL-BAIANA 1. ANTES E
DEPOIS DA INTRODUÇÃO DA VASSOURA DE BRUXA . A produção de
cacau sempre foi considerada uma agricultura de fácil manejo, com a utilização
de baixos níveis de tecnologia, e manejada por proprietários na maioria das
vezes “ausentistas”. As fazendas de cacau eram tocadas por intermediários, os
administradores de fazendas de cacau. Uma região indene às enfermidades de
grande poder destrutivo, tais como: a monilíase, o mal-do-facão, o virus swolen
shoot ou a enfermidade vassoura-de-bruxa. Eis que, em maio 1989, o cacau
baiano foi contaminado com o fungo Moniliophtora perniciosa causador da
doença denominada vulgarmente de vassoura-de-bruxa, que se expandiu
rapidamente para todos os quadrantes da região do cacau, no sul da Bahia. A
rápida disseminação deveu-se a fatores altamente favoráveis para a
propagação do fungo, tais como: áreas contínuas de extensas plantações
envelhecidas; topografia fortemente ondulada, com altitude relativa de mais de
300 metros; temperatura declinante no inverno (é a zona de cacau mais fria do
mundo) e rica densidade da rede hidrográfica. A distribuição regular das
chuvas ao longo do ano, sem períodos secos bem definidos, propicia os
lançamentos

4. 4 contínuos de ramos e folhagem novos (flushing), o que é de excepcional


favorecimento para a vassoura-de-bruxa. A doença chegou ao sul da Bahia,
numa hora desvantajosa, crítica mesmo, quando a cacauicultura se encontrava
“quebrada”, debilitada e mergulhada em grave crise de produção. Os cacauais
envelhecidos, sem condições de competitividade. No horizonte do
PROCACAU- 1975-1986, nem depois dele, se conseguiu renovar os projetados
150 mil hectares de cacauais. A meta inicial de 110 mil hectares de novos
plantios foi ampliada para 145 mil hectares. Graças aos altos preços, estas
áreas cresceram sem controle e a renovação dos velhos cacauais foi adiada.
Se tal meta de replantação tivesse sido efetuada, possivelmente os novos
cacauais estariam menos vulneráveis ou em melhores condições de serem
manejados para tal convivência. . A produção recorde de 457 mil toneladas, no
ano de 1984, não parou de cair e hoje está ao redor das 200 mil toneladas de
cacau/ano. De segundo maior exportador de cacau passou o Brasil a país
importador. Nos últimos 15 anos, um esforço muito grande tem sido feito, no
sentido de se tentar conviver com essa doença. O que se observa atualmente é
um grupo de cacauicultores abnegados, que a qualquer custo, tenta recuperar
as suas lavouras, renovando-as com materiais clonais, em contraposição a um
número bem maior de lavradores que, desesperançados e descapitalizados,
abandonaram o cultivo, transformando as suas roças em “vassoureiros”
(repositórios de fungos disseminadores da doença), porque não tiveram apoio
necessário e oportuno e, impotentes, não encontraram alternativas. Tal
circunstância dificultará ou até inviabilizará (quem sabe?) as áreas replantadas
com tanto esforço e desprendimento. Vale a pena ressaltar que os atuais
clones, que possuem tolerância à vassoura-de-bruxa, devem ser eficazes sob
certas condições de pressão de inóculo, significando dizer que é fundamental a
eliminação dos “vassoureiros”, para se ter uma relativa garantia de conviver
com a enfermidade. Nesse contexto, há duas crenças que não devem ser
consideradas: (a) poderá haver um equilíbrio biológico, reduzindo a fonte de
inóculo; (b) as roças abandonadas se acabarão por si só. No primeiro caso,
não há lógica e, tampouco, embasamento científico; e, no segundo, é sabido
que a vassoura-de-bruxa não mata o cacaueiro, mas, ao invés de produzir
frutos, prioriza a produção de esporos e outras formas contaminantes,
expandindo-se exponencialmente a doença para além de seus limites. Outra
observação se refere à inexistência de grandes plantações de cacau
convivendo com o Monoliophtora perniciosa, nas mesmas condições do Sul da
Bahia, sobretudo em relação ao clima, úmido, chuvoso e sem período seco
intermediário. Isso tem que ser levado em consideração e balizar o plantio do
cacau na Bahia. Em razão do que foi explicado, é possível se fazer alguns
prognósticos sobre a Cacauicultura Tradicional da Bahia. Haverá um novo
redimensionamento, não devendo ultrapassar os 300 mil hectares de novas
lavouras clonadas, bem manejadas, eliminando-se o restante para evitar a
contaminação, processando-se a substituição do cacau por outras lavouras,
sobretudo de natureza agroflorestal.

5. 5 Dessa forma a reestruturação da economia cacaueira sul-baiana diz


respeito a busca de concentrar a atividade produtora de cacau nas áreas que
se apresentem menos favoráveis à “virulência” do fungo, mapeando-se polos
em diferentes agrossistemas. 2. UMA NOVA LAVOURA CACAUEIRA Como se
pôde concluir, a cacauicutura do Sudeste da Bahia pode ser dividida em duas
fases: antes e depois da contaminação com a vassoura-de-bruxa
(Moniliophtora perniciosa). Antigamente, uma lavoura privilegiada, sem maiores
problemas de manejo, facilmente administrável e sem muitos desafios,
considerando o contexto da agricultura brasileira. Hoje, tudo mudou com a
presença dessa doença. São novos paradigmas, pois! Pelos conhecimentos
biológicos e epidemiológicos dessa doença, conjuminados à configuração das
roças de cacau e condições climáticas e fisiográficas da região, era de se
prever, como já se explicitou, um alastramento rápido do fungo, bem como as
dificuldades do seu controle, sobretudo porque a lavoura não fora plantada
visando tal convivência e, tampouco, o lavrador de cacau conhecia os efeitos
devastadores do mal insidioso. Dessa maneira, depara-se a cacauicultura
baiana/capixaba com um grande desafio - a convivência com o novo inimigo -
tendo que queimar etapas, mudar métodos e ser competente, contemplando
desde os novos enfoques técnicos à especialização gerencial.
Consubstanciados nos novos paradigmas, destacam-se, dentre outros, os
aspectos discriminados resumidamente, a seguir. 2.1.
REDIMENSIONAMENTO DO PÓLO CACAUEIRO BAIANO O polígono do
cacau contempla diversos agrossistemas, cuja lavoura do cacau se comporta
diferentemente haja vista nuanças ecológicas, pedológicas e topográficas. Assi,
desde solos férteis a pobres; desde relevo montanhoso a pouco movimentado;
desde posição de “covoados” a topos de morros; desde suprimento de água
satisfatório a déficit hídrico, desde excesso de sombra a falta dela; desde
maciços de cacauais velhos a dispersos. Com o atual complicador, a vassoura-
de-bruxa (VB), mais evidente se torna redimensionar o polígono cacaueiro,
eliminando as áreas com certas limitações que possam ser favoráveis ao fungo
e não à planta. Dessa forma, é urgente se proceder a um levantamento a esse
respeito, acreditando numa possível redução do atual polígono do cacau em
25%, fundamental no planejamento das zonas afins, disciplinamento da
aplicação dos recursos financeiros e liberação de áreas, dentro dos imóveis
cacaueiros, com respectivos indicadores de aptidão para outras culturas
associadas ao agrossistema do cacau. 2.2. NOVA CONFIGURAÇÃO DO
PLANTIO DO CACAU

6. 6 Os fatores altamente favoráveis à disseminação da VB, aqui relatados,


condicionam alterações nas novas roças de cacau, com o redimensionamento
dos novos plantios. Não mais áreas extensas e contínuas, mas módulos
menores como nos ensina a os pequenos produtores da Amazônia. Assim
explicitado, há que se dimensionar os novos plantios, subdividindo-o em áreas
menores. Como exemplo, uma ideia seria: um produtor de cacau de 100 ha
teria que ter a mesma área em 10 módulos de 10 ha, podendo ser plantados
em quadras (boxes) de gliricídia, ou outra leguminosa de crescimento rápido e
melhoradora de solo; separados de 50 a 100 metros, onde seriam cultivados
outras culturas perenes/semi-perenes, ou mesmo essências florestais,
constituindo barreiras naturais e aporte de renda, num sistema de “mosaico”.
Com essa configuração, é possível tratar o cacaual - convivência com a VB -
mais eficazmente, ao se mensurar com maior precisão os resultados de cada
quadra (box) em termos de produção/produtividade; utilização racional da mão-
de- obra, graus de incidência da doença e resultados financeiros por quadra,
possibilitando a tomada de decisão sobre cada uma delas, incluindo a própria
eliminação. Outra questão é com respeito à sombra definitiva, não só em
termos de produtividade, bem como em relação à biologia do fungo. E,
ademais, vale a pena se fazer menção aos cultivos adensados que devem ser
ajuizados pelas condições de maior ou menor proliferação do fungo,
notadamente em zonas epidêmicas da podridão parda, pois esta doença pode
encontrar excelentes condições de virulência (baixa aeração das roças),
tornando- se mais importante que a vassoura. III. ASPECTOS DA
CACAUICULTURA AMAZÔNICA A agricultura do cacau no berço de origem
tem as mais notáveis qualidades ecológicas e humanas. Nenhuma agricultura
praticada ao longo das estradas e dos travessões, seja no Pará ou em
Rondônia, é tão amazônica, tão ambientalista, tão propiciadora de trabalho e
agregação familiar. A árvore do cacau protege o solo evitando a erosão;
recupera a fertilidade natural das áreas degradadas, reintegra a fauna ao seu
meio natural e proporciona numerosos empregos, além de oferecer a
implantação de pequenas agroindústrias. Ao longo de 40 anos de atuação na
Amazônia, a CEPLAC tentou estabelecer polos de produção cacaueira em sete
estados, mas efetivamente com sucesso pleno, agricultura dinâmica,
consagrada, plantadores cuidando de suas roças, só nos Polos de Rondônia e
do Pará. 1. O CACAU NA TRANSAMAZÔNICA A mesorregião sudoeste
paraense engloba as microrregiões de Altamira e Itaituba, ou simplesmente a
região da Transamazônica, com uma área de pouco mais de 500 mil km²,
correspondente a 43% da área do estado de Pará. Tal região, além da
conhecida fertilidade natural das suas “terras roxas”, tem a maior favorabilidade
para a produção de cacau. É que nesta região a
7. 7 “vassoura-de-bruxa” não é endêmica e a virulência do ataque é menor que
em outras áreas. A taxa de inóculo é sabidamente baixa e causa poucos
prejuízos. O clima difere de Rondônia, com um maior déficit hídrico e curva de
distribuição de chuvas mensais contrastante. Há um período chuvoso, que vai
de dezembro até maio, e um outro seco, sobretudo nos meses de julho a
outubro, cuja precipitação é sempre inferior a 60mm. Essa configuração
climática conjugada com as características dos solos propicia esse ambiente
favorável à cacauicultura, pelo escape à doença por um lado e, pelo outro,
condições edáficas adequadas (disponibilidade de nutrientes e boas condições
físico-hídricas). Provavelmente, por haver um menor excesso de água no solo,
tanto em meses (fevereiro a maio/junho), quanto em total de chuvas nesse
período (em torno de 550 mm), em relação ao Polo de Rondônia (novembro a
abril/maio; 1.300 mm), significando uma melhor distribuição de água no solo,
pode-se deduzir como uma vantagem ecológica, pois o excesso hídrico é tão
prejudicial quanto o déficit, explicando a aparente melhor performance dos
cacauais da Rodovia Transamazônica, mesmo existindo um período seco
maior. Os solos da Rodovia Transamazônica, aptos para a lavoura cacaueira
abrangem notadamente as Terras Roxas (Alfissolos) e os Podzólicos
Vermelhos Amarelos Eutróficos (Alfissolos), quantificados em 85 mil hectares.
É possível retomar a produção em uma roça que tenha sido semiabandonada,
por dois ou três anos, com uma simples podação, e pulverização com
fungicida. Sem muito atropelo o produtor da Transamazônica chega a obter
uma produtividade de 100 arrobas, ou 1.500 quilos de cacau seco/hectare. 2. O
CACAU EM RONDÔNIA No estado de Rondônia está o polo pioneiro
empreendido pela CEPLAC na Amazônia. Nele, numa faixa ao longo da
Rodovia BR-364 (Cuiabá/Porto Velho), ela foi eficaz e consolidou a
cacauicultura, constituindo-se no programa mais exitoso de agricultura familiar
no país, nada tendo a ver com a estratégia e ideologia do MST. A identificação
de solos aptos para o cultivo do cacau (Levantamentos efetuados pela
CEPLAC), o clima sem elevado déficit hídrico e o interesse demonstrado pelos
colonos em relação à nova atividade agrícola, motivaram a implantação da
lavoura em Rondônia. Foram prospectados quase 2 milhões de hectares com
um aproveitamento de 811 mil hectares, ou seja, 42,7% de solos bons para o
cultivo do cacau. REGIÃO/ PROJETOS ÁREA LEVANTADA (ha) SOLOS
APTOS PARA CACAU (ha)

8. 8 POP-I POP-II POP-III POP-IV BURAREIRO PIC-M. Dutra 60.480 65.100


175.100 283.460 796.000 611.000 45.340 52.600 72.160 131.600 439.000
70.000 TOTAL 1.991.140 810.700 Apoiada pelo INCRA, inicialmente no Projeto
Integrado de Colonização Ouro Preto, a CEPLAC ampliou sua ação para os
municípios de Ariquemes, Jaru, Cacoal e Ji-Paraná. Até 1982, dos 39 mil
hectares de cacauais plantados, 19 mil hectares, ou seja 48%, estavam em
mãos dos 1.654 colonos dos Projetos do INCRA, com lotes individuais de 100
hectares, de Ouro Preto, Jaru, Cacoal e Ariquemes. Isto indicava uma forte e
oportuna redistribuição de renda. Desgraçadamente, com o desmonte da
CEPLAC, a qualidade da assistência técnica prestada aos produtores decaiu,
deixando ela de “mostrar a sua cara” nas linhas, nos travessões; viu-se quase
totalmente imobilizada nas suas ações de atendimento aos produtores e não
contou com o apoio do governo estadual e de suas coirmãs. Dessa forma o
nível de investimento na condução de suas lavouras reduziu-se drasticamente.
Diminuiu a produtividade dos cacauais, aumentaram os ataques das pragas e a
incidência da vassoura-de-bruxa. As lavouras passaram a um estado de
semiabandono, ocorrendo até mesmo a erradicação de algumas áreas de
cacau. IV. COMO REVITALIZAR A CACAUICULTURA BRASILEIRA? Hoje, a
crise do cacau, diferente de tantas outras do passado, aqui relatada, tem três
(3) óbices: – A decadência do cacau, cuja região se empobreceu com a sua
derrocada, passando de exportadora para importadora; – A deterioração da
CEPLAC, passando de modelo eficaz para uma organização sem ânimos e
sem recursos, cada vez mais declinando, sobretudo pela ingerência política
insensata e descomedida; e – A descapitalização e endividamento do produtor
de cacau. Dessa forma, a recuperação das plantações e novos cacauais,
dependem da solução do tripé, para o qual as ações se interdependem e são
urgentes, discriminadas a seguir.

9. 9 O PROCACAU – II Tendo em vista o sucesso do PROCACAU-I, que


possibilitou expandir a lavoura sul baiana em 600 mil hectares e consolidar dois
polos importantes na Amazônia – Rondônia (Ariquemes, Jaru e Ouro Preto) e
Pará (Rodovia Transamazônica), é urgente a implantação do PROCACAU-II,
eivado de metas, recursos financeiros e humanos e medidas de incentivo e
compensatórias a um empreendimento desta envergadura, sob pena de
sucumbir tal patrimônio agrícola nacional. Não adiantam medidas paliativas e
remendos, tampouco, embromações políticas. É tarefa para quem vive do
agronegócio - do homem que planta ao que consome, com ênfase no setor
industrial. E, para registrar, vale a pena evocar o livro TRIBUTO ÀNTIGA
CEPLAC, INSTITUIÇÃO AGRÍCOLA ÚNICA, em cujas análises coloca a ideia
deste programa de revitalização da lavoura cacaueira, apresentado pelo autor
principal (Luiz Ferreira da Silva) no auditório da FAEB, Salvador (BA), em 18 de
agosto do presente ano, 1. AMAZÔNIA Seria instituída uma meta de plantio de
250 mil hectares para os próximos 10 anos, bem acima dos 150 mil hectares
propostos anteriormente. Acrescente-se, ademais, que o plantio de novos
cacauais na Amazônia, teria a finalidade de fazer, com o apoio do Ministério do
Meio Ambiente, a recomposição de áreas alteradas, ou mesmo degradadas,
por via de uma cacauicultura de cunho agroflorestal, mais produtiva e mais
sustentável. Poder-se-ia pensar em novos projetos de assentamento, a
exemplo do que fora desenvolvido (CEPLAC-INCRA), nada a ver com a
estratégia de reforma agrária do MST, mas com a visão do sistema
FELDA/Malásia, aqui descrito resumidamente. Em nenhum lugar do mundo,
onde houve a distribuição de terras nas “tiradas revolucionárias”, invocando a
mais valia vai se acabar, bandeira dos “vermelhos”, os pequenos produtores se
deram bem. Mantiveram-se sempre em conflitos, insatisfeitos, dependentes e
manipulados pelos políticos, cultivando a violência. Está aí o MST (Movimento
dos Sem Terra) carimbando essa minha assertiva. Ao contrário, em outros
locais em que se estabeleceram assentamentos sob a ótica de um Projeto de
Desenvolvimento Agrário com as vistas voltadas a um sistema de agricultura
empresarial associativa, ganharam todos: o Governo, o produtor, o consumidor;
a sociedade como um todo. Vale a pena, neste particular, citar o exemplo da
Malásia - o FELDA (The Federal Land Development Authority). Trata-se de
uma Instituição pertencente ao Ministério de Desenvolvimento Rural Integrado,
objetivando: (a) Transformar a floresta em desuso em áreas para a agricultura;
(b) Alocar pessoas visando a moderna agricultura e o desenvolvimento social
das comunidades rurais;

10. 10 (c) Organizar a utilização racional dos recursos da terra, através do


crédito facilitado, provisão das fazendas e manejo dos serviços; (d) Construir e
operacionalizar a estrutura de processos técnicos modernos; e; (e) Guiar o
desenvolvimento das comunidades. O Instituto, assim o chamemos, incumbe-
se de proceder: (a) A limpeza da área (derruba, queima e preparo do terreno);
(b) Plantio das culturas; (c) A infraestrutura da Vila e áreas de apoio das
comunidades; (d) Administração dos projetos; (e) Provisão de crédito e
insumos diversos; (f) Comercialização, transporte e processamento; e (g)
Desenvolvimento social comunitário. Para tanto, possui serviços agrícolas
próprios, incluindo experimentação ao nível do agricultor, operacionalizando
grandes viveiros com materiais de alta produtividade. Ademais, a sua
responsabilidade não cessa com o sucesso do plantio. Relacionam-se com o
setor privado, tais como: “trade cooperation”, mercados (“marketing”),
transporte, processamento, seguro, empresas de agricultura e de
infraestrutura. Possui diversas associações, como exemplos, para fins de:
refinar açúcar, fracionar óleo (Governo Japonês); produzir fertilizantes;
processar cacau (Nestlé); produzir margarina (Governo Belga). Para se situar
na magnitude do FELDA, basta dizer que mantém um Órgão de
Desenvolvimento da Terra, o INPUT, encarregado de: (a) Treinar o pessoal do
FELDA e de outras agências; e (b) Planejar, organizar e executar pesquisas
socioeconômicas relacionadas com o desenvolvimento da terra. Então, como
no Brasil é feito - distribuir terras por distribuir como se faz com um cesto de
pão - é muito fácil para o governo e muito caro para a sociedade brasileira, sem
se contar nos danos causados aos proprietários vitimados e ao próprio
assentado que fora iludido com uma reforma agrária de faz de conta. Sim,
porque a agricultura que conjumina os princípios agronômicos, econômicos,
sociais e ecológicos, com o homem no seu epicentro, é negligenciada. No
caso, tanto de Rondônia (de Ariquemes a Cacoal) como do Pará
(Transamazônica), cujo cultivo do cacau praticamente foi o único que deu
certo, depois do fracasso da seringueira e da pimenta do reino, o Governo
Federal poderia reeditar a política exitosa de ocupação da Amazônia do
Governo Militar. 2. BAHIA/ESPÍRITO SANTO. No caso da reestruturação da
economia cacaueira sul-baiana/ capixaba, o enfoque seria:

11. 11 ϴ RECUPERAÇÃO DOS VELHOS CACAUAIS INFECTADOS COM A


VASSOURA- DE-BRUXA. Meta de 50 mil hectares, selecionando-se áreas com
rígidos critérios sobre a viabilidade da ação, haja vista a existência de roças
muito velhas, altamente sombreadas e de baixa densidade (menos de 700 pés
por hectare), de difícil resposta tecnológica, cujo destino é a renovação
(replantação). ϴ REPLANTAÇÃO DAS ÁREAS “ENVASSOURADAS” DO
MACIÇO CACAUEIRO. Aquilo que não foi feito quando do PROCACAU-I, a
renovação das roças velhas, pois o “boom” foi implantar, agora, por linhas
tortas, vai ser impositivo. Uma meta de 200 mil hectares. Ora, se há 40 anos, o
PROCACAU-I enfatizava a necessidade de replantar os velhos cacauais do
Vale do Almada e os dos solos aluviais do Pardo e Jequitinhonha, imagine o
leitor como se encontram essas plantações? Antes, eram denominados de
velhos. E, hoje – senis ou caducos? ϴ IMPLANTAÇÃO DE NOVOS POLOS
CACAUEIROS. Com vistas a uma agricultura de altos insumos e priorizando
áreas fora do maciço cacaueiro, seria estabelecida uma meta de 50 mil
hectares. Já existe exemplo exitoso de plantio de cacau em solos de tabuleiro
no extremo sul da Bahia. Em uma área remanescente do cultivo do mamão,
surgiu a Fazenda Lembrança II, transformada em cacaueira, utilizando técnicas
avançadas, incluindo o sistema de fertiirrigação. Alta produtividade e operações
mecanizadas, perfeitamente de acordo com a agricultura moderna.
(www.youtube.com). É preciso ter em mente que o tempo da baixa
produtividade não mais se coaduna com o momento tecnológico da agricultura
brasileira, cujo salto se deu com o uso de técnicas integradas, enfocada no
manejo do solo, transformando os cerados, antes solos imprestáveis, em terras
produtivas. Não se pode conceber os Vales dos Rios Pardo e Jequitinhonha,
com mais de 30 mil hectares de solos aluviais de primeira qualidade serem
subutilizados, quando tem todas as condições para implantação de uma
cacauicultura de precisão. Trata-se de solos Inceptsls, profundos, argilosos,
desprovidos de seções arenosas, bem drenados e com fertilidade média
distribuída até 1 metro de profundidade. Ademais, considerando tratar-se de
um programa amplo de resgate de uma lavoura centenária, ao lado da
recuperação dos cacauais se implantaria um programa de diversificação das
áreas, outrora ocupadas com cacau, mas que fatores ambientais as tornaram
vulneráveis à doença, reocupando os espaços com outros cultivos, inclusive
compatíveis com a matriz-cacau e/ou de reposição florestal, haja vista a
provável redução do polígono cacaueiro. Seria, dessa forma, redesenhada a
nova geografia do cacau no sul da Bahia e Espírito Santo.

12. 12 V. A PESQUISA: VANGUARDA E RETAGUARDA. Outra ação em


concomitância e sine qua non, haja vista a necessidade de se dispor de uma
nova base genética voltada à resistência clonal, que exige maciço investimento
em recursos financeiros e, sobretudo, humanos, eivados de pesquisadores
capacitados e em tempo integra é a revitalização da pesquisa. Essa questão
está a exigir outra CEPLAC que, para voltar a ser proficiente, deve levar tempo,
haja vista se encontrar debilitada, com o agravante que mais de 65% do seu
corpo funcional já recebem o adicional de pré-aposentadoria e outros tantos se
descomprometeram, conforme reclamam os produtores de cacau. Com ou sem
CEPLAC, é urgente se implantar um PROJETO INTEGRADO DE PESQUISAS
VOLTADO AO CONTROLE DA VASSOURA DE BRUXA, constituído de
pesquisadores habilitados nas áreas do melhoramento genético, fisiologia
vegetal, fitopatologia, fitotecnia e bioquímica, sob a coordenação de um líder de
pesquisa. Provavelmente, o Grupo seria alocado nas dependências da
CEPLAC pela estrutura física existente, sobretudo de campo, absorvendo a
massa crítica disponível que se incorporaria à Unidade com os pesquisadores
de outras Instituições, todos eles ligados administrativamente às suas origens
institucionais e funcionalmente ao Projeto Matricial. Essa concepção de
pesquisa integrada nada tem a ver com projetos disciplinares efetuados por
Organizações em suas dependências, sobretudo como “encomendas”, que
mais satisfazem à curiosidade científica e/ou a produção técnica para fins de
melhoria curricular do pesquisador, inexistindo a concentração holística no
problema. Sob as asas do Ministério da Agricultura estão a CEPLAC e a
EMBRAPA que já seriam duas fontes de pesquisadores, somando-se outras
cabeças pensantes advindas de Instituições consentâneas. Este projeto teria
um mandato de 5 anos, prorrogável a mais 5, tempo em que se formariam
pesquisadores capazes de recompor o grupo e seguir nas pesquisas sine die.
Para reforçar essa ideia, notadamente no caso de ter a sua factibilidade
contestada, recorro ao Projeto Radam da década de 70. Procedido ao
levantamento radargramétrico da Amazônia, de interesse estratégico do
Governo Brasileiro, foram recrutados de suas Instituições os mais gabaritados
técnicos, que se estabeleceram em Belém na missão decenal de orientar,
coordenar e até executar os mapeamentos climáticos, geológicos, hidrológicos,
pedológicos, florestais, uso da terra, após o que todo o acervo foi absorvido
pelo IBGE e continuado com os trabalhos em detalhamento com a equipe
remanescente. Havia, assim, uma determinação política-institucional de
interesse nacional. O cacau pode muito bem ser assim visualizado. A questão,
pois, está nas mãos do Governo Federal. O que o país almeja em ternos de
cacau, há de se perguntar?

13. 13 VI. APOIO AO PLANTIO Um programa dessa magnitude requer uma


base de produção de mudas seminais e/ou outros materiais clonais, como
acontecera durante o PROCACAU-I, através os campos de produção de
sementes híbridas tão bem conduzidos pela CEPLA.. Anos atrás, foi instalada
a Biofábrica, destinada a produção em escala industrial de material genético de
alto valor agronômico, tolerante à vassoura-de- bruxa e de alta produtividade,
numa área de 60 hectares, em Banco do Pedro, à margem do rio Almada, no
município de Ilhéus. Para se ter uma ideia da Biofábrica, basta lembrar o que
falou o Dr. Paulo Alvim: - “Sem dúvida é o maior Centro de multiplicação
vegetativa do mundo”. Em síntese, como enfatizou o Dr. José Carlos Macedo
que, por muitos anos dirigiu a Unidade: - “A Biofábrica é um instrumento
fantástico como suporte básico para a revitalização da cacauicultura nacional”.
Inicialmente, os trabalhos se desenvolveram a contento, atendendo a tempo e
a hora toda demanda requerida, perdendo fôlego nos últimos 5 anos,
necessitando sua recondução ao patamar de eficiência e eficácia anterior. VII.
CONSIDERAÇÕES FINAIS. O presente documento nada tem de acabado, mas
um simples elenco de ideias como subsídios às ações iminentes de
recuperação da lavoura cacaueira, à disposição de um Grupo Técnico que
deveria ser instituído pelo Governo Federal para formatar um Programa amplo
para tal fim. È importante que o PROCACAU-II se espelhe no PROCACAU-I,
talvez o único programa agrícola que teve acompanhamento e avaliações,
diferentemente de muitas propostas nestes últimos 15 anos que, lançadas
como salvadoras, se perderam no tempo, caíram no esquecimento e ninguém
se responsabilizou ou foi cobrado. Pode-se projetar implantada essa nossa
propositura nos moldes rigorosos de execução e avaliação do PROCACAU-I,
com os devidos aportes de recursos financeiros, um retorno da produção aos
quantitativos da década de 70, tão logo, com a perspectiva de o Brasil retomar
a sua importância quantitativa no mundo cacaueiro. Nada surpreenderia uma
produção de mais de 700 mil toneladas daqui a 15 anos, quando as novas
roças estariam na condição de “safreiras”. E cabe a sociedade cacaueira,
entendendo-se o produtor, os organismos sindicais, os chocolateiros e outros
afins, reivindicar tal comportamento do Estado Brasileiro. Não há outro
caminho.

14. 14 VIII. LITERATURA CONSULTADA 1. CEPLAC. 1977. Diretrizes para


Expansão da Cacauicultura Nacional: 1976- 1977. In PROCACAU. Brasília, DF,
Brasil. 2, CEPLAC. 1987. A CEPLAC e o Futuro das Regiões Cacaueiras do
Brasil, contribuição ao Debate. Brasília, DF, Brasil 3, FALESI, I.C.1972. Solos
da Rodovia Transamazônica. Boletim Técnico do IPEAN número 55, 196 p. 4.
SCERNE, RMC, SANTOS, AOS e NETO, FA. 1996. Aspectos agroclimáticos
da região de Ouro Preto D'Oeste - RO. Boletim Técnico n. 13. CEPLAC, Belém,
Pará, Brasil. 40 p. 5. SILVA, LF da, CARVALHO FILHO, R e SANTANA, MBM.
1973. Solos do Projeto Ouro Preto. CEPLAC/CEPEC, Boletim Técnico 23, 31 p.
6. ___________ ÁLVARES-AFONSO, F. e DIAS, A.C.C.P.1976. Disponibilidad
de suelos para cacao en la Amazonia Brasileña. Revista Theobroma, CEPEC,
Ilhéus, Brasil, 6(1): 31-39. 7. ___________. 1986. O cacaueiro como alternativa
agrícola para a Amazônia Brasileira. Primeiro Simpósio do Trópico Úmido,
Anais, volume IV - culturas perenes. EMBRAPA, Brasília. pp. 419~427. 8.
___________e ÀLVARES-AFONSO, F. 2001. A nova geografia da
cacauicultura brasileira. Brasília, 11 p (datilografado). 9. --------------- et al. Solos
da Região Cacaueira da Bahia. IICA/CEPLAC. Diagnóstico, V. 1. 1976. 289
páginas. 10, ----------------, TOURINHO, M.M. e MENEZES, J. A. S, Tributo à
antiga CEPLAC, uma Instituição agrícola única. Scortecci, Editora. São Paulo,
SP. 110 páginas. 11. __________ e FALESI, I.C. Disponibilidade de solos para
a expansão da cacauicultura na Amazônia Brasileira. Seminário "Agronegócio
do Cacau: uma Alternativa para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia".
IICA/EMBRAPA, Porto Velho/RO: 8-11/10/2001.

15. 15 POST SCRIPTUM Terrorismo biológico? Para um alerta a toda


agricultura do nosso país, é pertinente comentar sobre a infestação do cacau
pela vassoura-de-bruxa, quando a Bahia era indene. Malgrado os esforços da
CEPLAC, através da CAVAB (Campanha de Controle da Vassoura- de-bruxa),
implantada em 1978, com a finalidade de evitar a contaminação dos cacauais
baianos, a doença chegou devastadoramente, em pontos dispersos,
coincidentemente em maciços cacaueiros pujantes. Analisando diversos
fatores que poderiam contribuir para a chegada do temido esporo, a conclusão
aponta pelo “vetor humano”, ou por ignorância, negligência ou por ação
deliberada. Em outras palavras, ato criminoso. Relembremos a reportagem da
Revista VEJA (21.06.2006) – TERRORISMO BIOLÓGICO – em cujo teor havia
várias acusações contra pessoas, atribuindo-se a elas a disseminação do mal.
No mesmo tom, com riqueza de detalhes, Dilson Araújo editou o vídeo O NÓ,
ATO HUMANO DELIBERADO, sociabilizando mais de 5.000 cópias, atingindo
diversas Instituições e o Poder Público. Um documento de fôlego,
consubstanciando em dados, informações convergentes e depoimentos de
pessoas que foram atingidas em suas atividades com a lavoura. Teria sido um
ato criminoso? Essa é a linha defendida por praticamente toda a região
cacaueira, que até mereceu uma investigação da Polícia Federal. Entretanto,
como sói acontecer no nosso país, mesmo com os prejuízos incomensuráveis,
atingindo os três setores da economia, sem se falar na ecologia, com o homem
no epicentro da tragédia (produtores e trabalhadores rurais), houve um “pacto
de esquecimento”. Ninguém mais comenta não se tenta reabrir a investigação
e tudo fica letárgico. Talvez a Polícia Federal, à época, não dispusesse de
instrumentos complexos de inteligência investigativa, diferentemente de hoje,
quando ela age em consonância com o Ministério Público Federal, Receita
Federal e a Procuradoria Geral da República, a exemplo da Operação Lava
Jato, demonstrando proficiência. Dessa forma, é fundamental que se reabra o
caso, no sentido de desvendar tal mistério, pois o interesse em esclarecer
ultrapassa os umbrais do Sul da Bahia, haja vista a salvaguarda de outros
cultivos, a exemplo do café ou do dendê, que, de repente, por sabotagem,
podem ser contaminados por fungos, bactérias, vírus ou insetos alienígenas.

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