A partir de uma anedota, Davis inicia o terceiro capítulo de Mulheres, raça e classe apontando a
mentalidade comum do que se entendia acerca dos movimentos dos direitos das mulheres
dentro da campanha anti-escravista no século XIX.
Elizabeth Stanton, que mantinha uma luta pessoal em oposição ao sexismo, tendo uma difícil
vida doméstica que a impulsionou a ida a convenção. Sua experiência na convenção alinhadas
as problemáticas pessoais foram combustíveis para seu ativismo. Essa contradição na vida
pessoal, dando força a uma política de oposição a opressão é elemento destacado por Davis,
não só em referência a Stanton mas outras mulheres que atuam junto a ela em Seneca Falls.
Entretanto, a autora aponta que a questão do sufrágio para a Convenção de Seneca Falls foi
criticada por Mott e pelo marido de Stanton, havendo apoio apenas de Frederick Douglass.
Porém, durante tal convenção o sufrágio foi a única questão debatida e aprovada de forma
unânime.
Douglass agitou com luta pela igualdade política, sendo radical para seu tempo, além ter posto
em pauta no movimento de libertação dos negros os direitos das mulheres.
Sobre a Declaração de Seneca Falls, Davis aponta que tal pronunciava as consequências
negativas para as mulheres no laço matrimonial, bem como a supremacia dos homens nas leis
de divórcio. Todavia, Davis mesmo reconhecendo a importância de tal declaração, critica seu
escopo, ao ignorar mulheres trabalhadoras e negras no Sul e no Norte, levando em consideração
apenas as mulheres do contexto das autoras.
Angela Davis destaca o estado quase desumano das trabalhadoras operárias do século XIX, e
ressalta que em 1820 mulheres atuaram em greves contra a opressão masculina e industrial.
Com isso, a autora destaca a Associação Feminina de Reforma do Trabalho que atuava por
melhores condições, o que causou a primeira investigação do trabalho nos Estados Unidos.
É apontado que mesmo as mulheres brancas tentaram sabotas Truth em forma de pressão
racista. Como aponta Davis, Truth exigia direitos iguais em relação a gênero, raça e classe.
Davis também aponta para um desleixo dos abolicionistas brancos em compreender o sistema
capitalista como também opressor. Em paralelo, a supremacia masculina era vista pelas
mulheres como algo a ser superado urgentemente, bem como era a escravidão para tais
abolicionistas.
Os eventos de 1863 evidenciaram a presença ainda forte do racismo no Norte do país, mesmo
com o Sul mantendo a escravidão. Houve então uma promoção de esforço de guerra apoiando
a emancipação dos escravizados, articulado pela Liga das Mulheres Leiais.
Davis ponta que Angelina Grimke, nesse contexto, pôs em cheque a relação da libertação das
mulheres e a libertação dos negros.