Rafael Fróes
Friedrich Nietzsche (1844-1900) escreveu o no ano de 1872 o livro O
nascimento da tragédia, período em que lecionava filologia clássica na Universidade da
Basiléia, na Suíça. Nietzsche traz em seu livro uma visão totalmente diferente à proposta
clássica apresentada por Aristóteles (384-322 a.C.). O pensamento de Nietzsche nos traz
uma nova percepção, na qual a Tragédia Grega teria tido a sua origem a partir de um ato
de reconciliação entre duas tendências artísticas antagônicas: o espírito apolínio e o
espírito dionisíaco.
O espírito apolíneo aparece através da divindade Apolo, deus da luz que impera
no mundo da imaginação, no qual a perfeição dos traços e das formas aparece como
característica fundamental das imagens que são produzidas no mundo divino de Apolo.
Essa divindade representa as artes plásticas em geral (escultura, pintura, etc.), além de
nos trazer a ideia de contemplação, do repousou e da calmaria; Apolo seria a divindade
que regula e que coloca um freio no modo como as coisas acontecem no mundo. É Apolo
que tem como missão fazer com que os homens se lembrem que existem leis no mundo e
que estas são sagradas, dessa forma, Apolo aparece como polo contrário e combatente ao
desregramento de Dionísio. A função do espírito apolíneo é justamente esconder, através
de sua arte figurativa e de belas formas o aspecto sombrio e degradante da existência
humana.
1
NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia. Tradução de: J. Guinsburg2. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007. p. 24.