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A GUERRA DOS ORIXÁS

Luiza Lobo

Foi um total acaso Xangô esbarrar naquele imenso tabuleiro na floresta.


Machista e guerreiro, se sentiu desafiado. Quem arrumara aquele tabuleiro
daquele jeito, bem no meio do seu caminho? Não via a farinha de dendê,
nem a garrafa de cachaça, nem os adereços de fita de cetim vermelho. Não
via as cores do seu terreiro nem a espada em sua homenagem. Não
encontrou sobre o tabuleiro os usuais alimentos: acarajés, feijão preto,
farofa, arroz de dendê; nem os usuais objetos de sacrifício: um carneiro, um
cágado, um bode, nem mesmo um galo que fosse. Deu a volta do tabuleiro,
intrigado, vestido em sua saia quadriculada vermelha e branca e seu colar de
miçangas da mesma cor, mas não entendia nada. Aquilo não era um opanifá
conhecido. Era um tabuleiro de xadrez, quadriculado de branco e negro.
Xangô, o rei dos trovões, ficou rubro de raiva. Rugiu e o tempo fechou.
Mandou raio e mandou trovão, contra seus invisíveis inimigos. Xangô tinha
chegado na floresta caminhando em paz, riscando a velha fórmula de seu pai
Oxalá na velhice, o orixá iorubá da criação dos homens. Pisavam-lhe nos
calos, oh, sim, e ele estava muito irritado com o que encontrou. Então ele
assumiu a forma de seu pai na mocidade, jovem guerreiro cheio de vigor e
nobreza, e tomou as dores de seu povo sofrido e exilado, no maior êxodo de
todos os tempos. Não se importava com o tal segundo livro da Bíblia. Seu
povo sofreu muito mais. Transformado no Grande Pai, o Orixalá, bateu no
peito e esperou, dardejando seus raios e trovões. O tempo fechou. Mas nada
aconteceu. Aí o senhor das pedreiras esperou que uma idéia lhe cruzasse a
mente. Não atinou com nada, senão chamar Ossanha, o deus irado das folhas
da floresta, chegou na sua saia de chitão branco, verde, rosa, amarelo,
marrom e na mão o ferro de sete hastes pontudas, tendo na do meio um
pássaro. "Eu-eu!" – gritou em sua saudação. "Kauô Kabiecile!" – saudou
Ossanha em resposta. – O que está havendo aqui, ó grande rei das matas? –
Olhe, meu orixá das plantas curativas, veja que tabuleiro tão esquisito este,
onde não vejo minhas oferendas prediletas deixadas, como de costume, na
floresta! – respondeu Xangô. – Mas não é? E para mim não veio o ossé
anual, nem cabra, nem galinha, nem farofa, feijão, milho verde com mel, e
para o sacrifício não vejo bode, nem galo. Mas que peji mais estranho, meu
deus! Vou chamar meu amigo Oxosse. Então chegou o deus da caça, o rei e
o caboclo das matas do clã de Ogum, chefe da linha dos caboclos chefes de
legião ou falange. Segurava seu ofá. Era o seu símbolo, o fetiche dos orixás,
o arco e a flecha de ferro, em miniatura, junto ao otá. Ficou espiando o
grande e estranho tabuleiro e rodando na mão a longa faixa do ojá , que
prendia sua saia estampada de azul e verde claro sobre a calça branca
rendada. Estavam todos vestidos para dia de festa: – "Okê, Okê Arô!" –
saudaram Oxosse. – O que está acontecendo aqui nesta floresta? – gritou
Ogum. Vou chamar os caboclos meus representantes – e sua dança imitava a
caçada. Então Oxosse, Rei de Ketu, Caboclo e Rei das Matas voltou-se para
a árvore sagrada da jurema e invocou seus Caboclos: – Venham, meus
caboclos-índios, de pele vermelho-acobreada, entidades índias que baixam
em nossos terreiros, venham com sua pele bronzeada ajudar seu pai. Venha
vindo, guia-chefe da linha de Oxosse, Caboclo Araribóia; venha, Caboclo
Arranca-Toco, entidade-guia, e Caboclo Arruda e Caboclo Cobra-Coral e
Caboclo Guiné e Caboclo Pena Branca, entidades-guia, na linha de Oxosse;
e venham vindo, Caboclo da Pedra Branca, entidade-chefe de falange ou
legião e Caboclo das Sete Encruzilhadas e Caboclo do Sol e da Lua e
Caboclo do Vento e Caboclo Treme-Terra, entidades-chefes da falange, na
linha de Xangô; e Caboclo Malembá, entidade representante de Oxalá,
venham todos descer no meio da floresta para decifrar este estranho tipo de
otá. E os Caboclos baixaram todos, com seus cocares de pena, dançando em
volta da cabaça, e falaram suas falas em misto de iorubá e tupi. E cruzaram
suas linhas, suas falanges e legiões, mas não atinaram com o sentido daquele
quadrado de madeira. Rodearam o tabuleiro e cantaram os pontos de cada
orixá, e fizeram com o giz, a pemba, o ponto riscado, e o ponto de
segurança, o ponto de abertura, o ponto de chamada, o ponto de defumação,
o ponto de descarrego, falando na sua língua arrevesada de iorubá e tupi,
mas não atinaram com o sentido daquele quadrado de madeira. Xangô ficou
zangado. Rugiu e o tempo fechou. Mandou raio e mandou trovão, mas nada
aconteceu. Não decifrou o sentido da afronta. Os Caboclos acenaram entre si
e resolveram chamar os Pretos Velhos, que estão no quarto plano da
hierarquia espiritual, logo abaixo deles, para fazerem magia branca e
desfazerem magia negra, e resolverem aquela complexa questão, com sua
sabedoria simples de antigos escravos purificados. Desceram os Pretos
Velhos chefes de falange, da Linha Africana e da Linha de Yorimá. Três
Pretos Velhos da Linha Africana baixaram ali e saudaram as divindades e os
caboclos. Perguntados sobre o que era aquele tabuleiro, disseram: – Isso é
um opanifá diferente. O tabuleiro não tem a forma achatada de bandeja, nem
tem a cara de Exu esculpida na borda, entre outras figuras e sinais
simbólicos. E é por isso que devemos invocar Exu. – Mas Exu? Ele não
devia ter sido chamado primeiro? – argumenta um Caboclo. – Talvez ele
traga mensagem especial sobre este estranho objeto – completa outro. E
chegou Exu, com sua saia vermelha e preta enfeixada por uma ojá vermelha,
o gorro e os búzios, seus colares de contas vermelhas e pretas alternadas,
aguardando o sacrifício do galo e do bode preto. Mas só encontrou a
estranha bandeja, o opanifá diferente. Exu olhou desconfiado para toda
aquela gente reunida, todos aqueles deuses cercando o tabuleiro, perplexos
com a raiva de Xangô, e se saiu com essa: – Isso é guerra! É guerra
declarada! Temos de chamar nosso pai, Ogum, o deus guerreiro, do ferro e
da agricultura. Ogum chegou. O Orixá iorubá, filho de Iemajá e de Oranhiã,
chegou para resolver as demandas, vestido com sua espada de metal
prateado e seu fetiche posto num prato, a "ferramenta de Ogum", uma penca
de sete instrumentos de ferro para a lavoura, a guerra e a caça. Gritaram
"Ogunhê!", e Ogum chegou. Ogum procurou seu acarajé, o feijão preto e
fradinho, o inhame assado, e não os encontrou; e nem sinal de bode, de galo
ou de conquém . Ogum bradou guerra. Xangô mandou raios e trovões. Mas
nada aconteceu. Então Ogum invocou o Exu Tranca-Ruas, o Exu das Almas,
que trabalha com todos os orixás e protege as giras dos terreiros. Chegou um
homem de torso nu, pele acobreada, pés de bode e orelhas pontiagudas. Exu
procurou algum trabalho para ele numa encruzilhada, mas na floresta só
tinha árvores, e foi difícil encontrar quem tinha posto aquela "coisa feita" ali,
bem diante de Xangô, o rei dos Trovões. Então Exu confabulou com Ogum
e Xangô. E o Exu de Sete Cabeças, ou Exu de Sete Covas, Exu de
Sete-Capas, que trabalha para Oxalá, o grande deus, e o mensageiro Exu de
Sete-Catacumbas, e das Sete-Encruzilhadas, e das Sete Legiões das Trevas
se lembrou: – Gente, vamos botar mesa, gente. Vamos chamar Ifá, o grande
orixá da adivinhação e do destino e grande mensageiro da luz, para jogar os
búzios e ler o nosso futuro. – E Exu exigiu, para si, o sacrifício de um bode
preto, e com a força do sacrifício clamou pela presença de Ifá. E logo
chegou Ifá, acompanhado de seu babalaô africano. Usava o opelé e segurava
seus búzios furados para ver de que lado caía a sorte. O Ifá se plantou,
solene, ao lado de um dendezeiro da floresta, sua árvore sagrada, e olhou o
grupo com seus dezesseis olhos, como são 16 as contas da grande
adivinhação, cada combinação acompanhada de uma história sagrada, o que
o ajudava na adivinhação. E o babalaô ou sacerdote de Ifá segurou as contas
do seu colar sagrado, o opelé Ifá, com oito meias-nozes de dendê abertas.
Ora o segurava por uma ponta terminada em nó, que simbolizava o lado
masculino, ora pela outra, com 4 ou 5 fios de palha da Costa, o lado
feminino. E o Babalaô, sacerdote de Ifá, o grande orixá da adivinhação e do
destino, o deus de 16 olhos, disse aos presentes que veriam se desenhar na
palha o seu destino, que seria formado a cada odu, ou jogada, pelo formato
das contas de seu opelê. Com uma varinha anotou na areia o número de cada
uma das oito jogadas sagradas do Ifá no seu estranho tabuleiro de madeira
para adivinhação do destino. As contas do seu opelê ifá caíram em forma de
U, com o lado aberto voltado para si. O babalaô ia anotando as quatro
combinações possíveis das odus, ou jogadas, num total de 16 combinações
possíveis. E naquela única jogada do opelé obteve as 16, mas não se sentiu
esclarecido. E fez mais uma jogada ligada à anterior – obtendo 256
combinações. E tentou mais 16 combinações com cada uma das novas
jogadas; poderia chegar a 4.096 combinações, até conseguir as respostas dos
orixás. E cada odu ou resposta tinha sua história correspondente, e ia
anotando cada novo desenho da queda dos odus no tabuleiro de madeira, o
opanifá. De cada vez contava uma história no opanifá. E desta vez o opanifá
não era o tabuleiro pequeno de madeira, onde aparecia a cara de Exu, mas o
próprio tabuleiro quadriculado em branco e preto que Xangô encontrara na
floresta, no meio de seu caminho. Os Orixás, sentados ao lado do babalaô,
sabiam que algo muito grave se passava em seu destino. E os dias e as noites
se sucediam, e as grandes chuvas e o sol se intercalavam no céu, e todos
sentados à volta do babalaô, sob a guarda de Ifá, aguardavam o final da
recitação da sorte, ouvindo atentamente a leitura das histórias de cada odu,
muitas das quais já sabiam de cor. E quando o babalaô, que era o chefe do
terreiro, afinal revelou a sorte, a maioria das divindades já sabia que se
tratava de uma grande e séria guerra no qual precisariam empenhar todas as
suas forças para vencer: – Isto é um tabuleiro de xadrez. E foi posto aqui na
floresta como "coisa feita" para dizimar o nosso rito e a nossa raça. Nós
devemos nos precaver muito contra esse jogo. É um jogo inventado pelos
brancos e foi colocado aqui para uma partida de força destrutiva contra
nossa terra africana e nossa fé na umbanda e no candomblé. Xangô clamou
aos raios e trovões e invocou as cachoeiras e pela proteção da pedra, que
estavam cortando e destruindo e exportando para países de brancos; Oxosse
invocou seu ofá, o arco e flecha unidos em metal branco, o qual simbolizava
seu poder de proteger a caça nas florestas fechadas do Brasil, ameaçadas de
extinção; o babalaô preparou suas oferendas, com as substâncias brancas do
poder genitor masculino: a seiva branca do seu sêmen, o seu cuspe, o seu
hálito, e jogou álcool, aguardente e sumo da palmeira sobre todo o tabuleiro;
em seguida jogou água pura, a substância branca veiculadora da força
genitora feminina, o axé, sem a qual não há oferendas. Invocou as lami,
mães ancestrais, que propiciam os mistérios e acalmam o espírito. Aí pôs a
oferenda junto das substâncias pretas, representando o escuro seio da
matéria geradora, ligada ao poder genitor feminino e ao elemento procriado.
E invocou os objetos rituais à disposição, as pedras, vasilhas, instrumentos
simbólicos e indumentárias com as três cores-símbolos do reino da natureza:
o branco masculino, o negro feminino e o vermelho do dendê, do sangue do
bode sacrificado ali, do sangue menstrual feminino, do ossum, ou pó de
urucum e do mel, do cobre e do bronze, simbolizando cada orixá. Terminado
o sacrifício, feito sobre o estranho tabuleiro, ribombou um grande estrondo e
apareceu uma figura imensa, musculosa, de sandálias, saiote amarelo e
capacete, muito esquisita. – Qual é a sua origem, sua linha de vibração? –
perguntou-lhe Xangô, o grande orixá, deus do Trovão. O estranho ser ficou
inquizilado por aquela questão. Não compreendia bem a língua e nem o
sentido das palavras do santo negro. – É iniciado? – Pergunta-me se sou
homossexual? – Qual é o seu Orixá, afinal? – Não sei do que me falam. –
Bem, então quem colocou este tabuleiro aqui na floresta, cruzando o meu
caminho? – insiste Xangô, com sua voz de baixo. – Isto foi idéia de Zeus, o
rei dos Trovões. – Deve haver algum engano, porque o rei dos Raios e dos
Trovões sou eu – interveio Xangô. – Ah, mas não é mesmo. – E quem é
você para me dizer o que é e o que não é? – Eu sou Teseu, e matei o
Minotauro, monstro em forma de homem e touro, que vivia num obscuro
labirinto construído para o rei Minos II, em Creta. Se não fosse por mim até
hoje doze rapazes e doze moças estariam sendo sacrificados todo ano a este
homem-touro, na verdade fruto dos amores escusos de Pasífae e Minos II. –
Tem certeza? – vociferou Oxalá. – Olhe, já viajei por todo o mundo e nunca
ouvi falar dessa tal gruta de Creta. Nem ouvi falar desse tal monstro. Isso
deve ser história muito antiga. – É verdade. – E que história é essa de filho
com forma de touro? Isso não pode acontecer. Vocês nunca estudaram
biologia? – Sabe, nós, gregos, amamos a fantasia, a reunião de todas as
formas animais e humanas: casamos cisnes com Zeus, nosso rei dos
Trovões, bodes e cavalos com homens, habitamos árvores e rios com ninfas,
dotamos cavalos de asas... – Estou achando essa conversa muito bonita, mas
não estou gostando nada dessa história de a toda hora falar desse tal de rei
dos Trovões de vocês. Não dá para você o invocar logo de uma vez? –
voltou a falar Xangô. Teseu alçou os ombros, mas não precisou nenhuma
arte de magia para invocar Zeus, porque ele logo apareceu, com seu rosto
ardiloso de deus maior do Olimpo. – Me chamaram, irmãos? – Este vem
com cara de político esperto – comentou Oxosse, deus das florestas, que se
desgostava de toda a esperteza das cidades. – Sou filho de Cronos, o tempo,
e de Rea, a Grande Mãe dos deuses, que por sinal era sua mulher e sua irmã.
Já tomei todas as formas possíveis para casar com minhas sete mulheres:
chuva de ouro para conquistar Dánae, sátiro para conseguir os amores de
Antíope; cisne para me casar com Leda – e tivemos dois filhos gêmeos,
ambos cisnes; touro branco para raptar Europa; chama ígnea para devorar
Egina. Para me estabelecer no Olimpo, lutei contra os Titãs, os Cíclopes, os
Hecantoncheiros, gigantes de 300 mãos, filhos de Urano com Géa, a Terra,
lutei contra Prometeu e muitos outros. Por isso não tenho medo de lutar
contra vocês, africanos. Foi por isso que coloquei este tabuleiro aqui. – E
que tipo de opanifá é este, que não conhecemos? – perguntou, respirando
fundo, Ifá. – Como? Esta palavra não conheço, mas este tabuleiro serve para
se jogar xadrez. Temos de deslocar a rainha, o rei, os cavalos, os peões, e os
movimentos têm de ser pensados, calculados, racionalmente, até se empurrar
o rei ou a rainha para uma armadilha – esta situação sem saída se chama de
échec et mat, isto é, vencido e abatido, mas que o vulgo sói chamar de
"xeque-mate". – E quem ganha tem de se incorporar, receber a entidade, ser
possuído por seu orixá, como bom filho de santo? – perguntou Oxosse. –
Não sei de nada do que o companheiro está falando: basta acompanhar
intelectualmente o movimento do rei e da rainha... – Olhe, nós, da África,
não temos esse negócio de colocar rei e rainha em armadilha, não. Andamos
de roupa de pano, pé no chão e comemos comida gostosa: inhame, acarajé
com muito dendê, mesa posta com muita cor e arte. Esses luxos de corte
estão fora de nossa tribo; somos povos da floresta, amamos a terra, a pedra,
a água, a chuva e o sol. Acho que seria bom fazer um irê, um ritual de
iniciação com este tal de Zeus, não é mesmo, gente? Os deuses aprovaram
com um sinal de cabeça, enquanto Zeus não escondia sua ira. – Vamos
chamar Hércules. Hércules vai dar uma lição nestes neguinhos. Hércules
chegou com as sandálias de couro de bode amarradas quase até as coxas.
Sua musculatura continuava intacta, apesar dos longos anos de uso,
contrastando com a cabeça microcéfala dos pouco inteligentes e muito
musculosos. – Então, vamos ou não vamos? Se não querem jogar xadrez por
bem, vamos resolver a parada pela força, não é mesmo? Meu amigo Teseu e
eu até vencemos umas mulheres guerreiras, as amazonas, que têm um peito
só – oh, Teseu, elas viviam em terras por onde esses aí andam hoje em dia,
não é mesmo? Estamos aqui para isso. Vencer esta batalha, mesmo que seja
à custa de nosso próprio Panteão. – É, vocês falam muito complicado, cheios
de efes e erres, com seus reis e rainhas. Eu quero saber é se sabem fazer uma
boa mandinga, se sabem se defender de uma boa pajelança de umbanda,
quimbanda, macumba, umbanda traçada . Eu aqui sou o mensageiro de todas
as forças das trevas e das profundas dos cemitérios, e faço qualquer
sortilégio contra vocês e seu tal de xadrez. – Olhe aí, Hércules, acho que
temos de chamar Hermes. Esse aí se diz mensageiro. Hermes é que é o único
mensageiro de todos os tempos; ele, sim, conduz as almas até o Hades, o
reino dos mortos. Hermes chegou célere, voando pela força de suas talarias
ou sandálias aladas, seu petarius ou capacete de asas, e o caduceu, a vara
mágica com serpentes entrelaçadas no alto. – Hermes – interpelou-o Zeus –
dê uma lição de norma culta nesta gente dos terreiros. – Minha função é
mais de leva-e-traz, não é, camaradas? Talvez pudéssemos chamar
Prometeu, para uma mãozinha mais humana aí. Esse pessoal me parece meio
sem cultura geral – acho que nunca ouviram falar em xadrez. Vocês não iam
jogar uma partida de xadrez fatal? – É o caso, mas temos problemas
lingüísticos e culturais de comunicação. Que venha Prometeu! – gritou Zeus,
a plenos pulmões, muito irritado com tudo, e agora ainda mais por ter de
pedir auxílio a seu originalmente arquiinimigo, o ladrão que roubou o fogo
dos deuses para o revelar aos homens. Na verdade, fora o próprio Prometeu
que os criara do barro. Antes daquela facécia do fogo, ele já lhes ensinara
também as plantas medicinais, o cultivo da terra e a domesticação dos
cavalos. Enfim, um deus que, embora tenha finalmente se juntado ao
Olimpo, politicamente estava na oposição, pintado em excelentes cores por
todos os viados românticos: Shelley, Byron, Coleridge, Dante Gabriel
Rossetti, Elizabeth Barrett Browning e até por um tal de Joaquim de Sousa
Andrade, conhecido como Sousândrade. – Xangô, você já leu um tal de
Sousândrade, nascido no Maranhão? – perguntou Zeus, um tanto desatento.
– Nosso povo não é lá muito de leituras, Alteza. Como já lhe disse e
tresdisse, nossa atividade principal é mais ligada à terra, aos elementos da
natureza, o vento, a chuva, o sol, a energia vital. – Hum... economia de
subsistência – ridicularizou Zeus. – Chame Vossa Alteza do jeito que quiser.
Mas é assim que viemos da África e até hoje moramos no coração de
africanos e brasileiros. E vocês, onde estão que não os vejo? – Estamos nos
livros escolares! – falou rápido Hefaístos ou Vulcano, que surgira rápido
como o fogo, apesar de ser manco. – Todos esses ornamentos que vocês
ostentam aí na sua cintura foram feitos por mim, na minha oficina que fica
dentro de um vulcão, no coração do Monte Etna, em aliança com os
Cíclopes, gigantes de um olho só. Apesar deste meu grupo de amigos não
ser considerado muito simpático pela humanidade, nossa fama atravessou o
mar Mediterrâneo e chegou até a Cecília, Roma, toda a Itália, o norte da
África, e hoje somos estudados por toda a civilização ocidental. – Mas que
sujeitinho mais pretensioso – intrometeu-se Exu. Grandes coisas ir da Grécia
para a Itália, é logo ali do lado, naquele marzinho pequeno. Nós, sim, é que
atravessamos o grande Oceano Atlântico desde a África, até o Brasil, o
Caribe, a América do Norte, do Sul, chegando até o Pacífico, e estamos
vivos na fé das pessoas até hoje. Somos consultados, reverenciados,
recebemos oferendas de todas as linhas e tipos de fé, e culto de todas as
raças e classes sociais. – É religião de gente pobre e subdesenvolvida. – Isso
é o que dizem os safados dos protestantes, que têm preconceito racial –
rebateu Exu. E Oxalá interveio: – Crime inafiançável no Brasil. Zeus ficou
nervoso. Nada o deixava mais nervoso que uma longa conversa mole e a
incontinência sexual. Desenvolvia cacoetes. Fungava, coçava o pau. – Ora,
não conhecemos nada de sua gente inculta e nem essas leis de países
bárbaros. O que importa é: vocês vão ou não vão jogar xadrez comigo?
Apolo ou Hélio já vai alto no seu carro alado que ilumina o céu. Ele não
pode descer até aqui, pois está transportando sua carruagem de um lado para
o outro do dia, mas lá do alto está acompanhando nossa guerra. Oxosse não
se conteve: – Mas ora vejam que ignorância, eles que se dizem tão cultos e
civilizados. Um carro com asas trazendo o dia! É muita falta de
conhecimento científico. – São imagens poéticas! – E o que vocês fazem o
dia todo, além de iluminar o dia e fazer poesia? – Bem, nós, basicamente,
amamos. Fazemos filhos híbridos e conquistamos sempre novos amores –
falou com despeito Zeus, coçando o saco. – Mas que civilização mais
egoísta – retomou Oxosse. – E não têm um pensamento para a humanidade?
– Oh, claro que sim – gente, ele não leu Homero, nem a Ilíada nem a
Odisséia, de Homero, e nem a Eneida, de Virgílio. É claro que nos grandes
momentos épicos, nós intervimos. Mas na maior parte do tempo estamos
muito ocupados; temos de comer nossos favos de mel, nossa ambrosia, nos
deleitar com o vinho fresco do Olimpo... e nos defender das acusações de
adultério, ora essa. A própria Diana, que é a deusa da caça, passa o dia
caçando bichos, pois não poderia se privar de um dos seus maiores prazeres,
na sua longa vida. – Mas isso é um escândalo! – interferiu Exu. – É por
essas e outras que nasceu um Marx. – A humanidade foi relegada ao último
escalão social por essa religião elitista de vocês. Só dá vocês, vocês e mais
vocês. – E além do mais, são antiecológicos, caçando animais silvestres por
puro prazer! Quanta inutilidade! – Não vejo o que há de errado nisso. É o
que se chama de classicismo! A Idade de Ouro! – falou Zeus, zombeteiro. –
Classicismo? Isso é deísmo! É sociedade de classes, e até de castas! Vocês
vivem numa sociedade fechada e corporativa. Não plantam, não protegem as
pessoas, não lêem a sorte delas, não as aconselham, não baixam em seus
destinos, quando estão necessitadas... – falou Ossanha, pela primeira vez. –
Ora, para isso podem ir ao Oráculo de Delfos! É lá que ouvirão as previsões
de que necessitam e em que acreditam tanto! – revidou Zeus, entre
gargalhadas de bon vivant. – Mas o senhor é um debochado, um
desclassificado social! – interveio Oxalá, com sua voz tonitruante de deus
máximo. – Em que acredita, nesse seu classicismo? – Eu acredito no prazer!
Eu acredito na beleza, na estética, nas curvas perfeitas, na medida áurea, nos
templos bem construídos, e na mens sana in corpore sano. – Mas a
humanidade não é sempre assim! A maioria das pessoas nasce torta, por
dentro e por fora, e precisa de uma reza forte por parte de todos os deuses e
orixás. Vocês só tratam do lado de fora, da beleza exterior, e as almas que se
danem... – Ah! essa coisa de alma e de transmigração da alma já é do
departamento de filosofia. Quem se interessa por isso é Platão, que escreveu
vários diálogos, aliás numa outra persona, sem assumir nada, colocando suas
palavras delirantes na boca de Sócrates. (E assumindo ares íntimos, abraçou
o ombro de Xangô) – Olhe, amigo, posso chamá-lo de amigo, não é? Vou
lhe confessar uma coisa. Não acredito em nada dessas coisas de religião.
Meu negócio é prazer, esbórnia, luxúria, mulheres bonitas, muita ambrosia,
vinho, carneiro assado, cultos a Dionísio e suas procissões debochadas,
escapar da perseguição de Hera, que vive com ciúmes doentios de mim.
Enfim, viver, aproveitar tudo o que nos proporciona nossa existência
privilegiada de deuses no Olimpo, o nosso céu. – Xeque-mate! Você mesmo
se condenou, irmãozinho. Não acredita em você mesmo! – gritou Xangô,
com os olhos injetados de sangue. – É no que dá a cultura
desconstrucionista, que vocês mesmos lançaram, há tanto tempo atrás!
Vocês não podem acreditar nem em si mesmos, de tão intelectuais que são!
– gritou Exu-Rompe-Mato. – Ainda bem que para vencer você nesta
demanda pedi auxílio a meus irmãos Oxumaré, orixá do arco-íris e Omolu
ou Obaluaiê, cujo verdadeiro nome não posso pronunciar aqui, porque pode
trazer a varíola e demais doenças, pois são da mesma linha. Ou vencia ou
não me chamava Oni! Não seria Xangô iorubá nagô, deus do raio e do
trovão, filho de Iemanjá e de Oranhiã, não seria Xangô Abomi, Xangô
Afonjá, Xangô Agodô, Xangô Agogô, Xangô Airá, Xangô Alfin, Xangô
Alufã, Xangô Caô, Xangô Dadá, Xangô de Ouro. E à medida que ia
referindo os seus nomes, a força destes ia "excomungando" os deuses
brancos, que recuavam, apavorados – e o tabuleiro de xadrez estava todo
pisoteado. – Não precisamos de tabuleiro de xadrez nenhum para disputar
nosso poder com vocês, porque temos nosso opanifá de adivinhação. E Ifá
nos contou como vocês vieram, saídos de seus livros de mitologia para nos
amedrontar. Mas nós não temos medo de zumbis brancos, com suas línguas
mortas nos museus europeus. Vocês têm uma religião morta, uma cultura
que virou turismo, e nem falam mais a sua língua nem acreditam na cultura
grega clássica. Mas nós estamos aqui, vivos, na dança, no canto e no culto
do povo. – "Kauô Kabiesile", eu te saúdo, Xangô, rei dos Raios e dos
Trovões! – Zeus foi liderando a debandada, se curvando e saudando Xangô,
o rei dos Raios e dos Trovões, com muita vontade de salvar a própria pele. E
foi assim – contam os antigos – que terminou a Guerra dos Orixás. O
babalorixá de Ifá relatou que, desde então, os meninos brasileiros não
estudam mais mitologia grega. Preferem ver televisão o tempo todo. Mas no
dia de Ano Novo vão acender suas velas na praia para Oxumaré, o orixá de
dois sexos, morde a própria cauda, símbolo do eterno, do arco-íris, a grande
serpente das profundezas morde que vem beber o céu. E tudo é divulgado
nas telas de televisão para o mundo inteiro, entre fogos de artifício e shows
de roqueiros, entre turistas, por jornalistas estrangeiros, que cercam os
grupos de branco, e explicam, falando em inglês, de modo simplificado, o
sentido das velas, do charuto, da cachaça e dos pontos riscados nas areias de
Copacabana.

Do livro de contos: ​Estranha aparição​. Rio de Janeiro, Rocco, 2000. p.


129-49.

LA GUERRA DE LOS ORICHAS


Luiza Lobo

Notas de la Autora, Traducidas

Fue por pura casualidad que Xangô tropezó com aquel inmenso tablero en
medio del monte. Machista y guerrero, se sintió provocado. ¿Qién organizó
aquel tablero de esa forma, justo en su camino? No veía la harina de dendé,
ni la botella de aguardente, ni los adornos de cinta de santín rojo. No veía los
colores de su casa de santo, ni la espada en su homenaje. No encontró en su
tablero los alimentos usuales: grageas, frijoles negros, harina de yuca, arroz
de dendé, ni los usuales objetos de sacrificio: un carnero, una jicotea, un
chivo, ni siquiera un gallo. Viró el tablero intrigado, vestido com su saya de
cuadros rojos y blancos y su collar de cuentas de mismo color: no entendía.
Aquello no era el opinafá conocido. Era un tablero de ajedrez, cuadriculado
en blanco y negro. Xangô, el rey de los truenos, se puso rojo de rabia. Rugió
y todo se oscureció. Lanzó rayos y truenos contra sus invisibles enemigos.
Xangô había llegado al monte caminando tranquilamente, cual la imagen de
su padre en la vejez, Oxalá, el oricha yoruba creado por los hombres. Pero le
pisaron los callos, ¡Oh!, sí, y se disgustómucho com lo quese encontró. Y
asumió la forma de su padre en la mocedad, joven guerrero lleno de vigor y
nobleza, y cargó com los dolores de su pueblo sufrido y exiliado en el mayor
éxodo de todos los tiempos. No era cuestión del tal segundo libro de la
Biblia. Su pueblo sufrió mucho más. Transformado en el Gran Padre,
Orixalá se golpeó el pecho, lanzando sus rayos y truenos como dardos. Pero
no sucedió nada. El cielo se nubló. Pero no se sucedió nada. Ahí, el señor de
las piedras rugió para sus adentros: "Kauô, Kabiesile", y esperó a que algo
se le ocurriera. No atinó sino a llamar a Ossana, el dios iracundo de las hojas
curativas del monte. Ossana llegó com su saya de percal blanco, amarillo,
marrón, y en la mano, el hierro de siete astas puntiagudas, com un pájaro en
la del medio. - "¡Eu, eu! " –gritó com su habitual saludo. ¿Qué está pasando
aquí, ¡oh gran rey de los montes!? - Vea, mi santo de las plantas curativas,
mire qué tablero tan raro, donde no veo colocadas mis ofrendas predilectas,
como de costumbre, en el monte. - Pero..., ¿no está? Y yo no veo mi ossé
anual: ni cabra, ni gallina, ni harina, frijoles, maíz com miel, tampoco el
chivo, ni el gallo para el sacrificio. Pero, ¡qué peji más extraño, Dios mío!
Voy a llamar a mi amigo Oxosse. Entonces llegó el día de la caza, el rey y el
cabloco de los montes del clan de Ogum, jefe por la línea de los cablocos
jefes de legión o falange. Sostenía su ofá. Era su símbolo, el fetiche de los
orichas, el arco y la flecha de hierro, en miniatura, junto al otá. Se puso a
analizar el grande y extraño tablero, dándole vueltas a su ancha faja de ojá
en la mano, vestido com su saya estampada en azul y verde claro, sobre sus
pantalones de encaje blanco. Estaban todos vestidos como para un día de
fiesta, pero atraídos por un pedazo de madera en el suelo. " ¡Okê, Okê, Arô!"
–saludaran todos a Oxosse. ¿Qué es lo que está pasando aquí en el monte?
–gritó Ogum. Voy a llamar a los cablocos, mis representantes –y cos su
danza imitaba la cacería. Entonces Oxosse, Rei de Ketu, Cabloco y Rei das
Matas, invocó a sus Cablocos: - Vengan, mis guerreros-indios de piel
cobriza, entidades indias que bajan a nuestro terreno, vengan com su piel
bronceada de indio a ayudar su a padre. Vayan viniendo, jefes-guía de la
línea de Oxosse, Cabloco-araribóia; y vengan Cabloco Arranca-Toco,
entidad-guía y Cabloco-Arruda, y Cabloco Cobra-Coral y Cabloco Guiné y
Cabloco Pena Branca, entidades-guía, en la línea de Oxosse; y vengan en la
línea de Xangô; y Cabloco Malembá, entidad representante de Oxalá,
vengan todos y desciendan en medio de este monte para decifrar este extraño
tipo de otá. Y las entidades indígenas bajaron todas, com sus penachos de
plumas, bailando alrededor de una calabaza cubierta com un encaje de
cuentas de Santa María, usada como instrumento musical en los
candomblés; y hablaron sus lenguas, mezcla de yoruba y tupi. Y
entrecruzaron sus líneas, sus falanges y legiones; pero no atinaron a dar com
el sentido de aquel cuadro de madera. Rodearon el tablero y entonaron los
cantos rituales de cada oricha, e hicieron com yeso, (la pemba), los dibujos
que simbolizan a los espíritus y los hacen descender a la casa de santo: punto
de seguridad, punto de apertura, punto de llamada, punto de quema de
hierbas aromáticas, punto dedescarga, hablando en su enrevesada lengua,
mezcla de yoruba y tupi; pero no dieron com el sentido de aquella tabla
cuadrada. Xangô se puso bravo. Rugió y el día se nubló, lanzó rayos y
truenos, pero no descifró el sentido de la afronta. No sucedió nada. Los
cablocos intercambiaron señas y decidieron llamar a los Petros Velhos, que
están en el cuarto nivel de la jerarquía espiritual, inmediatamente a
continuación de ellos para hacer magía blanca, deshacer la magía negra y
resolver aquella compleja cuestión com su sabiduría simple de los antiguos
esclavos purificados. Bajaron los Petros Velhos, jefes de falange de la Línea
Africana y de la Línea Africana de Yorimá. Tres Petros Velhos de la Linha
Africana bajaron y saludaron a las divinidades y a los cablocos. Al
preguntarles qué era aquel tablero, dijeron: - Eso es un opanifá diferente. No
tiene la forma achatada de la bandeja, ni tiene esculpida en el borde la cara
de Exu, entre otras figuras y señales simbólicas. Por esa debemos invocar a
Exu. - ¿Cómo a Exu? ¿Y a él no se le debía haber llamado primero?
–argumentó un cabloco. -Tal vez traiga un mensaje especial sobre este
extraño objeto –completó otro. Y llegó Exu, com su saya roja y negra,
adornado com una ojá roja, el gorro y los caracoles, sus collares de cuentas
rojas y negras alternando, y a la espera del sacrificio del gallo y el chivo
prietos. Mas sólo encontró la extraña bandeja, el opinafá diferente. Exu miró
desconfiado a toda aquella gente allí reunida, a todos aquellos dioses
inmóviles debido a la rabia inicial de Xangô, y dijo así: - ¡Esto es guerra!
¡Es guerra declarada! Tenemos que llamar a nuestro padre Ogum, el dios
guerrero, del hierro y de la agricultura. Ogum llegó. El oricha yoruba, hijo
de Iemanjá y de Oranhiã, llegó para resolver las demandas, vestido com su
espada de metal plateado y su ídolo colocado en un plato, "la herramienta de
Ogum", un mazo de siete instrumentos de hierro usados para la labor, la
guerra y la caza. Ogum llegó y gritó: "¡Ogunhê!", buscando su gragea, su
frijol de carita, el frijol negro, el ñame asado, y no los encontró; y no
encontró ni señal de chivo, de gallo o de conquém. No sucedió nada.
Entonces Ogum invocó al Exu Tranca Ruas, al Exu das Almas, que trabaja
com todos los orichas y protege todas las vueltas de las casas de santo. Llegó
un hombre de torso desnudo, piel cobriza, pies de chivo y orejas
puntiagudas. Exu buscó algún trabajo dedicado a él en un cruce del camino,
pero en el monte sólo había árboles, y fue dificil encontrar quién había
puesto aquel "maleficio" allí, justo frente a Xangô, el rey de los Truenos.
Ogum cambió impresiones com él. Entonces el Exu de Sete Cabeças, o Exu
de Sete Covas, Exu de Sete-Capas, que trabaja para Oxalá, el gran dios; y el
mensajero Exu de Sete-Catacumbas y de las Sete-Encruzilhadas y de las
Sete Regiõs das Trevas, sugirió: - Gente, vamos a abrir la sesión. Vamos a
llamar a Ifá, el gran oricha de adivinación y del destino, gran mensajero de
la luz, para que tire los caracoles y lea nuestro futuro. – Así, Exu exigió para
si el sacrificio de un chiivo prieto; ycon la fuerza del sacrificio clamó para la
presencia de Ifá. Enseguida llegó Ifá, acompañado por su babalao africano.
Usaba el opelé y agarraba sus caracoles perforados para ver de que lado caía
la suerte. Ifá se puso de pie solemnente, al lado de una palmera del monte, su
arból sagrado, y miró al grupo com dieciséis ojos, como dieciséis son las
cuentas de la gran adivinación. Cada combinación era acompañada por una
historia sagrada, lo que ayudaba a interpretar los designios. El babalao o
sacerdote de Ifá agarró las cuentas de su collar sagrado, el opelé de Ifá. Era
un collar abierto de ocho medias nueces de palma. Unas veces lo agarraba
por una punta terminada en nudo, que simbolizaba el lado masculino, y
otras, por el outro extremo, com cuatro o cinco hijos de paja de la Costa, que
representaba el lado femenino. Y el babalao, el sacerdote de Ifá, el gran
oricha de la adivinación y del destino, el dios de los dieciséis ojos, dijo a los
presentesque verían dibujarse en la paja, al lado, su destino, que se formaría
en cada odu, o jugada por la forma que tomaran las cuentas de su opelé, o
collar. Com una varita anotó en la arena, en su extraño tablero de madera, el
opanifá, el número de cada una de las ocho jugadas sagradas del Ifá, para la
adivinación del destino. Las cuentas de su opelé ifá cayeron en forma de U,
com el lado abierto vuelto hacia él. El babalao iba anotando las cuatro
combinaciones posibles de los odus, o jugadas, en un total de dieciséis
combinaciones posibles. En aquella única jugada del opelé obtuvo las
dieciséis combinaciones, pero no se sintió conforme. Hizo una nueva jugada
ligada a la anterior y al mismo tiempo subordinada a ella, com la que obtuvo
doscientas cincuenta y seis combinaciones. Intentó dieciséis combinaciones
más com cada una de las nuevas jugadas subordinadas, lo que hacía unas
cuatro mil noventa y seis combinaciones para preparar las respuestas de los
orichas. Y cada odu o respuesta tenía su historia correspondiente, e iba
anotando cada nuevo diseño según la caída de los odus en el tablero de
madera, el opanifá. Y así contaba su historia en el opanifá. Pero esta vez el
opanifá no era el tablero pequeõ de madera, donde aparecía la cara de Exu,
sino el mismo tablero com cuadros blancos y negros que encontrara Xangô
en el monte, en medio de su camino. Los Orichas, sentados al lado del
babalao, sabían que algo muy grave pasaba com su destino; los días y las
noches se sucedían, y las intensas lluvias alternaban com el sol, en el cielo.
Todos sentados en torno del babalao, bajo la protección de Ifá, aguardaban
el final de la recitación de la suerte, oyendo atentamente la lectura de las
historias de cada Odu, o letra de Ifá, muchas de las cuales ya sabían de
memoria. Y cuando el babalao, que era el jefe de la casa de santo, al final
reveló el vaticino, la mayoría de las divinidades ya sabía que se trataba de
una grande y sería guerra en la que se precisaría todas sus fuerzas para
vencer. - Esto es un tablero de ajedrez. Y fue puesto aquí en el monte como
"brujería" para diezmar nuestro rito y nuestra raza. Debemos protegernos
mucho de esse juego. Es un juego inventado por los blancos y fue colocado
aquí para una partida de fuerza destructiva en contra de nuestra tierra
africana y de nuestra fe en el candomblé. Xangô clamó por los truenos e
invocó a las cataratas y a los rayos para la protección de la piedra que estaba
cortando, destruyendo y exportando hacia los países de los blancos; Oxosse
invocó a su ofá, el arco y la flecha unidos, de metal blanco , que simbolizava
su poder como protetor de la caza en el monte espesso de Brasil, amenazado
de extinción, el babalao preparó sus oferendas, con las sustancias blancas del
poder engendrador masculino: la savia blanca de su semen, su saliva, su
aliento, y echó alcohol, aguardiente y el zumo de la palmera sobre todo el
tablero; inmediatamente echó agua pura, la sustancia blanca conductora de
la fuerza engendradora femenina, el aché, sin el cual no hay ofrendas.
Invocó a las lami, madres ancestrales que propician los misterios y calman el
espíritu. Puso la ofrenda ahí, junto a las sustancias negras, que representan el
oscuro sello de la materia engendradora, ligada al poder genital femenino y
al elemento procreado. E invocó los objetos rituales a su disposición: las
piedras, vasijas, instrumentos simbólicos e indumentarias que en aquella
ceremonia eran hechas en los tres colores-símbolos del reino de la
naturaleza: el blanco, masculino, el negro, femenino, y el rojo del dendê, de
la sangre del chivo sacrificado, de la sangre menstrual femenina, del ossum,
o polvo de azafrán y miel, del cobre y del bronce de los símbolos de cada
oricha. Terminado el sacrificio, hecho sobre el extraño tablero, retumbó un
gran trueno y apareció una figura inmensa, musculosa, com sandalias, con
una túnica corta amarilla y capa; muy extraño. - ¿Cuál es su origen, su línea
de vibración? -le preguntó Xangó, el gran oricha, dios del Trueno. El
extraño ser se sintió molesto por aquella pregunta. No compreendía bien la
lengua, ni el sentido de las palabras del santo negro. - ¿Es un iniciado? - ¿Mi
pregunta si soy homossexual? - En fin, ¿Cuál es su oricha? - No sé de qué
hablan. - Bien, entonces, ¿Quién colocó este tablero aquí en el monte,
atravesando mi camino? -insiste Xangô, com su voz de bajo. - Esa fua idea
de Zeus, el rey de los Truenos. - Debe haver alguna equivocación, porque el
rey de los Rayos y de los Truenos soy yo -intervino Xangô. - ¡Ah!, pero no
es verdad. - ¿Y quién eres tú para decirme lo que es y lo que no es verdad?
-Yo soy Teseo, y maté al Minotauro, monstruo con cuerpo de hombre y
cabeza de toro, que vivia en un oscuro laberinto construido para el rey
Minos II, en Creta. Si no hubiera sido por mí, hasta hoy doce muchachos y
doce muchachas estarían siendo sacrificados cada año a este hombre-toro, en
verdad, fruto de los amores ocultos de Pastifae y Minos II. - ¿Estás seguro?
– vociferó Oxalá Mira, ya yo viajé por todo el mundo y nunca oí hablar de
esa tal gruta de Creta. Ni oí hablar de esse tal monstruo. Eso dbe de ser una
historia muy antigua. - Bien, es verdad. - ¿Y, qué historia es esa del hijo com
forma de toro? Eso no puede ser. ¿Usted nunca estudiaran biología? -
Bueno, nosotros, los griegos, amamos la fantasía, la reunión de todas las
formas, animales y humanas: casamos cisnes con Zeus, nuestro rey de los
Truenos, piedras con ríos, chivos y caballos con hombres, dotamos de alas a
los caballos... - Estoy encontrando toda esa conversación muy bonita, pero
no me está gustando nada esa historia de a toda hora hablar de esse tal rey de
los Truenos de ustedes. ¿No es posible que lo invoques de inmediato?
-volvió a hablar Xangô. Teseo se encogió de hombros, pero no necesitó de
ningún arte demagía para invocar a Zeus, porque este apareció enseguida,
com su rostro astuto de dios mayor del Olimpo. - ¿Me llamaron, hermanos?
- Este viene com cara de politico experto -comentó Oxosse, dios de los
montes, que se disgustaba por todas las sutilezas de las ciudades. - Soy hijo
de Cronos, el tiempo, y de Rea. Ya tomé todas las formas posiblaes para
casarme con mis siete mujeres: lluvia de oro, para conquistar a dánae: sátiro,
para alcanzar los amores de Antíope; cisne, para casarme con Leda -y
tuvimos dos hijos cisnes, gemelos; toro blanco, para raptar a Europa; llama
ígnea, para devorar a Egina.Para estabelecerme en el Olimpo, luché contra
los Titanes, los Cíclopes, los Hacantonquiros, gigantes de trescientas manos,
hijos de Urano con Gea, la Tierra; luché contra Prometeo y muchos otros.
Por eso no tengo miedo de luchar contra ustedes, africanos. Fue por eso que
coloqué aquí esse tablero. - ¿Y qué tipo de opanifá es éste, que no
conocemos? –preguntó, respirando profundamente, Ifá. - ¿Cómo? No
conozco esa palabra, pero ese tablero sirve para jugar ajedrez. Tenemos que
mover la reina, el rey, los caballos, los peones, y los movimientos tienen que
ser pensados, calculados racionalmente, hasta empurrar el rey o la reina o
una trampa –esta situacción sin salida si llama échec et mat, es decir,
vencido y abatido, pero el vulgo acostumbra a llamar "jaque mate". - ¿Y
quien gana tiene que incorporarse, recibir la entidad, ser posuído por su
oricha, como buen hijo de santo? –preguntó Oxosse. - No sé nada de lo que
el compañero está hablando: basta con acompañar intelectualmente el
movimiento de el rey y de la reina... - Mire, nosotros, los de la África, no
tenemos ese negocio de colocar al rey y a la reina en una trampa, no.
Andamos con ropas de paño, los pies en el suelo y comemos comidas
sabrosas: ñame, frituras con mucho aceite de dendé, y la mesa puesta con
mucho color y arte. Esos lujos cortesanos están fuera de la vida de nuestra
tribu; somos pueblos del monte, amamos la tierra, la piedra, el agua, la lluvia
y el sol. Creo que sería bueno hacer un iré, un ritual de iniciación, con este
tal de Zeus, ¿no creen ustedes? Los dioses aprobaron con un movimiento de
cabeza, mientras Zeus no disimulaba su ira. - Vamos a llamar a Hércules.
Hércules les dará una lección a estos negritos. Hércules llegó con las
sandalias de cuero de chivo amarradas casi hasta los muslos. Su musculatura
se mantería intacta, a pesar de los largos años de uso, y contrastaba con la
cabeza microcéfala de los musculosos pero poco inteligentes. - Entonces qué
¿vamos o no vamos? Si no quieren jugar alejedrez está bien, resolveremos
este asunto por la fuerza, ¿no es así? Mi amigo Teseo y yo, que además
vencimos, en nuestro gran viaje de argonautas, a unas mujeres guerreras, las
amazonas, que tienen un solo pecho -¡Oh Teseo!, si ellas vivían en tierras
por donde esos de ahí andan hoy en día, ¿no es verdad? –Pues estamos aquí
para eso: para vencer en esta batalla, incluso a costa de nuestro propio
Panteón. - Sí, ustedes hablan muy complicado, llenos de efes y erres, con sus
reyes y reinas. Lo que yo quiero saber es si ustedes saben hacer una
mandinga bien hecha, si se saben defender de una buena pajelanca de
umbanda, quimbanda, macumba, umbanda tracada. Aquí yo soy el
mensajero de todas las fuerzas tenebrosas y de las profundidades de los
cemeterios, y puedo hacer cualquier sortilegio en contra ustedes y de su tal
ajedrez. - Mira eso, Hércules, creo que tenemos que llamar a Hermes. Este
dice que es mensajero. El único y mejor mensajero de todos los tiempos, es
Hermes; él, sí, y es quien conduce las almas hasta el Hades, el reino de los
muertos. Hermes llegó enseguida, volando por la fuerza de sus talarias o
sandalias aladas, su petarius o capa con alas y el caduceo, la vara mágica con
serpientes entrelazadas en la punta. - Hermes –lo interpeló Zeus-, dé una
lección de norma culta a esa gente de las casas de santo. - Mi funcción es
más bien de lleva y trae, ¿no es así, camaradas? Tal vez pudiéramos llamar a
Prometeo, para poner una manita más humana en esto. Esta gente me parece
medio sin cultura general, ceo que nunca oyeron hablar de ajedrez. ¿Ustedes
no iban a jugar una partida de ajedrez fatal? - Ese es el caso, pero tenemos
problemas de comunicacción, lingüísticos y culturales. ¡Que venga
Prometeo! –gritó Zeus, a pleno pulmón, muy irritado con todo, y ahora más,
por tener que pedir auxilio a su originalmente archienemigo, el ladrón que
robó el fuego de los dioses para entregarlo a los hombres. En verdad, él
mismo los creó del barro, tambien les enseñó las plantas medicinales, el
cultivo de la tierra y a domesticar caballos. En fin, un dios que a pesar de
que finalmente se unió al Olimpo, siempre fue politicamente incorrecto; y
que fue pintado por excelentes colores por todos los viajeros románticos:
Shelley, Byron, Coleridge, Dante Gabriel Rossetti, hasta por Elizabeth
Barrett Browning y un tal de Joaquim de Sousândrade. - ¿Ya usted leyó a un
tal de Sousândrade, nascido en Maranhão? –preguntó Zeus a Xangô, un
tanto descortés. - Nuestro pueblo no es de lecturas, Alteza. Como ya le dije y
le repetí, nuestra actividad principal está más ligada a la tierra, a los
elementos ligados a la naturaleza: el viento, la lluvia, el sol , la energía vital.
- Hum... economía de subsistencia –ridiculizó Zeus. - Llámelo Vuestra
Alteza de la forma que quiera. Pero es así como vinimos de África y hasta
hoy vivimos en el corazón de africanos y brasileños. Y ustedes, ¿dónde están
que no los veo? - ¡Estamos en los libros escolares! –contestó de inmediato
Hefestos o Vulcano, que surgiera rapidamente, como el fuego, a pesar de ser
cojo. –Todos esos adornos que ustedes ostentan ahí, en su cintura, fueron
hechos por mí, en mi taller, que está dentro de un volcán, en el corazón del
monte Etna, en alianza con los Cíclopes, gigantes de un solo ojo. Nuestra
fama atravesó el mar Mediterráneo y llegó hasta Sicilia, Roma, toda Italia, el
norte de África, y hoy somos estudiados por toda la civilización occidental. -
Pero que tipejo más pretencioso –se entrometió Exu. Gran cosa esa de ir de
Grecia a Roma, eso está inmediatamente allí al lado, en aquel mar
pequeñito. Nosotros sí, nosotros que atravesamos el Gran Oceano Atlánctico
y estamos vivos en la fe de las personas hasta hoy. Somos consultados,
reverenciados, recibimos ofrendas y cultos provenientes de todas las líneas y
tipos de fe, de todas las razas y clases sociales que habitan África y Brasil. -
Esa es la religión de gente pobre y subdesarollada. - Eso es lo que dicen los
cínicos protestantes, que tienen prejuicios raciales –rebatió Exu. Y Oxalá
intervino. - Crimen sin finanza en Brasil. Zeus se puso nervioso. Nada,
además de la incontinencia sexual, lo dejaba más inquieto que una
conversación vacía y larga. Los tics nerviosos se desataron. Refunfuñaba y
se rascaba la entrepierna. - Mire, no sabemos nada de su gente inculta ni de
esas leyes de países bárbaros. Lo que importa es saber si ustedes van o no
van a jugar ajedrez conmigo. Apolo o Helio ya va muy alto en su carro alado
que ilumina el cielo. Él no puede descender hasta aquí, pues está
transportando el día en su carruaje, de un lado para otro, pero desde allá
arriba está acompañando nuestra guerra. Oxosse no se contuvo: - Pero miren
qué ignorancia, ellos que se dicen tan cultos y civilizados. ¡Un carro con
allas trayendo el día! Es mucha falta de conocimiento científico. - ¡Son
imágenes poéticas! - ¿Y qué es lo que ustedes hacen durante todo el día,
además de iluminar el día y hacer poesía? - Bien, nosotros, básicamente,
amamos. Hacemos hijos híbridos y conquistamos siempre nuevos amores
–dijo con despecho Zeus, rascándose la entrepierna. - Pero qué civilización
más egoísta –retomó Oxosse. -¿Y no tienen un pensamiento para la
humanidad? - ¡Oh, claro que sí! –Señores, él no leyó la Iliada y la Odisea, de
Homero, ni la Eneida, de Virgilio. Está claro que en los grandes momentos
épicos, nosotros intervenimos. Pero la mayor parte del tiempo estamos muy
ocupados; comemos nuestros panales de miel, la ambrosía, nos deleitamos
con el vino fresco del Olimpo...y nos defendemos de las acusaciones de
adulterio, no faltaba más. La propia Diana, que es la diosa de la caza, se pasa
el día cazando venados, pues no podrías privarse de unos de sus mayores
placeres en su larga vida. - ¡Pero eso es un escándalo! –intervino Exu- Es
por esa y otras razones por las que nació un Marx. La humanidad fue
relegada al último escalón social por esa religión elitista de ustedes. Sólo
importan ustedes, ustedes, y nada más que ustedes. ¡Y, además de eso, son
inmorales y antiecológicos: cazan venados y otros animales silvestres, por
puro placer! ¡Cuánta inutilidad! - No veo lo que hay de malo en eso. ¡Es lo
que se llama clasicismo! –dijo burión Zeus. - ¿Clasicismo? ¡Eso es deísmo!
¡Es sociedad de clases, y hasta de castas! Ustedes viven en una sociedad
cerrada y corporativa. No plantan, no protegen a las personas, no adivinan su
futuro, no las aconsejan, no profundizan en sus destinos cuando están
necesitadas... –habló Ossanha por primera vez. - ¡Bueno, para eso pueden
acudir al Oráculo de Delfos! ¡Es allá donde oirán las profecías que necesitan
y en las que tanto creen! –dijo Zeus entre carcajadas de bon vivant. - ¡Pero
usted es un cínico, un desclasado social! –intervino Oxalá, con su voz
tronante de dios principal. ¿En qué cree ese humanismo suyo? - ¡Yo creo en
el placer! Creo en la belleza, en la estética, en las curvas perfectas, en la
medida áurea, en los templos bien construidos, y en la mens sana in corpore
sano. - ¡Pero la humanidad no es siempre así! La mayoría de las personas
nace imperfecta, por dentro y por fuera, y necesita un rezo fuerte por parte
de todos los dioses y orichas. Ustedes sólo se ocupan del lado de afuera, de
la belleza exterior, y las almas que se jodan... - ¡Ah!, eso del alma y la
transmigración del alma ya es cosa del departamento de filosofía. Quien se
ocupa de eso es Platón, que escribió varios diálogos, además, en otra
persona, sin asumir nada, colocando esas palabras delirantes en boca de
Sócrates. (Y asumiendo aires de intimidad, le echó el brazo por el hombro a
Xangô). Oiga, amigo, puedo llamarlo así, ¿no? Le voy a confesar una cosa.
No creo en nada de esas cosas de religión. Lo mío es el placer, la lujuria, la
orgia, mujeres bonitas, mucha ambrosía, vino, carnero asado, cultos a
Dionisos y a sus pproseciones pervesas, escapar de la persecución de Hera,
que vive con unos celos locos de mí. En fin, vivir, aprovechar todo lo que
nos proporciona nuestra existencia privilegiada de dioses del Olimpo,
nuestro cielo. - ¡Jaque-mate! Usted mismo se condenó, hermanito. ¡No cree
ni en usted mismo! –gritó Xangô con los ojos inyectados de sangre. - Es lo
que da la cultura desconstruccionista que ustedes mismos lanzaron, hace ya
tanto tiempo. Ustedes no pueden creer ni en sí mismos, de tan intelectuales
que son! –gritó Exu-Rompe-Mato. - Menos mal que para vencerlos en esta
lucha pedí auxilio a mis hermanos Oxumaré, oricha del arcoiris, y Omolu u
Obaluie, cuyo verdadero nombre no puedo pronunciar aquí, porque podría
traer la viruela y demás enfermedades, pues son de la misma línea. ¡Lo
vencía o dejaba de llamarme Oní! No sería Xangô yoruba nagô, dios del
Rayo y el Trueno, hijo de Iemanjá y de Oranhiã, no sería Xangô Abomi,
Xangô Afonjá, Xangô Agodó, Xangô Aira, Xangô Alfin, Xangô Alufá,
Sango Cao, Xangô Dadá, Xangô de Ouro. Y en la medida en que iba
refiriendo sus nombres, la fuerza de éstos iba exorcizando a los dioses
blancos, que retrocedían amedrentados –y el tablero de ajedrez quedaba todo
pisoteado. - No necesitamos de ningún tablero de ajedrez para discutir
nuestro podr con ustedes, porque tenemos nuestro opanifá de adivinación. E
Ifá nos contó que ustedes vendrían, salidos de sus libros de mitología, para
asustarnos. Pero nosotros no le tenemos a zumbis blancos, venidos de
lenguas muertas y museos europeos. Ustedes tienen una religión muerta, una
cultura que se convertió en turismo, y ni hablan ya su lengua, ni creen en la
cultura griega clásica. Pero nosotros estamos aquí, vivos en la danza, en el
canto y en culto del pueblo. - "Kauô Kabiesile", yo te saludo Xangô, rey de
los Rayos y Truenos! –dijo Zeus y se fue lidereando la desbandada,
inclinándose y saludando a Xangô, rey de los Rayos y Truenos, con muchos
deseos de salvar su pellejo. Y fue así que terminó la Guerra de los Orichas.
El sacerdote de Ifá contó después que, desde entonces, los niños brasileños
no estudiaron más mitología griega. Prefieren ver televisión todo el tiempo.
Pero el dí de Año Nuevo, van a encender sus velas en la playa para
Oxumaré. Y todo es divulgado por las pantallas de televisión para el mundo
entero, entre fuegos artificiales y shows de roquero, después explican,
simplificando el sentido de las velas, del tabaco, del aguardiente, y de los
puntos rayados en las arenas de Copacabana.

Cuento publicado in: Revolución y Cultura, La Havana, Cuba, nº 4, julio-agosto de 2000: p.


40-44. Traducido por Dominica Diez. Extrahído del libro de cuentos:​ Estranha aparição​.
Rio de Janeiro, Rocco, 2000. p. 129-49.

________
Notas de la Autora, Traducidas​:

Opanifá Tablero pequeño, de madera, de formas variadas: circular, semicircular o rectangular, con un borde achatado y ancho, ligeramente elevado,
tallado con figuras y senãles simbólicas. En esa especie de bandeja se marca, sobre un polvo especial, con el dedo, por el babalao o jefe de la
Casa de Santo, el odu, o resultado de una jugada de la suerte, que sale en el lanzamiento de Ifá.
Ossé Ofrenda
Pejí Altar
Ofá El símbolo. Ofetiche de los orichas, el arco y la flecha de hierro, en miniatura, que en ese caso, representa a Ogum.
Otá Piedra de monte, la piedra de santo o piedra negra de salto de agua, donde se fija, en un ritual especial, la fuerza mística del oricha, que
constituyye el "asentamiento" principal del dios. Cada dios (oricha) tiene su propia otá piedra del río, de mar, de monte, de mineral de hierro,
de mármol, meteorito, etc., la que puede ser clara o oscura, lisa o rugosa, según el carácter de cada cual.
Ojá Faja usada por las entidades como cinto.
Demanda Desentendimiento, litigio, lucha entre orichas y entre personas o Casas de Santo, en la que Ogum es tenido como protector y como quien
resuelve dichos conflictos.
Conquém Perro, en África.
Ifá Gran oricha de adivinación y del destino. Mensajero de la luz de Orumilá (uno de los títuços de dios supremo), mientras Exu es el mensajero
de las tinieblas. Su sacerdote es el babalao que usa el opelé (collar) o cocos de dendé, en el pasado, o, actualmente, caracoles para recibir la
respuesta del oráculo.
Opelé Especie de collas abierto o cadena, usado para la adivinación, formado por ocho media nueces de dendé o caracoles con el fondo cortado,
unidos por eslabones de metal o trenza de paja de la Costa. Su uso es privilegio exclusivo del sacerdote de Ifá.
Mandinga Hechizo, en quimbundo. Plaga, encantamiento.
Pajelanca Rituales indígenas mezclados con influencias espíritas y católicas. Culto originalmente popular en la Amazona y Piauí, al que se unieron
influencia africanas, que invoca a los "encantados", espíritus de la naturaleza que viven en los ríos, fuentes, montes, con la finalidadde cura
mágica. En el ritual, se usa sólo una especie de marcas adornadas con plumas.
Tracado Culto de Casa de Santo que usa más de un tipo de ritual, generalmenteumbanda, con rituales e indumentaria del nagô, de Angola, entre otras.

Extrahído del libro de cuentos: Estranha aparição. Rio de Janeiro, Rocco, 2000. p. 129-49.
Sobre as Qualidades
Exú
1. Elegbára
2. Alákétu
3. Laalu
4. Jelu
5. Run danto
6. Tiriri
7. Lonan
8. Jele bara
9. Anan ou Inan
10. Bará
11. Jigidi
12. Mavambo
13. Embeberekete
14. Sinza Muzila
15. Sandú
16. Baragbo
17. Akesan
18. Baralajki
19. Betire
20. Lamu Bata
21. Okanlelogun
Nàná
1. Ologbo
2. Borokun
3. Biodun
4. Asainán
5. Elegbe
6. Susure
Obá
1. Obá Gideo
2. Obá Rewá
Obaluaiê
1. Jagun Agbagba (ligação com Oyá)
2. Omolu
3. Obaluayie
4. Soponna/Sapata/Sakpatá
5. Afoman/Akavan/Kavungo (ligação com Exú) afomo; contagiante,infeccioso
6. Savalu/Sapekó (ligação com Nana)
7. Dasa
8. Arinwarun (wariwaru) título de xapanan
9. Azonsu/Ajansu/Ajunsu (ligação com Oxalá, Oxumare)
10. Azoani (ligação com Yemanjá e Oyá)
11. Posun/Posuru
12. Agoro
13. Tetu/Etetu
14. Topodun
15. Paru
16. Arawe/Arapaná(ligação com oyá)
17. Ajoji/Ajagun (ligação com Ogun, Oxagian)
18. Avimaje/Ajiuziun (ligação com Nana, Ossain)
19. Ahoye
20. Aruaje
21. Ahosuji/Segí (Ligação com Yemanjá, Oxumare/Besén)
Ogun
1. Onire
2. Alagbede
3. Já
4. Omini
5. Wari
6. Eroto ndo
7. Akoro Onigbe
Odé
1. Orè ou Orèlúéré
2. Inlé ou Erinlè, ou ainda Age
3. Ibùalámo
4. Fayemi
5. Ondun
6. Asunara
7. Apala
8. Agbandada
9. Owala
10. Kusi
11. Ibuanun
12. Olumeye
13. Akanbi
14. Alapade
15. Mutalambo
Oxún
1. Abalu (a mais velha de todas) - ABALÔ (carrega ogum é uma iansã)
2. Jumu ou Ijimu (a mãe de todas, estreita ligação com as Ìyámi)
3. Aboto ou Oxogbo (feminina e coquete, ajuda as mulheres terem filhos)
4. Apara (a mais jovem e guerreira)
5. Ajagura (guerreira)
6. Yeye Oga (velha e enquizilada)
7. Yeye Petu
8. Yeye Kare (guerreira)
9. Yeye Oke (guerreira)
10. Yeye Onira (guerreira)
11. Yeye Oloko (vive nas florestas)
12. Yeye ponda (esposa de Oxóssi Ibualama, guerreira e porta um leque)
13. Yeye Merin ou Iberin (feminina e coquete)
14. Yeye Àyálá ou Ìyánlá (a avó, que foi mulher de Ogum)
15. Yeye Lokun ou Pòpòlókun (que não desce sobre a cabeça de suas filhas)
16. Yeye Odo (dos perdões)
Yansã
1. Oya Biniká
2. Seno
3. Abomi
4. Gunán
5. Bagán
6. Onìrá
7. Kodun
8. Maganbelle
9. Yapopo
10. Onisoni
11. Bagbure
12. Tope
13. Filiaba
14. Semi
15. Sinsirá
16. Sire
17. Gbale ou Igbale (aquela que retorna à terra) se subdividem em:
1. Funán
2. Fure
3. Guere
4. Toningbe
5. Fakarebo
6. De
7. Min
8. Lario
9. Adagangbará
As últimas , estão ligadas ao culto dos mortos.Tem forte ligação com Omulu , Ogun e
Exú.
Oxalá
1. Oxalá -o sol
2. Oxaguian - o nascer do sol
3. Oxanyin - oxalá moço
4. Oxadinhan - oxalá moço
5. Oxagiriyan - oxalá feminino
6. Oulissa - oxalá no gege
7. Oxalufan - oxalá velho
8. Oxá olokun - oxalá do mar
9. Orixalá - oxalá do meio dia
10. Obi-am - esposa de orixalá
11. Orixá okô - oxalá da agricultura
12. Obá-okê – oxalá da montanha
13. Ora minhan - filho de odudua e obatalá
14. Orixanlá - rei dos orixás
15. Ifá - o espírito santo
16. Canaburá - o nascer do dia
17. Obatalá
18. Odudua
19. Okin
20. Lulu
21. Ko
22. Oluiá
23. Babá Roko
24. Babá Epe
25. Babá Lejugba
26. Akanjapriku
27. Ifuru
28. Kere
29. Babá Igbo
30. Ajaguna
Xangô
1. Dadá
2. Afonjá
3. Lubé
4. Ogodo
5. Koso
6. Jakuta
7. Aganju
8. Baru
9. Oloroke
10. Airá Intile
11. Airá Igbonam
12. Airá Mofe ou Adjaos
Yemanjá
1. Yemanjá Ogunte (esposa de Ogum Alagbedé)
2. Yemanjá Saba (fiadeira de algodão, foi esposa de Orunmilá)
3. Yemanjá Sesu/Susure (voluntariosa e respeitável, mensageira de olokun)
4. Yemanjá Tuman/Aynu/Iewa
5. Yemanjá Ataramogba/Iyáku (vive na espuma da ressaca da maré)
6. Iya Masemale/Iamasse (mãe de Xangô)
7. Awoyó/Iemowo (a mais velha de todas, esposa de Oxalá)

Sobre os Ebós e Oferendas


Os ebós são oferendas feitas para Orixás, Odù, Eguns e outras divindades para diversas
finalidade, sejam elas feitas para apaziguar algum problema, sejam feitas em forma de
agradecimento de alguma graça atingida, por alcançar algum objetivo ou simplesmente
como forma de agradar as divindades que ora está sendo cultuado. O princípio do
Candomblé se baseia no ebó, nas oferendas propiciatórias obtendo a redistribuição do Axé
e mantendo seu equilíbrio vital.
Através da hierárquica, todo ebó a ser ofertado, para que o Orixá tome conhecimento,
devemos invocar a energia de outros Orixá, que tem o papel especifico de servirem de
interligação entre nós e as divindades, sendo que sem a aceitação desses, os Orixá a qual
estamos ofertando os ebós não saberão de sua existência.
Gostaríamos de salientar que na sempre ao fazer tais oferendas ou Ebós, se faz necessária
a presença ou orientação de um zelador(a) para que seja colocado o Axé necessário para
cada ato. Existem at´s
Ebó para Ògún
Para abrir caminhos, trazer dinheiro, prosperidade
1 inhame do norte assado, 1 alguidar médio, 21 moedas correntes, 21 taliscas de mariwô
(folha de palmeira), 1 acaçá branco (bolinho de milho branco misturado com água, envolto
em folha de bananeira), 1 acaçá vermelho (igual acaçá branco, porém com farinha de
milho amarela), azeite de dendê e mel.
Como Preparar: Asse o inhame na brasa. Se necessário, raspe um pouco para eliminar o
excesso de negrume. Colocar dentro do alguidar. Vá enterrando os talos de mariwô e
chamando por Ògún, Faça o mesmo com as moedas. Coloque os acaçás, um em cada
ponta do inhame. Regue com um pouco de dendê e mel, 1 pitada de sal. acenda uma vela
e faça seus pedidos a Ògún. Deve-se colocar no muro, ao lado do portão, ou no chão, na
entrada do portão. se você morar em apartamento, coloque dentro de sua casa, atrás da
porta de entrada. Deixe 7 dias e após, despachar aos pés de uma árvore frondosa.
Presente a Oxun
Para acalmar a pessoa amada
5 batatas inglesas, mel, azeite doce, açúcar mascavo, 2 velas.
Como Preparar: Cozinhe as 5 batatas inglesas sem casca. Deixe esfriarem. Coloque um
pouco de mel, azeite doce e açúcar mascavo em um prato de louça, vá amassando as
batatas com as mãos e misturando tudo. Faça isso pensando na pessoa amada. Dê um
formato de coração à massa. Acenda 2 velas amarelas de 30 cm ao lado. Ofereça a Òsún
Àpáàrà.
Oferendas a Ogun
Material: 1 inhame; Azeite de dendê; Mel de abelhas; 1 palma de dendezeiro (mariwo),
pode ser de coqueiro caso não ache o dendezeiro; 1 vela branca.
Modo de fazer: Asse o inhame. Retire os talinhos das folhinhas da palma do dendezeiro.
Depois que o inhame esfriar monte-o enfiando os talinhos em toda o corpo do inhame,
escreva o nome da pessoa que se deseja ajudar em um prato branco e coloque o inhame
em pé sobre o nome, coloque o mel e um pouco de dendê sobre o inhame e os talinhos .
Pede-se o desejado à Ogum. Coloque próximo ao portão da casa que se fez a oferenda.
Ebó para Èsù Lonan
Abrir Seus Caminhos, para tirar feitiço, olho-grande, inveja.
1 metro de morim vermelho, 1 alguidar médio, 7 velas brancas, 1 bife de boi cru, 7
moedas atuais, 7 búzios abertos, 1 farofa de dendê, com uma pitada de sal, 7 limões, 7
acaçás vermelhos, 7 ovos vermelhos, 1 obi.
Como Preparar: Abra o morim em sua frente. Acenda as velas. Passe o alguidar pelo seu
corpo e coloque-o em cima do pano. Passe os ingredientes no corpo, pela ordem acima.
Por último, abra o obi, e leve-o até a sua boca, fazendo seus pedidos. Deixe-o em cima do
ebó. Feche o morim. Este ebó tem que ser despachado em rua de muito movimento, onde
tenha muitas casas comerciais.
Oferendas a Exú
Material: Farinha; Azeite de dendê; Mel de abelhas; Farinha de milho branco; Fígado,
coração e bofe de boi; Cebola; Camarão seco socado; Um alguidar.
Modo de fazer: Faça uma farofa com dendê, uma com mel e uma com água,
separadamente. Faça o acaçá branco cozinhando a farinha de milho em água, deixe a
massa bem consistente, depois coloque em um pedaço de folha de bananeira e enrole.
Deixe esfriar. Corte os miúdos de boi em pedaços pequenos e coloque para refogar com
dendê, cebola, um pouco de sal, o camarão e rodelas de cebolas. Coloque as farofas no
alguidar sem misturar muito, ponha o refogado de miúdos sobre a farofa e coloque o acaçá
no centro. Oferece-se para Exú pedindo o que se quer. Coloque em uma praça bem
movimentada.
Ebó Para Caso de Prisão
Escrever o nome do preso em 21 ovos. Quebrar ao redor da delegacia ou presídio,
chamando por Exu Tiriri e pedindo o que quer.
Fazer um caruru para sete crianças. Limpar as mãos na roupa da pessoa e despachar na
cachoeira.
Se a pessoa ainda não tiver sido presa, limpe as mãos das crianças na roupa e no corpo da
pessoa. Depois, despachar a roupa na cachoeira e dar um banho de cachoeira na pessoa.
Ebó Para Yansã - Oyá Onirá
Material Necessário:1 Abóbora moranga4 Búzios abertos4 Noz moscada4 Moedas4
Acarajés4 Metros de fitas vermelha / Branca1 Saco de morim
Maneira de Fazer: Fazer um buraco na abóbora, colocar o resto das coisas, depois de
passadas no corpo. Tapar a abóbora, amarrar com fitas. Entregar a OYÁ ONIRA no alto de
um morro, às 18:00 ou 24:00 horas, acender e pedir tudo de bom.
Ebó Para Resolver Problemas Difíceis
Material Necessário:2 Acaçás Brancos 2 Ovos Brancos 2 Quiabos 2 Moedas 2 Conchas 1
Oberó
Maneira de Fazer: Passa-se tudo no corpo e coloca-se num Oberó, colocar bastante mel e
arriar numa praça e pedir a MEGE ou MEGIOKO que traga tudo de bom e em dobro. Este
Ebó tem que ser feito com 2 pessoas, acompanhadas de duas crianças.
Nota: Este Ebó só pode ser feito nas terças-feiras.
Ebó de União
Colocar o nome das duas pessoas dentro de um Obi e enterrar em um pé de planta sem
espinhos, colocar bastante mel e fazer os pedidos.
Ebó Para Deixar de Beber
1. Escrever os pedidos na fronha do travesseiro e depois despachar no mar.
2. Sacudir a pessoa com pipocas e um frango numa cova abandonada do cemitério, fazer
pedidos e deixar tudo aquilo ali.
3. Torrar a maça de vaca e fazer o pó. Esse pó deverá ser colocado na bebida que a pessoa
mais gosta ou comida.
4. Fazer uma infusão de cachaça, camarão pitu e restos das fezes do beberrão. Quando ele
beber fará vômitos. Quando vomitar, junte o vômito e enterre numa cova abandonada,
acendendo uma vela e fazendo pedidos.
Para Descobrir Um Orixá Que Não Aparece no Jogo
Colocar um Obi com uma moeda corrente dentro de uma folha da costa ( saião ) e colocar
3 noites debaixo do travesseiro da pessoa. Retirar e colocar no meio do jogo de búzios,
pedindo à IFÁ e ORUMILA que apresente o Orixá.
Ebó Para Afastar Egun
Material Necessário:9 Ovos Brancos 9 Ecurus 9 Acaçás Brancos Canjica Branca Escaldada 9
Velas Brancas Morim Branco
Maneira de Fazer: Passar tudo pelo corpo e pedir à OYÁ EGUNITÁ para afastar todos os
males e Eguns. Em seguida, tomar um banho de Abô e acender 7 velas para Omolu,
fazendo os pedidos.
Depois, passa-se um pombo pelo corpo da pessoa e solta-se. Em seguida, a pessoa deverá
tomar 7 banhos durante 7 dias seguidos, cumprindo preceito.
Ervas Necessárias:Dandá-da-costa - ralado Saco-Saco Erva D'Oshóssi Aroeira Branca
Funcho
Oferendas Para Oxalá - Prosperidade
Local: Dentro de Casa
Horário: Diurno
Dia da Semana: Sexta-Feira
Material Necessário:
01 Tijela branca e 16 Acaçás
Modo de Fazer: Colocar na tijela branca 16 acaçás, pedindo a OXALÁ ajuda e melhoria de
vida, colocar em cima do telhado, pedindo que OXALÁ o ajude e leve-o o alto AXÉ.
Ebó Para Atrair Clientes
Local: Terreiro de Candomblé.
Horário: O que lhe melhor lhe convir.
Dia da Semana: Terça, Quarta ou Quinta-Feira.
Material Necessário:
02 kilos de Milho Vermelho - 07 Moedas - 01 Omolocum - 09 Acarajés e 01 Ajebó.
Modo de Fazer: Colocar dois quilos de milho no fundo de uma panela. Colocar sete
moedas. Sair pela manhã antes do sol nascer, fazer a volta jogando pela rua, e gritar por
OGUN, entrar no,portão, tirar as moedas e colocar no jogo. Arriar um Omolocum para
OXUN e nove acarajés para YANSAN, após vinte e um dias dar um Ajebó para XANGÔ,
dentro de casa, com nove moedas, colocar no canto do quintal, as moedas colocar no jogo.
Oferenda a Obaluaiê ( Inveja e Olho Gordo )
Local: Terreiro de Candomblé.
Horário: Diurno
Dia da Semana: Sexta-Feira.
Material Necessário:
01 quilo de milho alho 10 orogbôs, 10 moedas correntes e 10 favas de olho de boi.
Modo de Fazer: Fazer do milho alho, pipoca ( flores do velho ), colocar dentro de um Oberó
( aguidá ), colocar 10 orogbô, passando um a um pelo corpo, passar em seguida as 10
moedas, uma uma pelo corpo, em seguida passar as favas de olho de boi, pelo corpo
pedindo tudo o que quiser. Colocar tudo dentro do Oberó, em cima as pipocas.
Obs: Esta obrigação tem por finalidade segurar sua casa do mal, dos inimigos e dos
invejosos. Afastando-se de sua casa e mais quem estiver prejudicando ou perturbando seu
lar.
Oferenda a Oyá Onirá ( Bons Negócios )
Local: Alto de um morro
Horário: Diurno
Dia da Semana: Quarta-Feira.
Material Necessário:
01 abóbora, 04 búzios abertos, 04 nóz moscada, 04 moedas correntes, 04 metros de fita
branca, 04 metros de fita vermelha, 01 papel com seu nome e da pessoa com quem quer
realizar o negócio e mel de abelha.
Modo de Fazer: Corta-se a abóbora moranga em cima e, coloca tudo dentro do saco,
colocando em seguida o saco dentro da abóbora, fecha-se a abóbora e amarra-se com fitas
brancas e vermelhas, coloca no alto de um morro e entrega a Yansán Onirá.
Obs: Entrega-se a Yansán pelos caminhos de Obará.
Ebó Para Limpeza da Casa ( Moradia )
Local: Dentro de Casa
Horário: Qualquer um
Dia da Semana: Segunda-Feira.
Material Necessário:
01 Pombo branco e 01 metro de fita branca.
Modo de Fazer: Cava-se um buraco e coloca-se uma tigela com ovos gôros, cobrindo-os
com prato branco, cobre-se o buraco com uma tampa. Sempre olhar os ovos, para ver se
estouram, remove-los e substituí-los.
Obs: Despachar na encruzilhada. Por dentro do barracão em um canto, uma tigela com 07
ovos bons e água com sal grosso. Quando fizer sete dias, despacha-los em uma
encruzilhada aberta, fica-se no meio da encruzilhada e joga-se os ovos para trás de si e sai
sem olhar para trás, em seguida, coloca-se novos ovos no local.
Para Conseguir Um Bom Emprego
Um Galo Para Xangô Airá
Local: Pedreira
Horário: 18:00 horas
Dia da Semana: Quarta-Feira.
Material Necessário:
01 frango branco novo, 12 quiabos, 01 cebola, camarão seco, azeite doce e 06 acaçás
brancos.
Modo de Fazer: Sacrificar o frango, tirar as tripas e limpar bem o frango com os Axés,
depois colocar os miúdos dentro da barriga do frango, junto com os quiabos e a cebola e,
bastante camarão. Fazer uns espetos e fechar o frango com eles. Colocar para cozinhar,
depois de cozido, passar azeite doce até ficar dourado. Oferecer o galo e os acaçás.
Obs: Para que este trabalho saia, é necessário que se leve um fogareiro para a pedreira e
as panelas.
Vinho Para Impotência Sexual
Local: Quintal de Casa
Horário: Qualquer um
Dia da Semana: Qualquer um
Material Necessário:
Mel de abelha, vinho mosacatel, gengibre e raiz de jurubeba.
Modo de Fazer: Ralar a raiz de gengibre e, misturar a raiz de jurubeba, também ralada,
adicionar o vinho moscatel e o mel de abelhas, deixar tudo em infusão durante sete dias.
Enterrar no fundo do quintal, deixando enterrado durante três meses. Após os três meses
retirar o litro e começar a beber um cálice por dia, antes das refeições, mas antes fazer um
Ebó.
EBÓ
Material Necessário:
10 Velas brancas, 10 acaçás brancos, 10 acarajés, 10 carretéis de linha branco, 02 metros
de morim branco, 01 saco de estopa ( linha ) e 04 metros de cadarço
Obs: Passar o Ebó no corpo da pessoa e depois despachar no mar.
Ebó Para Impedir Que Uma Pessoa Faça Mal a Outra
Local: Dentro de Casa
Horário: Qualquer Um
Dia da Semana: Segunda-Feira.
Material Necessário:
Nome da pessoa que quer fazer o mal - 01 cebola, 02 pires virgens e 01 garrafa de pinga.
Modo de Fazer: Coloca-se o nome da pessoa dentro do pires, e em cima do nome coloca-se
a cebola, joga-se a pinga em cima e cobre-se com o outro pires, pedindo para que a
pessoa esqueça que você existe.
Ebó Para Ocultar Trabalhos e Não Serem Vistos Através dos Búzios
Quando estiver o trabalho, cobre-se a pessoa e o trabalho com 1 metro de morim branco
virgem, enquanto o faz. Depois pode aproveitar o pano para outro trabalho qualquer.
Ebó de União de Casal
Local: Quarto do Orixá
Horário: 2 Horas da manhã
Dia da Semana: Segunda-Feira.
Material Necessário:
02 corações frescos, mel de abelha, 04 velas brancas, palha da costa, 02 palitos grandes (
suficientes para atravessar os corações ) e 01 oberó, nome do casal
Modo de Fazer: Abre-se uma das artérias de um coração por cima e, coloca-se o nome
dentro. O outro coração fica intacto, junta-se os dois corações dentro do oberó e
atravesse-os com os dois palitos separados um mais em cima que o outro. Prepara-se duas
cordinhas com palha da costa, amarra-se os dois corações, dando um laço de cada lado, a
entrada dos palitos e nas saídas, coloca-se este trabalho no mesmo dia na mata, ao pé de
uma árvore, acende-se as três velas e fa-se o pedido ao entregar. Quando estiver fazendo
este trabalho acender uma vela no ronkó, além disso, vai tirando as cantigas de Oxóssi.
Ebó de União
Local: Terreiro de Candomblé
Horário: Diurno
Dia da Semana: Sexta-Feira
Material Necessário:
Canjica cozida, 01 tigela branca, mel de abelha, 02 pombos brancos, 16 bolinhos de
inhame e os nomes do casal.
Modo de Fazer: Cozinhar a canjica, por na tigela branca, colocar por cima o mel de abelha
mais 16 bolinhos de inhame, dentro da canjica os nomes do casal. Matar um casal de
pombo, mais mel, acender uma vela de 7 dias.
Ebó Para Resoluções Rápidas
Local: Entrada
Horário: Noturno
Dia da Semana: Segunda-feira
Modo de Fazer: Torrar feijão fradinho no azeite de dendê, colocar em um alguidar ou em
folha de mamona, arriar em estrada de barro.
Ebó Para Trazer Uma Pessoa
Local: Casa da Pessoa
Horário: Diurno
Dia da Semana: Segunda-feira
Material Necessário:
01 Pinto novo sem asa, o nome da pessoa que deseja que volte, mel de abelha e uma
panela de barro.
Modo de Fazer: Falar no ouvido do pinto o nome da pessoa sete vezes. Colocar no bico o
nome da pessoa com bastante mel de abelha, enterrar tudo na panela de barro no quintal
de casa e oferecer a Exú. Depois tomar um banho de Erva Doce, alfazema, açúcar Cristal,
Nome da Pessoa. Do pescoço para baixo.
Ebó Para Tirar Influências Negativas ( Exú )
Local: Casa da Casa
Horário: Qualquer Um
Dia da Semana: Qualquer um, exceto Sexta-feira
Material Necessário:
03 Ovos, 01 cebola e 02 garrafas de água.
Modo de Fazer: Passar tudo no corpo da pessoa e despachar em uma mata fechada.
Ebó Exú Para Afastar Más Influências ( 1 )
Local: Cemitério
Horário: Meia-Noite
Dia da Semana: Segunda-feira
Material Necessário:
Um galo preto, verduras de todas as qualidades, um pedaço de carne seca, um pedaço de
carne de porco salgada, 07 bolinhos de farinha e água com carvão, 07 farofas de
azeite-de-dendê, 07 farofas de mel de abelha, 07 velas brancas, 1 metro de morim branco,
Duburu, feijão preto cozido, feijão preto torrado, milho vermelho e galhos de aroeira.
Maneira de Fazer: Passar pelo corpo da pessoa todos os ingredientes acima descriminados,
obedecendo a mesma ordem. Deixar tudo no local que fizer o Ebó. Levar a pessoa
imediatamente para tomar banho de Abô.
Ebó Exú Para Afastar Más Influências ( 2 )
Local: Cemitério
Horário: Meia-noite
Dia da Semana: Segunda-feira
Material Necessário:
Um casal de galinhas brancas. Além de todos os ingredientes acima mencionados. A
maneira de fazer é a mesma do Ebó acima.
Oferendas a Odé
Material: 1 milho verde com casca; Milho vermelho em grãos; Coco; 1 alguidar.
Modo de fazer: Cozinhe o milho vermelho e coloque dentro do alguidar, desfie a palha do
milho verde deixando apenas o milho descoberto e as palhas desfiadas penduradas, desfiar
sem arrancar a palha do milho. Corte o coco em fatias finas e enfeite sobre o milho cozido,
coloque o milho verde em pé sobre o coco, apontado para cima e com as palhas
escondendo os grãos e o coco que ficarão em baixo. Coloque em cima da casa ou em um
lugar alto pedindo à Oxóssi o que se quer.
Oferendas a Ossain
Material: Batata doce; Cebola; Azeite de dendê; 1 alguidar
Modo de fazer: cozinha-se a batata-doce apenas em água. Depois, descasca-se e
amassa-se feito purê. Aí, mistura-se num refogado de cebola ralada com azeite de dendê e
coloca-se tudo no alguidar. Coloque próximo a plantas e faça seus pedidos.
Oferendas a Obaluaiê
Material: Milho de pipocas; Areia de praia; 1 alguidar; 1vela branca.
Modo de fazer: Este é o prato mais comum oferecido à Obaluaie ou Omolu. Coloque a areia
de praia em uma panela e deixe esquentar, depois de quente coloque o milho de pipoca
para estourar nesta areia. Quando estiver estourado, coloque o milho no alguidar e está
pronta a oferenda, faça seus pedidos à esse grande Orixá.
Oferendas a Xangô
Material: 12 quiabos; mel de abelhas; azeite de oliva; água; 1 tigela branca.
Modo de fazer: Corte os quiabos em rodelas finas, coloque na tigela com água, ponha um
pouco de mel e um pouco de azeite por cima e mexa com as mãos até que se forme uma
baba viscosa, enquanto estiver amassando com as mãos vá pedindo o que se quer à
Xangô, Depois coloque em um lugar alto .
Oferendas a Oxumarê
Material: Feijão fradinho; Milho vermelho em grãos; Cebola; Azeite de dendê; 1 prato
colorido.
Modo de fazer: Cozinha-se o feijão fradinho em água. Separadamente, cozinha-se o milho
vermelho também em água. Depois, juntar o feijão e o milho, misturar bem e depois
colocar num refogado de cebola ralada e azeite de dendê que deverá estar pronto. Coloque
no prato e coloque próximo as plantas oferecendo a Oxumarê e fazendo seus pedidos.
Oferendas a Yansã
Material: Feijão fradinho; Camarão seco ralado; Cebola ralada; Azeite de dendê; 1 prato de
barro ou louça.
Modo de fazer: Coloque o feijão de molho de um dia para o outro. Descasque o feijão um a
um. Triture o feijão e misture com cebola ralada e o camarão seco socado, mexa por um
tempo até que se obtenha uma massa firme. Coloque a massa para descansar coberta com
um pano e com uma pedra de carvão dentro. Coloque +/- um litro de dendê em uma
panela funda e deixe esquentar bem, faça bolos da massa de feijão com uma colher e
coloque para fritar. Quando estiverem todos fritos, coloque no prato e deixe esfriar.
Ofereça-os para Yansã. Faça seus pedidos.
Oferendas a Obá
Material: Feijão fradinho; Cebola; Camarão seco socado; Azeite de dendê; Farinha de
mandióca; 1 Alguidar; Flores e velas coloridas.
Modo de fazer: Cozinha-se o feijão fradinho em água. Depois,mistura-se num refogado de
cebolas raladas, camarão seco socado, azeite de dendê e água. Por cima coloca-se a
farinha de mondioca, fazendo um pirão e coloca-se no alguidar. Deixe esfriar e enfeite com
flores por cima do prato. Coloque nas margens de um rio e acenda as velas coloridas
pedindo o que se quer a Obá. Sendo por muitos divindade interligada ao amor.
Oferendas a Oxun
Material: 5 batatas doces brancas; mel de abelhas; velas amarelas; prato branco; fitas
coloridas.
Modo de fazer: Coloque as batatas para cozinhar em água até que fiquem bem molinhas.
Deixe esfriar e amasse estas batatas com mel pedindo o que se quer. Tenha muita
concentração em amassar, depois de amassado, coloque no prato e molde um coração
com a massa. Depois enfeite com flores e fitas. Ofereça à Oxum em uma lagoa ou riacho.
Esta oferenda é muito eficaz em casos amorosos.
Oferendas a Logun Edé
Material: Milho vermelho; Feijão fradinho; Azeite de dendê; Cebola; Camarão seco socado;
1 Alguidar; 1 inhame; ovos cozidos; coco; mel de abelhas.
Modo de fazer: Cozinha-se o milho vermelho só em água. Separado, cozinha-se o feijão
fradinho, também só em água. Refoga-se o feijão fradinho com azeite de dendê, cebola
ralada e camarão seco socado. Coloca-se o feijão em uma metade do alguidar e, na outra,
o milho vermelho cozido. Frita-se o inhame e coloca-se por cima em fatias, em volta,
enfeita-se com ovos cozidos em rodelas, fatias de coco e coloca-se bastante mel de
abelhas por cima. Pede-se o que se quer e oferece-se ao Orixá Logun Edé.
Oferendas a Exú
Material: Farinha; Azeite de dendê; Mel de abelhas; Farinha de milho branco; Figado,
coração e bofe de boi; Cebola; Camarão seco socado; Um alguidar.
Modo de fazer: Faça uma farófa com dendê, uma com mel e uma com água,
separadamente. Faça o acaça branco cozinhando a farinha de milho em água, deixe a
massa bem consistente, depois coloque em um pedaço de folha de bananeira e enrole.
Deixe esfriar. Corte os miúdos de boi em padaços pequenos e coloque para refogar com
dendê, cebola, um pouco de sal, o camarão e rodelas de cebolas. Coloque as farófas no
alguidar sem misturar muito, ponha o refogado de miúdos sobre a farófa e coloque o acaça
no centro. Oferece-se para Exú pedindo o que se quer. Coloque em uma praça bem
movimentada.

AXEXE 
1) Fase preparatória​:
Desde que o falecimento de uma adósù do “terreiro” é conhecido, procede-se a
levantar um pequeno recinto provisório, coberto de folhas de palmeira, junto ao
Ilé-ibo-akú.
A Iyálàse, secundada por outra sacerdotisa, procede ao levantamento ritual dos
“assentos” individuais pertencentes à falecida assim como todos seus objetos
sagrados e tudo é depositado no chão no recinto provisório, distante dos Ilé-orixá.
As quartinhas que continham água são esvaziadas e emborcadas.
2) Axexé os cincos primeiros dias:
O ritual Axexé dura sete dias consecutivos. Durante os cincos primeiros dias as
mesmas cerimônia se repete exatamente, segundo a seguinte seqüência:
a) Todos os membros do egbé, rigorosamente vestidos de branco, reúnem-se,
no barracão, ao pôr-do-sol, para celebrar o Padê tal qual o descreveremos. No
inicio, o espírito do morto é invocado junto com Exú e todas as entidades.
b) Terminado de cantar o Padê, o egbé coloca-se em volta da cuia vazia que
ocupa o centro da sala, deixando sempre uma passagem de saída para o
exterior. Neste momento, um dos sacerdotes, encarregados do ritual que se vai
desenrolar no Ilé-akú e no recinto exterior onde foram depositados os
“assentos” e os objetos da falecida, traz uma vela, coloca-a ao lado da cuia e
ascende.
c) Todos os que estão presentes enrolam suas cabeças com torços brancos e
cobrem cuidadosamente o corpo com um grande oja branco. No momento em
que se ascende a vela, supõe-se que o espírito do morto se encontre na sala
representado pela cuia. Um logo rito vai desenrola-se, começando pela
Iyálorixa, seguida em ordem hierárquica por cada uma sacerdotisa de grau
elevado e finalmente por um grupo de dois a dois das noviças. Cada uma saúda
o exterior, a cuia os presentes e dança em volta da cuia colocando moedas que
passam previamente por sua cabeça, delegando sua própria pessoa ao morto.
Ao mesmo tempo despede-se do morto, com cantigas apropriadas. A primeira
cantiga entoada pela Iyálorixa é uma reverensa a todos os Axexé que, como
dissemos, são os primeiros ancestrais da criação, o começo e a origem do
universo, de uma linguagem, de uma linhagem, de uma família, de um
“terreiro”. A venerável morta a Adosun que merece essa cerimônia e é seu
objeto converter-se-á também num Axexé.
A Iyalase saúda: Axexé, Axexé o!; 1. Axexé, mo juga; Axexé, Axexé o!; 2.
Axexé o ku Agbà o!; Axexé, Axexé o!; 3. Axexé, érù ku Àgbà o!; Axexé, Axexé
o!
Tradução: Axexé oh! Axexé; Axexé eu lhe apresento meus humildes respeitos
oh!;
Axexé oh! Axexé; Axexé eu venero e saúdo os mais antigos, oh!; Axexé oh!
Axexé;
Axexé a escrava saúda os mais antigos, oh!; Axexé oh! Axexé.
É o seguinte o texto da Segunda cantiga: Bibi bibi lo bi wá; Ode Arolé lo.
Tradução: Nascimento do nascimento que nos trouxe Ode Arolé (Òsôsi) nos
trouxe ao mundo.
Saudando particularmente Oxossi que, como já dissemos, é o ancestre mítico
fundador dos “terreiros” Ketu e consequentemente, Axexé do filhos do
“terreiro”.
Todos os presentes estão obrigados a despedir-se do morto e delegar-se nele
por meio das moedas que colocam na cuia-emissario.
d) Quando todo os presentes protestaram suas homenagens e despediram-se
do morto, formam uma roda e todo o egbé e os parentes do morto entoam,
entre outras, a cantiga:
Ò tó ‘rù egbé ma sokún omo ò tó ‘rù egbé ma sokún omo égun ko gbe eyin o!
Ekikan ejare àgbà Orixá gbe ni másè ekikan esin enia niyi r’òrun
Tradução: Ele alcançou o tempo (de converter-se) no érù egbé (o carrego que
representa o egbé). Não chore, filho. Oficiante do rito, não chore.
Alcançou o tempo (de converter-se) no carrego (no representante) do egbé.
Não chore, filho. Que Égun nos proteja a todos!
Proclamai o que é justo. Que Àgbà Orixá nos proteja a todos!
Proclamai (que) foi enterrado um dos seus, que foi para o òrun.
(isto quer dizer, falai alto, com justa razão, porque enterram alguém venerável
que irá ao òrun).
A roda se desfaz e cada um volta para seu lugar.
e) algumas adósù trazem vasilhas com comidas especialmente preparadas para
essa ocasião e as colocam ao lado da cuia. Junto também é colocado um obì.
f) Os sacerdotes vêm e levantam ritualmente a cuia cheia de moedas, apagam
a vela e transportam tudo, também obì. e as comidas, para o recinto especial
exterior, onde tudo é colocado junto aos objetos que pertenceram ao morto.
g) Os membros do egbé na sala, descobrem suas cabeças, enrolam o pano
branco por de baixo dos braços e formam uma Segunda roda, saudando e
homenageando os orixás. Acaba essa parte da cerimônia, eles se cobrem
novamente e continuam a roda cantando uma última cantiga de adeus ao
morto.
3) ​Axexé: sexto e sétimo dias:
o ritual do sexto e sétimo dias é o ponto culminante do ciclo. No crepúsculo
canta-se o Padê e continua-se como nos dias precedentes até a fase. Seguem-se
os seguintes ritos:
a) Ao pé das comidas e do obì colocam-se, ao lado da cuia, os animais que vão
ser oferecidos de acordo com o asé do morto.
b) Um sacerdote vem do exterior e põe no punho esquerdo de todos os
assistentes pequenas tiras de màrìwò. É isso que os identifica como filhos do
“terreiro” e os protege.
c) Os membros do egbé retomam seus lugares e esperam ser avisados do fim
do rito que se desenrola do Ilé-ibo.
d) Nesse meio tempo, os sacerdotes preparam o chamado final do morto.
Trazem tudo, “assentos”, objetos pertencentes ao morto, cuia, comidas e
animais para o Ilé-ibo-akú. Traçam no solo de barro batido um pequeno círculo
com areia e por cima, um círculo com cada uma das três cores símbolos. É um
ojúbo provisório, em que se invoca o morto.
No meio dele, parte-se o obì e, com seus segmentos, consulta-se o oráculo
sobre a destinação a ser dada a cada um dos objetos e “assentos” do morto. Se
trata de uma sacerdotisa de grau elevado, às vezes acontece que o “assento”
de seu orixá fique no “terreiro” para ser adorado, com a condição de que o
morto, consultado, esteja de acordo.
Também pode querer deixar alguns objetos de uso pessoal, determinadas jóias
ou emblema a um parente ou a uma irmã do “terreiro”. O resto, o que o morto
não deixa para ninguém, em especial seu Bara, seu Ìpòrí, é posto em volta do
pequeno círculo assim como as três vasilhas novas de barro, que
descreveremos falando do “assento” dos Égun das adósù. Se o morto pertence
à cúpula do “terreiro” ou possui méritos excepcionais, as três vasilhas são
separadas para se proceder mais tarde a seu “assentamento” no Ilé-ibo-akú.
Caso contrário, que é a maioria, as três vasilhas são colocadas junto aos que
circundam o círculo-ojúbo. O sacerdote do grau mais elevado invoca o morto
três vezes, batendo no solo com um ìsan novo preparado com uma grossa tala
de palmeira. Invoca-se para que venha apanhar seu carrego, para que leve e se
separe para sempre do egbé e do “terreiro”.
Insiste-se e, na terceira invocação, o morto responde e simultaneamente tudo é
destruído, quebrado com ìsan, rasgando-se vestimentas e colares. Os animais
são imolados e colocados por cima dos restos destruídos, onde se coloca partes
das moedas que se esparramaram ao quebrar a cuia, e os màrìwò que,
retirados dos punhos irão juntos com os despojos do morto. Coloca-se por cima
o punhado de terra, com a areia e as três substâncias cores recolhidas
oportunamente. Um grande carrego é preparado: é o erù e sacerdotes levarão
a perigosa carga especificado pelo oráculo para que Exu e Eleru disponha dele.
e) Um sacerdote previne o egbé que, em silêncio, esperava na sala. Todos se
levantam a saída do erù-ikù:
Gbe ‘rú le mã lo a fi bo
Tradução: o carrego da casa está saindo cubram-nos.
f) Todos os participantes esperam em silêncio a volta dos sacerdotes que, ao
seu regresso, irão, em primeiro lugar, prestar conta de sua missão aos
ancestrais no Ilé-ibo-akú. Em seguida, virão à sala para comunicar o feliz
término de sua missão.
O egbé forma uma roda, canta saudando os orixás, e dois cantos finais
despedindo-se do morto.
Iku o! Iku o gbe lo o gbe, dide k’ o jo eku o! òdigbõse o!
Oh! Morte, morte o levou consigo ele partiu, levantem-se e dancem, nós o
saudamos! Adeus!
No entardecer do sétimo dia, canta-se o Padê de encerramento e, em seguida,
procede-se ao sacudimento, isto é, a lavar, varrer e sacudir todos os Ilé e a
sala, com ramos de folhas especiais.
O asé da adósù passou a integrar o do “terreiro”. Se a pessoa falecida é a
Iyálàse, deverá proceder-se a “retirar” sua mão de todos os objetos, todos os
borí, celebrada pela Iyálàse substituta. Durante esse rito, ela pousará a mão
sobre o orí de cada um dos membros do egbé, transferindo-lhes seu próprio
asé.
Se o grau da adósù falecida o permite, e se a resposta do oráculo o confirma,
uma vez preparado o carrego, o ibo desta será preparado ritualmente com três
vasilhas novas de barro.
Um àpéré especialmente aprontado com uma combinação de folhas apropriadas
é colocado diretamente sobre a terra no Ilé-ibo no lugar em que será
implantado o “assento” formado com três recipientes; coloca-se junto uma
quartinha com água e tudo é recoberto com um pano branco. Cumprindo um
ano, uma oferenda espacial será feita e a sacerdotisa falecida passará a fazer
parte dos mortos e dos ancestrais venerados no Ilé-ibo-akú, Axexé protetores
do “terreiro”.
Uma cantiga entoada na terra Yorùbá diz:
Ìyá mi, Axexé!; ba mi, Axexé!; Olórun un mi Axexé o o! ki ntoo bò orixá à è.
Tradução: Minha mãe é minha origem!; Meu pai é minha origem!; Olórun é
minha origem!; Consequentemente, adorarei minhas origens antes de qualquer
outro orixá.
E no “terreiro” invoca-se: Gbogbo Axexé tinu ara.
Todos (o conjunto dos) Axexé no interior de nosso corpo...(do “terreiro”).
Se Axexé, não há começo, não há existência. O Axexé é a origem e, ao tempo,
o morto, a passagem da existência individual do àiyé à existência genérica do
òrun. Não há nenhuma confusão entre a realidade do àiyé – o morto – e seu
símbolo o seu doble no òrun - o Égun. Há um consenso social, uma aceitação
coletiva que permite transferir, representar e simultânea do àiyé e do òrun, a
vida e da morte.
O asé integrado pelos três princípios-símbolos e veiculado pelo princípio de vida
individual manterá em atividade a engrenagem complexa do sistema e, através
da ação ritual, propulsionará as transformações sucessivas e o eterno
renascimento

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