Dona Inês sempre gostou de ser uma boa anfitriã. Todas as semanas ela recebia
visita. A sexta não foi a exceção. Houve festa de família. Vieram todos. Filhos, netos
aproveitam. A bagunça era completa. Nada estava no seu lugar naquela sala.
Copos e garrafas por aí. Cinzeiros e livros no chão. O passadiscos de vinilo que o
vovô tanto cuida, aberto e sujo com algum líquido doce e indefinível. A mesinha do
living, cheia de todo tipo de resto comestível e bebestível. A lâmpada que ela
adorava estava torta e suja com algum outro tipo de líquido vermelho e não tão doce
como o que tinha manchado o passadiscos do avô. Os coxins do sofá andavam pelo
chão. Parece que tinhan sido usados como assento mas separados da sua origem.
- Todos.
- As crianças também?
- Todos, Maria.
- E sobrinhos!
- Claro!
- Uuuuuh!
- Por favor, querida, limpe e arrume tudo sem importar o tempo que leve, tá?
Maria limpou, varreu, aspirou, lavou e arrumou por horas. Colocou tudo onde devia
estar. Tudo ficou em ordem. Só que ela não percebeu que a reprodução do
Guernica não tinha participado da farra. Por isso ela também foi “arrumada”.
- Cada cabeça no seu corpo, como corresponde. A senhora lendo um livro,
lâmpada pela janela. Mas o boi e o cavalo fora da casa. Isso é o correto. Tá