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BLUME

arte, cultura e as histórias de sua gente


(1850 -1985)
EDITH KORMANN

IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII~IIIIIIIII~ IIII111\
* c G 1 165 85*
"Florianopolis.s, 03 dejaneiro de 1996

Minha querida Edith

... Relendo as duas manifestações


aos livros anteriores que tiveste a bon-
dade de publicar, vejo que disse pouco,
pois a cada texto que brota- do teu gênio
de pesquisa e do espirita de trabalho, a
História de uma Comunidade se torna a
Memória de uma Cultura.

o que me encanta na obra que es-


tás realizando é que você consegue des-
montar o conceito de História baseado
nas decisões ideológicas do Homem
Politico para nela colocar as ações filo-
sóficas do Homem Coletivo. E é isto
que caracteriza nossas comunidades de
imigrantes! É o Todo quem desencadeia
o Fato e não o Fragmento - o chefe, o
general, o padre, o doutor - quem mal
e mal, coordena a vontade coletiva.

Neste volume 111- e me atenho ape-


nas à Literatura os autores e as obras
vão se enfileirando no texto, quais pe-
dras e tijolos, ferro e cimento na cons-
truaii: do pensamento estético de um
grupo de escritores primeiro, a canta-
rem "um carinho especial pelo Brasil II

(p. 21) e. agora, os cantos-encantos da


Pequena Pátria.

Dentre as muitas passagens origi-


nais e pioneiras do seu texto s l'l.desta-
co o soneto (p. 30) "Ai botocudi" que
aprofundadas as pesquisas trará à tona
um relacionamento. até agora desco-
nhecido, entre o imigrante e o índio, en-
tre o padre católico e o fiel europeu
capaz.. de ver a América com olhos do
nativo e não do europeu. o verso final
do soneto IIE dove impera sol lo cate-
chesi" é um grito. terrível o qual, com
certeza. comove a a/ma e o coração de
Deus Pai.

Edith, - minha Santa, você está escre-


v indo uma grande H(.-lifia de um
vrande Povo!
BLUMENAU
arte, cultura e as histórias de sua gente
(1850 - 1985)

VOLUME IV
BLUMENAU
arte, cultura e as histórias de sua gente

EDITH KORMANN
Kor mann, Edith

S iu IDeD&Uarte, cu lrura, e as hi
storias de sua gente {1850-198
5)
981.642I.K84bm/CG vA
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FURE • BIBLIOTECA CENTRAL~
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B L U:o I E NAU 11 6-5:' :::5

Capa:
g€\. b4-1 Telomar Florêncio
Digitaçãa 'Editoraçãoa Eletrônica:

k--b- Celina Helena dos Santos

\1_,'
Revisão:

(9 Alfredo Scottini e Vilson Nascim.ento

Catalogação Biblioteca Dr.. Fritz Müller


"Somente eifeliz um povo que sabe perpetuar na posteridade as
Kormann, Editb tradições e os costumes recebidos dos seus antepassados!"
Blumenau: arte, cultura c as histórias de sua gente
Pedro Calmon
(1850-1985) Edith Kormann.

4 vols.ril.s- 1996

1. Blumonau-História 2. Cultura Blumenauense 3. Arte Os colonizadores do Vale do ttejei; além das esperanças de um
Blumenauensc 1.Titulo II. Série.
futuro melhor na pátria adcuiva., trouxeram em sua bagagem o instinto
Direitos Reservadas Impresso llO Brasil natural de associar-se, sua cultura e seus maravilhosos pendores ar-
tísticos. Blumenau e todo o Vale do ltajai cresceram embalados pelas
saudosas canções da pátria distante, pelas alegres peças teatrais, seu
f(J/.(J/ore, poesias e cenas burlescas e ao sabor dos concertos dos con-
Edição da Autora juntos musicais (bandinhas) que alegravam os eventos da Comunida-
de.

No decorrer do histórico é comum aparecerem nomes alemães


APOIO:
alterados e também abrasileirados: Louis - Luiz: - Luis; Ka"l - Carl -
FUNDAÇÃO CATARINENSE DE CULTURA_
Carlos; Wilhelm - Guilherme; Kurt - Curt; Hermann - Germano e
Av. Rio Branco, 387 _4°, 5° e 6° andar muitos outros, fato oriundo, geralmente, do envolvimento das pessoas
CEP 88015-201 - Florianópolis - SC com cargos públicos, e a nacionalizacãa/Blumenau.
)
SUMÁWD

VOLUMEI
Doutor Blumenau 13
Hístônlco de Blumenau 31
- O Vale do Garcia 160
- O Grande Vale das Itoupavas •............................................................... 191
- O Vale. da Velha 242
- O VlIJ.e do Testo e Outros 252
- BOllli Retiro 261

VOLUME II

Os Templos de Oração 13
Os Nosocômios (Saúde Pública) 75
O Ensino em Blumenau 100
- Colégio Franciscano Santo Anrônio 115
- Conjunto Educacional Peduo II 133
- Colégio das Irmãs da Divina Providência 153
- SENA! 159
- SENA C 161
Pontinho Estudantil 162
- Cursos "Dr., Blumenau" ................................................•........................ 163
- Festas Escolares 165
- Festa das Crianças 171
- Escotismo 175
Navegação Fluvial 176
- Estrada de Ferro Santa Catarina 190
- A Tenacidade dos Construtores das Rodovias 205
Aviação e o Aero Clube de Blumenau 211

VOLUME III
Literatura 13
Tea tro 91
- S.D.M. Caules Gomes. Balé. Clube Germânia 115
- Canto 183
Sociedade de Canto Germânia 192 HINO
Sociedade de Canto Liederkranz de Blurnenau 203
Sociedade Recreativa e Cultural Lyra 209
Liga Cultural e Recreativa Vale do Itajai... 2l4
-Música 227
"Musikkapellen" (bandas de música) 231 '"'-'J.E~PÃLÁCI.'"'-'
r;:-
O Club Musical
Sociedade Musical Lyra de BLurnenau
Conservatório de Música "Curt Hering"
265
271
274
~~DA=tj-~Il
...' •...-
~.,.....,

Os Italianos no Canto, Música e Teatro 282

VOLUME IV
Artes Plásticas 13
- Artesanato 44
Fotografia 45
- Cinema 54
- F o Iclore 83
Os nossos Indígenas 92
- As Cartas dos Imigrantes (Filatelia) 97
-As Edificações no Contexto Histórico 101
- Centro Cultural "25 de Julho" 108
- Praça Governador "Hercilio Luz" 110
- Fundação Casa "Dr.. Blumenau" 125
Esportes 135
- Tabajara Tênis Clube 138 rsTI.'&ILMü

- Skat 146
- Associação Ginástica Blumenau 148
- O Futebol 155
Clube Náutico América 159
Clube de Av,iação sem Motor Blumenau 162
- Bela Vista "Country C1ub" 167
- SESC 170
- SESI 173
Guarnições Militares 178
- A Nacionalização e os Imigrantes 187
HINO

Dr. B1umenau
*1819 - 'Í:T'1899
ARTES PLÁSTICAS

A primeira exposiçao de artes plásticas realizada em Blurnenau


pode ser considerada a que decorou a primeira e muito modesta Casa dos
Atiradores, quando ainda tudo era mata virgem e as "casas" cobertas com
folhas de palmeiras, durante um "Schuetzenfest". A publicação de "Con-
tos de um velho colono blumenauense", informa que numa dessas fes-
tas, alguns bem humoradas jovens blurnenauenses organizaram um
"Gabinete de Raridades", onde apresentaram numa série de pinturas,
criticas ligadas ao livro publicado na Alemanha pelo Doutor Blumenau
com propaganda da sua Colônia. Um cicerone explicava aos visitantes o
significado de cada quadro. O primeiro quadro continha a seguinte. expli-
cação: liA gente precisa saber ajudar-se ", referindo-se à parte do livro em
que o DoutorBlurnenau afirmava "... em Blumenau, o céu é sempre azul";
o quadro representava um esboço panorarruco da Colônia e o Doutor Blu-
menau trepado numa escada, pintando, com um grande pincelo céu de um
azul carregado, tendo ao lado uma panela com tinta azul.. Outro quadro re-
feria-se à passagem do livro em que o Doutor Blumenau dizia: "três ou
quatro bananas são suficientes para alimentar uma pessoa"; o quadro
representava umas bananeiras carregadas de frutos à sombra das quais um
homem, em trajes de Adão, estava deitado sobre folhas secas de bananei-
ras e sua Eva, ajoelhada ao lado o tratava com bananas. No fundo, algu-
mas crianças nuas e alguns porcos comiam bananas. O outro quadro mais
malicioso dizia: "tudo aqui produz frutos cento por um ",o o quadro repre-
sentava uma mulher de meia idade com o vente bastante saliente, sobre o
qual se via em grandes cifras, o número 100 seguido de um ponto de inter-
rogação. A legenda dizia: "queridapátria, podes ficar descansada ". Nessa
exposição havia mais de vinte quadros nesse gênero. Havia, também, en-
cerrada dentro de uma caixa bem fechada e coberta por um vidro, uma pe-
dra pintada de branco reluzente, e conforme explicações, era um pedaço
do pólo norte e que ninguém devia tocá-lo, pois, sendo magnética, ficaria
preso à pedra para sempre ..
No dia 3 de agosto de 1864, a Sociedade de Cantores da Colônia
Blurnenau (Sociedade de Canto Germânia) festejou seu primeiro aniversá-
rio de fundação e o local da festa, salão de Kaul Wilhelm Friedenreich foi
decorado com muito bom .gosto, onde apareceram medalhões decorados
por toda a parte, inclusive uma lira gigantesca.
Para a Exposição Provincial realizada em Desterro, a Colônia Blu-
menau forneceu, entre outros artigos: "uma mesa redonda, com trabalho

13
de escultura e tampo de azambujo preto, feita por H Robert e W Hahn; Em 1877, a Colônia Blumenau festejou 25 anos e Bemhard Schei-
um armário com trabalho de escultura em azambuio : preto por Karl Wi- demantel, fotógrafo e dono de uma litografia, ilustrou o programa festivo,
lhelm Friedenreich; uma caixa para relógio com incrustações de madeira dando uma visão clara do período de 1852 a 1877. Bemhard Scheideman-
e um açucareiro de casca de coco feitos por C. Schellenberg; uma sela in- tel, desenhista hábil, deixou excelentes trabalhos, inclusive retratos de per-
glesa de couro de porco, ricamente pespontada por W Roedel; um facão sonalidades da Colônia e outros, feitos a lápis, entre eles o retrato do Dr.
com cabo de prata, ornamentado com medalhas e arabescos terminando Lauro Müller. Grande amigo do humorista alemão Wilhelm Busch, Ber-
em cabeça de onça, bainha em couro de lagarto com aplicações de prata nhard Scheidemantel, também, projetou o seu lado humorístico, entre eles,
imitando escamas da pele do animal, feito por H.. Schultze; uma caixa es- um desenho feito a lápis, que foi copiado para impressão por Paul Hering
peoial para selos, cartões, etc; enfeitada, e diversas cadernetas para ano- e cedido para o "Der Urwaldsbote". O desenho de Bernhard Scheideman-
tações por J K. Müller!". tel, copiado por Paul Hering, foi publicado no "Der Urwaldsbote" de 24 de
A obra do ministro suíço J. J. Tschudi "Reisen durch Süd-Amerika" julho de 1936, com um artigo de G. A. Koehler, sob o título "Humor e Sá-
é ricamente ilustrada com xilogravuras. O terceiro volume, impresso em tira de Nossos Velhos".
Leipzig, na fIrma Brockhaus, em 1867, que narra a sua viagem à Santa O desenho repr.esenta o seguinte: o fundador da Colônia coroa o de-
Catarina e às Colênias Alemãs, contém referências sobre a vida blume- senho como se fosse o Papa, abençoando a sua obra e num medalhão sus-
nauense em 1861, e ilustrações de Josef Bréggemann, "ex-professor da tentado por amoretes, é reconhecível o centro de Blumenau Colônia,
Academia de Belas Artes de Copenhague". São de autoria; de Josef Brüg- destacando-se a Ponta Aguda, e na rua das Palmeiras, ainda sem as pal-
gemann dois desenhos publicados no livro "Gedenkbuch zur Jahrhundert- meiras plantadas, o primeiro rancho dos imigrantes. Da fauna e flora bra-
Feier Deutscher Einwanderung in Santa Catarina" (1929). O primeiro sileira destacam-se os animais. Também foram colocadas fitas
desenho representa as primeiras casas da cidade de Blumenau e o segun- entrelaçadas com textos relacionados com a obra do Doutor Blumenau, e
do, a cidade de Blumenau em 1867, resultantes da estada de Josef Brügge- entre eles:
mann na Colônia Blumenau, a convite do Doutor Blumenau para pintar
aspectos da Colonização Alemã no Vale do ltajaí (1866-1867). "Ao mérito a Coroa! ou as outras"
"O que deve ser bom, leva tempo"
"Se não vens hoje, virás amanhã!"
"Roma não foi construída num dia!"
"O que leva tempo é bom!"
"Devagar se vai ao longe!"
"Sempre devagar sem pressa!"
"Amanhõa é outro dia!"
"Tudo à antiga, nada de novo!"

Também havia textos referentes a pessoas da época. Na parte inter-


na do desenho estão desenhadas duas pás, uma de pedreiro e outra de tra-
balhos gerais. Abaixo das pás. se encontra a sala de estudos do Doutor
Blumenau, onde mais abaixo dois cães brigam por um osso. O desenho
ainda contém círculos, um dos quais representa a farmácia veterinária de
Karl Wilhelm Friedenreich, com os dizeres: "Bittem. Pn. Ar. e Kaschas"
Vista de Blumenau, pintada por Brüggemann (Amargosa, porções e cachaça); o outro círculo contém figuras de animais
que representam pessoas. A vaca gorda representa o Brasil e quem a orde-
) I. "Kolonie Zeitung" de 6 de outubro de 1866.

14 15
nha é a Colônia Brusque. No circulo do grande medalhão, o Doutor Blu-
menau corre com o balde para conseguir tirar leite da vaca, mas não con-
segue alcançá-Ia. Nos fundos, um cavaleiro que representa Blumenau,
restitui o dinheiro não aproveitado, numa critica à economia e exatidão
que foram marcos decisivos no desenvolvimento de Blumenau. No dese-
nho, Bernhard Scheidemantel uniu humor e sátira. O artigo foi uma home-
nagem ao "Dia do Colono".
Paul Hering, filho de Mina e Hermann Hering, o pioneiro na fabri-
cação de tintas no Brasil, nasceu em Hartha - Alemanha em 1861.. Após
um exame, foi aprovado para um curso de pintura de decorações na Escola
de Belas Artes de Dresden - Alemanha. Em 1878 veio para o Brasil, onde
seu primeiro trabalho foi a pintura de um teatro em Brusque, que foi des-
truida pela enchente, sendo novamente pintado e conc1uido um ano de-
pois. Foi para a Europa, trabalhou em Roma e Nápoles, fugindo ao serviço
militar na Alemanha. Regressou a Blumenau com imigrantes alemães e
italianos. Apesar de desencorajado, em 1886, abriu uma pequena loja de
produtos para decoradores e artistas e, posteriormente, a sua Fábrica de
Tintas Hering (hoje pertencente . à Quadrosul) e que se localizava onde
hoje funciona a Sul Fabril.. Com o seu falecimento em 1942, em 1963 fi-
cou reduzida a Casa das Tintas Hering. Em 1982, a Empresa foi vendida
para a Lápis Johann Faber, que a desativou, porém, conservando a marca e
assinatura "Tintas Hering" - "um século da melhor tradição". Paul He-
ring, além de pintar casas, copiava desenhos, retocava e coloria desenhos e
fotos.
A enchente de 1880 destruiu livros e cenanos da Sociedade Teatral
"Frohsinn", lamentavelmente o nome do cenografista não aparece em ne-
nhum programa teatral.. Porém, a partir de 1900, o artista plástico Franz
Krueger, irmão de Emil Krueger, pintor na Escola de Belas Artes de Ber-
lin, fazia e pintava os cenários para o "Frqhsinn", até o seu falecimento em
1934.
Alvin Seeliger, que residia em Itoupava, resolveu voltar para a Ale-
manha, colocando à venda, através do "Der Urwaldsbote" de 10 de de-
zembro de 1900, além de três instalações fotográficas completas no
formato 9 x 12 e 30 x 30 cm, uma litografia completa em zinco e a luz,
aparelhos autográficos com todos os acessórios para pintura chinesa, gra-
vuras, ornamentos e outros artigos.
Em 1903, veio da Alemanha o arquiteto e desenhista Fritz Gelbert,
formado pela Escola Superior Imperial da Baviera e em Belas Artes da
Academia de Mi.inchen. Deu aulas de desenho e arquitetura. Funcionava
Desenho de Bernhard Scheídemantel - 1878 na Casa dos Atiradores. Em 1906, Fritz Gelbert _ fazia clichêss retratos

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para o "Blumenauer Zeitung". Retocava fotos com tinta a óleo. da estátua uma "tacha" que começava com as de ferro, cobre, níquel e até
Em 1913 emigrou para o Brasil a família Teichmann e com ela ouro. Com o decorrer dos dias a estátua se vestira com um vistoso colete
Erwin, que nasceu em Kiel - Alemanha em 1906. Autodidata, realizou in- de ferro,' pois a contribuição de ouro era rara e só aparecia em forma de
dividuais em 1943 em São Bento do Sul e Blumenau e em 1945 no Museu botões, enquanto que a dos colonos raramente iam além do cobre. A está-
Nacional de Belas Artes. No dia 15 de novembro de 1945, o jornal "A Na- tua era levada aos mais distantes rincões, obtendo inclusive a colaboração
ção" trouxe ampla reportagem sobre a exposição de Teichmaun no Rio de de lusos, solidários com o grupo onde viviam, até que o Brasil foi envolvi-
Janeiro. Em 1949 expôs em Pelotas (RS); em 1975 em Brusque; 1983 e do na guerra e o "Eiserne Wehrmaun" teve que desaparecer. .
1984 na FURB; 1985 na Prefeitura de Pomerode e no MASC em Floria- Com a vestimenta de tachas bastante aumentada, o "Eiserne Wehr-
nópolis. Participou de coletivas em São Paulo em 1946 na Galeria Há e em mann" foi "colocado nofundo de uma carroça de propriedade de Alfred
1948 no Salão de Arte Modema onde recebeu Menção Honrosa; 1950 Brattig, e levado, coberto de samambaia, para a região de Timbá, ou Be-
pelo Centenário de Blumenau; 1953 pelo Centenário de Curitiba onde re- nedito Novo, desaparecendo, destaforma, da vista das autoridades brasi-
cebeu Menção Honrosa e em 1979 pelo Sesquicentenário da Imigração leiras que, dentro do papel de mantenedores do respeito ao decoro
Alemã em Santa Catarina, na FURB. São de sua autoria o Monumento ao nacional, ordenaram uma 'rigorosa' busca'"; a fim de localizar o perso-
Estudante localizado na Praça "Martinho Cardoso da Veiga", inaugurado nagem para depois responsabilizar os autores desta original façanha. É
no dia 13 de novembro de 1979 pelo Prefeito Municipal Renato Viauna; evidente que as buscas foram infrutíferas. Brattig, que posteriormente
ao Operário Soprador de Cristal em Blumenau, ao Imigrante em lbirarna; montou um bom hotel em Rio do Sul, jamais revelou o fim do "Eiserne
ao Colono em Capinzal; Bronzes das Portas da Igreja Nossa Senhora de Wehrmaun", o que é lamentável, pois se transformaria numa relíquia his-
Nazaré em Belém do Pará; Cristo Crucificado na Assembléia Legislativa tórica de grande atragãro turística,
do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A Madona da Capela do Colé- O escultor Teichmann era bastante relacionado no mundo artístico,
gio Catarinense em Florianópolis. tendo adquirido fama anos mais tarde com uma escultura que movimentou
Um fato curioso e de grande valor histórico é, sem dúvida, a escul- todo o Vale do Itajaí, pois repercutiu no mundo científico e principalmente
tura do Kaiser Wilhelm II, rei da Prússia, esculpida em pose marcial e em nos meios leigos católicos, a história da "Santa Mary", profana, como foi
tamanho natural em puro cerne de cedro por Josef Heinrich Wilhelm chamada posteriormente.
Teichmaun - "o velho de longa e vistosa barba", que na época residia em Entre os professores de alto nível, vindos da Alemanha, veio Max
Aurora, pai de Erwin Curt Teichmaun, escultor de renome nacionaL. Humpl, que escreveu crônicas sobre Blumenau belamente ilustradas, e que
Durante a Primeira Guerra Mundial os jornais locais se referiam em 24 de abril de 1913, quando foi inaugurada a ponte do Salto, entregou
constantemente ao "Eiserne Wehrmaun" (Sentinela de Ferro) e às angaria- ao Coronel Vidal Ramos uma tela pintada com a ponte do Salto, receben-
ções feitas para auxiliar as vítimas da Primeira Guerra na velha pátria. do como prêmio uma taça de champanhe. Max Humpl também pintou
Considerando que a Alemanha sempre socorreu Blurnenau, principalmen- dois grandes quadros, pela Páscoa de 1925, que foram entregues a Max
te nas grandes e catastróficas enchentes como a de 1880, quando a Socie- Wulf. Max Humpl participou ativamente de todos os movimentos artísti-
dade Central de Geografia de Berlin, mandou para Blumenau a cos em Blumenau, não se limitando ao magistério e à pintura de quadros,
importância de 2.099 marcos para socorrer as vítimas, nada mais justo do pois dedicou-se ao canto, teatro, música, literatura e decoração de palcos
que retribuir de uma forma ou de outra, já que não havia possibilidade de com os temas os mais diversos, enquanto sua esposa Maria confeccionava
se fazer presente um corpo de voluntários. bandeiras para as Sociedades de Canto.
O Brasil ainda não entrara no conflito, portanto os blumenauenses Em 1921, esteve em Blumenau o pintor H. Graf, autor do quadro
poderiam colaborar remetendo o dinheiro coletado através de uma Comis- que está atualmente exposto no Museu da Família Colonial, e que foi doa-
são nomeada e sujeita a regras, que decidiu de uma forma original de do por Paula Bõtger, de Brusque, para a Biblioteca Municipal de Blurne-
como angariá-lo. Mandaram esculpir a estátua do Kaiser Wilhelm II, que nau. O quadro representa um belo e romântico recanto de Blumenau,
era exposta em todos os locais que possibilitassem aos blumenauenses a r i am nt i! morada em ruínas de Anna Frank (Bagado), no Vorstadt,
oportunidade de provar o seu amor pela velha pátria, pregando no corpo 2. Viktor Lukas • Blurnenau em Cadernos de 1975.

18 19
ao lado do hospital, na rua Itajaí.. Ludwig Emmerich nasceu em 1904 e, apesar de nascido no Brasil
Franz Becker, autor da vista da "Ponta Aguda", representou a So- de pais alemães, estudou na Alemanha na Escola Superior de Artes de
ciedade de Canto "Liederkranz" de Blumenau, quando de sua incorpora- München, Com seus conhecimentos poderia ter ido para a Itália, ou Fran-
ção à S. D. M. "Frohsinn" em 1936, contribuindo assim para a construção ça, porém após uma viagem de volta ao mundo, voltou ao Brasil onde es-
do atual Teatro' "Carlos Gomes". O quadro original da vista da "Ponta tudou jurisprudência. Ficou em São Paulo no meio intelectual onde privou
Aguda" pertence a Erich Gropp, que deu a cada um de seus filhos uma fo- da amizade de Monteiro, Lobato. Em São Paulo, suas exposições eram fre-
tografia do quadro.' qüentes. A fase marcante da sua vida foi o contato com os indígenas do in-
No ano de 1936, por ocasiao da apresentação de "Preciosa", de Carl terior de São Paulo, nos anos trinta, com os quais conviveu alguns anos.
Maria von Weber, a critica disse o seguinte: "Operfeito funcío'namento do es- Viajou por toda a América do Sul, principalmente Argentina, onde expôs
petáculo atribuiu-se à grande capacidade de Willy Loehr, à beleza dos cená- em Buenos Aires. Os Andes chilenos motivaram muitos dos seus quadros.
rios e ao talento do pintor Hans Wirth''. Antes de vir para Blumenau, Hans Em 1969, Ludwig Emmerich fundou no Colégio Normal Pedro II uma Es-
Wirth esteve no Rio de Janeiro, pois o quadro em poder do pintor Arian Gras- cola de Pintura (Atelier Livre), com mais de 40 alunos de todas as idades.
mück, pintado por Hans Wirth, representa a Avenida Niemeyer. Nesse Atelier começaram, entre outros, Rubens Oestroem, Guida Heuer,
-j Em 2 de setembro de 1950, Blumenau festejou seu centenário e Antônio Carlos Gútler e A. C. Ferreira.
para este evento foi fundida uma medalha de porcelana, a primeira no Bra- Com a primeira exposição realizada logo após a sua chegada a Blu-
sil. Desenhada por Emil Máiler, coube ao artista Erwin Teichmann escul- menau, os seus trabalhos somente foram expostos no dia 12 de março de
pir os modelos. A gravação dos cunhas foi feita por Hermann Klever e a 1987, quando foi inaugurada a Galeria Municipal de Artes, que reuniu
cunhagem em porcelana fosca esteve a cargo da Porcelana Schmidt SI A, aquarelas e óleo sobre telas, enfocando na maioria aspectos da natureza,
do Rio do Testo. A medalha traz, de um lado, o busco do Doutor Blume- pescaria e caçadas, alguns trazidos de acervos particulares para homena-
nau, e do outro, as armas do municipio. ~ geá-Ia. Apesar de ter filhos com a primeira esposa, foi Lilith que marcou
Um marco fundamental no desenvolvimento das artes plásticas em sua obra.
Blumenau foi a vinda de Ludwig Emmerich, que além de lecionar no Colé- Exposições de artes plásticas eram frequentes em Blumenau, entre
gio Normal Pedro II, pintura, desenho artístico e geométrico, organizou gru- elas encontramos em fevereiro de 1932, a de Bertoldo Françoso, brasi leiro
pos artísticos que atuaram desde as aulas de pintura até o teatro nos palcos. formado na Itália, que eXp<fu;,segundo a crítica, belíssimas paisagens bra-
sileiras, destacando-se as marinas, pintadas com uma técnica invejável..
Na década de quarenta foi importante a exposição realizada no
Teatro "Carlos Gomes", promovida pela Pró-Arte de Blumenau, em ju-
nho de 1941, com os artistas Alfred Zangerl, gráfico e pintor e Erwin
Teichrnann, gravador em madeira. Zangerl expôs 60 aquarelas (austría-
cas) com maior número de paisagens, inclusive do Paraguai, Minas Ge-
rais, Rio de Janeiro, Espirita Santo e Santa Catarina. Erwin Teichrnann
expôs esculturas de indígenas, cortador de fumo, tecedor de cestas, tra-
peiras e outras. Em 4 de dezembro de 1943, Teichmann inaugurou sua
exposição individual no Teatro "Carlos Gomes". Em 1962, Teichmann
expôs com H. Steinert..
No dia 3 de dezembro de 1945, pela primeira vez, vários pintores
nacionais expuseram suas obras no Teatro "Carlos Gomes" com a presen-
ça de autoridades e numeroso público. Seguiram-se outras exposições com
artistas locais, nacionais e internacionais.
Medalha - Centenário - 1950
Além das exposições realizadas no Teatro "Carlos Gomes", tam-

20 21
bém as vitrines de Blurnenau eram utilizadas, onde em 20 de outubro de ou deformar a coisa definida,
1959, Pedro G. Kusterko, alemão, radicado em Rio do Sul, expôs suas a Casa do Artista de Blumenau
aquarelas típicas. é antes de qualquer outra coisa
Em 1970, Lindolf Bell, instalou juntamente com Péricles Prade, AÇÃO. .
Arrninda Prade e Elke Hering, a Galeria Açu-Açu, a primeira a funcionar E não fica apenas nisso:
no Estado, com exposições permanentes, e a quem cabe em grande parte a É união,
eclosão de artistas plásticos blumenauenses que saíram do anonimato atra- é vontade,
vés de coletivas e leilões, expondo suas potencialidades até então desco- é visão.
nhecidas dentro da própria Comunidade.
São exposições individuais,
No dia 16 de janeiro de 1974, foi fundada a Casa do Artista que ti-
coletivas, retrospectivas.
nha 'por finalidade O desenvolvimento e O aprimoramento das artes em
São seminários, concertos, conferências,
geral, notadamente das artes plásticas,' manter em exposição e venda tra-
boletins e uma Biblioteca especializada para
balhos artísticos dos associados: realizar conferências; concertos,' semi-
apreciação e debates de assuntos
nários, editar boletins e manter uma biblioteca especializada para
artístico-culturais.
apreciação e debates de assuntos artístico-culturais".
Tinha sua sede na
Ponta Aguda e sua primeira diretoria era integrada por Guida Heuer - Pre- É a r EXPOSIÇÃO FEIRA DO ARTESANATO
sidente, Rubens Oestroem - Vice-Presidente, Carlos de Freitas - Secretá- em novembro de 1974,
rio e Kátia Schmidt Fonseca - Tesoureira. Participaram do Conselho como também todos seus sócios fundadores:
Fiscal: Francisco Canola Teixeira, José Valdir Floriani e Vilson do Nasci- Alberto Luz, Carlos de Freitas,
mento. Francisco Canola Teixeira,
No dia 4 de fevereiro de 1974, Vilson do Nascimento divulgou, Gervásio Luz, Guida Heuer; Ivete Kreiz;
através da imprensa, o "Press release" - "Aqui moramos", onde em termos José Valdir Florieni; Jorge Preiss,
gerais expõe a concepção dos idealizadores da Casa do Artista. Kaia Schmidt Fonseca, Odir Nascimento,
Rogério Soares, Rubens Oestroem e
"AQUI MORAMOS Vilson do Nascimento.

Por obra e graça, força e ato E nesta casa feita a muque


de entusiasmados artistas (expressão de Gervásio Luz)
e conscienciosos intelectuais blumenauenses estão expondo:
surgiu, Alberto Luz - pintor
Antônio Carlos Gütler <pintor
no dia 16dejaneiro de 1974,
Ivan Jayro Schmitz - escultor
à margem esquerda do Itajai-Açu,
Lucimar Bello Frange - desenhista e gravadora
a CASA DO ARTISTA DE BLUMENAU
Reynaldo Pfau - pintor
Sueli. Ferreira - pintora
Juridicamente já tem um conceito:
Suely Beduschi - pintara
É uma entidade civil com fins culturais, e osjàa citados
visando O desenvolvimento e o aprimoramento Guida Heuer - gravador
das artes em geral,
Ivete Kretz - ceramista
notadamente das Artes Plásticas. Kátia Schmidt Fonseca - artesã
Mas como os conceitos tendem sempre a limitar

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e Rubens Oestroem -pintor. menauense de Artistas ' Plásticos.
Temos certeza entretanto, Os Estatutos da BLUAP foram aprovados em Assembléia Geral
que muitos nomes e renomes Extraordinária realizada nas dependências do Centro de Cultura de Blu-
aqui ainda constarão. rnenau no dia 14 de agosto de 1986. A BLUAP é uma sociedade civil e
tem como objetivos: "congregar os artistas plásticos, promover e incre-
E você que nos lê, seja bem-vindo.
mentar a prática de exposições e a divulgação das artes plásticas, com
Mas também sugira,
critique, duração indeterminada".
A partir do dia 12 de março de 1987, os artistas plásticos de Blu-
fale,
rnenau contam com mais um local para expor suas obras - a Galeria
discuta,
insista, Municipal de Arte de Blumenau, ''Aproposta da Galeria Municipal de
Arte de Blumenau fundamenta-se principalmente no alojamento de ex-
brigue.
posições e valores artísticos da mais alta relevância. O projeto é da
E se nãofor pedir ainda muito, FUNARTE a pedido do Departamento de Cultura da Prefeitura Muni-
colabore, cipal de Blumenau. São três salas amplas com 127 m'; boa luz diurna e
una-se, iluminação apropriada para exposições (sistema tubular "CH"), persia-
ou associe-se a nós. nas em aluminio reguláveis que permitem uma modulação de luz ade-
Blumenau, 4 defevereiro de 1974." quada. As paredes são em tons creme equipadas com trilhos para
pendurar obras. O chão em madeira natural antiga, sendo duas salas re-
Os Estatutos registrados, no dia 23 de junho de 1975, reforçam a cortadas em arcos. Dispõe também de blocos para suporte modulados,
concepção dos idealizadores. que se encaixam perfeitamente entre si. Oitenta molduras com vidro.
Na gestão do Prefeito Renato Vianna, a Casa do Artista de Blume- Seis painéis perpendiculares em 90°, equipadas com roldanas que per-
nau passou a funcionar como Galeria Municipal de Arte, com o que não mitem fácil deslocamento. A diversificação das exposições vai possibi-
concordou a maioria, principalmente os fundadores, motivando a sua ex- litar manifestações artísticas em todas as áreas plásticas conhecidas:
tinção. Desenho, Pintura, Escultura, além de outras rnídias como a Fotografia,
Apesar da finalidade da Casa do Artista em desenvolver e aprimo- Vídeo, Performance e Instalações. O objetivo é ter uma ampla palheta
rar as artes em geral, principalmente as artes plásticas, somente em 1985 de eventos ligados às Artes Plásticas e que tenham caráter de documen-
houve uma movimentação para criar uma associação de artistas plásticos tação artística, didática e histérica".' -
em Blumenau, o que ocorreu no dia 7 de maio, quando foi fundada a As- A Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), também
sociação Blumenauense de Artistas Plásticos - ABAP, com a seguinte di- prestigia os artistas plásticos promovendo, entre outros eventos, exposiçõ-
retoria: Luís C. Cabral (presidente), Manuel A. P. Nascimento (vice- es de artes plásticas de alto nível..
-presidente), Deborah F. B. Caixe (secretária), Heloisa P. Oliveira (2' se- Blumenau conta com nomes expressivos no cenário das artes
cretária), Francisco M. Adiego (tesoureiro) e Elio Hahnemaun (2° secretá- plásticas, entre eles REYNALDO MAN8KE, nascido em Blurnenau
rio). Para o Ce-nselho Fiscal foram eleitos: Paulo Cornan, Guida Heuer e em 1906. Fez seus primeiros estudos com o professor de desenho e pin-
Flávio J. Meirinho. Apesar da reunião realizada no dia 9 de maio de 1986, tura, Frei Genésio Hansen O.F.M. do Convento Santo Antônio de Blu-
quando foram eleitos Guido Heuer (presidente), Manuel A. P. Nascimento menau. Aperfeiçoou-se em São Paulo e Rio de Janeiro,
(vice-presidente), Arian Grasmüak (secretário), Deborah F. B. Caixe (2' especializando-se em aquarela. Impressionista, fez sua primeira exposi-
secretária), Rubens Oestroem (tesoureiro), Luís C, Cabral (2° tesoureiro) e ção em 1939 em São Paulo. Expôs suas obras em Blurnenau, pelo Cen-
Elio Hahnemann, Flávio 1. Meirinho e Odete Allora (conselheiros), so- tenário em 1950 e nos anos de 1971 e 1972. Foi várias vezes premiado
mente em 17 de julho de 1986, foram considerados empossados os eleitos
em 9 de maio, sendo também adotada a sigla BLUAP - Associação Blu- 3. Convite de Inauguração.

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no Salão Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e Salão Paulista de 1'0, escultura em madeira, bronze e mármore, partiu à procura de uma
Belas Artes (medalhas de ouro, prata e bronze), tendo quadros em gale- nova matéria". O cristal, a nova matéria, é moldado por Elke de uma for-
rias de colecionadores particulares do Brasil e do exterior (França, Alema- ma magistral, a partir da bola pastosa que sai do fomo com aproximada-
nha, Inglaterra, Itália, Libano, Israel, Estados Unidos e Canadá) e obras mente 1.600°C. Elke é apoiada na sua obra criativa e belissima pela
adquiridas pelo Conselho de Orientação Artistica de São Paulo, que figu- Cristais Hering.
ram em Repartições Públicas. Em 1947, participou da "Exposição de Pin- illLIETA WIEDERKEHR BRÜNING, radicada em Blumenau,
tura", organizada pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro, homenageando nasceu em Jaraguá do Sul em 1929. Fez seus primeiros estudos no Colé-
o Centenário de Bogotá (Colômbia). Participou como membro do júri em gio Maria Auxiliadora de Rio do Sul.. Suas obras inicialmente acadêmicas
várias exposições oficiais (São Paulo, Marilia, Santos, Taubaté e São Ber- receberam influência impressionista do seu professor de pintura Reynaldo
nardo do Campo), tendo obras nas pinacotecas de Jundiai e São Carlos. Manske. A primeira exposição de Julieta foi em 1979, no Tabajara Teiis
Foi fundador da Assoc.i.ação Paulista de Belas Artes. Manteve escola de Clube. Em 1980, na Mostra de Artes Plásticas do Século XX, promoção
aperfeiçoamento artistico em São Paulo e em Blumenau. Faleceu em da Associação de Desenho e Artes Visuais - Ministério da Educação e
1980. Cultura e Fundação Nacional de Arte do Rio de Janeiro, obteve Medalha
ELKE HERING - nasceu em Blumenau em 1940. Em 1957 estu- de Bronze, e no mesmo ano obteve também Menção Honrosa no I Salão
dou em Blumenau com o professor Lorenz Heilmair.. Na Alemanha (1958- Nacional de Artes Plásticas "Alberto Santos Dumont" - Museu da Aero-
1960) com o professor Anton Hiller, e com bolsa do DAAP (1966) com o náutica - São Paulo. Em 1981, no IV Salão de Artes Plásticas de ltu (SP),
professor Robert Jacobsen, ambos da Academia de Belas Artes de Mitip- recebeu o prêmio Mérito Artistico e no mesmo ano, no II Salão de Artes
chen. Com bolsa do DAAP (1966) na Escola de Belas Alies de Berlin. Es- Plásticas "Alberto Santos Dumont" - Circulo Militar de São Paulo, o prê-
tagiou na Bahia (1962) com o professor Mário Cravo Júnior.. Realizou sua mio de Participação. Em 1985, no XXI Salão Feminino - Sociedade Bra-
primeira exposição individual em 1964, no Centro Catarinense do Rio de sileira de Belas Artes do Rio de Janeiro, recebeu Menção Honrosa. Além
Janeiro. Seguiram-se individuais em São Paulo, Florianópolis e Blume- de expor em Blumenau e Joinville, São Lourenço (MG) e Franca (SP), ex-
nau. Em 1959, Elke Hering recebeu Menção Honrosa pela Academia de pôs entre outras em 1982 e 1984, em São Paulo, pela Associação Interna-
Belas Artes de München - Alemanha. Em 1965, Medalha de Bronze no I cional de Arte - UNESCO, ria VI e VIIII Exposição Cultural dos
Salão de Arte Contemporânea de Campinas (SP) e no mesmo ano Meda- Imigrantes, Pavilhão da Bienal em São Paulo. Em 1987, expôs no Rio de
lha de Ouro no XXII Salão Paranaense de Belas Artes. No II Salão de Janeiro na I Mostra de Artes Plásticas Brasil - Holanda, promoção da As-
Artistas Jovens - ESSO - MAM do Rio de Janeiro (1968) recebeu o prê- sociação do Consulado dos Paises Baixos, da KLM Cia. Real Holandesa
mio Aquisição e em 1977, no XXXIV Salão Paranaense de Artes de Curi- de Aviação e do Centro de Cultura José Marti de Arnsterdam, Em 1987,
tiba, Aquisição Escultura. O prêmio UNIS SANTA - Escultura da participou ainda da I Mostra. de Arte Contemporânea Brasileira em Nice,
Universidade Federal de Santa Catarina em 1971, coube a Elke Hering. Côte D' Azul' - França. Suas obras fazem parte de colecionadores particu-
No II1 Salão Jundiaiense de Arte de Jundiai (SP), obteve em 1972 o pri- lares no Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Paraguai e Peru. Segundo o
meiro prêmio de Pintura. Em 1972, na Pré-Bienal de São Paulo, obteve critico Lindolf Bell, Julieta W. Brming se caracteriza "pela busca de 1/111
Referência Especial e no Salão Chapecoense de Arte, em 1984, o primei- impressionismo com temas brasileiros".
ro prêmio Escultura. É de autoria de Elke Hering a escultura "Colete Es- RUBENS OESTROEM - nasceu em Blumenau em 1953. Estudou
pacial", localizada no final da rua XV de Novembro em Blumenau e que pintura com Kurt Boerger (1968-1969). Escultura com Elke Hering (1970-
foi inaugurada no dia 1° de dezembro de 1979. Possui obras em Museus e 1973). Gravura na Academia de Artes de Düsseldorf (1976-1977). Pintura
Coleções Públicas. Em coleções particulares em Santa Catarina, Paraná, e Litografia na Escola Superior de Artes de Berlin com Kaminski, Max G.
São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Brasilia, Pernambuco, Ba- Koberling, Bernd, Gonschoir Kuno, como Mestrado (1978-1983). Sua pri-
hia, Minas Gerais, Argentina, Alemanha, Estados Unidos, Israel e França. meira exposição individual foi em 1973 no Teatro "Canlos Gomes" de
Ao referir-se à obra de Elke Hering, que é uma artista completa, Blumenau, destacando-se ainda as realizadas na FURB (1974), Galeria
disse Sabina de Libmann: "Dominando petieitemente o desenho, a pintu- Municipal de Alie (1979) e Galeria A~-AçlC (1984). No MASC em Flo-

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rianópolis (1979), Museu de Arte de Joinville (1986) e Salão de Alie Para- E no Salão de Arte Contemporânea da Prefeitura Municipal de São José
naense (1987). Expôs na Alemanha, em Berlin, no Consulado do Brasil do Rio Preto em São Paulo, o Troféu "Prefeito Municipal Manoel An-
(1981). Três Pintores da HOK na Quergalerie (1982). Galerie Artwork tunes". Além de expor em Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Mi-
(1983 e 1985). Galerie Pfeifenberger "Waschsende Farbrhythmen" (1985). nas Gerais e Rio Grande do Sul, expôs em 1987, na I Mostra de Arte
Pintura Mural Naunynstrasse 65 (1986). Participou na Europa em 1977 da Brasil-Holanda no Centro José Marti em Amsterdam - Holanda. Na I
exposição Novos Artistas em Gütersloh e da Colejiva em Djjsseldorf Em Mostra de Arte Brasil-Holanda no Centro Cultural Kastell Oussen, Rotter-
1980 da Freie Berliner Kunstausstelluhg. Em Oarmstadt em 1981 da Neue dam - Holanda. Na 13th International Independente Exhibition of Prints in
Darmstadter Sezession. Participou em 1981 no "Kunstquartier (artistas es- Kanagawa'87 - Japão. Exposição Coletiva de Artes Plásticas em La Paz -
trangeires em Beslin) e da FBK em 1981 e 1983. Em 1985, da exposição Bolívia, no Instituto Nacional de Arqueologia. Em 1988, participou da
"Oie, die Heute von Heute sind, sind Morgen von Gestern", no Kunstquar- Mostra de Arte Brasileira' - Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa
tier - Ackerstrasse - Berlin, e no mesmo ano "Tempera- Touren" Galerie 9 - Portugal.. Possui obras em coleções particulares do Rio de Janeiro, São
bis 9 - Berlin. Além das exposições na Alemanha, participou em 1982 em Paulo, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Suiça.
Oslo - Noruega, da "Unge Kunstneres Samfund". Expôs em Florianópolis ROSI MARIA_ DARIUS nasceu em Blumenau em 1942. Inicial-
em 1972, quando recebeu a Medalha de Bronze na exposição do Sesqui- mente dedicou-se à música e à poesia. Anos mais tarde, como autodidata,
centenário da Independência. Participou de exposições em Blumenau, São se projetou nas artes .plásticas dominando a aquarela. óleo, crayon, giz e
Paulo, Londrina, Brasília, Lages, Curitiba, Joinvillé, São Francisco do Sul, nanquim, A eclosão nessa área levou-a a estudar seis meses com Reynaldo
Porto Alegre e Rio de Janeiro, onde foi premiado em 1986, no IX Salão de Manske para aperfeiçoar-se. Desde sua primeira exposição individual, rea-
Artes Plásticas. - "... Oestroetn exprime-se naturalmente onde beleza, fQ,r;-, lizada em Timbéo em 1972, Rosi Maria Darius, que inicialmente pintava
ça e reflexão se estruturam" (Lindolf Bell]. nas horas de folga, realizou até 1988, vinte e duas exposições individuais e
ARIAN GRASMÜCK - nasceu em Blurnenau em 1962. Estudou oitenta e duas coletivas. No ano de 1972 ainda realizou uma exposiçao In-
Desenho, Aquarela, Pintura e Xilogravura com Ivoni G. Oeschamps, Lo- dividuai em Balneário Carnboriüi Em 1974, realizou individuais em Lon-
rena von Wiegan Karazinski, Iraê A. H. Reichow, André Luis Fischer, drina e Maringá, ambas no Paraná. Em Blumenau realizou individuais na
Hilda F. dos Santos Gelhardt, Luis Carlos Cabral, Elia Hahnemann, Vara Galeria Açu-Açu (1975); FURB (1979); na Escola de lOe 2° Grau Barão
Guasque e Rubens Oestroern. Em 1986, no VI II Salão de Marinas promo- do Rio Branco (1979, 1980, 1981, 1982 e 1985); Galeria Municipal de
vido pela Sociedade Brasileira de Belas Artes do Rio de Janeiro, recebeu Arte (1980); Imobiliária Unserheirn (1986) e no Teatro "Canlos Gomes"
Menção Honrosa. Recebeu a mesma premiação em 1987, no XXXI Salão (Eu amo Blumenau em 1988). Levou suas individuais para São Paulo,
Valenciano de Artes Plásticas - Academia Valenciana de Letras em Va- onde expôs no Clube Transatlântico de São Paulo (1980); Galeria do Ban-
lença (RJ) e no XXII Salão de Maio, promovido pela Sociedade Brasileira co ItaÚJ (1981) e Clube Atlético Paulistano (1982). Em Curitiba (PR) ex-
de Belas Artes (RJ). O ano de 1987 premiou o jovem artista Arian Gras- pôs no SENAC (1980). Em 1986 expôs no Salão Nobre da Prefeitura
mãck com Medalha de Prata no II Salão de Verão Angra dos Reis - Municipal de Pomerode e em 1987 na Festa Pornerana, Em 1988, em
AAPP (RJ) e no III Salão de Artes "Armando Vianna" - Academia Brasi- Timbóo expôs no Clube Atlético Guairacás e em Jaraguá do Sul no Clube
leira de Letras, do Rio de Janeiro. E na I Mostra de Arte Contemporânea Atlético Baependi. Participou de coletivas em Santa Catarina em Blume-
Brasileira em Nice, Côte O' Azur, França, recebeu a Grande Medalha de nau, Florianópolis, Itajaí, Chapecó, Brusque, Gaspar, Balneário Camboruà
Prata. Recebeu Medalha de Bronze na I Bienal Internacional "Anuário Joinvillé e Jaraguá do Sul.. Em Caxiás do Sul (RS); São Bernardo do Cam-
Latinoamericano de Artes Plásticas" em São Paulo, e no XXXII Salão Va- po (SP); São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1982, no 1 Salão de Alies Plásti-
lenciano de Artes Plásticas - Academia Valenciana de Letras em Valença, cas em Chapecó, obteve o prêmio Aquisição e em 1988 participou da
Rio de Janeiro. Em 1988, no III Salão de Verão - Prefeitura Municipal _ coletiva "Grande Salão de Inverno na Bélgica". Para a sede de Exportação
AAPP de Mangaritiba, Rio de Janeiro, recebeu Medalha de Bronze, rece- da Cia. Souza Cruz, confeccionou, 'em 1980, um painel (2,73 m x 1,43 m)
bendo a mesma premiação no XVIII Salão de Artes Plásticas Baptista da sobre a Cultura do Tabaco. Sobre suas aquarelas se expressou o critico de
Costa - Sociedade Brasileira de Belas Artes em Petrópolis, Rio de Janeiro. artes Lindolf BeLti "É nesta técnica que a alma inteira de Rosi Darius se

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transporta à tela". Atualmente se dedica exclusivamente à sua arte, desta- em Blumenau na Casa do Artista (1975); BLUSA (1976); Teatro "Carlos
cando-se a reconstituição de paisagens e locais históricos através de pes- Gomes" (1981 e 1983) e Galeria A~-AçlC (1988). No Paraná expôs na
quisas e colorações especiais, obras a que dá um cunho de sonho e magia. Nina Galeria de Londrina (1974); no Museu Guida Viam de Curitiba
Em 1980, ilustrou o livro "Blumenau e sua História". (1981) e no Instituto Goethe de Curitiba (1985). No Rio de Janeiro, na
MARIA EDITR POERNER, a artista fascinada pelas cores oriun- Maison de France (1977) e na Galeria Macunaíma - FUNARTE (1980).
das da vitrificação - "a arte dojogo", nasceu em Blumenau em 193 I: Ini- Em Brasília, na Câmara dos Deputados (1984). Em Indaial (1984). Na Ga-
ciou seus estudos de cerâmica com o Professor Djalma de Vicenzi no Rio leria do Parque da Citur em Carnboriút no II Acampamento Ecológico em
de Janeiro- (1959-1960). Foi bolsista da Aliança Brasileira para o Progres- Itajaí e no Espaço da Antiga Agência Bamerindus em Lages (1985). Parti-
so com estágio na Matarazzo para adquirir técnicas de padronagem para cipou de coletivas em Florianópolis, Joinville, Rio do Sul, Itajaí, Lages,
estamparia. Em 1963, começou a trabalhar na Artex, onde lançou as toa- São Francisco do Sul, Carnboriút Brusque, Chapecó e Blurnenau em Santa
lhas pintadas à mão, dirigindo o setor de pintura têxtil (toalhas para expor- Catarina. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e
tação). Estagiou na Porcelana Condessa, porém mais tarde, dedicou-se aos Caxias do Sul (RS), Montes Claros (MG) e São Bernardo do Campo em
trabalhos com argila. Sua cerâmica é contemporânea. Em 1973, participou São Paulo. Em 1982, coordenou o laboratório de metal gravado no Con-
do vm Festival de Inverno em Ouro Preto (MG), onde cursou Cerâmica e gresso de Pedagogia Frainet em Torino - Itália. Lindolf Bell, o crítico de
História da Cerâmica com o professor Júlio Alvar. Ao regressar, foi convi- arte, escreveu sobre Guida Heuer: "Incorporando ao material antigo (co-
dada a lecionar Cerâmica no Curso de Educação Artística da FURB. Em bre, latão) a novlssima expressão dajormica, o conhecimento plástico se
1975, realizou sua primeira exposição individual em Blurnenau na Galeria enriquece e a revisão da identidade do artista se amplia". Guida Heuer
Açu-Açu, e em 1988 no saguão da FURB. Em 1982, expôs em Torino _ foi diretor do Centro de Cultura de Blumenau, promovendo na sua gestão,
Itália, no Congresso de Pedagogia Frainet.. São destaques entre as coleti- além de exposições de artes, o I Festival de Teatro Amador de Blumenau,
vas: no Rio de Janeiro, no Salão da Sucursal de "O Globo" - Copacabana, Festival de Teatro Infantil, Blumenália, Domingo na Praça e Projeto Pi-
em 1959, e no Clube de Decoradores do Rio de Janeiro - "Rio Antigo" xinguinha.
(1964). Em Curitiba (PR), no Salão de Exposições do BADEP - A Alie da ODETTE T. L. ALLORA, radicada em Blumenau desde 1976,
Cerâmica (1980). Em Blumenau, no Teatro "Carlos Gomes", participou da nasceu em São Paulo em 1935. Em 1981, participou da mostra Valores
I Coletiva Barriga Verde de Esculturas e Objetos (1980), e Exposição de Novos, na Galeria Municipal de Arte de Blumenau, No mesmo ano, expôs
Três Importantes Artistas de Santa Catarina (1981). Participou da Ig Ex- em Balneário Carnboriúu na "Pan Arte" e em São Bernardo do Campo (SP)
posição G lobal de Artes em Chapecó (1980). Em São Bernardo do Cam- na Exposição de Arte Catarinense. Participou em 1982 do Festival das
po, em São Paulo, da Coletiva de Blumenau - 11 artistas e um poeta, no Mulheres nas Artes (Se), expondo também em Florianópolis e Joinville.
saguão do Anfiteatro Cacilda Becker (1981). Para a Cremer S/A, partici- Ainda em 1982, Odette Aliara participou da Exposição de Arte Modema
pau do Calendário com Motivo Artístico - obras de seis Artistas Plásticos promovida pela UNESCO em Torino - Itália. Em 1983, expôs "batik" na
Naturais de Blumenau (1984). Feira de Cultura Brasileira no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera de
GVIDO REVER, ex-aluno do professor Ludwig Emmerich, nas- São Paulo.
ceu em Blurnenau em 1956. Autodidata em metais, os desenvolveu a par- Ao lado dos que marcaram presença no exterior, Blumenau conta
tir de conhecimentos básicos adquiridos do seu avô Johannes, dono de com 'artistas dignos dos maiores encômios, tal a beleza, a concepção e a
uma fundição na Ponte do Salto. Iniciou seu trabalho a partir do artesanato criatividade das suas obras.
de jóias, que ampliou passando para o metal gravado. Atualmente seus tra- FRAYA GROSS, nascida eÍn BIumenau em 1916, estudou cerâm i-
balhos mais importantes são os desenvolvidos para a arquitetura. Em ca com o professor Ângelo Tanzini no Rio de Janeiro. Por volta de 1968,
1971, realizou sua primeira exposição de jóias na Galeria A~-Açlt. de realizou sua primeira exposição na Galeria Atrium em São Paulo, partici-
Blurnenau e em 1972 no Colégio Pedro II. Em 1973, expôs gravuras na pando também de várias coletivas na Galeria Açu-Açu em Blumenau.
Galeria A~-Açái e no mesmo ano participou da Coletiva de Artistas Plás- Suas cerâmicas, criadas como "hobby", são raras e famosas. Elaborou pai-
ticos de Blumenau na Reitoria da UFSC. Realizou exposições individuais néis de azulejos, lajotas e tijolos, alguns para a Cia. Hering em Blumenau,

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Hering Nordeste e particulares. São famosas suas máscaras de barro que George Pornpidou - Paris, França e Saint Honore Papier em Marburg -
são queimadas e depois de decoradas, novamente queimadas. Utiliza forno Alemanha. Em 1977, realizou sua individual na Galeria Verde Vale de Ita-
à lenha. jai., Da sua participação em coletivas destacam-se a Coletiva de Artistas
ALBERTO LUZ, o conceituado artista blurnenauense, nasceu em Riosulenses (1967); Salão de Artes Plásticas da Ilha de Santa Catarina
Blurnenau em 1930. Autodidata, projeta sua criatividade através de óleo (1972); Salão da Mulher, em Blumenau (1975); Arte de Blurnenau em
sobre tela, escultura, gravura e colagens. Em 1965, no Salão Pró-Alie Florianópolis no Centro Bom Abrigo, e da Coletiva Barriga Verde, em
Nova de Blumenau.. obteve o prêmio de Pintura e em 1979 em Carnboriú, Blumenau em 1976. Em 1977, além de obter o 3° lugar no Salão Univer-
no Salão Panorama Arte Catarinense, o prêmio Aquisição. Participou em sitário da FURB, participou também da coletiva "Mulher, Visão do Artis-
1980 do I Salão de Objetos e Esculturas de Blumenau. Em 1981, do IV ta", no Museu de Arte de Joinville. Participou em 1978 da Arte Barriga
Salão Nacional do Rio de Janeiro, e do XXXVIII Salão Paranaense de Cu- Verde na Domus Galeria (SP); Artistas Blumenauenses no Museu de Arte
ritiba. Em 1982, no I Salão de Arte de Chapecó, obteve o prêmio Aquisi- de Joinville e Sala de Exposições do BADEP em Curitiba. Em 1979, do
ção. Sua primeira exposição individual foi na Galeria Açu-Açu de Salão de Arte Erótica na Galeria de Arte Aplicada (SP) e 10 Artistas Cata-
Blurnenau em 1977. No mesmo ano expôs na Galeria Lascaux de Joinville rinenses em Porto Alegre (RS). Em 1980 participou da Coletiva de inau-
e em 1978 na Diretoria de Assuntos Culturais de Curitiba (PR). Participou guração da Dornus Galeria de Arte de Florianópolis. Em 1981 da Pan' Arte
de coletivas em Blurnenau, Joinville, Florianópolis, Curitiba, Trajai, Brus- em Balneário Camboriú.t e em 1983 da exposição Artistas Catarinenses no
que, Gaspar, Chapecó, Camboriiu Caxias do Sul e POJ;to Alegre (RS), São Teatro Guaira de Curitiba (PR). Em 1984, da Arte de Santa Catarina na
Francisco do Sul, Londrina (PR), São Paulo e Rio de Janeiro. Destacando- Fundação "Armando Alves Penteado", de São Paulo e da Galeria Curt
se em 1978, a exposição Artistas Catarinenses, na Galeria Dornus em São Schtoeder de Rio do Sul na exposição Artistas Plásticos do Alto Vale. Em
Paulo e Artistas de Santa Catarina na Galeria da FUNARTE no Rio de Ja- 1986, da exposição" 111 Artistas pela Paz", promovida pela Associação
neiro. Em 1979, em São Paulo, expôs em Cinco Séculos de Arte Brasileira Catarinense de Artistas Plásticos, e da Mostra de Arte Latino-Americana
no MASP, e EROS - Mostra de Arte Erótica, na Galeria de Arte Aplicada. em Roterdam - Holanda em 1987.
Em Porto Alegre participou da mostra, 10 Artistas Catarinenses. Em 1981, REYNALDO WILMAR PFAU nasceu em Blurnenau em 1949.
do Projeto Catarinense em São Bernardo do Campo (SP) e em 1984, da Fez Licenciatura em Educação Artística pela FURB; Desenho Artistico e
Arte de Santa Catarina na Fundação Armando Álvares Penteado em São Publicitário no Instituto Técnico de Blumenau e aulas de Desenho com
Paulo. Em novembro de 1988, realizou uma Retrospectiva na Galeria Mu- Karl. Sarurnet de Blumenau, É desenhista, pintor e entalhador. . Em 1971,
nicipal de Me. Possui obras em coleções particulares no Paraná, Santa realizou sua primeira individual no Museu de Arte de Santa Catarina. Par-
Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraguai, Alemanha e França. Das ticipou de Coletivas de Artes Plásticas Barriga Verde em Blumenau de
publicações e criticas sobre sua obra, destaca-se a critica de Adalice Araú- 1970 a 1974 e 1976. Participou em 1972 da exposição Artistas Catarinen-
jo, da Associação Internacional de Criticos de Arte - liA borboleta, seu se na FURB; em 1974 da Exposição Sesquicentenário da Imigração Ale-
símbolo constante, é segundo a moderna psicologia símbolo do renascer. mã realizada em Blurnenau, Em 1975 expôs na PROEB .. Em 1977 da
Já entre os astecas, • significava alma ou sopro vital que escapava da boca coletiva "Abertura 77", promovida pela Galeria Açu-Açu de Blurnenau.
do agonizante", I Na FURB, participou em 1977 do Salão Universitário e Concurso de Car-
Apesar de residir em Rio do Sul, onde nasceu em 1949, LYGIA tazes, obtendo o 10 lugar; em 1979 da Exposição 15 Anos da FURB e em
HELENA ROUSSENQ NEVES participa dos eventos artisticç-culturais 1980 da Mostra de Objetos, Pinturas e Desenhos. Na Pan' Arte realizada
de Blumenau desde a época em que mantinha o seu atelier, onde ministra- em 1981, em Balneário Camboriúu obteve o r lugar e no Festival de In-
va aulas para muitos dos atuais artistas plásticos blumenauenses. Formada verno de Itajaí, Menção Honrosa, No mesmo ano participou da Exposi-
em Direito pela FURB, pintora, fez o Curso Livre de Artes Plásticas pelo ção Rio Itajaíi Açu na Visão do Artista, promoção da Galeria Municipal de
Instituto de Belas Artes de Porto Alegre. Além de estudos de arte com Artes de ltajaí.. Em 1983, participou da Coletiva de Verão no Teatro "Car-
Elke Hering e Carlos Scliar em Blumenau e com Silvia Regina Pucci de los Gomes".
São Paulo e Silvio Pléticos de Florianópolis, fez cursos no Centro Cultural EDLA LEONORA_ PFAU nasceu em Blumenau em 1938. Autodi-

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data, é pintora, entalhadora e artesã. São famosos seus vasos entalhados partir de 1977, de exposiçoes coletivas em Blumenau, Brusque, Gaspar,
em bambu e as máscaras. Em 1975 realizou individuais, na Galeria Açu- Jaraguá do Sul e Joinville. Sua primeira individual realizou-se em 1986,
A~ e Sociedade Ipiranga em Blumenau. Participou de coletivas: 1971 na no Teatro "Canlos Gomes", em Blumenau. Iraê destaca-se pela expressiva
Galeria A~-Açn em Blumenau; 1972, Sete Artistas de Santa Catarina no participação em leilões.
SESI (SP) e Artistas Blumenauenses na FURB. De 1972 a 1976 participou JANETE M. DALLABONA nasceu em Rio dos Cedros em 1954.
das coletivas . "Barriga Verde", em Blumenau; 1973, Artistas de Blumenau Radicada em Blumenau, ministra cursos de artesanato, pintura em tecido,
na UFSC. Em 1974, participou das exposições Arte Blumenauense em cerâmica, madeira, gesso, vitral, veludo, papel camurça, pedra e porcelana
Londrina (PR); Coletiva Catarinense na Galeria Oca (SP); Artistas Catari- fria; montagem de bichos de pedras e pirógrafo. Adquiriu a sua formação
nenses no IBEU - Curitiba (PR) e Sesquicentenário da Imigração Alemã profissional em Artesanato, Pintura, Desenho, Escultura e Cerâmica, nos
no Teatro "Canlos Gomes" em BIumenau. Em 1976, na Galeria Lascaux mais diversificados cursos de formação ministrados em Blumenau, Porto
de JoinvilIe e Arte Barriga Verde na Maison de France (RJ). Em 1977 ex- Alegre (RS), São Paulo, Uruguaiana (RS), JoinvilIe e nas Ruinas de São
pôs na Galeria Verde Vale de Itajai; Coletiva "Abertura 77", na Galeria Miguel (RS), inclusive um curso de Criatividade na Escola de Artes "Fritz
Açu-Açu; Galeria "Victor MeirelIes" em Florianópolis e Pan' Arte no Bal- Alt", de Joinville, ministrado por Frayga Ostr:ower em 1986. Foi premiada
neário Carnboriüt Participou em 1978 da exposição "14 Artistas e 1 Poe- no concurso Esculturas: em Areia - Itajai (1980, 1982, 1984 e 1985), ob-
ta", no Museu de Arte de Joinville e Arte Barriga Verde no BADEP em tendo ainda o 2° lugar no II Concurso Guiacozinha da Editora Abril (SP).
Curitiba (PR). Em 1979, da Coletiva no Teatro "Carlos Gomes" de Blu- Em 1979, participou em São Paulo do I Salão Brasileiro de Me, receben-
menau e em 1980 da G lobal de Me Catarinense no Studio de Arte em do em 1984, o prêmio PirelIi de Pintura Jovem em São Paulo. Participou
Florianópolis. Em 1982 do Salão Chapecoense, onde obteve o prêmio de exposições atinentes à área em que milita, em Blumenau, Timbó, Join-
Aquisição e da coletiva na Galeria A'fll-AçlC de Blumenau. Participou da ville, Itajaí, Balneário Camboriúu Brusque e São Paulo, destacando-se a
Exposição de Verão no Teatro "Canlos Gomes" e Galerie-AçmAçuc e em Mostra dos Novos em JoinvilIe em 1979; n Salão Catarinense de Novos
1984 da Me de Santa Catarina na Fundação Armando Alves Penteado Artistas em Florianópolis (1981); I Feirão de Me e Artesanato em Brus-
(SP). que em 1983; da exposição realizada na FECART em Camboriúu em 1984
EGENOLF THEILACKER nasceu em Timbó em 1941. Estudou e em 1986 da "Arte ao Cubo", realizada no Teatro "Carlos Gomes" de
com Reynaldo Manske. Desenhista e pintor, em 1976 participou da Casa Blumenau.
do Mista de Blurnenau, da Coletiva de Artes Plásticas "Barriga Verde" de ORLANDO FERREIRA DE MELLO, radicado em Blumenau
Blumenau e Museu de Me de Caxias do Sul (RS). Em 1977, da Coletiva desde a década de quarenta, nasceu em Florianópolis em 1922. Autodida-
realizada na Galeria "Victor Meirelles'', em Florianópolis. Em 1978, da ta, impressionista, freqüentou Atelier de Pintura e a Sociedade Brasileira
Coletiva no Museu de Arte de JoinvilIe. Participou em 1980 da Coletiva de Belas Artes no Rio de Janeiro, Possui desenhos e aquarelas em coleçõs
na Galeria de Me Verde Vale em Itajai.. Nos anos de 1980, 1981 e 1982, es particulares no Brasil e Alemanha. Realizou individuais na FURB em
no Salão Paulista de Belas Artes de São Paulo e em 1983 da Coletiva de 1979 e 1986. Participou de coletivas em Florianópolis (Assembléia Legis-
Verão no Teatro "Canlos Gomes" de Blumenau. lativa e MASC).I Expôs em Blumenau, Curitiba, São Paulo e Rio de Janei-
lRAÊ A. H. REICHOW, radicada em Blumenau, nasceu em Rio ro. Recebeu Menção Honrosa em desenho no Salão Nacional de Belas
do Sul em 1944. Iniciou seus estudos em 1970 com aulas de desenho mi- Artes no Rio de Janeiro. É professor da FURB.
nistradas por Miguel de Barba, Elke Hering e mais tarde Silvio Pléticos. SUELI BEDUSCHI nasceu em Ibirama em 1943. Fez seus primei-
Estudou pintura com Lygia Roussenq Neves e com o professor Diniz em ros estudos com Reynaldo Manske e Modelagem com Miguel de Barba.
Itajai.. Em 1977 realizou pesquisas de desenho e pintura com Lazzarini no Desenhista, escultora e pintora, faz máscaras e estandartes que considera
Rio de Janeiro, fazendo as mesmas pesquisas em São Paulo, e em 1985 arte nativa ou arte-objeto. Participou de Coletivas de Artes Plásticas: "Bar-
com Augusto Rodrigues e Rogério Teruz no Rio de Janeiro. Participou em riga Verde" de 1972 a 1974 e 1976. Realizou sua primeira individual de
1982 do Cursinho Estagiário de Pintura - "Impressionismo", na Escola pinturas na Galeria A'fll-AçlC em 1974. Participou em 1979 da coletiva
Cândido Pottiuari, com o professor Camol, em São Paulo. Participou, a Memorial "Eduardo Dias", na Assembléia Legislativa de Santa Catarina;

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na Pan' Arte em Balneário Camboriú recebeu o prêmio Escultura e no Sa- Em 1984, ilustrou o poster-poema de Lindolf Bell .. Em Blumenau, reali-
lão Paranaense de Curitiba o Prêmio de Pintura. Em 1980, com Elke He- zou exposições individuais em 1980, 1981 e 1987 na Galeria Municipal de
ring, EJi Heil e Jandira Lorenz, participou da exposição "Quatro Damas da Arte; em 1983 no Teatro' "Cardos Gomes" e em 1984 e 1986, na FURB.
Arte Catarinense", no Museu de Arte de Joinville e Museu de Arte de San- Entre as coletivas destacam-se a Coletiva Telomar/Cao IIering, no Teatro
ta Catarina. Em 1981, no Festival de Inverno de Itajaí, obteve Menção "Carlos Gomes" (1982); I Coletiva de Verão na Galeria Açu-Açu (1983);
Honrosa, participando no mesmo ano, como convidada, do Salão Nacio- Coletiva dos Artistas do Vale do Itajai em Joinville (1985); Coletiva
nal do Desenho em Curitiba. Representou em 1982 Santa Catarina no I MASC em Florianópolis (1988), além de leilões em Blumenau, Joinville,
Festival de Mulheres nas Artes (SP). Foi premiada no Concurso da Inter- Criciúma, Florianópolis, Rio do Sul e Chapecó. Ilustrador da Agência Di-
pretação de "A Primeira Missa no Brasil", promovida pelo Museu de Arte recional Propaganda, venceu o concurso promovido pela TELES C e LIS-
de Santa Catarina; fez a cenografia das peças "Zumbi dos Palmares", no TEL (A B C - Abril Listas Telefónicas S. A. - Listei) para ilustrar a capa
Teatro "Álvaro de Carvalho", e em 1984, para a peça "Vale das Bonecas", da Lista Telefónica de 1987/1988 do Vale do Itajaí, e a Lista de Florianó-o
no Teatro Guaira de Curitiba (PR), participou do Salão Universo Ferroviá- polis e São José, com endereços/mapas/compras & serviços para 1989.
rio em Tubarão, onde recebeu o primeiro Prêmio de Pintura, e Pan' Arte Em "Nossa Capa" da Lista Telefónica do Vale do Itajaí, está inserida uma
Pintura, itinerante promovida pelo Museu de Arte de Santa Catarina. Em pequena biografia de Telomar com referências ao seu trabalho no mundo
J985, realizou individual no Museu Guida Viaro de Curitiba (PR). Em da propaganda e premiações, dizendo ainda que o "artista tem atração por
1986, participou da Perspectiva Catarinense, integrada por sete artistas, flagrantes e detalhes colhidos ao acaso. É um eterno pesquisador de téc-
promovida pelo Museu de Alie de Santa Catarina e apresentada em Floria- nicas, e coleciona tudo que tem o sopro da arte".
nópolis, São Paulo e Brasilia. Em 1987, realizou individual no Espaço de ELIO HAHNEMANN, o campeão de vendas, nasceu em Blume-
Arte "José Artur d'Acâmpora", em Florianópolis, e Artistas Catarinenses, nau em 1959. Suas primeiras lições de alie lhe foram ministradas por Dar-
no Museu de Arte de Santa Catarina. ci Boas (1970), Ludwig Emmerich (1973) e nos anos seguintes por
ROI KELLERMANN, nascido em Blumenau em 1943, é autodi- Reynaldo Manske. Estudou desenho artístico, publicitário e perspectiva no
data. Em 1969, fez pesquisas com óleo e guache, continuando suas p-qui- Instituto Técnico Blumenauense. Pintura no Centro de Criatividade da In-
sas em 1976/1981 em pintura geométrica, desenvolvendo também a dústria de Tintas Hering em Blumenau. Estagiou no Atelier de Lygia
técnica do guache. Em 198J, estagiou no Atelier de Lygia Roussenq Ne- Roussenq Neves, e com Silvio Pléticos. No Atelier livre da FURB fez cur-
ves para desenvolver a técnica do Desenho. Participou no mesmo ano do so de Xilogravura com Anna Carolina, curso de Gravura em metal com
curso de Xilogravura. ministrado por Ana Carolina, na FURB, e em 1982 Rogéria de Ipanema e curso de Aquarela com Dircéa Binder, no Centro' de
vez um curso de Desenho com Luis Si, em Joinville. Em 1979, realizou Cultura. de Blumenau. Realizou sua primeira exposição individual de Pin-
sua primeira individual na Habitasul em Blumenau. Participou de coleti- turas e Desenhos no Centro de Cultura de Blumenau, em 1982. Em 1983,
vas: em J978, Mostra dos Novos no Museu de Arte de Joinville; 1979, Pinturas e Aquarelas no saguão da FURB. Em J987, Pinturas e Aquarelas
Galeria Municipal de Alie de Blumenau; J980, Galeria Açu-Açu de Blu- no Teatro "Carlos Gomes" - 15 Anos de Arte" e Exposiçãa de Aquarelas
menau; J 982, Mostra dos Novos na Galeria Municipal de Arte de Blume- no Teatro "Carlos Gomes". São destaques entre as coletivas em 1980, o I
nau e do, Salão Chapecoense. Em 1984 expôs com Pita e Rosely Salão Catarinense de Novos Artistas no MASC de Florianópolis; em 1981
Hoffmann na Casa da Cultura em Itajai.. Em J 985, participou da Pan' Arte a Exposição de Artistas Catarinenses no Teatro Guaira de Curitiba (PR);
Desenho e Gravura, itinerante pelo Museu de Arte de Santa Catarina; 20 Desenhistas Catarinenses e Coletiva de Blumenau "11 Artistas e 1 Poe-
1986, Sete Artistas - Sete Linguagens, na Galeria Açu-Açu; 25 ao Cubo ta", em São Bernardo do Campo (SP); Pan-Arte/81 na CITUR do Balneá-
no Teatro. "Carlos Gomes" e Artistas Blumenauenses na FURB. rio de Carnboriúi Em 19&2, a Coletiva de Artistas Catarinenses em
TELOMAR FLORÊNCIO, autodidata, nasceu em Blumenau em Joinville e V Mostra Anual de Gravura "Cidade de Curitiba'', em Curitiba
1957. Em 1976, obteve o VIU lugar no Concurso Hering de Criatividade a (PR). Em 1983, a Feira de Cultura Brasileira no Salão da Bienal no Parque
nivel nacional.. Ilustrou em 1979 a capa do livro "Os Contos da FURB" e Ibirapuera (SP) e em 1984 Artistas Homenageiam a FURB. Sobre Élio
"Outros Catarinenses Escrevem Assim", ambos pela Editora Acadêmica. Hahnemann, escreveu Vilson Nascimento: "Este pintor pertence àquela

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quase extinta estirpe de artistas plásticos que, através de suas telas, pre- no pelo Instituto Universal Brasileiro em 1981.. Participou do Seminário
servam a beleza das paisagens naturais e o encantamento da romântica e sobre Pintura com Canlos Scliar, na FURB, e do curso de Arte em Geral
prosaica arquitetura desenvolvida na zona rural". pela TEC-ART, na Fábrica de Tintas Hering. É professora de Desenho
ROSELENE MARIA PEIXER (Lena) nasceu em Rio do Sul em e Pintura na Escola de Pintura Professor Ludwig Emmerich desde IOde
1957. Formada em Educação Artistica pela FURB, fez curso de Escultura agosto de 1977. Participa de exposições desde 1970, coordenando ex-
com Elke Hering, Xilogravura com Ana Carolina, modelo vivo com José posições de alunos desde 1977. Na 1 Mostra Coletiva de Arte dos Pro-
Silveira. D' Ávila. Freqüentou o Atelier Livre do Museu Lasar Segall em fessores de Santa Catarina, promovida pela Secretaria de Educação no
São Paulo. No Salão Catarinense de Novos Artistas, obteve em 1981 o Terminal Rodoviário "Rita Maria", de Florianópolis, em 1982, recebeu
Prêmio Aquisição. Participou de coletivas, em Blumenau em 1982, na Menção Honrosa na categoria Desenho. Participa de coletivas da
Exposição Mulheres de Santa Catarina nas Artes Plásticas e Noite de Arte BLUAP desde 1986, mantendo exposiçao permanente e exclusiva no
na Galeria AlflI-Açlt e Teatro "Canlos Gomes". No mesmo ano da coletiva Shaw Roam da ma Sete de Setembro, em Blumenau, onde expõe óleos,
de inauguração da Galeria "Victor Kursancew", de Joinville, e do Salão guache e crayon.
Chapecoense onde recebeu o Prêmio Aquisição, tendo recebido a mesma HANNELORE KLOMFASS nasceu em Blumenau em 1932.
premiação no Festival de Inverno de Itajaí.. Em 1983, participou da Mostra Cursou pintura com André Fischer e Egenolf Theilacker.. Em 1983, parti-
do Desenho Brasileiro, em Curitiba (PR) e da Mostra Catarinense, Eletro- cipou da coletiva de Natal na Galeria Municipal de Alie em Blumenau e
sul, em Florianópolis. Em 1984, da Coletiva de Outono no Teatro "Carlos da coletiva A Arte de Presentear com Arte, na Galeria "Victor Kursan-
Gomes" e da A Arte de Presentear com Arte, na Galeria "Victor Kursan- cew'', de Joinville.
cew'', de Joinville. Em 1985, participou da Arte Jovem Catarinense e Co- CESAR OTACÍUO GOMES nasceu em Pouso Redondo em
res de Santa Catarina, promoção da Associação Catarinense de Mistas 1959. Sua primeira individual de cartazes foi na Galeria Kikriei, de Blu-
Plásticos; Pan' Arte Desenho e Gravura, itinerante, promovida pelo Museu rnenau, em 1982. Entre as coletivas, em 1981 expôs na Pan' Arte em Bal-
de Arte de Santa Catarina. Em 1986 realizou sua individual de Desenhos neário Camboriú e Valores Novos na Galeria Municipal de Arte, em
pela Associação Catarinense de Artistas Plásticos de Santa Catarina. Parti- Blumenau, expondo ainda em Blumenau, Joinville e Chapecó, destacan-
cipou: de Intercâmbio e 111 Artistas pela Paz, do Projeto Sinta Santa Ca- do-se o Rio Itajaí-Açu na Visão do Artista; inauguração da Galeria de Arte
tarina, itinerante. Em 1987, da Coletiva Arte sobre Papel em Balneário "Victor Kursancew", de Joinville; Coletiva de Verão no Teatro "Canlos
Camboriú; Coletiva de Inverno e Coletiva Intercâmbio. Gomes" de Blumenau e Coletiva de Férias na Galeria AlfU-AçlA: de Blume-
GISELA MADUREIRA ZADROZNY nasceu em Guaporé (RS) nau.
em 1957. Autodidata em Desenho e Pintura. Entre as coletivas, participou ERICA BECKER DE ARAÚJO, radicada em Blumenau, nasceu
em 1981 da exposição "Valores Novos na Galeria Municipal de Arte", de em Itajaí em 1943. Formada em Educação Artística pela FURB, cursou
Blumenau; do Festival de Inverno de Itajaí, onde recebeu Menção Honro- Batik e com Ana Carolina no Rio de Janeiro Xilogravura. Com Dircéa Bi-
sa. Em 1983, da Coletiva de Verão no Teatro "Carlos Gomes". Em 1984, nder e Élio Hahnemaun estudou Aquarela. Pintura com lraê Reichow e
do Salão Chapecoense; da exposição Jovem Arte Sul América em Curitiba Rubens Oestroem. Participou de exposições a partir de 1983 em Blume-
(PR); Nove-Artistas do Vale do Itajaí na Galeria "Victor Kursancew", em nau e Joinville, e em 1986 do Ir Salão "Alcy Ramalho Filho", de Artistas
Joinville. Nos anos de 1984 e 1985, das Coletivas de Verão e de Natal no Plásticos de Curitiba (PR). Recebeu Medalha de Prata no Salão Aquarela
Teatro "Canlos Gomes". No Festival de Inverno de Itajaí em 1986, recebeu Brasileira de Artes Plásticas realizado em 1988, em São Paulo, promovido
Menção Honrosa. Em 1987, do I Salão Nacional de Artes de São Paulo e pelo Núcleo de Arte e Cultura Nova Era.
Rio Grande do Sul, onde recebeu Medalha de Bronze. GUDRUN VON DER HEYDE nasceu em Blumenau em 1943.
HILDA FERREIRA DOS SANTOS GELHARDT nasceu em Estudou Pintura com Rosi Maria Darius em Blumenau em 1972 e Dese-
Blumenau em 1936. Estudou Desenho e Pintura com o professor Ludwig nho e Pintura com Dircéa Binder em Florianópolis em 1978. Aperfeiçoou-
Emmerich de 1970 até 1976, no Conjunto Educacional Pedro II, e aulas se em Pintura com Theilacker. . Sua primeira individual foi em 1987, em
particulares de 1978 até 1982. Fez curso de Desenho Artístico e Publicitá-. Pomerode. Participa de coletivas em Blumenau e Pomerode. Possui obras

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a
em coleções particulares em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, (SP). Exposição Internacional de Desenho em Florianópolis, e XXXVIII
Alemanha, Israel e Uruguai. Salão de Abril, realizado em Fortaleza (CE), onde obteve Menção Hon-
MARIA TERESINHA HEIMANN nasceu em Blurnenau em rosa. Em CuritibaLPR, participou da Curitibana Arte-4.
1954. Formada em Educação Artística pela FURB, participou de vários ELIANA MARIA VON HOHENDORF nasceu em Blumenau
cursos de extensão: Xilogravura com Ana Carolina, do Rio de Janeiro em 1952. Dedica-se à Pintura a Óleo desde 1970. Teve aulas de Pintura
(1981); Gravura e Cerâmica no Atelier Livre da FURB, com José Roberto com Irae A. H. Reichow (1982). Participa de coletivas desde 1983, entre
Antunes (1981/1982); Gravura em Metal com Rogéria, de Ipanema (RJ) e elas, em 1985, da exposição Nove Artistas do Vale do Itajai, em Joinville,
Batik com Ana Maria Conrad e Luiz Acácio de Souza, da Argentina e da Coletiva Sete Artistas - Sete Linguagens, em Blurnenau em 1986.
(1982); estudo e prática de cerâmica sob a orientação de Alberto Cedrón, BEATE FRANK nasceu em Blurnenau em 1954. Mestre em Fisica
da Argentina (1982/1983); pesquisa e estudo de argila na Fábrica de Ma- e professora na FURB. Autodidata, realizou pesquisas de materiais e parti-
nilhas Kretz (1983/1984). Em Joinville, com Frayga Ostrower, curso de cipou do Atelier Livre de José Roberto Antunes. Realizou sua primeira ex-
Criatividade, Arte e Educação no Brasil, Princípios Fundamentais da Lin- posição individual em 1986, no projeto da FURB, "Artistas de Intervalo",
guagem Visual e outros (1986). Realizou sua primeira individual na Gale- onde expôs BA TIK na promoção do Departamento de Promoções Cultu-
ria da Casa da Cultura em Florian<ápolis em 1984, e no mesmo ano, no rais.
VIII Salão Universitário de Alies Plásticas em Florianópolis recebeu o HERVÊ TOMEDI, desenhista criativo, é natural de Trombudo
prêmio de Melhor Trabalho e Prêmio Aquisição pela Cerâmica Portobel- Central, onde nasceu em 1963. Participou de exposições em Blumenau,
lo. Em 1983, participou do I Encontro Nacional de Arte Cerâmica em Brusque, Itajai e em 1987 da Exposição Arte Postal Internacional, no Mu-
Joinville. Participou de coletivas em Blurnenau, Florianópolis, Joinville, seu Riopardense de São José do Rio Preto em São Paulo.
Chapecó e Curitiba (PR). Teresinha Heimann destaca-se pela sua criativi- LÚCIO FELLER nasceu em Canelinha em 1957. Estudou Dese-
dade e a utilização do barro em suas esculturas, compondo belas peças, nho e Pintura com Irae A. H. Reichow e Desenho e Aquarela com Élio
sem eliminar a pureza do material empregado. Sobre suas esculturas es- Hahnemann. Além de participar da Exposição-Recreio Chuvisco Varig,
creveu Lindolf Bell: "... Nasce no espaço da escultura uma inquieta.fe- em São Paulo em 1987, participou de coletivas em Blumenau, Florianópo-
cunda e atual manifestação, longe de alienações. distante de imitações e lis e Tubarão. Possui obras em São Paulo e Santa Catarina.
tendências consagradas oficiosamente". Teresinha Heimann coordena a PEDRO DANTAS RODRIGUES, radicado em Blurnenau desde
Divisão de Promoções Culturais da FURB, promovendo exposições, apre- 1979, baiano de nascimento, o eximio bailarino que, aos 48 anos de idade,
sentações artísticas, lançamentos de livros e outros eventos. desativou o CIDAI (Centro Internacional de Dança e Artes Integradas)
ALFREDO TADEU BITTENCOURT, autodidata, nasceu em para dedicar-se à criação de esculturas em argila, cera e bronze, resultado
Blumenau em 1955. Trabalhou inicialmente em publicidade, com pirogra- de seus estudos na Escola de Belas Artes de Veneza (Itália). Seus traba-
vuras em couro, entalhes e óleos. Em 1978 iniciou viagens pelo mundo lhos estão expostos no CIDA!..
como marinheiro, e ao voltar, no curto espaço de 1986/1988, realizou ex- SÉRGIO ANTONIO DO NASCIMENTO nasceu em Blumenau
posições e recebeu prerniações, Em 1987, realizou sua primeira exposição em 1963. É desenhista profissional da Quadrotex e ilustra poemas e arti-
individual na FURB e no mesmo ano no CCB EU, promoção Galeria Açu- gos para o JSc~.
Açu de Blumenau. Participou da coletiva de Natal de 1986, e das coletivas EGON MOSKORZ nasceu em 1922 em Massaranduba. O primei-
Verão e Inverno na Galeria Açu-Açu, Oktoberfest no Teatro "Canlos Go- ro cantata de Egon com a arte do entalhe na madeira ocorreu quando ele
mes", xuv Salão Paranaense de Curitiba (PR), Salão de Arte Contempo- tinha 13 anos, na marcenaria do seu pai Karl Moskorz, que fabricava ar-
rânea de Recife (PE), Concurso de Artes Plásticas de Montes Claros (MG) mações para carroças com entalhes artísticos. Com Joseph Teichmann, pai
e Natal de 1987. Em 1988, realizou individual na Casa da Cultura em lta- do artista Erwin Teichrnann, teve suas primeiras aulas práticas de entalhe.
jai e Galeria Municipal de Arte em Blumenau, participando da I Mostra de Trabalhou com Johannes Ruoff na fábrica de móveis. Cria móveis, portas,
Paisagem Urbana realizada em Joinville, onde recebeu o prêmio Aquisi- corrimões, abajures com pedestais, pratos de parede com inscrições, mol-
ção. Participou do XVI Salão de Arte Contemporânea de Santo André duras e peças as mais diversas. Utiliza nas suas criações somente madeiras

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nobres (mogno, jacarandá, imbuia e outras), 'envelhecidas por mais de seis bre Propaganda de Varejo (1980) e em 1981, do I Seminário Catarinense
anos. Suas peças, verdadeiras obras de arte, estão espalhadas pelo Brasil, de Rádio como Veiculo Publicitário e I Seminário de Produção Eletrônica,
Argentina, Alemanha e Suécia. Expôs durante o Centenário de Blumenau, É autor do simbolo dos Jogos Abertos de Rio do Sul e do cartaz da I Olim-
FAMOSC, SANTUR, FURB e outros locais. piada Sesiana de Santa Catarina, realizada em Brusque. Vendia quadros
Os filhos Romeu e Carlos criam escudos, carrancas, mamoeiros e pintados em vidro, venceu concursos escolares e teve vários desenhos
outras belas peças. A Pietá, exposta no Viena Park Hotel, de Blumenau, é publicados em revistas de circulação nacional.. Em 1974, começou a
de autoria de Romeu. trabalhar na agência Magna Marketing - Propaganda, em Blumenau,
Entre os artistas de grande gabarito, são fantásticos pela sua criati- dirigindo, após um ano, o departamento de arte e criatividade. Em
vidade e expressividade os trabalhos dos cartunistas, chargistas e quadri- 1976, a convite de Caslos Hering e Osmar Laschewitz, passou a traba-
nhistas. Destacam-se: lhar na Scxba Studio Assessoria e Propaganda. Após participar como
CARLOS HERING (CAO) nasceu em Blumenau em 1948. For- sócio da agência Clarim Comunicações, em dezembro de 1983, fundou
mou-se pela Faculdade dos Meios de Comunicação Social da Pontificia a Melhor Propaganda. Em 1982 conquistou o prermo Profissionais do
Universidade Católica de Porto Alegre (PUe), especificamente em Publi- Ano (Se) como criador e diretor na categoria de Video Tape, e em
I

cidade, Propaganda e Jornalismo. Em Porto Alegre (RS), participou de um 1983, na categoria de Serviço Público Comunitário. Participou vários
curso intensivo sobre a história da "História em Quadrinhos". anos do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP) e do Salão de
Realizou sua primeira exposição in'dividual de Charges e Cartuns Cartum na Alemanha. Tem desenhos selecionados e publicados em li-
em 1979, no Banco Habitasul, de Blumenau. Em 1982, na exposição Telo- vros especiais. Em 1983, surgiram os primeiros esboces do "Vovô
mar/CAO, realizado no Teatro "Carlos Gomes" de Blumenau, expôs De- Chopão", que se consolidou com o contrato com a Companhia Hering
senhos. Além de diversas coletivas em Blumenau, participou em 1979 do para confecção de camisetas e a estréia no Suplemento Dominical "Jor-
Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP), sendo classificado entre nal da Criança", do JSC. Em 1984, o "Vovô Chopão" foi usado como
os dez melhores. Em 1981, participou da promoção da Biblioteca Pública sim bolo da "Oktoberfest".
do Paraná sobre o tema "Humor na Biblioteca". Em Berlin - Alemanha, CARLOS TONET nasceu em Rio do Oeste em 1961. Chargista de
em 1980, foi premiado entre os dez melhores do mundo com o tema renome, iniciou suas atividades quando adolescente e estudante no Colé-
"Deus Jogando Sinuca" (as bolas de sinuca simbolizando planetas e Deus gio das Irmãs Missionárias da Consolata, que não viam com bons olhos os
encaçapando a Terra). Na Bulgária, em 1983, participou do Salão Bienal desenhos de Tonet, que para as pudicas freiras, que se queixavam à sua
Internacional de Humor e Sátira na Arte", e em Tóquio - Japão do Salão mãe, não passavam de pornográficos (mulheres desnudas). Em 1986, co-
Japonês de Humor, promovido pelo "Youmiuri Shimbum". Caldos Hering meçou a trabalhar no JSC, entretanto, os seus primeiros trabalhos foram
(CAO), que desde os tempos de colégio fazia suas charges e que participa publicados no Rio de Janeiro. Tonet, como tantos outros, só conseguiu ver
de salões de humor no Brasil e exterior, proprietário da Direcional Propa- seu trabalho reconhecido quando os humoristas Jaguar e Millôr Fernandes
ganda, conquistou a Medalha de Ouro do Prêmio Colunista de Propagan- estiveram em Blumenau, conheceram os seus desenhos e os publicaram na
da em Santa Catarina, na categoria de "outdoor", na campanha feita para a coluna Humor em Geral, editada por Jaguar e outros, no "Pasquim" e ou-
Academia Master. Tem seus trabalhos selecionados publicados em livros tros jornais do pais.
especiais. CLOVIS PAULO STOCKER nasceu em Brusque em 1965. Au-
LUIZ A. CÉ nascido em Rio do Sul em 1950, iniciou suas ativida- todidata, publicou seus trabalhos em jornais, revistas e exposições. Partici-
des aos 13 anos na tipografia com o pai, porém, uma doença óssea o obri- pou das exposições: Salve Mandela, no Uruguai (1984); Pela Paz, pela
gou, em 1965, a dedicar-se exclusivamente ao Desenho. Em 1970 fez Liberdade e pela Auto Determinação dos Povos, no Panamá (1986); Dez
curso de Pintura em pano e histórias em quadrinhos pela COMICS, de São na Caixa, em Brusque (1985); Salão de Humor, Montreal - Canadá
Paulo. Participou, entre outros, dos cursos de Desenho Animado, Cartum e (1986). Publica seus trabalhos nos jornais: O Municipio, A Tribuna e
Produções Cinematográficas (1979); Percepção Psicodinâ1lliêa e Produção Agora, em Brusque; O Sol, em Camborlúi no Jornal de Santa Catarina;
do Impresso de Artes Gráficas (198111982); I Seminário Catarinense so- Jornal de Barretos (SP); O Pasquim, Rio de Janeiro; Cometa Itabiriano,

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MG e Contra Informação, de Curitiba (PR). Nas revistas: Marca de Fanta- foi convidada para participar da Feira Internacional de Arequipa, no Peru.
sia, de João Pessoa (PB); Psiu, de Recife (PE); Kuspida na Kara, de Ca- Em 13 de abril de 1983, com Guida Heuer e outros, foi fundada a
xias do Sul (RS) e Mutação, de Porto Alegre (RS). Representou Santa Associação Blumenauense de Artesãos - ABART, que conta atualmente
Catarina na Associação Quadrinhista e Cartunista do Brasil.. com mais de 40 artesãos. A ABART está registrada no PROCART - Pro-
MÁRCIO KÜHNE nasceu em Blumenau em 1970. É autodidata, grama de Desenvolvimento do Artesanato e FAPASC - Federação das
desenhista de histórias em quadrinhos para crianças. Aos 15 anos, elabo- Associações Proflssiénais de Artesãas do Estado de Santa Catarina. A
rou um pequeno jornal que distribuia no bairro e que já continha seus de- ABART mantém, desde 21 de junho de 1985, a sua loja onde os artesãos
senhos, que foram apreciados por Artur Monteiro, do JSC, que o expõem e comercializam seus trabalhos: bordados, tecelagem manual (ex-
contratou. É autor do personagem "Ratinho Roque", que sai no Suplemen- clusividade em panôs, trilhos, toalhas, jogos americanos, sem similares em
to Dominical Infantil do JSC. outras feiras de artesanato no Brasil), crochê, tri~ pintura em 'tecido, por-
Além dos artistas citados, marcam presença em Blumenau: Amaril- celana, madeira, vitrôo esculturas em gesso, sabonete, torneados em ma-
do Pereira, Beatriz Bolemann, Carla C. D. Agostini, Ute Petersen, Cássia deira, bichos de perlon, macramêe enfeites para festas, cartões em papel
Rosana Schneider, Claudete Quintino Schrarnm, Cinthia Rebelo, Dalila D. vegetal, caleidoscópios, esculturas em madeira, etc.
L. Hahn, Deborah F. B. Caixe, Elenir da Costa, Enio Alfredo Kohler, Eu- Presidiu a ABART, Elke Clasen Anesi, nascida em 1941, bisneta de
nildo A. Camargo, Heloisa P. de Oliveira, Ivan P. A. Pereira, Jane Freiber- Heinrich Clasen, imigrado em 1856, que foi destaque na politica blume-
ger, João Carlos Mello, Katia Rezende, Luise Hardt, Luiz Ricardo nauense nos prirnórâios da colonização. Assessoraram Elke na Diretoria,
Dalmarco, M'-elo R. de Souza, Marilena de L. Kfutin Schramm, Marilu Janete Maria Dallabóoa, la Vice-Presidente; Nenli da Silva, 2a Vice-Presi-
Krause, Margarete Busch, Maria C. Seberino, Miria de C. GastaI, Myriam dente; Edair Gastaldi Pinheiro, la Secretária; Dorita Kréger, 2a Secretária,
Medeiros, alivia Weingãaner, Patricia Pacheco, Paulo Roberto Cecconi, Eny Durieus Kniss, 1" Tesoureira e Célia Maria Kienolt, 2a Tesoureira.
Paulo Grewsmuehl, Rejane Helena Bordignon, Regina Beninca Locatelli, A ABART realiza feiras semanais em Blurnenau.
Rose M. von Hohendorf Mueller, Rosinha Irnthurn, Sonia Nogara, Sola
Ries, Vera Rebelo, Vara R. G. Araújo, Zita Roncáglio, André L. Fischer,
Rolf Kaesernodel, Lorena von Wiegan Karazinski, Hermelino B. de Jesus, FOTOGRAFIA
Ivone Deschamps, Celaine Refosco, Helena Souza, Gladys S. D. Wemer,
Silvio Roberto Braga, Daniel Curtipassi, Elfi Kormann e outras.
Estão radicados em Blumenau: Ana Maria Conrad - Batik (Argen- Iniciada com Bcrnhard Scheidemantcl, que chegou a Blurnenau
tina); Francisco Mazzaferro Adiego - Pintura (Uruguai); Hugo C. Nasci- em 1859, a fotografia é uma das manifestações artísticas importantíssimas,
mento - Pintura (Argentina); Manuel Antonio Pombinho do Nascimento - desde o inicio da colonização de Blumenau, pois tem contribuído de uma
Gravura (Portugal) e Rosa E. L. Hernandez - Palorna (Chile). forma extraordinária nas pesquisas históricas, mormente na identificação
de personalidades que tiveram papel de destaque na Comunidade.
"Bernhard Scheidetnantel iniciou asfunções defotógrafo a partir
de 1864, Para fazer tal afirmação, recorremos afotografias que datam
ARTESANATO daquela época, onde constam as seguintes referências, no cartão que sus-
tenta afoto: CABINET-PORTRAIT -B. Scheidemantel s-BlumelJaJ/~._"-·
A beleza e a qualidade dos trabalhos dos nossos artesãos marcam a O material empregado por Bernhard Scheidemantel era importado e
história do artesanato não só em Blumenau e sim em todo o Brasil.. as fotos, apesar de amarelecidas pelo tempo, ainda podem ser reproduzi-
Seus artesãos participam das mais diversas feiras de artesanato em das. Em 1876, Bernhard Scheidemantel montou uma litografia e atelier fo-
São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Joinville e, principalmente, da FE- tográfico na sede da Colônia, abandonando a lavoura. Em 1877, ilustrou o
CART - Feira Catarinense de Artesanato, realizada há dez anos, no mês
4. Sueli M. V. Petry - Blumenau em Cadernos - Setembro de 1985.
de janeiro, no Pavilhão da SANTUR - Balneário Camboriúi A ABART já

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programa festivo dos 25 anos da Colônia Blumenau. nhas fotografia; retocadas com tinta a óleo. Fotografias são feitas diaria-
"Bernhard Scheidemantel era um homem de caráter independente e mente de 10 horas às 4 horas da tarde. Preço para retratos 6a
grandes:
criterioso, observador da vida, e segundo relato em biografia, primava pelo 8$000 mil réis; 8 a 10$000 mil réis e 12 a 14$000 mil réis". Enquanto al-
seu acentuado senso de humor. Correspondia-se com o humorista alemão guns encerravam suas atividades colocando à venda seu atelier, como o
Wilhelm Busch.. Nas suas fotografias o cartão de suporte continha as seguin- fotógrafo Schõhbeck, em 1904, a Livraria de Eugen Currlin vendia cartões
tes informações: B. Scheidemantel <fo1ogfafia,. reprodução em pedra e lito- postais coloridos de Brusque, Itajai e Blumenau e informava que aceitava
grafia - Blumenau. Sua litografia funcionava no local onde hoje está a encomendas e que possuia grande depósito de material fotográfico vindo
Impressora Paranaense. Em 1883, fundou ojornal "Immigrant", semanário mensalmente da Alemanha. Ao fotografar a chegada do navio Panther, em
dedicado aos interesses da população da região do Vale do Itajai e das suas 1905, Rudolfo Bagado também marcou a história da fotografia.
Colénias. Homem de grande bagagem cultural, primava pela liberdade de A primeira ilustração fotográfica inserida na Imprensa Blumenauense
pensamento. Quando intimado pelos acionistas do seu jornal para imprimir data de 1906, quando o "Blumenauer Zeitung", em edição especial, registrou
orientações contrárias ao seu pensamento, preferiu fechar o mesmo. Dedi- as comemorações de inaugur.ação da ponte sobre o ribeirão Garcia.
cou-se ainda a fazer anotações meteorológicas diárias, publicando-as nos Alfred Baumgarten" ---filho de Hermann Baumgarten, fundador do
jornais locais. Em 18 de outubro de 1908, falecia Bernhard Scheidemantel; "Blurnenauer Zeitung", que adquiriu o atelier de Bernhard Scheidemantel,
vítima de doença que arrastou-se por longos anos. tr fazia quase todo o material fotográfico em casa, enquanto os trabalhos de
Em 1900, o jornal "Der Urwaldsbote" já publicava propaganda do clichês e retratos eram confeccionados por Fritz Gelbert, desenhista e pin-
Atelier fotográfico do filho de Bernhard Scheidemantel, Franz Scheideman- tor. Em 1910, foi instalado o laboratório e feitas as primeiras ampliações.
tel, que funcionava com a loja de quadros no prédio de Hermann Ruediger, Os trabalhos de Alfred Baumgarten estavam expostos na vitrine da Casa
onde hoje se localiza o Edifício Impala, no final da rua XV de Novembro. Comercial de Paul Husadel.. Alfred foi, por longos anos, o único fotógrafo
Além de Franz Scheidemantel, outros fotógrafos apareceram em de Blumenau e suas atividades se estendiam pelo interior da Colônia, pois
Blumenau para participar do mercado fotográfico, principalmente no pe- não havia casamento, batizado e outros festejos sem o Alfred Baumgarten.
fiado de 1900 a 1906, entre eles, Alwin Seeliger, que publicou no "Der Por volta de 1932, começou a interessar-se por filmagens que pouco lhe
Urwaldsbote" de 1O de dezembro de 1900 a seguinte nota: "Grande opor- renderam, perdendo muitos filmes. Alguns anos mais tarde passou o ate-
tunidade: por motivo de regresso à Alemanha. ofotógrafo Alwin Seeliger, lier para o seu filho Hans, aposentando-se por conta própria. Faleceu em
residente em Itoupava - Blutnen;u, coloca à venda três instalações foto- 1967. Hans Baumgarten continuou com o atelier do pai (ao lado da Insta-
gráficas completas noformato 9 x 12 e 30 x 30 cm. Uma completa oficina ladora de Blumenau) até a década de cinqüenta, pouco depois do Centená-
de litografia em zinco e à luz. Aparelhos autográficos com todos os aces- rio de Blumenau, quando encerrou suas atividades, porém continuou
sórios para pintura chinesa, gravuras, ornamentos e outros artigos".
fazendo trabalhos para terceiros, inclusive amadores. Faleceu em 1985.
Seguiram-se, segundo anúncios no "Der Urwaldsbote'', em 1901, A convite de Alfred Baumgarten, chegou ao Brasil, em março de
Gustav Lieben, fotógrafo itinerante, que oferecia seus préstimos a partir de 1923, Wilhe1m SchoIz, conhecido como Guilherme Scholz, pois assim as-
fms de maio, na residência de Theodor Egger.. Em 1903, Otto Gr~er in- sinava seus trabalhos, nascido em Craiova, na Romênia, em 1886, onde
formava que se instalara na Casa dos Atiradores com estúdio fotográfico. iniciou seus estudos fotográfioos. Aos 18 anos foi para a A lemanha, onde
No mesmo ano, o fotógrafo Lehmann, de Joinville, publicou que estaria trabalhou com fotógrafos renomados, cursando inclusive a Academia Grá-
fica de Berlin.
no Hotel Brasil, oferecendo trabalhos fotográficos internos, externos e am-
pliações e que sua permanência na cidade seria temporária. Fritz Gelbert, Em Blumenau trabalhou com Alfred Baumgarten (que se tomou
o mais gabaritado, pois além de fotógrafo era arquiteto e desenhista, na seu cunhado) até 1937; quando assumiu o "Foto Amador", seu primeiro
propaganda que fazia através do "Der Urwaldsbote" ressaltava - "Bela atelier (rua XV de Novembro, 596). Era especializado em fotografias tipo
lembrança de falecidos, retratos em tamanhos grandes. Garantida seme- "portrait". Fotografava grupos, fazia fotos para documentos, cópias fotos-
lhança com toda fotografia. Local de trabalho: Casa dos Atiradores". Em tári ..QlQ.U:. substjtuídas pelo xerox) e copiava plantas arquitetônicas. Re-
5. Arles Plásticas e Cinema em Blumenau.
outro anúncio, o mesmo jornal publicou: "Brilhante novidade. São as mi-

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velava e copiava filmes. Durante muitos anos revelou os filmes de raio X 1947 e que trabalha no "Foto Hugo" desde 1962.
para o Hospital Santa Isabel, até que este instalou seu próprio laboratório Em 1925, emigrou para o Brasil com seus pais, Alfredo Wilhelm,
para revelações. Em sua loja, anexa ao atelier, vendia máquinas e material nascido em 1918 em Bochurn, República Federal da Alemanha. Aos 19
fotográfico. Em 1954, por motivo de saúde, passou o atelier para Helma anos viajou para a Alemanha, onde foi surpreendido pela Segunda Guerra
Axthelm (Hoeschl), a quem ensinou a arte fotográfica. Faleceu em 1955. Mundial, que o obrigou a ingressar na "Wehrmacht", por ter nascido na
Helma Axthelm (Hoeschl), a quem Wilhelm Scholz passou todos Alemanha. Regressando ao Brasil em 1949, em 1950, estabeleceu-se em
os conhecimentos que sabia em matéria de fotografia, nasceu em Blume- Blumenau com o Foto Universal (antigo prédio do Banco Inca). Mudou-se
nau em 1930. Aos 9 anos de idade, foi para a Alemanha e ao voltar, com mais tarde para o prédio do Cine Busch e em 1952 para a rua XV de No-
17 anos, começou a trabalhar no atelier fotográfico de Wilhelm Scholz. vembro, 352, onde permaneceu até aposentar-se em 1987.
Encerrou as atividades em 1970, por falta de espaço na relojoaria que fun- Em 1950, com Willy Nietsche, construiu o Préstito Histórico de
cionava em anexo. Blumenau, que foi acontecimento marcante durante os festejos do Cente-
Em 1923, veio para o Brasil Fritz Schmurr, natural de Stralsund - nário de Blumenau.
Ostsee - RDA, para trabalhar como fazendeiro, e como o empreendimento Em 1972, estabeleceu contato com a Alemanha, sendo iniciadas as
fracassasse, estabeleceu-se em Blumenau com ii "Vidraçaria e Foto relações culturais que culminaram com o plantio da "Árvore da Amizade",
Schmurr", voltando a atuar na sua profissão de mestre vidraceiro, fabri- vinda da Alemanha e plantada defronte da antiga Prefeitura Municipal de
cante de molduras e restaurador, inclusive em ouro, de esculturas, pinturas Blumenau com a presença de autoridades. Como correspondente em idio-
e demais obras artísticas sacras. Fritz Schrnurr, antes de vir para o Brasil, ma alemão, Alfredo Wilhelm também estabeleceu cantatas com a terra na-
residiu em Strassburg, onde confeccionava "vitraux's" coloridos, até se tal do Doutor Blumenau, culminando com o intercâmbio entre a Prefeitura
transferir novamente para a Alemanha em conseqüência da guerra. Fritz Municipal de Blumenau e Alemanha. Alfredo "Wilhelm é sócio da Asso-
Schmurr também era fotógrafo, porém, o trabalho fotográfico era executa- ciação Brasileira de Jornalistas Filatélicos promovendo Blumenau desde
do pelo fotógrafo Wachs. Posteriormente, a "Vidraçaria e Foto Schmurr" 1983, com seus artigos na revista "Sarnrnler Express", da RDA.
foi adquirida por Lutz Zschiedrich, que a vendeu para a Vidraçaria Buer- Em 1957 veio para o Brasil Hans Raun, nascido em 1927 na Dina-
gel' (onde hoje se localiza o Banco Real). marca. Em 1960 fundou o FOTO BLUMENAU, instalando em 1967 o
Hugo Schrickte Jr. nasceu em Curitiba (PR) em 1920. Iniciou primeiro laboratório profissional para revelação de filmes a cores em San-
suas atividades em Blurnenau em 1938, na "Vidraçaria e Foto Schmurr", ta Catarina. Com laboratório instalado no primeiro andar do Cine Blume-
onde seu irmão já trabalhava. Hugo, que iniciara suas atividades como fo- nau (atual Lojas Americanas), encerrou suas atividades em 1985.
tógrafo aos 13 anos no Foto Stúdio em Curitiba, voltou após algum tempo Participou ativamente (1960/1967) da vida cultural da Sociedade Dramáti-
para Curitiba até ser convidado por Zschiedrich para retomar suas ativida- co Musical "Carlos Gomes" como ator, regente e diretor de teatro.
des no Foto Schrnurr. Entretanto, surgiram problemas que o levaram a se No dia 3 de setembro de 1965, foi criado por um pequeno grupo de
afastar por alguns meses e trabalhar em Indaial no Foto Hindlmayer. . Em amadores o Foto Grupo de Indaial (Indaial - Se). Participaram do peque-
1945, Hugo voltou para Blumenau, onde abriu o "Foto Hugo", inicialmen- no grupo:
te instalado no Armazém Ruediger, onde ficou por nove anos. Em 1954, Mário Holetz, nascido em Indaial em 1931. Autodidata, fez seus
construiu o próprio estúdio num pequeno edificio que leva o nome da es- primeiros estudos com o fotógrafo Hindlrnayer em 1959. Profissional, tem
posa Erna, sua grande incentivadora. Especializou-se em fotos de casa- seu atelier em Indaial há 30 anos.
mento, principalmente no estúdio, onde noivos e testemunhas de vários Günther E. G. Schroeder, natural da Alemanha, veio para o Brasil
casamentos se acotovelavam e faziam fila para serem fotografados. Hugo com 15 anos de idade. Em 1953 foi admitido na Impressora Paranaense
coloria fotos a óleo, sendo a última, a de Vera Fischer, Miss Brasil 1969. (filial de Blumenau) como Fotógrafo de Reprodução, na linha de produção
Faleceu em 1971.. Atualmente o "Foto Hugo" é propriedade dos filhos, gráfica. Após dois anos foi transferido para Curitiba, com o objetivo de
Hugo Carlos e Walter, que dão continuidade aos trabalhos do pai com a aperfeiçoar suas técnicas de trabalho, onde permaneceu por cinco anos,
colaboração do fotógrafo Walfrido Niehus, nascido em Blumenau em sendo promovido a chefe das Seções de Reprodução Fotográfica, 'Retoque

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e Copiagem. Em fins de 1959, estabeleceu-se em Blumenau, individual- sidente), Carlos Isidoro Waldrich (vice-presidente), Cesar Zillig (secretá-
mente, com atelier fotográfico adquirido de Maria Dietz, nome que man- rio), Marcos Sander (tesoureiro), Ricardo Viek (diretor fotográfico), Ro-
tém até hoje. Em 1964, o Foto Dietz estabeleceu-se ao lado da torre da dolfo Manoel Mornrn, Gladys Suely Dorigatti Werner e Mário Cesar Silva
Matriz, inaugurando a Loja de revenda de material fotográfico, dando Tobias (conselho fiscal).
também continuidade aos trabalhos de laboratório e produção de fotogra- A associação promove múltiplas atividades, tais como: Oficinas de
fias. Alguns dos fotógrafos que atuam em Blumenau passaram pelo atelier Fotografia (básica, média e avançada); Salões Nacionais de Arte Fotográ-
do Foto Dietz. fica; Exposições individuais de artistas renomados; Exposições com moti-
Trabalha com Schroeder no Foto Dietz o profissional Jean Beau- vos predominantemente de Blumenau, denominadas "Fotochopp", durante
dier, nascido em Paris - França em 1935. Marceneiro, veio para o Brasil as Oktoberfest; reuniões quinzenais; e participações em Salões Nacionais
em 1954, onde estudou fotografia na Escola de Ensino Técnico Paulista. e Internacionais realizados por outros Foto-Clubes.
Sidney Luis Saut nasceu em Jaraguá do Sul em 1939. Advogado, O Foto Clube de Santa Catarina e mesmo o ex-Foto Grupo de ln-
dedica-se à música e desde 1963 à fotografia. É associado do Foto Clube daial, em sua longa existência, conquistou dezenas de prêmios, admissões
de Santa Catarina e da The Photographic Society of América com sede em em vários certames, destacando-se, em agosto de 1988, a obtenção do 10
Filadélfia - USA. No Brasil, pelas centenas de fotos expostas, recebeu lugar, "Troféu Brasil", numa disputa entre 19 Foto Clubes do país, durante
medalhas, diplomas e menções honrosas. Dos expositores brasileiros é o a realização da 15" Bienal de Arte Fotográfica Brasileira, sob os auspícios
mais admitido em salões internacionais (1978/1979/1980). Tem fotos pu- da Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema."
blicadas na Revista Internacional "FOTOARTE". Seus trabalhos conquis- São destaques, além dos já citados, entre os artistas-fotógrafos:
taram dois títulos honoríficos de reconhecimento internacional e usados Michel Lusien Saut nasceu em Blumenau em 1970. É estudante de
vitaliciamente após o nome: AFIAP - Artista de la Federation de L' Art Medicina e associado do Foto Clube de Santa Catarina. participou de cursos
Photografique, em março de 1971, em Berna - Suíça, e AFB - Artista Fo- de fotografia básica, média, avançada e criativa" com o professor paulista
tográfico Brasileiro, outorgado pela Confederação Brasileira de Fotografia Victor H. da Costa Pires. É um dos mais promissores fotógrafos-artistas, con-
e Cinema de São Paulo em 1973. É membro da Comissão Artística da siderando as premiações e participações em salões nacionais de arte fotográfi-
Confederação Brasileira de Fotografia e Cinema, encarregado de julgar ca: "Medalha de Ouro" na VII Exposição Nacional de Arte Fotográfica de
obras a serem expostas em salões nacionais e internacionais realizados no Ponta Grossa (PR) em 1988. "Medalha de Prata" e "Menção Honrosa" na
Brasil.. Artista-fotógrafo, marcou presença nos Estados Unidos, Alemanha, 34" Exposição de Alie Fotográfica Nacional de Niterói (RJ); "Menção Honro-
Luxenburgo, Inglaterra, França, Bélgica, Itália, Irlanda, Índia, África, Chi- sa" na 15" Bienal de Arte Fotográfica Brasileira de Curitiba (PR); "Menção
na, Coréia, Argentina, México, Canadá e Austrália. Honrosa" no 14° Salão Nacional de Arte Fotográfica de Londrina (PR). Tem
Também participaram por alguns anos do pequeno grupo do Foto fotos admitidas nos salões realizados em Curitiba, Ponta Grossa e Londrina:
Grupo de Indaial, Luís Rogério de Carvalho, nascido em 1938, em São no Paraná. Escola Naval (RI) e Niterói (RJ).
Joaquim, e Roberto Diniz Saut." Paul Francis Saut nasceu em Blumenau em 1972. Ingressou no
Como a maioria dos associados do Foto Grupo de Indaial eram blu- Foto Clube de Santa Catarina. Participou de cursos de fotografia básica,
menauenses, em Assembléia Geral Extraordinária de 31 de agosto de média, avançada e criativa com o professor paulista Victor H. da Costa Pi-
1984, a sede social foi transferida para Blumenau sob a denominação de res. Com seu irmão Michel, participa desde 1988, com sucesso, de salões
FOTO CLUBE DE SANTA CATARINA, sendo a primeira diretoria inte- nacionais e internacionais de arte fotográfica no Brasil.. Obteve o 10 lugar
grada por Mário Holetz (presidente), Günther Schroeder (vice-presidente), na Exposição de Fotos dos alunos do Curso Avançado de Fotografia reali-
Sidney Luis Saut (secretário), Jean Beaudier (tesoureiro), Luiz Fernando zado em Blumenau. Obteve o troféu "Cisne Branco" (prêmio máximo)
Goltz (diretor fotográfico), Walter Ramos Momm, Roberto Diniz Saut e na XII Mostra da Primavera, organizada pela Escola Naval no Rio de Ja-
Luis Rogério de Carvalho (conselho fiscal). Atualmente, o Foto Clube de neiro, e na mesma Mostra conseguiu "Medalha de Prata". Na XV Bienal
~ Catarina ~ com a seguinte diretoria: Walter Ramos Momm (pre- ~ ~ Fotográfica Brasileira, realizada em Curitiba (PR), Paul conquis-
7. Sidney Luis Saut.
6. Ver Literatura.

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tau o 3° prêmio (medalha). "Menção Honrosa" na 34" Exposição de Arte artigos para a coluna IMAGEM do Jornal de Santa Catarina; Trabalho fo-
Fotográfica Nacional em Niterói (RJ), na VIII Exposição Nacional de Arte tográfico para a SE no Rio de Janeiro para o Projeto Especial de Educa-
Fotográfica de Ponta Grossa (PR) e no 14° Salão Nacional de Arte Foto- ção; Cobertura fotográfica da Oktoberfest/84, para a revista Fatos e Fotos
gráfica de Londrina (PR). Tem fotografias admitidas em salões realizados n° 1.209. Fotos publicadas em várias revistas nacionais; Propaganda em
em Jaú (SP) (internacional), Ribeirão Preto (SP), Londrina (PR), Curitiba video associada a produtores independentes; Anúncios para "Saúde Bra-
(PR), Niterói (RJ), Ponta Grossa (PR) e Escola Naval do Rio de Janeiro. desco" e CITUR - Parque de Exposições de Santa Catarina. Ilustrou anún-
Michel e Paul são filhos de Sidney Luis Saut.. cios, catálogos e folhetos. Produz fotos para ilustração de embalagens para
Rubens Heusi nasceu em Blumenau em 1932. Estudou pintura, de- o mercado externo e fotos para agências de publicidade de Blumenau.
senho e teatro com o professor Ludwig Emrnerich (1948). Em 1949, parti- Em 1985 fundou e desenvolveu o Estúdio Foto Arte-Video & Pu-
cipou da Exposição de Pintura no Centro. Catarinense de Curitiba, e em blicidade, atuando nas áreas de foto industrial e publicitária, Still, foto re-
1953 no Teatro. "Carlos Gomes". Nos anos de 1950/1952, fez curso de Pu- pórter, Portrait e implantação do Banco de Imagem. Desenvolveu o trabalho
blicidade na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro, e Cur- da Oktoberfest com fotos turísticas e fotos lembrança de Blumenau.
so de Optica em Porto Alegre em 1953/1954. Fundou a Optica Heusi e o Em 1983 foi premiado com Bolsa de Estudos no Salão de Artes
Salão Fotográfico Optica Heusi, que funcionou de 1960 a 1967 no Teatro Plásticas da Galeria Cândido Mendes (RJ) e em 1985 recebeu Menção
"Carlos Gomes". Honrosa no Concurso Internacional Nikon - Japão.
No dia 8 de dezembro de 1961, Rubens Heusi convidou Hans Walter Ramos Momm nasceu em Joaçaba em 1950. Advogado,
Baumgarten para participar do júri integrado por Nami Deeke e Acílio com incursões em várias áreas sócio-culturais artisticas em Blumenau, é
Acácio Nunes Pires, para julgar os melhores trabalhos fotográficos do I autodidata, tendo adquirido as primeiras noções de fotografia com Hargolf
Salão Fotográfico da Optica Heusi, que na ocasião premiou o professor Grassmann, que tinha um pequeno estúdio fotográfico em sua residência
Mascarenhas Passos, de Florianópolis (10 lugar); Helmuth Th. E. Wagner, com o qual Walter elaborou vários posters para a firma Walter Schmidt.
de Curitiba (2° lugar); Walter Jorge José 00 lugar), tendo Nami Deeke Participou de todos os cursos promovidos pelo Foto Clube de Santa Cata-
oferecido uma "Menção Honrosa" a Jorge Weise, de Blumenau, que con- rina, ministrados pelo professor Victor H. da Costa Pires. Além de partici-
correu com valioso trabalho. par de todas as "Fotochopp", participou de exposições em Blumenau e em
Em 1960, criou o Departamento de Cine Foto na Óptica Heusi. Par- várias cidades do Estado e do Brasil.. Preside atualmente o Foto Clube de
ticipou da Exposição Nacional de Arte Fotográfica em lndaial (1969); Ex- Santa Catarina.
posição Retrato do Brasil na revista Realidade (1971); XVI Bienal de Arte Jorge Holetz nasceu em Blumenau em 1962. Autodidata, foi fotó-
Fotográfioa Brasileira em Indaial (1982). Em 1986 realizou a sua exposi- grafo da FURB (1981/1986), onde também montou vários audio-visuais
ção individual com 16 fotos em azul no Foto Clube de Santa Catarina. Em didáticos, inclusive sobre o Patrimônio Histórico de Blumenau. Participou
1988 participou da XII Mostra da Primavera, na Escola Naval do Rio de da Exposição Fotográfica sobre temas variados com Raimundo Pereira
Janeiro, e do Cine Foto Clube de Ribeirão Preto (SP). Participou da I, II e dos Santos. Aficcionado ao Cinema, produziu, com a colaboração de Ed-
III "Fotochopp" (Oktoberfest/Blumenau). son Schroeder, dois filmes em "Super 8" com os titulas "O Visitante" e
Guilherme Jensen Bauer nasceu em ltajai em 1959. Em 1978 fez "Os Dois Lados da Infância", tendo este último participado do Festival de
um curso de inglês na Academia de Oxford - Inglaterra. Cursou no Rio de "Super 8", em Curitiba.
Janeiro (1980/1985): Direito na Faculdade "Cândido Mendes"; Comunica- Carlos I. Waldrich nasceu em Tubarão em 1945. Autodidata, fez
çlto. Visual; Video com o professor Jaime Davidovich no MAM; Análise cursos com o professor Victor H. da Costa Pires. Estagiou e fez curso no
Critica da Obra de Arte; Cinema com Pedro Camargo (RJ) e no ClC em Estúdio Fotográfico Fuj] Film do Brasil (SP) e Kodak Brasileira. (SP). É
Florianópolis; Curso de Educação Artistica na FURB (1985). Estagiou no proprietário do Cine-Foto Carlos.
Rio de Janeiro (1980/1984) no Photo Essay; no Chromolab e Chrorno Es-
túdio; Fotografia de Arte e Publicidade. Em 1983/1984 foi repórter foto- Ao lado dos artistas fotógrafos já citados, atuam em Blumenau
gráfico "free lancer" para a Editora Bloch (RJ); Repórter fotográfico e amadores e profissionais com seus estúdios instalados nos mais diversos

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pontos da nossa cidade: Synésio Prestes Sobrinho, Hubert Steinbach, Clo- 3. Cavalos banhando-se
tar Egon Schroeter, João José Bonifácio Grosch, Heinz Beyer, Luiz Fer- 4. Rua em Mailand
nando Goltz, Eduardo Arruda Schroeder, Rodolfo Manoel Momm, Gladys 5. Imperador Guilherme II em Stettin
Suely Dorigatti Werner, Leonardo Luiz Brueckheimer Filho, Paulo Affon- 6. Escola Hípica Militar
so Schrnitt, Mário Cesar Silva Tobias, Carlos Alberto Schramm, Marcos 7. Antes do banho das damas
Sander, Ricardo Viek, Rudolf Walter Baumgarten e Adolfo Bornhofen
2'" Parte:
(fotos em residências). Entre os profissionais que possuem atelier instala-
do, estão o Foto Hélio, Foto Julius, Foto Marek, Foto Wilson, Foto Cadore 8. No atelier
e Foto Estúdio 1.000. 9. Pista aquática
Além dos eventos fotográficos citados, é realizado anualmente o 10. Liliputianos
Concurso Natureza Preservada - Natureza Destruída, promovido pelo Mu- 11. Os Rapazes Maus
seu de Ecologia "Dr.. Fritz Máiler", Assessoria Especial do Meio Ambien- 12. Forte de Tugela
te e Associação Catarinense de Preservação da Natureza. Da exposição de 13. Rainha Victória da Inglaterra assiste à Parada
1979, participaram 35 profissionais e 160 amadores. Durante os festejos 14. Enfim Sós
da cidade, é realizada a Exposição de Fotos Antigas ou Imagens de Blu-
3" Parte
menau. AI" Foto Sul foi realizada em Blumenau no dia 22 de janeiro de
1983, versando sobre o tema Presença do Imigrante na Região Sul, pro- Fata Morgana - fotos
movida e coordenada pela regional da FUNARTE de Curitiba, reunindo Vistas de Blumenau, Joinvil1e e arredores
55 fotógrafos (PR-SC-RS), dos quais quatro catarinenses. Em 1986, foi Depois da apresentação, danças,
realizada em Blumenau a I" Fotochopp.
No dia 12, domingo, nova apresentação com o seguinte programa:

la Parte:
CINEMA
1. Jiggs, o Desenhista Rápido
A Comunidade blumenauense teve o seu primeiro contato com um 2. Mercado de Gado em Viena
3. No Hipódromo
programa cinematográfico no dia 11 de agosto de 1900, quando Eduard
von Schultz exibiu no Teatro "Frohsinn" um cinematógrafo que-despertou 4. Ballet
grande curiosidade. O programa, em grande destaque, dizia o seguinte: 5. Stapellauf S. M. S. "Hertha"
6. Um Ladrão
Teatro "Frohsinn" 7. O Elefante Amestrado no Jardim Zoológico
Grande apresentação 2'" Parte:
do
8. Chegada e Saída do Trem
Cinematógrafo" Apollo"
9. Imperador Guilherme II em Stettin
Programa: 10. Pista de Patinação em Berlin
11. Rainha Victória da Inglaterra Assiste à Parada
Sábado, 11 de agosto
12. Rua em Mailand
1" Parte: 13. No guarda-roupa do Teatro
1. Ethardo Jongleuse 14. Enfim Sós
2. Ballet das 5 Irmãs Barrison

54 55
3" Parte Os escolares também tiveram o privilégio de assistirem ao primeiro
Fata Morgana - Fotos espetáculo cinematográfico em Blumenau, que teve inicio às 8 horas da
Vistas de Brusque, Itajai e arredores. A marinha alemã. noite. O ingresso para adultos foi de 1$000 Rs e para os escolares 500 Rs.
A mesma programação foi apresentada em Indaial, no salão de Arnold
Lueders, nos dias 18 e 19 de agosto do mesmo ano. Entretanto, um pouco
antes de aparecer Eduard von Schultz, G. Koehler, que havia estado em
~lJt4.t.tr ijrsJJfinu. . J
Blumenau e apresentado, no dia IOde maio de 1897, no Teatro "Frohsinn"
o FONÓGRAFO, apresentou tamb~. no mesmo teatro, no dia 21 de abril
{Irc-cflt-dbt ltgtn de 1900, um "Kinematographen", que segundo G. Koehler, assim era
chamado por mostrar "fotos em movimento". Segundo a nota do "Blume-
be~ nauer Zeitung" de 21 de abril de 1900, o mesmo aparelhamento foi apre-

iitttmatograll-tn "Avollot sentado por Hake em Indaial no dia 28 de abril do mesmo ano.
De 1900 a 1903, sucederam-se uma série de apresentações de cur-
-rogramlll: tas-metragens, porém nos dias 27 e 28 de fevereiro de 1904, sábado e do-
Eonnabcnb, bell 11. 21ugu"-'.1900 mingo, no Teatro "Frohsinn", houve uma grande apresentação do
L ~ci(: cinematógrafo "Apollo", com o filme "Palco debaixo d'água". Sendo o ci-
1. Q;íI)orbo Songleufe. nema uma novidade e algo de fantástico para a época, todas as sociedades
!. -olll't bcr 5, ®c.f)llleftl'm -art'<oll. e salões abriram suas portas para a exibição dos filmes.
3. -ferbe êd)l)>:rmme. As exibições continuaram e no dia 8 de março de 1906, numa quin-
4. etraf'-e in IDloilanb. ta-feira à noite, a "Kinematographengesellschaft Star Comp." (Sociedade
5. ~a*r ~j(:-,dm II .. m Stettin. Cinematográfica Star & Cia.) fez sua primeira exibição no salão Holetz. O
6. 9Jlilitêir<9tl'ltfd)ule. programa anunciava iluminação.. elétrica no local., Muitos blumenauenses
7. iBor bem SDamen6ab. viram pela primeira vez a luz elétrica que a Sociedade apresentou, produ-
-. -l'il: zida por um motor e dinamo de sua propriedade. As cenas eram claras e
8. -rn 9ltidier. algumas foram muito aplaudidas, principalmente "Der Koffer aus Bar-
9. Wniíerrutfd} bSl~lI men" (O baú de Barmen), "Der mysteriõse Schrank" (O armário misterio-
10. 2iliputaner. so), "Der wunderbare Bienenkorb" (A maravilhosa cesta de abelhas),
11.. SDie bõfen -Ilben . "Ehre eines Vaters" (Honra de um pai) e os episódios das minas de carvão
. 1~. l:uge( Q=B ort .. com suas alegrias e tristezas em oito quadros. A apresentação esteve bem
13. !tllnigin' iBiflOria uon -ng(Qnb bt9il'bt iil'lj -lIr
concorrida," -
-arabe. O Cinematógrafo Star & Cia. foi trazido para Blumenau em 1906
'14. ~\l.b[id} ajlein. pelo secretário da firma, João Antônio da Silva Alcântara e, segundo jor-
3. ~ci(;. nais da época, era uma aplicação do fonógrafo ao cinematógrafo onde, si-
iYata atoqJaua.(JUber: multaneamente, as figuras se movimentavam,
choravam, etc., conforme a cena que representavam.
falavam, cantavam,
-nfidjtcn non -úrlllenou, ~l?in\)iUc uno Ul'I-ellcnh.
~t1ci\- ecr -orftéllun!l: A grande apresentação cinematográfica sob a sigla de "Blumenau
Untemehmen G. m. b. h." foi noticiada pelo "Blumenauer Zeitung" de 9
+ de maio de 1908, com várias apresentações no salão de Richard Holetz".
8. "Blurncuaucr Zcituug" de \0 de março de !906.
Primeiro programa da apresentação cinematográfica em Blumenau 9. No local do Salão Iloletz; está o Graude !lote!.

56 57
Depois das apresentações houve baile com a banda Wemer.. Já em 29 de econhecidos.
agosto, as apresentações cinematográficas eram divulgadas por Ernst A Cinemateca do Rio de Janeiro, possui copias dos filmes de Julia-
Haertel & Cia. A nota também previa apresentações às quintas-feiras, sá- nelli adquiridas de Marcondes Marchetti, por intermédio de Valência Xa-
bados e domingos, no Teutôoia, com baile aos domingos. Numa combina- vier, da Cinemateca de Curitiba, que recuperou filmes originais de
ção de filme e gramofone, os blumenauenses foram os primeiros a Julianelli e os transpôs para 16 mm, porém a falta de fichamento técnico
assistirem ao cinema falado através do "CINEMAROPHON" nos dias 11 não fornece dados precisos sobre os filmes. Constam do acervo de Julia-
e 12 de julho de 1908, no Teatro "Frohsinn". Foram apresentadas comé- nelli, a Inauguração da Ponte "Hercilio Luz" (1926), Washington Luiz em
dias e duetos de vários trechos de óperas e operetas. Entre os filmes foram Joinville (1928), Centenário de São José (1928), Centenário da Coloniza-
exibidos: "O carnaval de Veneza", um dueto do "Trovador" e um dueto da ção Alemã de São Pedro de Alcântara, Joinville Pitoresca, Chegada do
"Viúva Alegre". Também foram exibidas vistas das cataratas Vitória e rio Príncipe de Orleans e Bragança a Joinville, Carnaval em Blumenau e ou-
Zambezi, na África. A "Empresa Júlio Moura Cinematógrafo Pathé" tam- tros. As Prefeituras de Blumenau e Joinville adquiriram de Marcondes
bém exibiu filmes em Blumenau, anunciando apresentações no dia 4 e 7 Marchetti cópias dos filmes de suas cidades. Calcula-se que mais de 50%
de novembro, quarta-feira e sábado, respectivamente, com programa esco-
I dos filmes de Julianelli foram perdidos, parte foi deteriorada e alguns es-
lhido. Depois baile. As apresentações da "Empresa Júlio Moura Cinemató- tão em poder de terceiros.
grafo Pathé", continuaram por muitos anos. JOSÉ JULIANELLI nasceu no dia 19 de março de 1883, em São
No dia 24 de fevereiro de 1909, apareceu a "Empresa Sylla Cinemató- Constantino di Rivoli (Itália). Filho de Francisco e de Ângela Julianelli,
grafo Pathé", modelo 1908, com apresentações no salão de Richard Holetz, veio para o Brasil (Rio de Janeiro) como mascate acompanhado do seu
com música da banda Werner. O teatro de bonecos largamente difundido na pai, que mais tarde regressou para a Itália, deixando-o só no Brasil.. Julia-
época, foi apresentado pela "Empresa Sylla Cinematógrafo Pathé", através de nelli teve que lutar, e com muitas dificuldades adquiriu um tigre, expondo-
quadros, num filme sob o titulo "Das Puppentheater des Fráilein Hold" (O o em troca de alguns tostões. Mais tarde, formou o circo "Pavilhão
teatro de bonecos da senhorita Hold), onde as crianças pagaram 200 Rs pelo Recreativo", entrando também em contato com a Pathé Frêres de Paris
ingresso no Teatro "Frohsinn", no dia 18 de abril de 1909. para fazer atuar junto ao circo um cinematógrafo, que foi o primeiro a
Com uma propaganda bem sensacionalista para a época - "Todos atuar no Rio de Janeiro e que-mais tarde foi vendido para Francisco Serra-
ao Teatro São José! Verpara crer!", a "Empresa Julianelli" estreou na dor.. Alguns anos mais tarde, foi lançado pela Pathé o "Vitaphone", cinema
Casa S. José (Josephshaus) no dia 28 de agosto de 1909. O convite foi for- falado, ou seja, a sincronização do filme com o gramofone, que funciona-
mulado em português e alemão. Julianelli, além de projetar filmes aluga- va com ar comprimido, pois na época não existiam amplificadores nem
dos de outras empresas, também produziu seus próprios filmes, alto-falantes. O "Pavilhão Recreativo", posteriormente chamado de "Circo
geralmente documentários. As apresentações e filmagens de Julianelli se Variedades", era iluminado com gás de carbureto. Com a aquisição do
prolongaram por muitas décadas, pois no dia II de dezembro de 1926, Ju- novo cinematógrafo, Julianelli comprou também um motor Aster à quero-
lianelli apresentou em Indaial o filme de sua autoria, que documentou a sene, com dinamo de 110 V, motor este que também serviu para iluminar
inauguração da ponte de Indaial. Julianelli filmou os festejos dos 75 anos o circo e o arco voltaico do cinematógrafo. Julianelli também trabalhou
de Blumenau, Brusque e Joinville. Filmou a estátua do Doutor "Fritz Mül- em Curitiba como sapateiro, ocasião em que conheceu e casou-se com
ler", em Blumenau, a ponte de Indaial e a ponte "Hercilio Luz", de Floria- Anna Briss. Em seguida, Julianelli viajou com circo pelo Rio Grande do
nópolis, no dia em que foram inauguradas. Sul e lá, Julianelli e Arma se naturalizaram brasileiros'. Julianelli teve dois
Julianelli, que era muito conhecido no Vale do Itajai, principal- filhos do seu casamento com Anna Briss: Ângela, que faleceu moça soltei-
mente como cinegrafista ambulante, também filmou, na década de trin- ra, e Francisco. Do seu casamento com Bertha Schill só teve um filho, An-
ta, filmes sonoros. Os filmes sonoros foram vendidos para um paulista, tônio. O filho Francisco trabalhou com Julianelli no circo desde menino, e
cujo nome os familiares ignoram. Os filmes mudos foram adquiridos também no cinema de Timbó, propriedade do pai, por muitos anos. Mais
por Marcondes Marchetti, que também adquiriu cartazes, anúncios, fo- tarde, o cinema de Timbó foi vendido para Felix Longo e Riga, e poste-
tos e outros objetos da época por intermédio de familiares de Julianelli riormente à familia Mogk.

58 59
o programa das apresentações publicado no dia 28 de maio de cionava também um Ford-bigode. A rodoviária, na época, funcionava na
1940 no "OerUrwaldsbote" comprova a constante atividade de José Julia- Casa São José (onde hoje está localizada a praça Professor João Mosi-
nelli, que com o filme "A Linha Siegfried", falado em alemão, se apresen- mann) e lá, Julianelli estacionava. De quando em vez, usava também a ga-
tou nos seguintes locais: Salão Hardt, de Indaial, Salão Koehler, de ragem do Hotel Holetz. Julianelli foi cinegrafista, artista, dono de circo,
Encano, Salão Hoffsess, de Warnow, Salão Rahn, de Tirnbóo e Salão dono de olaria, dono de fábrica de bebidas e fabricante de remédios à base
Ooell, de Passo Manso. de ervas, que vendia durante suas andanças como cinegrafista. Faleceu no
José Julianelli foi dono de uma linha de transporte de passageiros e dia 20 de maio de 1972, aos 89 anos de idade, no Hospital Santa Isabel,
cargas entre Jaraguá do Sul, Blumenau e também Florianópolis. O cami- em Blumenau. O seu falecimento foi noticiado pelo jornal "A Nação".
nhão-ônibus, um Ford-O, usado para o transporte, era aberto e sem portas, As apresentações continuaram e entre as mesmas foram exibidos
e quando havia algum imprevisto ou excesso de passageiros e carga, fun- filmes como "A história de Oreyfuss", no dia 27 de março de 1911, e "A
destruição de Tróia", no dia 6 de julho do mesmo ano. Um filme muito co-
mentado na época foi "O Preço do Álcool", apresentado no dia 23 de julho
de 1912. Tratava-se de um filme artístico com mil metros e dois quadros.
A promoção deste filme esteve a cargo de Oskar Ruediger.. As apresenta-
ções foram no Teatro "Frohsinn".
As crianças também tiveram programação cinematográfica especial
no dia 2 de junho de 1912, quando foram realizadas no Teatro "Frohsinn"
duas sessões: uma de tarde, para crianças, e outra às 8 horas da noite para
adultos, com a seguinte programação: 1 - Jupe-sulote ou Saia-calça; 2-
A Vila dos Rosen; 3 - Uma Caçada ao Marabuto; 4 - O Evento do Ferro
em Odessa; 5 - Paisagens Russas. As crianças pagaram 300 Rs e os adul-
tos 500 Rs.
O "Kinematographen", como era chamado, se apresentava fre-
quentemente nos salões do interior do município, onde eram exibidos fil-
mes na maioria sobre a Primeira Guerra Mundial.. Um desses filmes foi
também exibido no salão Zuege, de Itoupava, no dia 16 de outubro de
1915. Parece que os filmes sobre guerra eram muito prestigiados no inte-
rior, pois no dia 27 de setembro. de 1940, o Cinema Holzwarth Irmãos,
programou apresentações de sete jornais da UFA sobre a Segunda Guerra
Mundial nos seguintes locais: Salão Kirsten de Salto, Jensen de Itoupava,
Heidorn de Pomerode, Wehrnuth de Gaspar, Müller de Tirnbóo Hardt de
Indaial, Koehler de Encano, Hoffsess de Warnow. No filme apareceram
cenas de guerra na Polônia, Noruega, Bélgica, Holanda, França, e as ar-
mas usadas na guerra. Os adultos pagavam 2$000 Rs e as crianças 1$000.
José
Também no Teutõnia as apresentações eram freqüentes e no dia 14 de ja-
Julianelli neiro de 1916, a convite de Freitag, foi exibido o filme "Oie Seeschlacht
bei den Falklandsinseln" (O Massacre Marítimo nas Ilhas Falkland).
O cinema invadiu a cidade e no dia 24 de novembro de 1917, no sa-
lão Katz (prédio onde funcionou a Casa Kieckbusch e hoje demolido), foi
inaugurado o CINEMA_ IDEAL, com filmes especiais de dia para crian-

60 61
ças e à noite, para adultos, foi exibido o filme "A Noite na Montanha" e mes com legendas em letras góticas, como por exemplo o filme "Herbs-
ainda a série "O Vestido Branco". nnanõser" (Manobras de Outono), exibido no dia 3 de fevereiro de 1928
O filme "O Teatro e a Vida", depois de exibido no Teutônia no dia no salão Holetz.
11 de dezembro, foi exibido também no salão Holetz nos dias 13 e 14 de Apesar de o Teatro "Frohsinn" apresentar vez por outra um filme
dezembro de 1917. Entre outros fi lrnes, foram apresentados no salão Ho- como no dia 22 de setembro de 1925, quando foi exibido "O Circo da
letz: "Intrigas de Amor", "Na Companhia de Satã", "O Filho da Prisionei- Vida" com os grandes artistas Pala Negri e Harry Luedke, essas apresenta-
ra", e "A Fogueira", todos em 1917. ções, com o tempo cessaram e o cine Busch, que já funcionava regular-
Em 1918, além dos filmes "Os Mistérios de Nova York", "O Vene- mente no salão Holetz, continuou com suas apresentações que foram
no do Ouro", "O Poder Soberano" e o "Grito do Ipiranga", no dia 26 de ja- ininterruptas, ilimitadas e continuaram até 1940 no salão Holetz, quando
neiro de 1918, foi realizado o grandioso festival do "Tiro 475" e foi reformado. O projeto da reforma é de autoria do arquiteto Francisco
homenageado o sargento Abilio Gomes Chacon, sendo apresentado o fil- Treska Jr., datado de 27 de julho de 1939. O responsável pelo projeto foi o
me "A Parada de 7 de Setembro no Rio de Janeiro". Os filmes se sucedem engenheiro Antonio Victorino Ávila Filho. O projeto foi aprovado pela
e os mais comentados na época foram: "O Simpático Jim'', "A Filha da Prefeitura Municipal de Blurnenau, sob n° 7, de 11 de janeiro de 1940. As-
Estrada de Ferro", "Amor e Ódio", "Amor de Dançarina", "Rosa de Gra- sinaram ainda o projeto Frederico Guilherme Busch Jr, e Wilhelm Mahn-
nada", "A Martelada do Leiloeiro", "A Princesa", "Será Homem ou Mu- ke. Os trabalhos de reforma foram iniciados, e para evitar que o
lher?", "Nos Tempos de Trafalgar", todos exibidos no salão Holetz. blumenauense ficasse sem cinema, as exibições foram realizadas no salão
Em 1919, o cinema que funcionava no salão Holetz recebeu o do Clube Náutico América, que foi adaptado para satisfazer aos amantes
nome de BUSCH'S KINO" (Cine Busch), nome do empresário Frederico da sétima arte. O primeiro filme exibido no Clube Náutico América foi
G. Busch, de larga visão, que entre outras empresas obteve a concessão da "Chanlie Chan em Honolulu", no dia 13 de fevereiro de 1940.
Empresa Força e Luz para. Blumenau em 1905. Além do filme, foi apresentado também o Jornal da Semana, da
Entre os filmes apresentados em 1919, no Cine Busch, além da UFA, que foi muito comentado devido as cenas de guerra de setembro,
grande função em comemoração da batalha de "Tuyuty", foram apresenta-
dos: "Romance de um Rio", "De Marquês a Gigoletti", "Na Região de
Nancy", "A Guerra Européia", "A Garotinha", "O Tonto", "Os Vampiros",
"Olho de Lince", "Miss Ciclone e os Sete Pecados Mortais", "O Fogo" e o
grande programa do dia 25 de setembro sobre o tema "Die Vereinigten
Staaten im Kruege" (Os Estados Unidos na Guerra). No dia 2 de outubro
foi exibido o filme "A Epopéia Francesa", e da fábrica Pathé de Nova
York foram exibidos "Willy e o Pára-quedas", "O Romance de Josepha'',
"Pela Pátria" e outros mais.
O blurnenauense assistiu pela primeira vez a um filme "COLORI-
DO" no dia 26, de junho de 1921, quando o Cine Busch anunciou o filme
"Der Fluch der Vergangenheit" (A Maldição do Passado). No dia 23 de ju-
lho de 1921, no Cine Busch, o blumenauense assistiu a uma programação
dupla, ou seja, "Konzert-Kino" (concerto-cinema), com a orquestra
"Nichtdranzutippen" (Não me toques), com excelentes musicas e ainda o
filme colorido "Das Missgeschueck" (A Adversidade). Com o filme "A
Senhora do Mundo", exibido no dia 16 de março de 1922, foi mostrado o
avanço da cinematografia alemã, cujos filmes, logicamente, eram preferi-
dos pela Comunidade blumenauense. Era comum na época aparecerem fil- Hotel Holetz e Cine Busch

63
que se desenrolaram como um verdadeiro massacre. Ingressos a 2$000 e "Luize". Domingo, dia 6 de julho de 1940, à tarde foi apresentado o filme
1$000 réis. As apresentações no Clube Náutico América originaram o co- "Os Cinco Heróis" e à noite "Joujoux e Balangadans", filme nacional pa-
mentário publicado no "Der Urwaldsbote" agradecendo às damas, o com- trocinado pela senhora Darcy Vargas, esposa do Presidente Vargas, em
parecimento ao cinema, sem chapéu. A nota dizia ainda que o cinema era beneficio das crianças carentes. Os ingressos foram vendidos a 2$500,
improvisado, pois funcionava num salão de baile sem o declive necessá- 1$090 e poltronas numeradas 3$000 réis. A apresentação do dia 10 de
rio, e os chapéus das senhoras forçavam as pessoas das últimas filas a en- agosto de 1940 levou ao cinema muitos freqüentadores que se recordaram
tortarem o pescoço para ver o filme. No dia 14, às 8h15min, no salão do com carinho do velho Teatro "Frohsinn", onde foi apresentada a comédia
Clube Náutico América, foi apresentada a seguinte programação: "1m Weissen Roessl", exibida como filme da "Allianz" no Cine Busch.
Apesar da divergência nas datas históricas, pois o "Busch's Kino"
1- Cinédia Jornal n° 2 apareceu alguns anos depois- de 1904, no dia 8 de outubro de 1954, come-
2- Visita aos Artistas çaram os festejos do cinqüentenário do Cine Busch com o filme da War-
3- Pararnount Wochenschau ner Bross - "O Museu de Cera" - com os artistas Vincent Price, Frank
4 - Uma Cilada do Acaso - um filme policial.. Lovejoy e Phillis Kirk. Com esse filme, o público assistiu pela primeira
vez em Blumenau a terceira dimensão em cinema, projetada em tela metá-
o Cine Busch deveria estar concluido, segundo os cálculos, no dia lica. Os ingressos foram vendidos à razão de Cr$ 10,00 na platéia e Cr$
29 de junho de 1940, o que não ocorreu por motivos diversos. Calculado 6,00 no balcão. Os óculos foram alugados por Cr$ 5,00. No programa pe-
para 1400 lugares, 600 na galeria que se prolonga sobre a metade da pla- dia-se a devolução dos óculos "Polaroyd'' na saida da sessão. O Cine
téia, podendo suportar não só 600 pessoas e sim 1000, e segundo nota da Busch ainda apresentou na semana comemorativa ao Jubileu de Ouro, um
época, foi projetada para durar eternamente. A parte externa, com o con- Festival de Cinema no qual os filmes apresentados eram exibidos meia
traforte em betão e ferro, segundo alguns, recordam o colossal pórtico dos hora mais tarde no Cine Blurnenau, Foram apresentados os filmes:
festejos dos 1'00 anos de Breslau, na Alemanha. Com desculpas ao públi-
co, o "Der Urwaldsbote" publicou a seguinte nota: "Como o Clube Náuti- - O Veleiro' da Aventura, no dia 23 de outubro
co América necessita do seu salão. pois a diretoria o cedeu por cinco Hans Christian Andersen - dia 24
meses, as apresentações do próximo sábado serão na nova sala. porém - Império dos Malvados - dia 25
sem inauguração. A apresentação éprovisória, sem luz indireta, sem pin- - O Prazer - dia 26
tura, sem as novas cadeiras. sem a galeria e sem a sala de espera ". O jor- A Legião dos Desesperados - dia 27
nal informou ainda: "Que a data da inauguração da magnifica construção - Lágrimas Amargas - dia 28
será marcada oportunamente". 10 A primeira apresentação na nova sala foi - Gilda - dia 29
no dia 29 de junho de 1940, sábado, quando o Cine Busch apresentou o Os 5000 Dedos do Dr:. "T" - dia 30
filme da "Allianz" - "Adolescência de uma Rainha" - colorido, falado e - Entre a Espada e a Rosa - dia 31
cantado em alemão, tendo como atriz principal Jenny Jugo e o ator OUo Este último, de Walt Disney, fechando com chave de ouro, os feste-
Tresoler.. Foi ,exibido ainda o Jornal da Semana n? 445, da UFA, com os JOs.
seguintes assuntos: A Unificação das Nações; Inauguração da Igreja de. O moderno aparelhamento cinematográfico nos leva a uma retros-
Leipzig; A Guerra na Finlândia; Onda de Verão na Alemanha; Botes Tor- pectiva da sétima arte em Blurnenau, para avaliarmos as dificuldades dos
pedeiros no Mar do Norte; Um Submarino depois de Afundar 16 Navios primórdios do cinema sem a luz elétrica. Para projetar os filmes, era usado
Volta ao Pacto de sua Cidade Natal; Manobras com Tanques em Windorf; uma espécie de carbureto que produzia gás e que, muitas vezes, não fun-
etc. Dia 30, domingo, foi apresentado o filme da Metro - "Rosálie" - com eionava a contento, e os freqüentadores voltavam para suas casas desapon-
Eleanore Powell e Nelson Eddy. No dia 5 dejulho de 1940, o Cine Busch tados. O "Kinemarophon", sincronização de filme com gramofone, onde
apresentou uma das maiores cantoras da época - Grace Moore - no filme os discos gravados especiahnente para os filmes nem sempre funçjonavam
10. "Der Urwaldsbote" de 28 de junho de 1940.
e que custavam bem mais caros, pois um disco comum impor,tado da Ale-

.
64 65
manha custava mais ou menos 25 pfennig, enquanto que o disco que de cinema Herbert Holetz, que na direção do mesmo não media esforços
acompanhava o filme 25 marcos, pois na época não havia a célula fotoe1é- para que o cinema ocupasse realmente o seu lugar de destaque, publicando
trica ou som elétrico. Porém em 1930, Blumenau assistiu pela primeira criticas e resumos dos filmes a serem exibidos, em coluna especial no
vez a um filme falado. O programa em grande destaque anunciava para os JSC. Herbert Holetz, que começou com Busch e Sampaio, exerceu as fun-
dias 25 e 26 de dezembro de 1930, no Cine Busch, a grande inauguração ções ininterruptamente, apesar das mudanças de empresários (Estabeleci-
do "CINEMA FALADO" (Ton,filtn Apparatur), com o milionário filme da mentos José Daux, Orcopa, Empresa Meridional de Cinema e a
Ufaton "Der Weisse Teufel" (O Diabo Branco). O programa dizia ainda Organização Mário Santos, desde 1972).
ser o filme uma canção heróica de liberdade do Cáucaso, estrelado por Em 1984, a Organização Mário Santos resolveu dotar Blumenau de
Ivan Mosjoukin, Lil Dagover, Betty Amann e Fritz Alberti. O coral dos mais uma sala de espetáculos - o "Cine Busch II", aproveitando o rnezani-
"Cossacos do Don"; sob a regência de Serge Yaroff, canta: a Canção do no que, segundo uma nota da época em que o Cine Busch foi construido,
Volga, o antigo Hino da Rússia (da ópera "A Vida para o Czar"), canções foi projetado "para durar uma eternidade".
marciais russas, canções cáucasas como "Meu Coração Pulsa num Só" e O Cine Busch II é uma aconchegante e bonita sala de espetáculos
outras mais. Para o dia 25, às 8h30min da noite, os ingressos foram vendi- com 280 poltronas estofadas e forradas de azul, inclusive o piso, enquanto
dos à razão de 4$000 as poltronas numeradas, 3$300 geral e 2$000 para as poltronas do Cine Busch I são forradas de vermelho. O Cine Busch II
crianças. Os mesmos preços foram cobrados no dia 26, às 8h45min da noi- foi inaugurado no dia 21 de novembro de 1984, com o premiado filme
te. Dia 26, às 5 horas da tarde as crianças pagaram 1$000 e os adultos "Laços de Ternura", vencedor de cinco Oscar's e "saudado pela crítica e
3$000. Dias antes da inauguração, Friedl (Frederico G. Busch Junior), pelo público como o mais emocionante" produzido por Hollywood nos úl-
como era conhecido pelos mais intimas, orgulhosamente falava da próxi- timos anos. Os aparelhos de projeçãa foram os mesmos do tempo de Fre-
ma inauguração do cinema falado em Blumenau, dizendo ainda que o derico Busch, pai da proprietária do imóvel, Leda Busch. As
evento atrairia grande massa, e que nós, distantes do mecanismo mundial, características especiais do prédio o credenciam a fazer parte do patrimô,
deixamos de desfrutar de muitos eventos naturais, principalmente quando nio histórico da cidade.
encontrados e que nos poderiam trazer algo de verdadeiramente bom. ", FREDERICO GUILHERME BUSCH nasceu no dia 29 de de-
O Cine Busch também exibia filmes culturais, há vários anos, de zembro de 1865, em Santo Amaro (Palhoça), filho do carpinteiro Wilhelm
grande valor para o bl umenauense, entre eles o programa de IOde outubro Busch. Aprendeu o ofício de alfaiate e veio para Blumenau em 1894, onde
de 1931, com grande afluência de público: abriu uma alfaiataria. Alguns anos depois, iniciou um comércio de impor-
1 - Frohe Menschen, Hochschule der deutschen Turnerschaft. (2 tação e exportação e pode ser considerado o primeiro exportador de latiçí-
atos) nios de Blumenau. Por volta de 1900 importou o primeiro automóvel
2 - Unsere Stammesheimat Deutschland (8 atos) movido a vapor.. Em 1903, instalou uma fábrica de fósforos em Blumenau
3 - Was ich in Deutschland sah (4 atos) e em 1914 tinha o vapor "Gustavo". Em 1905, obteve a concessão da Em-
4 - Industriefilm: Ruhr, Siemenswerke, Allgemeine Eletrizitâís-Ge- presa Força e Luz para Blumenau, assinando com a municipalidade em 31
sellschaft.. de outubro de 1910, um contrato para instalação de luz e energia elétrica.
"O Brasil Grandioso", filmado por João Rickenberg sobre sua via- Ao adquirir da firma Wesphalen & Cia., de Harnburg - Alemanha, um
gem pelo Brasil, com convite especial para os escolares de Blumenau, foi aparelho cinematográfico, Busch projetava filmes para os seus amigos.
exibido no dia 10 de fevereiro de 1932. Também a grande concentração Uma passagem interessante com referência ao cinema foi Busch ter escrito
integralista de 6 de outubro de 1935 foi exibida no Cine Busch, no dia 31 ao seu representante no Rio de Janeiro solicitando filmes e a resposta
de outubro. Além desses, muitos outros filmes culturais foram exibidos no quando veio informava que Augusto de Oliveira e Silva, o representante,
Cine Busch. percorrera toda a praça do Rio de Janeiro e que o artigo era desconhecido.
Em 1953, começou a trabalhar no Cine Busch o grande entusiasta Busch escreveu aos dirigentes da Pathé Fréres, de Paris, recebendo os de-
sejados filmes. Mais tarde começou a exibir os filmes no salão Holetz, que
II. "Der Urwaldsbote" de 16 de dezembro de 1930. em 1919 passou a chamar-se "Busch's Kino" (Cine Busch). Faleceu em

66 67
julho de 1943, aos 77 anos de idade.
FREDERICO GUILHERME BUSCH JUNIOR nasceu em Blu-
menau no dia 21 de janeiro de 1899, filho de Frederico Guilherme Busch e
Clara Probst Busch, estudou na Escola Nova depois dedicou-se a auxiliar
os empreendimentos do pai. Em 1940 reformou o Cine Busch. Devido aos
múltiplos afazeres, Busch Junior arrendou sua casa de diversões. Entre os
muitos cargos ocupados, foi gerente do Banco do Brasil, da Organização
Henrique Lage. Foi Prefeito de Blumenau de 15 de dezembro de 1947 a
31 de janeiro de 1951 e de 31 de janeiro de 1956 até 31 de janeiro de
1961.. Durante o seu governo, festejou-se o Primeiro Centenário de Blu-
menau. Foi também presidente do Comitê Executivo da Comissão de De-
fesa do Vale do Itajaí, organizado na reunião dos prefeitos do Vale de 17 a
20 de agosto de 1957. As atividades do Comitê lograram o interesse do
Presidente da República que, em 7 de outubro de 1957, baixou decreto n°
42 ..423, nomeando Grupo de Trabalho para estudar a situação da Bacia do
Itajai., Faleceu no dia 27 de abril de 1971.
CINE GARCIA - Por volta de 1911, Hermann Hinkeldey e sua
esposa Tekla Klüger Hinkeldey conseguiram depois de anos de trabalho,
economizar e construir o prédio que foi o mais famoso do bairro do Gar- Jardim Hinkeldey - 1928

cia, e que ficou conhecido como o Salão Hinkeldey e mais tarde Cine Gar- As sessões cinematográficas, que eram mudas e animadas pelo
Gia. Hermann Hinkeldey, apesar do seu defeito tisico, pois nascera com o Bandônion de Arnold Gauche, inicialmente eram realizadas uma vez por
braço esquerdo atrofiado, transformou com tenacidade oe perseverança o semana pelos Irmãos Holzwarth e também por Julianelli., Os cinegrafistas
seu prédio, no centro comercial mais importante do Garcia, incluindo ain- ambulantes, que de quanto em vez apareciam no bairro do Garcia com o
da o outro lado da rua que ia até o ribeirão Garcia, onde funcionava um seu cinematógrafo e filmes, e também a grande afluência do público para
jardim com churrascaria. As churrascadas eram animadas pela "Streichor- as sessões, fizeram com que Carlos Zuege e Arthur Lohse, em novembro
chester Ideal", integrada pelos músicos: Franz Baumgart (regente e violi- de 1944, instalassem um cinema permanente, que ficou conhecido como
no), Marcos Sachtleben (violino), Oswaldo Hinkeldey (violino), Rudolph Cine Garcia. Arthur Lohse e Caulos Zuege trabalharam juntos até 1948,
Wuensch (saxofone), Otto Walters (bateria), Alfredo Wuensch (clarineta), quando a sociedade foi desfeita e Carlos Zuege continuou até 1958 sozi-
Alberto Himesch (violoncelo) e José Pfiffer (contrabaixo). nho. Em 1958, Reinaldo Olegário comprou o Cine Garcia: Segundo Rei-
O prédio, que funcionou por mais de setenta anos, abrigou uma naldo Olegário, que trabalhou no Cine Garcia quase trinta anos, pois
casa comercial ou negócio colonial como a chamavam alguns, pois vendia começou ainda garoto, eram muito solicitados os filmes de capa e espada,
de tudo, desde alfinetes e tecidos até o fumo em corda, materiais de cons- românticos, e dos nacionais, os que mais levavam público ao cinema eram
trução, mantimentos, bebidas, etc. Também funcionou um hotel, bar, pa- os filmes de Mazzaropi. . Em 1972, quando o Cine Garcia foi vendido para
daria, restaurante, salão de festas, etc. No salão de festas realizavam-se as a Empresa Meridional de Cinema, Reinaldo Olegário foi convidado para
domingueíras, que eram animadas pelo quarteto musical integrado por Ru- trabalhar como fiscal, porém" não aceitou, pois não pretendia deslocar-se
dolph Wuensch (saxofone), Rudolph Pabst (clarineta), Franz Baumgart para o Paraná, já que o cinema para ele era mais um "hobby". Os filmes
(regente e violino) e Oswaldo Hinkeldey (piano); as festas da Sociedade exibidos na época eram da Fama Filmes, de Curitiba, importadores e dis-
de Atiradores "General Osório", do Garcia (nos fundos, contra o morro, fi- tribuidores para quase todo o estado de Santa Catarina, exceto Lages e ad-
cavam os alvos para os tiros); a Sociedade de Canto Garcia 1, bailes, tea- jacências, que os recebiam de POl:tO Alegre.
tro, reuniões as mais diversas e cinema. O prédio onde funcionava o Cine Garcia pertenceu a Hermann Hin-

68 69
keldey, que o vendeu para Percy Borba. Posteriormente, a Paróquia Santo porque era comum faltar energia elétrica nos domingos à tarde. Os filmes
Antônio adquiriu o prédio de Percy Borba, através de um contrato em exibidos no salão Hinkeldey e outros locais eram alugados de Frederico G.
abril de 1975. A partir dessa data, no velho salão Hinkeldey onde foram Busch e inicialmente eram mudos. Os irmãos Holzwarth não chegaram a
realizados tantos bailes, domingueiras, festas, teatro e sessões cinemato- usar discos sincronizados com os filmes, porém quando o Cine Busch ini-
gráficas, foram também rezadas missas e feitas reuniões religiosas. As pa- siou a exibição de filmes falados, os ambulantes também os exibiram. Os
redes do velho salão Hinkeldey, habituadas a ouvir o toque de um sino, a Irmãos Holzwarth cessaram suas. atividades por volta de 1944.
cada cinco minutos, tocado por cinegrafistas que se postavam na porta de , CINE MOGK - Johann Ernst Walter Mogk nasceu em Okhanja
entrada para chamar a atenção do público e principalmente das pessoas (Afrioa) no dia 23 de novembro de 1912. Veio para o Brasil em 1923. Ca-
I

que estavam no bar ao lado, ouviram também, por algum tempo, os sinos sou-se com Tekla Schlei e são seus filhos: Haraldo, Ralf e Ingo. Começou
chamando para os atos religiosos. Em 1976, a Paróquia efetuou o primeiro com uma pequena marcenaria diversificada em Itoupava Norte, mais ou
pagamento. Atualmente, o velho salão não mais existe, porém a sua histó- menos onde âtúalrnente funciona o Cine Mogk e a indústria "Mogk Indús-
ria continuará viva como parte integrante da cultura da Comunidade do tria e Comércio de Máquinas Ltda", que fabrica máquinas industriais de
vários tipos.
Garcia.
IRMÃOS HOLZW ARTH - Os Irmãos Holzwarth, Adolf e Got- Em 1930, Mogk começou a dar espetáculos de prestidigitação e o
tlob, vieram da Patagônia (sul da Argentina) em 1914, onde eram nego- primeiro espetáculo foi realizado em Apiúna. Posteriormente, deu espetá-
ciantes. Gottlob trouxe da Argentina um cinematógrafo, que usou quando culos de prestidigitação desde São Paulo até a Argentina. Orgulha-se de
era cinegrafista ambulante a partir de 1916. Os irmãos compraram um ge- dois espetáculos apresentados em São Joaquim (SC), em 1932, onde a sala
rador para projetar os filmes nos locais onde não havia luz. Inicialmente o estava superlotada com 10 graus abaixo de zero, Trabalhou como prestidi-
gerador era transportado pelo interior de carroça, e mais tarde de automó- gitador até 1941, quando começou com o cinema. Mogk, que antigamente
vel.. Com a difusão da eletricidade não houve mais necessidade de trans- também foi cinegrafista ambulante, exibiu filmes em Indaial, Timbóo Po-
portar o gerador, porém o mesmo ficou disponivel no salão Hinkeldey, merode, Itoupava Central, Testo Salto, Testo Rega, Vila Ttoupava, Gaspar
e também no Teutônia (hoje Ipiranga). As apresentações cinematográficas
eram sempre marcadas com a devida antecedência, porém numa determi-
nada ocasião as exibições de Mogk e Julianelli coincidiram em local e
hora, sendo o impasse resolvido com uma corrida de automóveis. Julianel-
li esperou Mogk depois da sessão para discutirem o assunto. O primeiro
projetor usado por Mogk foi um "Hanngaertz". Os cinemas de Indaial,
Timbóo e Itoupava Norte utilizavam projetores fabricados em 1968 pela fa-
milia Mogk. Em 1944, Mogk começou a fabricar peças de reposição e ain-
da são os únicos que praticamente fabricam peças de reposição para
projetores cinematográficos no sul do Brasil.. Fabricam também toda a
parte sonora.
A primeira sessão cinematográfica realizada no antigo sal;w de bai-
le, onde hoje está o Cine Mogk, foi no dia 3 de setembro de 1941, com o
filme "O Tirano de Alcatraz'', (falado). O atual prédio pertence à familia
Mogk e foi construído em 1968 por pedreiros. contratados. O maior pro-
blema da época era a falta de cimento, que era importado do Uruguai e
que contribuiu para que a construção se prolongasse por seis meses. O
prédio foi inaugurado no dia 31 de outubro de 1968, com o filme "Felizes
I

para Sempre", com Omar Schariff e Sophia Loren. Durante os anos de


Salão Hínkeldey

70 71
198:;; e 1984, os 402 lugares foram reduzidos para 323, devido à enchente. visão' trará ao leitor, além de noticias sobre cinema, a programação de
Mogk construiu as poltronas para o seu cinema em ltoupava Nade e tam- TV", Foi impressa na Tipografia Centenário, não constando nomes de res-
bém para as salas alugadas onde exibia seus filmes. Por volta de 1954, a ponsáveis, nem redatores.
bonita casa de espetáculos cinematográficos Mogk também exibiu filmes O Cine Blumenau S.A. foi reformado em 13 de maio de 1969, con-
em terceira dimensão. Encerrou suas atividades em 31 de janeiro de 1986. forme processo n? 4.028 na Prefeitura Municipal de Blumenau, pela Cons-
CINE BLUMENAU - Em 1950, Antônio Cândido de Figueiredo e trutora H. Schultz,
Paul Schindler associaram-se para dotar Blumenau de mais um cinema. O No segundo semestre de 1983, o Cine Blurnenau cessou suas ativi-
projeto elaborado por Henrique Herwig e assinado pelo arquiteto Francis- dades e vários fatores contribuíram para que o fato se concretizasse, entre
co Hrozek foi aprovado pela Prefeitura Municipal de Blumenau sob na 11, eles a grande enchente de julho de 1983, que danificou as instalações, não
de 12 de janeiro de 1950 e assinado por Antônio Cândido de Figueiredo e compensando a reforma. O prédio foi vendido para fins comerciais.
Paul Schindler, Foi construtor René Deeke e mestre de obras Erich Klue- CINE ATLAS - Durante sete anos o bairro de Vila Nova teve o
gero A grande e confortável casa de espetáculos tinha 960 poltronas estofa- privilégio de ter o seu cinema. Idealizado por Alvacyr Á vila dos Santos,
das na platéia e mais 360 lugares na galeria, e foi chamada de Cine Carlos Braga Müller e Eva Taeschner Ávila dos Santos, o Cine Atlas, si-
Blumenau, sendo inaugurada no dia 28 de julho de 1951, como filme "As tuado à rua Theodoro Holtrup, foi inaugurado no dia 17 de dezembro de
Aventuras de Don Juan", com Erol Flynn, Viveca Lindfors, Robert Dou- 1965, com o filme alemão "MB Estrelas Brilham". Com 310 lugares, utili-
glas, Alan Hale e Romney Brent.. À. sessão foi reprisada no dia 29, domin- zando projetares de 35 mm, marca Simplex, nas suas sessões, entreteu os
go, às 14h, 16h30inin e 20h. O jornal "A Nação" noticiou a inauguração aficionados da sétima arte até 1972, quando foi desativado.
do Cine Blumenau no dia 29 dejulho de 1951.. O Cine Blumenau entreteu CINECLUBE "CARLITOS" - Fundado no dia 15 de julho de
os blnrnenauenses por longos anos .. 1974, tem entre os associados fundadores Carlos Braga Müller, Alvacyr
Em janeiro de 1953, O Cine Blumenau começou a publicar a "Re- Á vila dos Santos e Norberto Cremer, O Cineclube "Catlitos'' funcionou,
vista do Cine Blumenau", com mais ou menos 16 páginas, na maioria pro- inicialmente, na residência de Alvacyr Ávila dos Santos, ao lado da gara-
paganda comercial e industrial, palavras cruzadas, algumas curiosidades, gem, numa sala acarpetada com 23 poltronas estofadas. Posteriormente
indicações e resumos dos enredos das próximas apresentações. Foi distri- funcionou numa sala do Teatro "Carlos Gomes", com 33 poltronas, e ar
buído até 1960, gratuitamente, entre os freqüentadores, Quando os Cines condicionado. O Cineclube "Carlitos" projetava filmes culturais de metra-
Busch e Blumenau funcionaram sob a mesma direção, a revista foi intitu- gem normal e também curta metragem com o projetar IEC de 16 mm para
lada de "Revista Interna de Publicidade dos Cinemas, Blurnenau e Busch". sósias e convidados. Quando o Cineclube "Canlitos'' funcionava na resi-
A redação e responsabilidade estavam a cargo de Télvio Maestrini e era dência de Alvacyr Á vila dos Santos, após as sessões, havia debates sobre
impressa pela Gráfica Tupi. A publicação interrompida por um grande es- os filmes exibidos e confraternização entre os associados. O Cineclube
paço de tempo voltou a circular em15 de junho de 1961, com o nome de "Carlitos'' estreou com o filme "Os Deuses Vencidos".
"Revista Progresso", impressa na Tipografia Centenário, com o mesmo CINEMA DO TEATRO "CARLOS GOMES" - Como um De-
formato 16 x 22, com diversos colaboradores e assuntos transcritos de jor- partamento da Sociedade Dramático Musical "Carlos Gomes", registrado
nais e revistas, elaborada por Oswaldo Witthoeft,. desaparecendo depois de na Ernbrafilrne como Cineclube, funcionava em convênio com o Cineclu-
três edições. Em 1968 houve uma tentativa em reviver a "Revista do Cine be "Carlitos", o Cinema do Teatro "Carlos Gomes", que começou suas
Blurnenau", porém a revista, com mais ou menos 18 páginas de 15 x 19 exibições regulares no dia 23 de julho de 1983, logo após a grande en-
cm, que deveria aparecer quinzenalmente e ser distribuída graciosamente chente. O Cinema do Teatro "Camas Gomes" utilizava projetares de 35 e
nos Cines Busch e Blumenau, cessou a publicação em janeiro de 1969. 16 mm, possibilitando a exibição de filmes em ambas: as bitolas. Funcio-
Entretanto o editorial dizia o seguinte: "Um grupo novo se organiza, pois nava para o público em geral, porém os associados da Sociedade Dramáti-
mais uma missão deve ser cumprida. A TV-Canal 3, de Blumenau, irá ao co Musical "Canlos Gomes" pagavam preços especiais. Possuía 210
ar nos próximos dias. Nossa cidade inicia outro período; no reino das co- poltronas e ar condicionado e o filme de estréia foi "Os Últimos Dias de
municações, nossa vida comunitária passa a ter alicerces próprios. 'Cine- Hitler". Apresentava mostras de cineastas.

7L' 73
WILL Y SIEVERT - nasceu em Blumenau no dia 20 de maio de Ponte sobre o Rio ltoupava, Altona, Corpus Christi, Presidente Getúlio - o
1903. Seus pais, August e Emma Sievert, vieram da Alemanha com 9 e 8 Desfile no 500 Aniversário;
anos de idade, respectivamente. August faleceu aos 94 1/2 anos de idade e Filme n? 8
Emma aos 87. Casado com Victória Sievert, é um importante homem de (1955) Pedra fundamental da Igreja de Altona, Desastre de trem, 7 de Se-
negócios do Vale do ltajai.. Está sempre à testa de importantes associações tembro de 1955, Dona Emma e o Dia do Colono;
COmerCIaIS, sociais e culturais, fazendo parte de grandes eventos que mar- Filme n° 9
caram a nossa Comunidade. Entre outras associações, Willy Sievert foi Presidente Café Filho, Bonecas Vivas de Gaspar;
presidente da Sociedade Dramático Musical "Canlos Gomes" no período Filme n? 10
de 16 de maio de 1956 até 17 de abril de 1962, periodo em que a socieda- (Opereta) "Imigrante", Salto Santa Maria, Geada de 1955, Corpus Christi,
de foi marcada por grande desenvolvimento sócio-cultural e artistico. Primavera;
Apesar de ser mais conhecido como homem de negócios, Willy Sievert é Filme n? 11
um grande cineasta arnador., Willy Sievert começou como fotógrafo ama- (1957) Desastre de Ônibus - Garcia, Desfile de Misses, Desastre de
dor em 1940, fotografando todas as belas cenas e eventos que mereciam Avião, Coroação da Rainha do Ipiranga, "Jedermarm" - peça teatral, Copa
ser fixados pela fotografia. Porém, o movimento das imagens sempre o do Mundo, Jogos no SESI, Enchente de 1957, Circo "Águia", Desastre de
atraiu e ele adquiriu em 1952 o seu primeiro cinematógrafo - "Keystone". Trem, Incêndio na Prefeitura de Blumenau - em 1958;
.Atualmente possui um cinematógrafo - "Pailard Bolex". Do seu acervo Filme n? 12
particular fazem parte 62 "Jornais de Blumenau'', rolos de 400" com 20 (1958-1959) - Festa Aquática, Zugspitzartisten (ginastas suíços), Jogos
minutos de projeção. Filmes diversos de 800", contendo "Acontecimentos Militares, Jânio Quadros, Inauguração da Ponte "Adolfo Konder", Ginca-
de Blurnenau", como enchentes, FAMOSC, etc., e ainda 60 filmes da fa- na de Lambretas, 7 de Setembro de 1959 e Festa da Uva em Caxias do
milia "Nossos Filhos". Nos filmes "Jornais de Blumenau'', os conteúdos, a Sul;
partir de 1952, são os seguintes: Filme n? 13
(1960) Exposição de Orquídeas, 7 de Setembro de 1960, Rodovia Jorge
Filme n? 1 Lacerda, Encano, Carnboriüt Concurso de Pesca, Exposição Canina;
Blumenau, Regata Ipiranga, Circo "Búfalo Bill", Sétimo Céu, Encano, Filme n? 14
Baile de Coroação da S. D. M. "Carlos Gomes", Porcelana Schmidt, 7 de (1961) Cidade/Colônia, Camboriúu - Festa Aquática, Centenário de Gas-
Setembro de 1952; par, Corpus Christi;
Filme n? 2 Filme n? 15
Fortaleza, etc., la Exposição Canina, 75 0
Aniversário da Colônia Santo (1961) lbirama -"25 de Julho", Enchente de 1961;
Antônio; FiÍme n? 16
Filme n? 3 (1961/1962) lIhota - Rodovia, Corpo de Bombeiros, Encano - Dr. Ke-
H. Steiner, Ópera, Bailados, Conservatório de Música; chenle, Natal e Papai Noel, Camboriúu e Cabeçudas, Exposição Canina;
Filme n? 4 Filme n? 17
(1953) 2a Exposição Canina, Circo Garcia, Teatro "Canlos Gomes", Baila- (1962) Sul Banco e Inca, Jogos Abertos, Exposição de Orquídeas, Natal -
dos e Bonecas Vivas; Lojas e Papai Noel;
Filme n? 5 Filme n? 18
Indaial, Salto Capivari, Festa de São João, Benedito Novo; (1962) Hermes Macedo, 7 de Setembro de 1962, Joinville - EFA/AJAO,
Filme n? 6 Exposição H. Steiner e Erwin Teichrnann, Jardim Zoológico de Pomero-
Nossa Senhora. de Fátima, Inauguração do Moto Club, Pau de Fita; de;
Filme n? 7 Filme n? 19
Enchente de 1953, Explosão da Fábrica de Pólvora em Jaraguá (1963) Torre da Matriz, Sport-car, Exposição Agropecuária, Celso Ramos

74 75
em Palmeiras, Tabajara - Desfile de Maiôs; navalescos, Eleição Miss Santa Catarina, Inauguração do Grupo Escolar
Filme na 20 "Luiz Delfina", Carnboriú.u Natal nas ruas em 1969;
(1963/1964) Retorno do 23 0
R. 1., Marcha da Família, 7 de Setembro de Filme n" 31
1963, Jardim Lischke, Exposição Canina, Cabeçudas e Camboriú; (1969/1970) XI FENIT (circo), Centenário de Timbóp Inauguração do pri-
Filme na 21 meir:o trecho da Av. Beira Rio e restaurante "Weissen Roessl'', Exposição
Debutantes de 1963, Lincoln Gordon, Churrasco da Vitória, Corpus Chris- de Orquídeas de Blumenau, Natal de 1969, Desfile Hermes Macedo, Ilu-
ti/1964, Tucano e cachorro brincando, Lançamento da pedra fundamental minação das ruas;
do Country Club, Papai Noel/1963; Filme na 32
Filme na 22 (1970) Praias - Gravatá e pedras de Itapema, IV Festival da Cerveja, Inau-
(1964) 7 de Setembro' de 1964, Casa Peiter, I Feira - Itajaí, Orquideas gurações: Banco do Estado, Estrutura do Fórum e Palácio dos Esportes,
"dendobrian'', Natal - Figuras de Disney; Artex (inauguração), Curitiba, Paranaguá, Pedras à esquerda antes de Ita-
Filme n" 23 pema;
(1965) Desfile escolar, Padre Jacobs, Folclore - Curitiba, Petroleiro, "Nor- Filme n" 33
te" em chamas, Exposição de Orquideas, Duas casas destruídas, Pescaria (1970) Desastre de Volkswagen, Desabamento da Rodovia Jorge Lacerda,
em Pornerode, Jardim Kecherle, Dia do Viajante, I Ciclo de Estudos sobre Coquetel - Miss Blumenau, Desfile de trajes carnavalescos em 1970, Ex-
Segurança Nacional da Escola Superior de Guerra; posição de pombos, Dia da Copa de 1970;
Filme na 24 Filme na 34

(1966/1967) Pequena enchente, I Trote da Faculdade, Camboriú, Branca (1970) Ginastas dinamarqueses, Fazenda Udo Schadrack, Joinville, VI
de Neve, Danças gaúchas, Escoteiros, I Festival da Cerveja, Natal de FAMOSC, 7 de Setembro de 1970;
1966; Filme na 35
Filme na 25 (1970) Balneáao _ de Camboriú li e o nivelamento da Av. Atlântica, São Pau-
(1967) Demonstração do "Simca'', Country Club - inauguração da piscina, lo - XIIi Fenit (a última no Ibirapuera), Praça Roosevelt, Exposição na
II Trote da Faculdade, II Exposição - Itajaí, Corpus Christi, Empresa In- Praça da República - Shaw da Rhodia;
dustriaI Garcia - Índios em Festa; Filme n" 36
Filme na 26 (1970) Inauguração do Banco do Estado do Paraná e do Supermercado
(1967) Parada de 7 de Setembro', Ponte caída em Itoupava, Desmorona- Pfuetzenreuter, Crerner, Jogos da Primavera, Flores, Trevos, Desfile dos
menta em Carnboriú,lI Ii[ Agropec, Joinville - Fenaflor, Natal de 1967; comerciários no dia 30 de outubro, Natal de 1970 - ruas e desfile de Her-
Filme na 27 mes Macedo;
(1968) Perequê - Porto Belo, Tirolês, Camboriú li - Rainha das Praias de. Filme na 37
Santa Catarina, Escoteiros, Circo "Krone", II Festival da Cerveja, Arma- (1970/1971) Canalização da Av. Beira Rio, Joinville - EJA/AJAO, São
ção; Francisco do Sul, Camboriú,lI Gravatá e Piçarras, rodovia do Turismo, Ita-
Filme na 2~ jaí e I FIP ACI;
(1968) Taió, Nôrnades, Circo Aquário, Eleição Miss Santa Catarina na Filme n" 38
FAMOSC; (1971) Pela BR-IOl Florianópolis, Laguna, Tubarão, Criclútna, Urussan-
Filme na 29 ga, Orleães, A catástrofe de Lauro Mjiller;
(1968) Festa do Aero Clube, Obras da Av. Beira Rio, Parada de 7 de Se- Filme na 39
tembro, Desabamento em Guaratuba, Joinville - AJAO, Empresa Indus- (1971) Visita do Presidente Médicis, Heinz Geyer - 50 anos como maes-
trial Garcia - II Festa Indígena; tro da S. D. M. "Carlos Gomes", Jaraguá, Rodeio;
Filme na 30 Filme n'' 40
(1968/1969) Desastre de 2 de Setembro, Coquetel das Misses, Trajes Car- (1971) 2 de Setembro de 1971 - Desfile dos Atiradores, Desfile de 7 de

76 77
setembro de 1971, Exposição Canina em 17 de outubro; Setembro, Acrobacias com automóveis, Exposição de E. Teichmann na
Filme na 41 FURB, 2 de Setembro de 1974 - vinda da uma com os restos mortais do
(1971) Batidas de automóveis, Joinvil1e - EJA/AJAO, Indústria Têxtil He- Doutor Blumenau e desfile em Blumenau, Chinchila, Almirante Zirnrner-
ring - churrascada na Ilhota, O Circo "Vostok", Camping Club de Blume- mann em Blumenau, Natal de 1974, Enfeites na Rua XV;
nau, Rua XV no Natal de 1971; Filme n" 52
Filme na 42 (1975/1976) Pomerode: 2 ursinhos, Escola de samba, Recepção de 175
(1972) Camboriú.u Pintor Manzke, Inauguração do Biergarten, O Valor atletas, Jogos de Chapecó, Natal de 1975, Balneário de Carnboriüt - 1976,
Blurnenau I e II, I Exposição Canina Nacional; Reflexos nos vidros do Moinho, Maiblumen - Wolfram, Liliputianos na
Filme na 43 PROEB, Dia dos Cornerciárais, Stutgarten Karnevalsgarbe, Presidente
(1972) Inauguração do novo Fórum, Agropec, Delfim Neto em Blumenau, Geisel em Blumenau, Inauguração da ponte José Ferreira da Silva;
Enchente de agosto, 2 de setembro, VI FAMOSC; Filme na 53
Filme na 44 (1976/1977) - Inauguração do Hotel Plaza, Natal de 1976, Desfile da
(1972) Troféus dos Jogos Abertos, Desfile de Modas, Inauguração do Su- Hermes Macedo, Centenário do Colégio Santo Antônio, Florianópolis
permercado 25, Exposição de pinturas Manzke, Radernacker em Itajaí - - Carnaval177, Calçadão, Festa dos Cantores no "25 de Julho" (interna-
almoço e vapor Blumenau, Inauguração do Supermercado Pfuetzenreuter cional), 2 de setembro de 1977 - Desfile dos Atiradores, Restaurante
no Garcia, Desfile de Natal das lojas Hermes Macedo e enfeites da Rua Toenjes;
XV; Filme na 54
Filme na 45 (19771978) "Aquarama - Revista", Jogos Abertos de 1977, Natal de 1977
Balneário de Carnboriúi O Refúgio, Casa caida na Velha, Inauguração da com desfile Hermes Macedo, Corpo de Bombeiros, Inauguração da Artex,
barragem de Taió, Inauguração do Hotel Paraiso dos Pôneis, Balneário de Kaffeehaus, Exposição Canina Internacional, Inauguração da Moel1mann,
Carnboriú LI - delfim e foca; Natal de 1978 com desfile de Hermes Macedo;
Filme na 46 Filme na 55
(1973) Edifício em construção, Visita do Frei Braz, Circo "Orfei", Arma- (1979) Salto Capivari, Benedito Alto, Barragem de Ibirama, Inauguração
ção, Segunda enchente, As Misses de Santa Catarina; do Banco Econômico, Rodovia em construção, Refúgio, Los Muchachos
Filme na 47 (artistas juvenis), Encontro de Orquestras de Santa Catarina (160 músi-
(1973) Terceira enchente de agosto, Maiblumen - Wolfram, 7 de Setem- cos), Parada de 7 de Setembro;
bro, Blumenau à noite, Fonte luminosa; Filme na 56
Filme na 48 (197911980) Flores na morada Schwers, Jogos Abertos, Natal de 1979 -
(1973) Recepção dos atletas dos Jogos Abertos, Crianças pintando tapu- iluminação e desfile Hermes Macedo, Transmissão de Comando no 23°
me, Joinvil1e - exposição de flores, Natal de 1973 - Desfile nas ruas de Batalhão de Infantaria, Parada de 7 de Setembro de 1980, XIV Convenção
Hermes Macedo, Boi de Mamão; Estadual do CDL em Blumenau em 22/0811980;
Filme na 49 Filme na 57
(1974) Balneário de Camboriú,LI Jardim e Casa do Dr. Blumenau, Desaba- (1980) Centenário da Cia, Hering, Bailado no Teatro "Carlos Gomes" -
mento da Jorge Lacerda, Desfile do Lions Clube, Florianópolis - a nova "As Três Laranjas", Natal de 1980 à noite e Desfile Hermes Macedo, Ca-
ponte e o Carnaval à noite; nal de Fogo;
Filme n" 50 Filme na 58
(1974) Visita do Embaixador alemão, Pornerode - Inauguração da Netsch, (1981) SESC - Festa para cnanças na rua Amadeu da Luz, Balneário de
TV - Copa 1974, Joinvil1e - Expovile 1973, Danças folclóricas; Camboriúu Florianópolis - Desfile de blocos e carros carnavalescos pre-
Filme na 51 miados, Três carros batidos, Os 3 monumentos do escultor E. Teichrnann,
(1974) Inauguração da filial do Supermercado Pfuetzenreuter na rua 2 de A praça Doutor Juscelino Kubitschek;

78' 79
Filme n? 59 filmagens reuniu um respeitável acervo de filmes, nos quais fixou, além
(198.0/1981) Enchente de 22 de dezembro de 1980, O Refúgio, Exposição de outros, os maiores e melhores momentos da nossa Comunidade e tam-
de plnturas.de Orlando Ferreira de Mello, Exposição Canina, 23° Batalhão bém as, grandes tragédias, deixando para a posteridade um documento
de l-fantana - I?esfi1e de bandeiras históricas, Maib1umen, Parque Jorge vivo, vasto e honesto.
Buatim, A~ IAgre!asde -Jumenau, Floresta Negra, Acrobacia na roda gI- ALFRED BAUMGARTEN - Filho de Hermann Baumgarten e
gante, Residêàcias, Raizes de uma figueira, Ginastas Internacionais na Maria Deeke Baumgarten, nasceu em Blumenau no dia 16 de junho de
PROEB; . 1883. Hermann Baumgarten, pai de Alfred, foi o fundador do primeiro
Filme n? 60 jornal de Blumenau, o "Blumenauer Zeitung", que começou a circular
(1981) O Refúgio, Parque de Diversões (12/10/1981) e dez mil crianças no dia IOde janeiro de 1881.. Alfred, o filho mais velho, deveria ser o
care-tes, Aero ' Clube - 4 novos pára-quedistas, Jogos Abertos, Bailados sucessor do seu pai no jornalismo, pois aos vinte anos foi mandado
Mana de Caro, Natal de 1981 e desfile Hermes Macedo, Bai lado no Tea- para a Alemanha para se aperfeiçoar em litografia. No decorrer dos cin-
tro "Carlos Gomes", Pelo Natal - a represa Palmitos enfeitada de hortên- co anos que Alfred permaneceu na Alemanha, se interessou mais pela
sias. fotografia; e quando soube, da morte de Bernhard Scheidemantel, pri-
Willy Sievert filmou em "Acontecimentos": meiro fotógrafo de Blumenau, decidiu voltar ao Brasil.. Comprou o apa-
Blumenau pitoresco, Blurnenau de ontem e Blumenau a Colônia; relhamento dos herdeiros de Scheidemantel e se estabeleceu, criando o
Recife e Salv-dor, Sul do Pais, Montevidéu, Buenos Aires, Bariloche, Nas "Atelier Baumgarten". Na época, o material usado era quase totalmente
margens do no, Flores, Jardins, Casas, Dia do Colono em Ibirama (1953), fabricado em casa. Alfred fazia os negativos em chapas de vidro, com
A enchente d- 1954.' A Igreja Matriz, Brasilia (1959), Centenário de Itajaí cobertura' de gelatina sensibilizada, bem como os banhos de revelação-
e Brusque, RIO, nnz de Fora, São Paulo, Santos, Vila Velha Curitiba fixador, etc. Ainda existem inúmeras fotografias dessa época feitas por
Nova Friburgo, Primavera. (1957), Tabajara Tênis Clube, Caxias' - festa d- esse processo, que estão em perfeitissimo estado. Alfred casou-se com
uva de 1965, Recantos e Encantos (1964), Londrina, Casamento Rosi, Selma Altenburg, filha de Louis Altenburg, no dia 15 de março de
Blum:nau e seus encantos, IV FAMOSC (1965), Vila Velha (1961), Im- 1909. Tiveram quatro filhos, um faleceu aos oito anos de idade. Por
pressoes de uma viagem até Brasilia - partindo de Brasilia São Paulo X longos anos, Alfred foi o único fotógrafo de Blurnenau, Não havia ca-
Fenit (1967), Recife 8" Convenção CDL (1967), João Pes-ca, Fortaleza, samento, batizado e outras festas sem o Alfred Baurngarten para eterni-
Salvador, Recantos e Encantos, Dia do Colono em Ibirama e 70 anos zar o evento. Sendo o único fotógrafo, suas atividades se estendiam
(1968), Go.iâni- 9." Convenção CDL, XI Fenit de São Paulo - agosto de também pelo interior da Colônia.
1968, ~~troPO!I~ 10': Convenção CDL, 4" Convenção CDL (1970), Casa- Por volta de 1932, começou a interessar-se por filmagens. Adquiriu
mento Tice-Itáãa, Casamento Paulo - Bila, São Paulo XIV Fenit, Catara- no Rio de Janeiro uma filmadora de 35 mm, que também serviu de proje-
tas do Iguaça, Assunção, 1" Convenção CDL em Pano Alegre 5" tar. As filmagens eram reveladas e copiadas no seu próprio laboratório,
Convenção Estadual CDL em Joaçaba (1971), 6" Convenção Estadual com aparelhamento feito por ele como: tear para enrolar os filmes, tambo-
CDL em Lages (1972), Manaus, Belém, Catástrofe de Tubarão 3" Con- res de cobre para revelador e fixagem. Os letreiros eram meticulosamente
venção CDL - Tubarãa, Florianópolis, Chapecó, Rio de Janeiro CDL desenhados e adaptados. As filmagens registravam, na sua maior parte,
(1974), CDL Convenções em Belo Horizonte, Lages (1979), Rio de Janei- acontecimentos políticos e sociais e foram exibidos em todo o Brasil.. Fo-
ro e Joaçaba (1977), Recantos e Encantos - 4, Rio de Janeiro - Convenção ram distribuidos pela Distribuidora de Filmes Nacionais, Sono Filmes.
de 1974, Convenção em Recife, Foz do Iguaeu, Mas tarde, desistiu porque o trabalho, além de muito mal remunerado, na
Nos filmes "Familia" ou "Pessoais", Willy Sievert filmou a partir maioria das vezes não rendia nada, perdendo ainda muitos filmes que a
de ~953, os melhores momentos dos seus filhos, netos, demais familiares e distribuidora simplesmente não devolvia. Isto por volta de 1940. Alguns
amigos;, Alguns d- se;ls filmes foram exibidos diversas vezes, principal- arre depois, deixou o "Atelier" para seu filho mais velho, aposentando-se
mente Primavera", so de flores, que sempre agradava muito. Willy Sie- por conta própria. faleceu no dia 17 de novembro de 1967, aos oitenta e
vert é um autêntica cineasta amador, que no decorrer dos 31 anos de quatro anos de idade.

80 ' 81
No dia 18 de abril de 1980, foi realizada no Cine Busch a apresen- Funcionou por alguns meses, na década de sessenta, onde atual-
tação de diversos filmes de 35 mm encontrados no Arquivo Histórico da mente se localiza a Biblioteca Municipal, um Clube de Cinema fundado
Fundação Casa Dr. Blumenau (promoção conjunta da Prefeitura de Blu- por Herbert Holetz.
menau, Fundação Casa Dr _ Blumenau e Departamento de Cultura da Destaca-se no cenário nacional (cinema e TV) por sua beleza, a ex-
SEC). Os filmes foram produzidos há mais de cinqüenta anos pelo fotó- miss Brasil e atriz blumenauense Vera Fischer.
grafo e cineasta Alfred Baumgarten, e mostram aspectos da enchente de
1927 e alguns fatos ocorridos de 1930 a 1940. Os filmes foram remonta-
dos e intenligados em dois volumes e copiados em 16 mm para possível
exibição em escolas e bairros.
FOLCLORE
Após anos de exibições cinematográficas, em salas especiais, salões
adaptados, e nos mais diversos locais, os cinegrafistas, principalmente os "Folclore, estudo e conhecimento das
ambulantes, que percorreram todo o Vale do Itajai carregando o seu equi-
tradições de umpovo, expressas em suas
pamento, às vezes em condições as mais adversas, para proporcionar aos
lendas, crenças, canções e costumes. "
espectadores, inclusive do interior, inesquecíveis momentos de lazer e co-
nhecimentos, bem como os cineastas amadores, que com o seu documen- Em sua bagagem cultural, os nossos colonizadores trouxeram em
tário nos faz, hoje, reviver o ontem, e que além de filmarem fatos abundância, do seu país de origem, o "seu folclore".
históricos e outros, possuem a sensibilidade de Willy Sievert, que madru-
Entre as manifestações folclóricas, a festa de Natal é, sem dúvida, a
gou muitas vezes para fihnar o desabrochar de uma flor, todos, indistinta-
que cala mais fundo. Não é o velhinho vestido de vermelho, engendrado
mente, envolvidos com a maravilhosa sétima arte, participam do contexto
para fins comerciais, que enriquece o nqsso folclore e sim a árvore com os
histórico da nossa Comunidade.
ramos cobertos de neve e iluminada pelas estrelas, ao redor da qual solda-
Com o objetivo de exibir filmes de arte, documentários culturais e dos distantes de casa cantavam canções de Natal - é a árvore universal, a
científicos, promover cinema nos bairros (centros comunitários e escolas), árvore de Natal, e que apesar da modernização ainda é o símbolo do Natal
utilizando também espaços alternativos para mostras de fihnes de arte para os que cultuam as suas tradições. Na época da "nacionalização", pres-
como Cinema no Bar e Cinema de Rua, reuniram-se no Centro de Cultura sões tentaram eliminar o algodão com que se enfeitam os ramos dos pi-
de Blumenau, aficionados da sétima arte, para fundarem um clube de cine- nheininhos de Natal numa demonstração de ignorância da sua história e
ma. Em maio de 1986, foram elaborados e aprovados os Estatutos e eleita desrespeito pelo folclore universal, pois o algodão simboliza a neve e as
a primeira diretoria do Clube, que contou com C\audete Giese (presiden- luzes, as estrelas da primeira árvore de Natal.. E foi com uma árvore da
te), Raimundo Pereira dos Santos (vice-presidente), Roberto C. Belli (se- nossa maravilhosa floresta que os nossos colonizadores celebraram o seu
cretário), Adilson Dallabona (2° secretário), José Helio C. do Nascimento primeiro. Natal no Brasil, cantando no seu idioma de origem a canção fol-
(tesoureiro), Marcos B. de Oliveira (2° tesoureiro), João A. Boer, Carlos clórica "Lied von Taunenbaum" (Canção do Pinheirinho) e "Stille Nacht"
A. Gonçalves, Marlise M. Jacques, Camas A. Dalrnarco, Cosette E. de (Noite Feliz). A árvore era enfeitada com flores silvestres (em falta do al-
Castrn. e Nelson C. da Cunha (conselho fiscal).
godão), "Weinachtskuchen" (pequenos doces de Natal" e possivelmente
O clube que foi denominado de Acorde Povo es.tál inscrito nas fil-
algumas velinhas de cera fabricadas artesanal mente com cera de abelhas,
motecas: rCBA, Instituto Goethe, Dinafilme, Embrafilrne e Aliança Fran-
silvestres. O velhinho vestido de vermelho faz parte dos festejos populares
cesa. de Natal de muitos povos.
Além de abrir espaço para filmes nacionais artístioes, também abriu
Ao contrário do Natal, a Páscoa não é propriamente festejada e sim
espaço para videocassetes, uma realidade de mercado, que poderia servir respeitada, principalmente o "Gründounerstag" (Quinta-Feira Santa), pois
de apoio a estudos e a projetes em video, Super 8 ou 16 mm. a alegria dos ovos de Páscoa fica para as crianças..
O cineclube visa "despertar maior interesse pelo cinema, promo- As canções folclóricas, ("Volksweisen"), ocupam lugar de destaque
vendo o desenvolvimento de atividades e aprodução cinematográfica". na cultura germânica. Canções belíssimas e com letras versando sobre te-

<82 83
mas, os mais diversos, nos dão mostras da sensibilidade do povo. Entre A canção folslórica alemã "Gott der Allwissende", com letra em
elas "Der gute Kamerad" (O Bom Camarada), com letra de Ludwig Uh- vernáculo "Sabes Quantas Estrelinhas?" era muito cantada pelas: crianças,
land (1809), e que foi a canção que o Pastor Hesse tocou acompanhando quando nossas escolas primavam pela beleza das canções infantis. Entre
com o seu violino os cantores da Sociedade de Canto Germânia, após a outras. pertencem ao repertório das canções folclóricas: Der Abendstern.
leitura da cana vinda do Paraguai (1865), contando a atuação dos Voluntá- (A Estrela Vespertina); Frühlingsbotschaft (Mensagem da Primavera);
rios da Pátria de Blumenau na Guerra do Paraguai. Até o presente, a can- Abendlied (Canção da Noite); Frühlings Ankunst (Advento da Primave-
ção faz parte do repertório de canções folclóricas alemãs em grandes ra); Ins grüne Feld (Na Verde Campina); Der Nachtigall Antwort (A Res-
eventos culturais. posta do Rouxinol); Sountag (Domingo); Wanderlied (Canção do
Viajante; Schifferlied (Canção do Marinheiro); GeI4]:Jde (Votos); Wal-
12. '90tt bn 91UlUiffcnbe. dlied (Canção da Floresta); Abschied von der Heimat (Despedida da Pá-
9JI4&10-el\Jeot lllOft'l\Jelle. tria); Siegfrieds Schwert (A Espada de Siegfried); Herbstlied (Canção do
ItII' Outono); Der Wanderer in der SrigernUltle (O Viajante no Moinho); Solda-
ten Morgenlied (Canção Matinal do Soldado); Was Schwindet und was,
bleibet (O que Desaparece e o que Permanece). De W. A. Mozart, são tra-
llileijjtbu, l\Jle" bleI ISte,,-ne fte •• flen an bem dieionais as canções: "An den Mai" e "Der alte Landmaun seinen Sohn"
1. { llilelbt bu, l\Jie~'bleI llillll-fen oe "6en llJ.elt--iII
(O Filho do Velho Camponês). Com letra de Goethe e música de H. Wer-
-elIMClut

' -?15eIl..1·-·~ ner, "Heidenrõslein" - (Rosinha Silvestre) é uma obra prima do tradicional

~ -. ,
.. ._-
--
-Iau "en -im.mel- ••heltt
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cancioneiro alemão.
As lendas de Siegfried, as Valkyrias, a Flauta Mágica, Lorelei, que
a " -et aí •• Ie 21leIt?- } /Matt bet ~m -at fie
também é uma bonita canção, acrescidas dos contos de fadas de Grimm,
contadas pelos colonizadores aos seus filhos, continuam até os nossos
-1-' ''- dias.
a4§ ••Iet, ba& il)m Deve-se ao Centro Cultural "25 de Julho" a preservação' das tradi-
ções alemãs, principalmente nas canções, músicas" teatro e danças folcló-
ficas.
"-J" J' -~ !4!"'..J!"'..J!"'..J!"'..J!"'..J
"'--='~~-~~~----------------- O grupo de danças vinculado ao Centro Cultural "25 de Julho", de
oa'''~n oto-flen .Sa-t, em bee oan "aen Oto-ôzen.8a~J. Blurnenau, o "Blumenauer Volkstanzgruppe", foi fundado em 1984. Divi-
de-se em três categorias: infantil, juvenil e adulto. É o primeiro grupo fol-
clórico de Blumenau reconhecido nacionalmente.
."""",."""",
Além do grupo folclórico do Centro' Cultural "25 de Julho", atuam
em Blumenau o Grupo "Boehmerwald'', de Blumenau, criado' em 1977,
lIJ elflt bu, l\Jle~'\I\e! etC'C. n. fte "-.n en bem . que reúne vinte casais e sete músicos integrantes da bandinha Boehmer-
1. {. lIlelflt bu, l\Jle" ble1 lU01. ren oe «fjen l\Jelt~o-ln wald; o Grupo "Eintracht Volkstanzgruppe", fundado em maio de 1987
pela Comunidade Evangélica de Vila Itoupava, em Blumenau; o Grupo
"Freiheitstanzgruppe", criado em 1988 junto ao tradicional Clube de Caça
e Tiro Velha Central; o Grupo "Gute Freunde", de Blumenau, criado em
-IOU"m -11)1"m~T'••&€lt? } Qlatt bet
cr- •• ~~ aí "1e lIlr;C-f. --
~m -Qt fie Oe- agosto de 1989, integrado por jovens de 10 a 15 anos de idade; o Grupo do
Tabajara Tênis Clube (Schuetzenverein Blumenau); o Grupo "Folclórico
Alpino Germânico}", de Testo Salto, que apresenta em seu repertório:
- "Dança dos Lenhadores Alpinos", com sapateado por rapazes;
Canção folclórica alemã

84 85
"Dança dos Tapas", com sapateado por rapazes; anúncios, bem como passagens da vida dos noivos entremeadas de ponti-
- "Dança do Ciúme", com dois rapazes e uma moça; nhas: de "veneno", porém sempre em linguagem ponderada. Pelo casamen-
- "Dança do Pau de Fita", com sapateado por moças e rapazes. to de Luiz Rischbieter e Helga Ebert, o "Hochzeits Zeitung" foi impresso
Também apresentam canções folclóricas : alpinas em alemão e tam- em pequeno formato, trazendo no cabeçalho um "Calendário de Lua de
bém brasileiras. Mel", que diz assim: "] ° dia: Em casa tudo é silêncio, porque ojovem par
Com a cerimônia de casamento, os colonizadores trouxeram costu- ainda quer dormir; r dia: Tem visita aí mas é melhor deixar os dois sozi-
mes, muitos dos quais ainda prevalecem. De inestimável valor folclórico nhos; 3° dia: Ajovem esposa está muito pálida, mas é por pouco tempo,
por veicularem informações histórico-sociais, estão os jornaizinhos man- isso passa; 4° dia: Ainda não se começou a cozinhar, porque os noivos
dados imprimir por parentes ou amigos por ocasião de casamentos. Geral- não param de se beijar; 5° dia: Escolhe-se para passear só nos lugares
mente trazem o título de "Hochzeits Zeitung", outros se intitulam de onde não há ninguém; 6° dia: Láfora o tempo refresca, mas cá dentro a
"Hochzeits-Kladeradatsch" (Mexericos de Casamento); "Humoristisch-Sa- coisaferve; 7° dia: O que sefez nestes seis dias, tem-se que começar tudo
tirische Festzeitung" (Jornal Festivo Humorístico-satírico); "Hochzeits de novo ". Havia, entre outros, este anúncio: "Teatro Blumenauense. Para
Gedenkblatt" (Folha Comemorativa de Casamento); "Die Fr~liche Stun- festejar o casamento de hoje, será representada apeça "Tristão e Isolda ".
de" (A Hora Feliz) ou simplesmente "Die Hochzeit" (O Casamento). Al- Em homenagem ao 'novo par, foi riscado o primeiro ato.faltando o segun-
guns desses jornaizinhos têm conteúdo fino de muito bom gosto, enquanto do e o terceiro fica defora. A direção ". Além dos noivos, também os pa-
outros deixam muito a desejar.. rentes e amigos eram visados através das pilhérias do jornal. .
Os "Hochzeits Zeitung", além de aparecerem para comemorar a Enquanto que nas Bodas de Prata e de Ouro a grinalda da noiva e o
"Grüne Hochzeit", aparecem também em Bodas de Prata "como aconteceu raminho que o noivo usa na lapela são prateados e dourados, respectiva-
durante osfestejos do casal Júlio e Hilda Germer e nas Bodas de Ouro de mente, no primeiro casamento, a grinalda da noiva e o raminho que o noi-
Max e Clara Hering". Inicialmente os "Hochzeits Zeitung" eram redigidos vo usa na lapela é de murta. O primeiro casamento é o início de uma nova
somente em idioma alemão, porém com o tempo foram sendo intercaladas vida para os noivos, sendo chamado pelos alemães de "Grüne Hochzeit"
anedotas, poesias e artigos em português. É lamentável que um costume (Casamento Verde). É comum nas casas do interior, em lugar de destaque,
tão interessante e muito comum entre os alemães e descendentes em Blu- e também nos túmulos mais antigos, ver essas coroas, e os raminhos pra-
menau e Vale do Itajaí esteja fadado a desaparecer, pois além de transmitir teados e dourados emoldurados.
elementos preciosos para a posteridade, são divertidíssimos, Além da notí- Um fato curioso ocorreu em Blurnenau, quando perante o Juiz de
cia anunciando o casamento e felicitando os noivos, são impressos versos Paz; Augusto Sutter, entre outros noivos que iam contrair matrimônio e
jocosos dedicados ao casamento e adaptados às músicas: mais em voga, que chamou à atenção e curiosidade geral, foi um casal de noivos total-
para serem cantados pelos convivas após o jantar. Os jornais também noti- mente vestidos de verde berrante. O noivo de calças e paletó verde e da
ciam veladamente atividades amorosas do noivo antes de conhecer a noi- mesma fazendo do traje do noivo era o vestido da noiva. Ignora-se se na
va. O jornal que circula somente no dia do casamento é distribuído aos Alemanha houve, em alguma época, costume dos noivos se trajarem de
convivas durante o jantar.. verde.
O "Arquivo Histórico de Blumenau" conta com vános "Hochzeits A palavra "grün" também está associada a outros fatos como a
Zeitung", sendo o mais antigo publicado no dia 27 de novembro de 1909, Quinta-Feira Santa, que os alemães chamam de "GriJindonnerstag", por ser
e refere-se ao casamento de Otto Rohkohl e Edith Schwartzer, Otto Roh- a primeira santificada do ano; e foi numa quinta-feira santa que uma em-
kohl era diretor da Estrada de Ferro Santa Catarina, sendo posteriormente, pregada do Hotel Berg, de Hammonia, hoje Ibirama, em homenagem ao
durante vinte e cinco anos seguidos, Cônsul da Alemanha em Blumenau. "GriJindonnerstag", teve a idéia de tingir de verde todas as aves de penas
Edith Schwartzer era filha do advogado Paul Schwartzer e neta da Barone- brancas do terreiro. Este costume ainda prevalece, porém sem preocupa-
sa von Knorring, primeira professora pública da Colônia Brusque. Antes ção de cor .. A palavra "verde" também é muito usada quando uma pessoa
de vir para Blumenau, Rohkohl esteve numa Colônia Alemã da África e o muito jovem pretende participar de' eventos adultos, diz-se que "ainda está
jornalzinho se refere a muitas, passagens cômicas em forma de noticias, ou verde atrás da orelha ".

86 87
Um costume que está desaparecendo é o convite pessoal para o ca- a água onde foram colocadas três brasas. Vassoura virada ao contrário,
samento. Na época, aonde o correio não chegava, o convite só era possível atrás da porta, afasta visitas indesejáveis. A noiva, no dia do casamento,
verbalmente, e como era hábito nos primeiros tempos da colonização de para dar sorte, deve usar algo cor de rosa e azul, etc. Os responsos são re-
Blumenau, a cavalo. O "Hochzeitsbitter" (pessoa que faz o convite para o zas onde algo é solicitado, sendo muito utilizados. Entre os amuletos figu-
casamento), ao chegar à porta das pessoas a serem convidadas, antes de ram as ferraduras e as figas.
entrar, recita uma saudação ao dono da casa, formulando o convite para o As ervas, que até bem pouco tempo atrás eram relegadas, pois a
casamento. alopatia cura as doenças com mais rapidez, voltaram a ser procuradas e
Baseados no velho provérbio alemão "Scherben bringen Glück" utilizadas ' de uma forma extraordinária. Existem livretos e drogarias espe-
(cacos de louça ou vidro trazem felicidade), a noiva, às vésperas do casa- cializadas na venda de ervas. Entretanto, as. mais utilizadas como a erva-
mento, é visitada por pessoas intimas que a cumprimentam ruidosamente, doce, arruda, alfavaca, hortelãa malva, louro, alecrim, camomila e outras,
quebrando propositalmente algumas peças de louça ou vidro - é o "Polte- ainda são encontradas nas casas adornadas com belos jardins.
rabend" (noite de barulho), que alegre antecipa as festas de casamento É fácil de imaginar as dificuldades que as primeiras donas de casa
com bom augúrio para o jovem casal.. de Blumenau enfrentaram ao ter que preparar as refeições baseadas em fa-
A ressaca após o casamento faz com que no dia seguinte seja servi- rinha de mandioca e carne seca, quando estavam habituadas a comidas ti-
do aos familiares e amigos intimas dos noivos, um almoço, aproveitando picas, como a sopa de galinha com verduras (cenouras, nabos, repolho,
as sobras do banquete, é o "Katerfrübstück'' (almoço de gato). etc.), engrossada com arroz, batatas ou ovo batido com um pouco de trigo.
Para Blumenau, colonizada por elementos germânicos de alto nível A sopa de ervilhas preparada com purê de ervilhas secas, que é acrescen-
cultural, seria inadmissivel incluir no seu folclore, benzimentos, rezas, tado aos cubos de cenoura, toucinho, cebola, batata, previamente cozidos.
crenças. e simpatias.: entretanto esses elementos existem. Numa pesquisa O marreco recheado com os miúdos (fígado, coração e moela) acrescen-
realizada pelo professor José Ferreira da Silva, em Piçarras, e comparada tando um pouco de carne verde moida ou farofa de farinha de mandioca,
ao trabalho de pesquisas realizado em Portugal pelos médicos Alexandre cebolinha verde e salsa; acompanha o repolho roxo, purê de maçã, de ba-
Lima Carneiro e Fernandes Pires de Lima na "A Arte de Talhar a Erisipe- tatas inglesas ou aipim frito com toucinho (bacon). O "Kasseler", biste-
la", é admirável como os caboclos guardam por mais de dois séculos não cas de porco defumadas, fritas na manteiga com vinho branco; servido
só os benzimentos contra a erisipela (zipra), mas também contra muitas com "Sauerkraut" (chucrute), purê de ervilhas e batatas. O "Sauer Bra-
outras doenças'.' Assim como os benzimentos em lingua portuguesa, os ten" (assado azedo), preparado com tatu de carne verde, fica oito dias
alemães também trouxeram os seus benzimentos, e a erisipela, por exem- com cebola, pimenta, toucinho, folhas de louro e coberto com leite azedo
plo, ainda é curada com poucas palavras ditas em alemão: "Wilde Rose, quando é retirado do molho e assado na panela. Após assado, retira-se do
Kalter Brand, heil durch Jesus Hand" (Zipra selvagem, friagem e quentura molho, corta-se em rodelas bem finas, colocando-se num recipiente onde
pelas mãos de Jesus cura). Passa-se sobre o local da erisipela, azeite, colo- possa ser despejado sobre as fatias de carne assada, o molho da qual foi re-
cando sobre o mesmo um objeto (pente) de chifre de boi, fazendo o sinal tirado, coado e engrossado com maizena e creme de leite; serve-se com
da cruz. Repetir três vezes a reza. Além da erisipela, curas inexplicáveis nhoques. Entre os doces, são tradicionais os "Weinachtskuchen" (doces
têm sido realizadas por benzedeiras. A falta de médicos e o alto custo da de Natal), com formas as mais diversas (estrelas, anjos, flores, etc.) enfei-
medicina fez com que a Organização Mundial de Saúde recomendasse es- tados com açúcar colorido. O "Stolle", especial para o Natal, é preparado
sas práticas como meio de aliviar a dor e curar doenças. com massa especial de cuca, à qual se acrescenta amêndoas, nozes, avelãs,
Ao lado dos benzimentos e as orações em forma de "Himmels castanhas, uvas passas, frutas cristalizadas, cravo moido e noz moscada. É
Brief I (carta do céu), as simpatias. e os responsos ocupam o seu lugar.. En- assado no fomo e ao retirá-lo, pincela-se com manteiga, cobrindo-se com
tre as. simpatias encontramos que as (inguas) glândulas inguinais inflama- glacê. São receitas tradicionais, os doces de mel, cuca de uvas, orelhas de
das são curadas. com a colocação de três pedrinhas de sal no bolso gato, arroz doce, torta de queijo (ricota), cucas e tortas recheadas com no-
contrário .llil.di!.ím:J.ill.. inflamada. Para quem levou um grande susto, beber zes, licores, geléias, creme de leite, etc.
1. José Ferreira da Silva - Blumenau em Cadernos de abril de 1965. Na Alemanha, pais de inverno rigoroso, é natural o armazenamento

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de suprimentos durante as demais estações do ano para abastecer o mver- Fazem parte do repertório:
no, resultando a tradição das donas de casa de providenciarem as frutas "Alter Wein undjunge Weiber, sind die besten Zeitvertreiber"
cristalizadas ,e as compotas de frutas e verduras em vidros especiais, veda- (Vinho velho e mulher moça são o melhor passatempo ...).
dos com borracha especial e através de fervura em banho-maria. Costume "Froh beim. Bier, das lieben wir. Zum Wohl!"
muito em voga até nossos dias é a conserva de pepinos e repolho, em (Alegria e cerveja é o que se almeja. Viva!)
grandes potes de cerâmica vitrificada, no qual os pepinos ou o repolho são "Je schoener das Weib.]e besser di~neip"
colocados em camadas intercaladas com folhas da parreira de uvas, folhas (O bar é tanto melhor quanto mais bela for a dona)
de louro, sal, pimenta, etc. Além dos potes vitrificados, os ceramistas
"Kein Tropfen im Becher mehr und der Beutel Sçhlaffund leer"
atualmente fabricam diversas utilidades domésticas modeladas em barro,
(N{) caneco nenhuma gota mais tem e na carteira nenhum vintém)
queimadas e revestidas de um verniz especial, que além de dar maior du-
rabilidade às peças, conservam sua rusticidade. As peças são muito boni- "Saufsi - stirbs., Sau{St net - stirbs a. Also - Saufma!"
tas e apreciadas em todo o Brasil.. (Bebendo-se, morre-se. Não bebendo morre-se também. Pois então,
Nos primevos tempos, o suprimento de carne para o inverno (em bebamos!)
falta de geladeiras), tinha que ser salgado ou defumado para não deterio- "Ein Trunk zur rechten Zeit, hat stets das Herz erfreut"
rar, resultando o hábito dos pratos tipicos com carne de salmoura e defu- (Sendo própria a ocasião, um traguinho alegra o coração)
madas como o "Kasseler" (bisteca de porco defumada); "Eisbein" (joelho
"Lebenssonnenschein is trinkend und liebend Frqj7/içb .. sein"
de porco); presuntos, toucinho, peixes, etc, defumados. (Bebendo e amando com alegria, tens o sol na vida)
Entre os costumes trazidos da Alemanha e muito em voga desde os
"Prosit! Prosit! Trink nicht zuviel., halt Mass und Ziel!"
primeiros decênios do município, estão os "Trinksprüohe'', que se costu-
mam gravar nos canecos de cerveja que decoram estantes dos bares resi- (Viva! Viva! Não beba demais, de alvo e medida não descuide jamais!)
denciais e encomendados pelas familias para lembrar efemérides. Há "Einen Tanz in Ehren; darf niemand verwehren''
também os canecões expostos nos bares, principalmente de sociedades, (Uma dança sem abusar, não convém recusar!)
encomendados especialmente para lembrar efemérides das, sociedades, lo- Na borda de uma "Pokal" de porcelana com desenhos repre-
calidades, fatos pitorescos, etc. sentando os hussardos em fardas decorativas e montados em corcéis, esta-
Fixar em versos de canto os acontecimentos importantes é uma par- vam os dizeres em letras miudinhas:
ticularidade germamca, existindo canecos com desenhos coloridos em fa- "Wo Hussaren attakieren, Muss der strirks,t,e Feind verlieren''
ses como a história do camponês que na primeira fase passeava alegre (Onde atacam os hussardos, inimigo mais forte é presa de azares).
numa carrocinha; na segunda, a carrocinha virada e o camponês caindo, e Também são comuns os provérbios e os dizeres bordados em panos
na terceira, o camponês morto ao lado da carrocinha virada. Em baixo, os de parede ou pintados em madeira e que ainda decoram muitas casas, prin-
dizeres: eipalmente no interior. São comuns: "Liebe Hausfrau lass dich Reter; B€.-
giesse Fleissig den Braten" e "Unser TiJJglich Brot gib uns H€'dte"!
"Der Weg zum Ewigkdto, ist garnicht weit. Um sieben fuhr er toa; um A corruptela na linguagem dos teutos e teutos-brasileiros deve-se
acht war er schon dort. tr exclusivamente ao descuro dos poderes governamentais em não criar es-
(O Caminho para a eternidade nem é tão prolongado! Ele saiu às sete, colas: em português no Vale do ltajai.. Posteriormente, com as escolas em
às oito já tinha chegado!). português, a corruptela desapareceu, excetuando alguns casos raros de
Entre os "Trinksprüehe'', o mais famoso é, sem dúvida, o seguinte: aglutinação de elementos teutos e lusos, formando vocábulos hibridos
"Wer nicht liebt Wein, Weib und Gesang, bleibt ein Tor sein Leben como beliscar - beliskieren; capinar - kapinen; despachar - despachieren,
lang .. tr etc. Também há casos de germanização de palavras como jararaca - scha-
(Quem não aprecia vinho, mulher e canto, ficará, por toda a vida, um racke; cachaça - kaschass; lata - late, etc. A germanização deste último
pateta e tanto!). vocábulo é interessante; pois na Alemanha, "Latte" significa estaqueta,

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ripa ou mata-junta. Por outro lado, palavras foram abrasileiradas como contribuiu bastante para manter os indigenas afastados. Colaborou neste
cuca, de Kuchen; mussi em vez de MIJSS (doce de frutas); tifa (fundos) em trabalho o engenheiro Odebrecht, passando os indigenas a atacar em ou-
vez de tief.; etc. tros locais, surgindo os batedores "bugreiros".
O nome Tatutiba não é de origem indigena e tambéei não tem sua Com a extinção da Companhia de Batedores de Mato, em 1879, o
origem no desdentado tatu, e tiba, que em tupi significa muito, ou seja, Vale do Itajai também necessitou desses "bugreiros", entrando em cena
lugar de muitos tatus. O nome se originou de Tatu-tiefe. Tiefe são as li- Martinho Marcelino, vulgo Martinho Bugreiro que, segundo relato de al-
nhas coloniais de penetração e a palavra tiefe foi abrasileirada para tifa - guns, suas investidas contra os indigenas se revestiam de crueldade, pois
Tifa do tatu. além de aprisionar mulheres e crianças, quando atacava os pousos de sur-
O "Skatabend", o "Krãnzchen", o "Kegel" (bolão) e Clubes de Caça presa, os homens que não conseguiam escapar à sanha dos "bugreiros"
e Tiro fazem parte das tradições alemãs desde os primórdios da coloniza- eram mortos.
ção. Enquanto o "Skat" era exclusivo dos homens que se reúnem numa de- Friedrich Deeke, como chefe dos Batedores de Mato, além de afas-
terminada noite da semana, o "Krãnzchen" reúne semanalmente um grupo tar os indigenas dos locais colonizados, embrenhando-se na mata, forne-
de amigas, cada vez em casa de uma integrante, que oferece cafê; chá, tor- ceu dados importantes ao Doutor Blumenau sobre a geografia dos locais
tas, etc. Enquanto fazem seu lanche, comentam as novidades locais acres- onde passara.
cidas de trabalhos manuais como crochê, tricô, bordados, etc. Martinho Bugreiro, que jurara vingar-se dos indigenas, chefiou em
novembro de 1905 uma expedição que contou com o auxilio, através de
uma coleta feita entre diversas pessoas, de'7l4 mil réis, que foram utiliza-
dos para o transporte de "bugreiros", apetrechos da expedição e aquisição
OS NOSSOS INDÍGENAS de carroças.
Ao regressarem, foram realizadas novas coletas que renderam
Segundo escritos sobre os indigenas, estes eram "povo pacifico e de 691 $200 réis, dos quais o Juiz de Direito, Dr. Ayres Gama, mandou dar
boa índole", que habitavam o litoral, porém empurrados pelos usurpadores 200$000 réis ao convento das freiras para tratarem das duas indias e das
brancos, internaram-se nas matas, jurando vingança pela violência com doze crianças capturadas, enquanto lá permanecessem. Os restantes
que eram tratados. Os colonizadores do Vale do Itajai sofreram mais de 421$000 réis acrescidos de mais 200$000 réis, dados pelo fundo geral, fo-
sessenta ataques indigenas, com mais de quarenta mortos e dezenas de fe- ram entregues a Martinho Marcelino de Jesus para entregar à sua irmã,
ridos, obrigando o governo a tomar sérias medidas. Foram criados postos viúva de Inácio Castanheiro, morto no encontro com os indígenas. Os da-
de pedestres em alguns pontos da estrada do litoral, e pouco depois, foi dos constam de um caderno de notas do Inspetor de linhas telegráficas,
criada a Companhia de Pedestres de ltajai, sob o comando do militar Hen- August Zittlow, que também relacionou objetos e pessoas que os "bugrei-
['OS" trouxeram da expedição.
rique Etur, que se ocuparam mais de se estabelecer como agricultores em
Pocinha e Belchior do que perseguir indigenas. A ameaça ficou mais forte Apesar das investidas de Martinho Bugreiro, somente a partir de 23
em outras zonas que iam sendo colonizadas, obrigando o Doutor Blume- de setembro de 1914 começou a ser feita a pacificação dos indigenas do
nau a solicitar a atenção do governo para a segurança dos colonos. Após Vale do ltajaí por Eduardo de Lima e Silva Hoerhann, quando este conse-
muito custo, o Doutor Blumenau conseguiu trazer para a Colônia a Com- guiu estabelecer cantata pacifico com os mesmos no rio Plate (Prata), ini-
panhia de Pedestres de Belchior, porém com homens mal treinados e prin- ciando o trabalho de fixação, onde também foi criado o Posto Duque de
cipalmente mal armados e municiados. O Doutor Blumenau era contrário Caxias do S. P. r.. Eduardo de Lima e Silva Hoerhann conhecia hábitos e o
à violência contra os indigenas, principalmente contra o massacre que in- idioma dos indígenas, sendo homenageado em 1964, quando foram feste-
cluia mulheres e crianças. jados os cinqüenta anos de pacificação.
Na administração do Governo Imperial, foi constituida uma Com- No dia 22 de maio de 1915, a convite de Eduardo de Lima e Silva
panhia de Batedores de Mato, sob a direção de Friedrich Deeke, mais hu- Hoerhann, August Zittlow e M. L. Bischof participaram do grupo que iria
mano, que com seu auxiliar e intérprete Jeremias André Gonçalves, acompanhá-lo até o posto indígena. O grupo saiu do Hotel Berg de Ham-

92 93
mania, e após cinco horas de viagem, chegaram a Neu Bremen, e com Kama" (Sou teu amigo). Ao desembarcarem, na barranca do rio, foram
mais duas horas de viagem, abrindo um quilômetro de picada, chegaram despidos de todos os pertences e foi muito dificil conter os indígenas, que
ao ltajaí do Norte, onde se apresentaram os canoeiros que conduziram ao cobiçavam as roupas dos componentes do grupo, o que só foi conseguido
todo dezoito pessoas, e numa outra canoa um cavalo, para presentear os quando Hoerhann disse aos indígenas que era a única roupa que eles pos-
indígenas. Após cinco horas de viagem, chegaram à embocadura do rio suíam e que as esposas ficariam tristes se voltassem sem ela. Enquanto
Plate, quando a uns trezentos metros de distância onde se achava o posto, isso, alguns se apoderaram das canoas à procura de presas. Os componen-
os indígenas fizeram um alarido tremendo saudando o amigo "KATANG- tes do grupo conseguiram salvar alguns objetos quando os indígenas co-
HARA", como chamavam Eduardo de Lima e Silva Hoerhann. Ao alari- meçaram a se banquetear com um porco ainda vivo. A crueldade dos
do, juntaram-se as vozes do grupo de Hoerhann que gritavam: "Aki Katjia indígenas foi evidenciada, quando um deles enfiou na barriga do porco um
facão, deixando o animal berrando de dor, até que um acompanhante de
Hoerhann arrancou discretamente o facão da barriga do porco. Em segui-
da, os visitantes entraram no rancho, construído pela comissão de pacifica-
ção dos indígenas, aonde também haviam chegado os índios coroados
mansos, com um touro e uma vaca. Hoerhann explicou ao grupo que os
indígenas sacrificavam suas vítimas a flechadas com uma agilidade incrí-
vel, pois a uma distância de dez metros flecharam o touro no coração e à
vítima seguinte, a vaca, teve um facão enfiado na barriga e depois no cora-
ção. Os indígenas alegravam-se com o sofrimento dos animais, acutilan-
do-os de todos os lados, retalhando-os e os comendo semi-vivos~_ Após o
repasto, pediram para atravessar o rio para se encontrarem com seus irmã-
os, uma desculpa para se banquetearem à vontade. O repasto exagerado
contribuiu para que se negassem a cantar e a dançar no dia seguinte. En-
tretanto, o alarido vindo do outro lado do rio, durante uma hora, e que pa-
recia o latido de muitos cães enrouquecidos - "Juck, ku, bang, bu, lu,
kang, kui» etc. "eram canções que se referiam a guerrilhas, caça, tiragem
de alheiras, etc. São indícios de sua poesia e música. Durante a noite, dois
canoeiros ficaram de guarda.
No dia seguinte, ao amanhecer, os indígenas gritavam "KATANG-
HARA", sinal para que Hoerhann os fosse buscar, quando se apresentaram
como guerreiros, sem arco e flechas, porém com os rostos pintados de pre-
to, cor que preparavam com carvão de madeira e leite de figueira. Os indí-
genas eram, na maior parte, guerreiros novos, sendo alguns impúberes; os
homens eram robustos, de boa estatura e completamente nus, usando ape-
nas uma "mansema", cordinha feita de fibras de coqueiro" que traziam em
volta das coxas e que serviam nas caçadas: e nas matas para proteger os ór-
gãos sexuais. A cabeleira dos indígenas cobria as orelhas e estava infesta-
da de insetos que eles trincavam. Entretanto, ao se apresentarem ao grupo
de Hoerhann, traziam muitas "mansemas", ao em vez de uma só cordinha
na cintura e nas' coxas. Presentearam os integrantes do grupo de Hoerhann
com algumas "mansemas", nos quais penduraram seus berloques: cartu-
Indígena do Vale do Itajaí

94 95
chos, argolas, medalhas, etc. Um dos integrantes do grupo presenteou o cando de noite.
cacique com um relógio e corrente que ele pendurou abaixo da cintura. No dia 17 de setembro de 1930, realizou-se um casamento pouco
Alguns indigenas vestiam roupas roubadas em assaltos anteriores, sen- comum na época, o do indio Ce-ngroi Nrê-Schidu Mogconâa do Posto
do algumas reconhecidas, outros andavam com os cobertores do grupo Duque de Caxias, com Filomena Grava.
sobre os ombros. Para demonstrar que não tinham más intenções, apa-
receram armados só de cacetes e perguntando: "Aji tang harrikete?"
(Como te chamas"), e quando os interpelados diziam o nome, eles o re- AS CARTAS DOS IMIGRANTES
petiam - "Sitlu = Zittlow; Bichu = Bischof", Usavam botoques bem orna-
mentados e quando eram feitos de nó de pinho eram facilmente FILATELIA
removíveis, servindo de furo no beiço para assobio. Nunca utilizavam o
fogo dos civilizados. Os selos postais foram introduzidos no Brasil pelo Decreto n'' 254,
Nos meninos, o batoque era colocado aos três anos de idade, de 29 de novembro de 1842. Entre os artigos e parágrafos que regulamen-
quando era realizada uma festa semelhante a um batizado. Com cantos tam a remessa postal, o Artigo 13, § 2° do Regulamento Postal, que esta-
e danças, faziam o pequeno tomar uma bebida feita de milho triturado beleceu franquia para as cartas dos colonos diz o seguinte: "São isentas de
com mel de abelhas, bem fermentado, até embriagá-lo, quando lhe apli- porte as cartas que os colonos dirigirem às pessoas residentes no país de
cavam o batoque, e o rapazinho, ao acordar, era considerado guerreiro. que tiverem emigrado ".
As indias eram bem feitas, bem nutridas ede bela aparência. Tinham a No Congresso da "Féderation Internationale de Philatélie", realiza-
cabeleira igual a dos homens, feições simpáticas, e não usavam bato- do de 22 a 31 de maio de 1959, em Hamburgo, onde também se reuniu en-
que e eram menores do que os homens. Usavam tangas da cintura aos tre outras a "Associação de Coleoionadores de Cartas Pré Filatélicas, Fritz
joelhos e davam pouca importância se a mesma se desprendesse, com- Gerhard de Brunswick, ou Braunschweig, colecionador de documentos,
provando não ter noções de pudor.. Em geral tinham boa dentadura, cartas e selos referentes à história postal, mostrou uma carta enviada pelo
sendo que às casadas faltavam dois dentes caninos. Uma das indias car- Doutor Blumenau ao Forum Ducal de Braunschweig - Helrnstedt - era
regava uma criança de nove meses, segura por uma fita ao redor da ca-
beça. Como toda criança, olhou assustada para o grupo e depois de
familiarizada estendeu as mãozinhas como para pedir algo. O curioso é
que a criança mamava no peito intercalando as mamadas em um peda-
ço de carne de porco que a mãe colocara entre os seios. Os nomes das
crianças eram sonoros: Kondesima, Laksi, Korokra, Kunglukinase, etc.
As índias, que no inicio eram ariscas, escondendo-se atrás dos homens,
tornaram-se mais amáveis com os presentes que componentes do grupo
colocavam em seu pescoço (colares) e anéis nos dedos. Uma das oito
mulheres penteou os cabelos que eram mais limpos do que os dos ho- (NESTE LAm SÓ SE ESCREVE Q ENDERECO
mens. À tarde, as indias pediram para atravessar o rio, e como não sa-
biam lidar com as canoas, foram atravessadas em três viagens, levando
cestos com carne. Alguns componentes do grupo foram até o rancho
dos indigenas, não encontrando nada de importante. Os indigenas eram
muito desconfiados, e a barriga saliente de um dos integrantes do grupo
os deixou perplexos, pois a apalpavam interrogando a causa. Contavam
até cinco, dai em diante por grupos ou frações desse número.
Ao se despedirem dos indigenas, o grupo prometeu voltar, em bar-

96 97
uma folha de cana dobrada sem envelope, fechada por uma etiqueta. Era de 1938, com o ingresso de Alfredo Campos, sendo a diretoria constituida
uma carta "franquia de colono". No anverso da carta, no ângulo superior dos seguintes membros: Hermaun Würz (presidente), Gottlieb Gerhard
direito encontra-se um carimbo ovalado azul em circunferência com a ins- (tesoureiro), Alfredo Campos (conselheiro deliberativo), Gerhard Wille
cnçao: "Dr, Hermann Blumenau - Colônia Blumenau - Santa Catharina (secretário e diretor de trocas). Herrnaun Würz mantinha reumoes na
- Brazil". No centro do carimbo foi marcada à tinta preta, a data de 19 de Confeitaria Socher e mesmo durante a guerra manteve o clube em ativi-
julho de 1861.. Debaixo do carimbo encontra-se o carimbo de despacho dade.

do correio do reinado de Haunover - Hamburg, datado de 5 de setem- A I Exposição Filatélica de Blumenau foi realizada no Teatro "Car-
Ias Gomes", no periodo de 4 a 7 de dezembro . de 1947; em março de 1949
bro, que cuidava da remessa de correspondência para as demais locali-
foi realizada a segunda exposição. Durante os festejos do Centenário de
dades de Haunover e Braunschweig e chegada em Helrnstedt, ambos
datados de 6 de setembro de 1861. A carta dobrada foi fechado no ver- Blumenau, Werner Ahrens esteve em Blurnenau, ocasião em que expôs
so por uma etiqueta ovalada em relevo com as armas do ducado de nos dias 2 a 9 de setembro, um conjunto de selos de Braunschweig, na III
Braunschweig e o texto (pouco legivel) "Consulat von Braunschweig''. I
Exposição Filatélica de Blumenau, Em 1950, mais uma exposição foi rea-
lizada, esta, de caráíer interestadual, no período de 15 a 19 de novembro,
Também havia uma etiqueta retangular amarela de 57 x 35 milime-
tros, com o seguinte texto: porém a IV Exposição só foi realizada em 1953. Em 1955, no periodo de
"O Consulado Geral do Imperio Brazileiro em Hamburgo mandará, cada 30 de junho a 2 de agosto, por intermédio de Walter Berner, Blumenau
realizou uma exposição de âmbito estadual, a primeira realizada em Flo-
mez todas as cartas a ele entregues até o dia 2 e destinadas a colonos re-
rianópolis, O êxito alcançado levou os filatelistas a realizarem em 1958
sidentes no Brazil, gratuitamente; cartas entregues mais tarde, seguirão
no mez seguinte ", uma exposiçao em Joinville.
Em 1959, em reunião no Hotel Rex, foi reorganizado o Clube Fila-
Nesse Congresso, Werner Ahrens, filatelista e parente do Doutor
télico de Blurnenau, sendo eleita a seguinte diretoria: Walter Berner (pre-
Blumenau, foi nomeado membro do júri e representante do Brasil e teve
oportunidade de visitar Gertrud Sierich, que estava de posse de uma caixa sidente), Alfredo Campos (secretário), Hermaun Würz (tesoureiro _ e
diretor de trocas) e André Zunino (diretor da seção júnior).
com documentos, inclusive do arquivo particular-do Doutor Blumenau,
que foi enviado para o arquivo oficial de Wolffenbüttel, nas imediações de Após reorganizado, o Clube realizou e participou de exposições
Braunschweig. municipais, estaduais, nacionais e internacionais, entre elas: Mostra Fi-
latélica do 40° Aniversário da Varig (1967); Sesquicentenárka de Nasci-
Em Blumenau, a filatelia encontra adeptos desde a década de trinta,
onde se destacavam como filatelistas, P. Korwin, Kubitzki, H. Schipmann, mento do Doutor Blumenau (1969); Exposição Nacional de Imprensa
Filatélica EXIFA - Casa de Enxaimel (1975). No dia IOde setembro de
H. Bieging e Siegfried K. Krerner, residente em Salto Weissbach e consi-
1980, o Clube Filatélico de Blumenau inaugurou na Biblioteca "Dr.
derado, na época, o maior filatelista da região.
Fritz Míiller" uma exposição especial relativa ao Serviço Postal usado
Os filatelistas encontravam-se inicialmente no Hotel Katz (esquina
na EFSC e outras.
da Loja Flamingo), passando depois para a varanda do Hotel Boa Vista
No dia 2 de setembro de 1978, foi inaugurada em Blurnenau a
(imediações do Edificio Catarinense), onde as reuniões eram bastante con-
Agência Filatélica, a primeira instalada no interior do Brasil.. Participaram
corridas e conhecidas como as da Sociedade Filatélica. Também na Con-
feitaria Socher (onde se localizava o Banco de Crédito Real de Minas das solenidades de inauguração, Renato Vianna, Prefeito Municipal; Valé-
Gerais) se reuniam os filatelistas Gerhard Wille, H. Würz, G. Gerhard e ria Steil, Presidente da Câmara Municipal; João Porto Walraven, Diretor
Superintendente da ECT; Adolfo Sutter e Renato Mauro Schramm, Presi-
Paúl Korwin para trocarem idéias e selos, isto por volta de '1934, quando
também surgiu a idéia de criar o clube. Essa reunião contou com a partici- dente do Clube Filatélico de Blumenau, e os sócios beneméritos do CFB,
pação de Emanuel Ehlers, de Jaraguá do Sul.. Alfredo Campos e Adolfo Sutter..
Em 1936 passaram a participar do clube Armando Odebrecht e Na ocasião, foi lançado um carimbo comemorativo pela ECT
Wald Sander.. com as seguintes caracteristicas: forma redonda, possuindo no seu inte-
rior o mapa do Estado de Santa Catarina e dentro deste mapa as pala-
O Clube Filatélico foi constituido oficialmente em 6 de fevereiro

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vras Blumenau - SC, tendo acima o dístico "Inauguração da Agência Nessa época, Alfredo Wilhelm coletava e enviava todas as peças fi-
Filatélica" e abaixo a data 213-09-1978 - ECT. Na ocasião, foi aberta Iatélioas que encontrava sobre Blumenau (SC) ao seu amigo Wolfgang
uma pequena mostra filatélica dos colecionadores Franz Brack, Mônica Bom, que montou uma coleção sobre Blumenau (SC) com uma belíssima
Berner e Arno E. Martin, além de algumas colunas filatélicas publíca- abertura: "UMA CIDADE NO BRASIL, vista e documentada fílal;elíca-
das todas as quintas-feiras no JSC, escritas por Renato Mauro mente - Blumenau - Santa Catarina".
Schramm, e que foram premiadas com "Medalha de Bronze" na BRA- Alfredo Wilhelm é associado da Associação Brasileira de Jornalis-
PEX, III Exposição Filatélica Nacional de Brasília. Renato Mauro tas Filatélícos sob n? 219.
Schramm também recebeu "Medalha de Bronze" na Exposição Interna- O Clube Fílatélíco de Blumenau foi declarado de Utilídade Públíca
cional de Literatura e Imprensa Filatélíca da Argentina (1980), por pela Lei Municipal n° 2.295, de 5 de novembro de 1977, registrando seus
manter uma coluna informativa semanal no Jornal de Santa Catarina, Estatutos em 5 de setembro de 1961.
considerada a terceira melhor do mundo. Em 1948, os Estatutos do Clube Filatélíco de Blumenau foram
Desde 1983, Alfredo Wilhelm, que em 6 de fevereiro de 1978 rece- registrados com os do Círculo de Orquidófilos, com o nome de "Esta-
beu o titulo de Sócio Benemérito do Clube Filatélíco de Blumenau, e jor- tutos do Círculo de Orquidófilos, Filatelistas e Numismatas de Blu-
nalísta filatélico, promovendo Blumenau com seus artigos em revistas e menau".
jornais filatélicos, inclusive na "SAMMLER EXPRESS", da República
Democrática da Alemanha.
Um fato curioso oriundo de trocas filatélicas ocorreu com Alfredo AS EDIFICAÇÕES BLUMENAUENSES
Wilhelm, que recebeu de Wolfgang Bom, filatelista, dono de uma tipogra- NO CONTEXTO HISTÓRICO
fia em Haselrnuehl, Repúblíca Federal da Alemanha, "um artístico barril
de chopp, todo em isopor, contendo em seu interior oito garrafas de cer-
vejas alemãs, dois copos com cartões, um abridor e um baralho". Alfredo As primeiras moradias dos nossps colonizadores eram construídas
Wilhelm, pesquísador filatélico, é dono de uma rica coleção de casirnbos de palmitos, barro e cobertas com folhas, entretanto, em 1862 a Colônia
provenientes de correios de todas as cidades do mundo, que ostentam o Blumenau já possuía 419 casas edificadas e 65 em construção. Das cons-
nome "Blumenau". Ciente de que na RF A havia uma cidade com o nome truções, foram destinadas ao acolhimento de imigrantes: duas casas cober-
de Blumenau, solícitou ao seu amigo Wolfgang Bom a pesquisar, pesquísa tas de telhas na embocadura do rio; três edifícios no perímetro urbano
esta que culminou com a visita do Prefeito Wegener, da cidade de Blume- cobertos com telhas e um coberto com papelão rijo como pedra; um edifi-
'nau da República Federal da Alemanha, à nossa cidade, quando era prefei- cio de sólida construção em Itoupava e um barracão em Badenfurt.
to Evelásio Vieira. A casa do pastor e o edificio escolar foram construídos em estilo
enxaimel, com um bonito aspecto. Além dessas construções, a Colônia
possuía diversos armazéns e depósitos.
,,L'••.• •
..! ,Jl!JJ •
J~. Em 1863, os proprietários
seu prédio comercial,
da Casa Meyer & Spienling, edificaram
cuja pedra fundamenta! foi lançada em 10 de agosto
o

IEMlRANÇ}
de 1863. O construtor foi Heinrich Krohberger, de Baireuth, o carpinteiro
IJ
Külps de Pommern, e os marceneiros, Friedenreich de Mark - Branden-
pRtsm~!SmRICO burg, e Gottfried
truída
Benz de Pommern.
em Blumenau. Fundada
Foi a primeira casa comercial
em 1855, falíu em 1883. Na época,
cons-

bl,Ull

-- t ~.----~-~'1

.... .....
.......- ----....
íítsntt"
Blumenau contava com 6 vendas, sendo a de Meyer & Spienling abasteci-
da de armarinhos e miudezas
como vinhos franceses,
em geral, inclusive de artigos importados
do Reno, do Potro e ainda a cerveja Ale e Potter..
Segundo uma nota da época, Blumenau possuía "oito estabelecimentos

100 tOl
governo de Paul Zimmermann e em 1939 na gestão do professor José Fer-
com bares e respectivos restaurantes, sendo a vida cultural representada
reira da Silva, o prédio adquiriu o aspecto definitivo, desaparecendo o pré-
pela Kultur Verein, uma associação de canto coral, um teatro de amado-
dio da Câmara e da Cadeia. O incêndio de 1958 destruiu a parte onde se
res e uma sociedade de tiro ao alvo ".
localizava o Forum.
A primeira venda de gêneros de primeira necessidade foi montada
Enquanto Karl Wilhelm Friedenreich construiu o primeiro prédio
pelo Doutor Blumenau, ao lado do escritório da Colônia.
de alvenaria de Blumenau (ao lado da Biblioteca Dr. Fritz Müller), onde
As cerimônias religiosas eram celebradas, as evangélicas num dos
até 1877 funcionou o escritório da Direção da Colônia, em 1879 o colono
barracões destinados aos imigrantes, enquanto as católicas; numa capela
Cornélia Murphy, residente em Itoupava, foi atacado por um tigre enquan-
um pouco distante do perímetro urbano. Em 24 de dezembro de 1876, foi
to dormia em sua casa feita de palmitos, com largas frestas, coberta de pa-
inaugurado o templo católico e em 23 de setembro de 1877, o templo
lha, falecendo alguns dias depois.
evangélico, ambos construídos em belíssimo estilo gótico pelo arquiteto
O principal hotel de Blumenau funcionava no Bouleward Wende-
Heinrich Krohberger. Entre as construções particulares, a Colônia contava
burg (atual rua das Palmeiras), e pertencia a Johann Schreep, que faleceu
com 110 casas bem construídas e cobertas de telhas e 11 em construção.
em 16 de maio de 1882, aos 85 anos de idade, vítima de um coice de cava-
As demais eram provisórias, construídas com palmitos, barro e folhas de
lo na perna, que teve que ser amputada. Johann Schreepp foi homenagea-
palha.
do pela Sociedade de Atiradores, Associação Ginástica e Coral Germânia,
Em 28 de agosto de 1877, a Colônia Blumenau festejou seus vinte e
usando da palavra Julius Sametzki e G. Arthur Koehler..
cinco anos, data em que também foi inaugurado o primeiro prédio destina-
Em 190 I, a urbanização começou a mudar a imagem de Blumenau.
do à Direção da Colônia, construído em bonito estilo pelo arquiteto Hein-
E foi em 190 I que foi construído o edifício onde funcionava o Hotel Ho-
rich Krohberger. .
letz, em belíssimo estilo enxaimel e que diferia dos demais pela sua ampli-
O prédio tinha um só pavimento com piso elevado e era acessível
tude e beleza. Em fase de conclusão em dezembro de 190 I, com a ponte
por uma escadaria dupla externa. Possuía ao lado um prédio menos impo-
sobre o ribeirão Garcia e o vapor Blumenau, formava um dos mais belos
nente, onde funcionava a Câmara e a Cadeia. Com as reformas de 1915 no
cartões postais de Blumenau. Em março de 1959, foi iniciada a demolição
do Hotel Holetz, que foi assunto de uma crônica intitulada "Velha Recor-
dação do Passado", escrita por Bernardo Rauth. No dia 19 de maio de
1961, o Grande Hotel, com 14 andares, o mais alto do estado, realizou a
festa da cumieira. O Grande Hotel, construído pela Companhia Melhora-
mentos Kaestner & A lmeida, foi inaugurado no dia 16 de dezembro de
1962.
Blumenau não possuía hotéis voltados para o turismo até 1949,
quando houve uma conscientização de dotar Blumenau de bons hotéis e
que pudessem abrigar o turismo, foi quando Gustav Frank decidiu cons-
truir o primeiro hotel moderno da cidade. Construído em etapas', com qua-
tro alas, sendo a primeira inaugurada em 2 de setembro de 1950 com o
nome de Hotel Rex. Passaram pelo Hotel Rex: Juscelino Kubitschek de
Oliveira, Jorge Lacerda, Emílio Garrastazu Médici, o escritor Érico Verís-
simo, o jurista Nelson Hungria, a miss Brasil Teresinha Morango e outros.
Em janeiro de 1887, fo] reativada a fábrica de conservas Asseburg,
cujo prédio se incendiara, sendo as máquinas reparadas por Doerflinger.
Posteriormente funcionou no local o antigo Theater "Frohsinn" (onde
atualmente se localiza a CELESC).
Prédio destinado à Direção da Colônia

103
102
Em 1901 foram construídas na rua XV de Novembro o prédio de ginal, inclusive com o palso giratório, o primeiro a ser construído no Bra-
Frederico Busch Sênior e o belissimo prédio onde funciona a Casa Husa- sil, para a S. D. M. "Frohsiun" (atual S. D. M. "Carlos Gomes"). Essa
deI..
planta foi adaptada pelo construtor Brunner, que construíu o teatro. Franz
Paul Husadel, natural da Alemanha, inicialmente estabeleceu-se em von Knoblauch tinha em seu curríoulo várias construções de peso como a
Florianópolis, transferindo-se em 1897 para Blumenau, onde abriu uma vila de Victor Hering, residência de Kurr Prayon e Walter Werner, torre da
loja especializada em artigos importados, presentes, brinquedos, venda e Igreja Evangélica, o edificio com a pequena torre onde funcionou por
conserto de relógios. Adquiriu o local onde hoje se localiza a Casa Husa- muitos anos a Casa Peiter e outros.
del, tendo em 1908 acrescentado o pavimento superior, em estilo suíço, "Franz von Knoblauch nasceu em Hamburgo em 1901. Após a con-
cujo projeto foi feito pelo arquiteto Weidnauer, tendo a construção ficado clusão do ginásio, prosseguiu seus estudos na "Kiinigliçh. Preussischen
ao encargo de Christian Lüders e ostentando o nome de "Relojoaria Paul Hoch und riejbauschule": em Rendsburg (Escola Real Superior da Prús-
Husadel". É um dos mais belos cartões de Blumenau. sia). Em 1924, emigrou para o Brasil, residindo inicialmente em Joinville
Na "Gespensterstrasse", atual Ângelo Dias, foi construído o prédio e Curitiba e posteriormente em Blumenau, onde se casou com Alice Ho-
Lenzi, que serviu por algum tempo de quartel ao 55° B. C., depois como sang: Desse casamento teve osfilhos Hermann Francisco Frederico (fale-
Internato para a Escola Nova (1912/1916) e posteriormente de redação e cido), Hans JYrgen e Annegret Karin. Participou de atividades culturais
oficinas do jornal "Cidade de Blurnenau'', sendo mais tarde adquirido pela de Blumenau. Fundou na década de trinta a Fundição de Ferro Tupan.fe-
Casa do Americano. Na época, também estavam sendo construídos os pré- chada durante a II Guerra. Naturalizou-se brasileiro logo após a guerra.
dios de José Deeke e-Senhora Curnlin, e nas encostas do Morro do Aipirn, Faleceu a 3 de abril de 1980".2
o prédio de Probst .. Em ] 908, a firma de Gustav Salinger & Cia. aumentou O bonito prédio onde atualmente funciona o Banco de Crédito Na-
seu prédio com um anexo e um segundo pavimento (onde funciona a Dis- eional S/A, na Alameda Rio Branco, foi construído na gestão de Kurt He-
tribuidora de Tecidos). Samuel Katz construíu um prédio de dois pavi- ring, em ]927, para sediar a agência dos Correios e Telégrafos, sendo o
mentos na esquina da rua XV de Novembro com a Alameda Rio Branco primeiro- imóvel no estado a abrigar Correios e Telégrafos.
(onde funcionava a Casa Kieckbusch), hoje demolido. Das raras construções em enxaimel foram preservadas a casa onde
A casa de Rudolf Kleine, onde funciona a "Casa das Louças", a viveu o Dr. Fritz MiUler, na rua Itajaí, atualmente transformada em Museu
casa de Alwin Schrader e a "Casa Husadel" conservam suas caracteristi- e a casa que pertenceu a Viktor Gaerrner, sobrinho do Doutor Blumenau e
caso
que foi doada para a Fundação Casa "Dr. Blumenau" por Edith Gaertner.
Em maio de ] 909, foi inaugurado o trecho da ferrovia Blumenau- As construções em enxaimel ainda são vistas no interior do municjpio.
Warnow, e para ornamentar a varanda do belo edificio da estação ferrovia- As construções em enxaimel, caracterizadas pela "articulação de
ria, a filha do diretor mandou buscar na Alemanha uma bonita trepadeira. peças de madeira horizontais, verticais e inclinadas.formando um sistema
E qual não foi o espanto da jovem, ao constatar que a bela e perfumosa rígido preenchido com materiais de vedação", ... "com as paredes exter-
trepadeira vinda da Alemanha, abundava nas margens do rio Itajaí Açú. nas em tijolos aparentes na cor natural, em contraste com a estrutura de
Em 30 de dezembro de] 913, foi inaugurado, em belíssima arquite- madeira escurecida, osfrisos brancos da argamassa e as esquadrias [;la-
tura, o Grupo Escolar "Luiz Delfina", demolido para situar o atual edificio ras são os elementos responsáveis por uma configuração de caráter re-
do Forum. ' gional"?
Blumenau crescia e, na década de trinta, os blumenauenses cons- Essas construções "cobertas com telhas duplas, curvadas na parte
truiram o maior e melhor teatro do sul do Brasil.. A pedra fundamental foi inferior, conhecidas como telhas alemãs ou cauda de castor", predomina-
lançada no dia lO de novem bro de ] 93 5 (dois anos antes de receberem a ram no iníeio da colonização, como verdadeira expressão arquitetônica do
escritura definitiva do terreno), e Franz von Knoblauch, engenheiro for- Vale do Itajaí, sendo utilizadas nas mais variadas funções.
mado pela Escola Superior de Engenharia de Rensburg - Alemanha, foi o .E.s1:il.l.l.. ~ no inicio da colonização diminuiu gradativamente
autor do projeto original do Teatro "Carlos Gomes". Desentendimentos
2. Brazil Post - abril de 1980.
com a diretoria levaram Franz von Knoblauch a vender o seu projeto ori- 3. Silvia Odebrecht - Blumenau em Cadernos - março de 1982.

104
105
I' ,~~ .1,"
até quase desaparecer com a Segunda Guerra Mundial.,
Continua intacta a artística arquitetura do prédio onde funciona o
~J "Cavalinho Branco", na Alameda Rio Branco.
Na década de 40 foi construído o edificio do Cine Busch, cuja parte
frontal externa, construída em betão e ferro, lembra o pórtico dos festejos
dos 100 anos de Breslau - Alemanha.
Atualrnente Blurnenau conta com uma arquitetura diversificada, so-
bressaindo-se os prédios de concreto, mais práticos, que estão substituindo
as belas casas ajardinadas"
Emil Baumgart, 'pai do concreto armado ", por ser o precursor das
grandes construções nesse sistema, nasceu em Blumenau no dia 25 de ju-
nho de 1889. Era neto de Ernil Odebrecht e do seu casamento em 1915,

,
deixou dois filhos. Baumgart projetou e construiu, na época, o maior edifi-
cio do mundo, a sede da Editora "A Noite", na Praça Mauá, no Rio de Ja-
neiro, e o edifício do Cine Capitólio, o primeiro em concreto armado e
;
muitos outros, notáveis pelo arrojo e técnicas usadas. Quando um articu-
lista escreveu: "O concreto armado, um grande propulsor da civilização,
I
coisa em que toda gente fala, até porque nas cidades e nos campos, sobre
ou sob a terra, por cima epor baixo d'água, é mais uma criação de brasi-
leiro, esqueceu-se de acrescentar que é catarinense e blumenauense": São
de sua autoria os projetos e cálculos das paredes do açude de Orós, a ponte
Maurício de Nassau, em Recife, a Stander Pipe, na Bahia, os hotéis Glória
e Pálace no Rio de Janeiro, o hangar de concreto no Campo dos Afonsos,
no Rio, com arcos de cem metros de vão, a ponte de Joaeaba e outros, tor-
, nando o Brasil pioneiro nesse gênero de construções. Um biógrafo de
»m~t 1 ! Baumgart disse: "Neste Rio monumental, onde se multiplicam os prédios de
, '.
i
L·~~ ~~.;~~~~ ~_.~ ~j concreto armado, dir-se-ia que Emílio Baumgart mora em toda parte,' cada
, colosso que se ergue épor assim dizer uma homenagem ao seu trabalho, um
I, monumento à sua memória ". Faleceu no Rio de Janeiro em 1943.
Na gestão do Prefeito Evelásio Vieira, a Lei n? 1.909, de 22 de de-
zembro de 1972, concedeu favores fiscais a quem construísse casas típicas
i1"" para residência dentro do período urbano. Na gestão do Prefeito Renato
--
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1'"
\ "
Vianna, a Lei 1.909 foi revogada, sendo assegurados os favores já conce-
I I-r! .&-, "1éw.flnlll''b:Jvo/
didos com base na legislação anterior.. Pela Lei 2,262, de 30 de junho de
-.. %t>art:'r.fI":>:CJuiJt:>. .p.$U'/I'A-~
I 1977, regulamentada pelo Decreto n" 1.071, de 12 de julho de 1977, são
."p.•.f%-Q,í't-n. (-I7J:.r-, ttr/r'nn. consideradas casas típicas o "enxairnel" e "casa dos Alpes", sendo conce-
I F<-Búo.,r~
didos favores fiscais de 50% no IPTU para as edificações residenciais e
V3 do IPTU para as comerciais, obedecendo ao Código Tributário do Mu-
Parte da planta baixa do Teatro "Carlos Gomes", concebida pelo nieípio, pelo espaço de 10 anos, contados da data da expedição do "habite-
arquiteto Franz Von Knolblauch, inclusive o palco giratório. se". PeJa Lei na 3.134, de 4 de dezembro de 1984, o Prefeito Dalto dos

106 107
Reis acrescentou ao art. 1° da Lei n? 2.262, que os beneficios da lei se es- Hofschult, Oswald Buerger, Eugen Seelbach, Gertrud Gross e Eduard Fis-
tendessem à~ edificações que forem reformadas dentro dos estilos arquite- cher, para' fundarem em Blumenau, com o objetivo de preservar e manter
tônicos "enxaimel" e "casa dos Alpes". Pela Lei n° 3.142, regulamentada os valores culturais dos nossos antepassados, o "Centro Cultural 25 de Ju-
pelo Decreto n° 2~'J7, de 10 de dezembro de 198~, foi revogada a Lei n? lho". Este propósito está inserido nos Novos Estatutos Sociais, letra "B",
2.762, de 18 de dezembrQ. de 1981, que isenta do Imposto Predial os edifil do art. 2° - "Manter contato com a cultura daqueles países, donde de-
cios de valor histórico e arquitetônico do município. A isenção deverá ser scendem nossos associados, conservando os idiomas, costumes e tradiçõ-
requerida pelo interessado e será feita por decreto do Executivo, após o es que contribuiriam para a formação de um patrimôreo _ cultural, que
parecer de um arquiteto, um historiador e o chefe do gabinete do vice-pre- profundamente cultivado entre nós, deve ser posto a serviço do Brasil, no
feito de Blumenau. momento de seu progresso ". Os Estatutos foram registrados em 19 de
O Decreto' 2~6l, de 19 de dezembro. de 1984, alterou artigos do agosto de 1954, no L-A-6, fls. 219 e reformulados em 5 de novembro, de
Decreto 1.071, regulamentando a Lei 2.262, de 30 de julho de 1977, citan- 1979, conforme registro. no L-A-8, fls, 70v. Desde sua fundação, o "Cen-
do as condições necessanas para efeitos de concessão de beneficias. Para tro Cultural- 25 de Julho", através de suas. promoções artísticas e culturais,
usufruir destes beneficios, algumas fachadas de imóveis foram construi das tem divulgado condignamente e com sucesso a arte e cultura da nossa gen-
e outras reformadas, poluindo a cidade com falsos enxaiméis, em detri- te, além fronteiras, mantendo constante intercâmbio com entidades congê,
mento do legitimo patrirnônio histórico e arquitetônico, neres, mormente teatro, grupos corais e danças folclóricas. Recebe artistas
Um fato digno de nota no histórico das edificações é o Art. lOdo e grupos estrangeiros da Alemanha, Argentina, Uruguai e Paraguai .. Os co-
contrato assinado em nome do Governo Imperial por Manoel Felizardo de rais e grupo teatral, além de se apresentarem em nosso Estado, apresen-
Souza e Mel]o, Conselheiro do Estado e Diretor Geral das terras públicas, tam-se também, a convite, em outros estados e exterior. Desde 1971, ano
e pelo fiscal interino, Inácio Álvares de Azevedo, em 13 de janeiro de em que foi instituído, funciona bienalmente "O Encontro Internacional de
1860, quando Blumenau tornou-se Colônia Imperial e cujo teor é o se- Cantores", que reúne em média 700 cantores.
guinte: "O Doutor Blumenau entregava ao Governo Imperial todas as ter- Funcionam no "Centro. Cultural 25 de Julho" o coral masculino
r(1S que possuía no Rio ltajai;, numa superficie avaliada em 20 léguas "Liederkranz'', coral misto, coral infanto-juvenil, grupo de danças folçjóri-
quadradas, com exceção dos sítios da Velha, da Ponta Aguda e do Salto. cas, conjunto musical, grupo de teatro, "skat", balão, preel-ball, ping-
A área destes não excedia de meia légua quadrada. Com essas terras, pong, etc.
passaram, também, para O Governo Imperial, todos os imóveis e berfeuo- Com vinte participantes, em outubro. de 1972, foi fundado o coral
rias não só da sede da Colônia, como os da Barra do Itajai Mirim, onde que estreou em dezembro'.' do mesmo ano no concerto de Natal., Em 1974,
se localizara O posto de recepção de imigrantes, com casa de hospeda- o maestro e compositor Heinz Geyer encenou sua opereta "O Imigrante",
gem, depósito de bagagem, etc". Entretanto, em 1920, o Governo Estadual com cantores e solistas do "Centro Cultural 25 de Julho". Regeram o coral
doou ao municipio de Blumenau o edificio da Prefeitura Municipal, com os maestros Leopold Seelbach, Heinz Geyer, Werner Arnold e Manfred
exceção do Forum e da Cadeia Pública, e ainda com a condição de funsio- Bubeck. O coral apresenta-se em geral três vezes por ano, particjpando
narem no edificio doado, as repartições estaduais e federais. dos encontros de cantores do Vale do Itajaí, do Estado e em encontros in-
ternacionais, festivais e congressos. Gravou seu primeiro. disco "Mit Freu-
de Dienen" (Servir com Alegria), com músicas do maestro José Acácio
Santana, em 1981..
CENTRO CULTURAL "25 DE JULHO"
O grupo teatral InICIOU efetivamente suas atividades em 1976, com
a peça teatral "Minha Sobrinha, Tua Sobrinha". Os espetáculos são em
No dia 1° de maio de 1954, reuniram-se Otto Baumeier, Rudolph idioma alemão, e desde então, vem conquistando glórias. em sua carreira
Kleine, Harry Ferber, Franz von Knoblauch, Kanl Genster, Karl Kuester, de bons espetáculos até no exterior.
Ernst Kieckbusch, Paul Frischknecht, Willy Sievert, Carlos Frank, Willi- Em 1978, o Corpo de Dança "Maria de Caro", iniciou cursos de
bald Koenig, Albert Schmider, August Fey, Alfred Zinkhahn, Hermaun "ballet" clássico, moderno e danças folclóricas.

108 109
Numa área de doze mil metros quadrados, a sede conta com um sa-
lão para aproximadamente 800 pessoas, restaurante, palco, salas de ensaio,
biblioteca, cancha de bolão, etc. É de Utilizada Pública pelo Decreto-Lei
n° 1144, de 6 de novembro de 1954, e registrado no Conselho Nacional de
Serviço Social do MEC sob o n° 254635/79. A programação anual inclui:
fevereiro/março - Páscoa; em maio, Dia da Fundação e Dia das Mães; ju-
nho - Festa Junina; julho - Dia do Imigrante; 2 de setembre· - Fundação
da Cidade; dezembro - Concerto de Natal e Natal para as Crianças. O
"Centro Cultural 25 de Julho" preserva com carinho o folclore e as tradi-
ções dos fundadores de Blumenau.

PRAÇA "GOVERNADOR HERCÍLIO LUZ"

A notiçja do falecimento do Doutor Blumenau, ocorrido no dia 30


de outubro de 1899, em Braunschweig - Alemanha, fez com que se for-
masse uma comissao, que em reunião de 6 de novembro do mesmo ano
resolveu erigir um monumento em homenagem ao fundador da cidade. O
local foi a praça defronte à Casa do Conselho, que naqueles tempos idos
er;i um largo gramado que descia até o porto fluvial.. A pedra fundamental
foi lançada no dia 2 de setembro de 1900, data do cinqüentenário de Blu-
menau, sendo a inauguração fixada para o dia 31 de maio de 1903, às 3
horas da tarde, domingo do Espirito Santo.
Em "Blumenau em Cadernos", de outubro de 1979, o historiador
Frederico Kilian publicou com detalhes as festividades de inauguração:
"Chegavam em marcha unida, saindo do pátio da Sociedade de
Atiradores (atual sede do Tabajara), com suas respectivas bandeiras, pu-
xadas por uma banda de música, as seguintes sociedades: Sociedade de
Atiradores de Blumenau. Sociedade de Atiradores "Gemuetlichkeit"- (atual
Clube Blumenauense de Caça e Tiro), Associação Ginástica, as socieda-
des de cantores "Germânia" e "Harmonie", Sociedade Recreativa "TeutB Monumento ao Imigrante, na Praça Governador "Hercttto Luz
nia'' (atual Ipiranga), Sociedade de "Combatentes da Guerra",
Associação de Ginástica "Passo Manso ", duas sociedades de atiradores em nome da comtssao, os presentes, fez um relato da vida do Doutor Blu-
de Itoupava, Sociedade de Cantores de Timbtü além dos sócios da "Socie- menau, salÚntando os seus méritos como colonizador e administrador.
dade de Cultura" e do Teatro "Frohsinn" (atual Teatro "Carlos Gomes"). Após as sociedades de cantores cantarem "Este é o Dia do Senhor", to-
e ainda incorporados os membros da Câmara Municipal. O local estava mou a palavra Paul Schwarzer, que ressaltou o valor da obra do Doutor
festivamente ornado com palmitos, cestões de flores e bandeirolas, flu- Blumenau. A seguir foi descerrado, ao som do Hino Nacional, o monu-
tuando ainda as bandeiras do Brasil, da Alemanha, Itália, Portugal e ou- mento que traz na parte da frente, em bronze e alto relevo, a imagem do
tras. O orador oficial foi o deputado Louis Abry, que após cumprimentar, Doutor Blumenau, _ com seu nome, datas e lugares de seu nascimento e

110 111
ram a convÚe do Doutor Blumenau, em 2 de setembro de 1850, os primei-
morte. Na parte voltada ao rio, outra placa de bronze com os seguintes di-
ros imigrantes: ReinilOld Gaertner, Franz S(J/.le.tltze/J,.Paul Kellner, Julius
zeres em alemão: "Dem Gruender der Kolonie, errichtet von dankbaren
Ritscher, Wilhelm Friedenreich, sua esposa Minna efilhas menores Clara
Bervohnern Blumenaus und Verehrern in Brasilien und Deutschland"
e Alma, Daniel Pfaifendor J, Friedricn Geier, Friedricn Riemer, Erich
(Observação: Esta placa foi substituída, cerca de 40 anos depois, por outra
Heffmann;. Andreas Boettscher, Andreas Kahlmann; sua esposa Johanna e
r,

com os seguintes dizeres em português:'JGratidlkJ do povo de Blumenau


as filhas Maria e Christine. Para perpetuar sua memória, foi colocada
à memória dofundador do Municipio -1902", sobreposta àquela, que
esta placa no primeiro centenário de Blumenau.; 1950". A face voltada
~ssim rezava: "Ao fundador da Colônia, erigido pelos agradesidos mo-
para o norte sustenta uma pequena placa com os dizeres: "Gratidõp do
radores de Blumenau e admiradores do Brasil e da Alemanha ';.
povo de Blumenau à memâria. dofundador do municÍJ;io. 1902"."
A seguir, a Sociedade de Cantores "Harmonie" cantou a canção ·~O
Depois que o monumento foi inaugurado, a comissão de construção
como és bela, minha Pátria", ao finalizar a mesma, Emil Odebrecht entre-
convidou a todos os interessados para uma reunião no dia 21 de junho de
gou o monumento, em nome da comissão de construção, à rnunicipalida-:
1903, no salão do Teatro' "Frohsinn'', com a finalidade de prestar contas da
de. Ato continuo, Francisco Margarida, presidente da Câmara Municipal,
construção do monumento e ao mesmo tempo fundar uma Sociedade de
em belo discurso, agradeceu em nome do município e seu governo, tecen-
Embelezamento (Verschoenerungsverein), com a finalidade preçjpua de
do louvores à obra do Doutor Blumenau, caracterizando-o como adminis-
ajardinar a praça. No dia da reunião, a corrussao prestou contas dos
trador de raras: qualidades e reconhecida capacidade e honestidade. Gustav
7:190$100 1
arrecadados em donativos, da contribuição de 1:890$120 da
Salinger leu as mensagens telegráficas enviadas, pelo Embaixador da Ale-
Prefeitura Municipal, dos gastos e do saldo positivo de Rs. 536$910, que
manha no Rio, Barão von Treutler, o Cônsul Geral alemão em Florianójo-
foi entregue à Sociedade de Embelezamento, fundada na ocasião. Para
lis, Barão von Wangenheim, tendo o Superintendente Municipal lido,
compor a diretoria da sociedade, foram eleitos Emil Odebrecht, Eri"h
ainda, as mensagens recebidas do Governo do Estado e do Dr. José Boi-
Gaertner e Julius Probst .. Na ocasião, foi ventilado que as duas placas: de
teux. bronze e o gradeamento de ferro foram doados e enviados por admirado-
O ato inaugural finalizou com a deposição de coroas e fiares ao pé
res do Doutor Blumenau da Alemanha. Ao todo, o monumento, incluindo
do monumento, destacando-se as da Câmara Municipal, Escola Nova, So-
despesas de fretes, direitos alfandegários, etc., custou cerca de onze contos
l;iedade de Cultura, Associação Ginástica, ""Der Urwaldsbote", Familia
de réis. O jardim foi inaugurado no domingo de Páscoa de 1904, com con-
Heinrich Probst, Sociedade "Teutfulia",. "Frohsinn", "Germânia", Socieda-
ceito e divertimento para o povo.
de de Atiradores e da Administração do Hospital.. Seguiram-se as demais
Antes da inauguração, no pesíodo de 2 a 6 de maio de 1902, foi
festividades programadas para a ocasiao, ou' sejam: retreta das bandas de
aberta concorrência pública para "um cercado de madeira ou arame em
música na Rua das Palmeiras, (atual Alameda Duque de Caxias), realizan-
redor da praça pública, emfrente ao ediflcio da municipalidade", Essa
do-se, à noite, no Teatro "Frohsinn", a apresentação, pelo grupo teatral da
medida visava proteger a praça de predadores.
soçjedade, da peça "O Rapto das Sabinas", de Franz e Paul Schoentharri;
No "Der Urwaldsbote" de 20 de maio de 1938, o então prefeito mu-
seguido de um baile muito concorrido". nisipal de Blumenau, José Ferreira da Silva, escreveu:
O monumento em forma de obelisco ergue-se no centro da Praça
"Dizeres do Monumento ao Doutor Blumenau:
Governador Hercjlio Luz (em frente ao edifioío da antiga Prefeitura Muni-
Todos os visitantes de nossa cidade estranham que no centro da l;i-
cipal), e foi entalhado pelo colono Erminio Stinghen, em granito verme-
dade, que vangloria-se de ser uma cidade brasileira, apresenta no obelisco
lho, lavrado, medindo 3,50 m de altura e 1,50 m de base. Dedicado aos
erguido em homenagem ao fundador, Doutor Blumenau leva uma placa
fundadores de Blumenau, em três das: faces do monumento há placas de com dizeres em alemão.
bronze. Na placa da frente está incrustada em alto relevo a efigie do Dou-
Eu reconheço profundamente a vida e a obra do fundador, estou
tor B 1umenau, cercada de ramos de carvalho, com as' datas de seu nasci-
certo, não querendo no entanto criticar, mas este fato não seria do agrado
mento (26112/1~19), em Hasselfeld, e de sua morte (30/l-O/1899), em
do Doutor Blumenau, apesar de ter sido alemão. - Era brasileiro , convicto.
Braunschweig - Alemanha. Na placa da face leste há os seguintes dizeres:
Sua correspondência, seus relatórios, foram escritos em português, idioma
"Para conquistar, com energia e coragem, uma nova pátria, aqui chega-

113
112
que dominava com perfeição. Se lhe fosse concedido por mais umas horas xar de explorar o estabelecimento, attendendo o publico todos os domin-
para rever sua obra, seria isto que ele primeiro condenaria, que um monu- gos e dias feriados. Clausula Quarta: A Camara Municipal de Blumenau
mento em sua honra, os dizeres não foram escritos em português. Razão obriga-se a não fazer concessão egual no jardim da Praça Governador
porque resolvi retificar este erro e que estas placas sejam derr.etidas, e os Hercilio Luz, durante os doze annos de duração deste contracto. E por se
dizeres gravados em port -lguês. acharem deste modo contractos, fez-se este que vai assignado pelo Supe-
As placas, naquela ocasião, foram oferecidas por admiradores na rintendente Municipal e pelo outro contractante Mathias Fabian e pelas
Alemanha, em especial pelo Presidente do Centro Comercial Geográfico, testemunhas F E, F, que a tudo estiveram presentes. E para osfins legais
o Dr; Jarmasch. (Ass.) José Ferreira da Silva - Prefeito". dá-se ao presente o valor de (Rs. 600$000) seiscentos mil réis. "
No governo do Superintendente Paulo Zimrnerrnann, pela Resolu- Fabian veio para Blumenau com seu tio, de quem aprendera jardi-
ção n? 121, de 14 de abril de 1919, o Conselho Municipal integrado por nagem na "Schlossgaertnerei" de Heidelberg - Alemanha, que pertencera
. Victor Konder, Jacintho Gadotti, Kurt Hering, Fritz Lorenz, Luiz Isolani, ao seu tio. Em Blurnenau, Fabian possuia uma Floricultura e Agricultura
Silvio Scoz, Henrjque Porcino da Silva, Alexandre Trentini, Francisco na rua São Paulo e era responsável pelo ajardinamento da praça "Governa-
Margarida, resolveu autorizar o Superintendente "a reformar e, se possível dor Hereílio Luz" e rua das Palmeiras (atual Duque de Caxias). Em 1914,
for, ampliar ojardim público da cidade e mandar construir aí um pavi- Fabian casou-se com Frida Schãnfelder, neta de Christian Schêjifelder,
lhão e um coreto para concertos públicos : No mesmo dia, pela Resolu- que imigrou em 1853 e de sua esposa Henriette Fischer, imigrada em
ção n? 124, o Conselho Municipal resolveu, no art, 20
, denominar a praça 1855.
ajardinada em frente à municipalidade (antiga Prefeitura Municipal) de Jardineiro responsável pela praça, Fabian também explorava os ser-
Praça "Governador Hercílio Luz", em homenagem ao Dr.. Hercilio Pedro viços de bar em um pequeno pavilhão na lateral da mesma (aproximada-
da Luz, Governador do Estado, ligado a Blumenau pela politica e pelos mente uns dois metros atrás do Monumento aos Voluntários da Pátria).
muitos melhoramentos realizados no município durante o seu governo. Esse primeiro pavilhão, de formato redondo, era simples sem a parte supe-
Como conseqüência da Resolução na 121, de 14 de abril de 1919, rior. Com a reforma após o contrato com a Prefeitura, foi acrescentado o
foi firmado o seguinte contrato (texto original): andar superior destinado a retretas, enquanto o inferior era utilizado para
"Contracto para a construção de um pavilhão, na praça Hercílio serviços de bar que servia café, pão, guloseimas, bebidas, charutos e ou-
Luz, que faz a Municipalidade de Blumenau com Mathias Fabian. - Por tras miudezas. Servia também o "Bitter Estomacal", fabricado por Rudolf
este contracto, lavrado no livro de contractos da Camara Municipal de Thomsen, e que ainda guardava a primeira nota fiscal extraida em 19~9
Blumenau, o Superintendente Municipal Sr. Paulo Zimmermann e Mi>It- para o pavilhão.
hias Fabian, jardineiro, morador nesta Cidade, perante as duas testemu- Em 1929, no governo de Kurt Hering, o contrato foi renovado e Fa-
nhas (.,) acordaram o seguinte: Clausula Primeira: Mathias Fabian bian foi encarregado de reformar e embelezar a praça. Foram plantadas ár-
obriga-se a construir até o dia J5 de novembro praximo., na Praça "Go- vores e arbustos raros, inclusive estrangeiros, e semeadas flores. Bancos
vernador Hercilio Luz", desta Cidade, em lagar designado pela Municipa- de madeira com pés de ferro fundido e pintados de verde foram colocados,
lidade e de acordo com a planta por esta apresentada, um pavilhão para e os caminhos revestidos de "schamotte coberta de areia para não preju-
coreto de musica e botequim e a collocar no mesmo jardim as mesas ne- dicar as raízes das velhas epreciosas árvores ". Parece que a única atração
cessarias para o serviço do restaurante que o contractante tambem se ob- moderna introduzida no pavilhão foi um caça-niqueis, muito comuns na
riga a manter, correndo todas as despezas por conta do mesmo época.
contractante Mathias Fabian .. Clausula Segunda: O Municipio de Blume- Para José Ferreira da Silva, profundo conhecedor da vida e obra do
nau concede ao contractante, em compensação, isenção de todos os im- Doutor Blumenau, o pavilhão não era tradição e denegria a imagem da
postos municipais, durante o prazo de doze annos. Clausula Terceira: praça. Em 1939, no seu governo, o contrato não mais foi renovado. No lo-
Findo este prazo de doze annos, o pavilhão passará a ser propriedade da caI ainda funcionou um posto de gasolina que também foi desativado.
Municipalidade, sem qualquer indemnisaçõu ao contractante, o que sue- Desde o ajardinamento inicial a praça vinha sendo preservada, sendo me-
cederá tambem, se, durante o tempo do contracto, o Mathias Fabian dei- lhorada em 1954, no governo de Hercílio Deeke. E foi na gestão do Pre-

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feito Hercílio Deeke (2' gestão) que foi erigido na praça Governador "Her- a) o trabalho do historiador e arquiteto alemão Udo Baumann, que
"ilio Luz", local de onde partiram os voluntários, o monumento aos Vo- esteve em Blumenau em 1983, efetuando avaliações na arquitetura históri-
luntários da Pátria, em homenagem aos nossos colonizadores que, ca do município, e que observou que o porto, localizado na praça "Gover-
atendendo ao chamamento da Pátria adotiva, se apresentaram para integrar nador Heroílio Luz", como "local significativo da cidade, não é mais
o Batalhão de Voluntários da Pátria contra o Paraguai. Partiram no dia 5 reconhesivel para turistas eforasteiros; os muros ainda existentes deve-
de outubro de 1865, e muitos lá ficaram. A escultura, de autoria de Miguel riam ser preservados e o porto incorporado a uma concepção geral para
de Barba, retrata com fidelidade a época até os minimos detalhes. o turismo".
Com o Prefeito Dalto dos Reis, a praça foi relegada para justificar a b) o parecer dado pelo engenheiro. agrónomo Geraldo Mosimaun da
sua transformação em jardim da cerveja. A visão do trator destruindo a Silva, no qual consta a retirada de três palmeiras, uma árvore de porte mé-
praça fez com que Edith Kormaun acionasse a imprensa falada, escrita e dio não identificada, uma "touceira de palmeiras semelhantes às outras
televisionada para impedir a predação que teve inicio no dia 13 de junho existentes na praça e a derrubada de uma árvore de grande porte, próxi-
de 1986, quando o trator destruiu canteiros, bancos, árvores e arbustos ra- ma ao rio, sob alegação de que a mesma estava podre" ..
ros catalogados por João Geraldo Kuhlmann, que em 18 de fevereiro de c) a pericia técnica da arquiteta Ana Holzer, que alertou para a im-
1955 mandou uma carta para a Prefeitura com a lista das árvores e palmei- portância do "equilíbrio ecológico, cíclico e de contenção daquela área,
ras das ruas e praças que embelezavam Blumenau, incluindo, além da pra- que representam as espécies da praça". Ana Holzer assinalou que a maio-
ça Governador "Hercilio Luz", a praça "Dr.. Fritz Müíler", praça "Viktor ria das plantas tem raizes horizontais, se mantendo principalmente pela
Konder", praça "Pedro 11"e "Asilo dos Velhos". adubação natural, através da reposição do material orgânico como folhas,
Como o prefeito insistisse em dar o fato como irreversível, Edith galhos, frutos, sementes, excrementos e outros, o que significa que com o
Kormaun resolveu, após juntar a documentação necessana, solicitar ao ad- concretamento estas' árvores estão fadadas ao desaparecimento, conside-
vogado, Dr. Luiz Zanelato, para mover uma ação para impedir a destrui- rando ainda que algumas foram plantadas em 1903. Ana Holzer ficou sur-
ção do património. Segundo o advogado Dr. Acácio Bernardes, ''A ação é presa quando soube da feitura de caixas para proteger as árvores, pois
válida a partir do momento que Blwnenau está se despojando da única estas devem ser construídas quando se pretende o plantio e jamais quando
praça que tem", dizendo ainda que "é um crime destruir a praça que é um a vegetação já existe, pois a abertura das canaletas para a fixação das cai-
ponto de cultura da cidade". xas comprometem as raizes existentes. Criticou também o concretamento
Edith Korman tentou, de várias maneiras, entrar com ação através total da praça com o confinamento das árvores a quadrados minimos, di-
de associações de classe, entre elas a Associação Catarinense de Preserva- zendo ser a negação total do que se propõe: um jardim.
ção da Natureza (ACAPRENA), Associação dos Engenheiros e Arquitetos d) o parecer técnioe sobre o valor histórico cultural da praça elabo-
do Vale do Itajaí, Associação dos Artistas Plásticos de Blumenau, Grupo rado pela arquiteta Maria Isabel Kanan, que cita entre outros itens que "À
Teatral "Phoenix" e Movimento Verde, porém os Estatutos não dispunham praça "Governador Hercilio Luz", podemos conferir, além da importância
de cláusulas que possibilitassem a ação. urbanística, o forte caráter histórico a ela relacionado", pois foi "nas
A coleta de documentos teve a colaboração efetiva da arquiteta Clé- margens desta praça, a qual era largo e coberta de grama, que desembar-
lia Pfeifer, que como perita, além de estudar minuciosamente o projeto, cavam os colonos, pois foi este local o preferido para instalação de um
fornecendo parecer e perícia técnica, disse que "oprojeto, além de ignorar porto fluvial, testemunhado apenas pelas ruínas que lá permanecem". _
completamente o valor histórico da Praça "Governador Hercilio Luz", ''Apartir de 1900 duas obras históricas - monumento fundação
à e aos
cercando e confinando suas árvores a um concretamento, está privatizan- primeiros imigrantes e o obelisco dedicado à memória do Doutor Blume-
do um espaço público aberto, roubando do povo o que é dele desde a sua nau - vão definir seu valor enquanto memória da cidade - "e queformada
origem, para explorá-lo comercialmente". O projeto estudado detalhada- a comissão de embelezamento para ajardinar e embelezar a praça, co-
mente apresentou inúmeras falhas, tanto na pane da construção como na menta-se sobre ojardim público como local para concerto e divertimento
estética do conjunto. para o povo. Altera-se, inclusive, sua denominação para "Governador
Ao processo foram juntados: Hercilio Luz". Definia-se, assim, suas trêsfunções fundamentais: de ref~-

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rencjal histórico, recreação e referencial urbano, pela sua feição que, mundá, que o expôs aos demais conselheiros e o concluiu no dia 17 de
mesmo modificada ao longo dos sucessivos governos municipais, conser- março de 1987:
vou-se como praça, espaço público de convivência do povo de uma eidade "Antiga é a definição de que praça - "é lugar público, cercado de
e respeito aos homens, cujo ideal colonizador possibilitou a existência, edlficios, Rossio. Largo. Mercado. Circo. Terreiro. Conjunto de nego-
hoje, de Blumenau ". eiantes de uma c'idade". (cf.. Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa,
Esses documentos, acrescidos do histórico da praça, fotos tiradas por Cândido de Figueiredo. - Lisboa, Portugal, 1924).
por Renato Junge mostrando a devastação da área verde, certidão do I Ofí- 1·. Entende-se na sustentação desta definição, que a professora
cio de Registro de Imóveis, comprovando
I que a área (menos os 33 metros Edith Kormann, com base na legislação vigente, deseja ver tombada a
da marinha), não pertence à municipalidade, recortes de jornais e outros, Praça "Governador Hereilio Luz" (Cidade de Blumenau) - Que diz, mos-
foram entregues ao Dr. Luiz Zanelato, que deu entrada, graciosamente, trando provas ser BEM CULTURAL, autenticamente, relacionado na me-
dos mesmos junto ao Ministério Público em 22 de outubro de 1986, sendo mória catarinense com marca blumenauense.
a ação movida pelo Promotor de Justiça Cezar João Cimo 1L. É bem clara a intenção de ver a Praça tombada para impedir
Paralelamente, Edith Kormann encaminhou processo com a mesma sua transformação em "Biergarten" (Jardim para tomar-se cerveja).'. O
documentação para a Unidade de Património da Fundação Catarinense de TOMBAMENTO implicaria num inventário, no qual constasse, ou como
Cultura, que tomou o n° 1132/86, para o tombamento da praça, provocan- se queira, conste o risco do ajardinamento, os monumentos, o estoque ve-
do a vinda para Blumenau do arquiteto Edson Francisco Mendonça, Chefe getal, a visão paisagística da ambiência, a importância histórica do lo-
da Unidade de Património Cultural, que esteve no local, emitindo em 2 de gradouro com as adjacências.
outubro ,de 1986 o seguinte parecer: a) Compreende-se a sensibilidade preserveciooiste da proponente.
E na compreensão oferecida, se deixa as congratulações com o augúrio
"1. Em 29 de setembro, 'mantivemos contato com a requerente, de permanência na vanguarda defensora de BENS CULTURAIS. - Princi-
após termos visitado a praça "Governador Herallio Luz", onde constata- palmente esses alinhados identificadores de catarinensismos.
mos que as obras encontram-se em fase final de acabamento. Entendemos II/.. A leitura do processo que chegou a este Conselho Estadual de
não ser aconselhável um processo de tombamento a nível estadual. Fize- Cultura - Câmara do Patrimáoio Histórico e Artístico a 03/03/1987, in-
mos ver que somente uma ação judicial por parte da população local, ba- forma que o insulto à Memória e Çl agressão ao Patrimanio já foram per-
seada na Lei Federal na 7,347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a petrados.
ação civi] pública de responsabilidade por danos causados ao meio am- O IDIOMAtISMO alimentado por lazer é bem conhecido como
biente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histó- "Festa da Cerveja" ou "Festival do Chopp" (Bier Fest). - É bandeira de
rico, turístico e paisagístico, poderia a requerente e toda a Comunidade campanha incrementadora 'de vendas. - A rede distribuidora de cerveja e
blumenauense ter novamente a sua praça arborizada e não a sua desca- outras bebidas, está interessada em explorar tudo quanto possa fazer
racterização, como está atualmente com a construção ali realizada pela crescer o consumo de cerveja. - Tal rede é ativa e vale-se das estimulaçõ-
atual administração. es alcançáveis. Para tal rede, O que não lhe favorece, também não é im-
2. Enviamos nesta data à requerente cópia xerox da Lei na 7.347 portante.
parc{ que a mesma entre com ação civil pública contra a Prefeitura Muni- 2) Se veja que a arquiteta Cléiia T. Pfeifei; a 20/08/1986, afirmou
cipal .. ser agressão descaracterizadora da PRAÇA "GOVERNADOR HERCÍLIO
3. À Superintendência para que, achando conveniente, encaminhe LUZ", o que, para ela, era indicado como "JARDIM DA CERVEJA ". (cf
o processo em questão à Assessoria Jurídica para análise da .Lei Federal documento no processo)
e se possível, acionar também o Estado, uma ação através da Fundação b) Também o parecer do engenheiro' agrônomo Geraldo M da Sil-
Catarinense de Cultura pela descaracterização do cultural e histórico". va é prova documental acusadora de realização agressora no conjunto
O processo foi enviado ao Conselho Estadual de Cultura em IOde arboristico da referida praça. - O agrônomo diz que foi cometido derru-
fevereiro de 1987, sendo analisado pelo Conselheiro Theobaldo Costa Ja- bada de árvores.

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IV Li, também, neste processo, que a 23 de setembro de 1986, o PRENA, através de sua presidente Lúcia Sevegnani e demais integrantes,
arquiteto Edson Francisco Mendonça, digno chefe da Unidade do Patri- que no dia 2 de abril. de 1987 realizaram, com integrantes do Movimento
mônio (Fundação Catarinense de Cultura), viu com lucidez profissional e Verde e Professora Edith Korrnann, uma vistoria na praça, com -"a inten-
sensibilidade preservacionista, que a providência adequada, às alturas ção de desvendar as mentiras que cercam o jardim da cerveja ", que se-
daquela época, para impedir a agressão à PRAÇA "GOVERNADOR gundo Lúcia Sevegnani - "não corresponde aos anseios da Comunidade e
HERCÍLIO LUZ", era a aplicação da Lei Federal n" 7.347, de está cercado de falcatruas ", pois a administração municipal argumentou
24/07/1985. - A Comunidade blumenauense assumiria a autoria de apli- que não haveria corte e danificação de árvores e descaracterização do lo-
cação desta Lei. cal, o que não foi cumprido. No dia 11 de abril. do mesmo ano, a ACA-
a) Se a aplicação desta Lei não foi aprovada, - A oportunidade de PRENA distribuiu o seguinte manifesto:
defesa da Praça aludida, foi perdida.
"ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE
b) Opino (com as minhas limitações intelectuais), que o TOMBA-
MENTO DA PRAÇA "GOVERNADOR HERCÍLlO LUZ", precisaria PRESERVAÇÃO DA NATUREZA
como precisa, ter a anuência do Poder Público de Blumenau, ouficará
MANIFESTO
apenas no registro burocrático.
O ato de tombamento, não tem, em si mesmo, uma onipotência execu- A ACAPRENA (Associação Catarinense de Preservação da Natu-
tiva. - É dependente de interesse oficial local e aplauso comunitárioforte. reza) e o MOVE (Movimento Verde), preocupados com a preservação do
V Este é o meu parecer, que não considero seja a última palavra meio ambiente, bem como, com apreservação dos bens e direitos de valor
sobre o assunto. SALA DAS SESSÕES, 17 de março de 1987. (ass.) Theo- histórico, cultural epaisagístico, vêm através deste MANIFESTO, concla-
baldo Costa Jamundá - Conselheiro. " mar a população blumenauense para que juntos, lutemos pela sustação
das obras iniciadas na Praça "Hercilio Luz", com vistas a transformá-la
Praça Heroílio Luz recebe "adeus". Verdes protestam contra "Bier- no BIERGARTEN" projeto que visa a privatização de um espaço público,
garten" foi manchete no Jornal de Santa Catarina de 22 de julho de 1986. quefoi palco de uma infinidade de acontecimentos históricos intimamente
ligados à cidade.
O protesto do Movimento Verde foi pacífico e com poucos partici-
pantes, pois a Comunidade, segundo os manifestantes - "estava iludida Tal projeto, não apenas irá descaracterizar (com suas cercas, chão
pelos delírios germânicos da municipalidade". Além do manifesto elabo- concretado, falsos enxaiméis), a praça original, mas também, a própria
história de Blumenau da qual elafaz parte.
rado por Renato Junge - "a única praça realmente arborizada e parte in-
tegrante do nosso patrimônio histórico, devido a falta de manutenção, Que Blumenau, apesar da origem germânica da maioria de seus
caiu no abandono, tornando-se agora palco dos interesses econômicos, habitantes, do qual não deixamos de nos orgulhar, é antes e acima de
menosprezando a memória e os reais desejos da nossa Comunidade", fo- tudo uma parte do Brasil: Queremos preservar estes laços que nos unem a
ram distribuidos outros panfletos e charges ironizando a destruição da pra- tantos imigrantes alemães que deram a sua vida para o engrandecimento
ça. Apesar da Lei n'' 2.449, de 18 de maio de 1979, do Prefeito Renato desta eidade, mas também, não queremos esquecer dos brasileiros que
Vianna, gue dispõe sobre a proteção do patrirnônio histórico e cultural de participaram desta obra, dentre os quais destacamos Hercilio Luz, a
quemfoi dedicada a Praça.
Blumenau, Cláudio Teixeira, integrante do Movimento Verde, admite que
o protesto não iria interferir nas obras, porque o Prefeito Dalto dos Reis Ressalvados os interesses turísticos e comerciais, não podemos ad-
disse que - "mãos humanas não conseguirão parar o Biergarten ", o que
mitir, no entanto, que se passe uma borracha por cima de tantos fatos e
chocou os manifestantes, pois segundo Guida Heuer, a Comunidade devia
pessoas que efetivamente lutaram para erguer esta cidade. O BIERGAR-
ter sido consultada através de plebiscito. O "adeus" à praça Governador TEN nada mais é, do que uma amostra dafebre do descartável, da onda
"Hercilio Luz" foi encerrado com choro de crianças, e a deposição de uma defalseamento das tradições que vêm assolando a nossa comunidade.
coroa de flores no monumento ao Doutor Blumenau e Imigrantes. Queremos Blumenau crescendo, mas queremos também aquele ip~
O movimento contou também com a valiosa colaboração da ACA- roxo florindo nos dias de primavera. No fundo, nofundo, somos que nem

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ele, queremos crescer para o alto, mas não podemos perder o contato com 50 ORTNs, caso a prefeitura não cumprisse a sentença.
as nossas raízes. Raízes fabricadas não nos interessam, pois não deixam A liminar foi comemorada pelos defensores da integridade da pra-
fluir a seiva vivificadora. Queremos as nossas tradições, mas queremo-las ça, que comentaram a recuperação do patrimônio histórico, a privatização
reais, com fundamento histórico. Queremos a nossa Praça, queremos o da praça, o reaproveitamento do material usado em caso de demolições, a
nosso tpê sem concreto a tolher-lhe as raízes, queremos o nosso chão, massa verde atingida pelo concreto, principalmente as raízes das árvores
queremos o nosso PATRIMÔNIO HISTÓRICO.. cortadas por motosserras e que dentro de um ano ou dois desaparecerão.
A PRAÇA PEDE SOCORRO. PRECISAMOS DE SUA AJUDA. Enquanto isso, o assessor jurídico da prefeitura. Renato Wolff, disse que
SAlA. À RUA E VISTA A NOSSA CAMISA NO DIA 11/04/87 iria recorrer da decisão judicial, pois o espaço seria destinado para o con-
ÀS 08:00 HORAS NA PRAÇA DR .. BLUMENAU" sumo de cerveja e chopp na Festa de Outubro. Para suspender a liminar, a
prefeitura lançou: "Biergarten é progresso sem comprometer a natureza",
"O Biergarten é um elemento típico da Alemanha do Sul, sendo ex- coletando assinaturas de certos segmentos da Comunidade que se dizem
plorado por comerciantes ejamais pela municipalidade. Não são cerca- blumenauenses, entretanto desconhecem o valor histórico da praça.
dos, com pórtico e muito menos construídos em praça pública e de valor Em reunião no fórum, no dia 14 de julho de 1987, detalhes foram
histórico. São pequenos para aproveitamento de recantos urbanos. acertados para suspender a liminar, detalhes que não foram cumpridos
O projeto visa abrigar grande número. de pessoas e mesas "para ge- pela prefeitura." e pela Justiça, sendo as obras reiniciadas em 13 de agosto
rar mais lucros", fato comprovado pelo exagero da chouparia: - "abas- de 1987, e o jardim da cerveja inaugurado em 29 de setembro. de 1987.
tecer 1.500 pessoas bebendo simultaneamente ", enquanto o coreto Após um ano, prazo fixado pela Justiça para a prefeitura cumprir os ter-
instalado no segundo pavimento é discutível pelas leis de acústica, pois se
encontra na mesma altura das copas das árvores, prejudicando a propa-
gação do som. A massa verde e os monumentos não foram considerados
no projeto. A composição formal e paisagística não existe e o pórtico está
completamente descaracterizado. Segundo a arquiteta Clélia Pfeifer - "O
enxaimel, estilo típico da Alemanha Central, claro sobre sua concepção,
sofre uma avaria quando uma 'mansard', a parte habitável do telhado,
transforma-se em pórtico de um Biergarten".
A grade de ferro de 1,20 m de altura rompe a integração original do
espaço público com o núcleo histórico da área. Segundo Stenio Calsado
'vieira, na ocasião presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos
do Vale do Itajaí, o próprio conceito de jardim da cerveja estava descarac-
terizado, pois "Biergarten seriam mesas espalhadas num espaço aberto, e
não em enormes pavilhões construídos dentro de uma praça. O que temos aí
é um conjunto arq.uitetônico com jardim em volta e não uma praça com al-
guns equipamentos. O conceito de Biergarten, em Blumenau, foi invertido".
A movimentação em tomo da preservação da praça fez com que o
Juiz da 3" Vara Civil, José Bonifácio da Silva, acolhesse a Ação Civil PÚ-
blica de Responsabilidade por danos causados ao Meio Ambiente e a Bens
de Valor Artístico, Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico contra a
Prefeitura Municipal de Blumenau e deferiu a medida liminar determinan-
do a paralisação das obras. Além do pedido da liminar, prescreve-se como Charge de CAO sobre a Praça Governador "Hercílio Luz",
"Pedido Principal" a sustação das obras e o pagamento da multa diária de hoje "Biergar.ten".

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mos do acordo que estipulava a retirada da horrivel "mansard" que serve FUNDAÇÃO "CASA DR. BLUMENAU"
de portal, a cerca e principalmente a retirada do concreto para permitir
mais espaço para as raizes das árvores, não foi cumprido. O vereador Has-
A Fundação "Casa DL Blurnenau'', instituida pela Lei Municipal n''
so Müller, que colaborou pela preservação da praça e que participou de
1835, de 7 de abril de 1972, tem suas raizes, no "Instituto Histórico e Cul-
todo o movimento, de posse do documento do acordo, lembrou que logo
tural do Vale do Itajai" que, fundado no dia 9 de novembro, de 1936, por
após, o prefeito Dalto dos Reis anunciou que o portal seria deslocado e
iniciativa do DL Visror Konder, tinha por 'Jinalidade principal a organi-
substituido por um arco verde ornamentado de buganvílias, alterações no
zação de um arquivo de documentos epublicações referentes à história do
concreto e plantio de novas árvores. Apesar do Promotor Cezar João Cim
Vale do Itajai, a divulgação, por meio de conferências e publicações, da
empenhar-se para que o acordo fosse cumprido, nada foi feito, inclusive a
história da colonização, constituição de uma biblioteca e a iniciativa da
perícia que deveria ser realizada pelo jardineiro _, Erich Luebke, nomeado
fundação de um arquivo e museu da colonização ".
na época, para emitir o laudo em 30 dias, não foi concretizado. Erich
Na época, o Dr. Victor Konder expôs sua idéia a um circulo de
Luebke, indicado pelo Juiz Olavo Weschenfelder para apontar as modifi-
amigos e juntos elaboraram os Estatutos que foram assinados por Victor
cações, pergunta onde está o laudo com as sugestões feitas, pois apesar de
Konder, José Ferreira. da Silva, Coo IIering, Frederico Kilian, Theodoro
vários contatos com Paulo França, diretor de obras, e Renato Wolff, asses-
Lueders e Pedro Christiano Feddersen, e registrados no Cartório de Regis-
sor juridico da prefeitura, nada assinou.
tro de Pessoas Juridicas, no L-4, fls. 52v, de Otto Abry em 27 de fevereiro
Sob o pseudónimo de Fritz von Garden, na Coluna do Leitor, o
de 1937. Apesar dos Estatutos registrados, a sociedade não se desenvolveu
Jornal de Santa Catarina publicou em 28 de agosto de 1987: "BIERGAR-
satisfatoriamente porque o idealizador da mesma, Dr. Victor Konder, ex-
TEN - A praça do povo (Hercilio Luz) está cercada e calçada. As árvores
Ministro da Viação e Obras Públicas, recém chegado de Portugal do seu
mutiladas e presas pelo concreto. Numa dessas até os ingressos já estão
exílio politico, não teve o apoio do governo, pois na época, qualquer mo-
prontos. Sófaltando saber quem vai explorar comercialmente o povo em
vimento ou aÇial que visasse manter vivas as tradições e o espirito pionei-
sua praça. Tudo isto pela irreverência de seu administrador. com a coni-
ro dos colonizadores alemães, era considerado subversivo. Apesar dos
vência dajustiça terrena. A cidade de Blumenau se expande, necessitando
percalços, muitos blumeuauenses apoiaram a iniciativa, associando-se, ou
sim, de mais áreas verdes. Necessita também de mais "Donas Ediths",
doando importâncias em dinheiro,' que formaram o património da socieda-
contra a ganância, irreverência e conivência de suas autoridades ".
de que foi administrado por Rudolfo Kleine.
O Jornal de Santa Catarina de 4 e 5 de outubro de 1.987, em AL-
Pelo Centenário da Fundação de Blumenau, pelo Decreto n° 158, de
GUNS REDUTOS VERDES diz o seguinte: "Cidades como Blumenau,
30 de agosto de 1950, o "Prefeito Municipal de Blumenau declarava de
Itajai e Joinville poderiam ter enormes áreas verdes para lazer. Mas um
utilidade pública, para ser desapropriada afim de nela ser construída a
"BIERGARTEN" que verte chopp, ainda é mais interessante (pelo menos
"Casa Dr. Blumenau ", uma área de terras e respectiva casa, pertencente
aos olhos das autoridades), do que uma verde vertente de vida" ... "O
à Edith Gaertner, que a herdara de seu pai Victor Gaertner",".
chopp substituiu a seiva das árvores ".
Um histórico do terreno ocupado pela Fundação "Casa Dr. Blume-
A praça foi demarcada conforme o Decreto Imperial de 19 de janei-
nau", e publicado na revista "Blumenau em Cadernos", Tomo VII, n° 3,
ro de 1867, q!1e deu novo regulamento às Colónias do Estado, e que no
diz que conforme uma carta do Doutor Blumenau, datada de IOde maio
Capitulo I, o Art. 3° diz o seguinte: "Os engenheiros encarregados dos
de 1852 (publicada em "Blumenau em Cadernos", Tomo VI, n° 6), o terre-
trabalhos concernentes àfundação das Colônias, levantarão a sua planta
no fazia parte, não só da concessão colonial, mas da área cercada em torno
geral, a qual conterá não só a designação dos lotes medidos e demarca-
de sua moradia e compreendia o complexo formado pela Praça "Hercilio
dos, o traço das estradas e pontes projetadas, rios e grandes cón-egos, e
Luz", Clube Náutico América e Alameda Duque de Caxias, (Rua das Pal-
quaisquer disposições topográficas, como os terrenos reservados para a
meiras). Na carta, o Doutor Blumenau dizia ainda possuir uma casa tipica
povoação, que, de acordo com o Diretor da Colônia, houverem sido desti-
.da .rs:g.ião.. descrevendo-a como a "casa velha", e outra, maior e mais con-
nados para as ruas, praças, logradouros públicos, igreja, escola, cemité-
rio, casa de administração, cadeia e outros ediflcios coloniais". 4. Frederico Kilian - Blumenau em Cadernos -julho de 1978.

lÍ4 125
fattável. . É sabido que o Doutor Blumenau adquiriu uma propriedade na sula "sem condição alguma", em abril de 1890. Após a mudança da Escola
margem do ribeirão Garcia, de proprietários vindos de Camboriúu e o ter- Nova para as suas novas instalações (Conjunto Educacional Pedro II), a
reno poderia ser uma das propriedades compradas pelo Doutor Blurnenau, área foi adquirida pela família Gaertner..
de segunda mão, portanto o primeiro proprietário conhecido foi o Doutor Entretanto, uma escritura datada de 12 de outubro de 1866, em sua
Blumenau, que em escritura do próprio punho, datada de 18 de março de ortografia originaldiz o seguinte: "Declaro eu abaixo assignado que ten-
1858, declara ter vendido a área de terras para Minna Maria Goerner, do vendido em 30 de outubro de 1859 ao Sr. Victor Gaertner o chão de
que cedeu a propriedade para Eduard Boettger, que a vendeu em 30 de caza entre Friedenreicn e Wendeburg, com seis braças defrente à rua da
setembro de 1861 para C. W. Eduard Schadrack, conforme traslado da Alameda d'esta colonia.fundos até o ribeirão do Garcia, e sendo desden-
escritura datada de 27 de abril de 1863, passada em Florianópolis (Dester- tão satisfeito da quantia devida de vinte e seis milréis e competente contri-
ro), e registrada no livro de Notas n° II, fls. 14 e verso 15, pela qual buição à caixa da colonia; passo o presente titulo definitivo afim que
Eduard Schadrack, em carta datada de 14 de maio de 1863, de Hamburgo d'ora em diante e para' sempre o dito Sr. Victor Gaertner, bem como os
(Alemanha), autorizava a firma Meyer & Spierling, seus procuradores em seus herdeiros e quaisquer sucessores de direito gozem do referido chão
Blumenau, a vender o terreno ao Doutor Blumenau, que anos mais tarde, de caza como de sua legitima e incontestada propriedade, ficando com
já residindo na Alemanha, fez a doação do mesmo, através do seu procura- elle sugeitos aos estatutos d'esta colonia por mim estabelecidos. E para
dor Heinrich Probst, à sociedade "Neue Schule zu Blumenau'', sob a c láu- constar passo o presente em que assigno. Blumenau, 12 de outubro de
1866. pp. Dr. H Blumenau - (assinado) H Wendeburg".
O documento extraído do livro de Notas n'' 5, fls. 38v e 39, contém
o teor da - Escriptura de venda fixa de seis braças e seis palmos de terras
de frente à rua d' Alameda n'esta povoação da Colonia e seus fundos com-
petentes, que fazem Karl Wilhelm Friedenreich e sua mulher Da. Miuna
Friedenreich ao Sr. Victor Gaerrner como abaixo se declara:
"Saibão quantos este publico documento de escriptura de venda
fixa virem, que sendo no anno do Nascimento do Nosso Senhor Jesus
Christo de mil oitocentos e setenta, aos vinte e oito dias do mez de Dezem-
bro do dito anno, em meu cartorio comparecerão presentes os outorgan-
tes d'este instrumento, à saber de huma parte .. como vendedores Karl
Wilhelm Friedenreicn e sua mulher Dona Minna Friedenreicn e como
credor privilegiado dos mesmos na terra, de cuja venda se trata, o Dr.
HERMANN BLUMENA U. e da outra parte como comprador VICTOR
GAERTNER, todas pessoas reconhecidas de mim Escrivão do Juizo de
Paz, do que do ufé. E logo pelos vendedores mefoi dito perante as teste-
o Doutor munhas abaixo assignadas, que elles são legitimas Senhores e possuido-
Blumenaue res d'uma sorte de terras, que, tendo sido a elles pelo Dr. Hermann
sua esposa Blumenau doados no anno de mil' oitocentos e cincoenta e dois -1852 -
Berta, por do terreno de vinte braças defrente para a rua da Alameda d'esta Povoa-
ocasião de
ção com fundos até o Ribeirão Garcia, que ainda hoje está habitando,
seu
casamento, com a condição de que o referido Dr. Blumenau, como doador, fique com
em 1864. privilegio hypothecario sobre o terreno doado, por todas as dividas e seus
juros, que os doados tivessem e havião de ter para' com elle, e que o defi-
nitivo titulo de propriedade livre e desembaraçada só lhes haviam de ser

'126 127
passados depois de as mesmas dividas e seus juros integralmente terem bem efielmente extrahi o presente traslado do proprio original, ao que me
sido pagas, e com o consentimento do mencionado doador, como credor reporto em meu poder e carta rio e por mim foi conferido n 'esta povoação
privilegiado, vendião e effectivamente havião vendido a Victor Gaertner a da Colonia Blumenau aos vinte e nove dias do mez de Dezembro de mi]
parte d'este terreno, que ha contigua ao terreno, que o comprador alijá oitocentos e setenta. Eu, Theodor Kleine, Escrivão do Juizo de Paz, que o
possue, com seis braças e seis palmos de frente à rua e seus' competentes escrevi, conferi e assignei em publico e raso. Em fé: da verdade. O Escri-
fundos, no estado e com os ranchos ou edificio, que n 'ella se achão, pelo vão (as.) Theodor Kleine. Conferido por mim - Kleine. Vai pagar o Sello
preço de hum conto de reis -Rs. 1:000$000 que tambem declararão já te- de quatrocentos reis. Cal.. Blumenau, 29 de Dezembro de 1870 - Kleine.
rem recebido e assim serem completamente pagos, de maneira que o refe- N° 1 - 400 Rs. Pagou quatrocentos reis de Sello. Blumenau, 29 de
rido Victor Gaertner desde logo entre, livre de divida e desembaraçado Dezembro de 1870 Kleine."
para com elles vendedores, . na propriedade do mencionado terreno vendi- Com a morte de Victor Gaer.tner, a propriedade passou para a her-
do pelo presente acto. E o Dr. Hermann Blumenau deslarou que, na sua deira Edith Gaer.tner que a doou, em 1950, para a Prefeitura Municipal
qualidade de credor privilegiado no terreno acima alienado, desistia dos .instalar a Fundação "Casa Dr. Blumenau". Ao doar a área de 1755 metros
direitos de privilegias, que no mesmo lhe competia em beneficio do com- quadrados de terras com uma casa de enxaimel construída em 1864, e que
prador Victor Gaertner, com a condição porem de que elle, Dr. Hermann pertenceu a Victor Gaertner, sobrinho do Doutor Blumenau, Edith Gaert-
Blumenau, guarde e conserve seu privilegio hypothecario tambem sobre ner estabeleceu que o Governo Municipal deveria conservar a casa e zelar
este terreno alienado e isto para garantia efiança das quantias e seus ju- pelo parque natural situado nos fundos da casa, cuja vegetação natural
ros de que o comprador Victor Gaertner for devedor ao Dr. Hermann guarda espécimes raros plantados pelo Doutor Blumenau. A casa anexa,
Blumenau e que só, depois de terem sido saldadas estas dividas, o mesmo datada de 1858, e que pertenceu a Hermann Wendeburg, guarda-livros do
comprador entre na propriedade definitiva e perfeitamente desembaraça- Doutor Blumenau, e que atualmente pertence à Renate Rohkohl Dittrich,
da do indicado terreno, ao que explicitamente annuio e se sugeitou, assig- herdeira do Cônsul Otto Rohkohl, também foi doada para a municipalida-
nando tombem da sua parte este acto. E logo pelo comprador me foi de. Estas duas construções em enxaimel, formam o belo conjunto arquitetôsi-
apresentado o conhecimento da Siza pelo teor seguinte: 94. Calda da Sa. co da Fundação "Casa Dr. Blumenau". No local, em 1920, foi construída uma
N° 94, Siza dos bens de raiz. Anno financeiro de 1870-1871, Aj/s. do Li- terceira casa, que com a de enxaimel (1864), sediam o museu.
vro de Receita respectiva fica lançado em debito ao actual Admdor. a Por ocasião do "Centenário de Fundação de Blumenau", em 1950,
quantia de Rs. 6$000, correspondente a Rs. 1:000$000 que pagou hoje o "houve uma. conscientização da necessidade de se preservar a memória
Sr. Victor Gaertner, por que comprou a Karl Wilhelm Friedenreich seis regional". Para concretizar os objetivos, durante os festejos foram recolhi-
braças e seis palmos de terras na Colonia Blumenau. Meza de Rendas de dos e expostos diversos objetos retratando a vida social e cultural dos co-
l tajahy, em 21 de Dezembro de 1870. O admdor. José Mauricio Lopes da lonizadores no Vale do Itajaí; surgindo o Museu da "Família Colonial".
Silva. O Escrivão. Com o falecimento de Edith Gaertner, o Governo Municipal con-
J A. da Sa. Si/os. E no verso N° 1 - 200 Rs. Pg .. duzentos reis. 1ta- fiou ao historiador, professor José Ferreira da Silva, a organização e dire-
jahy 21 de Dezembro de 1870. Silva. Simas. - E logo pelo comprador me ção do MUSEU, que foi aberto à visitação pública em 1967, com a
foi dito que aceitava o presente e de como assim o disserão e outorgarão, incorporação de parte do acervo que estava na Biblioteca Dr. "Fritz Mül-
me pedirão, 'que lhes passasse este instrumento nesta Nota em virtude do ler", e complementação de trabalhos museológicos. O acervo do museu
que, e em cumprimento de meu oj.Iicio, o passei e lhes li e assignarão em compõe-se de móveis e objetos que pertenceram às famílias Blumenau,
presença das testemunhas João Breithaupt e Reinaldo Freygang reconhe- Gaer.tner e antigos moradores. Estão expostos, também, utensílios domés-
cidas de mim Theodoro Kleine, Escrivão do Juizo de Paz do Districto da ticos, artes decorativas, indumentárias, armas e outras peças, que mostram
Colonia Blumenau, pelas proprias, do que dou fé e que este escrevi e as- a vivência dos primeiros colonizadores. As enchentes de 1983 e 1984 da-
signei e publico e raso. Karl Wilhelm Friedenreich; Minna Friedenreich; nificaram o patrimônio, causando perdas irreparáveis. As casas que se-
Dr. H., Blumenau; Victor Gaertner; Hans Breithaupt e Reinhold Frey- diam o museu tiveram que ser restauradas, o que só foi possível com o
gang .. Nada mais nem menos se continha em a referida escriptura da qual apoio das classes empresariais, Comunidade e a assistência técnica do Ser-

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viço Nacional de Museus, através da Fundação Pró-Memória. No dia 11 ceram O arqurvo,
de julho de 1984, o museu recuperado com a nova e modema disposição Com o falecimento de José Ferreira da Silva, em acidente automo-
técnica do mostmário, foi novamente entregue ao público. bilístico (1973), a sua obra idealizadora não parou, e a REVISTA "BLU-
No dia 10 de setembro, de 1950, foi fundada a "Sociedade dos Ami- MENAU EM CADERNOS", fundada por ele, em novembro de 1957,
gos de Blumenau", sucessora do Instituto Histórico e Cultural do Vale do com a finalidade de "divulgar, coletar subsídios e registrar os eventos da
rtajaí, pois no Cap. I dos Estatutos, referente aos fins sociais, as disposiçõ- atualidade que constituirão fontes de pesquisas para O futuro ", tem uma
es são as mesmas. tiragem mensal de 1.250 exemplares, sendo 800 de assinantes, é distribuí-
"Na mesma data, la de setembro de 1950, com a presença do Mi- da a particulares e instituições culturais por quase todo o país. A revista
nistro da Educação e Saúde, O Magnifico Reitor da Universidade do Bra- circula ininterruptamente desde 1957, inicialmente devido aos esforços de
sil, Dr. Pedro Calmon, como representante do General Eurico Gaspar José Ferreira da Silva e posteriormente pela própria Fundação "Casa Dr..
Dutra, Presidente da República, foi lançada na área do atual Horto Flo-
restal "Edith Gaertner''.' em ato solene, a pedra fundamental da "Casa Dr.
Blumenau'', ' cujo patrimtuüo cabia à Sociedade dos Amigos de Blumenau
a guardar e administrar, por força de se-us Estatutos, e expressa condição
contida na escritura de doação feita por Edith Gaertner para esse fím. "
Após fundada, a Sociedade dos Amigos de Blumenau iniciou a construção
da "Casa Dr. Blumenau", para nela instalar a sua biblioteca e a Biblioteca
Municipal. . Para a construção da BIBLIOTECA (antigo prédio da Biblio-
teca "Dr. Fritz MUller"), os sócios remanescentes do Instituto Histórico
Cultural do Vale do rtajaí resolveram, por unanimidade, transferir o seu
patrimônio e aplicar o dinheiro existente em caixa na construção da nova
biblioteca que ficou concluída em 1963.
O ARQUIVO HISTÓRICO, que no dia 25 de maio de 1983 foi
aberto ao público, recebendo oficialmente o nome do professor e historia-
dor "José Ferreira da Silva", não foi atingido pelas enchentes porque algu-
mas semanas antes mudara-se para o espaço pertencente à Câmara
Municipal de Vereadores que vagara com a transferência do Legislativo e
Executivo para o novo prédio da Prefeitura Municipal.. O arquivo, que foi
aberto pela primeira vez ao público, durante as comemorações do primeiro
centenário de Blumenau, contava com documentos importantissimos que
com o incêndio de 8 de novembro de 1958, foram reduzidos a cinzas, en-
tretanto José Ferreira da Silva, que havia sido Prefeito de Blumenau de
1938 a 1941, mandou reproduzir as obras mais importantes para o seu ar-
quivo particular (relatórios, requerimentos recebidos e expedidos pelo Go-
verno Imperial e Provincial, cartas, oficias, etc.). Ciente da importância Professor
José Ferreira
dos documentos para a preservação e estudo da memória local, José Fer-
da Silva
reira da Silva doou o material para o Arquivo Histórico, 'e quando assumiu
a direção da Biblioteca Municipal "Dr; Fritz MUller", tratou de organizá-
Ins, íJ.lm a campanha de doação, muitos documentos importantes enrique-
5. Frederico Kilian- Blumenau em Cadernos - dezembro de 1976

130' 131
vamente culturais. São objetivos da Fundação:
Blumenau", com a colaboração do comércio e indústrias de Blumenau e
- zelar ,pela conservação do ,patrimônio histórico e cultural do município;
outros.
orgamzar e manter o Arquivo Histórico do município;
A Fundação "Casa Dr. Blumenau" também mantém uma Gl&.ÁFI-
promover a conservação e a divulgação das tradições culturais e do fol-
CA (tipografia e encadernação), que funciona nos fundos da biblioteca, e
clore regional;
que reencaderna livros para o acervo da biblioteca, além de publicar no-
promover a edição de livros e outras publicações que estudem e divul-
vos. A gráfica conta com um pequeno equipamento de encadernação, um
guem as tradições histórico-culturais do município;
linotipo modelo 8, com duas magazines corpo 8 e lO', impressora plana,
criar e manter museus, bibliotecas, pinacotecas, discotecas e outras ati-
duas máquinas para corte de papel, duas impressoras manuais, caixa de ti-
vidades, permanentes ou não, que sirvam de instrumento de divulgação
pos para títulos e impressão. A impressão é feita por cinco funcionários e
cultural;
é quase toda artesanal.. Além de livros, imprime também material para a
promover estudos e pesquisas sobre a história, as tradições, o folclore, a
Prefeitura e outros.
genealogia e outros aspectos de interesse cultural do município;
O prédio da Biblioteca "Dr.. Fritz Müller", construído em 1963, que
a Fundação realizará os seus objetivos através da manutenção das bi-
já se tomara obsoleto, com as enchentes de 1983 e 1984 teve, além do pré-
bliotecas e museus, de instalação e manutenção de novas unidades cul-
dio, as instalações completamente danificadas, além de perder quase todo
turais de todos os tipos ligados a esses objetivos, bem como através da
o acervo da biblioteca, móveis e outros valores históricos, urgia portanto
realização de cursos, palestras, exposições, estudos, pesquisas e publi-
um novo prédio, livre de enchentes, e isto só foi possível com o apoio do
cações".
Governo do estado, município, Comunidade e classe empresarial, princi-
palmente a "Albany International Ind. e Com. Ltda., na pessoa de Ross
A Fundação "Casa Dr. Blumenau" mantém a biblioteca Municipal
Parkinson, seu presidente, e que foi escolhido pelo Conselho Curador,
"Dr.. Fritz MiJiiler"; Arquivo Histórico Prof.. "José Ferreira da Silva"; Mu-
membro da Comissão de Construção. Na ocasião, a Albany pôs à disposi-
seu da Família Colonial; Horto Florestal "Edith Gaertner'" Revista "Blu-
ção do projeto cinco mil ORTNs, pagos em parcelas durante a construção.
rnenau em Cadernos" e Gráfica (tipografia e encadernação).'
A construção foi acompanhada com carinho pelos membros da Comissão
A Fundação possui um Conselho Curador composto de presidente,
de Construção, Conselho Curador, o autor do projeto (Henrique Herwig) e
todos os que estavam envolvidos direta ou indiretamente com a realização
da obra.
"Toda a construção foi realizada por administração direta; com ri-
gorosa seleção de preços, condições e a melhor qualidade do material
empregado", chegando a um custo aproximado de 930 mil cruzados.
As solenidades de inauguração do prédio da Fundação "Casa Dr.
Blumenau", no dia 14 de abril de 1986, e destinado a abrigar a Biblioteca
"Dr.. Fritz Máiler'' e o Arquivo Histórico Professor "José Ferreira da Sil-
va", começaram com o hasteamento das bandeiras, seguindo-se o descer-
ramento de várias placas alusivas ao acontecimento. Prestigiaram o evento
o representante do Governador do Estado, autoridades locais, repre-
sentantes de entidades culturais e pessoas e empresários que contribuíram
para a concretização da obra. Também estavam presentes a imprensa, rá-
dio e televisão. Na ocasião, fizeram pronunciamentos o jornalista José
Gonçalves, diretor executivo da Fundação, o conselheiro Elimar Baum-
garten e o prefeito Dalto dos Reis.
Museu da Família Colonial
A Fundação "Casa Dr. Blumenau" é uma instituição de fins exslusi-

133
132
vice-presidente e mais nove membros. ESPORTES
É de Utilidade Pública pela Lei Municipal n° 2028, de 4 de setem-
bro de 1974.
"Osjogos instituídos por Hércules eram
No Horto Florestal "Edith Gaertner", além da escultura do menino realizados na Grécia, para haver menos
fazendo "pipi", mandado esculpir na gestão do professor José Ferreira da guerras e menos pestes. "
Silva, também está localizado o cemitério de "gatos", que mereceu aten-
ção especial do professor, porquanto Edith Gaertner, doadora do imóvel O esporte veio com os colonizadores com o tiro, skat, bolão, etc.,
que faz parte do patrirnônio histórico do município, tinha grande afeição enquanto a ginástica fazia parte do curnículo escolar das escolas particula-
pelos animais, o que pode ser constatado pelo cemitério de gatos onde en- res desde a sua fundação. Paralelamente, foram criadas Associações Gi-
terrava os seus bichanos e também pela campanha que encetou para. anga- násticas que funcionavam em todos os locais de colonização alemã.
riar recursos financeiros para construir um abrigo para os velhos cavalos, Promoviam competições (Turn Gau) entre as mais diversas modalidades,
que serviam de cobaia para inocular os virus das mais diversas moléstias que culminavam com premiações e grandes festejos, além de promover a
contagiosas para preparar soros e vacinas preventivas. Como não dispunha confraternização.
de recursos financeiros suficientes, abriu uma lista de subscrições entre Com a nacionalização, as Associações Ginásticas e escolas particu-
amigos e conhecidos, encabeçando a lista com 100$000. O cabeçalho da lares foram fechadas. Nas escolas funcionavam professores sem a forma-
lista com letra de Edith Gaertner dizia o seguinte: - "Quem ajuda! Os ca- ção devida para ministrar a disciplina, o que fez com que o Governo
valos que são usados para afabricação de vacinas da Estação Veteriná- Estadual criasse o Curso de Habilitação de Professor de Educação Fisica
ria, em virtude desta não possuir as verbas necessárias, estão em estado (1945), destinado a formar professores para os estabelecimentos de ensi-
miserável, sofrendo com as intempéries. São animais velhos, que passa- no. Cabia aos estabelecimentos de ensino realizar competições internas e
ram longos anos em trabalhos dedicados e leais. Quais os blumenauenses entre os diversos estabelecimentos. Os professores de Educação Fisica
que têm amor aos animais que querem ajudar essas pobres criaturas so- passaram, também, a ser responsáveis pelos desfiles de 7 de Setembro.
fredoras nos últimos e tristes dias da sua vida, aliviando-lhes o seu cruel Em Blumenau, pela Lei n° 1.123, de 13 de dezembro de 1962,
destino?" Quando o rancho ficou pronto, em 11 de junho de 1935, o DL assinada pelo então Prefeito Hercílio Deeke, foi criada a Comissão Mu-
Octacilio Cam ará Martins, Inspetor Veterinário, enviou para Edith Gaert- nicipal de Esportes (CME), regulamentada pelo Decreto n'' 458, de 24
ner o seguinte oficio: "É com o máximo prazer que, em nome do meu Mi- de junho de 1963. A Comissão Municipal de Esportes foi criada como
órgão autônomo da Prefeitura Municipal de Blumenau e a primeira di-
nistro e do meu próprio, venho agradecer o vosso nobre gesto,
condoendo-se da sorte dos animais sacrificados pela ciência, de mandar retoria nomeada pelo Decreto n° 447, de 11 de março de 1963, pelo
construir em terreno que não vos é próprio, um abrigo para os animais Prefeito Hercílio Deeke, sendo diretora Annemaria Techentin, foi inte-

expostos ao rigor do tempo. Este serviço espera que, mesmo mudando-se grada por Sebastião Miranda da Cruz (presidente); Tenente Coronel
Paulo Sanes Paim (vice-presidente); Edgar Müíler (secretário); Reinal-
para São José, merecer no mesmo sentido o vosso caridoso apoio, estando
eu às vossas ordens: Atenciosas saudações ". do Werner (tesoureiro); Capitão Vahnore Siqueira (assistente técnico
O fato ocorreu em 1935, quando funcionava em Blumenau uma esportivo); Dr. Eunildo Lázaro Rebelo (assistente jurídico); Capitão
Inspetoria do Serviço de Defesa Sanitária Animal, que mais tarde foi José Roberto da Silva (médico esportivo); Dr. Egon Stein (técnico para
obras e construções).
transferida para São José.
A Comissão Municipal de Espolies mantém em sua sede:
biblioteca esportiva especializada;
gabinete médico, especializado para a medicina esportiva;
cursos intensivos para árbitros, em todas as modalidades esportivas, por
conferencistas especial izados;

, • e :

134 " ••••• ~ I. JWCA __ !J' ' 35


- completo cadastro das entidades, aSSOClaçoes desportivas e dos atletas O hipismo ocupou lugar de destaque em 1918, quando o Colono
blumenauenses, detalhando atividades, modalidades praticadas, vida es- Grassmann, que residia perto da escola de Altona, que alugava charretes e
portiva, filiação, vinculação, categoria, biometria, sanidade, etc. era proprietário de uma estalagem, construiu no dia 28 de abril de 1918,
A Comissão Municipal de Esportes é responsável pela participação uma raia de 800 metros para corrida de cavalos. Eram grandes entusiastas
dos blumenauenses nos Jogos Abertos de Santa Catarina, que têm trazido Eduard Tierling e Adolpf Schmalz. Um detalhe curioso era a largada com
grandes vitórias para Blumenau. a cavalgadura de costas e que ao sinal de partida virava e fazia o percurso.
Blumenau está representada em quase todas as modalidades espor- Com o advento do automóvel e desentendimentos entre proprietários, a úl-
tivas. tima corrida ocorreu no dia 8 de junho de 1919, entretanto em 13 de julho
A natação era praticada em piscinas naturais, desde a-primeira dé- de 1973, foram registrados no Cartório de Getúlio Vieira Braga, em Blu-
cada deste século. Em 1916, o Colégio Santo Antônio mantinha lima pis- menau, os Estatutos da Sociedade Hípica de Santa Catarina.
cina natural nos fundos do colégio e no rio Itajaí-Açu eram delimitadas Enquanto o Clube de Xadrez registrava os seus primeiros Estatutos
áreas para natação. O Clube Náutico América e o Ipiranga promoviam em 20 de junho de 1949, e novamente em 15 de maio de 1975, com sua
competições de remo desde a década de vinte. Nos desportos aquáticos, origem no "Schachclub" em 1917, o Moto Clube de Blumenau os regis-
foi muito importante para B 1umenau a promoção da Liga Atlética Blume- trou em 29 de julho de 1952, e os Ciclistas do Vale do ltejaí em 19 de
nauense, que promoveu em 13 de dezembro de 1959 o " Festival Aquáti- abrilde 1962.
co com a colaboração dos Diários Associados, Emissoras Coligadas, No tênis, Blumenau se projetou nacionalmente, quando no período
Comando do 23° R. L e o Comando da Capitania dos Pactos de Itajaí, que de 16 a 24 de novembro de 1960, sediou o "X Campeonato Nacional de
em homenagem à Semana da Marinha, distribuiu medalhas comemorati- Tênis", reunindo nas quadras o infantil, juvenil e juventude, com a partici-
vas aos representantes das entidades promotoras do evento. Entre as mo- pação de tenistas' do Ceará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Guanabara,
dalidades esportivas, além da corrida de lanchas, o que empolgou o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. São Paulo conquistou o troféu "Cida-
público, postado na Praça "Governador Hercílio Luz" e ao longo do rio de de Blumenau", oferecido pela Fábrica de "Cristais Hering".
ltajaí-Açu foi o "ski" aquático. Em 29 de janeiro de 1974, foi registrada a Academia de JudéQ e Ka-
ratê "Samurai" e em maio de 1980, a Academia Maba JudÔO Clube.
Nas competições de tiro ao alvo, Blumenau tem conquistado bri-
lhantes vitórias como no campeonato "Sul Brasileiro", realizado em junho
de 1977, quando Santa Catarina conquistou individualmente os três pri-
meiros lugares. A Federação Catarinense de Tiro ao Alvo tem sua sede em
Blumenau, com Estatutos registrados em 30 de agosto de 1980. Seus inte-
grantes participam de tiro de pistola livre, pistola de ar e fogo central..
O Grêmio Esportivo Olímpico, após encerrar o futebol profissional,
mantém o futebol suíço, atletismo, ginástica olímpica masculina, ginástica
estética feminina. Seus representantes, a nível nacional, careiam grandes
vitórias' para o Grêmio e para BlÜmenau nas mais diversas modalidades.
O balão "Tirolês" registrou a associação no dia 12 de setembro de
1974, a Federação Catarinense de "SKAT" em 12 de dezembro de 1977 e
o Clube de Paraquedistas Ícaros do Vale em 31 de maio de 1978.
Na FURB, funciona a Faculdade de Educação Física, reconhecida
pelo Decreto n" 81.665, de 16 de maio de 1978.
As indústrias mantêm atletas e associações esportivas em diversas
Competição de Remo no Rio Itajai-Açu modalidades e o grande estádio do SESI "Bernardo Wolfgang Werner",

136 137
atesta a pujança do blumenauense nos esportes. funcionários públioes, agrimensores, marceneiros, charuteiros, guarda-li-
No dia 2 de julho de 1953, foram registrados os Estatutos da Asso- vros, médicos, advogados e outros. A jóia inicial para cada associado era
siação dos Cronistas Esportivos do Vale do ltajai, e em 10 de maio de de 2$000 Rs. e as mensalidades 320 Rs. Com a aprovação dos Estatutos e
1955, os Estatutos da Liga Atlética Blumenauense. o saldo deficitário, ajóia passou para 5$000 Rs. e as mensalidades 1$000
Em homenagem ao Centenário da Federação Internacional de Gi- Rs. Com o aumento, muitos associados que moravam distantes, principal-
nástica, o Comitê Olimpico Brasileiro, a Confederação Brasileira de Gi- mente agricultores, desistiram de participar do quadro social.,
nástica e a Federação Internacional de Ginástica organizou, no dia 16 de Para" realizar a primeira festa em dezembro de 1859, os comercian-
agosto de 1981, no Ginásio de Esportes Sebastião Cruz (Ga\egão), a única tes Karl Meyer & Otto Spienling emprestaram à sociedade 10$000 Rs.
apresentação dos 22 ginastas premiados na Olimpiada de Moscou. Partici- para preparar o local da festa. A renda auferida pela sociedade provinha
param os atletas da União Soviética, Rurnânia, Bulgária, Tschecoslová-õ das jóias, mensalidades, pequenas doações e rendas das promoções, prin-
quia, Hungria, Noruega, Suiça, Itália e Espanha. cipalmente dos lucros dos festejos provindos do tiro ao "pássaro" e "estre-
Ia", estes praticados também pelos não sócios. No seu primeiro ano, a
sociedade arrecadou 141$000 Rs., que somados aos lucros dos festejos do
"SCHUETZENVEREIN BLUMENAU" dia 2 de dezembro de 1859, resultado do tiro ao "pássaro" e "estrela", tota-
lizaram 164$200 Rs. A verba era empregada para o preparo do terreno,
(Tabajara Tênis Clube) onde eram realizadas as festas, limpeza e abertura dos caminhos, monta-
gens e confecção de alvos e pássaros de madeira, ponteiros para os alvos,
Às muitas dificuldades que tiveram que enfrentar os colonizadores aquisição de prêmios e medalhas, pagamento ao alfaiate para a confecção
do traje do capitão, bandeira e outras despesas.
de Blumenau, somavam-se os perigos da mata virgem com seus animais
selvagens e também os indigenas que os deixavam em constantes sobres- As disputas de tiro ao ar livre, levaram os atiradores a solicitar ao
saltos. Foi no esporte do tiro que os colonizadores encontraram a melhor Doutor Blumenau um local adequado, local que também foi reivindicado
forma para se defenderem, considerando ainda ser a prática do tiro uma pelo então Delegado de Polícia. Considerando que as disputas eram ao ar
tradição que veio com o imigrante e, assim, no dia 2 de dezembro de livre e um perigo para a vizinhança, o Doutor Blumenau cedeu do lote n°
1859, aniversário do Imperador Pedro II e feriado na Colônia, foi fundado 19, de sua propriedade, a área de 2.500 metros quadrados, na qual foi se-
o "Schuetzenverein Blumenau'', que além de ter como base a disputa do diado o "Schuetzenplatzverein". Em todas as sociedades da época, esta-
tiro, reunia os associados e familiares num clima de alegria e festa com vam presentes como fundadores, associados do "Schuetzenverein", sendo
vários divertimentos, satisfazendo a "necessidade soeial e recreativa de o "Schuetzenhaus", o local onde todas as sociedades atuavam inicialmen-
que os imigrantes necessitavam". Foram fundadores do "Schuetzenverein te, e onde muitas medidas em beneficio da Colônia foram tomadas.
Blumenau" o Pastor Rudolph Oswald Hesse, Karl Wilhelm Friedenreich, Em 1860, na segunda festa do "Schuetzenverein", os blumenauen-
Viktor von Gilsa, Viktor Gaertner, Jayme Dettmer, Jacob Louis Zimmer- ses assistiram pela primeira vez a um espetáculo teatral público, que repre-
mann e Heinrich Pettermann. O primeiro presidente da sociedade foi Karl sentou um marco histórico na cultura local - foi a primeira manifestação
artistica na Colônia.
Wilhelm Ftiedenreich. As festas dos Atiradores eram grandes eventos na
vida dos colonizadores e realizavam-se pela Páscoa, Pentecostes e data na- Em 1865, na guerra entre o Brasil e o Paraguai, o "Schuetzenverein
Blumenau", sobressaiu-se, pois entre os 77 voluntários da Colônia que se
talícia do Imperador Pedro II.
Em 1862, os associados elaboraram os Estatutos, que foram apro- apresentaram em defesa da Pátria, trinta, entre os quais cinco oficiais do con-
vados com algumas recomendações pelo Presidente da Província de Santa tingente, eram associados do "Schuetzenverein Blumenau", que contava em
Catarina, Pedro Leitão da Cunha, no dia 13 de julho de 1863, ano em que 1865 com cento e um associados. Os voluntários de Blumenau levaram na
a sociedade já contava com 106 associados. Faziam parte do quadro so- bandeira a inscrição: "Um :Aug' und Handfiirs Vaterland"(Adestra tua vista
cial, agricultores, oleiros, torneiras, serralheiros, professores, sacerdotes, e tua mão pela Pátria). É evidente que com a participação dos voluntários na
hoteleiros, açougueiros, farmacêuticos, comerciantes, ourives, joalheiros, guerra e prinsipalmente de Viktor von Gilsa, Karl Wilhelrn Friedenreich e

138 139
Emil Odebrecht, a vida da sociedade se ressentisse. pés. Com início às 9 horas, no terceiro dia, continuavam as competições
Apesar de modesto, o primeiro "Schuetzenhaus" atendeu às neces- que eram demoradas porque o pássaro de madeira devia ser despedaçado
sidades da época. Entretanto, em 1869, nos festejos dos seus dez anos de até o alvo central no corpo da ave. Encerrada a competição, às cinco horas
fundação, foi inaugurada a nova sede social, ocasião em que o déficit oca- da tarde, o Capitão ordenava a marcha para a casa do Presidente ou do
sionado pela construção elevou jóias e mensalidades, fazendo com que al- Cônsul para entregar a bandeira da sociedade. As festividades culminavam
guns sócios desistissem, o que foi compensado com a admissão de novos com o baile social que era iniciado com a "polonaise". Durante o baile
associados. Em 1870, no salão do "Schuetzenhaus", foi construído um pal- eram anunciados e proclamados os vencedores das competições.
co para as apresentações de teatro e canto, sendo também construída uma Um dos primeiros colonos publicou, em 1903, um relato e que ape-
cancha de bolão. sar das quatro- décadas que o separam das primeiras festas, presume-se que
Nos festejos de fundação de 1874, que se realizaram no mês de tenham sido sempre realizadas com pompa e entusiasmo e particjpação de
maio, semana de Pentecostes, a sociedade anunciou que a festa seria abri- toda a Colônia.
lhantada com música de concerto e também uma nova peça teatral, que "Aprimeira casa dos Atiradores era muito modesta, mas preenchia
alegrou e tomou de surpresa toda a Colônia, pois em festas anteriores se bem as suas finalidades. Ao redor dela, ainda tudo era mata virgem. No
apresentaram cenas humorísticas, bandas e bailes ao lado das diversas mo- dia da festa, levantavam-se ranchos à sombra das gigantescas árvores.
dalidades de tiro. Com a formação do grupo teatral, as festas dos Atirado- Eram feitos- de palmitos e cobertos comfolhas de palmeiras. Blumenau in-
res contavam sempre com a apresentação de uma peça teatral, e diga-se de teira acorria a essafesta, verdadeiramente popular. Entremos num desses
passagem, entre os melhores autores alemães. Os corais também faziam ranchos. Representa um negócio de raridades. Alguns moços, vendendo
suas apresentações no "Schuetzenhaus". alegria e saúde, atendem os visitantes, risonhos e bem humoradas. Caem
Os "Schuetzenfeste" eram realizados uma vez por ano, geralmente logo na vista alguns quadros pendurados nas paredes. Todos eles têm li-
em maio, durante a festa de Pentecostes e duravam três dias. Programadas gação com o livro que o Doutor Blumenau, recentemente, publicara na
com muito carinho pela comissão designada pela diretoria, no "primeiro Alemanha, fazendo propaganda da sua Colônia. Um dos rapazes servia
dia eram realizados osfestejos religiosos, e no segundo dia começavam de eicerone e explicava aos visitantes o significado de cada quadro, fa-
as competições de tiro". Às seis horas da manhã, o toque de alvorada e os zendo-o com tal seriedade que seria ofensa duvidar das suas palavras.
três tiros de morteiros acordavam a população. Em seguida, os atiradores Havia muitas outras barracas parecidas, com muitas outras atrações. O
com suas armas reuniam-se para o desfile, precedidos pelo Capitão que pátio estava repleto de gente movimentando-se de um para outro lado, rindo,
empunhava, garbosamente, seu sabre, os atiradores formavam em coluna cantando e bebendo. Foguetes espoucavam enquanto a banda de música en-
por dois, ostentando as medalhas conquistadas em disputas anteriores, chia os ares de estridentes sons. Na noite do primeiro dia, havia baile para to-
marchavam ao ritmo de uma banda musical até a casa do Presidente da so- dos. No dia seguinte, as danças eram apenas para os sócios. Não havia, nos
ciedade onde os aguardavam os "reis" e "cavalheiros" do ano anterior (em primeiros tempos, "toilettes" finas, nem caviar e champanhe. Todos se apre-
Blumenau, com a instalação do Consulado Alemão, a busca dos "reis" e sentavam como podiam, mas divertiam-se à grande, na melhor camaradagem
"cavalheiros" era na casa do Cônsul Alemão). Depois da saudação aos possível.: As polcas seguiam-se às quadrilhas e às valsas, entre vivas e canto-
"reis" e "cavalheiros", o desfile voltava às ruas enfeitadas com palmiteiras rias daqueles aos quais a cerveja e a pinga, distribuídas à vontade, haviam
e flores, e levando sua bandeira, marchavam ao som da banda musical até "esquentado a cabeça". Só com o clarear do dia é que terminava o baile e
o "Schuetzenhaus", onde iniciavam-se as disputas de "rei do alvo" e "rei cada qual retomava à sua casa para, na noite seguinte, voltar a divertir-se. Ge-
do pássaro". Para disputar o título de "rei do alvo", cada atirador tinha di- ralmente, as festas dos Atiradores duravam três dias."
reito a três tiros. O "stand" ficava nos fundos da sociedade, a uma distãn- Pelo exposto, concluímos que os "Schuetzenvereine", além de unir
cia de 150 passos. O alvo era circundado por 12 círculos e era aclamado e manter as tradições, através De manifestações culturais recreativas, so-
"rei" o atirador que atingisse o ponto mais central.. Para disputar o "rei do siais e artísticas, tinha também a finalidade de divertir.
pássaro", o alvo era um pássaro de madeira maciça e o alvo central era re- Em 1875, o "Schuetzenplatz" sediou a exposição de produtos colo-
servado aos sócios, enquanto aos visitantes cabia atirar nas asas, cabeça e mais.

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Lamentavelmente, o "Schuezenverein" localizado no centro da CI- Com o tempo, o número de associados foi diminuindo, limitando-se
dade propiciou a elitização do seu quadro social, e os agricultares que à determinada categoria social.. O "Blumenauer Zeitung" registrou durante
eram a maioria no periodo de 1859/L863, passaram a figurar em último lu- anos as festas dos Atiradores com seus "reis" e "cavalheiros"; registrou
gar., O mesmo ocorreu no petiodo de 188311.893, quando predominavam também que dos festejos participavam convidados de Florianópolis, Join-
associados das profissões mecamcas, seguida dos liberais e comerciantes. villb, Brusque e Itajaí e que o Dr. Hercílio Luz, Governador do Estado,
Em 1888, os associados aventaram a possibilidade de construir uma participava das festividades com grande entusiasmo. Compareciam tam-
nova sede que, com a construção de um palso para teatro, estava orçada bém convidados "lusos'! e as relações de amizade entre os sócios da Socie-
em 30:000$000, enquanto que o "Schuetzenverein" só dispunha de dade de Atiradores de descendência germânica e lusa era enaltecida. Entre
13 :000$000. A diretoria do teatro, em 1894, resolveu o problema cons- os lusos, eram sócios o Dr., Hercílio Luz, Dr; Paula Ramos, Dr. Bonifácio
truindo o seu próprio teatro e os associados do "Schuetzenverein'', em Cunha e outros, sendo que numa dessas festas (3010511~96), o Dr. Bonifá-
1895, inauguraram a sua nova sede, que foi construida por 13 :600$000. cio Cunha foi aclamado "rei", como também já fora "rei" o Dr. Paula Ra-
mos, alguns anos atrás. .
Em 1891, os Estatutos que com o decorrer dos anos se tornaram ob-
soletos em alguns itens, foram reformulados por Peter Christian Fedder- Um fato ocorrido em 1897, durante a realização do "Schuetzen-
sen, Gustav Salinger e Karl Rischbieter. Entre os itens alterados fest'', mostra o quanto os associados do "Schuetzenverein" eram solidá-
rios. Nos dias 7 e 8 de junho de 1897, o "Schuetzenverein" realizava a sua
destacam-se:
os gastos da diretoria não podiam ultrapassar a dez mil réis; tradicional festa, e a interrompeu por duas horas para particjpar ~do cortejo
a escolha da nova diretoria seria feita através de eleição em Assembléia fúnebre com a bandeira coberta de crepe e puxada pela banda de música,
em homenagem ao Desembargador Dr.. Edelberto L, da Costa Campello,
Geral Ordinária;
a cada trimestre haveria uma Assembléia Geral; membro- da mais alta corte de Justiça do Estado, que estava em tratamento
para admissão de novos sócios, exigia-se recomendações dos sóeios médico em Blumenau, onde faleceu.

mais antigos, o pagamento da jóia e aprovação da Assembléia; O "Schuetzenverein" também convidada visitantes estrangeiros,
o novo sócio, se não fosse natural do município, deveria residir no mes- que vinham conhecer Blumenau, para participar de competições de tiro
mo, pelo menos seis meses antes de ser aceito; nos seus "stands". Em 1905, nos dias 21, 22 e 23 de novembro, quando
os filhos de associados, ao completarem dezoito anos, poderiam pastici- Blumenau foi visitada por tripulantes do torpedeiro ~ alemão "Panther", co-
par do tiro, porém sem concorrer ao titulo de "rei do alvo" e "rei do pás- mandado pelo Conde Saurma-Ieltsch, ~_ os visitantes particjparam de uma
competição de tiro ao alvo nos "stands" do "Schuetzenverein" Blumenau.
saro";
ao completarem 25 anos, os filhos de associados poderiam associar-se A festa dos Atiradores, realizada nos dias 31 de maio e IOde junho
participando das festividades e competições, pagando a metade dajóia; de 1909, teve um brilhantismo especial com a participação dos oficiais do
- os sócios afastados da sociedade, ao retornarem, deveriam passar nova- 55° B. C. e da Banda de Música do Batalhão. Os tradicionais festejos con-
mente por votação secreta em Assembléia; tinuaram como de praxe e ao meio-dia foi servido um banquete, no qual
somente os aptos a manejar uma espingarda poderiam participar dos "ti- tomaram parte cama convidados especiais o Comandante do 55° B. C. e
sua oficialidade, tendo nos vários discursos proferidos demonstrado a har-
ros";
quem estivesse com as mensalidades atrasadas, deveria liquidá-Ias até a monia entre €ivis e militares. À tarde, continuaram as disputas de tiro, en-
quanto no pátio se desenvolvia a grande festa popular com várias atrações,
festa de Pentecostes;
seriam excluidos do quadro social os sócios que estivessem com as entre elas- carrosséis e a grande novidade - um balão imitando em miniatu-
ra o dirigível "Zeppelin", que foi muito procurado por todos. A cancha de
mensalidades atrasadas por dois anos;
os ensaios de tiro seriam realizados no primeiro domingo de cada mês; bolão também esteve muito movimentada e em varias mesas .se reuniam
- o Capitão que comandava o grupo de atiradores na realização dos grupos de homens mais idosos para o "skat", que sempre foi, desde a pri-
"Schuetzenfeste" seria escolhido em Assembléia Geral ou pela Direto- meira festa dos Atiradores, o seu passatempo preferido. As festividades
foram encerradas com baile social.
na.

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jamento no dia 24 de fevereiro de 1939, para os 120 homens, Comandante
Além dos festejos tradicionais, a sociedade também abrigava outras
Capitão Emanuel Morais e 7 oficiais da 6a Cia. do 20 Batalhão - 13, Regi-
promoções, merecendo destaque a realizada em benefício do Imigrante
mento de Infantaria sediado em Ponta Grossa (Paraná). O Batalhão estava
(08/02/1925), com números musicais a cargo da Orquestra de Cordas, so- a caminho da Hammonia (Ibirama).
lista Carl Franck, acompanhado ao piano por Margareth Schrader e decla-
No dia 11 de abril de 1939, mais uma vez as dependências da So-
mações pelo Dr. Bruno Kánne, Entretanto, o maior destaque artístico
ciedade de Atiradores Blumenau foram utilizadas para alojamento. Desta
aconteceu no dia 14 de janeiro. de 1928, às 8 horas da noite, quando da
vez foi o 32°B. C. que se aquartelou em Blumenau e a Sociedade de Atira-
apresentação do drama "Wilhelm Tell", de Friedrica von Schiller. O espe-
dores, que já havia programado os festejos para a festa do Espírito Santo
táculo foi realizado num grande pasto, tendo no meio uma gigantesca ár-
nos dias 28 e 29 de maio, realizou as festividades no Clube Recreativo Ipi-
vore de maniçoba, um grande bambuzal e outras matas, atrás de um muro
ranga, inclusive o baile de gala, às 21 horas.
verde de uma casa, tendo como fundo a mata do morro, com iluminação
Apesar da ocupação pelo 320 B. C., a sociedade festejou nos dias 2
suave. Cenografia esta, prevista por Schiller para o seu drama-liberdade.
e 3 de dezembro de 1939, na sede, o seu 800 aniversário de fundação com
Entre os diversos entretenimentos, promovia ainda os "Fastnachtsrum-
banquete. Com a inauguração do Quartel em 24 de maio de 1940, as de-
mel", excursões ("Faschingsrummel" ao Morro do Aipim), Fandango Ser-
pendências da sociedade foram desocupadas, e no dia 9 de novembro de
tanejo (carnaval de 1935), Bailes de Máscaras, inclusive para crianças, etc.
1940, com a participação da Sociedade de Atiradores Blumenau, S. D. M.
No dia 13 de março de 1934, a sociedade formulou convite aos as-
"Canos Gomes" e Associação Ginástica Blumenau, o Comandante do 320
sociados e esposas para deliberarem sobre a aquisição de uma nova ban-
B. C., Floriano de Lima Brayner, foi homenageado na Sociedade de Atira-
deira para a sociedade, pois em 1935, seria festejado o 750 aniversário da
dores.
mesma. A sociedade iniciou seus festejos no dia 6 de setembro, com re-
Com a nacionalização e a ocupação das: instalações da sociedade
cepção de sociedades convidadas, e à noite, saudação aos convidados. No
pelo 320 B. C. (Administração la e 2a Cia. e PE), cessaram as tradicionais
dia 7, foram disputadas diversas modalidades de tiro, eàs ..• II horas; inau-
atividades, porém o "Club Rot Weiss" (Clube Vermelho e Branco), funda-
gurada a nova bandeira e conferidas honrarias. À tarde, houve continuida-
do em 1927, e que fazia seus jogos no espaço cedido pela sociedade, con-
de do tiro e abertura do parque de diversões. No dia 8, os festejos
seguiu, com um grupo reduzido de tenistas, fundar o Tênis Club
continuaram e como nos demais festejos, havia bebidas,: café, doces, chur-
Blumenau, que adotou os Estatutos conforme o Decreto-Lei n? 3.199, de
rasco, etc., encerrando com grande baile festivo, sob os acordes da Or-
14 de abril de 1941.. Foram eleitos na ocasião, Max Tavares di Amaral -
questra Breitkopf.
presidente; Arão Rebello - vice-presidente; Célio Pereira Oliveira - 1° se-
O "Schuetzenverein" Blumenau registrou seus Estatutos pela pri- cretár.io; Gi I Rochadel - 20 secretário; Sebald Otte - la Tesoureiro; e Ro-
meira vez, no Cartório de Otto Abry, no dia 21 de novembro de 1916, no
land Otte - 20 tesoureiro. A comissão esportiva era composta por Curt
L-A, fls. 8, com o nome de "Sociedade de Atiradores Blumenau", que fo- Probst, Fred Stingelin e Bernardo Hering. Na ocasião, o pequeno grupo de
ram reformulados em 14 de dezembro de 1938, com os seguintes objeti- tenistas, principalmente o Dr.. Arão Rebello, evitou que as dependências
vos: "proporcionar aos seus associados a ocasião de se dedicarem ao
da sociedade fossem encampadas pelo exército. Posteriormente, reuniu-se
esporte do tiro, constituindo também, ao mesmo tempo, um centro de di-
um grupo para formar novamente a Sociedade de Atiradores, e com a ven-
versões para asfamílias dos que da sociedade fazem parte". Assinaram os
da de ações, contrataram o arquiteto Richard Kaulich para construir e res-
Estatutos no dia 30 de outubro de 1938, Adolf Schmalz, presidente; Max
taurar o imóvel, imprimindo-lhe o atual estilo mexicano. Após a reformá
Tavares di Amaral, la secretário; Leopold Colin, 20 secretário; Erich Stein-
do prédio e estruturada a sociedade, assumiu a presidência Ralph Gross,
bach, la tesoureiro; Heinrich Webel, 20 tesoureiro e Oswald Otte Senior,
entretanto, entre os presidentes do Tabajara, merece destaque especial
diretor de tiro.
Amo Buerger, que envidou todos os esforços para que o clube fosse dota-
A partir de 4 de maio de 1938, em decorrência da nacionalização,
do de quadras de tênis, piscina e demais dependências : para os seus 300 as-
os convites publicados nos jornais locais eram formulados em português.
sociados "acionistas ''.
Além de ceder sua sede e instalações para os mais importantes
Para os festejos do Centenário de Blumenau, foi montada no Taba-
eventos da Comunidade, a Sociedade de Atiradores também serviu de alo-

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jara uma "boite" sob a responsabilidade de Werner Garni e Walter Wer-
ner., tal do Prefeito Renato Vianna, que através de Alfredo Wilhelm, corres-
pondente em lingua alemã, contatou com a cidade alemã de Altenburg
Em lOde maio de 1944, no L-A-4, fls. 197, a Sociedade de Atira-
dores de Blumenau adotou o nome de Tênis Clube Tabajara, passando à para obter as informações e material necessário rara as competições. Para
concretizar os objetivos, Alfredo Wilhelm viajou para a Alemanha.
Tabajara Tênis Clube em 27 de outubro de 1949, conforme registro no L-
A-5, fls. ln, reformulando-os no dia 25 de maio de 1955, conforme re- Segundo Alfredo Wilhelm, o "Skat" é o 'Jogo nacional de cartas"
dos alemães. É jogado nos paises onde vivem alemães ou seus descend-
gistro no L-A-6, fls. 282. No L-A-6, fls. 555, houve nova alteração em 16
de agosto de 1960. entes. É um jogo carreado com bilhões de possibilidades diferentes de jo-
gar e foi desenvolvido, aos poucos, na milenar cidade alemã de Altenburg
Segundo os atuais Estatutos, o _ "Tabajara Ténis Clube, com sede e
por volta de 1810 a 1817. Originário do jogo de cartas espanhol, o "I'
foro à Rua Alvin Schrader, na cidade de Blumenau (SC), é uma sociedade
Hombre" e "Solo", do jogo italiano "Tarock" e do antigo jogo alemão
civil de duração indeterminada, que tem por objetivo congregar seus as-
sociados em diversões e reuniões sociais, culturais e cívicas, além de pro- "Schafkopf" (cabeça de carneiro), deve sua divulgação aos estudantes uni-
versitários que o levaram a todas as regiões da Alemanha. Jogado entre
mover entre os mesmos a prática do esporte amador em geral,
notadamente o ténis, a natação, o tiro, o balão, a bocha e o tuiebol., tudo três pessoas com um baralho de 32 cartas, das quais duas deverão ser pos-
tas de lado com as figuras escondidas _. e chamadas de "Skat". O nome
sem objetivo de lucro". O quadro social integra sócios acionistas patrimo-
niais, acionistas especiais, beneméritos, remidos, temporários e contribuin- "Skat" provém da palavra italiana "scartare" (pôr de lado). Considerado
tes. esporte dos homens, é também praticado por mulheres, e conforme estatis-
ticas, cada terceira pessoa na Alemanha sabe jogar "Skat" e se reúnem re-
Apesar do Tabajara festejar anualmente a competição de tiro com
gularmente nos clubes e no "Starnrntisch''. para o jogo. Em 1977, o "Skat"
"rei" entre os associados, o esplendor das festividades do velho "Schuet-
saiu dos eírculos familiares, amigos e conhecidos com a fundação na cida-
zenverein Blumenau'', construído em área de terras doadas pelo Doutor
de alemã de Sprenlingen, da Associação Internacional dos Jogadores de
Blumenau para congregar os "seus colonizadores" morreu.
"Skat". Em 1978, foi realizado em Aaheirn - Los Angeles - USA, o pri-
O Tabajara mantém, num pavilhão com galeria especial, as fotos de
"reis" e "rainhas" de muitos anos atrás. meiro Campeonato Mundial de "Skat'', do qual participaram jogadores de
todo o mundo, inclusive Blumenau.

"SKAT" É evidente que Blumenau colonizada por alemães tenha grande nú-
mero de adeptos do "Skat'', o que foi comprovado em 1979, quando catari-
O "Skat" faz parte da vida do blumenauense desde os primórdios da nenses foram sucesso no Campeonato Brasileiro de "Skat" realizado em
colonização. Veio com o Doutor Blumenau e imigrantes em 1850, e nos São Paulo no dia 26 de agosto. O campeonato reuniu 250 jogadores, de
n dias de viagem à bordo do veleiro "Christiam Mathias Schroeder", tal- São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais e Santa Catarina.
vez tenha sido a únisa distração. O "Skat" em Blumenau limitava-se ajo- Nesse campeonato, o primeiro lugar coube a Willy Wolff, do Clube de
gos entre amigos, conhecidos e familiares, até que na gestão do Prefeito Caça e Tiro Serrinha, de Vila Itoupava (Blumenau);. o segundo lugar ficou
Renato Viauna foi divulgado, e através de Francisco Canolla Teixeira, com Gerhard Schroeder, de Agrolâadia; e o terceiro, com Gustavo Rode,
Chefe do Serviço de Turismo da Prefeitura, foram organizados torneios, de Massaranduba, todos catarinenses. O "Skat" tomou um impulso tão
careando interessados para as futuras competições que culminaram com a grande em nosso estado que nos dias 3, 4 e 5 de abril de 1981, sediou o L
Federação Catarinense de "Skat",' que registrou seus Estatutos no dia 12 de Torneio Mundial de "Skat" realizado no Brasil., Neste torneio, Santa Cata-
dezembro- de 1977; no L-A-8, fls. 28 e Confederação Brasileira de "Skat'', rina mais uma vez sagrou-se campeã, inclusive nos torneios por equipes
que registrou seus Estatutos no dia 26 de março de 1981, no L-A-8, fls. entre o Brasil e Argentina.
109, ambas sediadas em Blurnenau, com registro no Cartório de Getúlio Funciona no bairro de Fortaleza, o Clube de "Skat" "Hermaun
Vieira Braga. Para as competições oficiais, foi imprescindivel o apoio to- Berg", que registrou seus Estatutos no Cartório de Getúlio Vieira Braga no
dia26 de novembro _ de 1981, no L-A-8, fls. 128.
I. Entrevista com Werner Gami, em 04 de março de 1985.
Entretanto, o Skat já esteve ameaçado de extinção porque são pou-

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que no dia 3 de outubro de 1908, escalaram o "Spitzkopf", Na época, fun-
cos os que se interessam pelo jogo, porém, o Prefeito Felix Theiss, durante cionava mais abaixo a serraria Schadrack, onde os atletas deixaram os car-
sua gestão, providenciou a reativação do mesmo e, em 22 de agosto de ros e iniciaram a escalada a pé, passando pela picada do Morro
1976, do I Torneio de Skat realizado na Sociedade Desportiva Serrinha de Carabernba até o pé do "Spitzkopf", continuando, até que às 17 horas che-
Vila Itoupava, participaram 112 jogadores da região e Harry Zuege foi o gararn ao topo do morro. Como em todas as excursões, foram feitos os
campeão. preparativos para comer e pernoitar e ainda dar sinais de luz mediante a
Um fato curioso do Skat é que em Altenburg - Alemanha, onde por queima de fogos de bengala de luz vermelha e verde, conforme combina-
volta de 1552 já se fabricavam as cartas, é a existência de um museu de do com os que ficaram na cidade, que foram vistos de parte a parte. No dia
cartas e também de um monumento construido sobre uma base em forma seguinte, após apreciarem o alvorecer e toda a paisagem até o mar, retor-
de fonte, onde estão assentados, fundidos em bronze, os Wenzel (4 vale- naram à cidade.
tes). No local, os jogadores supersticiosos batizam suas cartas. A Associação Ginástica Blumenau teve vida longa e apresentava,
Por estimular a rapidez no raciocínio, em Aachen - Alemanha, o além de números de ginástica, reuniões recreativas e excursões, noites de
Skat é matéria escolar.. entretenimento com música, canto e teatro. As noites de entretenimento
eram freqüentes e a inclusão de números artisticos e ginástica ritmica ca-
reavam bom público para os espetáculos. Apesar das restrições quanto à
ASSOCIAÇÃO GYMNASTICA BLUMENAU admissão de sócios, as noites de entretenimento geralmente eram públicas.
(Turnverein Blumenau) No dia 21 de março de 1909, a associação apresentou no salão de Richard
Holetz, em beneficio da sociedade, uma noite de entretenimento pública,
onde além de números de ginástica foram feitas apresentações humorísti-
Fundada em 5 de outubro de 1873, reformulou seus Estatutos no
cas, cenas burlescas e a peça teatral humorística "Augusto e Ângela na
dia l° de agosto de 1904, que foram assinados por Paul Schwartzer, presi- Floresta das Palmeiras".
dente; Henrique Brandes, tesoureiro e Kurt Hering, secretário. Os Estatu- Cabe à Associação Ginástica Blumenau o mérito de 'formar o pri-
tos foram registrados no livro n'' 01, sob n° 05, pág. 01, em 27 de agosto rneiro Clube de Futebol de Blumenau que surgiu em 1910.
de 1904, no Tabelionato Fides Deeke. Segundo os Estatutos, os objetivos A Associação Ginástica teve entre seus dirigentes G. Arthur Koeh-
da soçiedade eram a prática e a difusão da ginástica olímpica, esportes e ler, que desde 1896, além de ministrar aulas de ginástica, e que mesmo
jogos, principalmente o punhobol, bem como o intercâmbio esportivo, so- sem saber nadar ministrou por algum tempo aulas, de natação, foi também
cial e cultural com outras sociedades. Entre os itens dos mesmos Estatutos,
por muitos anos um dedicado presidente da Associação.
constam as condições para associar-se, e entre elas, reputação imaculada e Durante a gestão de G. Arthur Koehler, uma delegação de ginastas,
ter quatorze anos completos. Entretanto, na administração somente sóeios
que por sinal se saíram muito bem, participaram por duas vezes de compe-
maiores de vinte e um anos poderiam participar .. A aceitação era feita me- tições na Alemanha, competindo com demais sociedades congêaeres não
diante o pagamento da jóia de 5$000, que também podia ser reduzida,
só da Alemanha e sim de outras partes do mundo.
conforme decisão do Conselho, para 2$000. Inicialmente os sócios ativos "Em outubro de 1913, G. Arthur Koehler viajou pela segunda vez
praticavam ginástica no salão da Sociedade de Atiradores, atual Tabajara para a Alemanha, levando a bandeira da Associação Ginástica para re-
T~is Clube. As assembléias gerais eram realizadas no Teatro "Frohsiun" presentar os ginastas de Blumenau na cidade de Leipzig, durante as co-
e as pequenas reuniões da diretoria no Hotel Gross. Um fato que marcou memorações do centenário da "Batalha dos Povos" (essa batalha travou-
os associados da sociedade antes de registrar os Estatutos, foi o protesto se nos arredores de Leipzig nós dias 18 e 19 de outubro de 1813, quando
assinado no dia 17 de maio de 1901 por alguns associados, contra alguns os exércitos europeus se reuniram e venceram as tropas de Napoleão).
membros da diretoria que não queriam que a sociedade se apresentasse na Por participar do desfile de abertura dessa concentração, a haste da ban-
recepção ao governador Felipe Schmidt, que visitava Blumenau. deira da Associação Ginásticafoi agradada com uma plaqueta de prata.
A Associação Ginástica também promovia "Turnkraenzchen" e ex-
Por iniciativa de G. Arthur Koehler e colaboração de outros diri-
cursões que eram freqüentes, e uma delas que marcou foi a dos 24 atletas

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gentes, as sociedades de ginástica da então Grande Blumenau se congrega- Para angariar fundos para a sociedade, foi promovida no dia 9 de
ram na Federação Ginástica do Vale do ltajaí - "Itajahy- Turngau", que ele abril de 1916, no Teatro "Frohsinn", uma noite de entretenimento da qual
presidiu por muitos anos. '7 cõnstaram, como sempre, números de ginástica, canto, música e a apresen-
No dia 18 de outubro de 1913, a associação publicou um jornal em tação da peça teatral em um ato "O Inspetor de Incêndio".
homenagem aos quarenta anos de fundação, com poesias referentes à gi- Em 12 de novembro de 1916, a Associação Ginástica Blumenau
nástica, poesias sobre a excursão ao "Spitzkopf" nos dias 17 e 18 de agos- apresentou um grande espetáculo de ginástica, com a participação da So-
to de 1913, anedotas e muitas caricaturas. A maior parte das poesias, bem ciedade Ginástica Brusque. Neste espetáculo consta a participação da
como as caricaturas, estão sem assinatura. "Musikkapelle" Brusque com vinte músicos, que também abrilhantaram __o
Ano de 1914, Primeira Guerra Mundial, e a sociedade promoveu no baile de encerramento das festividades. Para a noite foi programada no
dia 24 de outubro de 1914, no Teatro "Frohsinn", uma noite de entreteni- Teatro "Frohsinn", em colaboração com a Sociedade Ginástica Brusque,
mento em beneficio da Cruz Vermelha Alemã .. Antes da programação, uma noite de entretenimento em duas, partes, com a seguinte programação:
houve uma introdução para expor a finalidade da arrecadação, e a situação L Canção de abertura pelo "Liederkranz'' de Blumenau; 2. Ginástica femi-
do povo alemão na guerra. O programa elaborado foi o seguinte: la Parte: nina (dança); 3. Apresentação da Associação Ginástica Blumenau; 4. Dan-
"Es braust ein Rufwie Donnerhall" e "Germaniens Sõhne einst". Esta par- ça Indiana, por ginastas de Brusque; 5. Pantomima, por ginastas de
te incluía números de declamação, ginástica com bastões e barras (Tumen Brusque. Na segunda parte, foi apresentado um número de canto; 7.
am Beck und Barren), Freiuebungen, Grippen, etc. Esta parte foi encerra- Schwebekantenturn, ginástica com moças; 8. A Dança dos Negros, com
da com a canção cantada por todos "Heil Dir im Siegerkranz". Na segunda ginastas de Brusque; 9. Ginástica no Doppelbeck, com ginastas; de Blume-
parte, foi cantada por todos a canção "Auf zur festlich frohen Stunde" e nau, encerrando com grupos de ginastas moços e moças: de Blumenau.
exercícios suspensos. O sexto número do programa continha: a) "Was will Durante o período de 1917 a 1919, praticamente cessaram as apre-
Majestaet mit dem Jungen?" de O. Anthes; b) "Freiwillige vor!" de E. sentações, principalmente as noites de entretenimento, o que não impediu
Edert; c) "Weinst du Mutter?" de Eugen Stangen. O sétimo número contou que as atividades esportivas, apesar de reduzidas, continuassem.
com uma apresentação coletiva, ou seja, três numa barra. Em seguida, foi Em 1917, a sociedade adquiriu da Escola Nova uma área de terras:
cantada por todos a canção "Ich hatt einen Kameraden". O nono número com 11.383 m2 por 5:962$800 réis, e em 1924, mais uma 'área de 840 m?
continha: a) "Die Fahne der Einundsechziger" de 1. Wolff; b) "Wallfahrt" por um conto de réis.
de W. Arminius; c) "Deutsches Flottenlied" de Reinhold Fuchs. Este nú- Em 1920, voltaram as noites de entretenimento e no Teatro "Froh-
mero foi uma resposta à declaração de guerra da Inglaterra. A noite foi en- sinn", além dos costumeiros números de ginástica, música e teatro, o "Lie-
cerrada com "Stabreigen" e o Hino Nacional da Alemanha. Foram derkranz, sob a regência do professor Boettner, apresentou canções que
cobrados ingressos à razão de I $000 e 500 réis. foram muito aplaudidas. No salão Butzke de Altona, no dia 31 de julho de
As noites de entretenimento geralmente ocorniam pela Páscoa e 1920, os números apresentados pela Associação Ginástica Blumenau fo-
eram realizadas no Teatro "Frohsinn" e no salão de Richard Holetz. A pro- ram muito aplaudidos.
gramação, de quando em vez, era reprisada e a apresentada no dia 12 de A renda da sociedade era auferida através de mensalidades, jóias,
abril de 1914 foi reprisada em Indaial, no salão Ebert, no dia 16 de maio festas, apresentações esportivas, bailes, apresentações teatrais, etc., porém
de 1914. para construir a sede, a verba disponível ainda era insuficiente e apesar da
Apesar da guerra, foram registradas em 1914, 88 aulas semanais de necessidade, em reunião de IOde janeiro de 1921, os membros do Conse-
ginástica e 13 noites de apresentações, incluindo as noites de entreteni- lho resolveram adiar por mais algum tempo o início da construção, consi-
mento. A freqüência média foi de 19 ginastas por noite. Também foram derando o elevado custo do material de construção e mão-de-obra. Em
realizados dois bailes no Teatro "Frohsinn". Em 1915, foi realizada a pri- outubro de 1921, a festa reai izada rendeu para os fundos da construção a
meira e grande competição esportiva em Blumenau, com a participação de quantia líquida de I :500$000. Em reunião do Conselho realizada no dia 5
BmSQ,ue IQjnyjHe .são. Bento do Sul e outros município do nosso Estado. de maio de 1922, o presidente da sociedade apresentou o novo projeto e
2. Frederico Kilian - Blumenau em Cadernos - maio de 1979. plantas da sede, com alterações na fachada e distribuição mais adequada

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das dependências internas, trabalho este elaborado pelo arquiteto Kaulich e o Kurt Hering de Altona foi para Nova Berlin.
pelo preço de 500$000 réis. A obra foi orçada em 47:529$800. A pedra Nos dias: 28 e 29 de outubro de 1933, a sociedade festejou seus ses-
fundamental da sede foi lançada no dia 15 de outubro de 1922, com gran- senta anos de fundação. Às cinco horas da tarde, os festejos tiveram lugar
de festa e a noite baile no Teatro "Frohsinn". Em fins de 1923, a sociedade na Assooiação Ginástica, e às 8:15 horas, no Teatro "Frohsinn", onde fo-
recebeu do comerciante Stolz, de Hamburgo (Alemanha), aparelhamento ram apresentados números de ginástica no palco. O coral masculino "Lie-
novo incluindo barra. fixa desmontável, paralelas, cavalo, etc. derkranz'', sob a regência de Heinz Geyer, prestigiou o evento. Também
No dia 3 de agosto de 1924, o prédio da Associação Ginástica Blu- participaram dos festejos a "Musikkapelle Lyra", também regida por
menau ficou conclúído, sendo inaugurado com grande festa popular da Heinz Geyer e a banda Breitkopf, que abrilhantou o baile nas dependên-
qual participaram o Coral Masculino "Liederkranz'', a "Musikkapelle" cias da Associação Ginástica. Blumenau.
Werner, os ginastas com apresentações em barras, cavalo, ginástica rítmi- A amplitude das dependências da Associação Ginástica Blumenau
ca, etc., encerrando as festividades o baile de inauguração. Durante todo o propiciou muitas promoções de vulto, entre elas a festa da "Saengerbnnd
dia funcionaram barracas com comes e bebes. ltajahytal", realizada no dia 19 de maio de 1935, com a seguinte progra-
1929. Centenário da Imigração Alemã em Santa Catarina, e os fes- mação: às 9 horas, recepção dos cantores na Estação Ferroviária e marcha
tejos realizados no dia 17 de novembro de 1929, tiveram início às 8 horas festiva para a Associação Ginástica; às 10 horas, os coros em uníssono
da manhã, com a "Musikkapelle" Baumgart. e com a participação das so- cantaram "Eintracht nnd Liebe"; saudação e início das apresentações de
ciedades de Canto do Itajahytal, dirigidos por Max Humpl.. O grande coral cada coral.. À tarde, os coros masculinos, em uníssono, cantaram "Beim
misto cantou "Este é o Dia do Senhor". Entre as diversas apresentações, o Holderstrauch" e os coros mistos cantaram "Heckenrosenlied". Em segui-
coral masculino dirigido por Franz Baumgart, : cantou "Gruss an Oberintal". da, concerto de cada sociedade de canto, e à noite baile de encerramento
Os festejos foram realizados nas dependências . da Associação Ginástica na Associação Ginástica Blumenau. Em 1937, era presidente da "Saenger-
Blumenau, onde se apresentaram os corais do Itajahytal, entre eles o Coral bund Itajahytal", o Dr. Pape, e os festejos da "Saengerbund" no dia 6 de
Masculino Garcia I, regido por Franz Baumgart; Sociedade de Canto "Ein- junho de 1937 tiveram como sede a Associação Ginástica Blumenau. Os
tracht" de Altona, regida por Max Humpl; Seção de Canto da Sociedade cantores reuniram-se na Associação Ginástica e marcharam até a Socieda-
de Atiradores Velha Nova, regida por Walter Seelbach; Sociedade de Can- de de Atiradores, onde se apresentaram. O regente das sociedades de canto
to "Liedertafel" de Velha, regida por Arthur Müller e Sociedade de Canto foi Heinz Geyer. Foram cantados em uníssono o Hino Nacional Brasileiro
"Saengerlust" de Blumenau, regida por Eugen Seelbach. No pátio da esco- e o Hino Nacional da Alemanha. O encerramento foi realizado com baile.
la, foi apresentada a peça teatr.al de Vieror Schleiff, com o grupo teatral de Em 1938, foi implantada a "nacionalização" e uma forma sutil de
Nova Breslau (Presidente Getúlio), "Na Mata Virgem" (Irn Urwald). As afastar os professores que comandavam os exerci CIOS de ginástica em
apresentações dos corais, ginástica, música, etc. continuaram a tarde. Ao alemão foi o arrendamento do prédio, campo e instalações por 300$000
anoitecer, foi realizada a marcha "Flambeaux" com as crianças .. No mes- réis mensais, por tempo indeterminado, ao 32° Batalhão de Caçadores,
mo dia houve baile na Associação Ginástica, Teatro "Frohsinn" e salão a partir do dia II de abril de 1939 (o contrato foi assinado no dia 14 de
Brueckheimer, para encerrar as festividades. abril de 1939), pois três meses depois, ou seja, no dia 7 de julho do
Quando. em janeiro de 1930 foram feitos reparos no telhado e au- mesmo ano, o Comando do 32° Batalhão de Caçadores devolveu as
mento no prédio no valor de 6:000$000, a sociedade contava com aproxi- chaves do prédio, conforme oficio n° 532/39. O arrendamento aproxi-
madarnentetrezentos associados efetivos. mou o 32° B. C. da Associação Ginástica Blumenau, o que ficou com-
No dia 20 de setembro de 1930, destacou-se na noite de entreteni- provado quando a sociedade comemorou o seu sexagésimo sétimo
mento a canção com gestos "Um Homenzinho Parado na Floresta". aniversário de fundação nos dias 5 e 6 de outubro de 1940. Entre as
Nos dias: 12 e l.3 de novembro de 1932, ano do VII "Gauturntag", competições de ginástica realizadas, sete provas foram em aparelhos e
foi realizado o V "Gauturnfest" com a participação de Benedito - Timbó, dedicadas aos oficiais do 32° B. C. Cinco provas de atletismo para ho-
Timbó, Encano, Dona Emma, Nova Berlin, Indaial, Rio do Sul, Brusque, mens foram dedicadas à juventude do Brasil.. Quatro provas de atletis-
Altona e Blumenau. O prêmio Hindenburg de Blumenau foi para Brusque mo para moças foram dedicadas do Tenente-Coronel Floriano de Lima

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Brayner e esposa. O punho bol disputado entre diversos clubes teve o prê- o FUTEBOL
mio Frederico Kilian. A corrida de resistência foi patrocinada por Bruno
A primeira modalidade esportiva praticada em Blumenau foi o tiro
Koschel. . A corrida de revezamento 10 x 100 para atletas, teve como prê-
ao alvo, que oportunizou a formação de Sociedades de Atiradores que reu-
mio a taça Ingo Hering. O revezamento para moças 6 x 75, a taça Franz niam em grandes festejos toda a Comunidade.
Gestwicki e o jogo final de punhobol teve como prêmio a taça Walter
Anos mais tarde, com a fundação de Associações de Ginástica, ou-
Werner. . Aos vencedores das provas atléticas foram distribuidas medalhas
tras modalidades eram praticadas, inclusive o futebol que começou na As-
oferecidas por Felix Steinbach e Fritz Schrnidt. Os festejos foram abri-
sociação Ginástica Blumenau por volta de 1910. A primeira competição
lhantados pela banda musical do 32° B. C. Durante os festejos havia barra-
foi realizada na tarde de domingo do dia 26 de março de 1911, num pasto
cas com comes e bebes, tômbola, etc. Os ingressos foram cobrados à razão
situado nos fundos do Hotel Holetz (atual Grande Hotel), quando a equipe
de 1$000. À noite foi realizado baile para associados. Participaram das
da Associação Ginástica Blurnenau enfrentou o "time" de tripulantes do
competições, atletas e ginastas da Associação Ginástica Blumenau, 32°
cruzador alemão "Von der Tann'', que apartara em Itajaí no dia 25 e que
B. C., ginastas de Joinville, Brusque, São Bento do Sul, Nova Berlin,
permaneceu no porto até o dia 27, às 18 horas, quando rumou para o sul"
Indaial, Timbó O e Benedito Novo. Também participaram dos festejos a
Um dos tripulantes da equipe alemã teve que ficar à bordo de serviço, ten-
Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga, Sociedade Desportiva Blu-
do o "time" enfrentado os blumenauenses com um jogador a menos. Em
menauense, Esporte Clube Amazonas, Recreativo Brasil Futebol Clube,
1920, com o nome de Clube Blumenauense de Futebol, desligou-se da As-
Clube Vitória, Clube Náutico América, Clube Atlético Catarinense, sociação Ginástica Blumenau.
Liga Atlética de Florianópolis e Colégio Santo Antônio. Nos dias 24 e
Os clubes de futebol que se multiplicaram em todo o Vale do Itajaí,
25 de agosto de 1941, na Semana de Caxias, o 32° B. C. promoveu, no
principalmente nas décadas de vinte e trinta, integrados por amadores,
campo da Associação Ginástica Blumenau, uma missa campal às 9 ho-
pouco a pouco foram desaparecendo, tendo como causa preponderante a
ras, e das 13:45 às 17 horas competições esportivas. No dia 25, houve o falt-a de apoio e a profissionalização. Na época do futebol amador, as parti-
compromisso dos conscritos no Quartel e às 20 horas, sessão cívica
das eram assistidas por pessoas de ambos os sexos e de todas as classes so-
com a colaboração das crianças das escolas da cidade e concerto pela CIaIS, terminando, geralmente, com um grande baile festivo de
banda do quartel no Cine Busch. A Associação Ginástica Blumenau confraternização. Foi a época romântica do futebol.,
ainda promoveu a "Noite da Sociedade" e a "Noite dos Pais", antes de
No decorrer dos anos, grupos e mais grupos se reuniam, disputa-
ser fechada em 1942 pelo Governe Estadual, e as dependências passa-
vam os jogos entre si formando sociedades, entre elas, algumas que se tor-
rem a ser utilizadas pelo Conjunto Educacional Pedro II.
naram importantes e deram origem a clubes como o Guarani Esporte
A Associação Ginástica Blumenau foi a precursora das atividades Clube, de Itoupava Norte.
atléticas no Vale do Itajaí, construindo o primeiro Ginásio coberto do Es-
Entre as entidades que fundaram o seu "time" de futebol, marca-
tado de Santa Catarina.
ram, a Sociedade do Jogo de Bola Linha Telegráfica, que registrou seus
Coube à Associação Ginástica Blumenau, por iniciativa de Franz Estatutos em 13 de junho de 1931, e o Malária Futebol Clube, com Estatu-
Lungershausen, a formação de um corpo de Bombeiros Voluntários em tos registrados em 4 de março de 1948, ambos no Cartório de Getúlio V.
Blumenau, A bomba extintora foi constrnida por Bruno lIindlmayer, pro-
Braga, e muitos outros que alegravam e movimentavam as tardes de do-
prietário de Uma fundição de ferro e caldeiraria de cobre. Lungershausen, mingo do grande Vale do Itajaí.,
segundo o "Blumenauer Zeitung" de 12 de fevereiro de 1887, "merece os
O grande número de clubes de futebol ensejou em 1931, a fundação
louvores e agradecimentos da população pela sua iniciativa e de ter ad- da Liga Desportiva Catharinense, tendo à frente os clubes Tamandaré,e
quirido às suas expensas a bomba extintora. Queira Deus que tanto o Blumenauense, Fluminense, Amazonas, Guarany, Garciense, Brasil, Con-
Corpo de Bombeiros como a bomba extintora nunca tenham que entrar córdia e Bom Retiro, que registraram os Estatutos da Liga no dia 29 de
em ação em nossa cidade".
maio de 1931, no L-I, fls. 115, no Cartório de Getúlio Vieira Braga. A
Liga, segundo os Estatutos, funcionaria por tempo indeterminado. No seu

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artigo 2, capítulo I, diz o seguinte: ''A Liga Esportiva Catharinense tem fundado em 19 dejulho de 1919, que inaugurou o seu estádio no dia 3 de
por fim fomentar a cultura física e moral da mocidade, e para obter este junho de 1928, com muita festa, tendo registrado seus Estatutos como Pal-
fim a L. D. c. meiras Esporte Clube em 3 de fevereiro de 1947. O seu 25° aniversário foi
a) promoverá por todos os meios ao seu alcance o desenvolvimento festejado no Clube Náutico América, com um jantar, no dia 29 de julho de
dos Desportos Terrestres; 1944, para o qual recebeu convite especial Antonieta Braga, autora do
b) instituirá e dirigirá os campeonatos e fiscalizará os jogos das As- hino oficial do Palmeiras, com versos de Aldo Azevedo, e que nos dão
sociações sob sua j urisd ição; uma idéia de como o futebol era importante na vida do blumenauense:
c) manterá elevado o espírito de disciplina e união desportiva no
seio dos clubes filiados".
Desde o início do futebol, em 1911, além dos clubes que fundaram Nossos onze "foot-ballers"
a Liga em 1931, o Vale do ltajaí contou com dezenas de clubes, entre eles: Que defendem nossas cores
F. C. Itoupava Central; Cruzeiro F. C. e F. C. Estrela (Indaial); Victoria F. São felizes quando jogam
C. e Liberdade F. C. (Velha); Palestra Itália F. C. (Rio dos Cedros); F. C. E felizes nos amores.
Timbó; Sociedade Esportiva Glória; Sociedade de Foot Bati América, de Estribilho
Itoupava Norte; Salto do Norte F. C.; Testo Salto F. C.; Frigor Esporte
Nossos beques são trincheiras
Clube; Sociedade Desportiva Vasto Verde; Clube Atlético Tupi (Gaspar);
O "Gol-Keeper" que parede
Esporte Clube Progresso; Sociedade Recreativa e Desportiva Serrinha
Tanto os "halfes", como a frente
(Vila Itoupava); Imprensa Futebol Clube; Sociedade Recreativa Esportiva Mandam bolas para a rede.
Nova Aurora (ltoupava Baixa) e outros.
A maior parte dos clubes de futebol, com a "nacionalização', rees- II
truturaram seus Estatutos, outros foram desativados por falta de apoio e a O verde-branco esperançoso
profissionalização, enquanto novos foram fundados. De uma vitória conquista com lealdade
Em 1944, o Conselho Nacional de Desportos baixou a circular n" Irá lutando sempre orgulhoso
01, e algumas sociedades tiveram que alterar o nome. No mesmo ano, no De ser no esporte o orgulho da cidade.
dia 24 de março, a Sociedade Desportiva Blumenauense mudou o nome
para Grêmio Esportivo Olímpico, e o Brasil Esporte Clube, no dia 21 de O Palmeiras Esporte Clube atuou durante seis décadas, chegando
março, para Palmeiras Esporte Clube. aos anos 79/80 em condições precárias, contanto apenas com os diretores
O Grêmio Esportivo Olímpico considerava como data de sua fun- Júlio Probst, Amo Buerger e Ivan Carlos Rizzeto, que lutavam pela sobre-
dação o dia 14 de agosto de 1919, tendo registrado seus Estatutos como vivência do clube, quando um projeto de Marketing elaborado por Ivan
Blumenau Sport Club em 25 de janeiro de 1937, como Sociedade Despor- Carlos Rizzeto mostrou os beneficios que a transformação do Palmeiras
tiva Blumenauense em 19 de outubro de 1938 e como Grêmio Esportivo Esporte Clube traria para Blumenau, se transformado em Blumenau Es-
Olímpico em 26 de junho de 1947. Nos dias 9 e IOde abril de 1939, inau- porte Clube. Apesar da resistência de palmeirenses tradicionais, o projeto
gurou com grandes festejos o seu estádio, e no seu 25° aniversário de fun- contou com o apoio da maioria.
dação, no dia 12 de agosto de 1944, além das costumeiras festividades, O Palmeiras Esporte Clube jogou sua última partida no dia 28 de
realizou seu baile nas dependências da S. D. M. "Carlos Gomes", animado agosto de 1980, com a equipe formada por Nilson, Toninha, Celso Sauer,
pelo Jazz, Garcia e 32° B. C .. Com o decorrer dos anos, a profissionaliza- Paulo Cesar, Torres, Sony, Paranhos, Marinho, Edney, Cabinho e Milti-
ção e as dificuldades financeiras minaram a estrutura do Grêmio Esportivo nho (Lenilson), vencendo o Mafra E. C. por 3 x O (gols de Lenilson e Ca-
Olímpico, que paulatinamente desativou o futebol continuando com outras binho).
modalidades esportivas. Para tomar o Blumenau Esporte Clube uma realidade, um grupo de
O Palmeiras, Esporte Clube originou-se do Brasil Esporte Clube, empresários convidados para um almoço no Restaurante Chinês (na época

156 157
o técnico Rubens de Salles, foi o primeiro gol na história do BEC. Nesse
funcionava no Grande Hotel Blumenau), pelo empresano Norberto Ingo
jogo, o Blumenau Esporte Clube estreou o seu novo uniforme com as co-
Zadrozny, possibilitou a Ivan Carlos Rizzeto expor aos presentes o seu
res verde, branco e bordô; "nascendo o tricolor do Vale".
projeto que resultou no comprometimento financeiro da classe empresarial
à nova agremiação.
No dia 29 de março de 1980~ nas dependências do Centro Cultural CLUBE NÁUTICO "AMÉRICA"
"25 de Julho", reuniram-se em Assembléia Geral Extraordinária, - presidida
pelo então, Presidente do Conselho Deliberativo do Palmeiras Esporte Clu- No dia 28 de março de 1920, por iniciativa do então Juiz de Direito,
Dr: Amadeu Luz, foi fundado em Blumenau um Clube de Regatas. Para
be, Abel A vila dos Santos, um grupo de pessoas interessadas em manter
concretizar o evento, o Dr, Amadeu Luz convidou uma comissão do Clube
um clube de futebol, sendo fundado oficialmente o Blumenau Esporte
de Regatas "Marcílio Dias", de Itajaí, que chegou a Blumenau pelo vapor
Clube. Na ocasião, foram eleitos e empossados para dirigir os destinos do
Blumenau Espane Clube: "Blumenau", tendo comparecido ao desembarque dos convidados grande
Conselho Diretor: número de pessoas. O Clube não teve o necessário apoio dos blumenauen-
ses, pois parecia mais uma filial do "Marcílio Dias". Apesar da Assem-
Ivan Carlos Rizzeto - presidente e Olandio Baron - vice-presidente
Conselho Deliberativo: (mesa diretora) bléia realizada na sede do "Clube Brasil", fundando o clube, elegendo a
primeira diretoria e a comissão do Clube de Regatas "Marcílio Dias" ter
Henrique Ramon Miehe, Abel Ávila dos Santos e Mércio Felsky
Conselho Consultivo: trazido uma "YOLE" que pôs à disposição do clube recém-fundado, o
"Blumenauer Zeitung" noticiou no dia 28 de outubro de 1920, que sob a
Norberto Ingo Zadrozny, Hans Prayon, Rolf Kuehnrich, Gunar Karsten,
Gerhard Horts Fritzsche, Bernardo W. Werner, Heinz Schrader, Ricardo
Lowndes, Jorge L. Buechler e Julio Probst
Conselho Fiscal:
Genésio Deschamps, Maurício Dorigatti e Orlando Zimmermann e os
Suplentes:
Manfredo Krieck, Hélio Camilo e Antônio Augusto Bacca.
Antes do encerramento da Assembléia, o Presidente do Conselho
colocou em discussão os Estãtutos do Blumenau Esporte Clube, que foram
aprovados por unanimidade, sendo registrados no Cartório de Getúlio
Vieira Braga no dia 5 de outubro de 1982, no L-A-8, fls. 147 V.
Inicialmente, o Blurnenau Esporte Clube realizava os seus jogos no
Estádio "Aderbal Ramos da Silva", que foi totalmente reformado. Na épo-
ca, também foram inauguradas as novas cabines de rádio e TV com o
nome de "Tesoura Júnior", homenageando o mais antigo radialista esporti-
vo de Santa Catarina.
Por deferência especial de Bernardo W. Werner, então presidente
da FIESC, a partir de 1981 o Blumenau Esporte Clube jogava suas parti-
das no Estádio do SESI..
O primeiro- jogo de futebol do Blumenau Esporte Clube foi realiza-
do no dia 31 de agosto de 1988, quando venceu o Joaçaba E. C. pela con-
tagem de 1 x O. O gol de autoria de Cabinho, aos 35 minutos da segunda
etapa e que contou com a equipe formada por Nilson, Toninha, Eduardo,
Paulo Ces ar, Torres, Sony, Paranhos, Lenilson, Piter, Cabinho e Edney, e Clube Náutico América (demolido)

,
158 159
denominação de "Clube Náutico América", foi fundado em Blumenau no tempo e dependências lotadas. Foram realizadas: corrida de bicicleta da rua
dia 12 de outubro de 1920 um clube de regatas. Tendo à frente João Ker- das Palmeiras até Encano (40,2 km); corrida de 100 metros; 200 metros; 4 x
sanach, contribuiram ainda para a fundação Paulo Grossenbacher, Vitori- 100 e 500 metros. Natação, 100 metros. À noite, grande baile com o atendi-
no Braga, Carlos Souto, Cláudio Buechele, Roberto Baier, Alfredo mento de Paulo Gresser, ecônomo muito conceituado na época.
Buechele, Edmundo Pazes, OUo Abry, Arnoldo Kumm, Reinaldo Puhl- O que muito agradou a todos foi o Clube Náutico América ter cons-
mann, Walter Berner, Dr. Luis de Freitas Melro, Hany Scheefer, Richard truido um bonito palco, que foi inaugurado no dia 28 de julho de 1934, com
Peiter, C. Machado da Luz, Felix Hauer, Bruno Koschel, 1. von Czekus, duas comédias: "O Cacete" e "Casamento por Tabela", entrando o clube na
Rodolfo Scheidemantel e outros. Um ano após a fundação, durante os fes- área cultural artística. Com um bom palco e tendo sua sede muito bem locali-
tejos de 7 de setembro, foram batizadas as primeiras yoles, "Nina", "Luz" zada, não faltaram altistas para se apresentarem e exporem seus trabalhos.
e "Nahyd", ocasião em que também foi realizada a primeira regata inter- Artistas de renome, na época, como o violinista espanhol Antonio Vilchez,
municipal com a participação do Clube de Regatas "Marcílio Dias" e "Al- que acompanhado por Marília Martins, apresentaram músicas de Schubert,
mirante Barroso", ambos de ltajai.. Schumann, Toselli, Chopin, Sarasate, Kreisler e outras. Também se apresen-
Os Estatutos foram registrados no Cartório como "Club Náutico tou Ewald M!iIller, violinista, acompanhado por Margareth Franck, pianista,
América", no L-I, fls. 53 V, no dia 17 de abril de 1923. com músicas de Haendel, Schubert- Wilhelmy, Schuber.t-Reminzi, Guerra,
Entre as promoções festivas do clube, destaca-se a grande festa po- Sarasate, Mozart, Brahms, De Falia, White, Dvorak e Nachez.
pular na Praça Governador "Hercílio Luz", no dia 8 de maio de 1927. Fo- Apesar do Clube Náutico América não ter participado como algu-
ram realizados cinco páreos, sendo o primeiro dedicado ao presidente mas sociedades simpatizantes do nazismo nas promoções as mais diversas,
honorário, Dr.. Amadeu Luz; o segundo ao Clube Náutico lpiranga; o ter- abrigou no dia 3 de outubro de 1937, a exposição de trabalhos manuais em
ceiro a Kurt Hering, Intendente Municipal; o quarto ao Dr.. Adolpho Kon- beneficio da mulher trabalhadora no exterior.
der, Governador do Estado, e o quinto a João Kersanach, presidente do Apesar das diversas promoções realizadas no clube, é evidente que
clube. No local houve música, rifas, bebidas, churrasco, etc. o remo sempre foi destaque e assim, no dia 12 de junho de 1937, o Clube
Em 1930, o Clube Náutico América já tinha o seu galpão e nele fo- Náutico América promoveu uma grande regata às 13:30 horas, em frente à
ram realizadas, nos dias 5 e 6 de setembro de 1930, grande festa popular olaria Koch, na rua Minas Gerais, entre os clubes Riachuelo de Florianó-
com batismo de "out-rigger". Durante todo o dia houve diversões, churras- polis e América de Blumenau, ocasião em que foi batiz_ado um "skif" por
cada e bebidas e à noite, dia 6, grande baile no teatro I "Frohsinn", com o lsoIde Hering.
Jazz-Band América. O Clube Náutico América lambam participou de muitas festas be-
Em reunião de 2 de julho de 1931, o Clube Náutico América elegeu neficentes, como o baile em beneficio da Cruz Vermelha, realizado no dia
diretoria com Cláudio Buecheler para presidente; Oswaldo Otte Sênior, 23 de maio de 1942, abrilhantado pelo Jazz Garcia e Banda do 32° B. C.
vice-presidente; José Ferreira da Silva, orador e ainda Sebald Otte, Curt Nos dias 12, 13 e 14 de outubro de 1945, o Clube Náutico América
Probst e August Otte. Já no ano de 1932, em Assembléia Geral de 25 de festejou seu 25° aniversário com a seguinte programação: dia 12, posse da
agosto, foram eleitos João Kersanach, presidente de honra e o Dr.. Amadeu diretoria; dia 13, baile social com Jazz, Garcia e Jazz Rouxinol de Lontras;
Luz como patrono. Os demais eleitos foram Cláudio Buecheler, presiden- dia 14, regatas com inicio às 8 horas da manhã, e a partir das 9 horas, "ma-
te; Richard Peiter, vice-presidente; Canlos Souto e Alfredo Laux, secretá- tinée" dançante.
rios; Antônio Reinert e Erwin Belz, tesoureiros; Dr.. Geysa Bôscoli, Esta agremiação aquática venceu todos os percalços, e durante toda
orador; José Veiga, guarda de material; Adolfo Wollstein, diretor de remo; a sua existência, tem trazido para Blumenau muitos troféus e honrosos tí-
Artur Ramos, Domingos M. de Borba, Willy Belz, conselheiros; Curt tulos de campeões, entre eles o título da Regata Centenário de Blumenau.
Probst, Erich Müller e Antônio Michels, guarnição. O clube conquistou ainda o título de tricampeão internacional com barco a
Com grande festa popular, o Clube Náutico América inaugurou no oito remos de 1957 a 1959; campeão estadual em 1957 (em Florianépo-
dia 6 de novembro de 1932, o seu novo galpão, e no dia 8 de novembro I do lis); campeão do interior nos anos de 1969, 1972, 1978 e 1979; em 1971,
mesmo ano, com grande festa esportiva foi inaugurada a sede, com belo vice-campeão brasileiro (Rio de Janeiro); campeão brasileiro no "skif",

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conquistado pelo remador Rolf Kreutzfeld, que em 1976 se tornou cam- capacidade de 8,7 quilos de peso por metro quadrado". Mais um pioneiris-
peão sul americano representando o Brasil e mais tarde no Mundial dispu- mo de Blumenau.
tado na Áustria. O Clube Náutico América foi campeão catarinense no No dia 1° de julho de 1924, o escritor e aviador alemão Erich Las-
"fou skif" em 1980 e vice-campeão em 1981.. kowski proferiu no Teatro "Frohsinn" uma conferência sobre o tema "A
A antiga e simpática sede, com seu pequeno jardim, foi demolida aviação alemã e especialmente a aviação sem motor". A conferência, am-
em 1977, na gestão do então Prefeito Municipal Renato Viauna. Localiza- plamente divulgada, foi assistida por um grande número de pessoas, im-
va-se numa área de L409,~1 m2 entre as ruas XV de Novembro, porto flu- pressionando as que sentiam atração pelo perigoso e também útil esp0I!í::'
vial e diversos moradores. A área foi cedida para o Clube Náutico Algumas-: pessoas que assistiram à conferência reuniram-se 110 Bar e Res-
América, pelo governo do Estado, pela Lei n° 114, de 29 de outubro de taurante de Oscar Gross, na rua XV de Novembro, para fundar a sociedade
1936, com a condição de que a mesma comprovasse sua personalidade ju- que denominaram de "Fliegerbund Blumenau". Durante a reunião, o Pas-
ridica. No Artigo 2° da citada Lei, consta que o terreno e benfeitorias re- tor Enders, de Badenfurt, proferiu uma conferência com "SI ides" sobre a
verteriam ao patrirnônio do Estado, independente de interpelação judicial viagem do dirigivel Z. R, III, que impressionou muito os presentes. A reu-
e de qualquer ônus, desde que o Clube Náutico América não correspon- nião contou com a participação de engenheiros e técnicos e a ata de funda-
desse mais às finalidades do desenvolvimento dos desportos do remo e na- ção foi assinada por 35 interessados. A próxima reunião foi marcada para
tação. Em 22 de maio de 1962, pela Lei n° 3.051, o Governo do Estado o dia 23 de julho com a seguinte ordem do dia: "Possibilidades e mate-
outorgou, a titulo gratuito, ao Clube Náutico América de Blumenau, a pro- riais para a construção de um planador".
priedade plena da área de terras, porém intransferivel salvo para entidade Franz Kreuzer, especialista em madeiras, encarregou-se dos traba-
desportiva de remo e natação, mantidos sempre os encargos previstos em lhos em madeira, pondo também à disposição do Fliegerbund" a sua ofici-
Lei .. Diz ainda o Artigo 3° da Lei n'' 3.051 de maio de 1962: "Em caso de na mecamca. As montagens e ajustes ficaram a cargo de Schmurr e seu
utilização do terreno para a construção de ediflcio, é permitido ao Clube filho. A cobertura esteve a cargo de Muetze e os trabalhos rnecânicgs sob
Náutico América a venda de partes condominiais. em plena propriedade, a direção de Steinmaun. Participaram ativamente Loehr, Hoppe, os irmãos
naforma da legislação vigente, desde que a entidade desportiva participe Gustav e Lothar Otte e o aviador-planador Espenlaub. Colaboraram com
do condomínio, como proprietária do porão, térreo e ainda, ao menos, o material diversas firmas como a Companhia IIering, Karsten e outras. Aos
primeiro pavimento ". interessados foram ministradas aulas práticas : e teóricas. As teóricas foram
ministradas-·: pelos padres franciscanos, que demonstraram muito interesse,
e as práticas por Muetze. Em mais ou menos um ano, trabalhando nas ho-
CLUBE DE AVIAÇÃO SEM MOTOR BLUMENAU ras de folga, o aparelho ficou pronto e exposto na Sociedade de Atirado-
(Fliegerbund Blumenau) res, para ser batizado no domingo de Páscoa, tendo como padrinho Viçtor
Konder e senhoritas da sociedade.
Em Gaspar, em local apropriado com muita gente, apesar do se-
O "Der Urwalsbote" de 22 de abril de 1927 publicou em Noticias gredo, foi realizada a prova. Muetze, que foi aviador na guerra de
Locais o seguinte: "Avião sem motor. O primeiro planador construído no 191411,918, pi lotou o planador, apesar dos ventos desfavoráveis. Pensa-
Brasil acha-se atualmente em exposição na Sociedade de Atiradores e po- ram em transferir a prova mas os espectadores, alguns de muito longe,
derá ser visitado até amanhã". queriam ver o "Phoenix" e Muetze resolveu voar., O cabo de lançamen-
Construiu-o a "Sociedade Blumenauense de Aviação"(Fliegerbund to foi retesado e dada a ordem de "solta"! Rápido o avião desl izou pelo
Blumenau). No batisrno, ocorrido no domingo de Páscoa, o planador rece- solo e poucos segundos depois estava no ar, planando sob os aplausos
beu o nome de "PHOENIX". A senhorita Hilda Meyer foi a madrinha. Fa- da multidão. O "Phoenix" elevou-se a 70 metros, perdeu altura até que
laram na ocasião o Juiz de Direito Dr. Amadeu Luz, Peter C. Feddersen e bateu no solo, espatifando uma asa, tendo que voltar à oficina. Novos
o Cônsul Otto Rohkohl.. O avião tem 11 metros de envergadura, de asa a vôos foram tentados, porém, o pouco sucesso gerou o desânimo e o
asa, e estas têm 1,60 m de largura. O comprimento é de 5,25 metros. Tem projeto foi abandonado.

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Entretanto, a "Fliegerbund Blumenau" não foi a única sociedade e ram então para a Liga Alemã de Planadores, solicitando o preço de um
também não foi a única experiência no campo da aviação sem motor, pois cabo de SOO fios.
em 1936, entusiastas da planação fundaram o "Segelfliegergruppe Blume- Nessa ocasião, começaram a construir um segundo planador para
nau" (Grupo de Aviadores Planadores). Foi presidente da sociedade Ru- treinos mais avançados. A Liga Alemã de Planadores doou os planos
dolph Frisch, funcionário da Casa Hoepcke, porém o inspirador do graciosamente. Para a construção deste planador, o grupo de trabalho
movimento e o fundador do grupo foi o engenheiro Norbert Knall, norue- adquiriu boas ferramentas, sendo parte delas doadas pelos sócios. A
guês, que veio da Alemanha para instalar os fomos elétricos na Eletro Aço oficina onde se construia o planador foi transferida para a marcenaria
Altona S. A .. Grande conhecedor do esporte de planadores, reuniu-se em do sócio Willy Manteufel, na rua São Paulo. Em abril de 1937, Blume-
meados de 1936 na varanda do então famoso Hotel Walter Seifert, situado nau recebeu a visita de Franz Schubert, de Dessau - Alemanha, e Vic-
na rua XV de Novembro (onde hoje está a Drogaria e Farmácia Catarinen- tor Zampis, de São Paulo, aviadores de planador.. Nessa ocasião, a
se), com Rudolph Frisei" Georg Loechelt, Fritz Reimer, Curt Stoeterau, sociedade promoveu no sem campo de aviação uma festa popular,
August Kiel e outros, para fundar a "Segelfliegergruppe Blumenau".. Mais quando foram realizados os últimos vôos. A sociedade contratou tam-
tarde, associaram-se ainda, entre outros, WilIy Manteufel, Alfred Loehr, bém um automóvel para rebocar o planador em vez de usar o cabo de
Franz Kreuzer, Erich Werner, Rudolf Kleine Jr., Lothar Otte, Hans Win- borracha, ocasião em que alcançaram 20 a 30 metros de altura utilizan-
disch e Milton Swarowsky. Segundo Fritz Reimer'i o planador construido do todo o espaço do campo. Foi um sucesso. Encomendaram um novo
foi semelhante ao de 1927 e os trabalhos de construção foram realizados cabo de SOO fios na Alemanha e assim que o pedido foi confirmado, re-
diariamente, à noite, sob a direção de Knall num rancho cedido por um meteram o dinheiro. Com muita alegria receberam a noticia de que a
simpatizante de Itoupava Seca (Altona). Foi bastante dificil conseguir o Liga já mandara o cabo de presente para Blumenau, A surpresa dos as-
material necessário, principalmente madeira compensada à prova d'á- sociados foi muito maior ao saber, através da Liga, que a firma Truppel &
gua na espessura de um e meio milimetro. A colagem foi feita sob con- Cia., de São Francisco do Sul, também remetera dinheiro para a aquisição
dições primitivas com madeira conseguida em Rio do Sul.. Trabalharam do cabo à Liga. O grupo estava com bom crédito, resultante do próprio pa-
apenas com uma serra, uma plaina, algumas limas grossas e canivetes. gamento, acrescido ainda do da firma Truppel, já que o cabo fora doado
A Liga Alemã de Planadores (Deutscher Segeliliegerbund) doou as fer- pela Liga. Estranharam o gesto nobre da firma Truppel, que doara a im-
ragens e o verniz especial para planadores. Quando o rancho em que portância sem que alguém a solicitasse. O grupo estava eufórico, porém, a
trabalhavam tomou-se pequeno, o proprietário da linha de ônibus Blu- euforia não durou muito pois um incêndio na marcenaria de Manteufel
menau-Itoupava Seca, Eduard Tierling, cedeu parte da sua garagem. destruiu o segundo planador e pertences do grupo. O fato abalou os sócios,
Knall voltou para a Alemanha, porém o esforço dos sócios com a cola- mas não os desanimou. Mais tarde, a Alfândega de Itajaí fez com que os só-
boração financeira do comércio de Blumenau, em poucos meses o pla- cios realmente desanimassem com a exagerada soma que pedia para desem-
nador ficou pronto. baraçar o cabo vindo da Alemanha. Forçados à inatividade, o entusiasmo
Para as experiências de vôo, necessitavam de um cabo de borracha começou a esmorecer e com a Segunda Guerra Mundial, o Grupo de Plana-
que conseguiram da antiga sociedade de vôo. Para transportar o planador dores de Blumenau morreu. O planador que se achava no hangar foi recolhi-
até o pasto existente nos fundos da rua CeI. Feddersen, onde foi construido do pela Prefeitura de Blumenau e nada mais se soube sobre o mesmo.
um hangar e iniciados os vôos treino, foi necessário um carro especial que O Clube registrou seus Estatutos no dia II de janeiro de 1935, no
foi construido pelos sócios à noite. O direito de voar era proporcional ao [,-4, fls. 59 V.
tempo de trabalho do associado e Frisch foi o primeiro levado ao ar, con-
seguindo uma altura de 3 a 5 metros. Mais tarde foi alcançada a altura de S AUTOMOBILISMO
metros, altura normal para o tipo de planador com saidas com cabo de bor-
racha. Treinavam aos domingos, porém, em poucos meses, o cabo que era Em 1965, entusiastas do automobilismo se propuseram a realizar
.dl:. .iili.l fias ~ a elasticidade e os treinos foram suspensos. Escreve- uma competição automobilistica que contou com a participação de Luiz
3. Blumenau em Cadernos n" 1 -janeiro de 1969.
Rosa, Luiz R. Buch, Horst Ingo Passold e Frederico C. Mertens. Esta

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competição foi a primeira realizada em Blumenau, em 7 de novembro, por drama com 427,50 metros (anel externo).
ocasião da IV FAMOSC, e denominada "Uma Milha' de Arrancada". Par- Posteriormente, o DNER desapropriou uma área de setenta mil me-
ticiparam 26 carros que largaram das imediações do Posto Alameda, su- tros quadrados para dar passagem à Rodovia Blumenau-Navegantes (BR-
bindo a rua 7 de Setembro, com chegada nas imediações do Posto do 470), sendo a outra parte da área reivindicada pelo então Prefeito Dalto
Automóvel Clube. Os carros largaram de dois em dois e foi vencedor Ru- dos Reis para instalar uma central de frete. Com todos esses percalços o
bens Mohr, com um Interlagos, enquanto Menelon Claudino dos Santos, esporte automobilístico cessou suas atividades.
com um Ford Fainlane 500, foi o segundo colocado. O Automóvel Clube de Blumenau registrou seus primeiros Estatu-
A segunda competição "Uma Hora de Bluruenau" foi realizada em tos em IOde agosto de 1939, e posteriormente em 11 de maio de 1973.
16 de abril de 1967, após muitas controvérsias sobre o trajeto que foi reali- Também foram registrados em Bluruenau os Estatutos do Automó-
zado pela rua 7 de Setembro, João Pessoa, Morro da Companhia Hering, vel Clube do Estado de Santa Catarina, no Cartório de Getúlio Vieira Bra-
Hermann Hering e Floriano Peixoto (6.500 metros). Participaram 15 car- ga, em 15 de junho de 1971..
ros, na maioria estreantes, entretanto o vencedor foi um corredor profissio-
nal de Curitiba, Mário Wilson Soares.
"BELA VISTA COUNTRY CLUB"
Entusiasmados, os membros do Automóvel Clube de Blumenau de-
cidiram em 3 de setembro de 1967 realizar a prova ."Fundaçãa Cidade de O "Bela Vista Country Club" foi fundado com objetivo de propiciar
Blumenau", com a participação de corredores de outras cidades. Nesta a pessoas interessadas um clube nos moldes dos conhecidos "Country
competição, inscreveram-se mais de 20 volantes. A corrida, além de ser Clubs". Para concretizar este ideal, reuniram-se, no dia 6 de setembro de
realizada na semana dos festejos da cidade, contou também com um baile 1962, numa das salas de reuniões do Teatro "Carlos Gomes", Flávio Rosa,
de debutantes e os hotéis de Bluruenau ficaram lotados. Organizadores e Luiz Metzger, Helmuth 1. Ziehfuss, José Gonçalves, Nilton Kiesel, José
participantes da competição reuniram-se no Restaurante "Aquarium" para Luiz Ribeiro de Carvalho, João Waldir Klitzke, Heinz Hartmann, Augusti-
tratar dos detalhes. nho Schramm, Roland Schmidt e Nicolau Elói dos Santos. Indicado para
A competição foi policiada pelo I do 23° R. L, 3" Companhia do abrir os trabalhos, Flávio Rosa discorreu sobre a finalidade e objetivos da
Corpo de Bombeiros e Guarda de Trânsito, e transcorreu normalmente e reunião; forma de constituição da sociedade, que seria por cotas adquiri-
sem incidentes. das pelos sócios proprietários; aquisição de uma área de terras que com-
Entretanto, em 1968, com o grave acidente ocorrido em Joinvil1e e portasse, além da construção da sede, espaço suficientemente grande para
em outras cidades, as competições nas ruas cessaram, só podendo ser rea- desenvolver as mais diversas modalidades esportivas como O tênis, bola
lizadas em autódromos. ao cesto, voleibol, natação, futebol de salão, golfe, ginástica e outros.
Com a participação de 17 carros de todo o Vale do Itajaí, no dia 22 Após debates, foi resolvido que a denominação do clube seria "Bela Vista
de outubro de 1972 foi realizado o "I Rallye", do qual saiu vencedor Ar- Country Club", com sede e foro na cidade de Blumenau. A duração do
mando Ness, do Balneário de Carnboriúu clube seria por "tempo indeterminado, e que o seufundo social seria rep-
Apesar da área de 260.580 metros quadrados de terras adquiridas resentado por SOO (quinhentos) títulos de propriedade no valor nominal
na época para a construção do autódromo no bairro de Fortaleza, e em de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) cada um, e que ficariam fazendo
1973 Leonildo Giacomozo, topógrafo e funcionário da Prefeitura Munici- parte integral do fundo social do clube as novas emissões de títulos de
pal de Blumenau ter projetado o autódromo asfaltado com uma extensão propriedade queforem autorizadas pela Assembléia Geral dos sócios pro-
de 2.895,50 metros, incluindo boxes, cabines para transmissão, estaciona- prietários". Nessa primeira reunião, os presentes estabeleceram que o clu-
mentos, viadutos de acesso à pista, torre de cronometragem, arquibanca- be seria administrado por uma diretoria, sendo que o presidente
das cobertas, descobertas e gerais, o projeto não se viabilizou por motivos "representaria a sociedade emjuizo oufora dele, ativa e passivamente, e
financeiros, apesar de aprovado pela Confederação de Automobilismo. que os Estatutos Sociais poderiam ser modificados após agosto de 1963",
Na época também foi projetado por Leonildo Giacomozo, no inte- Também ficou estabelecido que os sócios proprietários não responderiam
rior do autódromo, um kartórírorno oficial com 835,10 metros e um veló- pelas obrigações sociais e que em caso de extinção da sociedade, o patri-

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mônio seria rateado entre os SOClOS proprietários. Flávio. Rosa, que na oca- Conselho Deliberativo contou com a participação de Wladislau Rodacki,
sião dirigia os trabalhos, solicitou aos presentes para elegerem uma direto- Percy Freytag, Walter Kaeser, Ralf Grahl, Egon Lauterjung, Guilherme
ria provisória até o dia 31 de outubro de 1962, quando seria realizada a Poemer, Telvio Maestrini, Normando B. Fa1ce, José Gonçalves, José Zie-
Assembléia Geral de Constituição do "Bela Vista Country Club". Na oca- barth e Helmuth Ziehfuss.
sião, foram eleitos por aclamação Augustinho Schramm para presidente; Assuntos de vital importãncia para o "Bela Vista Country Club" fo-
Luiz Metzger e Heinz Hartmann, vice-presidentes e João Waldir Klitzke, ram deliberados em Assembléia Geral Ordinária realizada no dia 22 de
secretário. agosto de 1963, entre eles a apresentação do ante-projeto das edificações
Na ocasião, foram traçadas as diretrizes do clube, que atualmente é do Clube por Orlando Gonçalves, que foi discutido e aprovado. Também o
um dos mais completos e aprazíveis locais de lazer do Vale do Itajaí., emblema do clube nas cores ouro, prata e preto, elaborado por Orlando
No dia 24 de outubro de 1962, com a presença de 25 (vinte e cinco) Gonçalves, foi aprovado, Nesta assembléia, itens dos Estatutos foram alte-
pessoas, sob a presidência de Flávio Rosa, foi realizada a Assembleia Ge- rados e depois registrados no Cartório de Títulos e Documentos no dia 3
ral de Constituição do "Bela Vista Country Club", convocada pela direto- de fevereiro de 1964, no Livro A-7, fls. 39 V. Em assembléia de 3 de se-
ria provisória, para discutirem, deliberarem e aprovarem os Estatutos que tembro de 1964, Luiz Metzger apresentou o histórico e valor aproximado
regeriam os destinos do clube. Flávio Rosa indicou Hans G. Sander para dos custos da construção da piscina, e no dia 9 do mesmo mês foi realiza-
relator e José Gonçalves e Telvio Maestrini para secretariar os trabalhos. da a festa do clube.
Antes dos Estatutos entrarem em discussão, foi colocada em votação a de- Os primeiros passos do clube não foram fáceis, fato que levou o
nominação do clube, sendo confirmado o nome de Bela Vista Country clube, em 1965, a lançar mão de rifas. Fatos negativos também acontece-
Club. Em seguida foram discutidos os Estatutos e o Capítulo I, com os ram, entre eles o protesto de Fritz Freytag contra a atuação autoritária da
seus três artigos, definem claramente os objetivos do clube: diretoria ao adquirir o imóvel pertencente à viúva Schapper, contrariando
exigência especial dos Estatutos, ao escriturá-lo sem aprovação da Assem-
"Capítulo I -Do clube, sua sede, seus fins. bléia Geral, careando para a sociedade pesados encargos de juros, ou seja,
Art. JO - O "Bela Vista Country Club" é uma sociedade civil, sem o equivalente a dois salários mínimos mensais. Também a Assembléia Ge-
finalidade econttmica, política ou religiosa e destina-se a congregar seus rai Ordinária realizada nas dependências do Teatro "Carlos Gomes" no dia
sócios em atividades sociais, recreativas, de cultura fiSic.a e prática dos 29 de agosto de 1975, deu margem a desentendimentos devido ao uso de
esportes amadores em geral sem competição social. procurações, culminando com a demissão, a pedido, do associado João
Art. 2° A sociedade reger-se-á pelo disposto nestes Estatutos e Rolf Wirth. As reuniões e assembléias gerais do "Bela Vista Country
pelas disposições legais em vigor. Para tal, preenche todas as exigências Club" eram realizadas nas dependências do Teatro, "Carlos Gomes" até 18
como pessoa jurídica de direito privado. de agosto de 1972, quando passaram a ser realizadas na sede campestre.
Art. 30 - A sociedade tem sede eforo na cidade de Blumenau, Esta- No dia 29 de março de 1979, em Assembléia Geral Extraordinária, foram
do de Santa Catarina, sem prazo de duração. " discutidos e aprovados os novos Estatutos, nos quais, no Art -, 94 do Capí-
tulo XIX, foi apresentado e aprovado o símbolo representativo do "Bela
Os Estatutos, depois de amplamente discutidos, aprovados e publi- Vista Country Club" nas cores ouro, prata e preto (o mesmo aprovado em
cados, foram registrados no Cartório de Títulos e Documentos de Blume- 22/08/1963), e a bandeira oficial, segundo o Art, 95, do mesmo Capítulo,
nau no dia 3 de dezembro de 1962, no Livro A-7, fls. 24 V. teria fundo branco com o símbolo do clube no centro. O atual patrimôaio
Após a aprovação dos Estatutos, foi eleita a primeira diretoria, da deve sua grandiosidade a pessoas corajosas que não titubearam, mesmo
qual faziam parte Heinz Hartmann - presidente; Nilton Kieser e Luiz sob pesadas críticas e encargos, dotar o "Bela Vista Country Club" do seu
Metzger - vice-presidentes. Para o Conselho Fiscal foram eleitos Roberto atual patrírnénío.
Baier, Eitel Meyer e Wilmar Luz como efetivos e Jan Rabe, Wolfgang Realiza, anualmente, além do "Sambhawaii" e outros eventos
Kegel e Ênio Pereira como suplentes. Para a Comissão de Sindicâacia fo- com os locais lindamente decorados, o tradicional baile "Dourado &
ram eleitos Flávio Rosa, Augustinho Schramm e Stanislau Stolarczeck. O Preto", com prêmios para o casal e bloco mais animado e para a garota

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"Dourado& Preto". a implantar os Centros de Atividades, que se estenderam a cidades com
Proporciona aos seus associados: natação, tênis, bicicross, futebol expressiva população comerciaria. O primeiro Centro de Atividades de
suiço, jogging, bocha, ginástica feminina, etc., promovendo grandes com- Santa Catarina começou a funcionar em 1959 (Florianópolis), na Praça da
petições esportivas e festejos, inclusive para os filhos dos associados. Bandeira, no edificio construido em condominio com o SENAC, que abri-
gou a Administração Regional até 1974, quando passou para outro edificjo
SESC na Rua Felipe Schmidt, permanecendo no antigo prédio as instalações do
Centro de Atividades.
o Serviço Social do Comércio foi criado pelo Decreto na 9.853, as- O Departamento Regional de Santa Catarina incentiva os esportes.
sinado pelo Presidente da República Eurico Gaspar Outra, e começou a Das quadras do SESC sairam atletas que integraram seleções estaduais, e
funcionar no Brasil no dia 13 de setembro de 1946, instituido por um gru- árbitros de várias modalidades esportivas, formados em cursos realizados
po de comerciantes encabeçado por João Daudt de Oliveira. pela entidade, integram quadros oficiais de Federações Estaduais. O judô é
O SESC iniciou suas atividades prestando assistência médica, praticado por adultos, adolescentes e crianças desde os dez anos. O futebol
odontológica e natalidade, serviços que posteriormente foram desativados de salão é incentivado e a bocha e o bolão funcionam devido a influência
por trabalharem paralelamente ao lAPC, e as Delegacias de atendimento dos colonizadores europeus. A ioga é praticada, e o futebol, voleibol e
se reestruturaram em Centros de Atividades. basquete são orientados por técnicos e acadêmicos da Escola Superior de
O Departamento Nacional do SESC, em 1974, lançou uma nova Educação Fisica, com atendimento médico aos participantes da área espor-
edição das "Normas Gerais para Aplicação de Diretrizes Gerais de Açân", tiva. Em alguns Centros de Atividades funcionam programas para crianças
complementando as anteriores. Englobam as Diretrizes Gerais de Ação: em idade pré-escolar. O curso para formação de chefes bandeirantes, reali-
Ação Executiva (Normas Gerais para a Ação Administrativa e Normas zado em 1959, sob a égide do Regional do SESC, permitiu que no Dia
Gerais para a Ação Técnica); AÇfu Programática (Normas Gerais para os Mundial do Pensamento (22/02/1960) se iniciasse o bandeirantismo, que
Campos Prioritários) e Atividades Contingenciais, que foram um roteiro foi incluido como atividade complementar. . Em setembro de 1960, foi or-
seguro' para dirigentes e técnicos do SESC desenvolverem os trabalhos da ganizado acampamento para chefes bandeirantes na sede campestre do
instituição. SESC em Blumenau. O SESC também incluiu nas suas atividades o esco-
No dia 29 de setembro de 1948, com Charles Edgar Moritz presi- tismo. Em todas as unidades operacionais do SESC em Santa Catarina
dindo o primeiro Conselho Regional, foi criado o SESC em Santa Catari- funcionam bibliotecas.
na para prestar assistência médica e odontológica aos comerciáaos, Joinvil1e foi a primeira cidade do interior beneficiada pelo SESC,
através do Departamento Regional dirigido por Flávio Ferrari. Inicialmen- iniciando suas atividades no dia IOde setembro de 1949. Seguiram-se: La-
te restrito à capital, sob a forma de Delegacias, estendeu-se a diversas CI- guna (30/1-0/1949); São Francisco do Sul (02/0 1/1950), Itajaí
dades do estado, transformando-se, a partir de 1961, em Centros de (18/1-2/1958); Lages (24/01/1959); Criciúma e Tubarão em fevereiro de
Atividades. 1973 e Brusque em 17 de janeiro de 1975.
Os primeiros objetivos da entidade, na época, foram orientados Em Blumenau o SESC foi criado no dia 4 de junho de 1950, para
para melhorar o padrão de vida dos cornerciários, que recebiam auxilios "prestar assistência médica em geral aos comerciários, além de assistên-
especiais como assistência alimentar e farmacêutica. e ainda atividades cia à maternidade e à infância, inclusive pediatria, assistência odontoló-
educacionais, recreação e férias coletivas. O SESC também contava com gica e atividades de grupo: esportivas, de aprendizagem, recreativas e
serviços médicos preventivos, principalmente contra a tuberculose. Presta- comunitárias", A instalação aconteceu após a aquisição do imóvel que
va serviços de proteção à maternidade e à infância, inclusive através de permitiu inclusive a execução de programas de bandeirantismo e escotis-
convênios com instituições especializadas. Os comerciáaos também dis- mo. Em fevereiro de 1960, o levantamento realizado em Blumenau culmi-
punham de serviços auxiliares (exames laboratoriais, radiológicos, servi- nou com a elaboração de um projeto para instalar um Centro de
ços odontológicos e atendimento de enfermagem). Atividades. Em agosto iniciaram-se cursos de corte e costura, o funciona-
Com as mudanças de açãn da entidade, o SESC começou em 1959 mento de uma biblioteca e jogos de salão. A recreação infantil teve inicio

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em dezembro. Em 1961, o Conselbo Regional autorizou a aquisição do SESI
imóvel onde já estava instalado o Centro de Atividades, na rua Dr.. Ama-
deu Luz n" 165. O Centro de Atividades de Blumenau destaca-se na área O Serviço Social da Indústria foi criado no dia I ° de julbo de 1946,
artístico-cultural devido à valorização da cultura, que se reflete na classe durante a sessão extraordinária do Conselbo de Representantes da Confe-
comerciária. Por essa razão, em fins de 1966, constituiu-se o coral, desen- deração Nacional da Indústria, após Euvaldo Lodi, presidente efetivo da
volveram-se os serviços de biblioteca (que começou a funcionar no início entidade, assumir a direção dos trabalbos e informar ao Conselbo de Rep-
de 1967), discoteca e cinema. Na área artística funciona o projeto ARTE- resentantes da "promulgação do Decreto-Lei n" 9.403, de 25 dejunho de
SESC, com Filmoteca e Videoteca com mostras de filmes. Funcionam 1946, que atribuiu à Confederação o encargo de criar, organizar e dirigir
cursos de pintura, música e outras atividades dentro das expressões artísti- o Serviço Social da Indústria, com afinalidade de prestar assistência so-
cas. São ministrados cursos de decoração e artesanato (crochê, tricô, cos- eial aos trabalhadores das atividades produtoras e assemelhadas em todo
tura e, outros); cursos domésticos e programas de saúde. O projeto opaís". Euvaldo Lodi explicou que o Decreto-Lei n09,403 resultou de um
SESCIENCIA é incentivado. Promove exposições dos trabalbos realiza- pedido feito ao governo Federal pelas classes industriais, que se compro-
meteram a criar o SESI, nos moldes do SENAI, que tem prestado ótimos
dos.
Blumenau é destaque na área de lazer, pois possui o único Centro serviços em.favor da mão-de-obra do país. Euvaldo Lodi leu o documento,
Campestre que o Departamento Regional mantém no interior do Estado, e datado de 9 de maio de 1946, que as federações industriais subscreveram
que foi inaugurado em 30 de outubro de 1967, com instalações para uso sobre a necessidade da criação do SESI.. Os presidentes de federações fo-
em fins de semana. O terreno do Centro Campestre, situado em local apra- ram unânimes em afirmar que o assunto era de natureza relevante e urgen-
te, devido a situação anormal de após-guerra.
zível, com bosque e riacho, situado a doze quilômetros do centro da cida-
de, foi adquirido pelo Regional em 1959 e construído com a colaboração O SESI foi criado por unanimidade pelo plenário, em votação no-
do Departamento Nacional.. O Centro foi equipado preservando os recur- minal, seguido de uma entusiástica salva de palmas. Na ocasião, as classes
sos naturais para recreação sadia. O parque infantil possui pista de patina- industriais foram parabenizadas com a criação do SESI, criação que o Go-
ção, quadra de areia, gramado e piscina infantil.. Para a prática esportiva, verno Federal confinou ao órgão máximo das atividades produtoras, fato
possui pistas de bolão, quadras para futebol de salão, voleibol, basquete, que se deve ao espírito público do Presidente da República, General Euri-
co Gaspar Dutra, e a atuação do Ministro do Trabalho, Indústria e Comér-
canchas de bocha e outros.
No dia 24 de novembro de 1989, foi inaugurado o campo de futebol cio, Octaoílio Negrão de Lima. Na mesma sessão foi discutido o projeto
suíço e a piscina. Possui alojamentos com beliches e, mesmo antes da do Regulamento, que foi aprovado por unanimidade e, em seguida, sub-
inauguração, o Centro Campestre era utilizado pelos comerciários para a metido à consideração do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio. O
Regulamento do Serviço Social da Indústria' foi aprovado pelo Decreto n?
prática de esportes. Em 1990, o Centro Campestre passou a funcionar
57.375, de 2 de dezembro de 1969.
como Colônia de Férias. O Centro Campestre, localizado na Estrada Santa
Catarina na 23, é incentivado pelo Conselbo de Representantes de Funeio- O SESI, instalado inicialmente em São Paulo, acompanhou a ex-
pansão industrial brasileira e sua área de atuação estendeu-se por todos os
nários de Firmas Comerciais.
Funcionam no SESC em Blumenau: Jardim de Infância, Comple- Estados, com Departamentos Regionais e unidades operacionais integra-
mentação Escolar, Cursos Supletivos 10 e 20 Grau, Pré-Vestibular, Alfabe- das aos Centros de Atividades em municípios brasileiros.
tização de Jovens e Adultos, Aulas de Ginástica e Grupos Sociais (jovens, "O SESI é uma entidade de direito privado, mantida pelos empre-
sários brasileiros." O SESI objetiva - "garantir a manutenção da paz so-
adultos e idosos).
cial e o progresso harmõnico do País, prestar serviços voltados para o
O SESC é mantido pelos comerciantes, que pagam 1,5% sobre o to-
bem-estar de seus usuários - os trabalhadores da indústria, dos transpor-
tal da folba de pagamento.
Desde 1988, promove a eleição da Rainha dos Comerciários. tes, das comunicações e da pesca e seus dependentes ".
As atividades do SESI são orientadas para a valorização da pessoa
humana do industriário e seus dependentes, atuando nas áreas de Educa-

173
ção, Saúde, Lazer, Serviço Social, Cooperação e Assistência. cheiras, que são orientadas por assistentes SOCIaIS, enfermeiras, dentistas e
Em Santa Catarina, instalou-se em 1948 o primeiro posto de abas- visitadoras sociais, enquanto as mães trabalham. O programa funciona em
tecimento na região carbonífera para os mineiros adquirirem gêneros ali- convênio com indústrias que empregam mão-de-obra feminina.
mentícios a preços reduzidos. Em 1951, foi criado pelo empresariado A área da saúde prioriza a prevenção no âmbito da medicina e da
catarinense, através da Federação das Indústrias de Santa Catarina, o De- odontologia. O programa de saúde é desenvolvido pelos agentes de saúde,
partamento Regional do SESI, que amplia seus trabalhos atuando na área consistindo em atividades educativas, promoção de medidas preventivas e
da Educação, Saúde, Educação Física e Desportos, Serviço Social, Assis- organização das comunidades operárias no combate à insalubridade. A
tência Alimentar e Farmacêutico. O SESI é administrado por um Conselho medicina preventiva, realiza censos visuais e tensiométricos, propicia à
Regional integrado por industriais, um representante do Ministério do Tra- mulher operária exame preventivo do câncer ginecológico e outros, detec-
balho e um diretor regional.. O presidente da FIESC é o diretor nato do tando precocemente doenças e encaminhando os usuários para o devido
Departamento Regional do SESI, que apresenta relatórios em reuniões pe- tratamento.
riódicas do Conselho. O superintendente regional é o seu colaborador di- O setor de serviços auxiliares de diagnóstico e tratamento com-
reto e responde pela execução das ações. preende exames laboratoriais e serviço de tomografia computadorizada se-
Centros de Atividades e Centros Esportivos são unidades operacjo- diado em Blumenau. Este equipamento é de uso conveniado com a rede
nais do SESI e resultam do esforço conjunto da instituição e Comunidade. hospitalar.
Para a conquista de melhores níveis de vida, o SESI atua no campo A ação odontológica preventiva desenvolve-se tanto nas unidades
da Educação não formal, desenvolvendo cursos semi-profissionalizantes e fixas dos Centros de Atividades do SESI bem como, nas unidades móveis
cursos rápidos de trabalhos manuais (corte e costura, modelagem, bordado que fazem o censo bucal, aplicação tópica de flúor, promovem campanhas
a máquina, cabelereiros, manicure e outros), que contribuem para a me- educativas e higiene oral, principalmente junto às escolas da entidade. As
lhoria da renda familiar .. O SESI mantém serviço de barbearia e cabelerei- unidades móveis também vão às empresas, economizando tempo e dinhei-
ros nos Centros de Atividades para os usuanos. O SESI também propicia ro para o operário, além de garantir a eficiência e a continuidade do trata-
cursos informativos de educação alimentar, horticultura, atualização da mento. O SESI também se preocupa com a higiene e segurança do
mulher, preparação de gestantes, culinária e prevenção contra a AIDS. As trabalho, assessora empresas, realiza debates sobre temas os mais diversos
atividades culturais estão ao alcance-do trabalhador através de cursos In- e distribui impressos técnicos e educativos para as indústrias.
tensivos de teatro, Grupos de teatro formados em decorrência dos cursos "0 Serviço Social do SESI desenvolve atividades de assessoria,
se apresentam nos bairros operários, empresas e comunidades. Os cursos planejamenio, consultaria e orientação dentro de uma visão de globa-
de formação musioal, banda infantil e corais infantis e de adultos são ativi- lidade do homem, procurando atender suas necessidades, aspirações e
dades muito procuradas. Os festivais de dança, iniciados em 1983 com expectativas através de suas áreas de atuação: serviço social do traba-
nove entidades, reúnem participantes de 4 a 20 anos de todo o Estado e lho, serviço social junto aos demais campos e serviço social de comu-
que apresentam balé, dança moderna, jazz e danças folclóricas. Vários nidade."
Centros de Atividades já contam com bibliotecas cujo acervo se dirige à A presença de assistentes SOCIaIS nas empresas é marcante. Além de
clientela de 10,e 2° graus. Há também literatura adulta e um sistema de ro- desenvolver programas específicos, divulgam os serviços oferecidos ela-
dízio de livros para as empresas. boram pesquisas e buscas, visando a prestação de novos serviços pela enti-
O programa de desenvolvimento infantil atende filhos de trabalha- dade. Assistentes SOCIaIS também assessoram os coordenadores dos
dores na faixa dos 3 aos 6 anos de idade. Oferece a educação pré-escolar Centros de Atividades, as equipes executoras dos projetos e interligam as
empregando o método psico-genético de Jean Piaget .. Os participantes são demais áreas técnicas em ações integradas.
atendidos por equipe multi-disciplinar que inclui pedagogos, assistentes O SESI proporciona lazer à familia operária, colocando profissio-
sociais, recreadores e merendeiras. O projeto é complementado por assis- nais especializados à disposição da clientela em todos os Centros de Ativi-
tência odontológica e merenda. No programa de creches domiciliares para dades. Na prática desportiva, o operário mantém sua forma física e saúde
crianças ' de 3 meses a 3 anos, as crianças ficam sob os cuidados das cre- participando da Olimpíada de Confraternização Sesiana, certame compos-

175
to por campeonatos municipais em quase todas as modalidades esportivas. Numa área de 440 mil metros quadrados, com água de cachoeira da
Há programação de campeonatos, torneios e jogos adultos, além de pro- própria reserva e um poço artesiano com capacidade de sete mil litros de
moções especiais como "windsurf" e competições ciclísticas a nível muni- água por hora, com tratamento próprio, sem qualquer poluição, foi cons-
cipal, regional e estadual.. No campo de ensino estimula-se o crescimento truído o Centro Esportivo "Bernardo Wolfgang Werner".
esportivo da população infantil, dependentes dos usuários, através de cur- O complexo esportivo, com uma área coberta de duzentos mil me-
sos de iniciação esportiva. Grupos esportivos são formados entre os operá- tros quadrados, levou treze anos para ser concluído, período em que con-
rios que desejam exercitar-se. No SESI há promoções para toda a família tou com Bernardo Wolfgang Werner na presidência da FIESC e na
(pique-niques, excursões, campismo, etc.). Nos últimos anos, o SESI vem direção do SESI de Santa Catarina. Foi inaugurado em julho de 1986.
ampliando suas instalações, buscando oferecer ainda mais lazer para os O Centro Esportivo possui campo de futebol (tamanho oficial),
usuários. com arquibancada coberta para seis mil pessoas sentadas, e campo de fute-
A rede de supermercados do SESI trabalha com preços reduzidos, bol suíço, ambos iluminados; cinco quadras polivalentes; duas quadras de
contribuindo para a melhoria do padrão de vida do operário e sua família. voleibol; pista externa de atletismo; pista interna coberta para "cooper"
Uma grande infra-estrutura nas centrais de administração e distribuição re- com 400 metros de extensão; cinco piscinas: duas para crianças e três para
gionais propicia aos supermercados maior agilidade para atingir seus obje- adultos (uma térmica interna, outra externa de lazer com 25 x 50 metros e
tivos. 1,20 de profundidade e ainda uma redonda com 15 metros de diâmetro).
As cozinhas industriais do SESI trabalham 24 horas por dia, com As águas são examinadas pelo IPT da FURB com freqüência, Funciona
equipamentos modernos e rigorosos cuidados higiênicos, garantindo boa uma escolinha de natação. Possui quatm pistas de bolão com levantador
nutrição e saúde para o operariado. de pinos automático, local para futebol de salão e salas para exercícios de
A rede de farmácias do SESI também oferece preços mais acessí- dança, "jazz", aeróbica, ginástica localizada, patinação e musculação (com
veis ao operariado. Este serviço só é prestado junto aos supermercados, todo o equipamento), tudo regido e supervisionado por professores de
sede própria e centro de indústrias. O operário conta com a possibilidade Educação Física.
do desconto em folha mediante convênio do SESI e empresa. Uma estru- Os ginásios perfazem uma área coberta de 25 mil metros quadra-
tura de compras e distribuição possibilita e qualifica o trabalho das farmá- dos, sendo o maior vão livre coberto em toda a América do Sul. A arqui-
cias do SESI.. bancada interna do ginásio abriga quatro mil pessoas ..
Segundo programação de âm'bito nacional, o SESI de Santa Catari- Funciona sauna úmida e seca, hidromassagem, fomo de Bir, jatos
na realiza anualmente as campanhas - Operário Padrão e Talento Brasilei- d'água, massagem, área de repouso e bar dentro da sauna. possui um audi-
ro, que premiam o trabalho e a criatividade, estimulando a produtividade e tório para 200 pessoas e outro para 50; um salão de festas para 800 pes-
o desenvolvimento de tecnologia nacional.. soas; alojamento para 166 pessoas que já abrigou mais de 600, em grandes
Em Blumenau, o SESI (juntamente com Brusque e Itajaí). iniciou eventos (olimpíadas); três bares com funcionamento de restaurante; uma
suas atividades em 1953, com apresentações de filmes educativos, recrea- churrasqueira para 500 pessoas e estacionamento para 600 veículos. Com-
tivos e a distribuição da Revista Sesinho (470 exemplares por mês). Na pleta o complexo um lago com peixes com 10 x 70 metros. Operam na
área da saúde, foi implantada a Medicina Preventiva, com exames de cân- manutenção do SESI, entre professores, administração e serventes, 38 pes-
e
cer e sífilis realizado o censo torácico. Também foi implantado o atendi- soas.
mento odontológico. Foram oferecidos oito cursos de corte e costura e "Afinalidade do Centro Esportivo é desenvolver atividades es-
empresas foram atendidas nos esportes (torneios de futebol de campo, portivas e recreativas junto aos trabalhadores das indústrias, dos
campeonatos de voleibol, jogos de salão, basquete, bolão, xadrez e ping- transportes, das comunicações, da pesca e seus dependentes. visando
pong). O Serviço Social fez visitas, realizou entrevistas, prestou informa- despertar o interesse pela prática de atividades .fisicas e promover o
ções e providenciou encaminhamentos. Posteriormente, os usuários do bem-estar social. /I
SESI de Blurnenau passaram a contar com os mesmos serviços oferecidos
pelo SESI em Santa Catarina.

'176 177
GUARNIÇÕES MILITARES veio com Guarnição Militar para Blumenau", conforme o jornal o "Dia",
de Florianópolis, anunciou no começo do ano de 1909. Segundo o jornal,
o 20° Batalhão de Infantaria, sediado em Aracaju, no estado de Sergipe,
o povo germânico, sobejamente conhecido pela sua força militar e
será transferido para Blumenau, ficando apenas, a 4" Companhia em Ara-
econôrnica, ao emigrar, não perdeu esses atributos, fato comprovado quan-
caju. As demais formaram o 55° Batalhão de Caçadores que será sediado
do na Guerra do Paraguai, sem nacionalidade brasileira, os alemães segui-
em Blumenau. Para o comando, foi nomeado o Coronel Crispim Ferreira,
ram orgulhosos para defenderem a pátria adotiva.
sendo designado como seu ajudante o Capitão Valgas Neves. O batalhão
Na revolução federalista (maragatos) de 1893, os blumenauenses
chegou ao Rio no começo de março de 1909, para em seguida viajar para
também demonstraram do que são capazes para defender seus ideais de
Blumenau. Na ocasião, o jornal "Der Urwalsbote" comentou que causava
vida, quando formaram o "Batalhão de Cívicos", e que não hesitaram em
estranheza a falta de comunicação às autoridades locais, pois até o dia 13
pegar em armas e entrincheirar-se nas encostas do Morro do Aipim e pôr
de março de 1909, as mesmas não tinham recebido qualquer comunicação
em fuga os que pretendiam ocupar a cidade, enquanto seus lideres estavam
a respeito e em face disto, nenhuma providência havia sido tomada para o
viajando para o Desterro.
alojamento da tropa. Na época, o "Blumenauer Zeitung" de 27 de feverei-
Para os blumenauenses que foram presos e que tiveram suas, casas
ro do mesmo ano noticiou: "O Ministro da Guerra pediu informações ao
depredadas e saqueadas e que viram os maragatos atravessarem Blumenau
Governador do Estado sobre se em Blumenau há acomodações para 055°
para chegarem ao porto de Itajaí, tendo no seu encalço as tropas governa-
Batalhão de caçadores", O Governador, por sua vez, transmitiu o pedido a
mentais, a preocupação era constante.
Peter Christiam Feddersen (e não ao Superintendente). "O Batalhão está
Em 1908, preocupados com a segurança do berço dos seus de-
no Rio, pronto para seguir para cá", A consulta não foi formulada ao Su-
scendentes, ou evitar o êxodo dos jovens, resolveram fundar um "Tiro
perintendente porque as relações politicas entre o Governo de Gustavo Ri-
Brasileiro", embrião dos posteriores - "Tiro de Guerra". Para concretizar o
chard e Alwin Schrader não eram muito cordiais, e o Governador preferiu
fato a diretoria da Sociedade de Atiradores de Blumenau convidou todas
entender-se com o chefe político Feddersen. No dia 20 de março, sábado,
as sociedades de atiradores de Blumenau para uma reunião que seria reali-
chegou a Blumenau, vindo do Rio, o Coronel Crispim Ferreira, Coman-
zada na Sociedade de Atiradores de Blumenau, no dia 27 de setembro de
dante do 55° Batalhão de Caçadores. Vieram em sua companhia o Capitão
1908, conforme anúncio publicado no "Der Urwaldsbote" de 15 de agosto
Vidal Cardoso, Tenente Nascimento e o Dr. Victor Konder,' de Itajaí, que
do mesmo ano. Na manhã de 27 de setembro, reuniram-se na sede da So-
foram recebidos festivamente "embora sem o costumeiro espocar defo-
ciedade de Atiradores de Blumenau, representantes de doze sociedades de
guetes, nem o trombetear das bandas de música" pelas autoridades locais,
atiradores do municipio. Exposto o assunto, os promotores da reunião la-
representantes do comércio e indústria e várias personalidades de destaque
mentaram não terem chegado do Rio de Janeiro as instruções para a fun-
na polítioa e sociedade, a bordo do vapor, sendo acompanhados até o Ho-
dação, nem a resposta a uma consulta formulada quanto à forma de
tel Holetz, onde se hospedaram. No domingo, os militares, acompanhados
organização e atividade da corporação, bem como dos direitos e vantagens
do Juiz de Direito, Dr. Ayres de Albuquerque Gama, do Superintendente
dos sócios, principalmente quanto ao serviço militar e oportunidade de ob-
Alwin Schrader, Feddersen e outras personalidades de destaque, visitaram
tenção da carta de reservista, depois de um periodo de instrução, exerci-
vários locai" da cidade, para escolher um terreno apropriado para a cons-
cios e exames e que seriam prestados perante as autoridades militares.
trução do quartel e ver algumas casas, para alojar o batalhão e a ofiçjalida-
Apesar de todos concordarem quanto à necessidade da fundação do
de e suas famílias, ficando estabelecido que seriam aquartelados, ou no
"Tiro", o fato não se concretizou, porém, foi aberta uma lista de inscrição
Barracão dos Imigrantes, que ainda existia na entrada da atual, Alameda
dos associados e outra dos jovens que estavam dispostos a formar o "Tiro
Duque de Caxias, ou no edificio da própria Câmara Municipal.. A noite, os
Nacional", com o nome do associado, idade, profissão, residência, lugar
visitantes partioipararn da festa realizada pela Associação Ginástica Blu-
de nascimento, estado civil e o nome dos pais. Os presentes resolveram
menau. Na ocasião, o Coronel Crispim Ferreira se manifestou sobre a ne-
aguardar as informações solicitadas às autoridades militares do Rio para
cessidade da prática da ginástica para a formação fisica e moral do
convocarem uma nova reunião e deliberação definitiva. A resposta do Rio
individuo, tecendo palavras elogiosas sobre a associação. Na segunda-fei-_

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ra, os oficiais, a convite do engenheiro Scheffler, representante da Estrada este será um QÍtimo negócio para' o Municipio, que por este preço recebe-
de Ferro Santa Catarina (que só seria oficialmente inaugurada em maio), ria o imóvel quase graciosamente, pois osjuros do empréstimo não ultra-
fizeram uma viagem de trem até a localidade de Use, acima de Warnow. passariam os R§. 1:200$000 anuais, e por tal quantia não existe casa
Na terça-feira, visitaram as autoridades locais e pessoas influentes da cida- para alugar. O Coronel Crispim. Ferreira, em sua viagem ao Rio, prontifi-
de, bem como os jornais locais "Blumenauer Zeitung" e "Der Urwalsbo- cou-se a apoiarjunto ao Governo Federal aproposta do Municíli.io".
te". O Coronel Crispim Ferreira e comitiva marcaram o seu regresso para O 55° Batalhão de Caçadores embarcou no Rio de Janeiro no pa-
o dia 25 de março, seguindo de vapor para ltajaí, levando as melhores im- quete "Orion", com destino a Itajai.. Ao deixar o porto de São Francisco,
pressões que foram externadas aos que os acompanharam até à bordo do em que escalara, o "Orion" perdeu uma das hélices ao ser batido por forte
vapor "Blumenau". temporal, obrigando-o a retornar ao porto de São Francisco. O batalhão foi
Segundo o "Der Urwalsbote" de 24 de março de 1909, a designação transferido para o vapor "Iris", chegando a Itajai às 12 horas do dia 29 de
da cidade de Blumenau para sediar um Batalhão de Caçadores apresentou- abril- Em seguida, o batalhão passou para bordo dos vapores "Progresso" e
se como um sério problema para a administração municipal, devido ao "Blurnenau" e para as lanchas reboque, seguindo para Blumenau às 2:30
alojamento da tropa. Na ocasião, por proposta do Presidente da Câmara, horas- da tarde. Os militares chegaram em duas levas, com intervalos de
Louis Altenburg, a Câmara aprovou a seguinte Resolução n'' 48: pouco mais de uma hora entre uma e outra. A primeira, , puxada pelo vapor
"O Conselho Municipal de Blumenau decreta: Blurnenau com suas lanchas-reboque, a segunda, pelo vapor Progresso,
Art. 10 - Fica autorizado o Superintendente a contrair um emprésti- mais lenta e também rebocando uma lancha. Segundo o "Blumenauer Zei-
mo na importância de 20:000$000 (vinte contos de réis) em condições tung" "Noporto reuniram-se para. receber os militares, as autoridades e
mais favoráveis passiveis para adquirir do governo Federal o terreno e grande massa popular, que aguardava com intensa curiosidade e entu-
edificio em que funciona atualmente a administração municipal.. siasmo a chegada do vapor". Pouco depois das oito horas da noite, o va-
Art .. - Revogam-se as disposições em contrário. por Blumenau apontou na curva do rio, soltando apitos estridentes, sendo
Sala das Sessões do Conselho Municipal de Blumenau, em 22 de recebido sob intenso espoucar de foguetes, vivas. e hurras. Os vapores atra-
março de 1909. Louis Altenburg, Pedro Schrnitt, Heinrich Reif, Johaun caram no cais do jardim (atual praça "Governador Hercilio Luz), trazendo
Hennings, Otto Hidlmeyer. Heinrich Wichmann, Eugên Fouquet, Carl 00- para Blumenau o 55° Batalhão de Caçadores com trinta músicos e dezoito
row, Cad Meyer.. oficiais, ao todo 125 homens entre soldados e graduados. A banda Werner
Eu, abaixo assinado, Superintendente Municipal de Blumenau, san- tocou o Hino Nacional e a banda do Batalhão, ainda a bordo, tocou o Hino
biono e mando que se execute a presente resolução MunicipaL .. da Prússia. O Comandante Crispirn Ferreira, depois de ter sido saudado
Blumenau, 23 de março de 1909. (ass.) Alwin Schrader" em nome da mocidade por uma escolar que lhe ofereceu um lindo ramo de
Para esclarecer a resolução aprovada pela Câmara, o jornal publi- rosas, formou-se o cortejo com os soldados à frente, até a Câmara Munici-
cou ainda o seguinte: "O ediflcio ondefunciona a Câmara se acha instala- pal, onde o Juiz de Direito, Dr.. Ayres Gama, saudou o Comandante, ofi-
da a Coletoria Estadual e se realizam as audiências e sessões do júri, eiais e soldados. O Comandante agradeceu de improviso a afetuosa
pertence ao Governo Federal, que antigamente até cobrava aluguel das recepção. Em seguida, os soldados marcharam para o quartel provisório na
várias repartições. Atualinente.: quando uma unidade do exército é desta- "Gespensterstrasse", atual rua Ângelo Dias, O "Bluruenauer , Zeitung" ter-
cada para Blumenau, há possibilidade do Governo Federal solicitar a mina a descrição da chegada do 55° Batalhão de Caçadores com as, seguin-
propriedade para alojar o Batalhão, e a Câmara teria que alugar uma tes palavras: "Pois Blumenau está transformada em sede de uma
propriedade. Por menos de 40 a 50 contos de réis não se consegue com- guarnição do Exército e o memorável 29 de abril' de 1909, daqui por
prar ou construir um prédio adequado. Para construir uma sala de au- diante, estará presente nas páginas da história de Blumenau. E Deus
diênçias para o Juízo ou alugar um prédio, seria dificil, ou então o abençoe a nossa cidade e o nosso Municipio!".
aluguel seria muito caro. Além disso, haveria o inconveniente de as várias No dia seguinte à sua chegada, o Comandante, Tenente-Coronel
repartições ficarem dispersas. Por isso a Câmara resolveu comprar o pré- Crispirn Ferreira publicou no "Der Urwalsbote" de 5 de maio de 1909, a
dio em que está funcionando. Se o Governo concordar com a proposta seguinte mensagem: ''AO POVO BLUMENAUENSE - O 55 Batalhão de
0

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Caçadores agradece a rara, entusiástica efidalga recepção que teve ao dessa unidade do exército em Blumenau foi curta, apesar da integração,
chegar a essa Cidade e apresenta à sociedade de Blumenau os seus me- inclusive pelo casamento, com famílias blumenauenses. Em 1910, houve
lhores cumprimentos, hipotecando desde já, do Comandante ao último um levante na esquadra do Rio de Janeiro e o 55° B, C. foi recolhido para
soldado, sua leal cooperação para que o novo elemento em' nada venha participar do combate aos marujos sublevados.
perturbar os sãos costumes do honesto, ordeiro e laborioso Povo Blume- No governo de Paul Zimmermann, veio estacionar em Blumenau a
nauense. Em JO de maio de 1909. (ass.) Tte. CeI. Crispim Ferreira - Co- a
9 Companhia de Metralhadoras Pesadas, em substituição ao 55° B. C.,
mandante do 550 B. c.". que vinha guarnecendo a cidade. A 9a Companhia de Metralhadoras deslo-
No dia 3 de maio de 1909 (feriado), à noite, os blumenauenses pro- cou-se para São Paulo e Paraná para participar da campanha contra os re-
moveram um baile em homenagem aos oficiais do 55° B. C., nó salão do volucionários, onde permaneceu II meses, voltando novamente para
Teatro "Frohsinn", oportunizando aos oficiais e suas famílias de introdu- Blumenau. Em janeiro de 1928, transferiu-se definitivamente para o Rio
zir-se na sociedade blumenauense e fazer amizades. Abrilhantaram o Grande do Sul,
evento as bandas de música do batalhão e "Werner". O baile durou até al- Blumenau sediou pela terceira vez uma unidade militar, e desta vez
tas horas da noite, num ambiente alegre e harmonioso, deixando todos sa- definitivamente, quando no dia 11 de abril de 1939, chegou a Blumenau o
tisfeitos. Segundo jornais da época, foi um baile onde as damas se 32° B. C., sob o comando do Major Nilo Guerreiro Lima. Para recepcionar
apresentaram com trajes que mereceram os comentários mais elogiosos. A o 32° B. C., foi organizada uma programação com início às 15:30 horas,
oficialidade do 55° B. C. era a seguinte: Comandante, Tenente-Coronel com a chegada do 32° B. C. à Praça "Carlos Gomes", onde estavam for-
Crispim Ferreira; Major Fiscal, Leitão da Silva; Capitão Ajudante, Valgas mados os colégios, escoteiros, reservistas, sociedades desportivas, autori-
Neves; Capitão Joaquim Câmara, Chefe da la Cia.; Primeiro Tenente Tra- dades e povo. O Prefeito Municipal proferiu o discurso de saudações em
jano Ferraz, Chefe da 2a Cia.; Primeiro, Tenente Vital Cardoso, Chefe da nome da cidade. Em seguida, foi cantado o Hino Nacional pelas escolas e
3a Cia.; Segundo Tenente Guasque, Secretário; Segundo Tenente Dias da povo, acompanhados da Banda de Música do 32° B. C .. Em seguida, hou-
Rocha, Quartel-Mestre; e os segundos Tenentes, Alcebíades Brasil e ve o desfile pela rua XV de Novembro, em demanda do respectivo quartel
Enéas Brasil.. E no mesmo mês, o "Der Urwalsbote" anunciou para domin- na Sociedade de Atiradores. O desfile foi precedido por companhias de
go, dia 9 de maio de 1909, uma retreta no jardim público das 4 às 6 horas motocicletas e ciclistas. Às 16 horas, o edificio da Sociedade de Atirado-
da tarde. res, quartel provisório do 32° B. C. foi visitado pelas autoridades e povo,
Em virtude da Lei n" 1860, de 4 de janeiro de 1908, autorizando o usando da palavra o Comandante do Batalhão e um orador em nome da
alistamento de voluntários no exército, o 55° Batalhão de Caçadores fez as população. Às 21 horas, a oficialidade do 32° B, C. foi recepcionada com
necessanas publicações, tendo se apresentado imediatamente 27 jovens baile e uma taça de champanhe oferecida pelo Prefeito Municipal nos sa-
das melhores famílias blumenauenses, e que foram os primeiros voluntá- lões do Clube Náutico América.
rios desse regime em todo o Brasil.. Esses voluntários foram incorporados O 32° B, C. acantonou-se na Sociedade de Atiradores (administra-
ao batalhão de manobras, em "Ordem do Dia" de 23 de outubro de 1909, a
ção, 1" e 2 Cia. e P. E.) e Associação ginástica Blumenau (C.M.B.), de-
visto terem sido aprovados no exame prévio, a que foram submetidos, in- pois pavilhão do rancho.
clusive de saúde e depois de competentemente juramentados. Esses jovens Em 1939, com programação esportiva, poesias, Hino à Bandeira,
eram: Gustav Feddersen e Max Feddersen, filhos de Peter Christian Fed- Hino Nacional e desfile pela rua XV de Novembro e rua das Palmeiras, foi
dersen, Oswald Hindlmeyer, Reinhold Liesenberg, Carl Liesenberg, Louis comemorado no dia 19 de novembro o Dia do Reservista. Foram convida-
Rischbieter, Rodolph von Altrock, Friedrich Rabe, Julius Baumgarten, dos para participarem da programação os Escoteiros, as Bandeirantes, o
José da Cunha Silveira, Joseph Metzger, Otto Lueders, Hermann Lueders, Colégio Santo Antônio, Sagrada-Família, Pedro II e Grupos Escolares do
Adolph Schultz, João Pacheco, Julius Strobel, Hermann Hoennicke, Ru- município. Desfilaram também 032° B, C. e o Tiro de Guerra.
dolph Damm, Manoel Leão dos Anjos, Rodolph Guenther, Franz Weh- Em 1940, Blumenau já contava com local adequado para instalar a
muth, Hellmuth Gropp, Leopold Mahnke, Louis Mahnke, Johann guarnição militar, pois no dia 24 de maio do mesmo ano, dia da Batalha de
Brueckheimer, Felix Louis Riedel e Heinrich Lueders. A permanência Tuyuty, foi inaugurado sob o comando de Floriano Lima Brayner, no Gar-

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cia, o Quartel do 32° B. C., com a presença de autoridades e pessoas espe- neiras e Lea Grossenbacher, secretárias da Cruz Vermelha, Dr, Afonso
cialmente convidadas. Estavam entre os presentes o General da 5" Região rabe, Frei Odorico Durieux, Dr:. Oscar Leitão, Dr.. Oswaldo Espindola (Di-
Militar, Coronel Magalhães Barata, o Engenheiro-Chefe da 5" Região Mi- retor do curso), Bruno Hildebrand e Achilles Balsini ..
litar, Tenente-Coronel Luiz Felippe dos Santos, bem como o Dr. Nereu No dia 15 de março de 1943, foi inaugurado com grandes festivida-
Ramos, Interventor do Estado de Santa Catarina, que foram saudados pela des o Estádio Esportivo do 32° B. C. com hasteamento da Bandeira, des-
banda com uma marcha militar.. cerramento da placa comemorativa pelo Dr. Nereu Ramos, provas
Com instalações modernas, no salão de honra da construção princi- esportivas, concerto e baile no teatro "CARLOS GOMES". O estádio re-
pal, foram inauguradas as fotos do Duque de Caxias, General Sampaio, cebeu o nome de "General Dutra". O General Lúcio Esteves representou o
General Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca. General Dutra na inauguração do estádio.
O Comandante Brayner agradeceu a presença do Interventor e de- Criado pela Portaria Ministerial n° 312, de 31 de dezembro de
mais presentes com um brinde, ao que o Interventor agradeceu pela honra 1938, do Ministro de Estado dos Negócios da Guerra do Governo Getúlio
com um discurso e finalizando com um brinde ao Ministro da Guerra, Ge- Vargas, com o nome de 32° B. C. , o Sentinela do Vale, como é conheci-
neral Eurico Gaspar Dutra. do, era destinado inicialmente à cidade de Valença, no Rio de Janeiro, até
Desde os primórdios as guarruçoes militares que foram sediadas; em que as instalações em Blumenau ficassem prontas. Entretanto, no dia 2 de
Blumenau procuraram se integrar à Comunidade através de promoções as abril de 1939, o 32° B. C. deixou Valença com destino ao Rio de Janeiro,
mais variadas.: e a corrida rústica (l ° Circuito de Blumenau), em homena- onde a bordo do navio "Murtinho", do Loyd brasileiro, chegou a Itajai em
gem à população do município, realizada no dia 25 de junho de 1940, cu- 9 de abril de 1939, seguindo dois dias depois para. Blumenau.
jas inscrições ficaram abertas até o dia 16 de junho para associações locais Em 31 de janeiro de 1949, o 32.0 B. C. foi transformado no I do 23°
e corredores avulsos, demonstravam o empenho em promover a confrater- Regimento de Infantaria, tendo em 25 de agosto a denominação alterada
nização entre soldados e civis. para 23° Regimento de Infantaria até 23 de janeiro de 1965, quando voltou
A premiação aos vencedores teve lugar no dia 21 de julho de 1940, a denominar-se I do 23° Regimento de Infantaria. Em 1973, o Batalhão re-
com uma grande festa esportiva realizada no campo do Blumenauense. cebeu o nome de 23 Batalhão de Infantaria. Hans Berndt foi o primeiro
Foi árbitro de honra da competição o Comandante do 32° B. C., Tenente- blumenauense a comandar 023° B. L
Coronel Floriano de Lima Brayner, e árbitros gerais, o Capitão Newton M. As guarnições militares sediadas em Blumenau, desde o inicio têm
Vieira e Werner Garni. Concorreram todos os clubes esportivos de Blume- atuação relevante em todos os setores da Comunidade, inclusive na músi-
nau. Houve torneios-relâmpagos de futebol, pela manhã, às 8:30 horas, en- ca, onde destacaram-se como participantes da Orquestra Sinfónica do Tea-
tre os clubes: Blumenauense - Amazonas; Brasil - Tamoyo; América tro "CARLOS GOMES". Entretanto, a contribuição de vital importância
Vitória. Às 13 :30 horas houve desfile geral e a partir das 14 horas, demais para a Comunidade, entre outras, é a sua atuação durante as enchentes que
demonstrações e competições esportivas. Às 17 horas, entrega dos prê- assolam o Vale do ltajai (em 1961 o Batalhão perdeu o soldado Moacir Pi-
mios na Tribuna de Honra aos vencedores do 1° Circuito de Blumenau. A nheiro, que tentou salvar uma criança).
festa foi abrilhantada pela Banda de Música do 32° B. C.' Nas enchentes de 1983 e 1984, o Batalhão centralizou as atividades
Com a ruptura das relações do Brasil com o "Eixo", urgiam medi- de segurança e a recuperação da cidade. Apesar do esquema montado com
das visando a segurança nacional, fazendo com que no dia 18 de setembro o Corpo de Bombeiros e Policia Militar, o Batalhão centralizou todas as
de 1942, sob orientação direta do Comandante do 32° B. C., Tenente-Co- atividades montando 30 postos de atendimento em locais livres de enchen-
ronel Oscar Rosa Nepomuceno da Silva, fosse realizado em Blumenau o tes. Sob a responsabilidade do Coronel Mansueto Tontini, o Batalhão con-
primeiro exercicio de defesa passiva anti-aérea. Também foram prepara- tava com três linhas de rádio para fora de Blumenau, uma de rádio
das Voluntárias Socorristas: da Cruz Vermelha Brasileira, cabendo ao Co- amador, além de telefone, telex e a participação do PX Clube de Blume-
mandante do 32° B. C. presidir no dia 8 de dezembro de 1942, às nau, Clube de Rádio Amadores e um heliporto. Na ocasião, os alimentos
solenidades, sendo também o paraninfo das: diplomandas : que receberam aos flagelados eram distribuidos por helicópteros e bateiras, das cozinhas
os certificados e braçais. Na ocasião, fizeram parte da mesa: Sarita Peder- do Batalhão, Colégio Celso Ramos, Paróquia Nossa Senhora da Glória,

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SESI e outras, enquanto os medicamentos ficaram ao encargo do Capitão- de Blumenau (ACIB) um veiculo "Chevrolet", que foi adaptado para So-
Médico Adilson Machado. COITOS de Urgência, e em 1988, um Ford F-I 000, ano 1988, totalmente
Com uma média de 300 jovens que permanecem de dez a doze me- equipado. As viaturas de emergência funcionam 24 horas por dia e aten-
ses no quartel, o 23° Batalhão de Infantaria contribui para a formação bÍvi- dem pelos telefones 190 e 193.
ca, profissional e moral do jovem incorporado. O Corpo de Bombeiros de Blumenau atende emergências, presta-
Um fato cunioso aconteceu na cheia de 1983, quando apareceu no ção de serviços técnicos e incêndios.
Batalhão uma senhora vestida de preto, dizendo ser americana e solicitan-
do para que a levassem de helicóptero à casa de um seu parente, nas ime-
diações da Cremer, para entregar um remédio só encontrado nos Estados A NACIONALIZAÇÃO E OS IMIGRANTES
Unidos. Deixada no posto de distribuição da Crerner, ela não aceitou, exi-
gindo que a levassem até ao destinatário para entregar pessoalmente o re- Os constantes escritos sobre a Colonização Alemã no sul do Brasil,
médio, dizendo ser americana e ser esta uma exigência do seu governo. criticando a sua não assimilação aos costumes brasileiros, evidenciam fal-
Como a "senhora" não aceitou ficar na Crerner, a levaram de volta ao ta de conhecimentos sobre a realidade, oriunda de uma interpretação errô-
Quartel e em seguida, à Paróquia Nossa Senhora da Glória, onde passou a nea da cultura alemã, pois os lusos eram analfabetos, enquanto os nossos
noite. colonos ou colonizadores alemães eram instruidos, principalmente na zona
Em 1971, Blumenau foi beneficiada com a instalação do Serviço de do Vale do ltajai, e seria uma calamidade se renegassem sua cultura, pois
Rádio Patrulha, parte do 1° Batalhão da Policia Militar de Itajaí., Com a até os dias atuais, apesar dos percalços, pressões, nacionalização e outras
reativaçãa do Decreto n? 31.384, de 11 de fevereiro de 1984, foi solene- imposições, é exemplo de Comunidade.
mente instalado em Blumenau no dia 6 de março de 1987 o 10° Batalhão Desde os primórdios, a falta de escolas brasileiras, apesar de solici-
da Policia Militar, sob o comando do Tenente-Coronel Jurandir Ferreira. tadas ao governo, eram uma constante, e os alemães, ao contrário de ou-
tras imigrações, que achavam que a religião e o trabalho eram mais
importantes, davam prioridade à escolarização, e assim surgiram as esco-
o CORPO DE BOMBErnOS DE BLUMENAU
las particulares que foram uma bênção para a formação de toda a Comuni-
(2° Sub-Grupamento de Incêndio de Blumenau) dade alemã do Grande Vale do ltajai.. O governo alemão auxiliava
No dia 5 de agosto de 1958, no governo de Frederico G. Busch Jú- pecuniariamente as escolas particulares alemãs, mandando inclusive pro-
nior, foi instalado o Corpo de Bombeiros de Blumenau, tendo como pri- fessores de alto nivel, que procuravam manter o "Deutschtum" (Germanis-
meiro comandante o oficial João Antônio Cabral., mo).
O primeiro quartel funcionou na rua São Paulo até julho de 1978, Primeira Guerra Mundial-19l4119l8. No dia 11 de abril de 1917,
quando passou para as novas instalações da Rua Sete de Setembro. o Brasil rompeu relações com a Alemanha, e no dia 27 de outubro do mes-
Os primeiros equipamentos utilizados pela corporação foram um mo ano, foi deslarada a guerra. Com o envolvimento do Brasil, despertan-
veiculo "Chevrolet" com uma moto-bomba adaptada, mangueira, alguns do o nacionalismo, todas as escolas particulares foram fechadas
extintores e U1J;1 pára-quedas. temporariamente. Entretanto, no dia IOde abril de 1917, ainda foi realiza-
O serviço de emergência médica com bombeiros militares foi im- da uma grande festa no Teatro "Frohsinn", em beneficio da Cruz Verme-
plantado em 1983, com Joel de Oliveira, ex-presidente da Cruz Vermelha, lha, que rendeu doze contos de réis. Na ocasião, se apresentaram a poetisa
Antônio Cúrcio, ex-comandante do Corpo de Bombeiros e pelo médico Maria Kahle, quatro sociedades de canto e o coral do Colégio Santo Antô-
Newton Motta. Os primeiros bombeiros fizeram um estágio de cinco me- nio sob a regência do Professor Max Hurnpl,
ses em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), Pronto Socorro, Sala de Do despertar do nacionalismo, foi fundado em Blumenau o Centro
Gesso e Pediatria. Entretanto, o Serviço de Emergência com bombeiros de Propaganda de Assurnptos Brasileiros, cujos Estatutos foram registra-
especializados em Socorros de Urgência só foi viabilizado em 1987, quan- dos no dia 3 de abril de 1924, no L-I, fls. 14, no Cartório de Getúlio Viei-
do o Corpo de Bombeiros- recebeu da Associação Comercial e Industrial ra Braga.

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Eug~ Fouquet, que atuou três décadas como redator do "Der Ur- que ascendeu ao poder devido ao antagonismo político e social do após-
waldsbote", dizia que - "O conservação das tradições germânicas compe-
guerra, que repercutiu no Brasil que estava com sua estrutura política cor-
roida, a Sociedade Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães em
tia unicamente à família, às sociedades, à igreja e escolas, em seus
Santa Catarina, que já atuava na área cultural desde 1929, no dia 17 de
ambientes e suas relações internas. Na política e na vida pública, porém,
agosto deste mesmo ano, apresentou no Teatro "Frohsinn" uma noite de
os imigrantes naturalizados e seus descendentes devem agir e tomar parte
arte, com números de orquestra, canções e solos interpretados por Franz
com os mesmos direitos e obrigações que cabem a todos os cidadãos bra-
Brack, Walter Brunner e outros, realizando também um baile abrilhantado
sileiros, sem discriminação alguma".
pelo Club Musical Garcia, sob a regência de Franz Baumgart. Os associa-
1919, a Alemanha perdeu a Primeira Guerra Mundial, e o seu povo,
sujeito a pesados ressarcimentos impostos pelos vencedores, quando foi dos pagaram 1$000 e não associados 3$000. Na pausa, foram vendidos li-
fundado o Partido Operário Alemão, dando inicio à história do nacional vrinhos sobre Hitler a 500 réis cada, em favor do museu dos trabalhadores.
socialismo, ou seja, a fundação do Partido Nacional Socialista dos Traba- Essa associação continuou promovendo suas noites culturais, inclusive a
lhadores Alemães. Com a crise mundial de 1929/1933, a Alemanha, que já "Noite de Hitler", em duas partes, realizada no dia 12 de março de '1932,
havia conseguido estabilidade política e alivio econômico, sofreu uma gra- versando sobre o tema "Hindenburg ou Hitler?", e na segnnda parte, can-
ções, músicas e outras apresentações artísticas.
ve crise e quase seis milhões de pessoas ficaram desempregadas, o que le-
vou milhares de alemães a adorarem o nazismo de Adolph Hitler.. No dia 14 de janeiro de 1933, foi novamente realizada uma Noite
Colorida, porém desta vez pelo NSDAP. A introdução aos festejos foi
Em Blumenau funcionava, desde fevereiro de 1920, a União de
Operários, porém foi em 1929 que começou a funcionar o Nationalsozia- com marcha, saudação aos presentes, sendo cantada por todos a canção
listische Deutscher Arbeiterverein Landesgruppe Santa Catarina, que re- "Marrom são as Camisas". Também foi apresentada a peça em um ato
"Schlageters Heldentod". Em seguido, todos cantaram "Fiel até a última
gistrou seus Estatutos no dia 4 de julho de 1933. Entretanto, o NSDAP -
hora". Depois da pausa, foi apresentada a conferência "O Caminho para o
Nationalsozialistische Deutscher Arbeiter Partei registrou seus Estatutos
Terceiro Reich", cantada a canção da Alemanha e apresentada a poesia
no dia IOde abril de 1933, tendo como primeira diretoria Franz Nietsche -
"Der Zug der Gefallenen". Na ocasião, foi apresentado o primeiro disco
presidente, Richard Hacke - secretário e Kurt Starke - tesoureiro. E entre
com o discurso de Hitler.. A entrada foi franca.
outros itens dos objetivos: "esclarecer sobre O sentido e o fim do movi-
A programação "Noite Colorida" ou "Noite Alemã" era promovida
mento nacional socialista na Alemanha; juntar todos os cidadãos alemães
muito antes do advento do nazismo e tinha em comum o estreitamento das
que se confessam pela idéia nacional socialista; promover o progresso e
auxílio reciproco dos seus membros (interferência para conseguir empre-
relações entre uma Comunidade de etnia e cultura idênticas.
O NSDAP estendeu suas promoções por todo o Grande Vale do Ita-
go, auxllio em caso de doença, idem em caso de desemprego, etc.); auxi-
jai.. Para avaliar, transcrevemos o programa apresentado no dia 18 de
liar e aconselhar em beneficio da subsistência dos patrícios alemãrs;
agosto de 1934, no salão de A. Vanselow, em Nova Bremen:
incentivar as relações culturais e econamicas entre a Alemanha e o Bra-
1 - Marcha com a banda de Nova Bremen
sil; em caso de dissolução da sociedade, o capital da mesma será recolhi-
do pelo NSDAP para Mitnchen - Alemanha, Briemerstrasse - 45".
2 - Saudação aos visitantes
3 - O Tu Minha Alemanha, cantada pela seção do NSDAP
Finda. a guerra, os colonos voltaram às suas atividades culturais e
no dia 26 & setembro de 1925, foi apresentada no Teatro "Frohsinn" ~ma 4 - Discurso em português pelo Intendente L Prachtheuser
Noite Colorida em honra da presença alemã em Blumenau, com um bem 5 - "An der Weser", solo pelo tenor O. Kellerrnann
elaborado programa, que incluiu a Orquestra de Cordas do Club Musical e 6 - Canto em conjunto
Coral Masculino da Sociedade de Canto "Liederkranz", sob a regência de 7 - Saudação em lingua alemã
Heinz Geyer; Ginástica Ritmica com alunos-da "Neue Deutsche Schule" 8 - Teatro com a peça "A Grande Saudade"
9 - O Juramento, canto pela seção do NSDAP de Nova Bremen
regida pelo professor Boettner e números de ginástica pelos professores'
Bruno Hindlmayer e Herrnann DisteI.. 10 - Canto em conjunto.
Nesta festa não houve baile em memória a Hindenburg, que falece-
Apesar da implantação da "nacionalização" com Getúlio Vargas,

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ra em 3 de agosto do mesmo ano. nau, foi fundada em Blumenau, no dia 27 de junho de 1933, a "Bund Ehen
A programação na periferia era variada, incluindo além de poesias, Frontkêàipfer", dirigida pelos ex-combatentes alemães: KlIIt Prayon, W.
canções e filmes, peças teatrais como "O Violino Maravilhoso", apresenta- Kuhn, Otto Rohkohl, 1. Brandt, A. Dietzoldt e Adolph Poethig. Essa asso-
do no salão Buerger, da Velha. eiação ~ealizou, no dia 2 de agosto de 1934, na Sociedade de Atiradores, a
Em IOde março de 1933, foi fundada a "Sociedade Alemã de Be- "Feierlidhe Gedenk Stunde", apresentando:
neficência de Blumenau", com sede na cidade de Blumenau - "destinada a) "Wir treten zum Beten", pelo Coral Masculino "Liederkranz";
a auxiliar pessoas doentes ou desamparadas de origem alemã e residentes b) Discurso em memória dos tombados;
no antigo munioipio de Blumenau, desonerando, assim, O povo de Blume- c) Canto em Conjunto - Canção da Alemanha, de Horst Wessellied,
nau e as competentes autoridades brasileiras dos respectivos serviços nos numa promoção de Otto RohkoW, Marine- Verein e NSDAP de Blumenau,
casos de necessidade. Aliás, ficando autorizada a diretoria da soçjedade a tendo como ponto de apoio, Altona.
socorrer, em todos os casos de indigência, em conformidade com os fins No dia 3 de agosto de 1934, faleceu na Alemanha, o Marechal von
gerais da sociedade, estabelecidos nos estatutos", que foram publicados Hindenburg e várias homenagens póstumas foram prestadas.
no "Blumenauer Zeitung" de 17 de agosto de 1935 e assinados por Otto Com o falecimento do Marechal von Hindenburg, Hitler assumiu o
Rohkohl - presidente, Emanuel Brandt - vice-presidente, Otto Bauer - tesou- poder, e o NSDAP de Blumenau prestou festiva homenagem, no dia 30 de
reiro, Franz von Knoblauch - secretário e Arthur Hansen - gerente, sendo re- janeiro de 1936, no Teatro "Frohsinn".
gistrados no dia 26 de agosto de 1935, no Cartório de Otto Abry. Segundo os Blumenau possuia núcleos nazistas, formados por súditos alemães
Estatutos, "Em caso de dissolução da Sociedade, O patr.imÔtf)ia seria transfe- que pretendiam assumir as sociedades locais fundadas por antigos imi-
rido para O Consulado Alemão, que decidiria sobre O mesmo ". grantes alemães e posteriormente dirigidas pelos descendentes. Sendo a
Durante todo o apogeu do nazismo, o aniversário de Hitler era fes- Sociedade Teatral e Musical "Frohsinn" a mais poderosa no seu gênero
tejado, porém, no seu 44° aniversário, em 20 de abril de 1933, como . em todo o Estado de Santa Catarina, foi pressionada, até os associados
"Chanceler do povo alemão" pelo NSDAP de Blumenau. sentirem receio das represálias drásticas do NSDAP. Houve atritos, dis-
No dia 10 de maio de 1933, o Dia do Trabalho foi festejado como senções que provocaram várias negociações e entendimentos com o chefe
festa do trabalhador alemão com hasteamento de bandeiras, às oito horas, nazista, e após várias sessões realizadas por representantes das quatorze
no Consulado Alemão de Blumenau. Às três horas da tarde, na Sociedade sociedades blumenauenses:
de Atiradores, a Sociedade Musical Lyra abriu os festejos com uma mar- 1. Sociedade Teatral e Musical "Frohsinn" (Kutt Hering, Rudolf Kleine,
cha, falando em seguida o Cônsul Otto Rohkohl.. O Mãlmer Gesang "Lie- Leopold Colin e Heinz Geyer);
derkranz" apresentou um número de canto, Hubert Weiers recitou uma 2. Sociedade de Atiradores Blumenau (Felix Hering, Oswald Otte);
poesia, a Sociedade Musical Lyra apresentou uma peça musical e o M~- 3. Sociedade Recreativa Teotônia (Oskar Freytag, Carl Hennings);
ner Gesang "Eintracht" de Altona, apresentou um número de canto coral. 4. Sociedade Ginástica "Gut Heil'' de Altona (V. Teubner);
Participaram das, festividades a Sociedade de Atiradores de Blumenau, So-' 5. Coro Masculino Garcia I (RudolfWuensch, Walter Schneider);
ciedade Musical Lyra, Coral Masculino Liedertafel, Coral Masculino 6. Grupo de Planadores de Blumenau (RodolfFrisch);
"Liederkranz'', Coral Masculino "Eintracht" de Altona, Sociedade de Can- 7. Sociedade de Atiradores Velha Nova (Christian Gude);
to Concórdia, Sociedade de Canto da Sociedade de Atiradores "Neue Ve- 8. Esport Clube Blumenauense (Otto Abry);
lha", Associação Ginástica Blumenau, Club Germânia, Marine Verein, 9. Sociedade de Canto Masculino "Eintracht" (Herbert Bieging);
Sociedade Teatral "Frohsinn", Sociedade Alemã de Beneficência de Blu- 10. Sociedade de Cantores Concórdia (Paul Frischknecht);
menau e ~NSDAP de Blumenau. Finalizando, Nietsche, dirigente do II. Sociedade Cordialidade (Hellmuth Hadlich);
NSDAP, dirigiu palavras aos presentes, encerrando com um Viva ao Bra- 12. União de Artífices (Hans Niemeyer);
sil! por todos os presentes, e o 10 de maio passou a ser festejado anual- 13. Club Germânia (Paul Hering, José Maria Felsch);
mente pelo NSDAP. 14. Associação Ginástica Blumenau (Bruno Hindlmayer), foi proposto ao
Tendo como local as dependências da Associação Ginástica Blume- chefe nazista do Círculo, Otto Schinke, um armistício com a finalidade de

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harmonizar a situação e pôr um fim à luta que se esboçara. derkranz", Club Musical e apresentação do filme "Echo da Pátria", no dia
Em 13 de março de 1937, as sociedades e o Chefe do Círculo do 23 de outubro de 1935 no Cine Busch. Também foram exibidos, entre ou-
NSDAP, foram notificados por carta sobre a resolução do armistício, ca- tros, o Cruzador "Karlsruhe", cuja tripulação visitara Blumenau de 14 a 17
bendo aos dirigentes das sociedades comunicar ao Consulado, quando de dezembro de 1934, e em 12 de maio de 1937 o filme com o acidente do
eram planejadas recepções ou festividades, principalmente em homena- dirigível "Von Hindenburg".
gem a hóspedes alemães ou brasileiros estranhos à localidade. Em 1937, o programa beneficente apareceu com o nome de "Uma
Em 1937, foi fundada em Blumenau a Liga de Sociedades, para fi- Só Panela", e foi realizado no dia 31 de janeiro no Teotônia, e no dia 28
liá-Ias à Liga das Sociedades Alemãs no exterior. de fevereiro na Sociedade de Atiradores. Peças teatrais foram encenadas
Com a ascensão de Hitler em 1933, em 1935 foram baixadas reco- para auxiliar as vítimas do inverno, sendo em outubro do mesmo ano apre-
mendações aos vários dirigentes dos núcleos do NSDAP para remeterem r~ sentada no salão dos Atiradores "Quando o Galo Canta", comédia em três
latórios pormenorizados para a Alemanha das atividades escolares, igrejas, atos de Hinrichs. Além desta, muitas outras foram apresentadas. Aspro-
sociedades colonizadoras, cooperativas, etc., tudo sob absoluta reserva. Na moções encerravam com baile.
época, como era natural, as Colônias alemãs estavam ligadas política e econo- Em Altona, com programa especialmente elaborado e com a parti-
micamente, e um dos meios mais acessíveis para implantar o "Weltans- cipação de três bandas musicais, numa promoção do NSDAP, foi inaugu-
chauung" nazista era através das quase duas mil e quinhentas escolas alemãs, rada no dia 8 de março de 1936, a Casa Alemã, onde eram realizadas
nas quais foram colocados professores de ideologia nazista que se organiza- promoções culturais, inclusive o "Kasperletheater" e outras atrações para
ram, formando a Agremiação de Professores Nacional-Socialistas, sob a che- crianças.
fia do professor Ludwig Sroka, e que era ligada à Organização Estrangeira do O NSDAP também promovia a vinda de artistas alemães de alto ní-
NSDAP da Alemanha. Em Blumenau, sob a presidência de Adolph Poethig, vel, inclusive da ópera estadual de Berlin, que se apresentavam no Cine
funcionava a Associação Escolar Alemã de Blumenau, sendo tesoureiro A. Busch com canções de Brahms, Weber, Schubert, Mozart, Puccini, e dan-
Dietzoldt. Na época, era Cônsul da Alemanha Otto Rohkohl e secretário con- ças com músicas de Beethoven, Gluck, Gregor, Debussy, Strauss, Erben e
sular Emil Doering. Funcionavam paralelamente aos movimentos do NSDAP outras .
de Blumenau a Juventude Teuto-Brasileira de Blumenau, inclusive com ala . No dia 25 de julho de 1935, foi festejado em Blurnenau o "Dia do
feminina. Na mesma época, despontou a Ação Integralista Brasileira, cujos Colono", com cultos religiosos, "panela única" (comida por 1$000 na As-
integrantes também eram chamados de "camisas verdes", enquanto os nazis- sociação Ginástica), concentração. de sociedades e escolas na praça junto
tas eram "camisas marrons". , ao monumento do Doutor Blumenau, com deposição de coroa de flores e
As promoções apresentadas no Teatro "Frohsinn" e Sociedade de discursos alusivos ao evento. Às 14 horas, marcha até a Associação Ginás-
Atiradores, visando divulgar o nazismo, continuaram, e Maria Kahle', que tica, saudações, Hino Nacional, canções pelas crianças e pelo "Sãngerbund
fez sucesso em 1918, em programas beneficentes, quando voltou para Blu- Itajahytal", apresentações de ginástica e demais festejos populares. O
menau em agosto de 1934, foi pouco prestigiada pela sua ligação com o evento contou com a presença do Governador Nereu Ramos, que assistiu
comandante nazista Eikoff. Os temas na programação de Maria Kahle e missa na Igreja Católica e à tarde participou das homenagens no monu-
também de Karl Goetz, envolviam "O Povo Alemão a Caminho de Na- mento ao Doutor Blumenau, onde discursou sobre o significado da data,
ção", "A Mulher do Povo" e outros temas. participando em seguida dos festejos na Associação Ginástica. À noite, o
A preocupação do NSDAP com os alemães da velha pátria e tam- Dr. Nereu Ramos discursou sobre a data, enaltecendo o colono como pro-
bém com os imigrantes era uma constante e as promoções beneficentes pulsor do progresso em Santa Catarina, através da Rádio Clube de Blume-
eram realizadas com freqüência, destacando-se a "Noite de Auxílio ao In- nau. No dia seguinte, foi homenageado com um banquete no Clube
verno", que contou com a participação do Mãnner Gesang Verein "Lie- Náutico América, após ter visitado durante o dia algumas indústrias. No
dia 27, regressou para Florianópolis. Em 1936, os festejos foram realiza-
I. A poetisa Maria Kahle, quando viajou por Santa Catarina, recolh~u e maI!dou impri~lir o dos no Club Germânia, com toque de alvorada no monumento ao Dr. Fritz
discurso que o Professor Schnitzler escreveu cm 1875, nas exéquias de Nicolau Antônio
Deschamps, e o distribuiu à família Descharnps de São Pedro de Alcântara. Müller, discurso de Marcos Konder através da Rádio Clube de Blumenau

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e a deposição de uma coroa de flores no monumento ao Doutor Blumenau Prefeito José Ferreira da Silva, Manoel Pereira Júnior, Tenente Paulo Lo-
com espoucar de foguetes. O "Dia do Colono" continuou a ser festejado pes, Ary de Alencastro Guimarães e Dr. Edgar Barreto, para reorganizar
até 1939, quando o Decreto-Lei abolindo feriados estaduais atingiu o dia as sociedades de Blumenau.
25 de julho, que apesar de extinto, em 1941 foi homenageado com o fe- Com o Estado Novo, Getúlio Vargas promoveu a "nacionalização"
chamento do comércio no período da tarde. mais agressiva contra uma população, começando com a proibição do
Um grande evento que marcou Blumenau em 1937, foi a belíssima idioma alemão, sendo o alvo principal as escolas particulares que foram
festa realizada para homenagear o "Dia das Mães". A organização coube à fechadas e, em 1939, confiscadas, enquanto os professores altamente ca-
"Organização Internacional Feminina para o Trabalho", zona de Blume- pacitados foram dispensados e substituídos por jovens. Segundo velhos
nau, que expediu convite às mães para comparecerem às festividades nas professores da época, foi um desastre o que os inimigos dos alemães fize-
dependências da Sociedade de Atiradores no dia 7 de maio. Muitas senho- ram em nome da "nacionalização".
ras compareceram e todo cantinho na sala estava ocupado. Compareceram Em 1940, foram resumidos pelo General Eurico Gaspar Dutra, os
moradoras dos locais os mais distantes, principalmente mães mais idosas objetivos do programa educacional de Vargas: - "O principal objetivo da
que foram trazidas em automóvel particular, e sentadas a quatro grandes educação é criar uma consciência nacional" (..) "cabendo às escolas a
mesas decoradas com carinho com muito verde e muitas flores. O palco dificil tarefa de criar uma mentalidade para a 'nacionalização '."
também foi decorado por mãos habilidosas, dando um encanto especial ao Ao perceber que a drasticidade só conseguia obter o desprezo dos
ambiente. A homenagem teve início com a apresentação musical/'Ich bete blumenauenses atingidos e que trataram de trabalhar clandestinamente, o
an die Macht der Liebe", e para encerrar foi cantada a canção "So nimm governo criou escolas públicas para substituir as particulares. Com o Fun-
denn meine Hãnde". A organização coube à senhora H. Meinecke, diri- do Nacional de Educação Primária em 1942 e a aprovação, em 1945, da
gente da zona de Santa Catarina da Organização Internacional Feminina Lei Orgânica de Educação Primária, o funcionamento de escolas brasilei-
para o Trabalho, que também promovia exposições de trabalhos manuais. ras se tornou uma realidade, e as escolas alemãs foram fechadas por lei. _
O NSDAP trazia para Blumenau, com freqüência, a "Deutsche A forma drástica como foi implantada a "nacionalização", chocou
Rieschbühne", mantendo também, desde 1938, um programa pela Rádio os blumenauenses, a quem o governo pouca importância dava, mormente
Club~e Blumenau, a cargo de Othornar Hendel. Enquanto algumas em- no que se referia a escolas brasileiras, pois os blumenauenses, apesar do
presas blumenauenses eram nazistas, a R. H. X. tinha seu representante em NSDAP, já eram brasileiros de coração, talvez mais do que os responsá-
Blumenau, e a Liga do Racismo Alemão, sob a direção do Dr. Friedrich veis por prisões e outras humilhações sofridas por colonos, professores,
Kroener, recebia noventa e cinco mil e duzentos cruzeiros para auxiliar na músicos e outros, por "nacionalizadores" inescrupulosos. Foi uma vergo- I
construção do Hospital de Hammonia (Ibirama), a edição do 50° aniversá- nha! Um fato, entre outros, ocorreu com o músico alemão F. B., que gos-
rio do "Hamburger Nachrichten" publicou que - "Blumenau, a cidade ale- tava da sua cerveja e da sua música, não falava fluentemente o português
mã no Brasil, o nativismo brasileiro perdeu a razão de ser por ter uma e, por isso, o transformaram numa réplica de Hitler (roupas, bigodinho,
população de sangue alemão há centenas de anos ". cruz gamada, etc.), fazendo-o desfilar pela rua XV de Novembro ao som
Essa era a situação no Grande Vale do Itajaí, quando Meier de Vas- de um tambor repetindo a saudação nazista - "Heil Hitler". -----.../
concelos, comandante da 5" Região Militar, e o Dr. Nereu Ramos, visita- Diz Richard O. Dalbey em sua tese: - "Os alemães no sul do Bra-
ram Blumenau no dia 28 de maio de 1938, ocasião em que foi oferecido sil: Do Isolamento à Integração através da Nacionalização da Educação:
aos visitantes um banquete de 400 talheres. No dia 29, foram até Hammo- - Embora vários alemães sejam bilíngües, a língua alemã veio a simboli-
nia participar da grande festa do município e à noite assistiram, em Blu- zar para muitos a sua cultura rural, depreciada e até mesmo desprezada
menau, a um concerto do Maestro Geyer. No mesmo ano, sob o título como um grupo minoritário, já que a tendência atual é do português ser
"Nacionalização em Blumenau", o "Der Urwalsbote" publicou que no considerado urbano e portanto superior" - é uma afirmação leviana. A
Cine Busch estiveram reunidos 224 representantes de sociedades teu to- pesquisa efetuada por Richard O. Dalbey deve ter sido realizada num cam-
brasileiras de Blumenau, sob a direção de Emanuel Morais, que falou so- po restrito, pois a maioria do Vale do Itajaí se orgulha da sua origem e
bre nacionalização. Na ocasião, foi formada uma comissão integrada pelo muito mais da sua cultura, não a considerando inferior, pelo contrário,

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195
194
procuram cultivá-Ia e preservá-Ia. Quanto ao estabelecimento de uma Ale- De acordo com o Art. 180 da Constituição Federal, combinado com
manha Antártica no Sul do Brasil, carece de fundamento. o Art. 166, parágrafo 2°, o Presidente da República assinou o Decreto-Lei
No dia 2 de setembro de 1939, estourou a Segunda Guerra Mun- que tomou o n" 4.166, que trata do confisco dos bens dos súditos do Eixo
dial. O Brasil pretendia permanecer neutro, porém em 1941, o governo de (alemães, italianos e japoneses). O Decreto-Lei foi publicado no jornal
Getúlio Vargas foi forçado a romper relações com o Eixo e em agosto de "Cidade de Blumenau" de 21 de março de 1942 e não atingiu os naturali-
1942, envolveu-se na Segunda Guerra Mundial. zados. Em seguida, foi publicado o Decreto-Lei n" 4.545, de 31 de julho
No dia 31 de janeiro de 1942, o jornal "Cidade de Blumenau" pu- de 1942, que dispunha sobre a forma e apresentação dos símbolos nacio-
blicou o AVISO, assinado por Timóteo Braz Moreira, Delegado Regional nais, e dá outras providências.
de Polícia, proveniente da Secretaria de Segurança Pública, proibindo ale- Com a chegada, em abril de 1939, do 32° B. C. e a declaração de
mães, italianos e japoneses de se deslocarem de um local para outro sem guerra ao "Eixo", em 28 de janeiro de 1942, as promoções do NSDAP
salvo-conduto, mudar de residência sem comunicar previamente ao Servi- cessaram.
ço de Registro de Estrangeiros, promover reuniões (aniversários, banque- O anti-germanismo no Brasil tem suas raízes no final do século
tes, etc.) e a utilização de hinos, cantos e saudações, bem como o uso dos passado e no início deste, época em que os intelectuais, artistas e jornalis-
idiomas citados. Na época, era Secretário de Segurança Pública Francisco tas do Rio de Janeiro imitavam a França em tudo, inclusive os movimen-
Gottardi. tos literários. A "Semana de Arte Moderna" de 1922 foi implantada
baseada na vivência que Oswald de Andrade teve em Paris em 1912. O

.;;. . , I culto à França chegou a transformar o Rio de Janeiro numa cidade afran-
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cesada, clichê da "belle époque" de Paris.
Foi neste ambiente que Sílvio Romero, em 1906, lançou no Rio de
Janeiro o livro "O Alemanismo no Sul do Brasil, Seus Perigos e Meios
de os Conjurar". O famoso Monteiro Lobato foi o único intelectual da
\ '\ "'~."',-,, ,,-, . época a apoiar a causa alemã, entretanto, se retratou em seguida.

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É evidente que o anti-germanismo não foi obra 'das duas guerras
mundiais.
No conflito de 1914/1918 entre a Alemanha, Áustria-Hungria
Turquia de um lado, e a França, Inglaterra, Rússia e Itália do outro, o Bra-
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u '1'", -~-i, , sil só declarou guerra contra a Alemanha e não contra a Turquia e a Áus-
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tria-Hungria, comprovando ser o Presidente da República, Venceslau
!. ("II ' "",,,\ ,', '" Brás, anti-germânico ferrenho, o que contribuiu para que o catarinense

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O afundamento dos navios Macau, Paraná e Tijuca, fez com que o
governo brasileiro, em 27 de outubro de 1917, declarasse estado de guerra
contra a Alemanha. O ato do governo deixou os brasileiros preocupados,
principalmente pela reduzida Marinha de Guerra e o envio de tropas para a
Plantio da "Árvore da Amizade" (vinda da Alemanha), na Praça
Governador "Herct1io Luz". Europa que poderia, segundo eles, deixar o Brasil à mercê dos alemães no
Da esquerda para a direita: Augustinho Schramm, Deputada Jeová sul e germanófilos.
Amarante, Professor José Ferreira da Silva, Alfredo. Wilhelm Quando o navio brasileiro, comandado por Saturnino de Men-
(responsável pelo início das relações culturais com a Alemanhaa após donça, foi torpedeado e afundado no Canal da Mancha, imediações da
a Segunda Guerra Mundial), Prefeito Evelásio Vieira e autoridades de costa britânica, o capitão brasileiro declarou "sob juramento, diante do
Florianópolis.
Foto publicada nfJ "Wunstorfer Zeitung" - Alemanha, em maio de 1972).
Tribunal Marítimo em Southampton, que o seu navio fora torpedeado

196 i97
por um submarino alemão". O curioso é que o capitão do navio torpe- governo brasileiro foi manipulado, e desta vez por Oswaldo Aranha. Os
deado "mio viu o submarino, mas declarou ... ". Saturnino de Mendonça, teuto-brasileiros participaram de duas guerras contra a Alemanha, terra de
ex-comandante do navio afundado, dez anos depois, antes de morrer, em origem de seus ancestrais.
1928, em Londres, confessou publicamente e assinou a declaração de A Campanha de Nacionalização não foi só deflagrada contra os ale-
"que mio fora alemão, mas britânico o submarino que afundara o seu mães, e sim contra todos os estrangeiros e seus descendentes. Uma nacio-
navio em 1917". nalização calcada na injustiça com prejuízos incalculáveis, principalmente
Se o Visconde do Rio Branco estivesse vivo em 1917, os discursos às escolas e à alfabetização num país com quase 80% de adultos analfabe-
de Ruy Barbosa, Olavo Bilac e outros não teriam influenciado o governo tos. A parte cultural também foi seriamente atingida, pois "0 alemão pos-
brasileiro a declarar guerra contra a Alemanha, e as arbitrariedades e safa- sui personalidade cultural própria de formação milenar".
dezas contra alemães e teuto-brasileiros teriam sido evitadas. O Brasil foi Curioso é que o Clube Germânia do Rio de Janeiro, criado em 1821
vítima do Conto do Submarino Alemão. pela princesa Dona Leopoldina, esposa de D. Pedro I, não foi atingido. Fi-
A 17 de novembro de 1917, o governo brasileiro, ludibriado pelos cava muito distante dos alemães do sul. O Clube Germânia do Rio de Ja-
ingleses, declarou estado de sítio em duas regiões brasileiras: Distrito Fe- neiro só foi atingido quando ali se instalou a UNE .. Em 1964, foi
derai, Rio de Janeiro e São Paulo, e nos estados do Paraná, Santa Catarina interditado pelo governo militar.
e Rio Grande do Sul. Enquanto que rio sul o estado de sítio foi devido às Anos se passaram, e apesar dos revezes, os estrangeiros e seus de-
grandes concentrações de imigrantes alemães, no Distrito Federal, Rio de scendentes conseguiram sobreviver no meio de tantos nacionalizadores
Janeiro e São Paulo foi devido à grande agitação política e operária. O inescrupulosos. Cultuam suas tradições e principalmente o idioma alemão,
Congresso apoiou por unanimidade a declaração do estado de sítio, cuja execrado pelos nacionalistas e nacionalizadores é ministrado em nossas
finalidade, segundo eles, não era "agir contra os traidores e sim, reprimir escolas .
o operariado e lideranças expressivas". Um artigo do Capitão Vieira da Rosa, publicado em 6 de agosto de
No início de 1918, o governo organizou a Divisão Naval de Opera- 1915, no "Der Urwalsbote" sobre a valorização do idioma alemão, diz o
ções de Guerra, que só chegou a Gibraltar no dia 11 de novembro de 1918, seguinte: "Nafaina inglória e impiedosa de achar mau, sistematicamente,
quando a guerra já havia terminado. Fatos ocorridos com a esquadra brasi- tudo que é teuto, alguns de nossos patrícios, cegos pelo rancor que eles
leira, na época, evidenciaram o despreparo da força naval brasileira. Co- mesmos não explicam, apregoam que o alemão e seus descendentes recu-
mandada pelo contra-almirante Pedro de Frontin, a esquadra partiu de sam a aprendizagem do vernáculo, o que é uma mentira torpe, uma alei-
Fernando de Noronha com destino à Europa. Nesta viagem, em Dakar, vosia sem nome". Continuando, diz ainda o Capitão Vieira da Rosa "...
156 tripulantes morreram de gripe espanhola. Ao zarparem novamente, que aqueles colonos que esquecem a língua de seus pais, têm cometido
um fato conhecido como a "Batalha das Toninhas"; levou marinheiros não um erro, mas um crime".
combatentes a abrirem fogo contra um cardume de toninhas (peixe-boto), Em 11 de janeiro de 1890, a Nota "Repreensão", publicada no
pensando tratar-se de submarinos alemães. "Blumenauer Zeitung", contestando a intromissão de Gustav Stutzer em
Após a Primeira Guerra Mundial, os governantes e o Exército Bra- assuntos nacionais, sugerindo a colocação do Brasil Sul sob a proteção da
sileiro começaram a preocupar-se, principalmente, com os alemães e seus Alemanha, originou a publicação do seguinte parágrafo: "Apesar dos la-
descendentes, preocupação que continuou até o golpe do Estado Novo, em dos negativos, que mio faltam em lugar nenhum, amamos nossa terra
10 de novembro de 1937, quando foi lançada a Campanha de Nacionaliza- adotiva e sob sua República, continuaremos a ser fiéis teuto-brasilei-
ção. Muitos fatos ocorreram antes da Segunda Guerra Mundial, pois esta rostro
iniciou em 1939, e o Brasil só participou da mesma em 1942.
Na época, a América Latina não entrou no conflito, porém os na- "... o melhor brasileiro é aquele que, cultivando
vios mercantes brasileiros metralhados forçaram o Brasil a declarar guerra o idioma nacional, também cultiva o idioma dos seus
ao EIXO. Parece que, mais uma vez, o Brasil foi levado a participar de um antepassados e seus costumes".
conflito por interesse de terceiros. Como em 1917, também em 1942, o Gilberto Freire

,
198 199
No século passado, os alemães emigraram em massa, principalmen-
te para os Estados Unidos, onde em 1683 já haviam desembarcado as pri-
meiras treze famílias para fundarem Germantown, Cansados das guerras,
da crise econômica, e sendo bons artesãos, a emigração para os Estados
Unidos era atraente, porquanto, a língua era germânica e espalhada por
todo o país, tanto é que quando foi realizada a votação sobre o idioma a
ser adotado nos estados Unidos, durante a Declaração da 'Independência
(Pittsburg), em 1776, a língua inglesa venceu por apenas um voto. Os de-
scendentes de alemães nos Estados Unidos excedem em quase 25% os de-
scendentes de ingleses. Em 1983, os norte-americanos festejaram os
trezentos anos de imigração alemã, com a edição simultânea de um selo
pelos governos da Alemanha e dos Estados Unidos, que diferem apenas na
legenda, sendo uma em alemão e outra em inglês, e pelo valor facial sendo
um em Pfennigs e outro em Cents.
Apesar da distância e a viagem mais cara, os alemães também emi-
graram, porém em menor escala, para o Brasil. Em 1820, D. João VI, por
Decreto Real, convidada os "diferentes povos de fala alemã para povoa-
rem o Brasil", prometendo terras e toda sorte de vantagens. Em 1823, ve-
leiros com emigrantes aliciados apartaram no Rio de Janeiro, trazendo,
principalmente, soldados alemães para formarem a Guarda Palaciana, de-
nominada também Regimento de Estrangeiros. Com esses veleiros, vie-
ram também famílias de colonos para o sul do Brasil. Para incrementar a
emigração alemã para o Brasil, em 1846, o Visconde de Abrantes chefiou
a Missão Abrantes. Não convidaram outras etnias. "Eles faziam questão
era dos alemães". No livreto "Memória sobre os meios de promover a co-
lonização", o Visconde de Abrantes diz o seguinte:

''A aptidão dos colonos alemães para o trabalho da Agricultura, e


para os Oficios e Artes, e o seu espírito pacíjico e conservador, acham-se
provados por testemunhos os mais autênticos. Em mensagens dos Presi-
dentes dos Estados Unidos (União Norte-Americana), principal teatro da
colonização moderna, tem-se feito o elogio da moralidade dos alemães e
do seu préstimo' para a colonização. Está mesmo demonstrado que, ape-
sar de sua natural repugnância à escravidão (sic!), os colonos de raça
alemã são ali opostos à opinião abolicionista, só porque aborrecem pro-
fundas e rápidas mudanças na ordem estabelecida. Amor ao trabalho e à
família, sobriedade, resignação, respeito às autoridades, são as qualida-
des que distinguem os colonos alemães, em geral, dos colonos de outras
origens. "
Mapa do zoneamento (6 zonas) e n 9 dos lotes adquIrIdos
por colonos alemães na Colônia Blumenau

200
201
Apesar do livro publicado em 1856, na Alemanha, com o título 25. Heinrich Zwingmann - Eidesfeld
"Deutsche Kolonie Blumenau, in der Provinz Santa Catharina in Sued 26. Hermann Wendeburg - Braunschweig
Brazilien", com 60 páginas, um mapa, em oito capítulos, os alemães abas- 27. Reinhold Gaertner - Braunschweig
tados, indiferentes às vantagens oferecidas pelo governo brasileiro, não 28. Minna Gôrner - Lausitz
emigraram. Na época, emigraram para o Brasil intelectuais, dissidentes re- 29. Maria Rosemann - Schlesien
ligiosos e políticos, professores, médicos, músicos, farmacêuticos, enge- 30. Pastor e Casa da Escola
nheiros, veterinários e outros, que imigraram como colonos. De um modo 31. Johann Paddaratz - Mecklenburg
geral, era muito raro o analfabetismo entre os imigrantes alemães. Até 32. Fridrich Tiedt -Pommern
185§., o Doutor Blumenau conseguiu trazer para a Colônia 294 imigrantes, 33. Eduard Boettger - Lübeck
dos quais 30% não permaneceram em Blumenau. 34. Christian Imroth - Braunschweig
Em 1857, o Doutor Blumenau já dividira a Colônia em seis zonas, 35. Johann Gieseler - Mecklenburg
onde foram assentados os imigrantes. Constam da relação, além do núme- 36. Johann Prellipper - Thüringen
ro do lote, o nome do colono e local de sua origem. No centro (Stadt- 37. Hans Kreutzfeld - Lübeck
platz), que compreendia o território entre a foz do ribeirão Garcia, suas 38. Sofia Bãhr - Braunschweig
margens até a altura do Hospital Santa Catarina e "Vorstadt", se estabele- 39. Johann Schak - Thüringen
ceram 58 famílias: 40. Johann Magenknecht - Thüringen
41. Johann Schreepp - Mecklenburg
1. Ludvig Schaeffer -Pommern 42. Johann Hübbers - Mecklenburg
2. August Wolff - Schlesien 43. Traugott Kõhler - Sachsen
3. Heinrich Koch -Oldenburg 44. Friedrich Lüders - Sachsen
4. Johann Honneke - Thüringen 44a. Louis Wehmuth - Thüringen
6. Karl Sasse - Mansfeldschen 45. Friedrich Jerga - Hollstein
7. Emmil Odebrecht -Pommern 46. Johann Richter - Schlesien
. 8. Johann Witt - Lübeck 47. Karl Külps - Mecklenburg
9. Ludwig Pragst - Hamburg 48. Christian Mõller - Mecklenburg
10. Friedrich van Lesecke - Hannover 49. Friedrich Gieseler - Mecklenburg
11. Heinrich Michel - Schlesien 50. Joachin Naatz - Mecklenburg
12. Wilhelm Küchendahl - Braunschweig 51. Heinrich Schmidt - Mecklenburg
13. Ernst Schellenberg - Thüringen 52. Friedrich Schmidt - Mecklenburg
14. Franz Keiner - Thüringen 53. Hans Esemann - Mecklenburg
15. Theodor Kleine - Posen 54. Theodor Schroeder - Berlin
16. Hermann Siebert - Magdeburg 55. Theodor Schroeder - Berlin
17. Wilhelm Schifter - Berlin 56. Wilhelm Schumann -Anhalt
18. Gottlieb Rüdiger - Schlesien 57. Karl Kegel - Thüringen
19. Friedrich Lang - Schlesien 58. Karl Gottlieb Schneider - Schlesien
20. Johann Behnke - Hollstein
21. Ludwig Sachtleben/Franz Meyer - Halberstãdschen Na segunda zona, pouco acima do Hospital Santa Catarina, mar-
22. Karl Meyer/August Spierling - Mecklenburg gem direita do ribeirão Garcia, cerca de quatro quilômetros, estabelece-
23. Julius Baumgarten - Braunschweig ram-se:
24. Karl Wilhelm Friedenreich - Mansfeldschen 1. Ernst Weise - Thüringen

202 203
2. Johann Knoch - Thüringen 15. Christopher Müller -Eichfeld
3. Heinrich Kõhler - Thüringen 16. Heinrich Bicheis - Hamburg
4. Karl Hadlich - Thüringen 17. Hugo Schulze -Berlin
5. Christian Heumann - Beyreuth 18. Ernst Lehmann - Schlesien
6. Johann Knoch - Thüringen 19. Rudolph Schust -Pommern
8. David Seiler - Sachsen
9. Wilhelm Schreiber -Pommern Na quarta zona, parte da Itoupava Seca, margem direita do rio Ita-
10. Heinrich Ehrhard - Thüringen jaí-Açú, mais ou menos do SENAI para cima moravam:
11. Karl Rechenberg - Thüringen
12. Caroline Spies - Thüringen 1. August Preslien -Lübeck
13. Bernhard Beck - Sachsen 2. Ferdinand Ebert - Halle
14. Heinrich Lãuthâuser - Thüringen 3. Hans Breithaupt - Braunschweig
15. Johann Gebien - Mecklenburg 4. Hermann Wendeburg - Braunschweig
16. Wilhelm Holetz - Lausitz 5. Karl Penneder -Spreewald
17. Christian Passig - Hollstein 6. Eduard Romer - Spreewald
18. Emma Ostermann -Eichfeld 7. Augusto Persuhn - Braunschweig
19. Richard Becker -Pommern 8. Christian Beck - Braunschweig
20. Franz Mathias -Pommern 9. Christian Spernau - Sachsen
21. Johann Busch -Pommern 10. Theodor Thomsen - Hollstein
22. Alexander Buerger - Lausitz 11. Viúva Heffter -Schlesien
23. Heinrich Sei de - Hannover 12. Heinrich Kuhn - Halberstãdschen
24. Wilhelm Schmidt - Rhein 13. Karl Wilhelm Friedenreich - Mansfeldschen
14. Wilhelm Seeliger - Braunschweig
Na terceira zona, em terras da margem esquerda do ribeirão Gar- 14a. Johann Hinsching -Magdeburg
cia, fundos da atual Alameda Rio Branco, estabeleceram-se: 15. Karl Engicht . - Lausitz
16. Wilhelm Schoenau -Gotha
1. Hans Baade - Mecklenburg 17. Pedro Müller _ - Brasil
2. Moritz Holetz - Lausitz 18. Rudolph Rõdel - Thüringen
3. Andreas Grassmann., - Rhein 19. Ludwig Helmbrecht - Braunschweig
4. Heinrich Koth - Mecklenburg 20. Heinrich Matthes - Brandenburg
5. Joachin Gramkow - Mecklenburg 21. Karl Matthes - Brandenburg
6. Catherine Berlien - Mecklenburg 22. Ludwig Sachtleben - Quedlinburg
7. Johann Koth - Mecklenburg
8. Dettlef Krambeck - Mecklenburg Na quinta zona, atual Itoupava Norte e parte da Fortaleza, à mar-
9. Karl Lehmann - Mecklenburg gem esquerda do rio Itajaí-Açú, moravam:
10. Georg Kühl - Hollstein
11. Gottlieb Hadlich - Thüringen l. Louis Thieme e Johann Faust e - Sachsen e Hessen,
12. Heinrich Hadlich - Thüringen respectivamente
13. , Wilhelm Schreiber e Heinrich Ehrhard- Thüringen 2. Heinrich Rodatz - Hamburg
14. Johann Gebien e Augusto Jarchow - Mecklenburg 3. Heinrich Lüders - Mecklenburg

,
204 205
4. Guido von Seckendorff - Braunschweig Doutor Blumenau, em 1856, cumpriu o ati. 6° do contrato firmado com o
5; Ferdinand Starcke - Braunschweig Governo Imperial do Brasil, e povos de língua alemã, como eram chama-
6. Louis Spengler - Sachsen dos por D. João VI e pelo Visconde de Abrantes, povoaram Blumenau.
7. Ferdinand Starcke - Braunschweig Blumenau foi fundada em 1850, e se na época o Reich Alemão esti-
8. Heinrich Meyer - Thüringen vesse consol idado, o que ocorreu em 1871, a A lemanha como nação, pro-
8a. Friedrich Koegler -Thüringen vavelmente teria Colônias próprias, o que aconteceu a partir de 1884, e
9. Anton Hertel - Sachsen Blumenau e outras cidades não teriam sido fundadas por alemães e talvez
10. Eduard Stein -Pommern nem existissem.
11. Pequeno lote disponível I Os alemães atravessaram o Atlântico para construírem novo lar. De-
12. Johann Karl Müller -Harz fenderam o Brasil na Guerra do Paraguai e o grande entusiasmo dos Voluntá-
13. Christopher Liesenberg -Harz rios foi comentado por Wendeburg, substituto do Doutor Blumenau que
14. August Reif - Meinningen estava na Alemanha, com as seguintes palavras: "Os colonos que se prontifi-
15. Gustav Mencke - Thüringen caram a seguir ao Paraguai são moços e entusiastas!". Breithaupt, agri-
16. Friedrich Hinkeldey - Preussen mensor, expressou-se: "Mas esses rapazes ... nem são brasileiros!"
17. Louis Wegener - Halberstãdschen Realmente, os rapazes não eram brasileiros, eram alemães que se alis-
18. Joseph Kuonz -Suíça taram para defender a pátria adotiva, berço dos seus filhos, como Voluntários
19. Wilhelm Meyer - Hannover da Pátria.
20. Paul Paraski - Preussen
21. Karl Eggebrecht -Pommern
22. Irmãos Bickelmann - Sachsen
23. Disponível
24. Christian Rau - Thüringen

Na sexta zona, Capim Volta, margem esquerda do rio Itajaí-Açú,


estabeleceram-se:

1. Johann van der Eich - Rhein


2. Julius Paupitz - Sachsen
3. Wilhelm Schoenau -Gotha
4. Carl Hering - Weimar
5. Christian Bõhme - Sachsen
6. Daniel Schneider - Rhein
7. Reservado
8. Reinhold Gaertner - Braunschweig Monumento
aos Voluntários
As terras acima de Salto Weissbach, somente em meados de 1861 é da Pátria na
que começaram a ser colonizadas. Praça
"Governador
Apesar do "Heydt Restrikt", que proibia a emigração de alemães,
Hercüto Luz" -
das intrigas de Theodor Bõsche e Johann Jacob Sturtz e do empenho de Blumenau
Otto von Bismarck para evitar a tendência dos alemães de emigrarem, o

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211
Na Segunda Guerra Mundial, os teuto-brasileiros, na Força Expedi-
cionária Brasileira, atravessaram o Atlântico para lutar contra os descend-
entes dos seus ancestrais. Durante a guerra e a nacionalização, os
teuto-brasileiros e os alemães naturalizados que trabalhavam e residiam
muitos anos no Brasil foram presos, torturados e humilhados.
Entretanto, em 1950, refeitos das agressões, os teuto-brasileiros feste-
jaram com pompa e orgulho o Centenário da sua cidade, fundada por seus
ancestrais.

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213
II
A colônia evolui: campo emfora
As espigas se inclinam doiradas;
Brotam flores aos beijos da aurora,
Cantam aves nas invias quebradas;

===:!~ Pelos vales, um sol luminoso


Medra ofruto, fecunda a semente,
E, irrigando as campinas, moroso
Passa o rio ondeando contente.

III

~} Blumenau! Blumenau! Tuasfontes


Contam lendas de heróis europeus;
E ressoam, gemendo, nos montes
~~_ ."n~ As canções brasileiras do adeus.
Em teu seio a riqueza se expande,
Ó rincão meu formoso e gentil,
E o progresso tornou-te tão grande
Que és o orgulho do nosso Brasil!

HINO DO CENTENÁRIO DE BLUMENAU

I
Há cem anos, por estas paragens,
- Terras férteis, imensas, sem dono -
Brava tribo de rudes selvagens
Viu surgir o primeiro colono.
O machado clareiras abria,
Tombam selvas, e, qual desafio,
A pequena colônia surgia
Debruçada nas margens do rio.

Estribilho
Celebremos o audaz pioneiro,
Sonhador, de visão temerária, Flâmula do
Que de um virgem sertão brasileiro Centenário
Fez surgir Blumenau centenária.

• 214
215
BIBLIOGRAFIA

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BIPA Editora, 1979.
KORMANN, Edith. O Maestro Geyer - Blumenau, Impressora Acadêmica
Ltda., 1985.
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LIVRETOS

10 Centenário da Comunidade Evangélica de Blumenau (1859-1959).


10 Centenário da Comunidade Evangélica de Badenfurt, Blumenau (1884-
1984).
0
80 Aniversário da Associação Evangélica de Senhoras, Blumenau (1907-
1987).
Festas de Cantores em Blumenau (1952-1981).
Estatutos da S. D. M. "Carlos Gomes" de Blumenau.
Cremer S/A Produtos Têxteis e Cirúrgicos, Blumenau.
Companhia Hemmer Indústria e Comércio, Blumenau.
Relatório do Colégio das Irmãs da Divina Providência de Blumenau.
Relatórios da Escola Nova de Blumenau: 1910, 1911, 1912, 1913 e 1929.
Relatórios de Prefeitos Municipais de Blumenau.
SILV A, José Ferreira da. Suplemento de Blumenau em Cadernos - Paróquia
de São Paulo Apóstolo, Blumenau, julho de 1973.
Suplemento Especial do Centenário do Colégio Franciscano Santo Antônio de

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REVISTAS
Obra Kolping do Brasil - Cartilha do Sócio.
Blumenau em Cadernos (novembro de I 957/dezembro de 1985) - Artigos es- Programas e Informações fornecidas por empresas blumenauenses.
peciais de Oswaldo Furlan (1972 e 1973); José E. Finardi (1978); Frei SENA1 e SENAC.
Tillesen (1985) e Walmor Belz (1968). SESC e SESI.
Der Urwaldsbote Kalender - Blumenau, 1900. Sindicato dos Músicos Profissionais de Blumenau, SC.
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de 1toupava Central - Blumenau, SC.
JORNAIS Sociedade Dramático Musical "Carlos Gomes" - Blurnenau, SC.
Sociedade Recreativa e Cultural Lyra - Blumenau, SC.
Kolonie Zeitung (1862-1880) - Joinville, SC.
B1umenauer Zeitung (1881-1938) - Blumenau, SC.
ENTREVISTAS
Der Urwaldsbote (1893-1941) - Blumenau, SC.
A Cidade e Cidade de Blumenau (1924-1962). BUDAG, Alex - Aero Clube de Blumenau, fevereiro de 1982.
Volkszeitung (1930-1931) - Blumenau, Se. DANKER, Hellmuth - Arte e Cultura de Vila Itoupava - março de 1982.
A Nação (1943-1965) - Blumenau, SC. GAERTNER, Edazima - Conservatório de Música Curt Hering - Blumenau,
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O Lume (1942-1970) - Blumenau, SC.
GARNI, Werner - Tabajara Tênis Clube - Blumenau, março de 1983.
Jornal de 1birama (12.02.1955) - Ibirama, SC.
Hering, Carlos (Cao) - Cartunista - Blumenau, abril de 1985.
O Universitário (março de 1975) - FURB de Blumenau, SC.
JENSEN, I1se - Arte e Cultura de Vila Itoupava - Blumenau, março de 1982.
O Colored (1962-1963) - Blumenau, Se. ODEBRECHT, Marlore - SESI - Blumenau, novembro de 1985.
Jornal de Santa Catarina (1971-1983) - Blumenau, SC. PETRY, Inês - SESC - Blumenau, dezembro de 1985.
POKRYWIECKI, Eduardo - Colégio Santo Antônio - B1umenau, novembro
FOLHETOS eDOCUMENTOS deARQUIVOS de 1984.
RABE, Afonso - Hospital Santo Antônio e Saúde Pública, outubro de 1979.
Arquivo Histórico de Joinville - Joinville, SC. RIGHETTO, Ivan - Blumenau Esporte Clube, agosto de 1984.
Arquivo Histórico Prof. José Ferreira da Silva - Blumenau, SC. STRASSBURGER, Frederico - Hospital Misericórdia de Vila Itoupava -
ABART - Associação Blumenauense de Artesãos. Blumenau, setembro de 1985.
ABTA - Associação Blumenauense de Teatro Amador. SCHOEN1NG, Almiro - SESI - Blumenau, novembro de 1985.
ARTEX S/A - Fábrica de Artefatos Têxteis - Blumenau, SC. CINEASTAS e Cinegrafistas: Willy Sievert, Johann E. W. Mogk, familiares
de José Julianelli, Alfred Baumgarten, Irmãos Holzwarth e Hinkeldey,
BEC - Blumenau Esporte Clube.
Herbert Holetz e Reinaldo Olegário - Blumenau, fevereiro a abril de
BLUAP - Associação dos Artistas Plásticos de Blumenau, SC. 1979.

219
REGENTES E BANDINHAS: familiares de Hermann Ruediger e Franz
Baumgart, Manoel C. S. Krieger, Alfredo Radloff, Rikobert Doering,
Max Lindner e outros - Blumenau, setembro a novembro de 1980.

INFORMAÇÕES
(obtidas através de entrevistas telefônicas, cartas e livros de atas)

BELA VISTA COUNTRY CLUB -Gaspar, 1983.


CASA SÃO JOSÉ de Vila Itoupava - Blumenau, 1981.
CENTRO CULTURAL "25 DE JULHO" - Blumenau, 1979.
ENFERMEIRA IRMÃ LETÍCIA - Hospital Santa Isabel - Blumenau, junho
de 1985.
ENFERMEIRA SOLANGE - Hospital Santa Catarina - Blumenau, junho de
1985.
FOTÓGRAFOS: Helma Axthelm (Hoeschl), familiares de Wilhelm Scholz,
Fritz Schmurr e Hugo Schrikte, Alfredo Wilhelm, Hans Raun, Rubens
Heusi, Mário Holetz, Günther Schroeder, Sidney Luiz Saut, Walter R.
Momm, Guilherme 1. Bauer e Jorge Holetz - Blumenau, maio ajulho de
1981.
SACERDOTES, pastores, dirigentes de entidades religiosas e assistenciais -
Blumenau, abril ajunho de 1983.

PROGRAMAS
(de atlvidades culturais, artísticas e sociais)

ARTES PLÁSTICAS, Artesanato, Cartuns e Fotos.


LANÇAMENTOS de livros, Concertos Musicais, Peças Teatrais, Balé e ou-
tros.

PESQUISAS

CARTÓRIOS: Roberto Bayer, Benjamim Margarida e Getúlio Vieira Braga-


Blumenau.

FOTOS

Adquiridas de: Guilherme Jensen Bauer, Arquivo Histórico de Blumenau e


particulares.

220
:..

"

·~

Impresso na
EDEME lndüsttla Gráfica e Comunicação S/A
Rodovia Virgílio Várzea, n. 57 - Saco Grande
Fone: (048) 234-1122 - Fax: (048) 234-1857
CEP 88032-000 - Florianópolis - SC
Parabéns e desculpe 'meu entusias-
mo mas calar-me ou falar diferente se-
ria uma traição e uma injustiça!
Abraços mil deste neto de um colo-
no italiano do Sul do Estado
Celestino Sachet"

"Florianópolis, 01 de setembro de 1995


Caríssima amiga Edith Kormann
Com muita alegria acuso o recebi-
mento de seu livro "Blumenau - Arte,
Cultura e as Histórias de sua Gente",
vol.3.
Com muita garra e uma vontade
sem limites você vai conseguindo colo-
car em letra de forma este grande pai-
nel da vida cultural e artística de
Blumenau, livro que por si só coroa e
consagra qualquer escritor, tal é a sua
abrangência, a sua seriedade e, por que
não dizer, a sua feitura, onde se destaca
a escritora de fôlego, dotada de invul-
gar capacidade de trabalho.
Nós, seus contemporâneos, somos
muitos felizes por testemunhar o lança-
mento desse livro tão importante para a
cultura brasileira. Pelo que ele diz e
pelo que representa. O apoio da Fun-
dação Catarinense de Cultura, que fe-
lizmente continua neste terceiro
volume, vejo-o com muita satisfação,
pois mostra que há pessoas sensíveis
naquela Casa, capazes de reconhecer
os autênticos valores de nossa cultura.
Renovo a minha estima e minha ad-
miração pelo seu trabalho. Principal-
mente pelo seu amor à nossa terra, tão
rica e genuína em suas manifestações
culturais.
Com a estima e o abraço muito ter-
nado
laponan Soares"
EDITH KORMANN, (20-03-1921),
natural de Brusque-SC, professora de
letras, diretora de estabelecimentos de
ensino, inspetora escolar, professora
de educação ftsica e professora uni-
versitária (FURE).
Bacharel em Direção Teatral, Licen-
ciada em Arte Dramática pela URGS.
Fez curso de Técnica Vocal (Charlote
Kahle - Alemanha), Técnicas Dramá-
ticas Aplicadas ao Ensino, Cultura
Cinematográfica; O Barroco no Bra-
sil, O Homem e a Arte Medieval, Ten-
dência do Espetáculo Contemporãneo, Canto, Mimica (Rolf Charre - Ale-
manha), Expressão Corporal (Maria Fux -Buenos Aires) e outros.
Participou e promoveu festivais de teatro, seminários e encontros de arte.
Participou ainda de diversos congressos no Estado, Brasil e exterior. Foi
atriz e dirigiu espetáculos teatrais. Com estudantes da FURE, fundou o Gru-
po Teatral PHOENIX (06-03-1974). Fundou com os grupos teatrais do Esta-
do a Federação Catarinense de Teatro Amador (FECATA) que presidiu por
dois anos (1978-1980). Atualmente é Presidente de Honra.
Foi homenageada pelos alunos do Curso de Educação Arttstica da FURE
com uma placa de prata (1982); no mesmo ano foi hotnenagea": p-ta SEE
de Santa Catarina com a seleção do livro "Teatro na Educação Artistica",
distribuido na rede estadual de ensino.
Premida em 1978, no Concurso de Contos da FURE, é autora dos livros
"Teatro na Educação Arttstica" (esgotado), "O Maestro Geyer" e "Destinos"
(contos). Participa de várias Antologias. Colaborou com a revista "Blume-
nau em Cadernos". Escreve desde os 15 anos e em 1949 o soneto "O cego
de nascimento" foi premiado. Faz parte da União Brasileira de Escritores.
Participou do Conselho Municipal'de Cultura (1981-1983). De soo autoria
possui quadros a lápis, crayon, aquarela e trabalhos de tapeçaria. Est: ,
teoria, solfejo e composição com o Maestro Geyer, sendo solista sob a j

ta do mesmo no Teatro "Carlos "Gomes". Desenho, aquarela e crayon c


Professor Humberto Hojfmann. e Ludwig Emmerich. Pesquisa sobre o
do Itajai desde 1978.
No dia 28 de outubro de 1993, a Cãmara Municipal de Blumenau lhe c
riu o titulo de "Cidadã Blumenauense".

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