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ANGELOLOGIA: CRISTO COM TODOS OS SEUS ANJOS

Fonte: site padrepauloricardo.org – CIC

Os anjos pertencem a Jesus. Não somente ao Jesus Divino, segunda pessoa da Santíssima Trindade, mas,
também, ao Jesus, filho de Deus feito homem e que, ressuscitado, exerce um senhorio sobre toda a criação.

Parte I

O estudo da doutrina angélica, de certa forma, também propicia um maior conhecimento da pessoa de Jesus
Cristo. Ora, os anjos foram criados por e para Jesus Cristo, portanto, fazem parte da cristologia, não sendo um
adereço supérfluo da fé. Pelo contrário, a existência e a importância dos seres angélicos é uma verdade de fé,
conforme já estudado.

Jesus Cristo fez questão de revelar aos homens a estreita ligação entre ele mesmo e os anjos quando, no
Evangelho de São João, fala com Natanael nos seguintes termos: “em verdade, em verdade vos digo: vereis o
céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” Jesus reporta-se ao sonho de
Jacó, quando o patriarca viu o céu se abrir e os anjos gloriosos subirem e descerem pela escada. Jesus é a
escada que une o céu e a terra. Jesus é o centro do mundo angélico.

Os anjos pertencem a Jesus. Não somente ao Jesus Divino, segunda pessoa da Santíssima Trindade, mas,
também, ao Jesus, filho de Deus feito homem e que, ressuscitado, exerce um senhorio sobre toda a criação.

A respeito desse senhorio, a iconografia angélica pode ser de grande ajuda. Nela, Jesus é quase sempre
retratado usando uma túnica vermelha, cor de sangue, que representa a sua humanidade. Sobre esta túnica, um
manto azul, que é a cor da divindade. Eventualmente, sobre esse manto, encontra-se uma estola na cor
dourada. Esta peça dourada significa que a humanidade de Jesus tem uma realeza, uma superioridade e exerce,
assim, um senhorio sobre toda a humanidade.

Deus é Senhor. O Filho é Senhor. O Espírito Santo é Senhor. A humanidade de Cristo participa deste senhorio
porque, em primeiro lugar, o Filho do Deus estava unido a essa humanidade. O fato de a humanidade ter sido
perpassada pela divindade faz dela uma humanidade diferente, especial, perfeita porque não foi maculada pelo
pecado. É o que em teologia se chama de “união hipostática”.

Assim, a humanidade é perfeitamente unida à divindade em Jesus. Ele tem a humanidade perfeita. E porque
obedeceu até o fim, morrendo na cruz, Deus o constituiu Senhor. A humanidade de Jesus foi glorificada pela
ressurreição. A exaltação de Jesus por Deus foi também sobre os anjos, portanto, Jesus também exerce o
senhorio sobre os anjos.

Assim, conforme já dito, os anjos são de Jesus, foram criados por e para Ele. Mas, Satanás não aceita esse
senhorio. Para ele, criatura espiritual superior, é uma humilhação ter que servir alguém que também é feito de

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barro, com uma humanidade inferior, pois feito semelhante ao homem. Por esse motivo ocorreu a Queda, que
será estudada mais profundamente na sequência.

Os seres angélicos estão presentes em diversos relatos nas Sagradas Escrituras. Alguns teólogos
sistematizaram essas menções e, por meio delas, é possível dizer que os anjos obedecem a uma hierarquia.
Trata-se de um esforço teológico para compreender melhor a atuação e a ordem desses seres.

A hierarquia celeste é composta de três coros, cada um com três níveis. O primeiro coro é composto pelos
Serafins, Querubins e os Tronos. O segundo coro são as Dominações, as Virtudes e as Potestades. O terceiro
coro é formado pelos Principados, Arcanjos e Anjos da Guarda.

Parte II

Avançando na investigação acerca dos anjos e seguindo a orientação de Santo Tomás de Aquino, o Doutor
Angélico e de São Dionísio, o Aeropagita, recordamos que existe uma hierarquia angelical composta de três
grupos de três coros.

O primeiro coro angelical é aquele que está mais próximo de Deus. Eles não têm nenhum contato com as
criaturas e são dedicados ao louvor eterno a Deus, pois são agraciados com um amor ardente pelo Criador. Este
coro é composto pelos Serafins, Querubins e os Tronos.

Os Serafins são mencionados no Antigo Testamento, mais precisamente no Livro de Isaías, no Capítulo VI.
São eles que entoam o canto do Hosana que, por isso, é denominado “seráfico”:

Sanctus, Sanctus, Sanctus Dóminus Deus Sábaoth. Pleni sunt caeli et terra gloria tua. Hosánna in
excélsis. Benedíctus qui venit in nómine Dómini. Hosánna in excélsis.

Santo, Santo, Santo Senhor Deus do Universo. Os céus e a terra estão cheios de vossa glória.
Hosana nas alturas. Bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas.

Em seguida estão os Querubins que, como já dito, não têm contato com as criaturas. São eles que guardam a
Árvore da Vida e a porta do Paraíso, no Livro do Gênesis. São citados ainda no Livro de Ezequiel, no Capítulo
X, como aqueles que se movimentam no Templo e estão ligados à Sabedoria Divina:

E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada


flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida. (Gênesis 3, 24)

Olhei. Na abóbada estendida acima da cabeça dos querubins, havia como que uma pedra de safira,
uma espécie de trono, que aparecia sobre eles. (O Senhor) disse então ao homem vestido de linho:
Passa no meio das rodas, debaixo do querubim; enche a mão de carvões ardentes que tomarás entre
os querubins, e espalha essas brasas sobre a cidade. E ele se foi sob as minhas vistas. Quando o
homem acabou de fazer isso, estavam os querubins à direita do templo, e a nuvem enchia o átrio
interior. A glória do Senhor elevou-se acima dos querubins até a soleira do templo, e enquanto o
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esplendor da glória do Senhor enchia o átrio, a nuvem invadia o templo. O ruflar das asas dos
querubins fazia-se ouvir até no pátio exterior, e assemelhava-se à voz do Deus onipotente quando
fala. Apenas havia ordenado ao homem de linho tomar o fogo no intervalo das rodas, entre os
querubins, este veio postar-se junto de uma roda, e (um dos) querubins estendeu a mão para o fogo
que se encontrava em meio dos querubins. Daí ele retirou brasas, que colocou na mão do homem
vestido de linho, o qual as tomou, e saiu. Notei que os querubins pareciam ter mãos humanas sob as
asas. Eu olhei ainda. Havia ao lado dos querubins quatro rodas, uma junto a cada um deles.

Possuíam o clarão da gema de Társis. Todas as quatro pareciam ter a mesma forma, e cada uma
parecia estar no meio da outra. Deslocando-se nas quatro direções, avançavam sem se voltarem,
porque iam sempre na direção tomada pela que ia à frente, sem se voltar em seu movimento. Todo o
seu corpo, suas costas, suas mãos e suas asas, assim como as rodas, achavam-se guarnecidas de
olhos em derredor: cada um dos quatro possuía uma roda. Ouvi que se dava a essas rodas o nome
de turbilhão. Cada um (dos querubins) tinha quatro faces: o primeiro, a de um querubim; o
segundo, um aspecto humano; o terceiro, o de um touro, e o quarto o de uma águia. Os querubins se
elevaram (eram os seres vivos que eu tinha visto às margens do Cobar). Quando os querubins se
deslocavam, as rodas se deslocavam com eles; quando desdobravam as asas para elevar-se da
terra, as rodas não se desprendiam deles.

Quando paravam, as rodas paravam; se se elevavam no espaço, elas de igual modo se elevavam,
porque o espírito desses seres vivos estava (também) nelas. De repente, a glória do Senhor deixou a
soleira do templo e pousou sobre os querubins. Estes desdobraram as asas, e eu os vi alçarem-se da
terra com as rodas ao lado, para partirem. Eles pararam à entrada da porta oriental do templo,
dominados pela glória do Senhor. Estavam lá os seres vivos que eu tinha visto debaixo do Deus de
Israel, às margens do Cobar, e reconheci os querubins: cada um tinha quatro figuras e quatro asas,
e sob as asas algo parecido com mãos humanas. Suas figuras assemelhavam-se àquelas que eu tinha
visto às margens do Cobar. Cada um deles ia para a frente diante de si. (Ezequiel 10)

No mesmo coro estão os Tronos, que são citados no Novo Testamento pela Carta aos Colossenses e pelo
Apocalipse. Esses anjos estão ligados à Justiça Divina:

Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele. (Colossenses 1, 16)

O segundo coro é formado pelas Dominações, Virtudes e Potestades. Sobre este coro não existem muitas
citações bíblicas.

A angelologia, por meio de Santo Tomás de Aquino e de Dionísio, o Aeropagita, ensina que o fato de existir
uma hierarquia angélica pressupõe que nem todos os anjos são iguais ou desempenham as mesmas funções.
Mais que isso, nem todos eles têm acesso direto ao Criador.

A comunicação entre os anjos é feita pelas Dominações. Essa categoria é responsável pela transmissão das
notícias, das missões, enfim, da vontade de Deus aos demais anjos.

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Em seguida estão as Virtudes. Em algumas traduções bíblicas elas são chamadas de Fortaleza, uma vez que,
etimologicamente, virtude vem de virtus, que quer dizer força. As Virtudes ampliam o contato com o mundo
material. Segundo a Cosmologia Antiga, são elas que controlam os corpos celestes. As leis físicas que regem
estes corpos não devem ser menosprezadas, contudo, existe uma espécie de fidelidade a elas e seria justamente
na manutenção dessas leis que as Virtudes atuariam. Esta hipótese é bastante aceita na teologia mística.

Potestades estão na sequência. Significam poder e mantém um contato maior com os homens.

O terceiro e último coro é composto pelos Principados, Arcanjos e Anjos da Guarda.

Os Principados são responsáveis pelas ciências, pelas artes, pelas realizações dos seres humanos. As intuições
dos cientistas, as descobertas das leis da natureza, os grandes artistas e suas inspirações, podem ser resultado
da ação desses seres.

Os Arcanjos vêm em seguida. Os mais conhecidos são Gabriel, Miguel e Rafael. Na literatura apócrifa aparece
ainda o nome de Uriel, porém, a liturgia somente celebra os três primeiros.

Assim como algumas mensagens são mais importantes que outras, os arcanjos pertencem a uma categoria
superior à dos anjos, justamente porque as mensagens que são encarregados de transmitir são mais importantes
que outras. Por exemplo, a mensagem de Gabriel para a Virgem Maria é infinitamente mais importante que a
mensagem que o anjo da guarda leva.

Por fim, os anjos da guarda. São aqueles designados por Deus para guardar cada ser humano e o auxiliar no
caminho para a salvação. Apesar de serem os últimos na hierarquia angélica, em nenhum momento deve-se
pensar que são seres “inferiores”, pelo contrário. Em comparação com o ser humano, eles são infinitamente
superiores.

A superioridade do anjo frente ao homem requer deste uma gratidão profunda. Ora, o anjo é um ser espiritual,
dotado de vontade, imortal e, mesmo assim, em obediência à vontade de Deus serve ao homem, criatura de
barro, inferior, corruptível.

Ao mesmo tempo, o homem deve venerar o anjo a quem foi confiado por Deus, pois, como ser superior e
obediente, o anjo ofende-se com o pecado cometido pelo homem.

A intimidade com o anjo é uma arma poderosíssima para se evitar o pecado. O anjo da guarda preserva seu
protegido das tentações, entretanto, ele só age quando existe permissão. Ao contrário dos anjos luciferinos que
adentram sem pedir, os anjos da guarda vão até onde o homem permite. Assim, quanto mais intimidade e
amizade existir entre o anjo e o homem, mais santos serão os atos.

Angele Dei, qui custos es mei, me, tibi commíssum pietáte superna, illúmina, custódi, rege et
gubérna. Amen.

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Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege,
me guarda, governa, ilumina. Amém.

OS ANJOS NA VIDA DA IGREJA

O católico deve acreditar na existência dos seres angelicais porque Deus assim o determinou. Esta aula
abordará alguns aspectos interessantes sobre os anjos, tomando como base a opinião dos grandes santos da
Igreja.

Parte I

O mundo angélico é uma realidade de fé. A ação desses seres espirituais está narrada ao longo de toda a
Sagrada Escritura. Mas, como se dá a ação dos anjos? E como os homens podem se relacionar com eles? O
Catecismo traz uma descrição da ação dos anjos que, embora seja bastante ampla, é apenas uma amostragem.

Eles aí estão, desde a criação e ao longo da História da Salvação, anunciando de longe ou de perto esta
salvação e servindo ao desígnio divino de sua realização: fecham o paraíso terrestre, protegem Lot, salvam
Agar e seu filho, seguram a mão de Abraão, comunicam a lei por seu ministério, conduzem o povo de Deus,
anunciam nascimentos e vocações, assistem os profetas, para citarmos apenas alguns exemplos. Finalmente, é
o anjo Gabriel que anuncia o nascimento do precursor e do próprio Jesus.

Antes de tudo é preciso lembrar que a palavra anjo designa apenas uma função, ela quer dizer “mensageiro”.
Assim, Deus, por seus insondáveis caminhos, serve-se desses mensageiros para comunicar sua vontade e
realizar a sua vontade no mundo.

Além da função de mensageiro, em algumas ocasiões, o anjo atua como guardião da liberdade do homem. É o
caso da desobediência de Adão e Eva, no Paraíso.

Deus criou o homem e a mulher não como existem hoje. Ele os cumulou de dons especiais, chamados de
preternaturais, o que lhes conferia uma sabedoria maior, um conhecimento natural maior do que aquele que
temos hoje, portanto, tinham conhecimento do que significava a desobediência à ordem divina, ainda que não
tivessem experimentado as consequências dela. Assim, quando cederam à tentação sabiam o que estavam
fazendo e o fizeram livremente.[01]

Assim, a presença do anjo nos portões do Paraíso é a garantia de que a liberdade do homem será respeitada por
Deus. O anjo garante a manutenção da decisão humana, tomada livremente pelos primeiros pais.

No Antigo Testamento os anjos celestes aparecem em muitas passagens, mas, o mesmo não acontece com os
anjos luciferinos. Não se fala muito em anjos maus no Antigo Testamento.

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Já no Novo Testamento ocorre o contrário. Apesar das muitas e importantíssimas ações positivas, existe
também muitas referências aos demônios.

É possível que isso tenha a ver com a pedagogia divina que via nos homens antigos uma maior propensão à
idolatria, por isso Deus permitiu a atuação discreta de seus mensageiros.

Parte II

Nessa aula serão explorados alguns pontos acerca dos anjos. Trata-se de investigação teológica, ou seja, não se
trata de verdade de fé. O católico deve acreditar na existência dos seres angelicais porque Deus assim
determinou, conforme já visto, mas as respostas aqui apresentadas não são verdades de fé, são opiniões
teológicas de grandes santos.

Dito isso, o primeiro ponto: se os anjos são seres incorpóreos, como explicar as afirmações de que estão aqui,
ali, em diversos lugares?

Santo Tomás de Aquino, conhecido também como Doutor Angélico justamente por seus estudos sobre os
anjos, ensina que os anjos são seres sem corpo, de fato, mas que agem de forma específica de acordo com a
vontade de Deus. São seres finitos, constituídos de puro intelecto, assim, quando agem, empregam todo o seu
poder num determinado lugar, de forma específica.

Os anjos também obedecem a uma hierarquia, já estudada anteriormente. São reconhecidos pelo heroísmo e
pela fidelidade com que lutaram na Queda. Mesmo assim, quando agem na terra tem um poder limitado. Os
anjos da guarda auxiliam os homens que lhes foram designados, mas, não é possível que somente um atenda a
toda a humanidade.

Cada anjo se aplica, se dedica a uma só pessoa, aquela que lhe foi confiada por Deus. Os anjos não são
onipresentes, mas sim, finitos.

Da mesma forma acontece com o anjo decaído, quando ele age contra uma pessoa, não age contra outra. Isso
leva a uma outra pergunta: quantos são os anjos?

Mais uma vez é Santo Tomás quem direciona essa investigação teológica. Ele afirma que os anjos são tão
numerosos que se fossem somados todos os homens que já viveram, mais os que estão vivos e os que ainda
nascerão, o número ainda seria menor que o dos anjos existentes. O raciocínio de santo Tomás é que não
haveria sentido em Deus criar um universo material tão grande, considerando que o material é imperfeito e
criar um universo espiritual (perfeito) menor que ele. Assim, considera-se até que o número dos anjos seja
maior que o número de partículas existentes no universo.

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Outra questão teológica acerca dos anjos: existe diferença entre aparição e visão? Sim. Aparição é quando o
anjo, por um desígnio de Deus, toma a forma de um corpo e “aparece” a alguém. Visão é quando Deus
capacita alguém a enxergar o ser incorpóreo, que é o anjo.

Por fim, qual o papel dos anjos na liturgia? Os anjos são lembrados em todas as liturgias, nos momentos mais
importantes. A Igreja se associa a eles quando entoa o Santo. Na liturgia bizantina que é, de alguma forma,
mais poética e imaginativa, antes da Consagração, unem-se aos anjos que, em procissão, cantam ao Cristo que
vem. Da mesma forma, quando um sacerdote celebra a missa nunca está sozinho. Sempre está acompanhado
de uma multidão de anjos que cantam e adoram a Deus.

Muitos creem que em cada altar consagrado exista um anjo que o guarda, em adoração ininterrupta a Deus, por
isso todo altar é santo. Igualmente quanto ao sacrário, Jesus nunca está sozinho, pois, Deus mandou que seus
anjos adorassem o Verbo Encarnado, o Santíssimo Sacramento.

A queda dos anjos


As explicações contidas no Catecismo são verdades da fé, portanto, não é possível tergiversar sobre elas. Para
todos os outros assuntos existem as chamadas explicações teológicas, ou seja, esforços humanos empreendidos
por grandes santos e doutores da Igreja, a fim de se compreender melhor a revelação ou a ação divina.

Na aula de hoje, além das verdades de fé, serão oferecidas explicações teológicas acerca da Queda dos Anjos,
que é um assunto que desperta muito interesse desde sempre. A base para as explicações teológicas serão os
escritos de Santo Tomás de Aquino.

O Catecismo diz que o homem não pecou por iniciativa própria. A narração da Criação corrobora essa ideia. O
homem pecou porque se deixou seduzir por Satanás. Mas, quem é Satanás?

Mais uma vez é o Catecismo quem oferece a resposta dizendo que se trata de "… uma voz sedutora que se
opõe a Deus e que, por inveja", seduziu os primeiros pais. Trata-se de um "anjo destronado". Ora, se é um anjo
foi criado por Deus e, se foi criado por Deus, foi criado naturalmente bom. Trata-se, portanto, de uma criatura,
não de um deus mau – um demiurgo -, ou de um ser que se encontra em igual paridade com Deus. Não. Esta é
a primeira verdade que precisa ser absorvida: Lúcifer é um anjo, portanto, uma criatura inferior a Deus.

A pergunta que deve ser formulada em seguida é o que teria acontecido para que Lúcifer, um anjo bom, tenha
decidido virar as costas para Deus e se tornar Satanás/Diabo. O Catecismo fala de uma desobediência angélica,
de um pecado cometido por ele, que originou a Queda propriamente dita. Ele e os demais anjos que pecaram
não foram poupados por Deus: "Com efeito, Deus não poupou os anjos que pecaram, mas lançou-os nos
abismos tenebrosos do Tártaro, onde estão guardados à espera do Julgamento"(2 Pd 2, 4).

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A Sagrada Escritura fala sobre uma batalha no céu, assim, com o auxílio da teologia de Santo Tomás de
Aquino e da Summa Daemoniaca, do Padre José Antonio Fortea, é possível traçar algumas considerações. Em
primeiro lugar, a narração da batalha contida no capítulo 12, do Apocalipse:

Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão
batalhou, juntamente com seus Anjos, mas foi derrotado, e não se encontrou mais um lugar para
eles no céu. Foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, o chamado Diabo ou Satanás, sedutor
de toda a terra habitada – foi expulso para a terra, e seus anjos foram expulsos com ele.

Se houve um tempo em que os anjos não haviam pecado e um tempo após o pecado, é possível dizer que os
anjos viveram num espaço de tempo. Esse tempo é um tempo angélico, diferente do tempo como concebido
pelo homem.

Nesse espaço de tempo anterior ao pecado, estima-se que Deus não havia se mostrado completamente aos
anjos. O pecado só pode ocorrer quando não se vê a Deus, que é a verdade fulgurante, o sumo bem e cuja face
é tão atraente e irresistível que o conceito de pecado não pode se aproximar. Assim, os anjos não tinham visto
a Deus antes de pecarem. Apesar disso, os anjos são puro espírito e foram dotados com dons superiores aos
concedidos aos homens, conforme já estudado. Eles tinham pleno conhecimento e entendimento. O que teria
motivado, então, a desobediência deles? Santo Tomás sugere que Deus lhes revelou o plano de salvação dos
homens, ou seja, que Jesus haveria de encarnar-se no seio de uma virgem, viver de forma humana e morrer na
cruz. Tal plano teria sido encarado como absurdo, dado a majestade divina frente à pequenez humana. Lúcifer
teria se recusado a servir o Deus Encarnado e convencido, por meio de mentiras, outros anjos. Isso teria
motivado o "não servirei" proferido por ele e que precipitou a batalha narrada em Apocalipse.

Pelo fato de serem espíritos puros, a desobediência revestiu-se de radicalidade e de irrevogabilidade, ou seja,
não há retorno para Satanás e seus demônios. Além disso, eles foram tomados por um ódio extremo contra
Deus e contra os homens. O plano, então, é destruir a criação, não só instigando a morte física, mas,
principalmente, a morte espiritual, a perdição da alma.

Se os anjos não possuem corpos, são puro espírito, como se deu a batalha descrita no Livro do Apocalipse?
Santo Tomás diz que a espada flamejante de São Miguel Arcanjo é a Palavra de Deus e que a batalha se deu no
campo das ideias. A luta foi espiritual, mas, nem por isso, menos sangrenta. A teologia diz que ambos os lados
tiveram perdas. Pela Palavra, muitos anjos que estavam no caminho para a desobediência foram salvos e, pela
mentira de Satanás, cujo apelido é "o pai da mentira", muitos anjos desobedeceram a Deus, perdendo-se para
sempre. Há um certo sentido na afirmação de que a batalha deu-se no campo das ideias, pois é só o que
Satanás pode oferecer: ideias. Com elas, ele tenta e consegue levar os homens ao pecado.

Deus não desejava que os seus anjos se perdessem. Por isso, durante um certo tempo, mandou-lhes a sua graça.
Porém, sistematicamente eles a recusaram. E, como Deus respeita a liberdade de suas criaturas, em dado
momento, cessou de mandar a graça. Deus virou as costas a Lúcifer e seus anjos. A partir daí,
irrevogavelmente, eles se transformaram em Satanás e os seus demônios. Não havia mais o que se fazer, pois,

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a vontade deles estava de tal forma empedernida que somente existia um ódio profundo contra Deus e a
criação.

Mas, todos os demônios odeiam a Deus com a mesma intensidade? É preciso pensar que, da mesma forma que
os anjos pertenciam a uma hierarquia angélica, agora também, transformados em demônios obedecem a uma
hierarquia. Pode-se pensar numa pirâmide invertida, na qual o posto mais fundo é ocupado pelo próprio
Satanás, assim, quanto maior o grau de ódio que se tem a Deus, mais importante se é no Inferno.

A irrevogabilidade da decisão de Satanás foi coroada com a admissão dos anjos na presença divina, ou seja,
Deus mostrou-se aos anjos bons, encerrando assim, para todos, o tempo angélico. Os anjos que permaneceram
ao lado de Deus, assim estarão por toda eternidade, da mesma forma, os anjos que acompanharam Satanás na
desobediência permanecerão por todos os séculos assim.

A lição mais importante dessa batalha para o ser humano é que Deus envia a cada um a sua graça, desejando
ardentemente que, livremente, o homem escolha amá-lo. Porém, essa chance encerra-se com a morte, quando
então o destino do homem é selado para toda a eternidade. Cada homem é livre para escolher de que lado
ficará.

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