A história que jogo de búzios vem ou "nasceu" Ifá, um sistema posterior na terra iorubá
que foi trazida pelos africanos arabizados, levando as pessoas da diáspora a acreditarem
que, graças a Ifá, é que existe o jogo de búzios e, portanto, o babalaô e odu Ifá teriam um
status mais elevado, não é verdade.
Dizem alguns: "se você não é babalaô não pode acessar o conhecimento oracular
completo com caracóis, e será limitado". Uma frase comum com a qual discordamos.
A história que "só babalaô pode" fazer esentaye, isomoloruko ou outras cerimônias
pertencentes à cultura Yoruba também é falsa, pois, qualquer sacerdote de qualquer orixá
pode fazer, desde que saiba como se procede.
Isso que só Babalaô são os mais adequados para assentar Exu e Ogún, ou em outros casos
Exu, Ogún e Oxóssi (guerreiros) também é falso, pois os mais aptos, na Iorubalândia são,
e sempre serão, os sacerdotes daqueles Orixás, um babalorixá de Exu, um de Ogún e um
de Oxóssi, etc. Então os mais qualificados são os sacerdotes de Orixá, também na
diáspora, e que possuam essas divindades.
A história que algumas famílias de babalaôs divulgam que Orúnmila deu a jogo de búzios
de Oxun, e presumivelmente, a outros Orixá, porque o jogo de búzios teria saído de Ifá,
é uma tentativa de ofuscar os cultos de Orixá, ou colocá-los em uma situação submissão
ao culto de Ifá.
A maioria das linhagens Orixá na Iorubalândia, e mesmo babalaôs, dizem que o primeiro
dono do oráculo jogo de búzios foi Obatalá e que ele foi quem deu o sistema oracular
para a maioria dos Orixá, incluindo Orúnmila, a quem deu a profissão de adivinho,
quando ele não tinha trabalho definido para fazer e, claro, foi Obatalá quem entregou o
jogo de búzios para Osun.
A história que Orúnmila é o dono da faca que faz sacrifícios aos Orixá, e que babalaô
seria o mais apto para essa necessidade, porque supostamente Orúnmila guardou as armas
de Ogún, é outra grande mentira, porque Ogún sempre foi e será o dono todas as lâminas
com que sacrifícios são feitos. É Ogún, o ferreiro divino.
A história que há Orixá que são entregues por babalaô, e outros por Olorixá, esta
afirmação é tão falsa como a que há um Jesus que está no lado do evangelista e outro do
lado católico. Uma tentativa dos babalaôs de ganharem os espaços no culto Orixá e de
tornarem-se importantes naquilo que realmente não são sua função.
A fusão de Orixá-Ifá por algumas linhagens Babalaô é mais uma tentativa de querer
monopolizar todos Orixá e centraliza-los sob sua liderança e monopólio. Desejam obter
seguidores da diáspora que estavam acostumados a receber todos os Orixá por um
babalorixá ou uma ialorixá.
Fazem as pessoas acreditarem na diáspora que é necessário primeiro fazer Ifá, que
ninguém pode fazer Orixá sem itefá, porque não recebeu seu odu pessoal, etc. e que deve
haver a presença indispensável de um babalaô em sua iniciação Orixá.
No entanto, aqueles que dizem isso parecem ignorar, ou subestimar, o fato de que cada
pessoa que iniciada em Orixá recebe odu, tabus, nome, etc, através jogo de búzios sem
precisar iniciar-se em Ifá.
Há também a história de que, por Ifá, você já faz idosu em Orixá, fazendo com que as
pessoas acreditarem na diáspora, que esta é a maneira correta de proceder na terra ioruba.
As mulheres na diáspora tem sido as mais exploradas, pois foram levadas a acreditar que,
se iniciarem em Ifá, terão "o mais alto título" na religião: "iyanifa".
No entanto, nem "iyanifa", nem "babalaô", nem mesmo título de "Araba" são os mais
altos na religião Yoruba, e esses títulos só têm valor dentro do culto Ifá. Nenhum desses
títulos tem relevância em outros cultos de Orixá. No culto de Xangô, por exemplo, um
dos títulos mais altos é geralmente o de Mogba.
A história de que um babalaô que tem igba-odu pode entregar qualquer Orixá porque
Orixá nasceria de odu [outra mentira]. Mesmo que tenha igbá-odu, se não tiver Orixá, não
pode dar.