doc
METALURGIA DO PÓ
INTRODUÇÃO
A técnica de metalurgia do pó vem sendo utilizada pelo homem a milênios (ver tabela IV no final
desta nota), porém sob o ponto de vista industrial a obtenção de peças sinterizadas é recente, se
comparada com outros processos metalúrgicos. Os principais avanços ocorreram no início do
século XX, com o domínio dos processos de fabricação de pós por redução e eletrólise e a busca
de uma técnica que permitisse a fabricação de peças de metais refratários de alto ponto de fusão,
como o tungstênio e o molibdênio, até então limitados pelos processos existentes. Assim, os
primeiros produtos que marcaram o desenvolvimento da M/P tinham o tungstênio como metal de
base, tais como o metal duro, os filamentos de lâmpadas elétricas, e os contactos elétricos.
Os materiais fundidos apresentam falhas resultantes das diferentes capacidades dos constituintes
de se solidificarem a partir da fase líquida. No caso de produtos sinterizados a adequada mistura
de pós e sinterização com transformações na fase sólida, permitem um alto grau de uniformidade
do material com homogeneidade de microestrutura e consequentemente melhores propriedades
mecânicas.
Alguns fatores econômicos contribuem para que atualmente a M/P venha sendo utilizada em
larga escala, tais como, o número reduzido de operações na produção da peça acabada, em
relação a outros processos, e o aproveitamento quase total da matéria prima.
MISTURA
COMPACTAÇÃO
SINTERIZAÇÃO
CALIBRAÇÃO
OPERAÇÕES
ADICIONAIS
RECOMPRESSÃO
RE-SINTERIZAÇÃO
FORJAMENTO
CUNHAGEM
INFILTRAÇÃO
IMPREGNAÇÃO
OPERAÇÕES DE
ACABAMENTO
TRATAMENTO TÉRMICO
TAMBOREAMENTO
USINAGEM
GALVANOPLASTIA
FERROXIDAÇÃO
CONTROLE DE
QUALIDADE
PRODUTO FINAL
Desvantagens:
• A forma geométrica da peça é limitada, devendo possibilitar que seja extraída de uma matriz
de compactação.
• Nos processos convencionais de compactação e sinterização o tamanho da peça é limitado,
uma vez que as potências requeridas para compactação são proporcionais a sua área
transversal. Algumas técnicas avançadas da M/P em desenvolvimento já superam esse
problema.
• O processo produz uma porosidade residual que deve ser eliminada, no caso de aplicações que
requerem altas solicitações mecânicas.
Os produtos obtidos pela metalurgia do pó podem ser divididos em dois grandes grupos:
(i) o daqueles que por suas características próprias ou pelas propriedades finais desejadas, só
podem ser obtidos pela técnica de compactação e sinterização, a partir de pós;
(ii) o dos produtos que, embora possam ser fabricados pelos processos metalúrgicos
convencionais, têm na M/P uma produção com mais eficiência, (facilidade de automação) e
economia (extrusão de tubos sem costura).
• materiais porosos para aplicação em filtros, buchas auto lubrificantes para mancais e placas
de baterias alcalinas;
• materiais de fricção constituídos por um metal base (Cu ou Fe), um ou mais pós abrasivos
(Al2O3 - Ox. Al; SiC - carboneto de Si; SiO2 - Silica; siliceto de Fe) e um ou mais pós
lubrificantes (grafita, Pb e o MoS - sulfeto de Mo);
⇒ a grafita se presta a contatos elétricos de baixa densidade de corrente com baixa perda
mecânica. Para aumentar a capacidade de transporte de corrente e dissipação de calor se
adicionam Cu(bronze) e Ag que possuem alta condutibilidade mas possuem alto coeficiente
de atrito;
Exemplo:
A liga pesada de W-Ni-Cu com composição em peso de 93-5-2 pode apresentar uma densidade
variando entre 12,8 g/cm3 a 17,8 g/cm3. Esta variação está relacionada com a temperatura de
sinterização - TS (1.300 °C, 1.400 °C) e o tempo de sinterização - tS (0,5h, 6h). Desta forma,
produz-se uma liga com excelente usinabilidade que pode então ser facilmente trabalhada ou
conformada mecânicamente. O W puro apresenta uma densidade limite em torno de 96% da
densidade teórica ( ρteórico =19,3), na prática a densidade do W é em torno de 16,5. O W puro é
duro, quebradiço e de difícil ou impossível usinagem;
Observações:
As principais aplicações nas quais essa técnica vem sendo utilizada são componentes de
ligas de Ni, Al ou Ti, submetidos a altas temperaturas, para equipamentos dos setores
aeroespaciais , automobilístico e nuclear.
Além do potencial de cada técnica individualmente, novas perspectivas estão surgindo com a
elaboração de materiais através da combinação dos diversos processos da M/P. Por
exemplo, a tecnologia de produção de pós pelas técnicas RST e ODS, combinados com
consolidação através de extrusão, prensagem isostática à quente e forjamento, estão
apresentando oportunidades para criação de novas ligas e formas de materiais com as
propriedades desejadas, fechando o crescente vazio entre requisitos de alta performance de
projetos e a precisa adequabilidade do material para componentes de grande conteúdo
tecnológico.
Um dos principais problemas enfrentados atualmente pelo setor industrial está relacionado
com a produção de pós. Atualmente o mercado possui apenas dois fabricantes que
produzem basicamente pó de ferro, que em grande parte possui baixa qualidade, e em
pequena escala pós de outros materiais. Quanto aos pós de ligas especiais, são restritos a
Prof. Raul Almeida Nunes – DCMM-PUC-Rio Conformação de Materiais
7/7
Introducao-2003.doc
algumas fábricas que geralmente produzem para uso próprio, sendo esta uma das limitações
para o desenvolvimento de peças desses materiais.
Em regra, as indústrias nacionais compram tecnologia no exterior ou mantém contrato de
assistência tecnológica com empresas estrangeiras, e a pesquisa que realizam é voltada
apenas para resolução de problemas de produção e adaptação de técnicas do país de origem
às condições locais. Algumas indústrias já, desenvolveram pesquisas de pequeno porte em
cooperação com o IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológicas).
Diante dos dados apresentados observa-se que a capacitação tecnológica na área de M/P é
insuficiente para atender as necessidades de mercado. Existe uma série de lacunas,
principalmente pelo fato do país não dispor de tecnologia para fabricação de pós de
materiais com propriedades especiais como por exemplo: aços inoxidáveis, aços de alta
resistência, superligas de níquel, ligas de titânio e materiais compostos. Com esses materiais
é possível produzir componentes de alta tecnologia, onde se espera que as instituições de
pesquisa concentrem esforços de P & D em estreita cooperação com a indústria.
Mercado
1986 EUA 1 bilhão US$
1991 1,4 bilhões US$
Produção
(1986) Brasil 9K T/ano
EUA 270K T/ano
Japão 150K T/ano
Carro
(1986) EUA 20 a 30 kg
Brasil 3 a 4 kg